quinta-feira, 24 de outubro de 2013

GUEST POST: EM SUA LUTA CONTRA O RESTO DO MUNDO, DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Mais ou menos em resposta ao guest post da J, publicado semana passada, vou publicar este texto. Digo mais ou menos porque o tema é amplo demais e não se restringe a um ou outro texto. 
Este é o guest post da bióloga Ligia Moreiras Sena, autora do blog Cientista que Virou Mãe, que já contribuiu com vários posts para este espaço. Mais que um post-resposta, este é um verdadeiro manifesto. 
E, antes da passar a palavra a Ligia, aproveito para deixar a convocação do FemMaterna para a blogagem coletiva sobre conciliar (ou não) maternidade e carreira profissional.
Agora solta o vebo, Ligia!

Venho de uma família de mulheres altamente inteligentes. E que não frequentaram universidades. Minha avó tinha apenas a alfabetização e lia com muita dificuldade. Veio de Portugal para o Brasil e aqui continuou o que fazia lá, trabalhando na roça. Depois, com os filhos crescendo, foi florista, vendendo flores de porta em porta. Minha mãe, tendo sido mãe muito jovem, abriu mão de uma formação acadêmica ao fazer a escolha de criar suas três filhas. Três filhas feministas, criadas por uma dona de casa com alto senso crítico sobre a vida. Ainda assim, minha avó e minha mãe foram chefes de família (minha avó se foi, minha mãe continua a ser). Embora abrindo mão da formação acadêmica e não tendo tido mais oportunidade (e, depois, interesse) em formar-se, minha mãe sempre trabalhou dentro de casa, realizando inúmeras tarefas comerciais, cuidando da casa e das filhas, de forma que crescemos a vendo trabalhar. 
Sou a primeira mulher na minha família (e até o momento a única) que chegou até o doutorado. Passei 15 anos me dedicando a uma área, onde fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado. Ganhei prêmios, menções honrosas, publiquei alguns poucos artigos, me recusei a publicar vários, dei aula em universidade federal e em muitas particulares. Não satisfeita com a carreira que estava construindo e inspirada pelo que a maternidade produziu em mim, abri mão do caminho até então construído e estou recomeçando, construindo uma nova, em uma área diferente, fazendo um novo doutorado. 
Não tenho uma conta bancária privilegiada, muito pelo contrário, estou sempre fazendo malabarismo. Sou bolsista do governo e tenho uma pequena livraria virtual em meu blog -– atividade que não constitui vínculo empregatício, do contrário não poderia nem ser bolsista. Esse mês, particularmente, me dei muito mal, porque minha bolsa simplesmente não foi paga e o malabarismo precisou ser ainda maior.
“J”, que escreveu o guest post “Feminismo e Maternidade”, tem uma origem e uma situação socioeconômica um pouco diferentes. Sua avó e mãe tiveram acesso ao ensino superior, em uma época em que, para as mulheres, isso era um desafio ainda maior do que é hoje, uma exceção. Avó médica, mestre e doutora. Mãe também médica.
Hoje, “J” é uma profissional qualificada, bem formada, aprovada em concursos e com uma profissão da qual se orgulha e na qual tem orgulho de atuar.
Ainda assim, com origens tão distintas, vejo em nós mais semelhanças que diferenças: ambas tivemos avós e mães que sofreram com a opressão da sociedade machista na qual viveram. Se hoje vivemos em meio a um machismo por vezes dissimulado, naquele tempo não havia pudores com isso, o machismo era a prática corrente e as mulheres eram apenas uma subclasse oprimida e marginalizada. Imagino que minha avó como florista deva ter sofrido restrições, limitações, discriminação e preconceitos parecidos com os que a avó de “J”, como médica, sofreu. “J” e eu também nos assemelhamos em outros pontos: filhas de mulheres que recusaram o papel de mulher passiva e dominada, tornamo-nos mulheres que também recusam o papel de mulher passiva e dominada. 
Ambas fomos atrás de formação. Ambas tivemos condições socioeconômicas para isso. Ambas conseguimos. Somos mães, ambas. Vivemos cesáreas, ambas. Ela por escolha. Eu não.
É sobre isso que quero falar. Sobre semelhanças, não sobre diferenças.
Talvez a maior semelhança entre “J” e eu seja o fato de que nós não representamos a maioria esmagadora das mulheres brasileiras. A maioria das brasileiras não é formada. Não teve condição de chegar ao ensino superior, quanto mais cursar um mestrado ou doutorado. Não foi aprovada em concursos públicos. Não tem como custear a educação privada dos filhos, nem de arcar com os custos de uma ajudante doméstica (“J” tem, eu não tenho). 
A maioria das mulheres adultas de hoje teve avós e mães que sofreram violência doméstica, ou que sofreram preconceito e discriminação na sociedade brasileira reacionária das décadas de 40 a 80. A maioria das mulheres precisa, compulsoriamente, deixar os filhos nas creches ainda muito novos, para que elas possam gerar renda e pagar suas contas. Não porque queiram. E não que não queiram. Simplesmente, para essa maioria, não há opção. 
A maioria das mulheres de hoje não amamenta pelo tempo que as organizações de saúde recomendam como ideal, que é de seis meses. Não porque queiram desmamar. Mas porque não conseguem conciliar jornadas duplas ou triplas de trabalho com amamentação em livre demanda, porque a licença maternidade -– da qual usufruem apenas as que têm empregos formais, o que também não é a maioria -– é de 3 a 4 meses, uma incongruência de 2 a 3 meses aí... Para essa maioria, simplesmente não há alternativa. 
A maioria das mulheres brasileiras está passando por cesariana. Não porque escolheram. Mas porque foram submetidas a ela. Submetidas por um modelo de assistência violento, opressor, machista, masculino, mentiroso, que não a vê como mulher, mas como receptáculo. Onde parto bom é aquele que deu origem a um bebê bom. Ainda que a mulher seja vista como um subproduto e tenha sido violentada.
Quero falar um pouco mais detidamente sobre essa questão do parto. Hoje, mais de 50% das brasileiras que se tornam mães passam por cesarianas. No sistema privado de saúde, ultrapassa os 80%. No SUS, já ultrapassou os 40%. Então é a maioria sendo operada para ter um filho. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, essa maioria não escolheu ser operada para ter o filho. Pesquisas sobre preferência de via de parto pelas mulheres no Brasil mostram que a maioria prefere o parto normal. 
Uma revisão sistemática envolvendo 38 estudos indicou uma taxa de preferência pela cesariana de apenas 15,6%. Se temos uma média nacional de mais de 50%, fica claro que a maioria dessas mulheres está passando pela cirurgia sem desejá-la de fato, está sendo operada contra sua real vontade. E agora faço uma pergunta a esse grupo de leitorxs, bastante familiarizado com a questão da violência contra a mulher e com o desrespeito aos direitos que temos sobre nosso próprio corpo: que nome se dá à situação em que somos obrigadas, coagidas ou induzidas a fazer algo que não queremos que seja feito com nosso próprio corpo?
Faço parte de um grupo de pesquisa (GEMAS – Gênero, Maternidade e Saúde) liderado pela Simone Diniz, pesquisadora, feminista, muito atuante em sua área. Desse grupo também faz parte a Heloísa Salgado. E foi isso que Heloísa estudou em seu mestrado: o processo pelo qual o desejo de viver um parto normal é transformado em uma cesariana. Ela quis saber o que estava por trás desse desfecho. E descobriu que a resposta para isso é também a resposta para a pergunta que fiz acima: violência. 
Um tipo específico de violência contra a mulher que chamamos de violência obstétrica. Quando, com argumentos sutis ou agressivos, ou ainda com intimidação, coação e uso do “saber-poder”, um profissional de saúde violenta, verbal, emocional e/ou fisicamente, uma mulher durante o processo de nascimento de seu filho. Nesse contexto, o nascimento ou se transforma em um parto vaginal violento ou em uma cesárea. Algumas, inclusive, escolhem a cesárea justamente para fugir da assistência violenta ao parto normal -- um paradoxo.
Algumas de nós lutam pelo fim da violência doméstica contra a mulher. Outras lutam pelo fim da violência institucional. Outras, ainda, contra a violência à infância das meninas. Faço parte de um grupo de mulheres que lutam contra a violência obstétrica. E, como todas as outras lutas contra a violência, é uma luta legítima. Não é um discurso panfletário, no sentido negativo do termo, como “J” disse ser. “J”, eu não sei se você quis mesmo dizer isso. Acredito que não, já que logo no início do seu texto você afirma que não pretende legitimar suas escolhas desqualificando as demais. Mas saiba: não é. 
Nós já lutamos contra algo difícil e sofrido demais... Não nos desacredite julgando ser panfletário nosso discurso, por favor, por respeito. Por trás de nossas falas e ações há claramente uma ideologia. A mesma ideologia que une a maioria das que chegam até esta página: uma ideologia baseada no respeito à autonomia da mulher sobre seu próprio corpo e sua própria vida. Se você, como mulher esclarecida de suas possibilidades, pôde escolher o tipo de nascimento que seus filhos teriam com base em informação confiável, verdadeira e não falaciosa, não tome a realidade das demais mulheres pela sua. Elas não estão escolhendo. Nós não estamos escolhendo.
E já que estou comentando o que foi dito por “J”, quero comentar também o uso de duas expressões, que foram feitas de maneira irônica, depreciativa e errônea. 
“J” mencionou, de maneira depreciativa, o fato de que cesariana está sendo chamada de “extração cirúrgica do bebê” e não mais de “parto”. Isso é verdade. De fato, a cesariana é uma cirurgia de extração do bebê. É composta por uma incisão sobre a pele, pela abertura de sete camadas de tecidos, pela extração do bebê, pela remoção da placenta e pela “limpeza” da área interna do útero. 
Então não é mentira quando se diz que cesariana é extração cirúrgica do bebê. Ela só foi chamada de parto depois, quando tornou-se praxe, rotina, e não procedimento de emergência, como era. Mas dizer isso não traz, embutido, nenhum juízo de valor. E não traz mesmo. Não diz nada sobre a capacidade de amar de quem submeteu-se ou foi submetida a ela, nem de quem nasceu por uma. Jamais dirá. Se “J” e outras mulheres sentiram-se ofendidas pela expressão, de duas uma: 
- ou tiveram contato com a expressão por meio de pessoas que davam a ela um juízo de valor; ou
- sentiram-se desconfortáveis com o conhecimento de que, de fato, a cirurgia realmente representa um procedimento técnico e mecânico, embora não tivessem pensado sobre isso ainda...
No caso da primeira possibilidade (terem tido contato com a expressão por meio de pessoas que dão à cesariana um juízo de valor), o que tenho a dizer é que eu e grande parte do movimento de mulheres em luta contra a violência obstétrica não compactuamos com essa postura. Não atribuímos, jamais, qualquer juízo de valor à cesariana ou a quem escolheu, informada e esclarecidamente, uma. Mas reconhecemos que sim, existem mulheres que ainda atribuem valor intrínseco à cesariana, como se ela fosse alguma espécie de mal a ser combatido. 
Esse, porém, não representa o ponto de vista de quem está na luta por políticas públicas para mulheres. Não julgo mulheres por suas escolhas. Julgo, isso sim, pessoas que desrespeitam as escolhas esclarecidas de mulheres. De forma que esse texto não é apenas destinado a “J” e às leitorxs do blog da Lola, mas a todas as mulheres que estão no movimento em prol da humanização do parto e que ainda insistem em atribuir juízos de valor onde não cabem juízos de valor, ou a ridicularizar, menosprezar ou diminuir as escolhas informadas e esclarecidas das mulheres, fazendo exatamente aquilo que criticam e contra o qual lutam. 
Mas no caso da segunda possibilidade (“J” e outras mulheres terem se sentido desconfortáveis por terem sido confrontadas com o conhecimento de que a cirurgia realmente representa um procedimento técnico e mecânico), saibam: foi também assim que muitas de nós colocamos nosso pé na luta, pelo desconforto e pelo choque de uma descoberta. 
Um outro ponto do texto de “J” que eu gostaria de comentar é sobre o significado da expressão “maternar”. “J” afirma que “maternar” seria um novo verbo criado para explicar o fenômeno de renúncia da própria vida e do resgate da função cuidadora da família, sob pena de, não o fazendo, causar dano irreparável à criança. Acredito que ela tenha escrito no calor da emoção de algum texto lido e não tenha dedicado tempo a procurar o real significado da palavra. Porque essa afirmação está absolutamente errada. 
A expressão “maternar” não é nada disso. Sequer é algo novo. “Maternar” na verdade é uma expressão bastante antiga e significa relacionar-se com o bebê e a criança, cuidar do bebê ou da criança. A despeito do radical do verbo (que faz referência ao fato de que, em diferentes sociedades, o cuidado com as crianças tem sido tarefa prioritariamente feminina), não compreende apenas mulheres em seu significado. De forma que um homem também pode maternar. 
E não se refere apenas a mães, mas também a cuidadorxs, educadorxs e todos aquelxs que estabelecem com as crianças uma relação de cuidado. O mesmo para a expressão “maternagem”, que representa o ato de maternar, no sentido de “o ato de prestar cuidados e atenção ao bebê, à criança”. Não é um adjetivo. É um substantivo. E, como tal, pode acontecer de diferentes maneiras. Se alguém lhe disse que só pode acontecer mediante algumas regras obrigatórias, te enganou. 
Por fim, quero dizer o que penso sobre essa coisa de achar que mulher que escolhe abrir mão de trabalhar fora para criar filhos seja a antítese do feminismo. Acho isso um desserviço. Uma perda inútil de tempo, de energia e de sororidade. Tanto quanto o julgamento que se faz da mulher que escolhe trabalhar fora e não fazer de seus filhos sua vida. Não ligo nem um pouco para teorias, correntes e outros intelectualismos pró forma. 
Para mim, uma coisa só resume: no momento em que uma mulher julga outra por sua escolha livre e esclarecida, qualquer que seja ela, acabou o feminismo. Enquanto mulheres estão se atacando, ao seu redor a força opressiva e violenta do sistema continua a atuar, a fazer vítimas, a nos diminuir. Enquanto estamos nos depreciando, seja por nossas escolhas, seja pela desqualificação dos nossos discursos, seja pelo menosprezo das opções que fazemos livre e esclarecidamente, outras mulheres continuam sendo vítimas do sistema. Nós continuamos sendo oprimidas.
Meu feminismo não vem de uma corrente filosófica nem da academia. Vem daquela casa que um dia foi a minha e que hoje é a casa da minha mãe. Uma mãe que abriu mão de ser uma profissional de formação acadêmica para criar filhas e ser “dona de casa”, enquanto meu pai, em seus ternos bacanas, passava 12 horas em uma multinacional. Pelo pensamento de que mulheres que escolhem criar filhos ao invés de se dedicar a uma carreira são a antítese do feminismo, submissas, inferiorizadas e para sempre dependentes, seria de se esperar que essa mulher, há bastante tempo separada, estivesse no fundo do poço. Não está. Está construindo um patrimônio fruto de sua coragem e ideologia.
A vida não é monotemática, fatalista e unidirecional. A mulher que abre mão da carreira para cuidar do filho não representa o feminismo. A mulher que se dedica a construir uma carreira -– como eu, como J., como tantas outras -– também não. Trabalhar fora não é sinônimo de feminismo. Conheço uma boa porção de mulheres bem sucedidas, de terninho engomado e pastas executivas que nutrem profundos sentimentos machistas, que são dominadas por uma cultura machista e aceitam de bom grado, quase como agradecimento, o salário defasado e inferior que recebem.
Feminismo não é uma profissão que você segue, uma carreira que você constrói, o número de babás que você consegue pagar para cuidar dos seus filhos de consciência tranquila, nem qualquer outro estereótipo construído ou imagem idealizada. Isso não é feminismo. Isso é sua antítese: um padrão ainda opressor e ainda baseado em gênero. Feminismo é exatamente o contrário: é libertar-se de padrões e respeitar incondicionalmente todas aquelas que também se libertaram para fazer uma escolha. Ainda que não seja a sua própria.
Por fim, como ativista da humanização do parto, como mulher em luta contra a violência obstétrica, quero dizer a “J” que se ela não se sente vítima de qualquer tipo de violência obstétrica, se não se sente iludida pelo sistema, se não se sentiu condicionada a fazer uma opção inconsciente, se não foi persuadida a sofrer uma intervenção cirúrgica desnecessária, se não sente que sua obstetra tenha sido desleal ou preguiçosa, então estamos do mesmo lado, porque é exatamente por isso que eu luto, que nós lutamos: para que todas as mulheres tenham condições de também se sentir assim, independente da via de nascimento. Que mais nenhuma mulher se sinta vítima, iludida, induzida a fazer uma escolha, persuadida por um profissional mentiroso e desleal.
Mas enquanto não conseguimos, cara “J”, não tenha a ilusão e a ingenuidade de achar que isso representa a realidade da maioria das mulheres. Não representa, e nós não podemos aceitar que tantas estejam sendo violentadas no nascimento dos filhos apenas porque eu ou você não fomos. Se você não sente culpa e não tem do que sentir, relaxe. Ninguém vai conseguir criar algo que não tem porque existir. A não ser que tenha.
Kafka uma vez aconselhou que, em nossa luta contra o resto do mundo, estivéssemos ao lado do resto do mundo. Eu, que não sou ninguém, sugiro outra coisa: que em nossa luta contra o resto do mundo, estejamos do lado de nossos pares. Que lutemos juntas contra quem verdadeiramente nos oprime, não contra quem está defendendo também a nós. Ou estamos juntas, fortalecidas, ainda que nossas escolhas sejam diferentes, ou seremos para sempre “mãezinhas”. A escolha é nossa. 

125 comentários:

Anônimo disse...

Nao sou mãe, nem quero ser mas ADOREI esse post.
Entendi o post da J , mas acho que esse ficou mais abrangente e esclarecedor principalmente ao falar da violência obstétrica e do número desnecessário de cesáreas no Brasil.
Parabéns!!!

Gab disse...

Obrigada, Lígia, por mais uma vez sintetizar lindamente as razões porque estas nossas lutas têm tudo a ver com feminismo, com os direitos das mulheres sobre seus corpos e suas vidas, e com nossas demandas por respostas mais efetivas e eficientes da sociedade e do Estado, obrigando que nos sobrecarreguemos em nossas jornadas como profissionais, mães, ativistas (tudo isso junto!)

Obrigada, Lola, por publicar o texto da Lígia (eu fui uma das que sugeriu contatá-la), e elevar o nível do debate, em relação ao texto anônimo da semana passada, que não tinha avançado realmente na reflexão sobre as lutas gerais do feminismo no quesito maternidade (e que são lutas de todas nós, seja qual o tipo de parto, se trabalham ou não etc.).

Como comentei naquela ocasião, uma coisa é falta de informação e/ou de apoio pra buscar a reflexão e a ação.
Outra coisa é bater no peito e dizer que se orgulha de tudo isso, e que não sente culpa por suas "escolhas" (que frequentemente não são escolhas).

Anônimo disse...

Adorei esse texto! Muito esclarecedor!

Anônimo disse...

Sabe Lola, eu entendo a J.
Mas assei o guest post dela muito preconceituoso.
Ainda não tenho filhos, mas pretendo ter. E tenho uma super probabilidade de ter gêmeos, então sempre penso sobre parto.
Quero muito um parto normal, além de saber que é bebe que define a hora do parto (portanto esta 100% maduro!, acho melhor para MIM. Minha recuperação será mais rápida, tenho verdadeiro HORROR a ficar de cama, a processos demorados e até hoje NUNCA precisei fazer cirurgia nenhuma.
Mas de modo algum condeno a "J" pela escolha dela.
Na realidade a escolha dela é a escolha da maioria.
Por isso achei o guest post dela preconceituoso.
Hoje em dia quem faz parto normal, é a mulher com menos recursos, no SUS, que é obrigada a aceitar o procedimento pois é mais barato para o governo.
Ter um parto normal hoje, é motivo de discriminação.
E a J sem um pingo de empatia não exita xingar de CHITAS as mulheres que realizam parto normal.
Por que CHITAS?
Soou racista não é mesmo?
Só a mulher pobre e negra pari de parto normal?

Me senti feliz pelo post de hoje.
Achei coerente e abrangente, não precisou hostilizar nenhuma de nós para ter sua luta reconhecida.
Me senti amparada.

nina disse...

que post maravilhoso.

Dandara Lequi disse...

Amei o guest post! Sou de uma família de muitas mulheres e grande parte delas, classe média baixa, passou por violência obstétrica. Eu não consigo nem comentar sobre isso sem me sentir totalmente indignada com essa situação!
É contraditório, porque ao mesmo tempo que a sociedade prega a sua responsabilidade em assumir o "dom natural" de ser mãe, desumaniza o processo pelo qual a mulher deve passar para assumir sua maternidade.
Hoje, aos 19 anos, não penso em ser mãe no futuro. Mesmo assim há aqueles que comentam "Ah, mas isso é porque você é nova, quando ficar mais velha, mudará de ideia". Realmente posso mudar de ideia, é claro que sou nova para concretizar este tipo de decisão, mas não queria que as pessoas lidassem com isso como se fosse uma verdade absoluta, que eu com certeza mudarei de ideia quando for mais velha, porque só assim assumirei meu papel como mulher.

Parabéns à Lígia pelo ótimo post!

Guerreiro Antonio disse...

Fantástico! Tem um monte de outras coisas que eu poderia dizer agora, mas fiquei emocionada demais em ver TUDO o que eu queria dizer escrito de forma tão clara e desapaixonada (e isso é elogio quando se trata de falar de humanização do parto).
Parabéns pela excelente reflexão!

Josiane Pinheiro disse...

Lindo texto! Me emocionei ao lê-lo! Estou com minha alma lavada!

Ligia, você me representa! Orgulho!

E obrigada, Lola, por ter publicado este guest post! Acho que as coisas estão muito mais claras!

Unknown disse...

encantador o texto, muito bem colocado!

apenas na minha interpretação, não concordo com a afirmação "Se você não sente culpa e não tem do que sentir, relaxe. Ninguém vai conseguir criar algo que não tem porque existir.", apesar de desejar muito que isso fosse verdade, acredito que vivemos em uma sociedade que todos os dias nos faz sim sentir culpa por coisas que não deveríamos sentir. não se trata de fraqueza de quem coloca suas escolhas em xeque pelas pressões externas, trata-se de um sistema muito forte que tenta a toda prova nos tornar culpadas e assim enfraquecer nossas certezas e lutas.

Anônimo disse...

Uma das anônimas disse que é o bebê que decide a hora do parto. Olha, nem sempre. Se fôssemos voltar 100 anos no tempo, onde não existia essa quantidade de hormônio nos alimentos, essas substâncias químicas alterando todo nosso organismo, aí eu concordaria contigo.
Mas hoje nossa alimentação é tão "zuada", tanta coisa artificial, que automaticamente afeta a gravidez também.
Minha avó teve 5 partos normais. Um deles foi muito sofrido, meu tio era meio "cabeçudo" e ela quase morreu. Minha mãe e minhas tias não tiveram dilatação suficiente para um parto normal. Todos nós, primos, nascemos de cesárea.
Quando alguém me conta que fez parto normal e não sentiu nenhuma dor, eu fico meio "maravilhada", como se fosse algo sobrenatural.
Diante deste MEU histórico familiar, eu não quero arriscar um parto normal. Mas esta é a minha vida. Meu corpo. Minha situação.
Esta sim seria uma ESCOLHA. Porque é o que EU quero.
Mas sei que a realidade lá fora não é assim. Sei de muitas mulheres que falam "ai, vou tentar normal". Na hora H ela "desiste" e faz cesárea mesmo. Desiste pq é pressionada a desistir.
Pq o médico não está com "saco" pra ficar esperando a mulher ter o neném. Pq fazer uma cesárea é mais prático e mais rápido e ainda dá tempo do médico ir pro clube jogar o futebol depois.
Pq infelizmente a saúde no Brasil é assim. =/

Anônimo disse...

Eu tenho muito medo de parto normal. Das consequências que já ouvi, de mulheres que tiveram suas vaginas destruídas, perderam o clitóris, rasgaram aquela parte que separa a vagina do ânus, nunca mais sentiram prazer. Ou que ficaram com incontinência urinária, com problemas para defecar, com a bexiga caída, com o útero caído, ai. Sem contar a dor, a dor me amedronta. Eu acho que dizer que nenhuma dessas coisas pode/vai acontecer é uma mentira, não é? Leio relatos sobre partos humanizados, mulheres que tiveram seus filhos em casa, e acho lindo, sempre choro, mas: e se der algo errado? Porque pode dar! Antes dos hospitais a maior causa de morte feminina era... o parto! Complicações no parto! E aí?
Eu compreendo que o parir é melhor para a mãe e para o bebê, e eu acho lindo, acho que deve ser uma experiência única, digamos, se parir mãe enquanto pari o bebê. Mas todos esses medos me paralisam. Não sei se quero ser mãe, ainda não é uma escolha feita na minha cabeça, mas sempre me deixa triste pensar que eu NÃO optaria pelo parto normal.. por medo :(

Dany Menezes disse...

Perfeito!!!! Nem é preciso comentar mais nada o post está muito bem esclarecido.

Aline disse...

Bah, também AMEI o guest post. É isso! Disse tudo.

A Simone Diniz citada é a autora do livro "Parto normal ou cesárea?
O que toda mulher deve saber (e todo homem também)"? Se for, aproveito para recomendá-lo a todas as grávidas; comecei a ler há pouco e estou adorando.

Anônimo disse...

Anonimo 13:02

Esse tipo de consequência que você está citando são uma minoria bem pequena, lembrando que a cesariana também tem seus riscos, afinal é uma cirurgia de porte relevante. Vale ainda citar que muitas vaginas destruídas são consequência da episiotomia, que é um procedimento médio feito indiscriminadamente em partos vaginais, outra conduta que o ativismo do parto humanizado desafia.

André disse...

Concordo muito com a colocação da Helen Pinho.

Juba disse...

Anônima do histórico familiar, se você nasceu depois de 1970, saiba que a popularização do ultrassom e dps planos de saúde gerou uma verdadeira epidemia de cesáreas (existem artigos acadêmicos a respeito). Claro que tinham de colocar a culpa na mulher! Ela não dilata antes da hora (porque se considerava um bebê de 37 semanas maduro; hoje são pelo menos 40), porque ela não dilata a tempo do médico voltar para o consultório.

Sua avó poderia ter tido 4 normais e uma cesárea, o risco é bem menor que 5 cesáreas.

Para a anônima que tem medo do parto: um parto bem conduzido não deixa tais sequelas. E, se vc tem medo da dor, existem opções de analgesia. Eu senti muito mais dor depois da cesárea que durante o trabalho de parto. E tive sequelas da cesárea na segunda gestação.

Perder o clitóris em parto não existe, a não ser que o maníaco do bisturi tenha atacado. E, para proteger o períneo, existem técnicas e exercícios. Eu passei por uma episiotomia necessária (é raro) e bem feita, incomodou mas não restaram sequelas, pois o músculo não foi cortado.

Sobre incontinência, mesmo quem não teve filhos está sujeita a ter por falta de exercitar o assoalho pélvico. Os povos que ficam bastante de cócoras não costumam ter esse problema, mesmo tendo 10 bebês :)

Mariana de Lacerda disse...

Ligia muito lúcida como sempre. Por meu lado, escrevi um bocado sobre isso, citando algumas referências, e gostaria de convidar quem se interessa pelo tema, e quer ler/conversar mais um pouco sobre isso, a me visitar:

http://sermoesdesermae.wordpress.com

Roxy Carmichael disse...

excelente o guest post!
parabéns ligia
me parece que os textos são diferentes não só pela posição que adotam. mas enquanto o primeiro é um desabafo, trata mais de uma experiência pessoal, o segundo é como a lola comentou, um manifesto.

andré, tô contigo, concordo com a helen pinho

"Como comentei naquela ocasião, uma coisa é falta de informação e/ou de apoio pra buscar a reflexão e a ação.Outra coisa é bater no peito e dizer que se orgulha de tudo isso, e que não sente culpa por suas "escolhas" (que frequentemente não são escolhas).
gab 11:08
o debate tá alcançando um nivel tão bom, cê jura que quer regredir?

Anônimo disse...

LAVOU A MINHA ALMA! Aquele relato da "J" tinha que ir direto pro CMS. Porque se sentir atacada pela minoria que está tentando lutar pra ter direito a ESCOLHA como a própria "J" teve condições de fazer só pode ser isso mesmo. CMS.

Taty Valéria disse...

Adorei o texto. Na verdade o preconceito é MEU. Não consigo nem imaginar a idéia de parar de trabalhar pra ser só mãe. Tenho três filhos e sempre trabalhei. É difícil, cansativo. ...Mas essa possibilidade de parar tudo e me dedicar só a maternidade simplesmente não existe pra mim. Além do mais, não posso me dar ao luxo de não ter salário. Realmente, eu não consigo consigo nem pensar nessa hipótese

Unknown disse...

Lindo!!!
Tinha ficado um pouco incomodada com o post da "J", mas preferi não comentar, pois também fiquei incomodada com o nível da discussão dos comentários.
Mas agora percebo que no fim das contas valeu a pena aquele post só para ter o deleite de ler este agora. Simplesmente maravilhoso, esclarecedor e o mais importante, respeitoso.
Parabéns Lígia!!

Mariana disse...

Lola-linda, obrigada pelo espaço!
Os temas tratados são polêmicos e merecem um texto tão bom quanto esse da Ligia :)

Valéria Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Laura disse...

Ao contrário do que disse uma das pessoas que comentou, hoje para se ter parto normal a gente tem que absurdamente pagar, seja particular, seja por fora do plano... Eu sou uma, que tive que ir atrás de alguém que fizesse PN... Pois pelo plano não encontrei. :( E tem muita mulher que pelo SUS passa por uma desneCESAREA.

Ana disse...

Anônimo das 11:38, não se usou nas discussões a palavra CHITA e sim Xiita, que quer dizer radical. Anônimo das 13:46, o que quer dizer CMS

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Adorei! Parabéns, Lígia!
Excelente!

Eve_ke disse...

Fantástico! Amei, deixou claro na minha cabeça o que eu nebulosamente pensava.
De fato ficar julgando a escolha da mãe é machista. Mas, criticar a manipulação, a falta de informação e a opressão que "força" uma escolha é fundamental!

Thalita disse...

Ana, CMS quer dizer Classe Média Sofre. Tem um tumblr com esse nome que compila pérolas das redes sociais.

aiaiai disse...

concordo em gênero, número e grau, principalmente em gênero.

só faço ressalva para o fato de que quem precisa mesmo ler isso talvez não seja a J mas as mulheres que atacam pessoas como a J. Eu também fiz cesária por escolha própria, achei excelente e também não larguei minha profissão para criar meu filho. ao contrário, antes de ter ele, eu fiz mudanças e passei a trabalhar em casa. e, trabalhar mais do que antes, né. mas, dentro de casa. ter um filho não me impediu nem impede de viajar - a trabalho ou para me divertir - de namorar, de nada.

e, Ligia, a verdade é que já fui muito atacada por essas escolhas. Maes que acham que eu sou menos mãe porque meu filho nasceu em uma cirurgia e não em um parto normal; maes que me acham menos mãe porque já fiquei 30 dias viajando (várias vezes alias) sem o meu filho, só para me divertir, mães que acham que eu deveria ter lutado mais para manter o casamento com o pai do meu filho. Já teve de um tudo.

Enfim, não acho que é a J q precisa respeitar escolhas. pelo que entendi, ela respeita. o que enfurece a J, e a mim também, são essas mães que apontam os dedos para nós e dizem que somos menos mães.

Acho a luta contra a viol~encia no parto fundamental, acho importante que as mulheres possam escolher de forma clara e objetiva, a partir de informações e não de ameaças de médicos, mas, tem muita gente lutando do lado da Lígia que acha que a luta é contra nós, mães que escolheram orgulhosamente ter seus filhos por meio de uma extração cirúrgica do bebe.

Anônimo disse...

Olha,não critico mulheres que escolhem,por menos dor,ou pelo quer ue seja,uma cesariana...vou contar por mim...
Estava gravida da minha primeira filha,tive atendimento privado,estava em perfeitas condiçoes de saude,e teria plenas condiçoes de ter parto normal,e no inicio eu queria parto normal...
Só que la pelos 6 meses de gestação,meti na minha cabeça que queria cesarea,e nao adiantava nada q me dissessem,queria cesarea,nao por influencia de medico ou de parentes,pelo contrario,ambos afirmaram que a recuperação e o risco de infecção de PN era melhor,mas nao quis saber.quis cesarea.ponto.
no meu parto cesareo,minha filha nasceu roxinha,roxinha,quase morta com 38 semanas,tiveram que fazer massagem cardiaca,aspirala,reavivá-la.foi o momento mais angustiante da minha vida,mas um milagre fez ela voltar a vida...
resumindo:acredito que meu instinto materno me levou a fazer uma cesarea,pois se minha filha tivesse nascido de pn,nao sobreviveria,porque eu tinha pouco liquido,ela ja estava sem oxigenio,morrendo,nao teria suportado,ela esta viva graças a pressa dos medicos e a cesarea.pois ela nasceu dia 18 de maio.e a data para o parto era pra comeo de junho...com certeza teria morrido ainda na minha barriga ou nascido morta...entao,cesarea é uma cirurgia,sim.e mais demorada a recuparação,sim.um Pn traz beneficios a mae e bebe,sim.em alguns casos,ha casos e casos,tambem nao podemos colocar o pn num pedestal pq nao e assim,aqui na minha cidade uma menina de 18 anos morreu porque insistiu no parto normal,indução e tal,ela nao teve dilatação e morreu de hemorragia com o filho ''entalado''.infelizmente foi assim,o medico se assustou e teve um infarto...ou seja,uma cirurgia de ''extração do bebe'' teria resolvido,o medico estaria vivo e a mae estaria viva criando seu filho...entao,os dois tem pros e contras,os dois sao partos,e nao e o parto que define se uma mae vai amar seu filho,nao e porque nao senti a dor de parir minha filha que eu a amo menos do que uma mae que sentiu,essa questao tem dois lados...nao se pode julgar,como ja disse ha casos e casos.

Josiane Pinheiro disse...

Adorei o texto pois ficou bem evidente que a luta é das mulheres e não contra as mulheres!

É um texto para todas as mulheres lerem, inclusive as que "julgam" J e as que J julga!

SORORIDADE, gosto dessa palavra!

Anônimo disse...

Gostei do texto, especialmente porque a J pode ler e aprender algo.Talvez ( mesmo tendo médicos na família ), ela nao saiba o que e violência obstétrica e nao se de conta que muitas nao tem a oportunidade de escolher e nem a sorte de estar em uma minoria privilegiada como ela.
Ao ler esse post, ela pode aprender tudo isso, sem necessidade de agressões.
Eu mesma sou medica e nao fazia idéia do que era violência obstétrica e nem ao menos que isso existia ( aprendi isso lendo o blog da Lola).
l

Unknown disse...

Boa tarde, eu sou mãe da Lígia, da Lívia e da Lenita.
Sou aquela citada no texto.
Tive 4 cesáreas, contando com o primeiro bebê que perdi. Tive-as por motivos que não tenho que explicar, pq nenhuma de nós tem obrigação de explicar nada da nossa vida, pra ninguém. Tive e ponto.
E sim, pari (bem descriminatória essa coisa de dizer que quem pari é quem teve parto normal, somente, mas enfim, cada qual com seus cada qual...). Pari, estou parindo e parirei, todas as vezes que a vida me apresentar esse desafio.
Sim, optei por ficar com minhas filhas.
Sim, tenho imenso prazer em cuidar das minhas coisas e da minha casa.
Sim, tb na minha época enfrentei as críticas das "amigas que trabalhavam fora" e querem saber?
Nunca estive nem aí pras críticas.

E sim - SOU RAINHA DO MEU TANQUE - e nem por isso menos Pagu, indignada no palanque.
Sou mulher, sou homem, sou macho e sou fêmea, sou dona e senhora de todas as energias presentes em todo ser humano e delas faço uso, qdo a necessidade se apresenta.
Abraços a todas. Para as que concordam e para as que não concordam, afinal, somos todas mulheres, procurando acertar.
Abraços pros meninos tb, adoravelmente imersos nas questões femininas.

Unknown disse...

Errata - discriminar.

Unknown disse...

Neste texto a Ligia, o que eu penso, principalmente quando fala que trabalhar fora, geralmente explorando outras mulheres, não é sinônimo de feminismo. E que abdicar temporariamente de emprego/trabalho fora de casa não é virar um ser anencéfalo e muito menos definitivo na vida das mulheres. Eu acredito na possibilidade de reinvenção e da retomada da profissão. Se fosse tomada pelo medo de nunca mais ter uma renda e ser dependendo de um marido opressor e babaca não teria como estar curtindo integralmente os primeiros anos da primogênita e estar já a espera de outro bebê. Aliás, acho que não teria casado com um babaca opressor.

Li o texto da "J" e sempre me pergunto, quando leio coisas parecidas, de onde diabos surgem essas pessoas, que ficam lendo sobre humanização, emponderamento, como se estivesse em cada esquina, em cada publicação e site de maternidade e afins? Eu tenho que dar uma boa procurada para sair do status quo, aliás, fiz isso com certa dificuldade há alguns meses, e agora vejo essas críticas como se a "sociedade" estivesse esfregando na cara das mulheres um novo jeito certo de maternar. Não compreendo tanta ofensa, principalmente quando se está feliz e de acordo com as duas escolhas. Gostei muito da resposta da Lola na própria postagem.

Sobre explorar outras mulheres: de modo geral a babá trabalha muito mais horas que a mulher que a contrata, já que precisa chegar antes e sair depois. E para mim isso é exploração. E assim que entrou a nova lei com jornada de trabalho específica, as babás e crianças do meu condomínio sumiram. Não tem mais crianças brincando no meio da manhã ou tarde, é um ou outro gato pingado. Condomínio de classe média-alta, de babás que inclusive dormem no emprego para que a mãe não precise acordar na madrugada para a poder trabalhar tranquila no dia seguinte. Sumiram. Isso é feminismo? Se for, eu não sou feminista.

Juba disse...

Gente, como comentei, já me senti sim julgada por uma minoria em um grupo de parto humanizado. Isso ocorreu principalmente por falta de mediação: quem sabia mais e deveria promover o esclarecimento optou por obscurantismo por razões políticas. Felizmente, existem muitos outros grupos e pessoas melhores ;) Porém, nunca, nunca, durante os anos em que fiquei nesses grupos, vi alguém usar essa expressão "menos mãe". Essa expressão sempre, sempre, foi utilizada pelas mulheres que passaram por uma cesárea, desejada ou não. É um discurso tão repetido, tão constante, que gerou a expressão "menas main", para se referir a esse tipo de argumento.

O que acho triste, nos comentários, é ver que algumas pessoas foram tão mal assistidas. Pouco líquido, cordão enrolado, bebê roxo (todo bebê nasce roxo)... não são indicações de cesárea. O pouco líquido pode ser revertido em 90% das vezes com hidratação, compressão (ficar em piscina ou banheira) e, claro, monitoramento. Conto pois passei por isso: o líquido estava no limite inferior aceitável e triplicou em 3 dias com esses cuidados. E bebês de 38 semanas hoje são considerados pré-termo, muitos precisam de uti por pulmões pouco maduros :( Que fique claro que não estou afirmando que esse foi o caso de quem comentou, só bate um aperto de ver que raramente recebemos a atenção e o esclarecimento necessário por arte dos médicos. Não questiono a escolha da comentarista pela cesária; escolheu, ok. Só gostaria de saber se o médico ofereceu essas outras opções, esclareceu sobre os riscos. Já vi médico que oferece, no estilo ameaça, tipo "se der errado, a culpa é sua".

Sobre bebê entalado por insistência da mãe, é de lascar. Beeeem pra livrar a cara do hospital. Quando a mãe insiste em cesárea, e dá errado, o médico é endeusado porque "fez de tudo", mesmo que a cesárea tenha causado uma morte, um bebê prematuro, etc.

André disse...

Eu acredito que o termo "extração cirúrgica do bebe" carrega uma agressividade intrínseca e deveria ser evitado por quem luta para que as mulheres tenham direito de escolher.

Unknown disse...

Não há o que comentar sobre esse post, a não ser: EXCELENTE.

"O momento em que uma mulher julga outra por sua escolha livre e esclarecida, qualquer que seja ela, acabou o feminismo". Perfeito!

Mari Hart disse...

Clap, clap, clap!!!!!!

Eu sentia que havia perdido 5 minutos da minha vida lendo aquele texto surreal que nem a própria tem coragem de assinar. Agora me sinto de alma lavada lendo este post! Perfeito!

Veronica disse...

Só sei que aqui no RIO DE JANEIRO, no início deste mês, 4 bbs morreram em 2 semanas pq o hospital/maternidade público se negou a fazer a cesariana nas mulheres.

Publicaram nota mencionando o índice de cesáreas indicado como padrão pela OMS. E justificaram dizendo estar dentro da porcentagem recomendada;

Juba disse...

Veronica, esse é o argumento mais nojento que o hospital poderia apresentar. Então cesareiam quem eles querem, e não quem precisa?

Outra coisa, será que uma cesárea teria salvos os bebês? Será que uma assistência decente ao parto não teria sido suficiente?

Veronica disse...

Sei lá ,Juba.

Veja só, uma das notícias publicadas na época:


http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/10/bebes-morrem-e-pais-acusam-hospital-do-rio-de-demora-no-parto.html

Sara disse...

Achei esse post muito equivocado, eu já fiz parte das estatísticas de mulheres que desejavam um parto normal, não planejei o tipo de parto que eu faria, mas esperava que fosse normal, tudo deu errado, e o dia do nascimento de minha primeira filha acabou sendo um pesadelo, como já contei aqui, da segunda eu corri para marcar uma cesárea.
Eu considero que o tempo que fiquei em trabalho de parto com dores horríveis, das 3 hrs da manhã até 23,20hs, foi uma violência, mas muita gente considera que não, que esse sofrimento é normal e esperado.
Vejo muitas mulheres defendendo o parto normal como se ele fosse o melhor para TODAS as mulheres, e é bem visível até o desprezo de algumas mais afoitas em defender esse tipo de parto, pelas mulheres que decidem pela extração cirúrgica do bebe, como adoram falar.
Porque defendem tanto o parto normal???? porque ele é mais natural???
As vezes muitas se esquecem que só estamos vivas pq LUTAMOS contra a natureza desde que nascemos, se formos viver uma vida mais natural, muitas de nós já estaríamos mortas, porque a NATUREZA esta constantemente selecionando os mais fortes e mais aptos.
Eu por exemplo já estaria debaixo dos sete palmos de terra há muito tempo, pois se não fosse socorrida, e feito a minha (extração cirúrgica do bebe)certamente teria morrido naquela noite, assim como milhares de mulheres sempre morreram de parto na história da humanidade.
Até poderia levar em consideração os argumentos que as defensoras do parto normal costumam usar se não tivesse acontecido uma tragédia há pouco tempo com uma conhecida ativista que lutava por esse tal de parto humanizado e "normal".
A australiana Caroline Lovell, de 36 anos, grande defensora dos partos domiciliares, morreu após dar à luz em casa sua segunda filha.
Deixar a natureza seguir seu curso, muitas vezes pode significar a morte para muitos, a medicina esta ai justamente para lutar contra a natureza que inexoravelmente vai nos levar a morte, eu não sei quanto a vcs, mas eu adoro minha vida, com todos os problemas que ela tem, e procuro prolonga-la na medida do possível, e faço coisas bem anti naturais como reposição hormonal, e outras cositas, que se foda a natureza....

Juba disse...

O parto pode demorar, sendo bem assistido e intervindo-se quando necessário, o que certamente não ocorreu nesse caso. Vai saber o que houve :( Nem informação a família recebe, nem atenção, nem assistência médica decente. Tanta violência!

Josiane Caetano disse...

Texto muito bem escrito,por ser bastante esclarecedor em mostrar que não devemos lutar só por nossa causa, mas por todas as mulheres.
Mas sobre filhos e tal, o que me irrita- e sempre irritou- é que eles parecem ser apenas uma função feminina. Aos homens, na grande maioria dos casos, não é cobrado nenhuma decisão do tipo: " E aí, você teve um filho, você vai parar ou diminuir a sua carga de trabalho para poder cuidar melhor dele?" Praticamente ninguém exige dos homens esta dedicação toda e resta a mulher, aquela que parece ter nascido para isso, a grande missão de contornar as dificuldades, se virar para conciliar tudo.Se um homem dedica o seu tempo "extra" a ser bom pai, já é considerado quase perfeito! Não acho isso justo e assim como se discute parto humanizado, criação com apego, amamentação e outros temas em blogs maternos, pouco se comenta sobre a quase solidão da mulher em, efetivamente, ser responsável pela criação dos filhos. Preferem atacar as opções de outras mulheres, muitas já carregando toneladas de culpa nas costas, a dividirem e chamarem para a responsabilidade os pais das crianças.

Juba disse...

Josiane, disse tudo!

Não concordo que sejam endeusados os homens que fogem a esse padrão, mas é bom que os demais homens escutem alguns elogios aos homens que dividem a responsabilidade. Não um super homem ou super pai, mas um modelo diferente do que eles aprenderam.

Thais Stella disse...

Uma vez a Ana Cris escreveu uma coisa parecida com essa, com a qual concordei totalmente: A gente sabe que vive num país de cultura cesarista quando:
a) se a cesárea é feita antes do tempo certo, e o bebê nasce mal, as pessoas dizem "imagina se tivesse esperado o parto normal, morreria com certeza"
b)Se o parto normal é feito e a criança nasce mal, a culpa é do parto normal.
c) se um parto começa normal e há uma emergência qualquer e ele vira cesárea, a cesáreas salvou o bebê.
d) Se numa cesárea o bebê morre, é porque se insistiu muito tempo no parto normal antes de fazer a cesárea.
e) Se um bebê morre numa cesárea mal indicada, "foi feito todo o possível mas infelizmente o bebê morreu".
Nossa cultura entende que a cesárea está sempre certa. E se algo ruim aconteceu, mesmo quando é cesárea, a culpa foi do tempo que a cesárea demorou pra ser feita, ou do corpo da mulher. Assim fica difícil. Nos ensinam que a cesárea não tem riscos, quando os estudos indicam que isso não é verdade. Nos ensinam que na cesárea a criança nasce sem dor, mas a recuperação da cirurgia com uma criança no colo não é tão tranquila quanto num parto normal. Mesmo.
Vejo todos os dias relatos de mulheres que escolhem cesárea porque acreditam em mitos que foram ensinados pra elas...
A quem quer engravidar...
Estude. Muito. Tome suas decisões com cuidado, porque o sistema vai querer te incutir medo do parto normal, usando de mentiras e mitos pra isso (que grávida não sabe da história do filho da prima da vizinha que morreu enforcado no cordão umbilical porque a mãe "insistiu" num parto normal?)

Juba disse...

Isso aí, Thais! E sobre os riscos e sequelas da cesárea, ninguém nos alerta, não é? As histórias de horror são sempre envolvem a versão obstétrica da vagina dentada, que é o útero assassino, com direito a forca umbilical e a líquidos venenosos. Sério, hoje vi um site dizendo que a criança nasceu com 6 kg e ficou mal (hipoglicemia, claro) por conta de beber "água da placenta" (sic), em lugar de diabetes gestacional. A falta de pré-natal mata muito mais que a falta de cesárea.

Claudia Valente disse...

Lola, a cada dia me impressiono mais com o nível de esclarecimento dos seus textos. Muito obrigada por dedicar seu tempo a nós, leitores. Não pare, Lola, não pare! :D

Unknown disse...

Hoje tenho uma outra visão do parto e da cesaria e acho que quanto mais informação melhor para as mamães......abrir a nossa mente, buscar conhecer nosso corpo só nos torna mais capazes de conseguir o que for melhor para todos..,,,

Anônimo disse...

A verdade que eu vi em um grande hospital público onde tive meu filho foi justamente o contrário que diz o texto... tinha cerca de umas 30 mulheres grávidas tentando ver a possibilidade do médico fazer uma cesárea nelas. Sim, elas queriam... o médico muito delicado explicava pacientemente que elas tinham que esperar o parto normaL, que era melhor e as que já estavam em trabalho de parto e com dilatação ficavam enfurecidas por ele NÃO querer fazer uma cesarea já que elas tinham dilatação. Sinceramente, esse foi um caso que eu vi mas que ocorre quase todos os dias na minha Cidade, elas querem cesarea sim. Não porque não tem informação, elas não são coitadinhas... elas querem porque acham mais cômodo, melhor e até pode ser porque acham que "os ricos" podem pq elas não? sentir dor pra quê? Também não poderia deixar de falar sobre uma grávida que já estava na sua terceira gestação e ao perguntar se ela queria cesarea para poder fazer laquiadura ela me olhou com desdem e disse NÃO, não quero "ligar". Nos tempos de tanto assistencialismo, tantos bolsas realmente pra que ela vai interromper que venham mais e mais.

Anônimo disse...

parto normal é violência,cesarea tb é violência,o q vc n gostam é de ter filhos.
daqui a pouco feministas insanas como vcs,vão exigir q nós homens engravidemos.

aquarela surrealista disse...

Parabéns pelo texto,Ligia,muito esclarecedor,e parabéns pelo blog,Lola,e pela paciência que você tem com a gente aqui!Hoje,aprendi muito com este post,e espero que "J" também o tenha lido...nossa,que texto,fiquei de queixo caído...que tudo!

aquarela surrealista disse...

''... Nos tempos de tanto assistencialismo, tantos bolsas realmente pra que ela vai interromper que venham mais e mais.''

anon de 24 de outubro de 2013 22:44,você não acha estranho que justamente estas mulheres mencionadas por ti não estejam aqui entre nós,debatendo livremente,e atacando nosotras?!?

Anônimo disse...

Eu concordo com o Anônimo das 13h02! Acho que todas aqui estão sendo injustas e ignorando que o parto normal pode MUTILAR a mulher!! Isso mesmo, mutilar!! Traz sequelas para a vida toda!! Vocês todas preferem ignorar que o parto tem riscos e ENGANAR mulheres! Pode ser melhor que a cesárea, mas não é 100% seguro e NÃO DEVE ser feito em casa! Se algo dá errado, morrem a mãe e o bebê! Vocês não pensam nisso?

Nali disse...

Deixei de lado uma ótima carreira em grande empresa e doutorado em universidade de referência parado para maternar. Louca? Feliz! É o que eu acredito e vivo de todo coração. É o que acreditamos! Meu esposo materna também. Amo ir contra a corrente esmagadora que diz que temos que acumular para comprar isso ou aquilo. Amo ser e viver aquilo que acredito que é o melhor para nossa família e para a sociedade (no mínimo, filhos mais seguros e menos consumistas, rs). Obrigada, Lígia, pela ótima leitura que fiz nessa madrugada.

Anônimo disse...

Insano é você anônimo das 23:50. Ou não sabe interpretar, ou é preguiçoso demais pra ler um texto ou tem probleminhas na cabeça... ou pior ainda, tudo junto, é o mais provável.

Vá se tratar que esse ódio não faz bem nem pra ti nem pra sociedade.

Eremita disse...

Olá Lola, gostaria de comentar sobre a diferença de perspectiva entre um país e outro. Acho muito interessante comparar minha cultura (a brasileira) e a cultura de onde vivo hoje (a francesa). Fiquei grávida e tive minha filha aqui na França e todo meu pré-natal foi feito no sistema médico francês. Não vou entrar nos detalhes desse sistema, mas acho que apesar de ter tido um ótimo acompanhamento ( aqui existe uma função que se chama "sage femme" - mulher sábia - uma parteira na verdade que faz o acompanhemento da gravidez juntamente com o médico), começo ter a impressão que sofri um tipo de violência obstétrica. Aqui temos uma outra espécie de dogma, o do parto normal. Até aí nenhum problema, eu desejava desde o início ter um parto normal. No entanto durante a gravidez, o médico constatou que eu tinha um problema de disproporção fetal. Meu bebê era muito grande para minha bacia. No entanto, apesar das dores que sentia e da fraca possibilidade de entrar em trabalho de parto espontaneamente, fui obrigada a esperar até 41 semanas. Todas as semanas no fim da minha gravidez meu médico dizia que deveríamos esperar para ver as (poucas) contrações evoluirem. Mesmo no último dia com a cesareana marcada, sofri muito com as contrações porque meu bebê não conseguia se encaixar, mas mesmo assim não adiantaram a cesareana. Essa situação quase gerou uma tragédia, porque minha bebê já tinha defecado no útero. Na hora, fiquei muito revoltada mas não considerei por esse âmbito de violência contra a mulher. Hoje penso diferente. A situação na França é outra, mas acho que as mulheres não têm muita escolha mesmo assim. O parto natural é quase imposto, exceto quando há risco para a mãe e para o bebê. O engraçado é que minha parteira (sage femme) concordava comigo que eu deveria ter feito uma cesareana com 39 semanas já que tinha todos os exames provando o tamanho do meu bebê em relação a minha bacia, mas o médico é quem decide tudo no final.

Enfim, um comentário longo para exemplificar que mesmo quando se sustenta a idéia da naturalização do parto, a escolha fica dificilmente nas mãos das mulheres. Aqui existe um movimento de mulheres que desejam parir em casa acompanhadas somente da sage femme.

Náy Rocha disse...

A violência obstétrica é algo descarado e que precisa ser fortemente combatida!Na capital onde moro, tem um hospital que, sinceramente,não sei como nunca foi fechado.Conheço várias mulheres que pariram lá e todas tem relatos terríveis de violência obstétrica.A minha mãe é uma delas.Há 17 anos ela pariu o meu irmão caçula nesse local e o seu relato é uma verdadeira história de horror.Ela chegou no hospital já em trabalho de parto avançado,nem sequer conseguia andar e ao invés de a colocarem em uma maca, foi derrubada no chão e arrastada pelo mesmo até a sala do parto, com direito a xingamentos e tudo.Foi feito a episiotemia sem anestesia.Enfim,ela sofreu muito.Anos depois, o meu irmão, ainda bebê, apresentou quadros frequentes de epilepsia, devido há uma lesão na cabeça, provavelmente adquirida no momento do parto.Como a minha família é humilde(na época do nascimento do meu irmão, a minha mãe era empregada doméstica e o meu pai, entregador em uma fábrica de cervejas), não tiveram coragem de procurar justiça, se sentiram desamparados.Quando ela soube que eu estava grávida, chorou bastante com medo de que eu passasse pelas mesmas coisa e sempre me incentivou a optar pela cesariana(ela não teve opção,seus partos foram pelo SUS).

confesso de batom disse...

Sou interna de medicina, me formo em um ano e meio e estou colherando em todas as especialidades no momento e, nesse exato, numa maternidade. Para cereja do bolo: sou gestante.
Sim, há médicos que preferem indicar cesárias a esmo, pois é um procedimento bem mais rápido que um parto normal. Contudo, algo que sinto falta nos blogs é citar o quanto a bandeira é levantada pelas próprias mulheres (e de todas as classes) pelo parto cesário o fato de não “acabar” com seus parques de diversão (vagina), ser um processo “indolor”, pavor a “dor do parto” normal, a escolha conviniente do dia e hora... toda uma comodidade que apenas leva em consideração o que é melhor para a mulher sem pensar se é o melhor para a criança, não estou falando aqui de casos realmente necessários de cesária: sofrimento fetal, bebês GIG, gemelar, eclâmpsia... estou falando da cesária eletiva. Para mim, a minha máxima, em situação de normalidade, não é a mulher que vai parir: é a criança que vai nascer!E todo esse momento é tão especial por conta da criança. E quem sabe a hora que está pronta pra vir a mundo, ressaltando mil vezes, numa gravidez de baixo risco: é a criança!!!Se durante esse processo precisar de um procedimento cirúrgico porque o parto evoluiu com complicação, sou a favor em absoluto da cesária, para mim, inclusive!
No parto normal, as contrações auxiliam, e muito, a retirar o excesso de líquido do pulmão dos neonatos preparando eles para a vida extraútero, a cesária aumenta e muito o risco de morte materna e neonatal, infecção 15 vezes maior no pós parto, risco de ruptura do útero se gestar novamente antes de 2 anos de cirurgia e o tempo de recuperação do pós operatório que é longo e bastante doloroso.
Não defendo de modo algum em uma situação de normalidade a mulher decidir entre o parto normal ou cesário! E não tem nada haver com aos direitos da mulher quanto ao seu corpo, mas acredito que deva existir um protocolo para nascimento e defendo que Cesária é uma CIRURGIA e a menos que você seja um cirurgião e tenha estudando, no mínimo, 9 anos pra isso, você poderá SE indicar uma cirurgia, mas, infelizmente se disseminou que cortar uma unha e uma cesária é o mesmo grau de dificuldade ou nulo de consequências.
Segundo a OMS, apenas 15% dos partos feitos em qualquer país devem ser cesários, ou seja, se fosse uma “opção” e “da mãe” não existiria índices a serem alcançados, hoje, o Brasil caminha para uma mudança de mentalidade, pois em países de primeiro mundo tal fato já é uma realidade.Pois é, contrariando a denominação de Chitas para aquelas que realizam parto normal, cesária é que é coisa de pobre (risos!)
Do parto normal, só posso dizer que é uma caixinha de surpresa e que cada mulher é de um jeito, algumas passam mais de 7 horas com dores horrendas, é sorte, é imprevisível, é gente! Enquanto outras, meninass de 16 anos parem sem dá um piu, me deixando de boca aberta, pois também tinha uma visão hedionda da dor do parto, pois tinha rodado em um hospital de alto risco em que as mulheres, TODAS, hurravam e fiquei apavorada. Hoje, depois de passar por essa maternidade que não é lotada e em que as mães não tem o porque de disputarem nossa atenção ou não são influenciadas a terem esse tipo de conduta, ficam bem mais tranquilas e se concentram no trabalho, na expectativa de conhecer o bebê, em descansar e não desperdiçar energia essencial no momento da contração com gritos.A educação do parir da Globo ensinou a grande maioria das mulheres que o momento da contração é ideal para dá um berro, ou seja, desperdiçar a força que era pra ser feita pra baixo, pra criança nascer com gritos que não lhe levam pra canto nenhum: nem reduz a dor e ainda prolonga o trabalho de parto( está na hora da criança respirar!!!)

confesso de batom disse...

Continuando...
Não, infelizmente não posso incentivar libertação do grito, a criança está na hora de nascer, a partir desse momento, ela tem que começar a respirar e alguns minutinhos sem isso ela terá sequelas para o resto da vida, então, infelizmente, é hora de concentrar, respirar fundo, descansar enquanto não tem contração e, realmente, quando começam com esse tipo de atitude nós abortamos tal ideia com todas as forças, toda equipe, não é questão de repressão da liberdade de expressão da dor feminina, mas uma forma errada de canalização da dor subtraindo da ajuda tão importante para a criança nascer para lançá-la literalmente ao vento, a criança tem que respirar, não há tempo a perder!
E muitas vezes usamos a manobra Kristeller (aquela em que um auxiliar faz força para baixo encima da barriga da mãe) não para diminuir o tempo de parto porque estamos doidos para dá uma carreira e nos livrar da paciente(como estou cansada de ler), mas ou porque a mãe não está acertando o tipo de força que é pra fazer ou “sobem” a criança em vez de ajudar a descer, nas que vi,realmente ajuda a mãe (acreditem!!) e o bebê a passar no canal de parto. E não vejo fazendo em todo mundo, de fato, cada parto é um parto e nem todas conseguem fazer a força certa pra ajudar a criança a descer, muitas, durante a contração fazem a criança subir, tal manobra evita que ela suba o que ela já conseguiu descer e em cada contração desça mais, mas nas mães que conseguem fazer a força certinha, pra baixo, raramente vejo ser necessário... e isso não é um castigo, não é uma manobra medieval, é um procedimento médico e que realmente funciona, assim como um toque anal funciona para diagnóstico de câncer de prostata... é um procedimente esquisito, mas que funciona e muito útil. Cada trabalho de parto evolui de um jeito, só posso afirmar que quanto mais colaborativa, concentrada no processo, empenhada é a mãe, menos traumático é o parto.
Quanto a episiotomia, vi médicos que no começo do trabalho de parto já foram cortadas gratuitamente, assim como já vi médicas com primíparas, as quais geramente são submetidas ao procedimento, não precisar. Ai realmente depende: depende do médico, da paciente se está colaborando para a saída da criança e, principalmente, do tamanho da criança. Acredito que essa conduta pode ser sim, com todo esse processo de humanização do parto ser diminuído, mas, mesmo assim, não é um castigo, um procedimento dispensável, um pretexto pra dá uma carreira da sala de parto (acreditem, cirurgiões são seres que são felizes em está em um bloco cirurgico e quando estão fora de lá, só falam disso, realmente gostam do que fazem... não estão lá pensando no mundo lá fora, descupem o exemplo, mas sabe o que os médicos de Gray's Anatomy falam de bloco cirurgico... pronto, é por ai).

confesso de batom disse...

Continuando...
Infelizmente, não tem como saber como uma mulher vai se comportar numa sala de parto até está lá, entendo que algumas não sabem o tipo de força ou não a fazem por maldade, mas, a grande maioria por falta de preparação e não realizamos manobras de Kristeller e episiotomia como castigo por conta disso,são procedimento médico! Usamos Super Bonde em neuricurgia para colarmos tecidos cerebrais, parabéns,medicina é lotada de manobras esquisitas para um bem comum: o melhor para o paciente!
Não aprovo piadas como “ Na hora de fazer achou bom” ou qualquer forma de tratamento grosseiro diante da mulher em trabalho de parto, já vi e não aprovo, mas graças a Deus hoje em dia praticamente não vejo esse tipo de conduta. A única hora em que vejo todos serem mais enérgicos com a mãe é na hora do parto mesmo, dilatação completa e com mulheres que se concentram mais na dor no que na força, tanto incentivando quanto corrigindo posturas erradas durante o trabalho (chutar o médico não é legal!).
Não acredito que uma mãe de parto normal é mais mãe que a do parto cesário, acredito na renovação do parto, realmente mais humanizado e tranquilo e que a mãe seja a segunda a pegar no bebê de baixo risco para conhecê-lo antes de qualquer manobra de cuidado com o neonato, acredito que a cesária do modo florido como é vendida, esta sim, é uma violência obstétrica, pois os riscos são minimizados e tudo se transformou em um grande evento e a “vontade” de nascer da criança é desconsiderada. Acredito que um procedimento cirúrgico não cabe a um leigo a escolha. E todo minha opinião vem do fato de fazer medicina, do que pesquiso para mim, para minha filha que nasce em 3 meses, das conversas que tenho com os profissionais, do que acontece por trás do bastidores, dos partos que vi, da minha vivência de hospital, do que li, mas cada um sabe de si e cada qual dos alicerces em que baseia sua opinião.

Unknown disse...

Texto brilhante! Resume bem o q a maioria de nós sente/passa e não tem como falar, eu mesma fui vítima do sistema na minha primeira gestação e, acredito, tenha sido esse o motivo da minha longa depressão pos parto... Mas isso só me deu mais força e vontade de na segunda gestação correr atrás do q acredito ser um verdadeiro empoderamento da mulher e foi maravilhoso!! Acho q toda mulher deve sim ter o direito de escolha!!!

Anônimo disse...

Não é possível ter essa conversa sem citar Caroline Lovell, né? Não entendo porque isso. Uma ativista do parto domiciliar morre: É lembrada pra sempre, Mães morrem todos os dias em hospitais: Nem sabemos os nomes.

Paula Luiza Buchele disse...

Achei o texto maravilhoso e gostaria de publica-lo em meu blog,com todos os créditos é claro!
Posso?

Drica Leal disse...

Ainda bem que os comentários da Sara e da aiaiai estão aí, porque o que vejo nos demais é quase um comitê de linxamento contra a J. Todas cheias de liçãozinha do alto de suas maternidades superiores, abençoadas pelas dores do parto normal e pelo exercício da maternagem, rs.

Como eu disse no post da J, eu não sei que quero ter filhos, mas de uma coisa já tenho certeza: eu NUNCA procurarei esses blogs e sites das ativistas super mães, ou ativistas de parto normal. E se algum dia alguma grávida conhecida vier me falar desses blogs e sites, pedirei que ela leia os comentários das ativistas do parto natural e da maternagem nesses dois posts e tire suas conclusões. Se bem quem, pelo que já disseram por aqui, o tom arrogante, professoral e acusatório nesses blogs e sites deve ser bem pior.

Fernanda disse...

Nossa, MA RA VI LHO SO esse post!

E olha, eu não sou mãe, não sei se serei (não tenho nada decidido a este respeito) e, em todo caso, hoje, estou a milhas de distância dessa possibilidade. Ou seja: o assunto me concerne muito pouco diretamente. Eu me interesso como me interesso por tudo o que toca o feminismo, mas digamos que a discussão não se aplica de forma pratica à minha vida hoje.

Estou dizendo isso tudo para que fique claro que o que toca nesse texto, para mim, é justamente o carater feminista, solidario do ponto de vista da autora. Como vejo de fora toda essa discussão sobre partos e criação de filhos e trabalhar fora, fica muito mais facil perceber como as divergências vão nos separando e nos colocando umas contra as outras, como bem disse a autora. Quando leio esses posts em que, para se defender um ponto de vista, ataca-se outro, me da um desânimo enorme. E o tom de compaixão e sororidade, como disse alguém aqui nos comentarios, é simplesmente uma das coisas mais tocantes que li nos ultimos tempos.

Com certeza creio que as experiências pessoais relatadas aqui trazem informações muito uteis, compartilham conhecimentos, esclarecem duvidas, etc. Mas usar a sua própria experiência para invalidar outra é uma grande bobagem.

E, gente, a primeira atitude de uma mulher com outra (e, a principio, de um ser humano com outro) deve ser a compaixão. Empatia, compreensão primeiro. Sempre. Estamos todas no mesmo barco, e isso não pode ser perdido de vista.

Ligia, Lola, mãezinha da Ligia e todas as mulheres desse blog abençoado: que felicidade tê-las comigo.

MCarolina disse...

A cesariana foi um invento incrível que salva a vida de muitas mulheres e babies, mas é super estranho pensar que alguém prefira uma operação a um parto natural. Não tenho filhos mas a ideia de escolher cesariana sem necessidade me parece super esquisita. Talvez seja porque já fui operada e queira evitar outra operação o máximo possível, não sei. Conheço gente que escolheu sem absolutamente nenhuma pressão e achou ótimo.
Enfim, achei o post bom e esclarecedor. As mulheres precisam de informações e poder escolher o que acham melhor para si.

lele disse...

Sinceramente, eu acho que as pessoas pensam que quem defende o parto normal é por preferência pessoal e claro, pra ser contra as mães que preferem ou escolheram cesariana.
Não, minha gente, se começarem a ler sobre riscos e benefícios de ambos, em artigos científicos (que não são baseados em achismos, mas em pesquisas, estudos, evidências, que levam tempo para serem levantados e analisados) e não os "artigos" do Baby center, verão que operar não é a mesma coisa que deixar o fisiológico agir e intervir somente quando preciso (e muitas vezes nem é preciso, a coisa é muito mais simples do que se imagina). Claro, ainda bem, que existe a tecnologia, a cesariana, pq sim, ela salva vidas, ela é muito importante e benéfica quando bem utilizada, assim como as intervenções do parto normal. Mas não para serem usadas de rotina. Quando a tecnologia ou intervenção é utilizada em excesso o resultado é o aumento da mortalidade e sequelas em mães e bebês.
Ativista não defende parto pra ter discurso em "tom arrogante, professoral e acusatório". É pra defender evidências, é pra que essas informações cheguem até todas as mulheres e que estas possam fazer escolhas baseadas em evidências atualizadas e reais e não em mitos e achismo que sustentam o sistema. Não é uma luta contra mulheres, é uma luta pelas mulheres. Para que menos mulheres e bebes morram.
Outra coisa, parto é um processo aperfeiçoada há pelo menos 100 mil anos... então, pode ter certeza, o problema não é o parto, mas sim a forma que é conduzido hoje em dia (repito, cheio de intervenções dolorosas e sem base em evidências científicas) que mais causam problemas do que soluções. Claro que existe a "seleção natural" desse processo de 100 mil anos, e nem eu e nem vc quer fazer parte disso, então, que bom que ótimo que maravilha que tudo que existe a tecnologia!!
Quando uma mulher defendo o parto normal não é para diminuir ninguém! Agora se ela lhe ofender diretamente, ok, concordo com vc! Nunguém tem o direito de te julgar!

Annarien disse...

Ligia e Lola fazendo tudo o que eu gostaria de fazer, mas ainda tenho muito o que exercitar: sendo assertivas e dando banho de sororidade bem aqui na minha cara. ♥

Anônimo disse...

"No momento em que uma mulher julga outra por sua escolha livre e esclarecida, qualquer que seja ela, acabou o feminismo."

Essa frase é de ouro.

Juba disse...

Confesso de Batom, a verticalização dá resultados muito melhores que kristeller. E sem os danos correspondentes...

Drica Leal disse...

Uma coisa interessante que a Sara colocou foi sobre essa defesa de "deixar a natureza seguir seu curso", muitas vezes ignorando que nada na natureza é estático, principalmente no orpo humano. Será mesmo que tantas cesárias são desnecessárias ou o corpo da mulher mudou, alterando inclusive a diâmica do parto?

Um exemplo disso: nossos dentes. Quantas pessoas aqui já precisaram remover dentes por não ter espaço na boca pra dentes que há algumas gerações atrás faziam parte naturalmente da espécie? Pois é, se mudanças biológicas desse nível acontecem rapidamente entre as gerações, porque vocês acham que o mecanismo do parto natural permanece inalterado? Claro que existem médicos canastrões e nem discuto aqui a monstruosidade da violência obstrética, uma realidade que precisa ser mudada urgentemente. Mas, me permitam cogitar e até divagar: seria interessante pensar que as mulheres podem sim estar vivenciando um processo natural, de mudanças biológicas no que se refere à gravidez e parto e esse processo de adaptação pode trazer mais necessidade de cesárias do que no tempo das nossas avós, bisavós...

Anônimo disse...

Confesso de batom

Sou medica mas nao sou GO e nao sou mãe,

Queria comentar essa parte do seu post :

" não realizamos manobras de Kristeller e episiotomia como castigo por conta disso,são procedimento médico! "

Ok, nem sempre e necessário, mas quando e necessário deve ser feito,
O que eu acho que as mães tem reclamado e das episiotomias SEM indicação,e da manobra de Krlsteller feita SEM o esclarecimento pra gestante do porque e necessária e como será feita,sem ao menos avisar.
Eu nao acharia legal subirem na minha barriga e pressionarem sem sequer me avisar nem explicar o porque,e acho que e disso que estão reclamando,
Beijos,

Roxy Carmichael disse...

o comentário da anônima das 22h44 tava bem interessante. uma pena que cagou no maiô no final. mas até essa parte, trouxe uma nova perspectiva pro classe media sofrismo. porque o seu comentário tem o mérito de expor esse paternalismo arrogante das mulheres de classe média muito esclarecidas que precisam iluminar as pobres coitadas.

eu realmente acho que deveríamos cruzar as informações sobre desejo por determinado tipo de parto com classe social das gestantes. e também cruzar os dados sobre os dois tipos de partos realizados e classe social.

comentarista que pariu na frança: no post anterior uma comentarista relatava a experiência de uma que também vive no exterior e que teve parto natural com doula e passarinhos cantando e achou bem traumático. eu realmente não duvido que passarinhos possam cantar nesse momento, mas eu particularmente, prefiro lutar por um país que garante o direito à escolha, e não, o contrário.

"Não defendo de modo algum em uma situação de normalidade a mulher decidir entre o parto normal ou cesário!"
ma oe!!lombardi, foi isso mesmo que eu vi? a máscara do "lutamos pelo direito à escolha" caindo??por que não me surpreende??

aiaiai,
achei o post bonito, mas o que valeu a pena mesmo foi ler seu comentário.

drica:
acho lindo as mães elogiando a não hostilidade do post atual, em relação à suposta hostilidade do post anterior, demonstrando isso justamente através da hostilização à J.

Roxy Carmichael disse...

"Outra coisa, parto é um processo aperfeiçoada há pelo menos 100 mil anos... então, pode ter certeza, o problema não é o parto, mas sim a forma que é conduzido hoje em dia (repito, cheio de intervenções dolorosas e sem base em evidências científicas) que mais causam problemas do que soluções."

existe algum estudo (pergunto numa boa) que relaciona períodos históricos e tipos de parto?certa vez eu li que o parto com a mulher assim deitada foi adotado na época da monarquia francesa, para que fosse um espetáculo que fosse apreciado pela corte de versalhes. mais informações sobre partos em períodos históricos anteriores eu não tenho e gostaria de ter. porque quando se critica os partos realizados "hoje" imagino que o fazem em relação a partos realizados em outro momento. então eu gostaria de saber se existem estudos sobre algum período histórico em que o "parto humanizado" era uma prática comum. mas aí entramos numa questão: essa forma de conceitualizar o parto não está intimamente relacionada ao período atual?

Juba disse...

Drica Leal, o índice de reais indicações de cesárea ainda não é maior, basta ver nos países mais desenvolvidos, que não tem cesárea por regra.

Acho um risco o tipo de argumento que você apresenta, caímos na teoria da degeneração. E leva mulheres a confiarem menos em seus corpos.

Quanto aos dentes, é uma adaptação de algo que caiu em desuso, já parir é necessário à continuidade de espécie. Não é o mesmo tipo de adaptação ou evolução. Se você não remover os dentes você não morre. Não parir seria um beco sem saída biológico para qualquer espécie.

Juba disse...

E mais sobre os dentes: será que tem algum estudo que relacione essas mudanças tão rápidas que você comentou? Acho que simplesmente antes as pessoas tinham menos acesso ao dentista. Minhas avós arrancaram todos os dentes antes dos 30 anos, não posso avaliar se tinham espaço ou não.

Acredito em mudanças de peso e estatura, entre uma geração e outra, por conta de melhor ou pior alimentação, mas não em mudanças estruturais tão rápidas, visto que praticamente a seleção natural não ocorre entre humanos.

Drica Leal disse...

"visto que praticamente a seleção natural não ocorre entre humanos."

Não ocorre porque, racionalmente, interferimos nesse processo, porque nossa construção social caminha oara princípios de respeito às diferenças (embora em muitos aspectos ainda falhemos, infelizmente). Vacinas, cirurgias, remédios, alimentação, conjuntura social. Tudo isso existe justamente para que a seleção natural não impere na espécie humana, o que ainda assim não impede que mudanças na estrurura biológica ocorram de tempos em tempos.

Esses dentes dispensáveis hoje, ao ponto de já nascermos com arcada dentária já sem espaço para eles, foram fundamentais em outros tempos.

Anônimo disse...

Claro, porque dentes e partos são a mesma coisa. Alouuu, pra continuar nossa espécie é necessário parir, é necessário ter dentes lá no fundão da boca pra continuar a espécie? O humano se adaptou mto bem sem os dentes, mas não se adapta a uma cesária não filha.

Josiane Pinheiro disse...

Roxy, acredito que os estudos da Simone Diniz, que indiquei no post da J fazem esse percurso histórico.

Se deixar a mulher em paz, claro que a monitorando, mas sem intervir, ela saberá o que seu corpo precisa: como se mexer para aliviar a dor, rebolar, caminhar, se agachar, se apoiar... e na hora de nascer, ela também irá escolher a melhor posição para saída do bebê (normalmente verticalizada). As vezes essa mexida, essa "rebolada" é o que ajuda o bebê a encaixar, descer e facilita todo o processo de trabalho de parto e expulsão do bebê (além, claro, no alívio da dor). Mas o que ocorre hoje: as mulheres são presas a soros, camas, ficam deitadas, com movimentos limitados, "suportando" a dor! Todas as posições adotadas são antifisiológicas e impositivas só aumentam a dor, além das intervenções que dão mais medo (medo=adrenalina-> inibe ocitocina -> prejudica trabalho de parto). As mulheres normalmente não conhecem a fisiologia do seu corpo e do parto, o que dificulta mais ainda a propriocepção, controle e se desesperam com a dor. Voltando dor = adrenalina = luta/fuga = dor/medo/tensão.
Então, se pensarmos numa assistencia em que a mulher fica em paz, sabe o que está acontecendo com seu corpo, sabe que não vai sofrer intervenções desnecessárias (ou que pode solicitá-las a qualquer momento se quiser), temos um cenário de parto tranquilo e facilitado.

Se pegarmos uma mulher "primitiva", ela tinha seus filhotes em lugar em que não seria atrapalhada, como os bichos fazem, isolados. Claro que hoje sem assistência nao se cogita, mas essa asssitencia deveria proporcionar um ambiente em que a mulher não se sentisse ameaçada, ou com medo para que o parto transcorre com tranquilidade.

Acredito que não podemos negar o que havia de bom no passado, e resgatá-lo, aliando às tecnologias atuais. Excesso de intervenção mata, causa mais problemas. Intervenção bem utilizada é ótima, salva vidas.

Nas próprias recomendações da OMS é preconizado mais ou menos isso, mas no Brasil se cumpre pouco, quase nada.

Josiane Pinheiro disse...

Aqui tem informações sobre a evolução histórica do parto: http://www.euqueropartonormal.com.br/eqpn/tag/historia-do-parto/

E esse também (retirei uns trechos para ilustrar). http://www.equipehanami.com.br/a-historia-do-parto/
"O nascimento é historicamente um evento natural. Como é indiscutivelmente um fenômeno mobilizador, mesmo as primeiras civilizações agregaram, a este acontecimento, inúmeros significados culturais que através de gerações sofreram transformações, e ainda comemoram o nascimento como um dos fatos marcantes da vida.

Antigamente, os homens viviam conforme seus “instintos naturais”. A princípio, a mulher se isolava para parir, geralmente sem nenhuma assistência ou cuidado vindo de outras pessoas, apenas seguia o seu instinto. O parto era considerado um fenômeno natural e fisiológico .

A historicidade da assistência ao parto tem início a partir do momento em que as próprias mulheres se auxiliam e iniciam um processo de acumulação de saber sobre a parturição. Dessa forma, começa-se a agregar valores aos conhecimentos acerca do processo de nascimento entre as próprias mulheres, e o parto passa a se tornar um evento mais importante na vida das mulheres que participam do mesmo. Então uma mulher que a comunidade considerasse como mais experiente era reconhecida como parteira – essa parteira se traduz na figura da mulher que atende partos domiciliares, mas que não tem nenhum saber científico. Seus conhecimentos são embasados na prática e na acumulação de saberes, passados tradicionalmente passados de geração para geração.
(...)
Desabituados do acompanhamento de fenômenos fisiológicos, foram formados para intervir, resolver casos complicados e ditar ordens. O parto passou então a ser visto como um ato cirúrgico qualquer e a mulher em trabalho de parto sendo chamada “paciente”, sendo tratada como doente e impedida de seguir seus instintos e adotar a posição mais cômoda e fisiológica. Iniciou-se a era do parto médico, no qual a mãe deixa de ser a figura mais importante da sala, cedendo seu lugar à equipe médica. Os papéis se invertem e o obstetra passa a ser o centro da cena, obrigando a mulher a se deitar numa posição desconfortável, sendo impedida de adotar a posição que achar mais confortável. Não podendo opinar em seu direito básico de escolha e participação ativa no nascimento do próprio filho. As posições verticais, que ao longo dos milênios foram as mais usadas pelas mulheres, em todas as raças e culturas, lhes são negadas pelo obstetra.



Náy Rocha disse...

Gostei do guest post,mas aameeeeiiii os comentários da aiaiaiai, da Drica Leal e da Roxy Charmachael e principalmente da Sara.Eu apoio a escolha da mulher.A minha irmã estava grávida na mesma época em que eu.Ela queria parto normal e eu,cesárea.Mesmo querendo uma cesariana, passei toda a gestação incentivando-a a lutar pelo seu parto normal, já que eu sempre pesquisei muito mais sobre o assunto parto do que ela.Até a alertei sobre os artifícios que os gos utilizam para empurrar uma cesárea desnecessária.Enfim tive a minha cesárea e sou muuuuito feliz por isso.Concordo com a Sara sobre tudo o que ela falou sobre a natureza e acho que o feminismo luta justamente contra todo esse determinismo que diz que "toda mulher TEM quer ser mãe,pois NASCEMOS pra isso.".A natureza me vê como fêmea, eu me vejo como mulher.E justamente por me ver como mulher, e não simplesmente como uma fêmea que optei pela "extração cirúrgica do bebê"(expressão ofensiva, como ponderou o André).A maternidade, apesar de ser uma experiência incrível e singular, também é muito desgastante e sofrida e acho que esse sofrimento não precisa começar logo no parto.Acho uma grande sacanagem da natureza nos colocar para sofrer horas e horas em trabalho de parto.Optei pela cesárea e pelo menos no MEU caso,foi sensacional.Minha recuperação foi ótima,ao contrário do que as defensoras do parto normal dizem.

Juba disse...

Não sei se a Josiane já linkou, mas tem um resumo bom aqui:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/viole_parto.pdf

Juba disse...

Drica, desisto. Perder dentes por desuso = obrigatoriedade da cesária por total supressão natural do processo de parto? Então, tá.

Josiane Pinheiro disse...

Juba, bom linkar aqui! Eu já tinha linkado no post da J.
Obrigada!

Josiane Pinheiro disse...

Fiquei me questionando aqui que parto normal as pessoas pensam que as ativistas defendem... Pq, sei lá, talvez o parto que surge como representação não seja "o mesmo" que as ativistas falam...

Pra vocês, que parto normal é esse que as ativistas defendem? Que parto é esse que vocês não desejam? Como é essa assistência? O que acontece ou imagina acontecer nesse cenário? Qual é exatamente o medo, medo do quê? Quais são as suas representações de parto? O que vem em mente quando lhe falam de parto?

Roxy Carmichael disse...

muito obrigada josiane e juba pelas informações.

josiane caetano: tô sempre contigo. é impressionante!

Flavio Moreira disse...

Em relação a uma mulher ser considerada "menos mãe" por ter tido um filho por cesárea. Minha mãe optou por me ter através de cesárea, depois de quatro partos normais (dois deles em casa, na década de 50!!!).
Minha mãe era quem sustentava a casa (sou fruto da terceira união dela, que durou pouco e meu pai foi ausente do processo de criação), minha avó e a mim.
Trabalhava fora, era independente e eu nunca me senti menos amado do que qualquer pessoa. Era amorosa, preocupada, rígida, inflexível às vezes, assertiva, engraçada, carinhosa e cheia, repleta de conflitos e dúvidas, como todo ser humano, inclusive sobre ter sido "boa mãe".
Ela me deu acesso a educação, teve visão ao me colocar um curso de inglês - fazendo um enorme sacrifício financeiro para isso - quando eu tinha treze anos, me colocou em um curso de formação profissional aos quinze e durante toda a nossa convivência, que não foi fácil, foi a pessoa que mais teve influência na minha percepção de ética e moral.
Minha mãe não foi "menos mãe". Como ela mesma dizia, era "mãe e pai", com todas as 'dicotomias emocionais' que isso acarretava.
Meses antes dela falecer nós conversamos sobre isso e ela veio me pedir perdão por "não ter sido uma boa mãe". E eu pude dizer a ela que não havia nada a ser perdoado porque ela foi a melhor mãe que podia, nas condições que ela tinha. E isso era um monte, uma montanha de coisas que poderiam sim, tê-la transformado numa péssima mãe. Mas não foi. Foi ótima. E hoje reconheço que foi graças a ela que pude entender o que é o feminismo, quais são algumas das principais lutas das mulheres e porque sempre procurei me colocar ao lado das causas feministas, principalmente questionando meu machismo.
Então não me venham dizer que uma mulher, só por ter optado conscientemente por uma cesárea, é menos mãe. É muita arrogância e falta de empatia e sororidade.

Anônimo disse...

Para mim, esse post da Ligia e o post da "J" se completam.
Concordo com tudo no post da "J", que tem um ar de desabafo. Um desabafo no qual eu me identifico e muito. Existe um problema muito grande entre muitas ativistas pró parto natural (não todas, como a Ligia) de julgar e condenar mulheres por suas escolhas, sem ao menos saber sua história. Quando li o post da "J", pensei: mas existe a violência obstétrica. Então, veio esse post da Ligia completar com esse assunto e, de quebra, tocar nessa questão de que estamos todas do mesmo lado, respeitando as escolhas umas das outras e lutando pelo mesmo ideal.

Claramc disse...

Comparar a não-utilidade de dentes à não-utilidade do parto eu achei um pouco exagerado.

Seria o mesmo que dizer que os homens não precisam mais do pênis pois podemos fazer inseminações artificiais...

E no entanto a taxa de homens (biologicamente falando) que nascem sem pênis deve ser algo próxima de ZERO.

Claramc disse...

Até acho mesmo que o parto possa estar sofrendo alguma mudança ao longo dos séculos, alguma adaptação à nova realidade humana...

Acredito, por exemplo, em (hipoteticamente) bebês menores para se adequar à nova bacia feminina. Ou até mesmo, bebês que nascem em idade gestacional menor, para não crescerem tanto... Tô viajando aqui no tipo de evolução que possa ocorrer nos bebês e nos partos...

Mas dizer que a nossa raça perderia a capacidade de NASCER, seria um tiro no pé da evolução, né?

Drica Leal disse...

Como vocês são exageradas...

Não disse que a perda de dentes por evolução é IGUAL a parir.
Foi uma comparação no intuito de ilustrar que nada na fisiologia ou estrutura física humana é imutável, e que, apesar dos exageros de alguns médicos na prescrição, algo pode sim ter mudado na mecânica do parto, fazendo com que cesáreas sejam mesmo mais necessárias hoje do que há gerações atrás.

Drica Leal disse...

"Acredito, por exemplo, em (hipoteticamente) bebês menores para se adequar à nova bacia feminina. Ou até mesmo, bebês que nascem em idade gestacional menor, para não crescerem tanto... Tô viajando aqui no tipo de evolução que possa ocorrer nos bebês e nos partos..."

Foi isso que eu sugeri, não com essas palavras. Então existe uma "nova bacia"? Se existe, algo na fisiologia do parto mudou, não? E, como você mesma conjecturou, os bebês podem se adaptar à ela, ou não. Ou a adaptação pode não ser simultânea, vai saber.

Josiane Pinheiro disse...

A "evolução" do parto no Brasil é que mudou, só pode! Nós, brasileiras, é que perdemos a capacidade de parir nos últimos 50 anos!
E no resto do mundo continuam nascendo pelas vaginas, alguns países com assistência melhor (e menor mortalidade, como na Inglaterra, Holanda, Alemanha, Japão), outros com assistência pior (e aumento de mortalidade, como países da Ásia). Engraçado que continuam nascendo, e mesmo com mortalidade alta nos países com assistência deficiente a espécie não se extinguiu por lá!

É só no Brasil que a gente precisa de tanta cesárea! É só no Brasil que as mulheres tem o corpo incapaz de parir e precisa ter 90% dos partos com intervenção!

Engraçado ainda é que tem médicos humanizados no Brasil que a taxa de cesárea é em torno de 10% (Jorge Kunh, por exemplo) e sem aumento de mortalidade. Como ele consegue?

Pra pensar, né?

Aconselho assistir http://www.partopelomundo.com/site/videos/

Juba disse...

Não, não existe uma nova bacia. Estamos maiores, pelo acesso a alimentação, e não menores. O que não impede que, SE houver uma alteração óssea desse porte, os bebês se desenvolvam mais devagar e nasçam menores.

Drica, a comparação (e a insistência nela) foi sua.

Carol Prestes disse...

Agora sim um texto digno de ler, com foco, argumentos, objetivo. Perfeito.

O post da J era uma justificativa dela com ela mesma.

Nath Gingold disse...

Que post mais esclarecedor, claro e objetivo, falou tudo que estava engasgado aqui depois do post da "J".
Obrigada Lígia e Lola, por ajudarem a desmistificar algo tão importante!
Eu mesma passei por muita coisa, tenho dois filhos, sendo q a primeira foi de uma cesárea sem necessidade e o segundo tive lindamente em casa, cheia de liberdade e consciencia.
Obrigada!

Feminista capitalista disse...

Nossa, depois desse texto agora tenho certeza absoluta de que não tenho nada a ver com as supermães,e ainda que ele tenha sido muito informativo fico do lado da J e gostei mais do guest post da semana passada.

Até porque esse é o primeiro guest post que vejo que ao invés de contar uma história tem a finalidade de se comparar a outra leitora do blog.

Vi até pessoas questionando qual era o sentido do post da semana e por que ele foi publicado, se esquecendo que o blog da Lola é um blog,dentre outras coisas,de desabefo,que se dispõe a ouvir os outros.

E francamente achei de muito mal gosto chamar a cesárea de “remoção cirúrgica do feto”, é agressivo sim, e ao meu ver totalmente equivocado,pois a palavra tem poder e o efeito psicológico de ler ‘Cesárea’ e ‘remoção cirúrgica do feto’ é diferente e certamente agride as mães que passaram por uma cesárea,sempre conheci o termo como parto cesariano e assim vou continuar utilizando-o,afinal quem disse que só quem tem o bebê pela vagina pode clamar o parto?


Se podemos dizer que boa parte dos brasileiros por aí foi ‘removido cirurgicamente’ da mãe, assim como se fossem uma hérnia, então o que o dizer daqueles que não nasceram via cesárea?
Que foram expelidos pela vagina?
Que sofreram uma expulsão vaginal,através das contrações, assim como se fosse um pompoar?
Pois biologicamente falando é isso mesmo que ocorre, será que as mulheres que passaram por um parto normal não vão mais poder usar essa expressão,porque aparentemente a biologia determina tudo agora?


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Agora sei porque a J se manifestou e ainda que as supermães digam que ninguém atacou,certamente em algum momento ela se sentiu atacada sim, ainda que não tenha sido nos blogs de maternagem, porque se não tivesse se sentido agredida ela não teria escrito aquele post todo, simplesmente nem comentaria o assunto.

Até porque eu vivo ouvindo julgamentos desse tipo por aí na boca do povo :

“Ah essa mulheres tem filho e depois nem cuidam!’’

“Essas mulheres de hoje em dia não querem saber de tomar conta dos filhos’’

Se referindo principalmente as mulheres que trabalham fora, como se fosse um crime a mulher cosnstruir e investir numa carreira.


Só os julgamentos de todos os tipos que fizeram na outra caixa de comentários a respeito das mulheres que contratam babas já me mostra o tipo de ideologia por trás dessas pessoas, a qual eu fico feliz de não concordar.

Até porque isso não é exclusividade das ‘riquinhas folgadas’ as mulheres pobres,da favela, todas tem que sair pra trabalhar e deixar o filho sob cuidado dos outros, só que invés de babá elas deixam as crianças com a avó, tia,vizinha ou na creche;só que isso ninguém contesta.
E antes que alguém as critique por passarem horas fora de casa, afastadas dos filhos,acho que deviam ir lá e pagar as contas delas.

Fora que as supermães contestam (quase) tudo que é dito sobre educação, todo o trabalho de psicólogas,pedagogas,educadoras,pediatras,e especialistas em infância e público que trabalha com elas é posto a prova na base daquela ideologia do tipo:

‘Eu sou mãe, eu sei melhor, esse povo tem filhos?’

Não estou dizendo que esses profissionais são deuses, que podem mandar na vida das outros e que não mereçam serem questionados; mas essas idéias de amaentar até os seis, sete anos, só usar fraldas de pano, serem tão defendidas como se fossem inéditas e como se profissionais fizessem recomendações assim ,a esmo, sem nenhum respaldo, sem nenhum estudo e sem nenhuma observação e experiência assim só por fazer, me tiram do sério.

Drica Leal disse...

É por essas e outras que, quando cogito vagamente ser mãe, considero seriamente a adoção (opa, aí é ser menos-menos mãe?). É mimimi demais pra minha cabeça, e isso pq o único contato que tive com esse ativismo das super mães que sabem-tudo-o-que-é-melhor-pras-outras-e-se-elas-não-concordam-devem-ter-culpa-internalizada foi através desse blog que eu adoro.

Au revoir.

Feminista capitalista disse...

Até porque como disse,essa idéias NÃO são novas, embora venham travestidas de uma certa moderninade, o povo sabe,por exemplo, que deixar os filhos dormirem com os pais na cama até muito tarde PODE trazer conseqüências negativas, e isso não é simples achismo,é conclusão baseada em observação/estudo.

Quanto as fraldas de pano, absolutamente nada contra elas, mas será que as condenam o uso de fraldas descartáveis pensam que todas tem tempo de ficar lavando pano sujo de bosta no tanque?
Será que elas trocariam os absorventes do séc. XXI pelas toalhinhas higiênicas das nossas bisavós?

E ao meu ver a criança merece ter seu desenvolvimento respeitado, elas não são ‘dos pais’,são livres,porque são humanas,seres vivos e merecem serem respeitadas e bem cuidadas,sem exageros. Just my 2 cents.
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A respeito de defender a opção de abandono da profissão e carreira como uma boa alternativa e muito empoderadora, sinto muito, mas a minha pouca experiência de vida, já é suficiente pra que eu não possa concordar com isso,não tenho como.

Não quero constranger e ofender nenhuma dona de casa,ou fazer qualquer julgamento, mas é aquela história, elas tem as crenças delas, eu as minhas, baseadas no meu modo de pensar e de ver as coisas.


Gostei muito do comentário da Sara de que ainda bem não somos naturais, e concordo plenamente, se fossemos nos basear na natureza apenas jamais deveríamos ter inventado a energia elétrica, o protetor solar,o telefone e por aí vai....
Até porque natural mesmo, é um parto assim:

http://www.youtube.com/watch?v=IXSYJeEcifI

Ou até mesmo em pé,com o nenê escorregando pra fora da vagina dilatada como muitas mulheres já tiveram seus filhos na pré-história.

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*Quanto a você que teve a mãe derruabada e arrastada pelo hospital, não considero isso violência obstétrica... considero SLEVAGERIA E BARBÁRIE pura, totalmente inadmissível, transformaram o grande dia do nascimento de seu irmão em um trauma pra ela; um enorme de absurdo, esses.... esses... ‘médicos’, se é que são dignos de serem chamados assim mereciam ter o CRM caçado e serem proibidos de exercerem a profissão.
Inacreditável, a saúde pública do Brasil é um caos, uma bagunça total, fiquei bem triste com seu depoimento, porque até agora jamais imaginei que uma coisa horrível dessas fosse existir no mundo,ainda mais na hora de parir. É de cortar o coração mesmo!

Feminista capitalista disse...

Quanto a J. deixo aqui o meu grande abraço,um beijo e digo
Não se sinta sozinha querida,tem gente que está do seu lado e concorda contigo;
EU ESTOU COM VOCÊ!
Força e tenho certeza de que você não é ‘menasmain’ e sim MUITOMAIN, A MELHOR QUE VOCÊ PODE SER.
Nem leve a sério pessoas que usam esse tipo de argumento pra te ironizar.
Pra você todo o meu carinho,pois eu sei como é se sentir injustiçada e ainda por cima ninguém te entender, mas sei que isso não vai te abalar pois você já mostrou com seu guestpost ter opinião e personalidade forte.


Pra concluir só digo que meu post foi mesmo enfezado, propositalmente, pois me senti muito irritada com o uso do termo ‘remoção cirúrgica do bebê’ e ainda depois ter que ler algo na linha:
“É isso mesmo e tá acabado, sem mimimi’’


Enfim, eu até ia fazer alguns comentários no outro post,mas nem vou mais, vou ficando por aqui e me abster de comentar e ler sobre esses posts relacionados a maternidade por alguns meses, pois definitivamente esse assunto MEXE COM MEUS NERVOS.

Náy Rocha disse...

Concordo com tudo o que vc disse, Feminista Capitalista!

aquarela surrealista disse...

"... Usamos Super Bonde em neuricurgia para colarmos tecidos cerebrais, parabéns,medicina é lotada de manobras esquisitas para um bem comum: o melhor para o paciente!..."

Off(uau,eu confesso SEM batom,que fiquei absurdada,doutora...se este é mesmo um procedimento habitual para colagem de tecidos cerebrais,se não foi uma brincadeira de sua postagem ´só para ver quem a leria até ao fim,por favor,fale,mais sobre isto,sim??)

Anônimo disse...

Achei o post da Lígia fantástico e esclarecedor. Uma pena que muitas ativistas não assumam essa posição. Como disse no post da J., já li alguns posts em blogs feministas e já entrei em blogs de maternidade (uma parenta muito querida está grávida no momento) e fiquei bem chocada com o que eu li, com as condenações e a arrogância como certas temas foram tratados.

Na minha opinião, dizer que o parto natural é salvação, o caminho para alcançar a maternidade perfeita e iluminada, que nunca jamais haverá dor (ou que é suportável SEMPRE), problema e tudo será lindo é tão cretino e mentiroso quanto dizer o mesmo sobre a cesárea.

Me deixou um pouco triste o comentário da Confesso do Batom. Ficou claro que a mulher grávida nada mais do que o subproduto da gravidez. Como quase sempre todas nós mulheres, em algum momento seremos o subproduto dos nossos órgãos reprodutivos. Me pergunto se nesses hospitais que ela frequentou,durante o pré natal ou mesmo durante o trabalho de parto alguém explicou para as parturientes como elas deveriam fazer força, se alguém explicou ou ofereceu meios de aliviar a dor que em alguns casos será SIM excruciante.

Quanto a violência obstétrica, eu não sei se existe punição suficiente para quem a pratica. Só consigo pensar que uma vez denunciado, o profissional deveria ter uma chance para modificar sua conduta. Segunda denúncia o diploma deveria ser cassado e ele/ela jamais deveria atuar na área de saúde novamente. JAMAIS!!!! Nem pra trocar um curativo!!!


Jane Doe

Anônimo disse...

Me deixou um pouco triste o comentário da Confesso do Batom. Ficou claro que a mulher grávida nada mais do que o subproduto da gravidez. Como quase sempre todas nós mulheres, em algum momento seremos o subproduto dos nossos órgãos reprodutivos. Me pergunto se nesses hospitais que ela frequentou,durante o pré natal ou mesmo durante o trabalho de parto alguém explicou para as parturientes como elas deveriam fazer força, se alguém explicou ou ofereceu meios de aliviar a dor que em alguns casos será SIM excruciante.


Jane Doe ,

Eu sou formada numa escola onde provavelmente aprendi o mesmo que a confesso .: episiotomia era obrigatória,tricotomia tambem.Nao lembro se ouvi algum insulto verbal a alguma gestante, ja faz 16 anos, e eu era aluna, mal tocava nas gestantes.Pelo menos nunca vi fila de alunos para fazer toque vaginal, ja que se alguem o fazia , era unicamente o residente e/ ou o aluno que estavam de plantão,
Muitos dos partos que acompanhei eram de gestantes de alto risco( com lúpus, hipertensão) e quase sempre evoluíam pra cesárea de urgência,O problema de fazer estagio em hospital terciario e este : você acaba recebendo muitos casos de alto risco( pois o hospital e referência ) e nao tem muita oportunidade de acompanhar o parto "normal " .Para corrigir o problema, fizeram um estagio num hospital de pequeno porte da cidade, onde so se recebia gestante de baixo risco,mas o estagio era so de um mês.
Os poucos partos normais que acompanhei , nao me recordo de palavras agressivas pra gestante .Me recordo de explicarem e ensinarem a gestante a fazer " força pro bebe sair" , me recordo tambem da episiotomia obrigatória de um lado so " para nao estragar o parque de diversões do marido" ( dessa parte eu tenho vergonha ); da tricotomia obrigatória, e da analgesia de parto,, se fosse necessário.
Na parte que a Confesso cita que a gestante nao pode " chutar o medico" vou contar que presenciei uma cena assim: a mulher chutava pra tudo quanto era lado e na hora de fazer a episiotomia ( obrigatória?) a residente ate se cortou com um dos solavancos da gestante,
Faz 16 anos, nao lembro bem o que foi dito, eu como aluna acompanhei e ouvi o que me foi falado.: que a mulher exagerou nos gritos,nos chutes, etc.Mas hoje, relembrando a cena paro pra pensar : será que nao faltou um pouco de paciencia da equipe para conversar com essa gestante e tentar acalma- la??ela devia estar morrendo de medo de de dor....
Hoje,pode ser que o ensino tenha mudado,Tenho dois colegas formados na mesma universidade que vivem postando coisas sobre parto humanizado , sem intervenções desnecessárias e parece que ambos estão dentro do meio universitário,dando aulas,conferencias.quem sabe o ensino nao esteja mudando para um modelo mais humanizado??
Ouvo dizer que na UNICAMP ha grupos de pesquisa com parto de cócoras,parto na água,etc...
Ouvi dizer uma vez , que se você for um profissional da area, e quiser ser ouvido e respeitado você deve fazer isso dentro de uma universidade,pois do contrario pode ser taxado como um louco que vive gritando aos quatro ventos e ninguém te escuta,( faz sentido, nao sei se procede ).. ..entao existem pessoas , médicos,no meio universitário, que estão engajados nesse luta por um parto mais humanizado (quero dizer : nao necessariamente o normal,mas o que for melhor pra aquela gestante pro bebe,feito com respeito ).... Ja e um começo.!!! Claro que nao invalida a luta das mães que nao são do meio medico., acho que ambas podem correr em paralelo ou ate se unir!!!
Beijos

Liana hc disse...

Muito bacana o texto da Ligia, deu uma visão mais global do assunto. O texto da J foi mais em tom de desabafo. As duas visões rendem um bom debate, se soubermos apreveitar a deixa.

Leila disse...

Olha, eu tenho vontade de mandar as moçoilas que tratam cesária de "extração cirúrgica do bebê" irem expulsar vaginalmente seus bebês agachadas no meio do mato, sozinhas como as índias, pois é bem mais natural e certamente isso as fará realmente mães.
As palavras são cheias de ideologia. E, que coisa, essa discussão é triste. Essa outra, uma MÉDICA, a tal do baton, que considera as mães apenas coadjuvantes do grande objetivo que é o bebê, tudo bem, minha senhora, mas seu pensamento não é diferente daquele do pessoal "pela vida".
A mulher que vai parir, seja parto vaginal, seja cesariana, deveria ser o centro do processo, o centro das decisões, e o seu bem estar deveria sim ser importante. Dor durante horas não é pouca coisa. Partos extremamente dolorosos e prolongados têm relação direta com depressão pós-parte. Ou vai ver que esse clube pensa que depressão pós-parto e mimimi também...
Que assunto difícil...

Graciema disse...

Adorei o post, e as discussões posteriores. E embora seja ativista pelo parto normal, algumas colocações do povo contrário são pontos muito relevantes, e me fizeram repensar algumas coisas, inclusive sobre a arrogância.

Confesso de Batom...o seu comentário reflete muito a mentalidade dos médicos que eu conheço, e que em parte, eu detesto. A arrogância. Só nós médicos que sabemos, só nós médicos que podemos, etc. Não contesto a importância da faculdade de medicina, nem do papel do conhecimento e do treinamento dos médicos, é obvio. Mas a atitude de eu sou deus e você não sabe de nada. Por exemplo, é ilegal epsio sem autorização do paciente. Mas é muito raro que seja sequer comunicado à mulher que o procedimento, sobre o corpo dela, será feito.

Veja o trabalho de bons médicos sobre a humanização do parto, no blog da Ligia tem um bom material. A desnecessidade da epsio, do soro com ocitocina, posição deitada obrigatória...

Ser contra o grito...sério, já reparou que os músculos abdominais se contraem quando você grita? E se você está amarrada na cama de parto como um bicho, que outra alternativa pra lidar com a dor você tem? Nem escolher uma posição mais confortável, e na qual a gravidade trabalhe a favor, ao invés de contra, você pode.

Refuto aqui também seu argumento sobre a cesária por opção. A mulher pode optar sim. Existe essa opção, pq só o médico que pode optar por ela? Claro que é um cirurgia de grande porte, e implicações médicas devem ser consideradas, mas a forma como você coloca, não deixa nenhuma voz à mulher. Nessa linha, vamos aposentar os cirurgiões plásticos, deixando, talvez, a plástica restauradora.

Esse é um tema caro pra mim. Tive dois partos vaginais, um hospitalar, e tão invasivo e humilhante, com uma epsio nunca mencionada pela obstetra que me incomoda até hoje, 13 anos depois, inclusive no sexo, que optei por ter minha filha em casa, e considero essa uma das melhores decisões da minha vida. E claro, ouvi horrores sobre a minha irresponsabilidade, sobre e se eu tivesse matado a minha filha (eu me matado não importa, afinal, sou um receptáculo de bebês, né?). Porque gente pronto a patrulhar a MINHA decisão livre (e dessa vez informada)tem de monte. Como tem também pro pessoal que escolheu o parto cesário. Como tem no parto hospitalar. Como tem em qualquer decisão que eu tomar sobre ser mãe e sobre meu corpo.

E por último, como confissão mesmo, como desabafo, e não por advogar isso, me arrependo até hoje de não ter esmurrado, como tive muita vontade, a minha obstetra. Certamente não ia ajudar em nada, e acho que ela tinha certeza de que estava fazendo o correto. Mas que eu ia me sentir melhor com meu primeira parto hoje, ah se ia.

Anônimo disse...

Graciema,


Nao sei se pela LEI e proibido fazer episio sem consentimento da gestante,Mas pelo código de ética medica e proibido efetuar qualquer procedimento sem o consetimento e esclarecimento prévios ao paciente/ e ou familia ( no caso de estar sedado, inconsciente ou de ser incapaz a familia que autoriza)
Exceções :
- perigo iminente de vida ( nao ha tempo pra perguntar se o paciente concorda ou nao, senao ele morre)
E so!!!Qualquer outra exceção ou brecha e papo furado.
Beijos,:)


Anônimo disse...

Achei o texto bem equilibrado, mostra uma face mais serena do ativismo, quando se defende uma bandeira, sem ofender ou reduzir à insignificância quem não comunga do mesmo entendimento. Contudo, pessoalmente, confesso compartilhar do ponto de vista da J, acerca da vida, carreira e família.

Anônimo disse...

O texto é interessante e mostra uma visão menos passional do ativismo. Mas há um trecho em que se percebe uma censura velada às opções da J. É o seguinte: Se você não sente culpa e não tem do que sentir, relaxe. Ninguém vai conseguir criar algo que não tem porque existir. A não ser que tenha.

Anônimo disse...

A Lígia mostrou maturidade em suas colocações, respeitando quem dela pensa de forma diferente. Não quis crucificar a J. Trouxe um discurso de aproximação, acolhendo a possibilidade que todos não tenham a mesma visão de vida. Bem diferente da arrogância com que se manifestam muitas ativistas, como uma comentarista que disse que havia "perdido 5 minutos de sua vida", lendo o texto anterior. Nossa! E com quantas milhões de atividades perdemos 5 minutos na vida? Quantas coisas sem importância roubam nosso tempo e nossa atenção? Desnecessário tal tipo de comentário. Um desserviço ao debate, que, certamente, tem sido proveitoso

Anônimo disse...

Estou com o anônimo das 19:38

E alguém ai em cima crucificou a J . Por " nao ter nem coragem de assinar o próprio nome"
Pelo nível de alguns comentários,acho que ela fez muito bem em nao ter assinado e se preservar.
Muitas pessoas escrevem guest posts anônimos,muitas pessoas escrevem aqui desabafos anônimos e muitas ate xingam e ofendem os outros aqui em anônimo,( esses que xingam em anônimo nem deveriam ter o comentário aprovado, Lola,mas o blog e seu e vc que sabe, so minha opinião)
Nao sei qual o problema em ela ter preferido se manter no anonimato, ja que nao xingou nem ofendeu ninguém...

Juba disse...

Confesso de batom, se a mãe fazia "força errado", era puxo dirigido, não é? Se estivesse no expulsivo de fato, os puxos seriam involuntários. Puxo dirigido, de acordo com a literatura médica, é uma das maiores causas de trauma perineal.

Sara disse...

Feminista Capitalista adorei o vídeo, e acho q as ativistas do parto natural devem se espelhar nesse exemplo, mais natural impossível....

http://www.youtube.com/watch?v=IXSYJeEcifI

Sara disse...

Ou ter a sorte dessa aqui

http://www.tvi24.iol.pt/acredite-se-quiser/gravida-parto-enquanto-dorme-sarah-pearson-reino-unido-bebe-charlie--tvi24/1503519-4088.html

Anônimo disse...

Realmente... no Brasil as mulheres evoluíram tanto que perderam a capacidade de parir. Eu tive meu primeiro filho no Brasil por meio de uma cesárea indesejada e desnecessária. Me mudei pra Alemanha e desevoluí e com meus 1m60 pari um bebê de 3,500 kg... voltei pras cavernas na Alemanha! o.O Só é contra o ativismo pelo parto normal quem não tem conhecimento nenhum sobre o assunto. Demorei ANOS pra perceber que a minha cesárea foi completamente desnecessária, parabéns para essas ativistas que tentam alertar outras mulheres sobre o sistema cesarista, que continuem lutando para que nenhuma mulher passe por violência obstétrica, que as escolhas sejam de fato conscientes e informadas. "Que as nossas histórias não sejam ignoradas" Jana

Shy Torres disse...

Bom, ei li o guest post da "J", fiquei com preguiça de responder, não porque não respeito as escolhas dela, mas porque ainda vejo o quanto falta informação as pessoas (não só a "J", mas a todas que crucificaram a luta da humanização do parto).
Estou emocionada com o texto tão intelecto e completo da Lígia, Lola você arrasou colocando alguém tão bem esclarecida para poder responder o outro guest post.
Não entrando no mérito lúdico e sim real, eu passei por uma cesárea enganada, eu sei o que diz respeito a violencia obstétrica, mesmo tendo tido um suporte maravilhoso, um quarto igual ao de um hotel, um medico que quando eu reclamava de dor me dava remedios a base de morfina para me aliviar. Eu fui privada de parir e sem opção tive meu filho SIM arrancado de dentro de mim sem escolhas, hoje empoderada estou em busca do meu VBAC, e esse VBAC significa uma escolha minha e não de outrem, isso que é poder, isso é direito mínimo, que infelizmente hoje no Brasil não é considerado, não é respeitado. Quanto a questão para quem diz que é mais main, menas main, eu só digo que tenho preguiça também, são pessoas que precisam se autoafirmar de ser boa o suficiente ou não.
Acredito que a luta digna da humanização do parto, é marginalizada e por isso as mulheres se sentem tão oprimidas a opções e acabam se rendendo as situações mais simples e fáceis.
De qualquer forma, o que quero dizer com tudo isso é que amo ser a XIITA da familia, a louca e a que vem transmitindo informações a pessoas que não as tem!
É isso!

Shymenni Moura dos Santos Torres - Mãe - Profissional - Ativista!

Karoline W. disse...

Adorei seu texto. Muito bom mesmo.

Anônimo disse...

Também gostei do texto. Mas não concordo com o viés quase messiânico que se quer dar ao ativismo. Se se pretende "salvar mulheres do obscurantismo", que se mire, ao menos, apenas quem desejar ser salva. A "iluminação" da ignorância desborda para o desrespeito à liberdade de pensamento alheia. Não é o caso da Lígia, mas sim da maioria das ativistas comentaristas.

Feminista capitalista disse...

Náy

Obrigada pela força!! achei que ninguém fosse concordar visto o escracho que muitas comentaristas deram na J.

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Sara

Rsrsrs, essa sim deu sorte! a natureza se encarregou de tudo enquanto ela dormia, se bem que houve negligência do hospital em mandá-la pra casa na hora errada.
O bebê basicamente saiu sozinho!

Anônimo disse...

Hája paciência para ler alguns comentários aqui!Será que ALGUMAS ativistas não entendem que muitas mulheres possuem toda a informação sobre o parto normal e PARTO cesárea e mesmo assim NÃO QUEREM de forma alguma um parto normal?Será que é preciso desenhar para que elas entendam????Eu sou uma das que OPTARAM pela cesariana.Ninguém me obrigou, ninguém me induziu, não sinto nenhum trauma,só não queria ficar horas e horas sentindo dor,não vejo a mínima necessidade disso hoje em dia.Se no exterior, o parto vaginal é maioria, bom para o governo de lá, que economiza horrores com os partos!!!Por isso eu peço, por favor ativistas xiitas em pról do parto normal, não tentem me salvar!!!


Karina

Marisa disse...

"Médicos da minha familia me amam e me diriam, caso a cesárea não fosse boa opção, para não fazê-la " . Muita ingenuidade!! Aliás, muita falta de conhecimento de uma das causas de haver muitas cesáreas: o mito da cesárea como "parto mais seguro" . Faltou comentar isso, e essa frase dela me incomodou profundamente! Excelente texto.