quarta-feira, 30 de agosto de 2017

"SE EU FOSSE MÃE DE MENINA"

Marcela Paula, professora, negra e feminista, escreveu na sua página no FB:

Mulheres são seres humanos
completos, não mães em
potencial. Maternidade é
uma opção
ESTE NÃO É UM TEXTO DE CRÍTICA A NINGUÉM! É APENAS O COMPARTILHAR DE SENTIMENTOS SOBRE A VIDA.
A maternidade nunca foi uma questão real para mim. De fato, nunca pertenceu ao meu desejo, no sentido psicanalítico mesmo.
Mas, por favor, NÃO ME CONFUNDAM com essas pessoas CHILD FREE! JAMAIS! 
Esse grupo pra mim é abominável, porque é simplesmente mais um grupo determinado a oprimir outro que historicamente sempre esteve em desvantagem. 
CHILD FREE NÃO É SOBRE MATERNIDADE.
CHILD FREE É SOBRE DESQUALIFICAÇÃO E OPRESSÃO À CONDIÇÃO INFANTE. 
Sem filhos mas não alguém que
odeia criança
[Nota da Lola: Eu vejo childfree como um termo simples usado por pessoas que não têm filhos. Eu, por exemplo, sou child free. Mas creio que Marcela conhece grupos child free que estendem essa opção a odiar crianças, ou a locais públicos que proíbem a presença de crianças].
Feito o esclarecimento anterior, mesmo não tendo o desejo de ser mãe, a maternidade é uma questão para mim. E para todas as mulheres.
Por isso, às vezes me pego a pensar: "E se eu fosse mãe?"
Na maioria das vezes paro para pensar nisso quando leio algo do tipo "Ser mãe de menina é..." ou "Ser mãe de menino é...", seguido de afirmações doces ou engraçadas.
Sempre que leio tais frases sinto um arrepio, porque não vejo nada de doce ou engraçado no mundo em que vivo e, consequentemente, onde criaria as crianças.
Eu sempre penso, "Se eu fosse mãe de menina...":
Eu sentiria MUITO MEDO, um medo GIGANTE, pois o mundo é mau, especialmente com as mulheres, principalmente com as mulheres negras;
Eu temeria pela sua saúde, pois o atendimento de saúde à população negra costuma ser negligenciado, mesmo quando pagamos caro por ele;
Eu temeria o contato dela com todo e qualquer ser do sexo masculino (criança, adolescente, adulto jovem, de meia idade ou idoso), incluindo o pai e qualquer parente, por mais próximo e íntimo que fosse. Sim, eu temeria. Não posso vir aqui compartilhar reflexões e angústias de maneira cínica ou hipócrita;
Eu temeria pela sua escolarização. Por todos os apelidos, maus tratos, abuso emocional, conflito de identidade, dúvidas, solidão e incompreensão. Pelo menos 12 anos de angústia, cansaço, dor e luta. Com sorte, uma professora negra e consciente aqui, um professor crítico e empático ali. Ah, e a decepção de descobrir que aqueles professores que se fazem de combativos e militantes acham que questões de raça e gênero são menores, porque, segundo eles, tiram o foco da questão de classe;
Eu temeria que ela fosse engolida pelos padrões estéticos bombardeados pela mídia e se desconectasse dela mesma, de buscar saber de si, cuidar de si e não entendesse que, de verdade, as pessoas lindas são as que veem o mundo para além do seus próprios umbigos e que acreditam em igualdade, afeto amoroso, paz, empatia e solidariedade;
Eu temeria a objetificação do seu corpo, e temeria mais ainda não conseguir tratar desse assunto de maneira a permitir que se sentisse livre e sem medo do seu próprio corpo e do seu existir;
Eu a colocaria para fazer artes marciais desde bem pequena. 
Defesa pessoal é item de primeira necessidade para qualquer mulher; 
Eu a estimularia a brincar com todo tipo de brinquedo: de fogão e panela (afinal de contas todo mundo deveria cozinhar) a carrinho de rolimã, e com todo tipo de pessoa que a respeitasse e lhe tivesse afeto amoroso;
Eu a estimularia a conviver e respeitar todo tipo de animal, humano ou não humano, compreendendo que não se pode tomar ou manipular 
(em todos os sentidos possíveis) a vida de outro ser;
Eu tentaria demonstrar que a espiritualidade está para além da religião, mas, também, que as religiões podem ser espaços de identidade, resistência, solidariedade, ou o contrário. Ou seja, religiosidade é um estado de (poder) ser, religião é um estado de ser e fazer política (em seus sentidos mais amplos e complexos);
Eu a ensinaria a amar e não ter vergonha do avô carteiro, da avó técnica de enfermagem, da bisa trabalhadora doméstica que aprendeu a ler adulta, no Mobral, da outra bisa que, entre tantas atividades, foi merendeira de escola pública, da tia que cursou Relações Internacionais, Arquivologia, mas é apaixonada e trabalha com estética; tampouco da mãe professora, como diziam antigamente "professora primária", daquelas que puxam fila de criança todos os dias;
Antes de ler qualquer conto de fadas, contaria nossas histórias. A história da bisa que fugiu da violência doméstica, levando as duas filhas e nenhum documento além das Certidão de Batismo, voltando a usar o nome de solteira e renomeando as filhas da mesma forma; 
Contaria do avô, que chegou a servir o Exército sem saber ler e escrever e, após sair de lá, concluiu o ensino fundamental e o ensino médio em 5 anos;
São tantas histórias que demoraria anos pra terminar o serviço. Também lhe ensinaria que a história não é linear, que a vida é um vai e vem embolado, mas que pra alguns é mais difícil: mulheres, negras/os, indígenas, ciganos/as, homossexuais, transgêneros, pobres, moradores de favela e bairros populares, pequenos trabalhadores rurais, animais não humanos, migrantes, refugiados e tantos outros de quem me lembrasse;
Eu me disporia a aprender com ela e a ser com ela.
E aí fico pensando na tal frase "Ser mãe de menina é..." e só consigo imaginar que se fosse mãe eu diria que:
"Ser mãe de menina é ter medo sempre, acordar todos os dias e se vestir de coragem".
(Essa postagem é para as amigas/ companheiras que são mães e, justamente por isso, vestem-se de coragem todos os dias).

58 comentários:

Anônimo disse...

" CHILD FREE NÃO É SOBRE MATERNIDADE.
CHILD FREE É SOBRE DESQUALIFICAÇÃO E OPRESSÃO À CONDIÇÃO INFANTE. "

ChildFree é tipo radfem?

Como alguém vai desqualificar "a condição infante" por escolher não ter filhos e preferir frequentar lugares em que não haja crianças?

Esse negócio de "odiar criança" soou pra mim igual quem fala que feminismo é sobre odiar homens.

Anônimo disse...

"Eu sentiria MUITO MEDO, um medo GIGANTE"
"Eu temeria pela sua saúde"
"Eu temeria o contato dela com todo e qualquer ser do sexo masculino"
"Eu temeria pela sua escolarização"

Que horror, não é pra tudo isso não.

"Eu a estimularia a conviver e respeitar todo tipo de animal, humano ou não humano, compreendendo que não se pode tomar ou manipular"

UÉ?

Melhor não ter filhos mesmo. Criar filho não é pra gente fraca da cabeça assim.

HeloInLove disse...

É um medo cheio de razões. Sofro diariamente pensando nos perigos que minha filha pode enfrentar e me entristeço ao relembrar as barras que ela já teve que enfrentar. São dores que doem mais que as nossas próprias. Algumas conseguimos evitar, mas outras não.
Entretanto, a alegria de vê-la se transformar numa mulher livre, aberta, amorosa, ciente de seu corpo, espaço, potencial, guerreira e empoderada, essa alegria é ímpar na minha vida. Rimos e choramos juntas.
Ser mãe (ou não), de fato é uma escolha. Assim como olhar o lado mais bonito de nossos caminhos também o é.
Espero que, com ou sem filhos, muitas e muitas crianças tenham a sorte de conviver com você

Anônimo disse...

Ser mãe de menina é ter esperança, é crer que um mundo menos machista é possível. É acreditar que ela será dona do seu corpo, ditará as próprias regras, será ouvida e respeitada nas suas escolhas. Tenho medo, é claro, mas escolhi a coragem de enfrentar esses monstros.
Fabi

Viviane disse...

Eu acrescentaria à última frase: "e ensinar sua filha a ter coragem também, através do exemplo".

Prof. Ane Santos disse...

A sociedade é perigosa para todos, especialmente para mulheres. Também teria medo de educar alguém num mundo como este.
Portanto, escolhi não ter filhos. Mas a pressão em ser mãe é muito grande, e cansa (às vezes até irrita). Então gostaria de alertar que Childfree é diferente de odiar crianças: é simplesmente escolher não ser mãe ou pai, e ter a possibilidade de escolher um estabelecimento que não aceite crianças não é o fim do mundo, pois a grande maioria ainda aceita; é só querer um pouco de silêncio, relaxamento.

titia disse...

Muito pertinente esse texto, mais uma prova que ter filho não é só parir e não é pra qualquer um, é só pra quem está disposto a lutar e ralar muito.

Agora, deixa eu me juntar ao coro: quer dizer que quem não fica louco por qualquer ser humano com menos de 14 agora odeia crianças? Mal aí, mas isso é só um passo de dizer que se você não quer filho, você é um monstro. Eu sou childfree e isso significa que escolhi não ser mãe. Apenas isso. Não gosto de conviver com crianças, não tenho paciência com birra, não me divirto brincando com elas, não tenho interesse em conversar com elas, mas não ter prazer na companhia de crianças não é a mesma coisa que odiá-las. Esse "sou childfree mas não odeio crianças" é o mesmo que dizer "sou feminista mas não odeio homens". Quer saber o que é odiar, colega? Vá num site mascu e veja o que eles dizem/escrevem/pensam sobre mulheres. Isso é odiar.

Acho que a autora do post ainda não assimilou o conceito de que não ter vontade/prazer na convivência não é a mesma coisa que odiar. Pra mim soa como se ela ainda estivesse imbuída dessa neurose social oito ou oitenta em que ou você ama ou você odeia, que é típico do brasileiro - e, baseada nisso, reafirma que quem não adora crianças necessariamente as odeia.

E vou reafirmar algo que é verdade e eu já disse muitas vezes: a demanda por lugares e estabelecimentos que não permitam a entrada de crianças surgiu por causa da falta de noção/vontade de educar e cuidar/responsabilidade dos pais. O dia em que os pais pararem de se comportar como crianças mimadas e agirem como pais, essa demanda provavelmente vai sumir.

Anônimo disse...

Titia,

você é childfree pq você vive com 18 gatos isolada do resto do planeta...

Anônimo disse...

Mel Deus blogueira? Os brancos do mundo sumiram todos? Pq só tem gente preta nesse post? PQP heim? Vcs querem forçar as excessoes como se fossem maioria, em um País onde a pele clara ainda predomina. Menos forcação de barra, porque tá ficando ridículo essa "negritude" toda. Kd os loiros e loiras de pele lindamente nórdica? Cada um mo seu quadrado, blogueira!

Unknown disse...

Ela é e. A realidade é muito dura pras mulheres e ainda pior pras negras. Sou homem e mesmo assim compreendo o sentimento da autora.

titia disse...

20:25 pior ser você, filhote, que é childfree porque é misógino, burro, sujo, fedorento, vive fechado no quarto cheio de embalagens de toddyinho vazias e roídas por ratos, cuecas sujas cheias de moscas, pacotes de salgadinho criando barata, sendo sustentado pela mãe, o pau todo emperebado e o rabo sempre cagado. Que é childfree não porque não quer ser pai, mas porque é um ser humano tão asqueroso e detestável que não consegue mulher nem pagando, quanto mais arranjaria uma que queira ter um filho seu. Pior ainda: que não tem sequer um gato, porque nem os animais suportam você.

Denise disse...

É bem por aí o que eu penso. Sou mãe de um menino e agora estou grávida de uma menina. A imensa maioria das pessoas quando descobre que vou ter uma menina diz que agora vai ficar “perfeito” (já que no imaginário das pessoas ter um casal de filhos é meta de vida), que meu mundo vai ficar rosa (nada contra rosa, mas meu filho tem roupa de todas as cores, incluindo rosa, porque minha filha tem que se limitar a um armário monocromático?), que meninas são meigas e carinhosas e vou ter uma parceira pra tudo (juro que não entendo esse estereótipo, meu filho já é tudo isso), que meninas são mais calmas e delicadas (conheço meninas tão agitadas como meu filho, assim como conheço meninos bem calmos), que vou entrar no mundo das princesas, comidinhas e afins (primeiro q meu filho já tem bonecas e panelinhas, ele adora um conjunto de chá q ganhou qd pequeno, é fa de Frozen e vive cantarolando a música, assim como tem uma mini boneca da Elza. Ao mesmo tempo ele gosta de trens, de dinossauros e várias outras coisas, não entendo no que minha filha seria diferente se for exposta também a uma variedade de coisas. Qt as princesas, limito muito o contato do meu filho pq acho esses contos de fadas umas imbecilidades cheias de merchandising, assim como ele não é estimulado a imitar super-heróis, a consumir todo esse lixo de merchandising que a indústria infantil quer enfiar goela abaixo das crianças. Ele gosta de livros reais, de animais, de histórias de crianças reais, então não vejo porque com a minha filha teria que ser diferente e ela ser bombardeada de merchandising de princesas insossas.)

O fato é que, diferente do que as pessoas esperam, eu não acho que vai ser mais legal ou fácil ter uma menina. Muito pelo contrário, todo mundo se espanta qd eu digo que tenho muito receio. Receio porque sei como é difícil ser mulher nesse mundo. Sofro alguma pressão da família, pela forma livre que crio o meu filho, já ouvi que estou tentando transformar ele em gay” (?!?). Mas no geral essa pressão é muito menor do que sei que vou sofrer sendo mãe de uma menina. Se meu filho sai de casa sem pentear o cabelo, ninguém fala nada. Se deixo o cabelo dele crescer, as pessoas elogiam como é bonito o tanto de cabelo que ele tem. Tenho certeza que se fosse uma menina diriam que ela tem que se cuidar, estar sempre penteada, e cabelo de menina muito curtinho é “maldade”. Temo pela minha filha ser oprimida por ser mulher, como todas as mulheres o são, em maior e menor grau. Temo por eu e meu marido, por mais desconstruídos que somos, não sermos capaz de lutar contra o que a sociedade espera que uma menina seja. Temo que mesmo eu dando a minha filha as mesmas liberdades que dou a meu filho, que ela sofra uma pressão social muito maior que vai acabar influenciando seu comportamento. Enfim, estou muito mais assustada de ser mãe de uma menina do que de um menino.

Denise disse...

P.S.: Lola, vc entendeu errado a questão do child-free. No mundo da maternidade/paternidade, qd se refere a grupos “child-free” não se trata de pessoas que não tem filhos. Se trata de pessoas que odeiam crianças e querem exclui-las do convívio social. São pessoas que acham que é ok um restaurante vetar a presença de criança, ou que é ok vc não ter empatia quando uma criança está chorando ou em estresse porque crianças tem que ser “bem comportadas”, “silenciosas” e “não atrapalhar os adultos”, ou que esperam que crianças tenham um comportamento modelo que nem de adultos se espera. É o comentário que eu li outro dia no Facebook, de um homem dizendo que achava aceitável um restaurante vetar a entrada de crianças porque afinal ele “também não podia entrar com o cachorro dele em qualquer restaurante e ele achava isso normal”, ou seja, crianças agora são equiparadas a cachorro. Se um homem fala alto num restaurante, é inconveniente, está bêbado, e mil outras situações corriqueiras, não se cogita vetar a presença de homens (como um todo) em restaurantes. As pessoas ou aturam (porque viver em sociedade é isso, aturar o outro) ou no máximo vão querer uma punição para aquele homem específico. Agora, se é uma criança que tem uma crise de choro num restaurante, aí automaticamente se assume que é birra, que os pais não sabem educar, e que tem que se vetar toda e qualquer criança nos estabelecimentos. É óbvio que existem pais que não dão limites e que não educam a criança, mas aí seria o caso de se punir esses pais específicos, e não banir a presença de crianças e muito menos punir a criança específica, que é simplesmente um serzinho em formação que precisa de acolhimento, amor e empatia.

Outra coisa quanto a esse discurso de que “eu não gosto de crianças”. Não é aceitável se dizer “eu não gosto de idosos” ou “eu não gosto de negros” ou “eu não gosto de homossexuais”, então porque é aceitável se dizer que não se gosta de crianças??? Crianças são parte da sociedade como qualquer grupo e o fato de alguém não querer ser mãe/pai não significa que não possa tratar crianças com o devido respeito. Fora que dizer que “não tolera o convívio com crianças” é excluir também as mães dessas crianças, o que eu sinceramente acho contraditório com o discurso feminista.

Anônimo disse...

Super normal as pessoas que não querem ter filhos, e que desejam um jantar a noite num lugar sem crianças. Mas daí essas pessoas começarem a formar um movimento em prol disso acho meio estranho. Já vi até página no face chamada "anti-bebê", com umas postagens bem preconceituosas. O povo começa a viajar demais e exagera nas coisas, acho que foi a isso que ela se referiu.

Anônimo disse...

Concordo. Até porque ninguém leva crianças em estabelecimentos tipicamente pra adultos, tem vários lugares que não precisa nem proibir. Tem um monte de barzinhos e restaurantes que nao são ambientes familiares. Agora a pessoa não pode nem comer uma pizza com uma criança do lado, ai já acho demais. Qndo alguem me diz que não quer filhos acho super normal e por ser mãe compreendo ainda mais, pq é difícil mesmo. Mas que tbm não venham com frescura.

Anônimo disse...

Ah titia, ngm é obrigado a amar crianças, mas falar que não gosta de conversar, conviver, é estranho sim. Nós vivemos em sociedade. Inclusive é a mesma coisa que os machistas pensam sobre nós, por eles só conviveriam com mulher pra ter sexo e mais nada.
Crianças não passam o tempo todo chorando e fazendo birra, essa parte chata normalmente sobra pros pais. E já vi muita criança mais lúcida que muitos adultos por aí. São os seres mais espontâneos, sinceros e livres que existem. Hj eu vejo que a gente já nasce pronto e a sociedade acha que educa mas na verdade estraga, enfia preconceito, padroes inuteis, frescura e mais um monte de coisas goela abaixo.

Anônimo disse...

Parabéns autora do texto, sou mãe, feminista e me emocionei. Realmente é preocupação todo santo dia, mas tbm tem muito aprendizado. Eu só me empoderei de vdde qndo fui mãe. Nao estou dizendo que uma mulher precisa ser mãe pra isso. Mas se mulher já é julgada, qndo vira mãe o negócio triplica. De repente eu me vi sozinha com a maior responsabilidade da minha vida, ou eu crescia na marra, ou a sociedade ia me engolir.
E não dá pra gente proteger os filhos de tudo, mas nós podemos ensina-los a ser fortes. Algumas pessoas confundem educar com apagar a personalidade de uma criança, mas é o contrário. Elas nascem com sua personalidade e nos cabe ajudar a mante-la íntegra e conduzir ao melhor caminho. E esses pequenos seres frágeis muitas vezes tem mais força que nós.

Anônimo disse...

Depois que o cara que deu aquele facial surpresa na moça foi solto, virou bagunça: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/outra-mulher-e-vitima-de-assedio-sexual-em-onibus-na-avenida-paulista.ghtml faz um post

titia disse...

É mesmo, Denise? Quando eu conheci o movimento childfree não havia toda essa frescura, era apenas um pessoal que não queria ter filhos e se juntava pra se apoiar mutuamente contra a pressão da sociedade de que todo mundo deve parir. Nos grupos que eu frequentava nunca vi essa campanha por banimento de crianças dos locais, as pessoas apenas compartilhavam histórias, apoiavam os que eram mais sensíveis à pressão, ensinavam maneiras de responder aos inconvenientes e mal educados, e tinha inclusive gente que gostava sim de crianças (professores, cuidadores), apenas não queriam ter que criar uma.

Mas aí vem uma coisa que você falou, que childfree significa odiador de criança no mundo da maternidade/paternidade, o que torna muito provável que isso seja fruto dessa noção oito ou oitenta do Brasil. Ou seja, vocês que são pais pegaram um termo aplicado a quem não quer ter filhos mas não necessariamente odeia crianças e aplicaram a todo mundo que não quer ter filho ou não tem prazer em conviver com crianças - transformando todos que não tem prazer em conviver com crianças num inimigo. Se não é esse o caso, qual é o termo que vocês usam pra quem não quer ter filhos mas não odeia crianças?

Anônimo disse...

Não sei de onde que tiraram que você tem que levar filho pequeno em restaurante, como mãe de três esse tipo de conversa nunca entra na minha cabeça. Os meus só começaram a ir maiorzinhos e também não era pra ficar correndo nas mesas, era pra sentar e comer feito gente, se a gente saía às 6, às 3 eu já estava dando o sermão. Isso quando iam, porque mães precisam de folga e todo momento de paz pra gente é ouro. Se não tinha quem olhasse, eu não ia. A gente tem a vida toda pra ir a restaurantes mas a fase da infância dura um tempo determinado e seu filho precisa de você, qual a novidade até aqui? Hoje em dia tá todo mundo grande, não precisam mais da Mamãe Ganso e eu posso fazer o que bem entender. Eles crescem, graças a Deus.

Meus filhos sempre souberam que criança não era como adulto e que existia lugares para adultos assim como existe lugares para crianças acompanhadas. Assim como eu sabia que, como mãe, teria que abrir mão de algumas coisas por um tempo em benefício de uma boa criação para eles.

O que vejo é uma grande falta de educação generalizada, gente que não saiu da adolescência psicológica, do voluntarismo, querendo botar filho no mundo e ensiná-los a serem assim também.

Educar bem seus filhos, ensiná-los que é bom cada um no seu quadrado, que não é pra ficar entrando em conversa de adulto e que não é qualquer ambiente que é pra eles é bom para a criança em vários aspectos mas tem um deles que vejo pouca gente falando: criança bem educada é melhor tratada e a vidinha dela em sociedade já começa a ficar mais fácil desde a infância. Os "pais-crianças" de hoje em dia parecem não dar muito valor para isso, provavelmente porque eles próprios precisam de um adulto mais responsável que eles para ensinar.

Como mãe de três, sou plenamente a favor que não se entre criança em qualquer ambiente. Porque o argumento não é a criança, mas os pais que se sentem excluídos por não poderem levar seus filhos consigo nos locais mais inadequados possíveis. Isso de "opressão infante" é uma bela conversa mole.

Criança é uma coisa maravilhosa, aprende tudo em um piscar de olhos mas quem na realidade não está aprendendo alguma coisa aí são seus (ir)responsáveis. E essa geração de gente que acha que é só fazer o que quer e dane-se, que todo mundo tem que falar amém e achar bonito, quando morrer vai ter deixado lindos monstrinhos para todo mundo lidar.

Você cuidando direito já é complicado, imagina sem limite, sem consciência de saber o espaço dos outros e qual o seu? E a verdade é que não faltam lugares para os pais levarem seus filhos mas não, é naquele lugar x que eles querem levar, naquele lugar que a criança vai morrer de tédio se não fizer alguma coisa e por isso vão acabar infernizando a vida de todo mundo que não é o responsável por aquele ser específico e que não é obrigado a aguentar aquilo.

E tem um detalhe viu? Criança pequena feliz, grita. Criança pequena feliz é barulhenta, faz azuada mesmo, quem é mãe sabe. Só que eu, mãe, afirmo que é mais pura verdade aquele ditado que filho é igual peido, você só aguenta os seus. Já pedi a conta de quantas vezes eu quis esganar pais e mães que, na minha opinião, não serviriam nem pra cuidar de cachorro, capaz do cachorro mandar na casa e não eles.

Ninguém é obrigado a gostar de nada e é uma tremenda falta de simancol achar que todo mundo tem que "compreender" o mau humor da sua princesinha. Você não pode agredir mas obrigado a gostar, não é. A pessoa pede compreensão dos outros para poder comer a pizza que muito bem poderia ter sido pedida em delivery mas não compreende que o outro quer comer a dele sem nenhum cotoquinho trombando nas coisas e expressando a ópera da sua alegria com agudos poderosíssimos. Falta de educação dos pais, pura e simples.

No pré-natal, os médicos passam uns complementos pra gente tomar, ácido fólico etc. Mas pelo andar da carruagem, acho que tá faltando indicar uma vitamina aí. A vitima C... C-toca.

titia disse...

01:54 não faz sentido pra mim também. Crianças choram, berram, falam alto, é normal, então se a criança não está correndo perigo ou sendo maltratada por que não tratar com naturalidade? Deixe os pais cuidarem e se concentre no seu jantar. Ninguém morre por ouvir uns gritos de vez em quando. Claro, se os pais são sem noção o suficiente pra levar um bebê de seis meses num restaurante japonês às onze horas da noite, provavelmente não deviam ter tido.

Anônimo disse...

Mera questão de opção.

Se um estabelecimento coloca como regra não aceitar crianças, quem tiver filhos pode escolher outro. Simples assim.

Qual a razão da pessoa que tem filhos querer ir num lugar em que todas as outras pessoas esperam não as encontrar lá?

Só pode ser birra.

Cão do Mato disse...

Outro dia, de bobeira na internet, acabei caindo numa dessas página childfree do Facebook. O pessoal é meio agressivo mesmo...Deixam transparecer até um certo despeito...

Anônimo disse...

Então vc acha que num ambiente público a única coisa que pode te incomodar é uma criança? E se for um adulto, como faz? E eu concordo que não se deve levar criança em qualquer lugar, certos tipos de restaurante jamais levaria meu filho e isso já vai do perfil do lugar e frequentadores, até pq nem todo tipo de comida agrada uma criança. E tem os horários tbm, quem sai com criança volta bem mais cedo. E é fácil basear a vida dos outros na sua, nem todo mundo tem alguém pra olhar o filho, então a pessoa é obrigada a passar anos pedindo pizza no delivery? Não vou levar uma criança pra comer lagosta, mas uma pizza não pode?
Concordo que pais tem que ter noção, eu mesma procuro ser rápida pra não dar tempo do meu filho ficar enjoado, qndo deu a hora dele já estou voltando.
Mas acho estranho sim certos posicionamentos, é que nem aqueles papos de quem fala que respeita gays mas não é obrigado a gostar e não quer por perto...mas diz que não é homofóbico. Ou não gosta de negros mas não é racismo, é só questão de gosto...sei. Qndo a gente quer evitar certos tipos de pessoas é só evitar tbm certos lugares, não precisa de plaquinha na porta proibindo, isso é exclusão sim. Se não suporta criança a ponto de ficar empolado, sai mais tarde, vai no lugar onde vc sabe que não vai encontrar e pronto. Pra que essa frescurada toda?

Anônimo disse...

"Anônimo Anônimo disse...

Mera questão de opção.

Se um estabelecimento coloca como regra não aceitar crianças, quem tiver filhos pode escolher outro. Simples assim".


Se um estabelecimento colocar como regra não aceitar negros ou mulheres seria a mesma coisa então? Ou seja, quem for negro ou mulher, que escolha outro lugar?

titia disse...

02:29 quando digo que não gosto quero dizer que não tenho prazer em conviver com crianças, que não me divirto conversando e brincando com elas. Estar em companhia de crianças pra mim é algo que faz parte e sempre procuro respeita-las. Não faço cara feia pra criança que chora, não me aproximo demais fisicamente porque sei que crianças não se sentem confortáveis com estranhos por perto, não toco em crianças desconhecidas (ainda tem hoje em dia gente que passa a mão na cabeça de crianças pequenas na rua? Meu pai fazia isso), falo "com licença", "obrigada" e "por favor" para elas do mesmo jeito que falo para adultos, não pego no colo nem abraço se elas não estão confortáveis com isso. Mas eu não procuro ativamente a companhia de crianças. Não me ofereço pra brincar, pra ler histórias ou conversar, pra levar pra um passeio porque essas atividades não são prazerosas pra mim. Isso agora é odiar?

Porque, de boa, se os machistas se contentassem em evitar as mulheres já seria uma maravilha, camarada. O problema dos machistas é justamente que eles NÃO evitam as mulheres.

Anônimo disse...

Por tocar nesse assunto poderia ser feita uma postagem sobre paternidade sócio afetiva, em que ha uma injustiça em se obrigar a pagar pensão e ter responsabilidade sobre o filho alheio

Anônimo disse...

Já que foi falado nesse assunto de crianças, poderia ser feito um post sobre paternidade sócio afetiva, em que há a injustiça de se pagar pensão e ter responsabilidade com o filho alheio.

Anônimo disse...

Mas ele te atingiu bem no seu nervo exposto...

Anônimo disse...

O MAIS LEGAL DO CHILDFREE É QUE EM POUCO TEMPO ESTARÃO EXTINTOS.

Anônimo disse...

Gostei do seu comentário; baseou-se em pesquisa sobre o que realmente é esse movimento childfree e soube produzir um pensamento apoiado sobre uma afetividade saudável, expressando-se por empatia e não por raiva, pensando no bem estar das crianças e suas mães, e sendo capaz de enxergar a falta dessa empatia nos autointitulados childfree - mais um osso estadunidense na boca dos vira-latas locais.

Na realidade, o que esse movimento mostra, sem nenhum mistério, para todos os olhos verem, é a promoção de mais um tipo de segregação, mais um tipo de intolerância. Não é apenas a decisão particular de não ter filhos, mas é um lobby para excluir crianças de espaços públicos. A argumentação racionalizante de querer paz e tranquilidade nada mais é que um mero argumento racionalizante, tática para camuflar doenças internas, de uso tão fácil e comum nesta pós-modernidade.

O fato de a exclusão de crianças dos espaços de convivência também levar a exclusão de suas mães não é mera coincidência. Assim como também não é mera coincidência que a expressão "eu não gosto de crianças" seja tão culturalmente aceitável quanto a misoginia que estrutura a cultura da nossa sociedade. A vida das crianças e das mulheres está indelevelmente conectada, desde as mais precoces manifestações da violência doméstica e sexual dentro dos tradicionais lares. O childfree é uma violência contra crianças e mulheres fora do ambiente doméstico, travestido com termos e intenções liberais, mais um instrumento de colonização das subjetividades, importado do liberalismo estadunidense.

E nesse sentido de ser um movimento organizado, que tem um objetivo aparente, uma agenda real, e que visa na verdade influenciar políticas públicas que diminuam o território de existência das mulheres, é que o movimento childfree é um lobby. Infelizmente, o feminismo está demorando muito para perceber estes cupins corroendo-o por dentro, e nossas políticas públicas já estão sob ataque. Por exemplo, há um projeto de lei que, dizendo querer regulamentar a prostituição e proteger as prostitutas, na verdade protege e regulamente os cafetões, que atualmente são proibidos e sua ação é considerada criminosa (ref.: https://www.youtube.com/watch?v=fKtuCOKRqtc). E esse PL faz isso contando com apoio de um feminismo afinado com as ideias-térmitas liberais, que se recusa a enxergar que prostituição não é profissão, mas exploração, tortura física, humilhação, ameaça constante à vida, destruição progressiva de corpos e mentes - e não há legislação trabalhista no mundo capaz de mudar isso. E, claro, a prostituição também é violência contra as crianças, pois não só começa a explorar mulheres ainda na idade infantil, como gera novas crianças em puro desamparo. Essas crianças... essas não são livres.

Anônimo disse...

Titia, não quero mudar sua opinião, mas na verdade ninguém devia se evitar, viver em sociedade engloba CONVIVER COM DIFERENÇAS. Vou dar um exemplo, eu não gosto de dividir cadeira de transporte, tipo avião ou ônibus com gordos pois toma parte do meu espaço ou sou obrigada a encostar num estranho. Nem por isso fico falando isso aos quatro ventos, não vou formar um grupo pra exigir transporte separado, não fico enchendo o saco de gordos falando que tem que emagrecer. É apenas um pequeno incômodo e eu sei que deve ter alguma coisa em mim que tbm incomoda os outros, faz parte.
Não dá pra ficar separando as pessoas, colocando etiquetinha com nome em inglês. É exatamente assim que começam os preconceitos, a pessoa vem com aquela idéia: "que custa o negro subir no elevador de serviço? Vai subir do mesmo jeito, é birra".
A pessoa sabe que é muito maior a chance de topar com uma criança na pizzaria às oito da noite do que num restaurante indiano, e muitos outros lugares, pq tem lugar que é até improprio. Dá muito bem pra evitar sem precisar proibir pessoas.

titia disse...

E eu não sou a favor de segregação, 14:00. Já disse que quando eu conheci o pessoal childfree eram apenas um grupo de pessoas que não queriam ter filhos apoiando-se mutuamente contra a pressão social, e eu assumi o nome por isso. Não odeio crianças, não quero que sejam excluídas de espaços públicos (já disse, isso está acontecendo por falta de noção dos pais), mas repito que não tenho prazer em conviver com crianças, por isso não procuro a companhia delas ativamente. Sim, evito interagir constantemente com crianças, do mesmo jeito que você, quando pode, evita sentar do lado de um estranho no ônibus. Você só está indignado com o fato de eu evitar convivência com crianças porque ainda não conseguiu expurgar a lavagem cerebral baseada no mito do amor materno, e acha que mesmo quem não quer ter filhos deve achar crianças maravilhosas e buscar ativamente conviver com elas. Bom, colega, não é assim que funciona. Não quero que as crianças sejam banidas de estabelecimentos (exceto, claro, que seja um lugar impróprio, tipo uma boate ou um filme 18+), não anuncio aos quatro ventos que não gosto de conviver com elas, não fico formando movimentos pra excluir crianças, trato-as do melhor modo possível quando tenho contato com elas, mas NÃO vou buscar conviver com crianças quando não tenho prazer na companhia delas apenas porque um punhado de gente incapaz de sair do oito ou oitenta não admite que alguém não tenha prazer em interagir com crianças.

Repito: Não odeio crianças nem quero excluí-las. Apenas não tenho prazer em conviver com elas e, por isso, procuro não conviver com elas - e isso não é odiar. Achar que quem não adora crianças as odeia é o velho condicionamento social pra tratar crianças como os tesouros da dona Florinda que todos devem amar e venerar, e quem não ama e venera os tesouros é um psicopata que não merece viver. Não adorar não é sinônimo de odiar. Entendam isso de uma vez, porra. Mas parece que vocês só estarão satisfeitos quando todos nós amarmos crianças e sairmos atrás de conviver com elas 24 horas por dia.

titia disse...

Olha aí os efeitos da lavagem cerebral: eu já disse em vários comentários anteriores que não apoio excluir as crianças dos estabelecimentos e espaços, que isso só está acontecendo por culpa dos pais (e não das próprias crianças) e cobro deles a responsabilidade, que não dou chilique por causa de choro e grito, mas como eu não tenho prazer em conviver com crianças e, portanto, procuro não conviver com elas, sou uma odiadora de infantes que deve imediatamente formar uma creche ou merecerei ser banida da sociedade - de preferência, através de uma fogueira.

É por causa dessa mentalidade estúpida de "Você tem que amar crianças a todo custo, sua vagabunda sem coração e se não amar morra!" que mulheres que não querem ter filhos são apedrejadas, que o aborto continua sendo ilegal, que as crianças ainda são tratadas como coisa e o mito do amor materno segue firme e forte, desgraçando as vidas das mulheres e das crianças que vocês dizem defender. Porque pra brasileiro com mentalidade infantil é assim, se não amar você odeia - e se você não ama os tesourinhos, você os odeia e portanto merece morrer. Isso é totalmente patético.

Anônimo disse...

Estranho o posicionamento da autora. E muito bom ser mulher. E ha homens incríveis. E há uma série de problemas sérios. É por isdo que estamos aqui. Para mudar isso. E sou mulher preta e pobre. Também nao tenho filhos. Mas não me reconheço neste poço de lamentacoes. Ha uma visao de fragilidade na qual não me enxergo. Eu sou forte. A maioria de nós é.

Anônimo disse...

Excelente comentario. A autora se refere a um grupo que vem crescendo e que odeia crianças,e consequentemente seus pais. Aconselho visitar sites desses grupos. É preciso ler para compreender. Senão vai parecer exagero.

Anônimo disse...

"O MAIS LEGAL DO CHILDFREE É QUE EM POUCO TEMPO ESTARÃO EXTINTOS.".....Perfeito!
Sem contar que esse povo é o mais ingrato possível! Já pensou se os pais deles tivessem essa "lida" idéia? Será que eles nunca foram crianças, não eram agitados e não incomodaram os seus pais? Nem por isso foram jogados na lata de lixo (se bem que mereciam). Não servem pra nada no mundo. Pesos mortos que desperdiçam nosso alimento com esses vermes.

Prof. Ane Santos disse...

O pessoal está confundindo childfree com odiador de crianças. Sou childfress e professora, convivo com Ensino Fundamental II e Ensino Médio, e adoro trabalhar com eles (embora tenha alguns muito mal-educados, é claro).
Não acho que seja segregação querer um espaço de tranquilidade, porque sabemos que infelizmente tem muitos pais que não põe limites nas crianças. E continuarão existimos outros milhões de restaurantes com espaço kids para as crianças gastarem a energia com outros pequenos. Mas vi recentemente comentário tipo "levei na pizzaria e a criança estava inquieta por causa do calor", mas perguntando, a mãe tinha sentado ao lado do forno. É pra acabar daí né.
Ano 16:25h, já fui criança, e muito educada, sempre soube onde podia brincar ou não. Aprendi desde pequena a não atrapalhar o sossego alheio. Se meus pais não tivessem essa ideia de ter filho, eu não estaria aqui: pronto, simples assim, nem tem o que discutir. Não é porque não quero filho, que jogaria crianças no lixo; sou responsável o suficiente para reconhecer que educar um ser humano demanda muita atenção, muitos cuidados,e não tenho interesse em te-los. Seu julgamento me parece preconceituoso, ou baseado na ideia religiosa de que todo mundo TEM que ter filhos porque seus pais os tiveram.

titia disse...

16:25 De novo, olha aí a lavagem cerebral "você precisa amar os tesourinhos, se não ama morra, sua vadia sem coração, porque se você não ama crianças você as odeia e quer mata-las e comer seus fígados então merece ser queimada na fogueira". Nesse país de merda em que a maternidade é glorificada e crianças são endeusadas por causa da neurose sexual religiosa, simplesmente não é possível ter uma conversa racional sobre o assunto. O povo cheira talco de bebê e o cérebro desliga.

E se a colega aí em cima faz questão de saber, não faria a menor diferença se os meus pais não quisessem ter filhos porque eu simplesmente não existiria. Ponto, acabou, the end, ces't la fin, finita la comedia. Por que as pessoas ainda insistem nessa ridícula fantasia de que numa nuvenzinha lá no céu tem uma criancinha (de preferência homem, branco e hétero) sentada esperando ansiosamente pra nascer, que chora a cada vez que essas vadias egoístas decidem não parir?

E olha que lindo, agora querer que os pais das crianças cumpram sua função e eduquem é odiar pais. Querer que o presidente governe pro povo é ódio também?

É todo mundo querendo fugir da responsabilidade, querendo fingir que não é com eles, querendo a parte boa sem a parte ruim. No caso, querendo ganhar troféu joinha de parideira/procriador do ano sem ter o trabalho de cuidar e educar. Quando, quando vamos sair da idade das trevas, meu Deus? Quando os brasileiros vão crescer?

Anônimo disse...

"Esse grupo pra mim é abominável, porque é simplesmente mais um grupo determinado a oprimir outro que historicamente sempre esteve em desvantagem."

Penso o mesmo de abortistas/ eugenistas.

Joana disse...

Engano seu! Cada criança que compara seus pais exaustos e enfastiados aos childfree que possuem muito mais escolhas, pode optar por um futuro que coaduna com o etendimento do segundo grupo.

Joana disse...

Não, pessoa, atingiu o seu. Só que é mais cômodo dizer que o nervo exposto é da Titia. Não colou, viu?

Joana disse...

Tenha filhos e você descobrirá que ninguém é forte. Ainda não tenho filhos mas ainda bem que cheguei a esta conclusão sendo filha. Ajuda-me a compreender certas posturas dos meus pais.

Joana disse...

Se eu fosse mãe de menina... Eu seria feliz. Haveria luta, como em tudo, na vida, mas acredito que o ser feliz é maior que o apego aos momentos felizes. Por isso, mesmo com medos, dúvidas e sentimentos próprios do ser humano, se fosse mãe de menina, eu cultivaria, regaria e cuidaria, primeiramente, a felicidade.

titia disse...

Quer dizer que o 12:12 tava falando comigo, Joana? Olha como ele é covarde, então, não dirigiu o comentário a mim nem colocou meu nome nele, pra eu não perceber que ele estava falando comigo e não responder. Porque, com certeza, o nervo exposto é dele. Deve ser um desses pais incompetentes que criou uma criança terrível e quer que todo mundo finja que o filho é um anjinho, assim ele não tem que admitir que é um fracasso como pai e que estragou a vida do filho...

20:05 inclusive você mesmo? Porque querer que o aborto continue ilegal é defender o extermínio de mulheres negras e pobres... o que é eugenismo.

Anônimo disse...

"Sempre soube onde brincar". Olha, me desculpa, mas tenho ctz absoluta que vc já deu uma birra arrumada, amarrou o bico um evento inteiro e incomodou alguém com risadinha histérica. Mesmo crianças tranquilas não são santas o tempo td. Vc só n lembra dessas situações e elas não foram recorrentes o suficiente pros seus pais te etiquetarem de "criança difícil"

Anônimo disse...

TITIA ATINGIU "DUPLIPENSAR" LEVEL 100!

Parabéns! Você é uma gatinha de Schrodingër verbal. Miaaaau!

Anônimo disse...

CHILDFREE é simplesmente uma pessoa que não quer ter filhos. Faz anos que participo de grupos sobre o tema, no Brasil e no mundo. Ultimamente se APROPRIARAM desse termo e deram uma conotação completamente inversa, só para fazer tempestade em copo d'água. Falta do que fazer, sabe o tal caçar pelo em ovo?
Tem gente ruim que não quer ter filho? Tem. Tem pais e mães ruins? Ô se tem!

titia disse...

06:46 não cheire o cu dos seus colegas da real antes de comentar.

Michele disse...

Deixa eu fazer um resumo pra quem não tem filhos:
1-Concordo que alguns pais não educam, mas as vezes vc pode se matar pra educar seu filho, ele ser um anjo em casa, e mesmo assim ele pode ter uma reação inesperada em algum momento, nem tudo é falta de educação. Isso acontece com adultos tbm.
2-Já é difícil fazer QUALQUER coisa com criança, existe toda uma logística pra fazer um passeio, a coisa não é tão simples. Primeiro que vc já fica limitada a meia dúzia de lugares pq a comida tem que agradar o filho tbm, pq não pode ser muito longe, não pode pegar muito trânsito...etc, etc. Não é tão simples pensar que se aquele lugar que era mais comodo pra vc não aceita mais crianças é só procurar outro.
3-Normalmente os passeios de quem tem filho se resume a shopping, churrascaria, sorveteria, pizzaria e qualquer outra coisa que termina com "ia".E sobra todos os outros milhões de lugares que vc não pode ir porque tem filhos e morre de vontade. Mas daí as pessoas que podem ir nos outros milhões de lugares querem tbm ir numa pizzaria sem crianças, e os pais que são mimados.
4-Se essa moda pega quem vcs acham que vai ser mais prejudicado? Vão ser as mães com menos condições financeiras e as crianças, alguma novidade? Pois bem, as mamães ricas que tem dez babás podem fazer o que querem e os pais normalmente não tem problema nenhum em dar uma escapadinha sem os filhos. De resto tem as mães que não conseguem nem ir ao banheiro sem levar o filho junto.
5-Pra algumas mães essa saidinha pra comer algo no fim de semana é a única, e quando dá. E as vezes a gente precisa MUITO desses momentos.
6-Ninguém é obrigado a amar crianças, apenas respeitem as crianças e as mães. Se não ama tbm não precisa ficar falando que não gosta, isso dá margem ao preconceito, quando a gente não tem nada de bom pra dizer se cala.
7-Outro dia eu caí numa página de memes cheia de reaças, eles basicamente zoam com mulheres, pobres, mães solteiras e filhos de pobre. Zoam quem tem filhos como se ter filho acabasse com a vida de alguém. Esse mesmo pessoal que é contra o aborto, vai entender. Ou seja no fundo é só um monte de gente querendo limitar mulher, se tem filho, se não tem...
8-Cara eu entendo muitas que não querem ter filhos e respeito. Mas ser mãe TBM faz parte da condição de ser mulher e o feminismo precisa abraçar essas pautas. Não façam parte de nada que exclua crianças pq estarão excluindo muitas mães por tabela.

Luima disse...

Cada ataque que fazem à titia, só confirma o que ela disse sobre o pensamento desse povo: "se não quer ter filhos, queima na fogueira!" Aff

Olha, sobre ser criança educada: posso até ter feito birra alguma vez, mas bastava minha mãe dar aquela olhada torta pra mim, que eu já murchava a orelha kkk. E nunca - repito NUNCA - levei nem chinelada, era só no papo sério mesmo que a gente era educada em casa. Mas a galera hoje parece que são os pequenos que mandam, não tem pulso, não sabem dizer não, botar limites, gizuis! Estão criando monstrinhos e querem que todo mundo ache lindo!

Eu adoro crianças, curto mesmo a convivência, bater papo e viajar na imaginação. Sou do tipo que consegue domar até uma criança birrenta, em geral me respeitam e são uma maravilha comigo. Mas não quis e nem quero ter filhos, tou feliz assim. Vou queimar na fogueira também?

Anônimo disse...

Criança não pode, mas esses gatos e cachorros imundos de vocês bruxas, tá ok né?

hahahah

Anônimo disse...

Muito bom comentário. Lúcido, com os pés na realidade, enxergando claramente o presente e o futuro, dependente das decisões que tomamos agora, de acordo com nosso nível de lucidez e saúde afetiva.

titia disse...

14:50 o jardim de infância fica lá daquele lado. O Luisinho aproveitou pra dizer que não vai sentar com você na aula de pintura.

J.M. disse...

Lixo racista (redundância) de 30 de agosto de 2017 20:34, você sabe ler? A autora do post é negra, pessoas negras e pardas representam mais de 50% da população brasileira. Qual o problema de o post ser ilustrado por lindas mães e crianças negras? Por que esse horror todo ao ver que nem todos os espaços se resumem a padronizar o ser humano como homem branco heterossexual? Pode ir chorar na posição fetal agora, lixo virtual.

J.M. disse...

Não entendo como um comentário escroto como o desse racista passou pela moderação.

Denise disse...

Titia: eu não nomeio de nada, só disse o que tenho lido pela internet, em páginas do facebook e afins. Qd escuto “childfree” é sempre relacionado a pessoas que querem banir crianças do convívio social. Isso pra mim é inaceitável. Agora, quem simplesmente não quer ter filho eu não nomeio de forma alguma, são simplesmente pessoas normais como quaisquer outras que fizeram uma opção de vida. Eu mesma dizia que não queria ter filho até uma certa idade.

Eu não quis dizer que vc não tolera o convívio de crianças, aliás não mencionei vc no meu comentário justamente porque não gosto de fazer julgamentos sobre ninguém sem ouvir com mais detalhes o que essa pessoa pensa. Por isso fiz um comentário genérico a pessoas que dizem não tolerar crianças, o que eu igualmente acho inaceitável. Como vc explicou, não é o seu caso, vc só não se diverte com crianças. Claro que isso é um direito seu, mas pode te afastar de amigas/amigos que tem filhos. Eu falo por experiência própria, tenho algumas amigas que se afastaram depois que eu tive filho e foi muito triste porque eu achava que a amizade tinha que estar acima disso. Claro que não vou levar meus filhos sempre nos encontros, mas as vezes eu esperava dessas amigas mais empatia, que oferecessem ajuda, que estivessem mais presente. Enfim, essa é a minha experiência e claro que não tem nada a ver com vc, nem acho que vc esteja errada por pensar como pensa.

titia disse...

Tô ligada, Denise, e quem dera mais pessoas pensassem que é completamente normal não querer ter filhos. A vida das próprias crianças seria melhor se gente sem vontade ou habilidade alguma pra ser mãe/pai apenas não tivesse filhos. Já ouvi childfree sendo associado a estabelecimentos que não permitem crianças (de novo, por causa da falta de noção ou babaquice dos pais, nunca por culpa da própria criança) mas não tinha ouvido esse termo ser usado como um grupo organizado exigindo que crianças fossem banidas de qualquer convívio social. E tanto querer banir as crianças de qualquer experiência em sociedade quanto impor a presença delas até em locais/horários que não são adequados às suas necessidades são péssimas escolhas. O que as pessoas precisam é pensar mais nas mulheres e nas crianças e menos em impor suas fantasias a respeito de maternidade pros outros.