A S. me enviou este relato terrível, terrível. Não sei nem o que dizer, além de que o sujeito que a estuprou é um estuprador em série (alguma dúvida que ele fez isso outras vezes?), e creio que ele sabe disso. Devemos lutar e denunciar sempre. O fato de toda sobrevivente de estupro sentir-se culpada diz muito sobre a educação que recebemos e a cultura em que vivemos.
Saúdo você com alegria, mas venho, como outras, relatar mais um triste caso de estupro. O meu.
O ano é 1990.
Sou bem nascida, bem criada, tida como uma moça bem mais bonita que a média.
Tinha 18 anos e viajei de férias para a cidade onde moram meus primos.
Cheguei lá, me senti livre de todas as amarras que me prendiam aqui na metrópole. Livre dos olhares censores dos meus pais. Passando férias apenas com primos tão jovens quanto eu, achei que poderia fazer qualquer coisa.
Num domingo, fomos ao clube. De longe, eu o vi. Era lindo, loiro de olhos verdes. Tinha 24 anos e eu, como já disse, 18. Trocamos olhares e eu fiquei a fim dele. De cara.
Mergulhei na piscina e ele me seguiu. Quando se ergueu debaixo d’água, veio direto me beijar. Ficamos naquele domingo e eu gostei. Combinamos de nos ver no sábado seguinte.
Chegando o sábado, nos encontramos às 11 horas, numa dessas barracas de praia. Ele me disse que morava ali perto e que era mergulhador. Me convenceu a ir à casa dele ver umas fotos de mergulho. Lá chegando, percebi que ele tentou esconder minha chegada da avó e da empregada. Fomos ao quarto dele.
Eu, repito, queria beijá-lo, ficar com ele, viver um amor de verão e, ingenuamente, ver as tais fotos. Mas, como eu era virgem, não vislumbrei nenhuma possibilidade de sexo. Sexo para mim dependeria de um relacionamento estável com alguém que eu confiasse, o que não era o caso.
De repente, enquanto me mostrava coisas pessoais, como cds, livros ou sei lá mais o quê, ele saiu do quarto. Voltou logo em seguida, trancou a porta do quarto e se transformou. Aumentou o som. Me arrastou até a cama. Disse para eu ficar quieta e não fazer barulho.
Tirou minha canga e meu biquíni à força, tampou minha boca com as mãos para eu não gritar. Subiu em cima de mim e me violentou até ficar satisfeito, sem qualquer cuidado com a minha dor. Eu tive medo. Não gritei, fiquei estática. Não dei um pio. O rapaz não recuou, e eu tenho certeza de que percebeu que eu não estava gostando.
Depois, me obrigou a tomar um banho, escondida da família dele. Saímos andando e voltamos a pé à praia.
Ele fez um discurso de arrependimento. Afirmou que uma moça que entra no quarto de um cara quer sexo. Que ele só "agiu como homem”, porque “achou que eu queria”. Também afirmou que só acreditou que eu era mesmo virgem quando percebeu o sangramento.
Eu fiquei calada, até meus primos retornarem para me buscar, às 14 horas, horário combinado.
No dia seguinte, por puro azar, eu o encontrei em outra praia. Ele já estava com outra moça e passou a tarde com ela, se amassando na minha frente, o que me fez sentir um inimaginável nojo de mim mesma.
Na época, eu tinha uma paquera onde morava. Quando voltei, contei a ele, que disse que não queria mais saber de mim, porque eu não era mais virgem. Desesperada e tomada pela culpa, acreditando que tudo não passou de um erro meu, acabei fazendo sexo com esse cara, como se fosse um pedido de perdão. Uma obrigação, porque afinal, nas palavras dele: “Regulei tanto e acabei perdendo minha virgindade a troco de banana”.
Ainda era adolescente e, perdida, comentei com algumas pessoas. Umas tentaram minimizar a gravidade do caso, outras passaram a me rotular como problemática. Hoje as pessoas que convivem comigo não fazem ideia de que passei por isso.
A lembrança desse estupro devastou minha juventude, minha fé na humanidade, minha alegria de viver. De verdade. Chorei compulsivamente. Me desvalorizei a vida inteira. Sei que eu teria voado voos muito mais altos se isso não tivesse acontecido.
Nenhuma palavra descreve a devastação que um estupro causa na autoestima de uma pessoa. Só eu e as que passaram por isso podem dizer. Você se arrasta por meses, as lembranças voltam, você tem pesadelos, sentimentos de autopunição e vingança. Você até tenta amar o homem que te estuprou para purgar a dor. Imagina um romance reparatório das suas lembranças. Tudo o que te acontece de ruim imediatamente remete àquelas imagens gravadas em sua mente. Você fica frágil, vulnerável, hiper sensível às palavras dos outros.
A sensação é de andar nua na rua, com uma multidão em volta de você, que não te enxerga, enquanto você está sangrando.
Passei anos me julgando, analisando se eu de fato dei motivos, se eu não estava excitada e o deixei fazer o que eu já queria há muito tempo. Me convenci que não. Eu tinha o direito de não querer, nem que fosse no último segundo, e ele tinha o dever de não me obrigar.
Dois anos depois, vivi uma outra tentativa de estupro, em outras circunstâncias totalmente diferentes. Esse estupro não se concretizou exatamente porque eu, ainda que estivesse um pouco bêbada, me recusei a passar por todo o processo de novo. Dessa vez lutei, mordi, gritei. Experiente afinal, pensei: “Ele só vai conseguir se me matar!”
Hoje não lembro com exatidão do pavor do futuro que senti naquele dia de 1990.
Tenho 41 anos. Me casei, me separei e tenho um filho pequeno. Afirmo que gosto de sexo. Porém, tenho problemas incríveis para me relacionar e confiar no outro. E ainda choro de pena de mim quando, como agora, enquanto digito este email, me lembro de que eu era apenas uma menina.
Deixo o meu relato a você, torcendo para que, de alguma forma, ele possa ajudar outras mulheres a não sentirem a dor que eu senti. E ainda sinto.
O ano é 1990.
Sou bem nascida, bem criada, tida como uma moça bem mais bonita que a média.
Tinha 18 anos e viajei de férias para a cidade onde moram meus primos.
Cheguei lá, me senti livre de todas as amarras que me prendiam aqui na metrópole. Livre dos olhares censores dos meus pais. Passando férias apenas com primos tão jovens quanto eu, achei que poderia fazer qualquer coisa.
Num domingo, fomos ao clube. De longe, eu o vi. Era lindo, loiro de olhos verdes. Tinha 24 anos e eu, como já disse, 18. Trocamos olhares e eu fiquei a fim dele. De cara.
Mergulhei na piscina e ele me seguiu. Quando se ergueu debaixo d’água, veio direto me beijar. Ficamos naquele domingo e eu gostei. Combinamos de nos ver no sábado seguinte.
Chegando o sábado, nos encontramos às 11 horas, numa dessas barracas de praia. Ele me disse que morava ali perto e que era mergulhador. Me convenceu a ir à casa dele ver umas fotos de mergulho. Lá chegando, percebi que ele tentou esconder minha chegada da avó e da empregada. Fomos ao quarto dele.
Eu, repito, queria beijá-lo, ficar com ele, viver um amor de verão e, ingenuamente, ver as tais fotos. Mas, como eu era virgem, não vislumbrei nenhuma possibilidade de sexo. Sexo para mim dependeria de um relacionamento estável com alguém que eu confiasse, o que não era o caso.
De repente, enquanto me mostrava coisas pessoais, como cds, livros ou sei lá mais o quê, ele saiu do quarto. Voltou logo em seguida, trancou a porta do quarto e se transformou. Aumentou o som. Me arrastou até a cama. Disse para eu ficar quieta e não fazer barulho.
Tirou minha canga e meu biquíni à força, tampou minha boca com as mãos para eu não gritar. Subiu em cima de mim e me violentou até ficar satisfeito, sem qualquer cuidado com a minha dor. Eu tive medo. Não gritei, fiquei estática. Não dei um pio. O rapaz não recuou, e eu tenho certeza de que percebeu que eu não estava gostando.
Depois, me obrigou a tomar um banho, escondida da família dele. Saímos andando e voltamos a pé à praia.
Ele fez um discurso de arrependimento. Afirmou que uma moça que entra no quarto de um cara quer sexo. Que ele só "agiu como homem”, porque “achou que eu queria”. Também afirmou que só acreditou que eu era mesmo virgem quando percebeu o sangramento.
Eu fiquei calada, até meus primos retornarem para me buscar, às 14 horas, horário combinado.
No dia seguinte, por puro azar, eu o encontrei em outra praia. Ele já estava com outra moça e passou a tarde com ela, se amassando na minha frente, o que me fez sentir um inimaginável nojo de mim mesma.
Na época, eu tinha uma paquera onde morava. Quando voltei, contei a ele, que disse que não queria mais saber de mim, porque eu não era mais virgem. Desesperada e tomada pela culpa, acreditando que tudo não passou de um erro meu, acabei fazendo sexo com esse cara, como se fosse um pedido de perdão. Uma obrigação, porque afinal, nas palavras dele: “Regulei tanto e acabei perdendo minha virgindade a troco de banana”.
Ainda era adolescente e, perdida, comentei com algumas pessoas. Umas tentaram minimizar a gravidade do caso, outras passaram a me rotular como problemática. Hoje as pessoas que convivem comigo não fazem ideia de que passei por isso.
A lembrança desse estupro devastou minha juventude, minha fé na humanidade, minha alegria de viver. De verdade. Chorei compulsivamente. Me desvalorizei a vida inteira. Sei que eu teria voado voos muito mais altos se isso não tivesse acontecido.
Nenhuma palavra descreve a devastação que um estupro causa na autoestima de uma pessoa. Só eu e as que passaram por isso podem dizer. Você se arrasta por meses, as lembranças voltam, você tem pesadelos, sentimentos de autopunição e vingança. Você até tenta amar o homem que te estuprou para purgar a dor. Imagina um romance reparatório das suas lembranças. Tudo o que te acontece de ruim imediatamente remete àquelas imagens gravadas em sua mente. Você fica frágil, vulnerável, hiper sensível às palavras dos outros.
A sensação é de andar nua na rua, com uma multidão em volta de você, que não te enxerga, enquanto você está sangrando.
Passei anos me julgando, analisando se eu de fato dei motivos, se eu não estava excitada e o deixei fazer o que eu já queria há muito tempo. Me convenci que não. Eu tinha o direito de não querer, nem que fosse no último segundo, e ele tinha o dever de não me obrigar.
Dois anos depois, vivi uma outra tentativa de estupro, em outras circunstâncias totalmente diferentes. Esse estupro não se concretizou exatamente porque eu, ainda que estivesse um pouco bêbada, me recusei a passar por todo o processo de novo. Dessa vez lutei, mordi, gritei. Experiente afinal, pensei: “Ele só vai conseguir se me matar!”
Hoje não lembro com exatidão do pavor do futuro que senti naquele dia de 1990.
Tenho 41 anos. Me casei, me separei e tenho um filho pequeno. Afirmo que gosto de sexo. Porém, tenho problemas incríveis para me relacionar e confiar no outro. E ainda choro de pena de mim quando, como agora, enquanto digito este email, me lembro de que eu era apenas uma menina.
Deixo o meu relato a você, torcendo para que, de alguma forma, ele possa ajudar outras mulheres a não sentirem a dor que eu senti. E ainda sinto.
61 comentários:
Eu sinto muito... :(
Espero que você ainda possa alcançar voos enormes na sua vida, você é nova e merece ser hiper feliz.
Conheço o bastante da cultura do estupro e sei identificá-la principalmente depois que conheci o feminismo. Antes era apenas algo normal e que nós meninas, deveriamos ter cuidado.
Se cuida... :)
Coração em pedaços.
Moça, já pensou em procurar um psicólogo? Não é por você ser ~problemática~, e sim para lidar melhor com o horror pelo qual passou, pois vc ainda sofre muito com isso. Ninguém merece se sentir da maneira como você contou, e lamento muito que isto tenha acontecido, mais do que jamais poderei escrever.
Desejo imensamente que você consiga ficar bem, e acho que uma terapia pode ser o caminho.
Acho que a única coisa boa nisso é que com certeza você criará um menino que será um homem, e não um estuprador.
E tente não absorver o chorume de pessoas mortas por dentro, sem o mínimo de empatia, que tentam imputar a você algum tipo de culpa. É um processo difícil, mas você não precisa desta energia.
Fique em paz, S.
"Você até tenta amar o homem que te estuprou para purgar a dor. Imagina um romance reparatório das suas lembranças."
Fico imaginando o nível de desespero e de dor necessário para que a mente busque se reparar dessa forma. "Papel de homem?" papel de criminoso, isso sim.
Não é nada agradável ter que ler depoimentos assim, mas vejo que é cada vez mais necessário.
Primeiramente, gostaria que sentisse o meu abraço amigo e apertado, q é o q eu gostaria de lhe dar pessoalmente. Não se culpe, pois eu me coloquei no seu lugar, e todas nós fomos adolescentes e queríamos viver um amor de verão. Vc não fez nada de mais, nada q uma jovem não faria!
Imagino q ainda hoje a sua dor seja latente e q essas lembranças tragam sofrimento. Eu não sei se vc já tentou, mas sugiro q vc busque um bom psicológo para lidar com esse trauma e fazer com que toda essa dor fique um pouco menor e vc viva melhor. Muitas vezes outras pessoas (como amigos, citados no seu relato) não estão preparados e acabam falando coisas q nos ferem, então a ajuda especializada é mais do q bem-vinda. Desejo toda sorte do mundo pra vc ^^
Ele arrancou sua roupa, te segurou, aumentou o som, depois tentou te convencer que não foi estupro. Ele é um estuprador e possivelmente sociopata. Mas com certeza ele sabe de tudo isso, e só vai parar quando o risco de ser pego for muito grande.
Nossa... impossível encontrar qualquer palavra que possa exprimir o quanto eu lamento que isso tenha acontecido com você (e com tantas outras mulheres). Vontade de colocar todas aqui, no meu peito, abraçar e fazer cafuné pra ver se passa um pouquinho da dor...
Ô gente, pelo amor de Deus, quando é que isso vai acabar?
Mascus, vocês não sentem, ao ler relatos como este, que tem alguma coisa MUITO errada nessa lógica machista? Nenhuma empatia é despertada em vocês ao ler que a vida de uma menina foi simplesmente arruinada por um homem que se julgou no direito de usar seu corpo contra sua vontade?
A unica razão de não se sentir compaixão com esse tipo de depoimento é uma certa psicopatia, eu creio.
Estamos com você, Moça! Muita força! Coragem! E MUITO OBRIGADA pela confiança em dividir com a gente essa história.
S., por favor, não se martirize mais. Não deixe que a falha imperdoável de um monstro, um demente degenerado te leve a questionar suas atitudes. Não se torture encontrando possíveis motivos porque simplesmente NÃO HÁ JUSTIFICATIVA pra uma atrocidades dessas. Ele pode ter roubado anos preciosos da sua vida, mas não permita que continue a fazê-lo com seu futuro. Você ainda é jovem, inteligente e, se me permite sugerir um conselho, dê um voto de confiança às pessoas. Sei que as cicatrizes permanecerão, mas se permita mais! Não deixe que a figura de um psicopata te impeça de ver virtudes em outros homens. Sim, há homens generosos e companheiros. Desejo que muito em breve você consiga se lembrar desse episódio sem chorar de dó de si mesma. Tenho confiança que você conseguirá converter a fraqueza do seu agressor em força pessoal. Muito amor e fé!!
Com certeza esse cidadão já fez isso outras vezes... infelizmente.
Infelizmente, nossa sociedade trata tão bem - NOT - vítimas de estupro que essa é mais uma que não denunciou (acredito que a maioria não denuncia).
Eu recomendaria fazer terapia - não vai curar a dor, mas ajuda a lidar melhor com a situação pela qual passou.
Nossa, super triste seu relato mas você não é culpada, seja forte e siga com a sua vida. Não deixe algo que aconteceu a tanto tempo tirar ainda hoje o seu brilho e o brilho da sua vida. Ele não vale nada mas você é forte, guerreira uma lutadora e que Deus pois creio nele te abençoe. Beijos e um futuro brilhante.
To completamente devastada com esse depoimento. Tive que segurar as lágrimas porque, creio eu, não é permitido ficar lendo o blog da lola no trabalho.
Admiro a coragem da S de ter contado sua historia e a força por ter continuado a viver sua vida, mesmo com medo, ao invés de querer acabar com tudo de uma vez.
Sinto-me ainda pior por ter visto que não houve nenhum apoio de seus amigos ou familiares sobre o caso. Isso é, na minha opinião, ainda pior do que o próprio acontecimento.
Eu só espero que um dia esse estuprador sociopata sofra as consequencias de seus atos, e que, um dia, possamos fechar essa fabrica de estupradores sociopatas que a nossa sociedade é responsável por construir e manter.
Não há muito o que ser dito. Apenas lamentar todo esse trauma e prejuízo na sua vida. Você provavelmente viveu uma situação de stress pós-traumético que somente muita terapia poderia resolver, mas na sua situação, uma menina estuprada e ainda humilhada, entendo que seria demais cobrar de vc todo o discernimento necessário para tratar isso tudo como deveria ser tratado. Desejo que você continue a vida e deixe isso para trás de uma vez por todas algum dia. Fique com Deus.
O seu relato mostrou pra mim que ficar me martirizando e revivendo o passado, alimentando o passado só vai ferrar a minha vida, mais até do q o que me aconteceu - que deve ter durado uns 15 minutos no máximo. E que não vale a pena esticar essa dor vinte, trinta anos, a vida inteira, porque não resolve o que já foi e impede o futuro de florescer em toda sua abundância. Vou pensar com muito carinho nessa lição, obrigada por dividi-la conosco.
completamente sem palavras.
ele deve ter feito isso a vida inteira. estuprador em série. terrível.
o pior disso tudo é q, se houvesse denúncia, ela seria julgada e condenada, e ele desculpado e compreendido.
até qdo?
e o rapaz q ela paquerava? ela confiou nele, procurou apoio e o q recebeu em troca? indiferença e julgamento. ele, como o estuprador, tb achou q ela fez sexo, q ela transou!! e pensou apenas NELE e no que ELE perdeu!!
qual o problema desses homens?
tá td muito errado.
é impossível eliminar completamente a violência contra a mulher. sei disso. mas é possível tratar de forma mais adequada a vítima dessa violência. enqto a mulher for responsabilizada pela violência q sofre, será difícil para a vítima superar o trauma. pelo menos esse entendimento a sociedade precisa desenvolver.
Um dia já disse que enquanto não houver uma resposta à altura pelas próprias vítimas, ninguém se interessará em mudar a situação. Se as mulheres violentadas começarem a matar seu agressor em legítima defesa, um dia mudarão as leis e este crime será então punido. Até lá, continuaremos a ouvir relatos e muita gente gritando e nada fazendo como até hoje.
Muito triste, uma vida inteira de dor por causa de um criminoso.
Força, moça!! Procure ajuda especializada. Sei que não vai desaparecer com a sua dor, mas ajudará bastante.
Abraços e abraços apretados.
Eu, sinceramente, não consigo entender pq ainda vivemos sob essa 'cultura do estupro'... Não consigo ao menos imaginar o quanto você sofreu e sofre ou, pior ainda, como reagiria se soubesse que algo do tipo aconteceu com minha mãe, irmã ou amigas! Sei que muitas (talvez a maioria) das mulheres que conheço já tenham passado por uma situação dessas, mas acho duro, até cruel, imaginar como alguém pode fazer uma coisa abominável como essa, e como que deve ser difícil passar por esta situação sozinha, imaginando ser a culpada pq a sociedade insinua que, no fundo, a culpa é sempre da vítima.
Não fui criado no feminismo, mas, na minha casa, todos sempre soubemos respeitar mulheres, homens, negros, brancos, ricos e pobres, todos, da mesma maneira. Como seres humanos, com direitos e com vontades a serem ouvidas.
S.foi lamentável o q aconteceu com vc, e é compreensível que isso deva ter afetado e muito a sua vida emocional e sexual, ainda mais por ser sua primeira vez.
Me sinto impotente para te consolar, pois penso q não ha reparação possível.
Mas tb penso q como alguns ja disseram, ja basta o q esse demente te fez passar.
Eu poderia aqui falar sobre varios modos de punir esse canalha podre, mas sabemos q as coisas não são assim, e dificilmente ele encontrara alguma punição pelo q faz, só te resta e nos resta desejar do fundo da alma que esse monstro de alguma forma receba a justiça por todo o mal q tem feito, sabe-se la pra quantas mulheres.
Sei q é muito mais facil falar do q fazer, mas faça um bem a vc mesma, e tente esquecer ou pelo menos minimizar o mal q esse torpe asqueroso te fez.
Cora,
O namorado poderia ter sido mais solidário com ela, mas se ela contou que ficou com outro cara uma vez e queria ter ficado de novo (se ele não a tivesse estuprado) me parece que não dá para exigir muito dele.
André, leia direito.
Ela não falou em namorado, mas num paquera que não a quis mais porque estava "usada".
Não dou desconto nenhum pra esse paquera, aliás, nem se fosse namorado. Ela sofreu uma violência, e acabou se posicionando novamente na situação de violência, transando com o tal paquera numa tentativa de não perde-lo. Logo depois de um estupro. Por onde anda a solidariedade mesmo?
Quanto ao estuprador - que sim, concordo, deve ter feito isso muitas vezes mais - sem comentários. Fez "o que um homem faria". Ah, me poupe.
S., acho bacana fazer terapia, como a Mirella disse, não por vc ser problemática (aliás, quem não é problemático? o que diabos é ser problemático?), mas pra vc ter a chance de reelaborar a violência sofrida.
Comigo, foi a única coisa que funcionou pra eu reelaborar e superar (ainda que não completamente) violências passadas. Terapia e, mais especificamente, uma técnica chamada EMDR (se vc se interessar, dá um google nisso), que te coloca frente a frente com sua dor, mas que realmente pode trazer resultados muito bons.
Tudo de bom pra vc.
Sempre leio o blog e é incrível como me identifico com tantos guest posts que encontro aqui. Não costumo comentar, mas sei lá acho que já está na hora de colocar algumas coisas pra fora.
Estupro x culpa: Pior do que as violências que também já sofri, mais do que a sensação física e alguns bloqueios conseqüentes, a pior e mais cruel das sensações é a culpa. Não importa se no discurso do apego à culpa tenhamos as desculpas ‘eu estava bêbada, eu fui ao quarto’, pois no fundo acredito que nos apegamos a esse sentimento. NÃO TEMOS CULPA!
Fui abusada algumas vezes na minha história, a primeira delas eu tinha 5 anos de idade.
Hoje, me recuso a viver com nojo do meu corpo, das minhas curvas, com medo de usar roupas que marquem o corpo e com medo de contato físico. Estou na lutando para aceitar cada parte do meu corpo como MEU e não como armadilha para assédios.
Sinto muito pela sua experiência, mas me orgulho muito de você!
esse é o papel de homem? estuprar?
P.
Eu não sei como foi a conversa deles nem o nível de relacionamento que tinham, só não acho justo exigir de um paquera (talvez novo, impulsivo e mais propenso às cobranças sociais indevidas) uma solidariedade que muitas vezes até os pais negam.
S., sinto muito pelo que te aconteceu... Não tenho nem palavras... :/ Que triste.
Espero que você consiga seguir firme e forte e que esse episódio tenha um significado cada vez menor na sua vida!
ps: André... como assim não é justo exigir solidariedade do ficante? O justo então é esperar dele exatamente o que ele fez? Que nojo da sua visão. E é claro que existem pais sem noção, mas isso não justifica a postura de "oh poxa, é complicado exigir solidariedade, tadinho, afinal ele também deve ter a cabeça de machistinha imbecil". Devemos sempre esperar comportamentos machistinhas imbecis dos homens, é isso?
Pois eu acho justo cobrar solidariedade até do cara do carrinho de cachorro quente. Numa situação dessas, meu amigo, não ter solidariedade me parece desvario. É uma questão pura e simples de humanidade.
Lola, tanto neste post como no de ontem o Raziel deixou claro que voltou a ser mascu. Ler um "acontece" sarcástico para um post desses me faz ferver de raiva. Por favor o bloqueie.
(Sim, estou usando "o" porque me recuso a tratar um cara que não vê problemas no estupro de uma mulher como mulher.)
Safira Solitária,
Aparentemente o paquera não era tão amigo dela quanto ela imaginava, isso não é crime.
Fernanda,
Eu me satisfaço se o pipoqueiro, a cabeleireira, o padre e as beatas respeitarem a vítima. Já é muito mais do que as pessoas costumam fazer.
Olha, até aqui no blog da lola infelizmente nós vemos muita diferença de tratamento...
O seu caso é um estupro típico. Ele forçou a barra realmente. Te obrigou. Você estava sóbria e ainda por cima era virgem. O resultado são comentários de apoio e lamentação.
Em posts de estupros tão graves quanto o seu em que a vítima bebeu e coisa e tal, há muitos comentários de apoio à vítima e repúdio ao estuprador, mas há também desconfiança e relativização do fato.
Triste, lamentável.
Eu quero que você possa se erguer, se gostar, e gostar de pessoas que valem a pena serem gostadas. Fale dos seus problemas e angústias com o seu marido, que com certeza é seu amigo.
As vezes, nós temos o dom de diminuir nossos próprios problemas, como se eles não fosse tão graves a ponto de incomodarmos os outros com eles. Mas eu quero te dizer que, às vezes, tem gente que nos ama tanto, que ela QUEREM ser incomodadas com o que quer que seja a respeito da gente. :)
Fique bem.
Jéssica,
Os coments logados estão liberados e sem moderação.
A Lola não está lendo os coments.
É só ver que algumas pessoas que foram "banidas" daqui voltaram assim que a moderação saiu (não conseguem largar o osso, nunca foram embora, na verdade).
Meu conselho é: don't feed the trolls, pois por algum tempo eles poderão postar aqui e desvirtuar o debate por não haver moderação (são covardes, naturalmente, e alguns tem sérios problemas de estabilidade emocional).
Se vc tiver estômago, a coisa se desenrolou neste post aqui: http://www.blogger.com/comment.g?blogID=1486619705951395295&postID=7382881755036499530
S., desculpe postar isso no seu post. Estou tentando alertar algumas pessoas a fim de evitar que ele se desvirtue por dar atenção a coisas bem menores.
O cara disse que agiu como HOMEM !!!!!
Olha a idéia que se tem do que é ser HOMEM...
Meu Deus...dá até vergonha...
Fábio RT,
Um estuprador e possível sociopata descreveu o que é, na opinião dele, ser um homem. Acho que não se deveria dar muito crédito para a opinião de um cara com essas qualidades.
Ahhh Cara... já ouvi comentários desse tipo de muita gente justificando fatos injustificáveis...
Acho que o conceito de SER HOMEM é algo totalmente deformado pra grande parte da população...incluindo os não sociopatas....
Procure um psicologo e siga em frente. Mesmo c 41 anos, você nao pode deixar que isso delimite a sua vida mais.
Programa de tv acusado de sexismo.
Incrível é como mulheres se sujeitam a participar disso.
http://diversao.terra.com.br/tv/programa-de-tv-e-acusado-de-sexista-ao-expor-e-avaliar-mulheres-nuas,434669289c66e310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html
Revolta saber que esse monstro nunca pagará pelos crimes.Lamento pela sua dor.
se fosse minha namorada eu não iria aceitar também. Mesmo que tivesse apenas ficado (sem sexo, como era a intenção dela) com o bonitão da piscina, pra mim não teria volta.
Paquera agora é namorado é? Sabia não Antônio.
E caso você não tenha lido direito, ele não a quis mais porque ela foi estuprada, e ele de certo tem nojinho de mulher estuprada. Sabe como é, a culpa é sempre da vítima para os boçais.
Se minha namorada for estuprada, não a abandonaria. Daria apoio, pois ela foi vítima de um crime, é claro. Isso é muito claro. Mas se ela fosse estuprada por um "ficante", um cara que ela tivesse beijado com consentimento antes... aí, não queria nem saber. Que se lasque mesmo.
não teve sexo, antonio. teve violência. estupro. e isso nunca foi e nunca será sexo.
este é um ponto.
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o outro:
eles não namoravam. eram paqueras. não havia nenhum compromisso entre eles. e menos ainda um compromisso de fidelidade.
.
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e mais um:
nem é questão de aceitar. é ser solidário. ela precisava de apoio, de um ombro amigo, de amizade.
mesmo q o relacionamento não vingasse, já q o relacionamento ainda nem mesmo existia ainda, poderia ter havido solidariedade. mas não! pq um homem seria solidário a uma mulher, não é? JAMAIS!!
mas transar com ela, ele aceitou. submetê-la, de certa forma, a mais uma violência, já q ela estava fragilizada, ele aceitou. estender a mão, não. ele nunca poderia ter feito isso. q homem faria isso, não é?
mas transar com ela, mesmo naquelas circunstâncias? pq não, né?
.
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e se fosse namorado mesmo? ela contou o q aconteceu. os dois não poderiam se entender? não poderia haver perdão?
ah! esqueci. mulheres não têm direito ao erro e jamais têm direito ao perdão. erro e perdão são também atributos apenas masculinos.
é difícil reconhecer, mas muitas mulheres estão sozinhas. mesmo acompanhadas, muitas, muitas mesmo, estão, na verdade, sozinhas. e esta é uma verdade absoluta se o cara for machista. qto mais machista o camarada, mais sozinha a mulher estará em qq momento de dificuldade. um machista jamais estende a mão pra uma mulher, a menos q seja pra fazer sexo nela. nem mesmo sexo COM ela a maior parte dos machistas é capaz de fazer. triste verdade.
pra variar um pouquinho vc disse mais uma grande verdade CORA.
As vezes fico pensando se é proposital q muitos homens se esmerem em se fazer odiados...
Sara,
machistas são extremamente utilitaristas com as mulheres. querem apenas seus serviços: sexo, filhos, casa. eles só conseguem enxergá-las como corpos nos quais eles fazem sexo. é por isso q se opõem tanto ao feminismo. o q o feminismo tem de tão terrível e perigoso? este movimento apenas revelou q mulheres também desejam, também sentem, também sofrem, também agem. q mulheres também são sujeitos. se fosse de fato verdade q machistas querem fazer sexo COM mulheres e não EM mulheres, eles seriam os primeiros a defenderem o feminismo e a liberdade sexual feminina. pq não o fazem? pq não querem uma pessoa desejante, q tem voz e portanto fala e quer ser ouvida (q é ouvida). eles querem apenas um corpo. de preferência sem qq possibilidade de escolha e de agência.
por isso acredito q o machismo só será superado qdo as mulheres, todas as mulheres, rejeitarem td e qq atitude machista.
a masculinidade está em crise. o homem não sabe o q fazer diante de uma feminilidade q se afirma como desejante tb. o homem não sabe lidar com o desejo feminino, por isso a violência não só sexual, mas verbal e simbólica, q permanece e parece cada vez mais disseminada, mais presente.
a violência masculina (não só em relação à mulher, mas tb entre homens) acaba funcionando como afirmação de virilidade. o machista tem uma dificuldade imensa em criar vínculo com mulheres, pois o vínculo sempre foi visto como alguma coisa q deprecia, q fragiliza. por isso muitos homens fazem questão de afirmarem q não estabeleceram vínculos, como o antonio e outros q já passaram por aqui.
CLAP CLAP CLAP CLAP CLAP.
(palmas pra tudo que a Cora disse).
Cora quando vc diz por isso acredito q o machismo só será superado qdo as mulheres, todas as mulheres, rejeitarem td e qq atitude machista.
penso na midia tambem e queria uma opiniao sua se possivel,se caso uma historia tenha personagens femininas fortes mas no meio do caminho tem sexismo ou racismo transfobia ou lesbofobia homofobia sem mais nem menos qualquer um destes ou todos vc acha q é uma historia uma representaçao midiatica recomendavel ou nao?
Devemos ser radicais ou parciais ao preconceito na midia?
é difícil reconhecer, mas muitas mulheres estão sozinhas. mesmo acompanhadas, muitas, muitas mesmo, estão, na verdade, sozinhas. e esta é uma verdade absoluta se o cara for machista. qto mais machista o camarada, mais sozinha a mulher estará em qq momento de dificuldade. um machista jamais estende a mão pra uma mulher, a menos q seja pra fazer sexo nela. nem mesmo sexo COM ela a maior parte dos machistas é capaz de fazer. triste verdade.
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definitivamente resumiu TUDO!!!
MULHER com homem machista está mais sozinha do que se estivesse realmente desacompanhada... essa é a verdade.
Mas se ela fosse estuprada por um "ficante", um cara que ela tivesse beijado com consentimento antes... aí, não queria nem saber. Que se lasque mesmo.
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que??? quer dizer então porque ela beijou o cara antes quer dizer que é sinal verde para o estupro?
o crime foi diminuido por causa de um detalha banal desse?
Cultura do estupro + slut-shumming = te estuprei pq mulher 'direita' não vai a casa de homem.
Lixo esse cara.
Cada vez que leio um relato desse eu tento entender a mente doentia de um homem como esse. Fico tentando mensurar a insegurança de um indivíduo que precisa forçar sexo, que não aceita não como resposta, e pior, cria esses joguinhos, essas desculpas esfarrapadas pra atrair alguém pra uma situação vulnerável.
Sério, tem que ter uma coisa muito errada na pessoa.
Que terrível...
A minha primeira vez também foi com um-e eu nem sabia disso.
Minha primeira vez não foi um estupro, eu queria muito. Mas um dia estávamos transando e eu quis parar e ele disse "ah, agora espera.". Continuamos ali até qndo ele quis e eu nem interpretei como violência aquilo. Eu pensava que era pq ele era homem, tava com vontade, não tinha como controlar bem ali na hora, que se eu não quisesse nem deveria ter começado... Ficamos mais alguns meses até eu perceber que ele não me tratava com respeito - poi isso e por outras coisas. Não entendia que aquilo tudo era violência mas, depois que estava com outro namorado que me respeitava, chorava muito qndo percebia a diferença de tratamento. Foram frases e gestos que ficaram marcados em mim por um tempo...
e se fosse namorado mesmo? ela contou o q aconteceu. os dois não poderiam se entender? não poderia haver perdão?
Perdão pra chifre? só se o cara estivesse pedindo pra continuar sendo corno. Aí no outro ano ela ia pra outra viagem, via outro rapaz bonito, e la vinha outra chifrada.
Mas aí vai de cada um. Eu só disse que eu não aceitaria. Mas tem doido pra tudo.
Uma vez quando era adolescente conheci um rapaz pela internet, combinamos de nos encontrarmos em um lugar mas ele falou que passaria a me pegar de carro, tínhamos ambos 16 anos e eu fui super inocente, aceitei pegar a carona com aquele estranho, afinal fazia semanas que conversávamos a diário, estudávamos no mesmo colégio, nem me passou pela cabeça que nenhuma tentativa de estupro nem nada.
Quando entrei no carro a primeira coisa que ele me falou foi :"
-nossa mas vc nao tem medo de pegar carona com um desconhecido?"
E eu respondi
-"ue mas já nos conhecemos o que vc quer dizer?"
- "sei lá, e se eu nao fosse um cara bonzinho? No mundo e principalmente na internet ta cheio de homem ruim"
Nao, leitores de lola, nao aconteceu nada. So que so hoje de adulta é que eu percebo que tive muita sorte porque o rapaz tinha boa indole. Sao tantas as historias. E quando somos adolescentes nos realmente acreditamos nas pessoas.
Relato triste o da moca e se eu estivesse no lugar dela e aposto que muitas de nos teríamos agido da mesma forma. Eu tb de adolescente já sai com muito amorico de verão. Tive sorte com todos porque mesmo sendo desconhecidos nenhum me estuprou. Alias continuo acreditando que a regra geral é nao estuprar. Mas as vezes excepcionalmente acontece historias como o da autora do relato, muito triste. Mas nao é a regra, acho que nao temos que ficar aterrorizadas. As vezes e me perdoem, mas da a impressão que os blogs feministas adoram generalizar a questão dando a entender que toda situação é risco de estupro e todo homem é estuprador.
Sabe o que me assustou no relato? A quantidade de detalhes que ela dá, 20 anos depois do que aconteceu.
Fica nítido as marcas profundas que essa experiência teve na sua vida.
é por isso que concordo quando dizem que a sociedade cria não só potenciais estupradores, mas também cria vitimas perfeitas. Nós somos ensinadas que se reagimos se do nada resolvemos falar poucas e boas e sair, somos taxadas de doidas, de quem regula demais. Tive um caso, que claro nem se compara com a dor do depoimento, que me mostrou isso. Eu tinha saído com um menino em uma festa e nós conversamos horas e ele parecia muito gente boa, por muito tempo ficou comentando como eu tinha jeitinho de boa moça (desconfie sempre de quem falar isso)ai marcamos de sair, ele mora bem perto da minha casa e deu um tempo disse que os amigos deles estavam la na casa e que tinha sobrado cerveja de um esquenta que fizeram antes da tal festa e chamou pra ir la.
Eu tenho muito e bons amigos, e como todo mundo é estudante pobre fudido eu estou acostumada a ir na casa dos outros assim, mas nunca acontece nada mesmo, a gente já cansou de ir ficar muito bêbado , o povo dormir tudo junto, e nada demais acontecer.
Mas então achei que la era assim e subi, logo fui entrando parecia também que ele tava desviando dos amigos, ai da janela dele dava pra ver um show que tava acontecento, ele me chamou pra mostrar, quando cheguei ele já foi fechando a porta mas nem vi, só vi quando eu fui olhar pra tras ai ele já foi me colocando na cama. Eu não falei nada porque nada demais tinha acontecido mas em segundos ele ficou em cima de mim e foi tirando minha blusa,e eu fui pedindo pra parar, ele só olhava pra minha cara e falava que eu era tão fofinha, (refirindo ao jeito que eu era "certa" e tal), ai ele não saia de cima e eu não conseguia mover, ai eu falava que não, ate que eu inventei que tava menstruada e ai ele ficou com raiva, e só assim ele saiu de cima. Na hora ele mudou saiu de perto,ficou fora um tempo depois voltou perguntando se eu não queria ir embora, eu na hora falei que sim, disse que não precisava me acompanhar nem nada. Claro que minhas amigas falaram poucas e boas pra mim, e ouvi de uma delas que encontrou ele em outra festa e ele disse achou que eu estava dando condição.
O fato é , eu com tudo que eu conheço do feminismo não consegui reagi, fiquei achando que não podia virar de cara e sair, e ainda mais com medo de qual seria a reação dele. Nós não somos ensinadas a reagir e isso é muito perigoso memso.
Cora, adoro teus comentários, nesses últimos especialmente tu deu show!
Mariana, concordo contigo. É muito triste ver nos comentários a diferença de apoio (ou não) às vítimas.
S., fica bem, fica em paz. Acho que não há nada melhor pra te desejar agora!
Ainda bem q não sou só eu q penso assim Caroles, realmente estes últimos comentários da CORA, foram profundos, e mereciam uma boa reflexão.
Nao precisei fazer muito esforço pra entender como vc se sente,
Nunca sofri estupro, mas o primeiro menino que beijei me chamou pra sair da boate e ir na casa dele ( transar, claro , ne) Nao fui porque simplesmente nao o conhecia direito,Se conhecesse talvez tiivesse ido, de ingênua , de bobeira mesmo.
O segundo menino com quem fiquei tambem forcou a barra, o rapaz de quem eu gostava qdo estava na faculdade ficou comigo 2 vezes e nas 2 forcou a barra na boate, na frente de todo mundo,Eu gostei de ter ficado com ele, mas ao mesmo tempo tinha vergonha por ele ter forcado a barra e nao tinha com quem falar disso,...nao deixei ele avançar o sinal, mas nao me senti menos mal por causa disso.
Quando criei coragem e falei, escutei o mesmo " você facilitou, você que foi tonta de ter ficado com ele no escurinho " e coisas do tipo,
Demorei anos pra me reencontrar como mulher, e pra encontrar uma pessoa que enxergasse a mulher que sou sem forcar a barra pra nada,e que deixou tudo acontecer de maneira muito natural,
Procure ajuda psicológica, pois esse tipo de trauma e forte e nao se esquece de um dia pro outro.
Beijos,querida,
Antonio
É que vadia que trai "paquera" tem mais é que ser estuprada mesmo, né? De acordo com essa lógica do "que se lasque", é basicamente isso o que você quer dizer.
Sabia não que ficante agora era namorado, nem que a sua interpretação de texto era tão ruim.
Para gente como você: que se lasque.
Carolina, creio que minha interpretação foi melhor do que a sua, que aparentemente se prendeu apenas ao que está escrito.
Veja, está muito claro que não era só uma "paquera". Era sim algo mais. Tanto que ela foi contar pra ele, demonstrando intimidade e confiança. Tanto que ele reclamou de ela não ter liberado pra ele antes. Tanto que ela fez sexo com ele. Ou seja, está muito claro que eles tinham um relacionamento sim. Acho que ela usou esse termo paquera de forma imprecisa, ou então quis dar uma amenizada mesmo.
E mantenho minha opinião.
Antonio
Lembrando que ficantes também podem se relacionar sexualmente, teu comentário continua sendo babaca. Também repito minha opinião: que se dane.
Ah, e falar de sexo nesses termos: "reclamou de ela não ter liberado pra ele". Só demonstra que a relação era mais física do que emotiva. Quem se importa de verdade não faz chantagem quando o outro não quer sexo.
Além do mais, procurar desculpinha para tentar minimizar o que ela sofreu ou dizer (mesmo de forma implícita) que ela mereceu o estupro é coisa de gente doente.
Antonio, você é doente. Sem mais.
Dona do Sexo,
digo rejeitarem na vida privada, no cotidiano, com familiares (homens e mulheres), amigos, colegas de trabalho, parceiros... tipo alertar a pessoa “não é bem assim, percebeu q...” ou “pq? e se tal...” ou “ó não acho q seja exatamente assim. se vc pensar q...”. provocar reflexão, trazer à luz os estereótipos e preconceitos, abalar o pensamento q é reforçado pelo senso comum machista tds os dias neste pais.
tenho praticado isso em casa e no trabalho e acredito estar plantando algumas pulgas atrás de algumas orelhas.
já aconteceu mais de uma vez de ficarem me olhando com cara de “pôxa, não tinha pensado por este ângulo...”
(agora, sexo casual com babaca deve ser evitado a td custo. não é difícil reconhecer os canalhas.)
em relação à mídia, acredito q a rejeição aconteça nesse nível tb, de enxergar o preconceito (sexismo, racismo, homo ou trans ou lesbofobia) e criticá-lo.
mídia é espelho. é feito por pessoas. só será crítica e inclusiva se as pessoas forem críticas e inclusivas. ao público cabe justamente a crítica, q deve ser feita sempre, tanto na esfera privada, qto em resenhas, ensaios, análises, reportagens, seminários, ciclos de palestras... e, pq não, criação de programas inclusivos.
a mídia só deixará de ser machista e preconceituosa qdo as pessoas deixarem de ser machistas ou preconceituosas.
em ficção, situações preconceituosas podem ser críticas, sem q haja didatismo. sem q a crítica seja explícita. uma situação pode ser retratada como ocorre no cotidiano, pra lançar luz sobre ela, fazer pensar, fazer as pessoas enxergarem algo q pode ser comum mas, ainda assim, invisível. neste caso, acredito q a forma como isso é visto depende do público e do repertório das pessoas. acredito q precisamos ser capazes de reconhecer a situação como preconceituosa. por isso é bacana falar sobre o assunto.
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o sakamoto tá fazendo umas postagens sobre violência contra a mulher (a Lola recomenda o blog dele). o último post é sobre violência nas baladas. dá uma olhada no teor dos comentários. é de embrulhar o estômago. galera destila misoginia sem ruborizar!! tem homem justificando a violência como “coisa de homem” ou “se a mulher sabe o q vai rolar, pq frequenta esses lugares?” ou “esse é o comportamento de homem. não sabe brincar não desce pro play.” ou ainda, “a balada é um espaço masculino, com regras masculinas.”
quer dizer, galera tá naturalizando a violência masculina contra a mulher. muitos homens se orgulham disso e o fato da mulher estar frequentando mais o espaço público está fomentando este tipo de pensamento e esse tipo de comportamento. chega ao ponto do homem defender a violência praticada contra a mulher qdo há rejeição. se os homens não percebem o sexismo (e o absurdo) nessa situação, como perceber ou criticar numa obra de ficção? ou num programa de humor? ou numa propaganda?
aí, penso q se as mulheres q fazem parte da vida desses caras não rejeitam o machismo de forma radical, não rejeitam o comportamento deles, como eles farão isso? eles só encontram reforço entre os pares, especialmente em função da internet.
penso q a rejeição ao machismo e ao preconceito deva ser radical na vida privada, o q terá efeito na vida pública.
o q vc acha? é ingênuo demais?
a minha história não é muito diferente
com o detalhe que eu conhecia o rapaz ha mto tempo e tive que continuar convivendo com ele depois
e a conversa é sempre a mesma: "achei que você queria"
e a gente acredita, e se sente culpada, cheia de vergonha
nem passa pela cabeça denunciar, contar para alguém
afinal, eu sou a despudorada que "pedi" para perder a virgindade assim....
eu me sentia suja, um trapo
e meu sangue manchou as pedras da rua, literalmente
passado o estado de choque dos primeiros meses o que sobram são lágrimas, amarguras e traumas que marcaram minha vida sexual e sentimental sobremaneira.
o que desespera é que isso está acontecendo agora com muitas meninas e que eu não vou estar por perto, e mesmo que esteja não vou ficar sabendo... a incapacidade de dar um colo para essas meninas, dizer que a culpa não é delas e que o criminoso precisa ser denunciado causa um nó na garganta que nunca vai se desfazer.
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