sábado, 17 de outubro de 2015

GUEST POST: DOCE ARDOR, O LIVRO DA PATTY

Já me encontrei com Patty Kirsche várias vezes, quando fui a SP. A primeira deve ter sido há uns três anos, e a mais recente, agora em agosto.
Quis encontrá-la pessoalmente para comprar o livro que ela publicou, de forma independente, e para posar (vestida) pro seu projeto de fotografar feministas. Foi uma forma de contribuir com alguém que já colaborou muito com este bloguinho, escrevendo vários excelentes guest posts, como este, sobre moda, este, sobre vampiras e sexualidade, este, sobre a Marcha das Vadias de Guarulhos, e este, sobre o filme 50 Tons de Cinza. Aliás, Patty, além de ser mestra em Filosofia pela USP, é também educadora sexual, e vai oferecer, dia 15 de novembro, uma oficina de introdução ao BDSM.
Sobre Doce Ardor, o romance que ela publicou, eu ainda não tive tempo de ler. Mas minha mãe, sim. E ela amou o livro de paixão. E olha que não sei se conheço alguém que tenha lido mais na vida do que a minha mãe, e ela é bem crítica. Então, se ela adorou, pra mim é uma ótima recomendação.
Neste texto que Patty escreveu pra cá, ela fala sobre por que publicou Doce Ardor:

Quando eu era criança, sentia muita falta de heroínas com as quais pudesse me identificar. As produções direcionadas ao público infantil investem primordialmente em heróis masculinos, tanto que boa parte das heroínas são contrapartes de heróis. Isso acontece com She-Ra, irmã gêmea de He-Man, exemplo repetido por Batgirl e Supergirl.  
Cresci adorando qualquer mulher forte que via na TV porque era o que eu queria ser quando adulta, mas percebia que eram poucas as opções. Algumas das quais me lembro são: Kate Mahoney, As Panteras, Mulher Maravilha, Jem e as Hologramas e Beatrix Kiddo.  
Um dia, eu tive uma inspiração sobre uma heroína: uma jovem inteligente e corajosa que trabalha como agente secreta. Numa tentativa de juntar vários fragmentos de saudade e imaginação, nasceu a melhor agente da organização Eremitas Urbanos. 
Ela conhece vários tipos de luta, sabe usar vários tipos de armas e é muito bem sucedida profissionalmente. Independente, mora sozinha e faz o que quer, quando quer e porque quer. Mas nem tudo são flores. Ela não se lembra muito bem de seu passado, não tem família nem amigos fora do trabalho e é constantemente perseguida por inimigos.   
Seu nome é Blutig Pfeffer. Um nome único cuja origem é desconhecida para uma mulher única cuja origem é desconhecida. Ela vive num mundo em que seres sobrenaturais existem, mas se indigna com a violência cometida contra mulheres e discute o comportamento hermético de seus namorados com as amigas. 
Pfeffer, que acabou sendo uma espécie de resposta a uma dívida de minha infância e adolescência, vive atualmente nas páginas de Doce Ardor, primeiro volume da série Pimenta e Cereja, meu romance publicado de forma independente pela Amazon. São 400 páginas de muita aventura, fantasia e romance numa história cujo conflito principal é a jornada de autoconhecimento da protagonista.
Está disponível como Ebook Kindle por apenas R$ 6,43. Quem preferir adquirir o livro físico com uma dedicatória personalizada pode entrar em contato comigo (pattykirsche@gmail.com), pois eu envio pelo correio para qualquer lugar do Brasil por apenas R$ 47,00 com frete incluso. Mas é bom correr, pois restam poucos exemplares.
Não é fácil ser escritora independente, mas é bastante gratificante saber que várias pessoas já se perderam em meu livro por algumas horas. Quase todo mundo que leu, tanto mulheres como homens, gostaram. Infelizmente, é difícil publicar por editora porque a impressão é muito cara, já que é um livro extenso, e porque, aqui no Brasil, o público está muito mais interessado em literatura estrangeira que brasileira. Mas, mesmo assim, pretendo continuar a escrever essa história tão rica em detalhes.   

25 comentários:

Vicky_ disse...

Que sorriso, Patty. <3 (Havia poucas fotos suas no seu Blog)
Bela capa, realmente.

Patty Kirsche disse...

Obrigada, Vicky! Fui eu mesma que fiz a capa. ;)

Anônimo disse...

Who Run the World Girls
Who run this motha? Girls!
Who run the world? Girls!

S. disse...

Parece bem legal e interessante, não tem muitas heroínas, eu confesso que não ligava muito para escritores brasileiros, mas tenho conhecido uns muito bons.
Só que o padrão ridículo de beleza, que também existe na literatura está me desanimando. Os personagens são sempre brancos, magros, olho azul, o resto da humanidade não existe.

Vicky_ disse...

>.<

Vicky_ disse...

S., concordo, sabe aquela brincadeira onde as crianças assistam um programa e diziam que personagens eram? Eu sempre acaba sendo a vilã ou a personagem secundária por que as poucas mocinhas que haviam nos programas eram quase sempre brancas, loiras e de olhos claros, e eu não tinha nada a ver com aquilo, diziam.

Com frequência as vilãs também tinha cabelos enrolados("coisa de bruxa") ou curtinhos, além de terem peles mais escuras ("da cor do pecado", a latina maldosa, a negra raivosa) e por aí vai.

Não é surpresa entender aquele vídeo onde criança negras preferem bonecas brancas que negras. Fanfictions são a mesma coisa, você olha o perfil da escritora e a foto é parda, mas todas as personagens dela são brancas e super magras.

Depois dizem que representatividade é frescura. (Tem a ver com o trabalho da Patty)

Zero disse...

creio que a razão do personagem principal ser sempre branco, é por causa do modo que é interpretado pelo público geral.

o branco é como de "domínio público", e "serve" pra todos. e não que é necessariamente melhor, e sim viável...

um cara branco num filme é só um cara, se for de outra raça, automaticamente o filme já é interpretado como direcionado exclusivamente aquela raça e as outras "não podem / devem " assistir também.

e como cinema / literatura vive de audiência e público, não vão "fatiar" isso, sabendo como funciona..

veja os filmes "blaxploitation", por exemplo.

Anônimo disse...

Patty, vc mora no RJ?
Podemos tomar um chopp?

Carlos

J.M. disse...

Justamente pelo fato de apenas o homem branco ser visto como comercialmente viável que a luta pela representatividade na indústria do entretenimento deve ser mais forte do que nunca. Já está mais do que na hora de derrubar essa visão nefasta e excludente.

S. disse...

O que você falou é verdade vicky, eu achei uns livros bem legais no wattpad, tem "o poder extra g" , a personagem principal é gorda e dessa mesma escritora tem outro sobre um homem trans, esqueci o nome dela.
Ver personagens reais é muito bom, mas são muito poucos.

Vicky_ disse...

S., evito o Wattpad justamente por boa parte das histórias serem mais do mesmo, mas irei procurar esta.

Zero disse...

viável por ser neutro, J.M, e não necessariamente melhor.

um filme comum estilo Rambo, tire Stallone e ponha Ving Rhames. deixa de ser um filme comum de guerra e passa a ser tratado como um blaxploitation, e muitas vezes por todas as raças. então é claro que não vão lançar algo que possa ser um fracasso de faturamento unicamente por bobagem das pessoas...

como citei, os filmes blaxploitation nada mais eram "versões negras" de roteiros clichê, direcionados aos negros que queriam ver filmes clichês, só que um cara negro em vez de um branco. e não necessariamente um filme cultural.

porque filmes com duplas inter-raciais fez tanto sucesso? porque agradava ambos lados, em tese.

lembro do Chris Rock brincar com isso na série, dizendo que iam ver "um filme do Danny Glover com um cara branco", se referindo a Lethal Weapon. ou seja, a parte interessante a eles.

então pode se dizer que a "culpa" é do publico em geral, que ainda vê as obras com um olhar separatista, que no fim acaba sendo ele (o público) excludente, com esse pensamento ultrapassado...

Patty Kirsche disse...

Esse lance que o Zero pontuou é verdade. O homem heterossexual branco é visto como um modelo neutro para o público geral. Então, se há uma mulher como protagonista, a ideia é de que o público alvo seria mulheres (a menos que ela esteja objetificada). A mesma coisa quando há negros, gays, etc.

Quando eu era criança, ficava muito incomodada com a predominância de Barbies loiras. Sempre que possível, queria ter Barbies diferentes. A mesma coisa nos desenhos animados, pois as mocinhas sempre eram loiras. Eu já questionava isso porque percebia um padrão. A questão é quem as produtoras veem como público consumidor.

No meu livro, tentei apresentar alguma diversidade. Principalmente mostrar mulheres fortes fazendo acontecer.

Raven Deschain disse...

Ahhhh *-*

Que massa Patty. Vou reativar minha conta da Amazon.

Aproveito pra recomendar a série O Trono de Vidro (vc já deve ter lido rsrs). A protagonista é fodona, a melhor amiga dela é negra e o livro subentende MUITO racismo e segregação. É uma ótima crítica.

E os personagens, genteeeee, muito cativantes! No último que saiu no Brasil, passei meio livro chorando me identificando com as histórias deles. Muito bom de verdade.

Zero disse...

fiquei lisonjeado de ter sido mencionado pela Patty. XD

Luciana disse...

Falando em wattpad, alguém tem recomendações de livros legais? Pq todos que eu tentei eram muito mal escritos.

André disse...

Alguém sabe dizer se isso é verdadeiro? http://historiascomvalor.com/se-alguem-mostrar-uma-marca-preta-desenhada-na-palma-da-mao-chame-a-policia/

Anônimo disse...

/\ Fui entrar nesse link e meu antivírus apitou aqui, cuidado. Pra variar tinha que ser de omi.

J.M. disse...

Zero, só acho que a indústria cultural tem o poder de mudar o estereótipo das obras de entretenimento, mas para isso é preciso pressioná-la. Afinal, essa visão do homem hétero caucasiano como único tipo protagonista foi imposta pela indústria cultural e "acolhida" pelo público em decorrência da falta de alternativas.

Zero disse...

concordo JM, só que o cinema vai conforme o público, é preciso que o público também evolua sua percepção e interpretação das obras.

quando algo está em alta, todos estúdios lançam filmes semelhantes, porque querem atrair o máximo possível, é natural e quem acaba coordenando na prática é o público.

quando falei do "cara branco" ser neutro; Stallone é italiano, Van Damme belga e Schwarzenegger austríaco, mas na pratica são só 3 caras comuns pro publico. é como se não simbolizassem nada, nem sua nacionalidade.

o público acolheu porque vê como só um sujeito, literalmente "em branco".

asiáticos por exemplo, tiveram muito sucesso pela sua grande habilidade em cenas de combate / ação, que era novidade no cinema americano até então, e continua até hoje.

hoje a Ásia produz excelentes filmes, inteiramente com o seu talento antes usado em outros mercados. e se tornou uma alternativa. quem curte filmes de ação com combate é incomparável.

mas vai muito do público também, são muitos gostos juntos, e um filme é um só, e se não atrair pelo menos 1/3 desses gostos, não vinga...

André disse...

10:40,

Está rolando no Facebook uma história de que mulheres em risco que não puderem pedir ajuda pintam um ponto preto na mão. Então se alguma mulher mostrar a palma da mão com um ponto preto devemos chamar a polícia. Tem cara de ser fale, mas não tenho certeza.

Patty Kirsche disse...

Obrigada, Raven! Sabia que a protagonista da série "Vampire Kisses" tem seu nome? rs

Então, não conheço essa série. Obrigada pela recomendação, vou procurar.

Raven Deschain disse...

Sério? Hahaha vou ler.

Rafael disse...

Zero

O Homem que copiava quebra esse padrão, o personagem do Lázaro Ramos poderia ser vivido por qualquer um.

Daiane Moreira disse...

Eu absolutamente amo séries de livros, principalmente quando a personagem principal é uma heroína que faz investigação num mundo sobrenatural. Minha nossa! Pela descrição parece até que foi escrito especialmente pra mim. Hahaha! De fato, as minhas maiores referências para este tipo de leitura sempre foram as escritoras internacionais. Mas não é por preferência, é a divulgação e as indicações que são maiores mesmo. Livro não é barato, então já sabe né. Vou ler esse primeiro livro sim e se eu gostar, não quero nem saber, vai ter que continuar escrevendo o resto minha filha. Hahaha!