sexta-feira, 18 de abril de 2014

PISANDO EM OVOS

Meninos só podem comer o coelho à esquerda

Hoje mesmo a Anna fez uma pergunta muito interessante, e difícil de responder. 

Anna: "Oi Lola, tudo bem? Acompanho o seu blog há mais ou menos um ano e sou feminista graças a você, muito obrigada! Tenho uma pergunta.
Durante a páscoa minha irmã vende ovos e eu ajudo na produção quando tenho tempo. Quando chega a dúvida de que cor por nas embalagens, eu comentava (mais brincando do que querendo gerar uma discussão) 'estereótipo de gênero não tá com nada' e coisas do tipo, até que ela provavelmente se cansou e argumentou que trabalha com pessoas e que não se sabe se a pessoa vai gostar do filho ganhar ovos de embalagem rosa, ou que um papel azul claro não é unissex o suficiente. 
Sei que existem pessoas que não gostam de verde por serem corinthianas (que coincidência, meu pai!), por exemplo, mas fico pensando se a ignorância das pessoas vai a esse ponto, sendo que o cliente não especificou de que cor queria as embalagens. Será que o que importa não é o chocolate? Mesmo com detalhes pequenos as pessoas que ajudam aqui ficam com essa neura, sendo que os produtos são bem feminilizados (segundo o estereótipo), com fitinhas, lacinhos e todas essas coisas.
Excluindo os mascus, será que as pessoas seriam capazes de devolver um ovo rosa que iam dar para um menino ou não comprar mais com a gente por esse motivo? Será que nós não deveríamos dar o exemplo por trabalharmos 'com pessoas' (esse argumento foi bem enfatizado no debate)? Até que ponto vai o estereótipo num assunto como embalagem de ovos?"

Minha resposta: Bom, pra começo de conversa, nem entendo por que as pessoas compram ovos de páscoa, já que são muito, muito mais caros que uma barra de chocolate. Ok, entendo que é uma comemoração, que é uma vez por ano, até que a consistência (e talvez até o gosto) de um ovo de chocolate seja diferente, mas nada que justifique o preço absurdo se se pagar por um chocolate em formato oval com uma embalagem colorida. Como não convivo com crianças, felizmente não preciso me preocupar com ovos de páscoa.
Por outro lado, sei que é uma época do ano em que muita gente aproveita pra fazer algum dinheiro, fabricando ovos caseiros, artesanais. E acho isso ótimo, inclusive porque muitas vezes esses ovos caseiros saem bem mais em conta que os de marca. Acabam sendo uma opção pra muita gente.
Você pergunta sobre a que ponto chega a ignorância das pessoas. Será que elas realmente se incomodam de dar um ovo embalado com papel rosa pra um menino? Desculpe estragar o seu dia, mas creio que a resposta é sim, muitas vão se incomodar. A gente sabe que isso é uma total estupidez, que chocolate não tem gênero, que rosa não faz ninguém "virar gay", mas às vezes não adianta muito saber essas coisas. O mundo que a gente quer é um, o mundo em que a gente vive é bem outro.
Já li e ouvi na academia algumas feministas dizendo que estamos numa época pós-gênero, em que o binarismo (masculino/feminino) não existe mais. Olha, só se for nas esferas que estudam gênero nas universidades, porque na vida real, nunca estivemos tão genderizadas, tão divididxs por gênero. "É menino ou menina?" continua sendo a pergunta mais feita, e a resposta a essa pergunta-clichê (hoje feita cada vez mais cedo, com poucos meses de gestação) continua determinando as expectativas, o tratamento, as oportunidades, que a pessoa terá. A ansiedade em saber o sexo alheio ainda é gigantesca.
Em outras palavras: eu, você, e muitas pessoas com quem temos a sorte de conviver podemos achar o máximo que o Facebook (em inglês) hoje ofereça 50 opções de gênero pra gente se definir, e não mais apenas as duas opções limitadoras e binárias de sempre. E claro que este é um diálogo corrente que eventualmente afetará, e talvez transformará, toda a sociedade (os setores religiosos já estão se mexendo para brecar a "ideologia de gênero"). Mas o que fazer até lá?
Creio que sua irmã pode adotar cores de embalagens "neutras", digamos, que não sejam nem azul nem rosa. Embalagens mais coloridas, com uma grande variedade de cores. Mas também não sei que opções ela tem. Ela ainda é refém dos papéis e embrulho que encontrar no mercado. 
E que bom que ela não comercializa ovos de páscoa com presentes-surpresa dentro deles, ou senão sua dor de cabeça seria maior! Ano passado houve alguns protestos tímidos de feministas se opondo ao Kinder Ovo para meninos e para meninas. De fato, é uma babaquice sem tamanho separar até comida (como salgadinhos) por gênero. 
Brinquedos são pedagógicos sempre, não só quando vêm acompanhados do rótulo "brinquedo pedagógico". Brinquedos ensinam às crianças o seu papel. E como esperar que os homens passem a colaborar com o trabalho doméstico se ensinamos meninos a detestar brincar de casinha, trocar fralda de boneca, fazer comida? Nós feministas temos sim que dar o exemplo e criar filhos e educar crianças para uma vida menos castradora, em que um garoto não tenha que explicar ao seu pai que, ao brincar de boneca, não está virando gay -- está virando pai
Então eu, se tivesse filhos, se comprasse ovos de páscoa, certamente não seria consumidora de Kinder Ovos e afins que perpetuam a segregação de gênero. Mas o que eu faria se fosse a proprietária da Kinder Ovo? Porque o que a marca recebe são reclamações como essa, que li hoje:
"Venho através desta deixar minha indignação a respeito de ovos de páscoa, pois ao comprar um ovo para meninos, meu filho ao abrir teve sua maior decepção, dentro tinha brinquedo para meninas, o mesmo ficou moado o dia todo por causa desse ovo, esperou a semana toda para ganhar o presente e ansioso para ver o brinquedo de dentro e lá estava um estojinho para meninas".
Bom, eu provavelmente colocaria brinquedos que fossem mais neutros, nem estojinho de maquiagem, nem bonecas, nem armas (imagino que isso já não existe?). E também colocaria algum indicativo na embalagem, algo do tipo "brinquedos para todas as crianças". Mas outras marcas que segregam por gênero ganhariam essa parte da clientela que nunca parou pra pensar na vida (ou, pior ainda, que parou, pensou, e decidiu que quer mesmo criar um machistinha ou uma donzelinha).
Uma marca com visão poderia se aproveitar do capitalismo e vender um ovo de páscoa diferenciado, com brinquedos originais e sem gênero, que atraíssem consumidoras feministas, que tal? Afinal, mais de 30% das brasileiras se assumem feministas. Não é pouca coisa. Não é brinquedo não. 
Sua irmã conhece a clientela que tem? Podia ser interessante fazer uma pesquisa para medir sua satisfação e abordar algumas questões de gênero (como isso da embalagem). Claro, pisando em ovos, porque o mundo ideal ainda está muito distante do mundo real. 

40 comentários:

Maria disse...

Hoje passo especialmente para desejar uma Páscoa Feliz com Paz e Amor!!!
Bjs
Maria

Anônimo disse...

será que o último link do texto "30% das mulheres" não tá encaminhado errado não? pra mim abriu http://novo.fpabramo.org.br/ sem nenhuma matéria vinculada

lola aronovich disse...

Tem razão, Ana. O link tá indo direto pra página principal da Fundação Perseu Abramo. Encontrei um link que vai direto pra essa parte da pesquisa, e olha que beleza: tem mais mulher se considerando feminista no Brasil (31%) que homem se considerando machista (22%). E mais: em dez anos, o número de brasileiras que se assumem feministas subiu de 21% para 31%. E só uma em cada cinco brasileiras tem uma noção negativa do feminismo. Ótimos resultados.

Feminista capitalista disse...

''a resposta a essa pergunta-clichê (hoje feita cada vez mais cedo, com poucos meses de gestação) continua determinando as expectativas, o tratamento, as oportunidades, que a pessoa terá. A ansiedade em saber o sexo alheio ainda é gigantesca.''

Mais verdadeiro impossível!!

O sexo da minha sobrinha que ainda nem nasceu foi descoberto quando a gestação nem estava no segundo mês ainda!
E o chá de bebê,claro,foi todo cor de rosa,cheio de coroinhas e temática de princesa.

Minha mãe fica se perguntando
''Ai será que ela vai ser uma princesinha ou toda peruazinha? haha''

Provavelmente já querendo encher a cabeça da garota que nem nasceu de machismo e porcaria machista e eu secretamente só respondendo em pensamento:

''AI, tomara que seja lésbica caminhonheira com o andar do rambo, assim acaba essa putaria de quererem determinar a personalidade e os gostos da coitada pelo seu genital''

Imagine se eu falasse isso,iam me chamar de maluca doente.


Você vê que mundo louco?
A menina nem nasceu e já estão planejando o que ela será ou deixará de ser, já vai nascer escravizada a satisfazer expectativas alheias baseadas em 'ser mulher'.
Eita mundo que detesta a liberdade.

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Sobre o texto, concordo com a Lola de que a autora deveria evitar azul e rosa, e investir em outras cores,até pra evitar conflitos desnecessários com clientes burros.


Tinha uma prima que fazia deliciosos ovos caseiros (melhores que muitos de certas marcas por aí) e ela usava embalagens de várias cores, verde,vermelha, prateada,roxa,amarela, não me lembro se existia rosa ou azul não,kkkkk.

Veja se não é viável usar cores como essas, ao invés de usar uma cor só.

Minha mãe tinha uma amiga que sempre fazia um ovo com recheio maravilhoso,e sempre vinha ano após ano em uma embalagem vermelha, mas ao contrário do que a Lola disse, nem todo mundo cobra barato,kkkkk.
Minha mãe parou de comprar há uns quatro anos,pois da última vez a mulher já estava cobrando quase 100 reais por ovo gente!

Feminista capitalista disse...

Ah e claro feliz páscoa aos cristãos que lêem o blog!

Beijo.

Maria Fernanda Lamim disse...

Outro dia eu vi creme anti assaduras para bebes meninos e meninas. Azul e rosa, obvio. Achei o cumulo. Assadura e assadura, minha gente, pelamot.
E tb ouvi "protestos" na familia qd comprei uma calca rosa pro meu bebe. To nem ai!!

Anônimo disse...

É, feminismo em franca expansão! Que ótimo! Obrigada pelo link novo, Lola.

Unknown disse...

acho tão mais legal embalagens coloridas, com estampas e coisas legais que rosacomrosaemaisrosa ou azulcomazulemaisazul ... mas enfim, infelizmente tem gente que acha que é assim e pronto. quando ao kinder, lamentável a estratégia de separar por gênero o chocolate, ecpelo que vejo não tem mais o "tradicional", bem feito agora ter esse tipo de reclamação estão colhendo o sexismo plantado.

feliz páscoa lolinha e feministas, que seja um ótimo feriadão!

Amana disse...

"Brinquedos são pedagógicos sempre, não só quando vêm acompanhados do rótulo "brinquedo pedagógico". Brinquedos ensinam às crianças o seu papel."

Obrigada pela citação que vai abrir todas as minhas aulas sobre o brincar e a construção do gênero na infância :)

Unknown disse...

Tem gente que se preocupa com cada coisa... O que importa pra mim, é o ovo também. E não tem essa de azul-menino e rosa-menina.

Feliz páscoa!

Anônimo disse...

que absurdo os pais quererem saber o sexo do próprio filho...

Thais B. disse...

A questão do brinquedo é a mais real que pode existir. O brinquedo, a brincadeira em sim, ensina a criança a se apropriar das relações sociais que humanidade produz. Então se eu realmente ensino que tem brinquedo de menina e de menino, estou ensinando que cada um deve assumir um lugar e papel diferentes dentro da sociedade. Isso cria um problema enorme, pois não abre margem para que desde cedo as crianças percebam que há diversos lugares e que podem e devem ser ocupados por diversas pessoas, independente do sexo. A mesma coisa com a questão da cor, que pode impedir que uma pessoa vista ou compre algo de x cor, porque ela já vem pré-determinada para um sexo. E eu acredito que sim, tem pessoas que se importariam e muito com a cor da embalagem, o que mostra o quanto ainda temos que construir outro tipo de pensamento.

Para exemplificar o quanto essa questão de impedir que um menino brinque de bonecas é algo muito surreal, vi um vídeo na faculdade em que um menino pequenino brincava cm uma boneca e a professora indaga sobre quem irá trocar a fralda e ele na maior naturalidade (e deveria ser assim sempre) respondeu: "eu, claro. Eu que sou o pai".



Anônimo disse...

relato da páscoa passada:

Meus pais deram - de surpresa - Kinder ovos de páscoa para meus filhos: um "de menino" para o meu menino e um "de menina" para a minha menina. Embalagens azul e rosa, respectivamente.

Como ambos eram bebês de poucos meses, fui eu quem abri e montei os brinquedos.

No ovo do menino, vieram mais ou menos 20 peças, além de adesivos, para encaixar e colar, até formar um brinquedinho interativo de pescaria. levei uns 15 minutos pra finalizar a montagem/colagem.

No ovo da menina, vieram duas peças que, quando encaixadas, formavam um mini porta-retrato em forma de coração. levei meio segundo pra montar.

Aboli os ovos de páscoa (ao menos os industrializados) nesta casa para sempre.

Não basta ser sexista, tem que incluir a ideia de que só o menino se interessa e tem capacidade pra montar brinquedos complexos, enquanto a menina só pode se interessar por... exposição da beleza?


Ainda bem que nem deram bola, imagina se fossem mais velhxs a frustração da minha guria em ganhar uma coisa bem menos interessante que o irmão? Qual seria o problema de vir um brinquedo mais complexo no ovo da menina também?

O problema é que o capitalismo, no Brasil, está a favor do machismo. O sistema não é uma entidade abstrata, alheia às nossas vontades: ele vive e se mantém através das atitudes de cada um de nós. Se nossas atitudes reproduzem o sistema então ele sobrevive porque emprestamos nossos corpos e força vital a ele.

Detestamos os preços abusivos dos ovos industrializados na páscoa, mas se continuamos comprando das grandes marcas - em detrimento dos artesãos vizinhos e amigos - porque é "cultural", porque as crianças "precisam", porque é um gesto de "amor", porque é mais "bacana" "chique" "hype", então alimentamos o sistema. E ele perpetua.

Se você vende ovos azuis para meninos e rosas para as meninas, está reproduzindo o sexismo. Embalagens multicoloridas são lindas e bastante democráticas. A atitude para mudar as coisas tem que partir de alguém, esse alguém tem que ser eu e você. Não os políticos, não os grandes empresários - somente. A ética tem que ser valorizada acida dos lucros, até mesmo por nós que não temos grandes empresas e grandes lucros.

Eu e você. Juntxs, por um mundo mais igualitário, justo e pacífico.


Um abraço e boa páscoa para todxs.

nadiaschenker disse...

Olá!
Lola, "sua capitalista especuladora que vende livro pelo blog" (como disse um anônimo em um post lá atrás) rsrsrs! Recebi o seu livro e estou rindo demais!! Alguns filmes que eu nunca nem pensei em passar perto (tipo Amelie Poulain, é assim?) já estão numa possível lista de filmes que vou assistir! Vc escreve demais Lola! Muito mesmo! Pelo tanto que estou rindo com o livro, eu diria até que se vc não for cearense de nascimento então deveria 'naturalizada' por força do talento criativo para animar as pessoas. A dedicatória é sem comentários. Parece que vc me conhece de criança. Valeu mesmo. Ah, eu vou mandar um email com uma foto especial do livro da Lola viajando pelas atrações ufológicas daqui da cidade!!! Beijos e parabéns pelo post pascal. Tema muito legal!

Raven Deschain disse...

Pois olha que eu quis bem o kinder ovo masculino (haha) do batman. É o batmá, gente! *-*

Devo ser lésbica com o andar do rambo. Huashuahsu adorei.

Então, esse post me lembrou meu pirralho. Cresceu sozinho comigo e quando tinha 3 anos teimou que queria cozinhar. Dei pra ele um daqueles conjuntos (rosas, óbvio) que compra em loja de 1,99. Jisuis nunca ouvi tqnta encheção de saco na minha vida. O.O

Gente que nunca tinha olhado na minha cara pra me ajudar com uma fralda falando que eu não devia incentivar esses comportamentos desviantes no moleque. Huashuahsu

Julia disse...

Mas que bela porcaria de brinquedo no kinder da menina. Nem sabia que porta retrato era brinquedo. Será que é pra colocar na casa da boneca? Muito divertido mesmo, só que não.
Seria interessante uma lista de que tipo de brinquedos eles colocam nesses kinder ovos divididos por gênero..

Apoliane disse...

Acredito que hoje a questão de cor esta bem menos importante pois é normal ver meninos de camisa rosa e meninas de blusas azuis, ja a questão dos brinquedos realmente é uma maneira fácil de se conseguir dinheiro rápido, afinal as crianças só querem o ovo pelo brinquedo ridículo que vem de "brinde" .

Juju disse...

Muito bom

Anônimo disse...

Pela lógica machista, homens não poderiam comer o ovo de páscoa "sonho de Valsa", huahauhauhauhauhauha.

Iam perder um dos mais gostosos!

Anônimo disse...

Anônimo das 21:09 perguntou qual o problema de vir um brinquedo mais complexo, no ovo, para meninas também. Tento responder: porque brinquedos complexos ativam o cérebro e consequentemente o raciocínio e uma mulher que raciocina (necessariamente para além do sistema vigente) é o grande medo, o medo dos medos, do patriarcado.

Lia disse...

Eu concordo com a lola acho jogar o dinheiro no lixo comprando ovos sendo que uma barra de chocolate sai bem mais em conta.
Eu, desculpe, mas achei o PROBLEMAO do post bobo.... Porque vc nao usa uma cor neutra, porque tem que necessariamente ser rosinha? Eu mesmo sendo mulher nunca gostei de coisas rosas,me nao daria pro meu enteado um ovo rosa podendo escolher entre outras cores. Vc nao gosta de verde mas tem tons de verdes, um bem escuro é lindo, ou mesmo o azul é muito mais neutro que rosinha.
Sendo chocolate vc pode ate embalar com cores douradas ou cor bronze, é chique, combina e é neutro.
O fato de vc querer embalar em rosinha é so pra chocar mesmo, nao é pra nenhuma discussão de gênero. Sendo feminista como diz que é, sabe que temos problemas muito mais importantes que obrigar a macharada a usar rosinha,
E depois eu na minha idade, mesmo sem ser católica, começo a ver a comercialização que se faz numa data que deveria estar direcionada a reflexão, assim como o natal.
Essa é uma epoca de renascimento, de vc olhar pra vc mesmo, a sua vida, e ver onde quer mudar. Nao sei ovos de páscoa me parecem ate uma ofensa, de tão superficiais que deixam essa data
Beijos

Lia disse...

Thaís b, o teu relato me lembra quando eu quando tinha 6 anos de idade meu pai trouxe de uma de suas viagens a Londres para o meu irmão um onibuzinho daqueles de turista de dois andares pra turista e pra mim uma bolsinha. Fiquei com um bico enorme e quis o carrinho, meu irmão, que era bem mais velho, deu pra mim e a bolsinha ficou jogada no canto.
Anos mais tarde, já adolescente, meu pai trouxera da suíça um canivete super bacana pro meu irmão com o seu nome gravado e pra mim acho que foi uma pulseirinha, eu nem me lembro porque de novo fiquei hiper chateada. E meu pai acabou se vendo na pbrigacao de tb me dar um ganivete suíço so que esse nao tinha meu nome gravado porque foi de ultima hora.
Agora meu pai tem 70 anos, entao ate dou um desconto pra ele, so que a nova geração, a MINHA geração de 30 anos fazer esse tipo de diferença? Aí já é demais, fiquei chocada com os ovos kinder, já trabalhei pra ferrero rocher e me espantou que fizessem isso, jamais imaginaria, espero que voltem a fazer o ovo dourado neutro,

Lia disse...

Opa desculpe nao era pra tais b era pro anônimo 21:09 do relato dos ovos de páscoa kinder

Julia disse...

Lia, "azul é muito mais neutro que rosinha" porque é considerada cor masculina. E o masculino é considerado o neutro, o padrão. Por isso não tem taaanto problema pra menina usar azul, mas tem pro menino usar rosa, que é (considerado) cor de menina, o que seria depreciativo para o menino.

Unknown disse...

Julia, a cada comentário seu que leio aqui no blog, sinto uma vontade imensa de ser sua amiga! Hahaha.
xD

Anônimo disse...

Por que os homens são tão insensíveis? Eu moro com meu namorado, divido o apartamento com mais um casal e um rapaz. São universitários, de esquerda. Mas são estúpidos, machistas. Quando meu namorado conversa com ele questiono seriamente se deveria estar nesse relacionamento. Esse relacionamento que começou com uma crise de ciúmes absurda porque ele não aceitava que eu, mulher, com mais de dezoito anos, transei com outros caras que não são ele, que beijei com outros caras que não são eles, que fiquei com outros caras enquanto fiquei com ele, e ele não queria nada sério. Mas como eu gostava dele, aceitei o namoro. E foi horríveis, perguntas indiscretas sobre como fulano me chupou. E até hoje ele me culpa por dizer coisas que ele não queria ouvir, mas coisas que ele perguntava. ele não é um machistão escroto, mas diz clichês machistas, se acha um conhecedor acadêmico dos problemas do mundo, mas não sabia absolutamente nada sobre feminismo. Como lidar com homens de movimentos políticos de esquerda que julgam mulheres pelo esteriótipo mas cruel de beleza, e digamos que não julgam nem a si mesmo e sua profunda decadência física e metal. Como lidar com esse machismo? Sou a única mulher feminista da casa e minha opinião é totalmente ignorada. Eu fui morar com meu namorado, mesmo não tendo condições financeiras, pra manter esse relacionamento, diante de tanto ciúmes. Eu cortei relações com todos os meus amigos, já passei por cenas ridículas porque só citei um amigo meu, ele deixou meus braços roxos e gritou comigo no meu local de trabalho, quando eu estava doente inclusive. Por que os homens não aceitam que as mulheres transam e gozam com outros homens que não eles? Ele é muito bom pra mim em muitos aspectos, mas não consigo perdoá-lo, não consigo aceitar o machismo social dele com as pessoas que moram com a gente, não consigo suportar os padrões machistas de beleza que ele impõe. Um dia ele me humilhou no cinema porque eu comprei pipoca, pois eu estava gorda. Eu só pesava 63kg, nunca tive traumas quanto ao meu peso, sempre me senti saudável, sempre senti que meu corpo era bonito, até que ele começou com essas neuras ridículas de beleza e hoje eu não como nada, NADA, nem alface, sem culpa. Emagreci cinco quilos por pura culpa alimentar e já vomitei algumas vezes porque comi chocolate. Porque pra ele, qualquer mulher que não tenha o corpo de uma modelo da vogue é GORDA. Nada contra ser gorda. Me sinto mal porque meus quadris são largos, meus peitos são grandes. Eu tenho cintura. Tenho um corpo padrão de gostosa. E ele me chama de gorda, diz que estou a beira da obesidade mórbida e da diabetes.

Lendo seu blog hoje post me senti muito abalada emocionalmente. Principalmente o texto da moça que foi estuprada pelo marido enquanto dormia. Agora vivo como se tudo estivesse bem. Mas me sinto completamente oprimida pelo meu namorado. Não sei se é um caso de terminar um relacionamento, que é tão importante em outros aspectos. Mas eu não consigo perdoá-lo. Não consigo lidar com o machismo dele, com as cobranças ridículas dele, com o peso e o trauma que ele me casou por causa dos (poucos, mas isso não importa) garotos que beijei antes dele, com a culpa que ele me fez sentir porque não sou uma princesa virgem da disney que o esperou intacta em uma torre na idade média. Como perdoá-lo para viver bem de novo?

Anônimo disse...

Nao perdoe anonima das 14:04. Saia desse relacionamento o quanto antes. Eu tive um assim e so me arrependi por ter demorado!

Anônimo disse...

Pra a moça do namorado escroto: minha flor, você já sabe o que fazer e já mencionou o motivo várias vezes. Termina de uma vez com esse babaca porque por mais que o relacionamento seja bom em alguns aspectos, não da pra engolir tantas escrotices diametralmente opostas às suas crenças. Mais ainda, não da pra engolir mesmo uma pessoa que quer deixar tua auto estima em frangalhos. Ele é um imbecil pra dizer o mínimo, não tem mar de rosas em alguns momentos que cubram o machismo desse cara. Termina isso porque não é todo cara que se incomoda com o passado da mulher e você merece alguém que vai ficar feliz de te ter ao lado ao invés de ficar louco com o que tu já fez antes. Meu namorado, que nem feminista é, nos nossos primeiros meses frisou, sorrindo, que não tava nem aí pra o que eu fiz antes, porque o que importava era que agora eu estou com ele. Você diz que seu namorado não é um machistao escroto mas ele não só tem um comportamento inaceitável de machista como já até te machucou. Cuidado! Continue não perdoando esses abusos e termina isso de uma vez.

Erres Errantes disse...

Faz ovos com embalagens lilás. É uma cor neutra. E, além disso, ainda vem com uma mensagem subliminar, por ser a cor do feminismo rsrsrsr

Lia disse...

Eu faria embalagens da cor do arco íris.... Isso sim seria chocar a macharada

Talita disse...

Lola, adorei o tema do post e o post inteiro!!! (e da grande maioria dos comentários ^^)
"O mundo que a gente quer é um, o mundo em que a gente vive é bem outro.", e pra ter esse mundo ideal a gente precisa estar atenta, saber que num tema "bobo" como esse encontramos reflexos da nossa sociedade. Temos que pensar em tudo o que fazemos/ dizemos, pra não sair cuspindo esteriótipos e baboseiras pra cima dos outros.

Queria aproveitar a data pra dizer que sou católica e que graças ao seu blog estou sendo cada vez mais crítica à minha religião, mais especificamente ao uso que algumas pessoas fazem dela, desde o Papa até as pessoas que frequentam a minha paróquia e falam/fazem uma imensidão de abobrinhas que fariam Jesus Cristo -= aquele lá que dizia que não devemos julgar e nem condenar, para quem no fundo, no fundo essas pessoas estão se lixando - teria vergonha.

Beijão Lola e obrigada por existir ;)

Julia disse...

Wasp Salander, nós pensamos parecido?
Sei nem o que dizer..
Já quero ser sua amiga também.
Bju :)

Julia disse...

Anon 14:04, pelo que você conta ele é sim um machistão escroto. O que ele precisaria fazer pra você considerá-lo um machistão escroto? Te agredir no seu trabalho?
Isso ele já fez. Não te conheço mas sei que você não merece passar por tudo isso. Mulher nenhuma merece.

Para vocês viverem bem de novo não basta você perdoá-lo. Ele teria que mudar. E eu não tenho confiança que pessoas possam mudar quando elas não querem.
Você será mais feliz longe dele.

Anônimo disse...

Essa questão do brinquedo me lembrou um fato "curioso" que aconteceu num natal aqui na cidade, estávamos em um bairro carente e Distribuímos brinquedos, lembro que houve sim a separação de brinquedos por sexo, mas isso era a partir de uma certa idade, acho que até 3 anos era o msm brinquedo para meninos e meninas.
Enfim, o brinquedo se tratava daquela casinha que tem peças com formas geométricas para as crianças encaixarem, no final uma mãe veio reclamaçar conosco pq o filho dela tava arrasado pq tinha ganhado um brinquedo de menina, a responsável por td deu um fora falando que era brinquedo unissex e que vários outros meninos tinham ganhado e gostado.
3 anos tinha a criança e já estavam querendo segregar a cabeça dele, coitado

B. disse...

"E mais: em dez anos, o número de brasileiras que se assumem feministas subiu de 21% para 31%. E só uma em cada cinco brasileiras tem uma noção negativa do feminismo. Ótimos resultados."

Fico bem feliz com este resultado, e bem animada ao saber que cada vez mais mulheres se assumem como feministas e tal, mas...tirando minhas amigas universitárias, não conheço nenhuma feminista e SÓ mulheres com ideias beeeeeeeeem erroneas sobre o movimento. Hoje em família, nós comemoramos a Páscoa e é incrível, pois da boca das minhas parentes (todas mulheres) só saiu machismo,machismo, machismo. Sinceramente, por curiosidade, onde estão essas 31% de mulheres?Me sinto bem sozinha no meu feminismo...

J.M. disse...

"que absurdo os pais quererem saber o sexo do próprio filho... "
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Não, mascuzóide, não é absurdo os pais quererem saber o sexo do filho. Absurdo é querer segregar os brinquedos e brincadeiras da criança por causa disso, empurrando machismo na cabeça dela desde cedo. Entendeu ou precisa desenhar?

Danissima disse...

Lola,

eu tenho filhos pequenos. A minha menina é louca por rosa e veio com esta ideia de que menino nao pode rosa, menino nao pode furar a orelha, menino nao pode usar saia. Veio dela. Das observaçoes que fez do meio em que vivemos. Minha tarefa como mae é alerta-la para a verdade: meninX pode usar o que quiser.

ela tem um amiguinho. Pais que fazem o estilo moderninho, mas o menino NAO pode nada rosa. A mae tem um ataque quando ele chega perto de rosa. A mae è bailarina e o menino de 3 anos quis por uma saia de ballet. A mae ficou magoada.

estamos muito longe de qualquer visao igualitaria... infelizmente.

donadio disse...

"o capitalismo, no Brasil, está a favor do machismo"

No Brasil, no Afeganistão, na
África do Sul, na Albânia, na Alemanha, em Andorra, em Angola, na Arábia Saudita, na Argélia...

... na Eslovénia, na Espanha, nos Estados Unidos, na Estônia, na Etiópia

... na Suécia, na Suíça, no Suriname, na Tailândia...

... na Venezuela, no Vietnã, na Zâmbia e no Zimbabue.

Anônimo disse...

Pessoa perguntando o que fazer com namorado machista. Pra machista só existe um tipo de tratamento: chifre-o, constantemente e incansavelmente. E deliciosamente!

Bastian Silva disse...

Desde piquitucho eu fico put@ com o sexismo presente em quase todo produto que eu vejo por aí. Saco, que diferença a cor do meu brinquedo vai fazer? Pra mim não faz nenhuma, mas já pras outras pessoas é uma afronta! O inferno realmente são os outros.
E também fiquei putíssimo quando o Kinder Ovo se rendeu ao machismo, amava os brinquedos desde sempre!! #chateado, viu?
Mas fazer o que, o jeito é continuar dando murro em ponta de faca como minha mãe diz. E não vou parar de socar esses machismos até ganhar