sábado, 18 de maio de 2013

GUEST POST: MÍSTICA E LUTA NO MOVIMENTO SEM TERRA


Conheci o Ramofly (sim, esse é o nome dele) ao dividirmos uma mesa-redonda na Universidade Federal Rural do RJ, em Seropédica, em abril. 
Sua fala e sua luta no MST são contagiantes. Pedi pra que ele escrevesse um guest post aqui pro blog, e taí. 
Melhor apresentá-lo direito: o historiador e pedagogo Ramofly Bicalho, professor da UFRRJ, trabalha com educação de jovens e adultos no campo. E ele é uma simpatia. 

Nessa conversa quero refletir sobre a importância que a mística possui nos acampamentos e assentamentos do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Com a mística percebemos a necessidade de valorizarmos as histórias de vida das pessoas, culturas, sonhos e gestos, contribuindo para renovarmos as esperanças de um mundo mais humano e pleno. Ademar Bogo, na poesia "Marchar e vencer", afirma que “a dor, a fome, a miséria e a opressão não são eternas; eternos são os sonhos, a beleza e a solidariedade, por estarem ao longo do caminho de quem anda, em busca da utopia nas asas da liberdade”. Ainda creio na possibilidade de sonharmos com um mundo de alegrias e de trabalho coletivo, que enfrente a dor e a miséria presente nos campos e nas cidades.
Na mística, defendemos com muita intensidade os seguintes valores: liberdade, utopia e solidariedade. Valorizamos a vida nas escolas do campo, nos acampamentos, assentamentos e na luta por Reforma Agrária. Combatemos o latifúndio, o agronegócio e o veneno em nossas mesas. Com muita coragem, emoção, cantorias, músicas e poesias, denunciamos o fechamento das escolas do campo, sem perder o brilho nos olhos. Ao construir o caminho numa escola de assentamento do MST, a mística é algo que nos alimenta, que fortalece nossa organização, que nos dá esperança de viver com dignidade, resgatando os valores de nosso cotidiano.
Seus significados estão mais atrelados aos gestos, aos símbolos e às emoções do que palavras soltas e sem significados. Segundo Caldart, mística quer dizer mistério, ou seja, se for completamente desvelada perderá a essência do seu sentido. Dependendo do grau de participação, gera alívio, tensão e respeito ao próximo, unindo pessoas em torno dos mesmos propósitos. Com a mística, combatemos a exclusão, a fome e os maus tratos. Enfrentamos a problemática urbana de violência física e simbólica, o desemprego, os transgênicos e os latifúndios improdutivos. Ela se faz presente na construção do barracão-escola, nas ocupações de terras e prédios públicos, no uso do boné e na bandeira do movimento.
Descrevemos a mística como uma enorme possibilidade histórica de trabalhar a organização de acampados e assentados em prol do coletivo. Sempre iniciamos as atividades com encenações, músicas, atos públicos e muitos abraços. O hino do movimento é entoado seguido de leituras e poesias que reafirmem a luta dos sem-terra em prol da reforma agrária e da educação do campo. Palavras de ordem são mencionadas, tais como: viva o socialismo; Che, Zumbi, Antonio Conselheiro, na luta por justiça somos todos companheiros. Comportamentos como esses geram atitudes, valores e gestos que não passam despercebidos.
Creio que na construção de uma sociedade mais justa, solidária e cidadã, que valorize os sonhos e as utopias dos trabalhadores/as do campo, seja necessário dialogarmos com a intensidade da mística nos acampamentos e assentamentos do MST. Ela alimenta a esperança dos militantes nas áreas de Reforma Agrária. Mobiliza homens e mulheres na luta pela identidade sem terra e no enfrentamento das adversidades. O entusiasmo para lidar com os fracassos e desajustes desta civilização concentradora de renda e de terra é revigorado com os sonhos e as poesias, na eterna busca de uma vida mais digna para todos os sujeitos dos campos e das cidades. 
Segundo Stédile: “no MST, a poesia é mais do que uma simples arte. É a forma de animar os passos na busca da terra que se distanciou dos corpos de quem precisa dela para marcar o tempo de sua existência. (...) esta pedagogia de dizer com versos está enraizada na existência de poetas e poetizas que nos antecederam e vivem em seus versos, emendados nos versos de nossos jovens e crianças que, sob as lonas pretas, não deixam de sonhar com a liberdade. A política sem poesia perde a consciência das mudanças que deve alcançar. Perdendo a consciência, perde os sentimentos. Sem sentimentos o homem vira pedra; elas não falam de si, apenas fazem a terra suportar seu peso”. 
Os sonhos, as lutas, o amor, o respeito e a esperança são valores que se aproximam dessa tal liberdade, autonomia e hegemonia defendida pelo MST, na estreita e necessária relação entre os trabalhadorxs do campo e da cidade. Vive-se a esperança, a dignidade e os valores do Movimento. Serve como renovação dos sonhos, das utopias, dos ideais e valores da dignidade humana. Reconhecer a realidade desses sujeitos, suas festas, confraternizações, piadas e enfrentamentos com autoridades policiais nos acampamentos, assentamentos e marchas são essenciais para fortalecer a luta por um Brasil sem latifúndio.
Nesse sentido, as memórias devem ser utilizadas como espaços de lembranças e possibilidades para rever antigos companheirxs. São fundamentais na renovação das forças e estímulo nos momentos de incertezas e dificuldades. Percebo que a participação efetiva das pessoas na organização e na vivência da mística provoca, em sua grande maioria, admiração. Inúmeras são as possibilidades de viver a mística atrelada às noções de cidadania, formação política, identidade sem terra e reforma agrária. 
A mística nessa conjuntura retoma o debate e engrandece a nossa luta por educação pública, gratuita e de qualidade para todos, fortalecendo as milhares de escolas do campo espalhadas por esse Brasil afora.

Mais sobre a mística no MST nesta apresentação do GEPPEC, nesta dissertação de mestrado de um aluno da UFGD e  neste artigo de Plinio de Arruda Sampaio. Vários outros links aqui.

32 comentários:

Anônimo disse...

como alguém tem coragem de por o nome de ramofly em um filho? kkkkk

Anônimo disse...

o que eu vejo nesse país é uma guerra racial apenas isso. não vejo como luta de classes, sou branco e moro no rio de janeiro e sei como é essa guerra racial. quanto ao MST, tem muitos brancos no movimento, a reforma agrária é algo que o regime militar tentou fazer, ou fez em partes, não sei. porem se o MST apoia o PT, não passam de escravos da judaico-franco-maçonaria. a realidade do homem branco nesse mundo é uma realidade de GUERRA RACIAL, NÕA É LUTA DE CLASSES.

existe uma historia que o regime militar fez a reforma agrária mas esses vagabundos venderam as terras e continuaram militando a favor das elites maçonicos, ou seja, são criminosos mesmo.

lola aronovich disse...

Certo, os primeiros dois comentários, pra variar, foram meio imprestáveis. Um ANÔNIMO criticando nome alheio e um avatar adotando os velhos "vagabundos", "criminosos" e "existe uma história que... [seguido da maior besteira de todos os tempos]".
Acho que vcs sequer leram o texto.
NEXT!
(torcendo pra que apareçam comentários melhorzinhos).

Anônimo disse...

Oi Lola, então, eu sempre apoiei grande parte das demandas do MST, mas esse post me assustou um pouco, só prestar atenção na linguagem religiosa que ele usa para descrever uma prática de doutrinamento. Achei que essas coisas rolavam mais no imaginário reaça, sério, do que na realidade.
Lúcia

Marcelo disse...

Nao conhecia esse lado do MST. Espero que esse pensamento e pratica deles os una cada vez mais. Lindo se agregarem em torno de poesias e dessa mistica toda. prova da evoluçao deles, coisa que nas cidades nao tem.

Anônimo disse...

como falei, o regime militar deu terras ao mst, mas eles venderam e continuaram militando pelas elites maçonicas(pt), ou seja, esse movimento é uma farsa, pra quem é que vai divulgar a verdade? a verdade a mídia maçonica não vai divulgar.

Patricia disse...

Vários amigos meus são militantes do MST, pessoas muito especiais e queridas, que fazem o que podem para dar apoio à familias que precisam...

Eu não sei se tenho opinião formada sobre o movimento, pois nunca participei, e todas as informações que eu recebo são a partir dos meus amigos militantes, mas acho muito injusto a questão da divisão de terras. Tiro pelos meus avóes, que possuem fazenda, e a maior parte da terra permanece inutilizada.

E o tratamento que essas pessoas recebem da polícia e outras autoridades é lamentável. Eu acho que sou suspeita para falar, por que eu condeno totalmente o comportamento da pm, forças armadas e blá blá blá em todas essas manifestações. Acho que é desnecessário e cruel usar de tanta violência,e odeio generalizar, mas considero a maioria uns sádicos, que estão ali usando a desculpa de estabelecer ordem, para encher a população de porrada.

Enfim, voltando ao MST, sempre lembro de um episódio que um amigo meu me contou. Não lembro o local, mas a polícia cercou, e o pessoal sem querer ceder, permaneceu no local, enquanto o estoque de comida já escasso acabava, e a pm simplesmente IMPEDIU as pessoas de doarem alimentos, a ponto de as pessoas terem que jogar a comida para o acampamento, correndo o risco de apanhar da polícia se fossem pegos.

Anônimo disse...

MST, comunismo, feminismo, homossexualismo, gayzysmo, promiscuidade, aborto... a gente vê no blog da Lola.

Anônimo disse...

A maioria desses "manifestantes" nem sabe o que faz ali. Apenas são massa de manobra, muitos são arregimentados nas zonas rurais, interiores, e recebem um dinheiro pra participar de determinada manifestação, a qual tem inclusive ônibus para levá-los e trazê-los, lanche.. é como se fosse uma excursão, um passeio. Só iludido acredita que são conscientes de alguma coisa, que estão ali por uma causa... há interesses escusos da esquerda por trás disso.

Zé das Couves disse...

Acho profundamente lamentável todo o ideário por trás deste post. A luta dos sem terra é absolutamente justa*. A luta pelo socialismo, não. Beira o inacreditável ver que ainda há quem defenda este modelo falido, colocando a culpa da falência em indivíduos, não no sistema. O socialismo é um sistema tenebroso e consegue ser mais injusto que o capitalismo praticado hoje em dia nas terras tupiniquins. Quanto ao comunismo descrito por Marx, este acho que qualquer pessoa que raciocine de maneira minimamente honesta consigo mesma pode dizer que é uma utopia impraticável. E digo, socialismo é um sistema tenebroso mesmo sem a questão dos líderes "revolucionários" que concedem benefícios, mimos e privilégios a si mesmos e aos seus cupinchas. É um sistema tenebroso porque, ao contrário do capitalismo puramente liberal, que, em tese, ignora as necessidades e premia a capacidade, o socialismo prega que cada um contribua de acordo com suas capacidades e receba de acordo com suas necessidades. Lindo, em teoria. Porém, o que se tem na prática: quanto mais incapaz o indivíduo se demonstrar, melhor pra ele!! Mostrar-se competente, diligente e capaz, num sistema como esse, é um tiro no pé, pois se exigirá mais trabalho do indivíduo que demonstrar tais características do que daquele que se demonstrar indolente, preguiçoso e incapaz. Não foi a toa que todo regime socialista sofreu com a intensa fuga de talentos, o que acabou dando azo à construção de um dos monumentos mais nefastos da guerra fria, o muro de Berlim. Um regime que, de certa forma, pune a competência e premia a incompetência não pode se pretender justo ou viável. Quem não gosta do capitalismo, favor oferecer uma alternativa melhor. Socialismo não dá. É uma pena que a visão de "esquerda", no Brasil, seja praticamente limitada a pensamentos de inspiração socialista. Sonho com o dia que apareça algum político propondo um capitalismo com uma rede de proteção mínima ao indivíduo. Um capitalismo que garanta a cada um, pelo mero fato de ser humano, um mínimo para viver com dignidade. Mas o mínimo, e nada mais. Não sonho mesmo com uma economia planificada. Se alguém quiser ter mais que o mínimo, que se esforce, trabalhe para merecer mais e seja recompensado por isso. A inexistência de ricos, de gente que tenha mais que outros, não faz parte da minha ideia de sociedade ideal. Jamais poderei considerar justo que o capaz e o incapaz, o esforçado e o indolente, o inteligente e o burro sejam aquinhoados da mesma maneira.

* Por "luta dos sem terra" entendo a luta de gente que quer trabalhar e produzir, mas não consegue por conta de idiossincrasias próprias do Estado brasileiro.

Anônimo disse...

Lindo post Lola!

Pelos comentários percebemos que a mídia conseguiu mesmo mesmo (mesmo!) o que sempre quis, demonizar a luta pelo direito à terra, à vida digna! (aliás, demonizar qualquer luta da esquerda)
O latifúndio monocultura hiper-explorador da mão de obra é progresso pro Brasil. Lutar para uma vida digna é bandido, "não sabe o que estão fazendo lá", vagabundo etc etc..

Tudo, mas TUDO o que a mídia propaga faz anos e anos para população, inclusive as palavras e até os adjetivos são os mesmos para criticá-los. Impressionante o poder da ideologia dessa mídia conservadora!

Abraços

Sara disse...

Não tenho simpatia por esse movimento, mas gostaria muito de saber a opinião dos q vivem no campo sobre o q pensam e sentem por esse movimento.
Todas as noticias q chegam (talvez manipuladas) são desfavoraveis sobre o meu ponto de vista.
Sou a favor da reforma agraria de terras improdutivas, mas nunca de invasões.

Veronica disse...

Fui aluna do Ramofly na UNIG em 2005. Visitei com ele um acampamento do MST. Felicidade imensa em vê- lo aqui no Blog da Lola.

Annah disse...

Parabéns professor! Belo trabalho, espero que o MST continue sempre forte e revolucionário! Sempre na luta contra a injustiça no campo e contra as mentiras que a mídia conta sobre esse movimento popular.

O povo unido jamais será vencido!

Anônimo disse...

Acabei de ler a descrição de uma religião e seu culto. Nada mais.

samuel disse...

belo texto ...defendendo gente que invade a terra dos outros e ainda acham que tem todo direito de fazer isso.

Anônimo disse...

Sou a favor da reforma agrária, sou completamente contra invasões e contra o MST.

Esta visão mistica é o mesmo que o religiosos pregam, a diferença é que é de esquerda e por isto mais palatavel a vcs.

Socialismo é um sistema falido, seria muito melhor investir no capitalismo com uma rede de proteção social sólida.

E sobre "latifundio monocultura hiper-explorador da mão de obra", a grande monocultura de soja é extremamente mecanizada, com os operadores de colheitadeiras ganhando excelentes salários.

Anônimo disse...

Apoio, há muitos anos, e muito em razão dos meus pais, professores universitários que falavam do MST com grande respeito. Lembro de escrever redação, no colégio, elogiando o movimento, e ser duramente criticado por colegas e professora. Pois bem, o MST passa hoje por um impasse difícil de resolver. Por um lado, precisa se "mistificar", para usar a palavra central do post, e, por outro, precisa entender suas relações objetivas com governos, com o Estado, com os planos econômicos burgueses e mesmo com o apoio de setores burgueses da sociedade brasileira. Para mim, soa muito mal essa automistificação. Acho que vivemos uma sociedade rica o suficiente para que o MST não precise esse tipo de legitimação, bastante precária. Contudo, admito que, do cotidiano de lutas, as pessoas estão em posição bem melhor para decidir o que fazem. A questão é: estão realmente decidindo, ou rotinizaram decisões antigas?

Anônimo disse...

O indivíduo que é do MST e diz ser a favor da liberdade é apenas uma contradição ambulante.

Anônimo disse...

Ja vi que esse cara que ele citou exclui mulheres.Nessa citaçao parei na exclusao e logo pulei pra o post.

Anônimo disse...

Ja vi que o cara que ele citou exclui mulheres da humanidade,de pessoa assim nem perco meu tempo.Parei nessa parte da citaçao e pulei logo pra cont. do post.

SeekingWisdom disse...

Credo, até parei de ler os comentários!
Quanto preconceito e ignorância! Temos muito a evoluir...

Lola e Ramofly, agradeço muitíssimo pela publicação do texto! Achei super relevante. Fez-me lembrar da poesia de João Cabral de Melo Neto. Especialmente a Educação pela Pedra.
Transcrevo para quem não conhece.

A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

*
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.

Obviamente que os contextos divergem, mas o princípio de fazer poesia para transformar e a temática da pedagogia estão aí.

É realmente muito bonito e realmente fundamental para manter o espírito de luta e esperança fundamental para nos manter orientados na direção sul (o sul é meu norte!)

Quando vivemos a poesia ela realmene é capaz de nos transformar. Achei muito interessante o emprego de várias formas de expressão na mística.
Enfim, um texto inspirador e haters always gonna hate.

Abraços!
Phillipe

SeekingWisdom disse...

Dona do sexo,
me entristece quando pegam uma característica da pessoa e acha m que todo o restante que ela fez foi invalidado! Como assim?
Primeiro queria saber quem é o alvo. Seria Ademar Bogo? E a suposta exclusão de mulheres é amplamente conhecida? Se o autor do texto não soubesse disse continuaria avaliando o todo?
Eu convivo com várioas professores conservadores que não ligam absolutamente nada para o feminismo ou movimento negro ou qualquer outro ideário que eu defendo. Vou deixar de ouvir tudo o que eles tem a dizer sobre outros assuntos? Quem perde com isso?


Agora vem o questionamento mais ácido: Vc simpatiza com o MST? Porque pela sua resposta eu pensei algo como: tenho ranço do mst e ele citou o autor certo para eu mimizar na Lola e invalidar todo o conteúdo.

Desculpe o tom, mas realmente queria entender o objetivo.
Abraços, Phillipe

Anônimo disse...

Seeking Wisdom, a resposta é clara: a maioria das feministas aqui são extremamente conservadoras. Reacionárias mesmo. Ponto final.

Anônimo disse...

Tenho que concordar com o anonimo de cima.
Como no caso do femen onde a discussão do feminismo se acirra internamente, vejo muito bem que quando a Lola posta pots que discutem política e movimentos sociais as críticas à esquerda é geral.Ou seja, o feminismo é plural, e nele travamos disputas internas. Infelizmente para meu desgosto o feminismo liberal e a la direita é bem forte.E me desculpem, mas isso eu não me identifico em nada.
E não são críticas de pessoas de esquerda criticando certo ponto da esquerda, ou seja, uma crítica que parte de pessoas que estão d mesmo lado. Mas sempre são críticas pelo viés de direita, com todos os clichês possíveis.
É muito triste ver isso se repetir.
O mst pode ter vários defeitos (e claro que tem, são seres humanos, e muito sofridos diga se de passagem), mas a sua luta sempre será legítima.

lola aronovich disse...

Anônimo das 15:27, eu nem deveria publicar seu comentário, já que vc não tem nem coragem de assinar sua crítica. Vai passear, viu? Veja de quem são as críticas ao MST neste post (que teve poucos comentários). São de feministas? Não é nem um pouco verdade que a maioria das feministas aqui são "extremamente conservadoras" ou "reacionárias". A maior parte que comenta aqui é de esquerda e tolerante pra várias ideias que fogem do senso comum (sei lá, poliamorismo, por exemplo. Não que a maior parte das feministas aqui seja adepta do poliamorismo, mas a ideia foi bem recebida nos guest posts - acho que só dois até agora? - que falaram no assunto).
O MST é um movimento importantíssimo que vem sendo massacrado pela mídia há décadas. Massacrado mesmo. Quando que a grande mídia publica alguma notícia positiva sobre o MST? Nunca. E, como somos uma população urbana, acabamos não tendo empatia por lutas rurais, sem saber que essas lutas afetam a todxs nós (alimentação afeta a todxs nós, ora. Eliminação da miséria afeta a todxs nós).
Imagino que boa parte das minhas leitoras saiba tão pouco sobre o MST quanto eu. Mas isso não significa que são contra ele. E muito menos que são reacionárias.

Leandro disse...

Lola, na boa. Um dia em que você esteja desocupada, sem nada para fazer, vá até um assentamento, não importa aonde (estado, região etc), e pergunte aos assentados qualquer coisa relacionada à agricultura, pode ser perguntas bem fáceis, que qualquer pessoa com mínimo de conhecimento sobre agricultura saberia responder, coisas simples como: "quantas tetas possui uma vaca?", "como encabar uma enxada?". Vc verá que o que menos tem é trabalhador rural sem terra. Faça como eu fiz, pergunte pq eles estão no assentamento, o que eles esperam conseguir no assentamento, o que eles pretendem fazer com a terra caso consigam um lote, aí voce vai parar de defender e caso tenha algum senso de justiça, vai chamá-los tambem de vagabundos, pois é tirado o fruto de nosso trabalho para passar para esses que não trabalham muitas vezes ter uma vida melhor que um trabalhador.

Carolina disse...

Olá, Lola!

Todo dia de manhã quando no chego no meu digníssimo trabalho uma das primeiras coisas que faço é abrir o seu blog e ver o que tem de novo, ver os comentários, etc etc. Mas até hoje nunca tive vontade de compartilhar alguma opinião minha. Até que... veio esse post lindíssimo sobre o MST e a mística, que são tão próximos do meu coração quanto a minha mãe, sei lá, rs.
Fiquei, como algumas outras pessoas, um pouco chateada com as opiniões sobre o MST aqui deixadas. Acredito que seja importante cada vez mais aproximar xs feministxs que aqui habitam de questões como a relação com os movimentos sociais populares, principalmente os do campo, que para nós parecem estar longe, mas que a cada dia dão mais demonstrações da sua luta, da sua força, da sua mística, enfim.

E, de fato, a inspiração para muitas das coisas relatadas no texto tiveram ou têm origem na religiosidade (que, convenhamos, é um traço da ruralidade nesse país); o que falta as pessoas é olhar para a religisidade e para a relação com xs religiosxs com um pouco menos de ceticismo. Cá pra nós, com os Malafaias, Bentos XVI's, Marcos Felicianos não tá fácil levar fé em quem tem fé, mas eles existem! Estão nas PJ's, nas igrejas do interior ou em algum lugar aí fazendo luta e a gente nem sabe. Procurando a gente acha, sim.

Gostaria de elogiar mais uma vez a oportunidade de falar sobre esse e tantos outros temas aqui. É muito bacana imaginar o tanto de gente que tem acesso ao seu blog e tem crescido cada vez mais coletivamente. Eu sou uma dessas pessoas, com certeza!

E ah! antes que alguém venha falar alguma coisa: não sou militante do MST e muito menos igrejera. Falo dessas coisas porque vi, conheci e tento analisá-las, sempre, sem ser leviana, com olhar crítico e muito carinho para com xs companheirxs que encontraram a luta por uma sociedade justa de maneiras diferentes da que eu encontrei.

Obrigada mais uma vez, Lola e pessoas do blog. Tô xatiada até hoje porque tu veio no Rio e eu nem tchum... Mas é a vida, na próxima eu vou o/

Geisa Ribeiro disse...

"Sem Feminismo nâo há Socialismo" esse é o grito das mulheres que lutam pela terra dentro do Mst ou as da Via Campesina. Sou estudante e ja participei de varios espaços de formaçao politica pelo Mst, esse final de semana por exemplo estive no segundo modulo do Curso Realidade Brasieleira com um dirigente do Mst. Aos que falam mal e tentam destruir a luta historica dos movimentos populares sugiro que desliguem a tv e vao as bases, vao estudar, vao entender do que ousam crticar. Como todo movimentos de massa tem suas contradiçoes, o que nao nega sua importancia. Quando a mistica, essa é uma pratica que varios movimentos utilizam inclusive o feminista, e de extrema importancia, pra quem crtica sugiro que leiam o texto com respeito e que participem de uma, só quem sente a mistica sabe o valor que ela tem. Lola você é uma querida, adorei o post, espero que esses comentarios que ja eram de se esperar nao te deem gastrite, vontande de vomitar aposto que deu rs. E que continuemos na luta, campo e a cidade unidos por uma mundo justo.
Beijos

Unknown disse...

Oi Lola. Primeira vez que comento no seu blog, que acompanho faz um tempo.
Achei sensacional o post falando da mística do movimento. Pra quem vivencia as dificuldades, quem conhece a luta, a mística toca fundo e passamos a querer viver de mística.
Confesso que não me dei ao trabalho de ler os comentários, visto que a direita tá bem organizada pra desestabilizar as manifestações do povo brasileiro.
A mística é isso, é como culturalmente as ideias tocam o coração e unem as lutas dos/das trabalhadores/as do campo e da cidade. "A mística é um sentimento que passeia".
Sugiro outros posts falando da luta feminista dos movimentos da Via Campesina, que há anos fazem o embate ao patriarcado e ao capital no Brasil e por isso são amplamente massacradas ideologicamente e no dia a dia também.
Não tem como não lembrar da ação das mulheres campesinas na Aracruz em Barra do Ribeiro/RS no 8 de março de 2006, que trouxe visibilidade da luta das mulheres e do enfrentamento dos desertos verdes.
Fico mais feliz ainda por há poucos dias sugerir para o setor de mulheres do movimento social que faço parte acessar teu blog e justamente agora este guest post vem embonitecer as discussões que tu fazes aqui.
Saudações feminsitas.
Abraço.
Natiele.

Kittsu disse...

É muito bonita a premissa do MST, mas nao passa disso, uma premissa. Na prática, é um grupo formado por massa de manobra + entes de influência (política e/ou economica) encomendando intervenções específicas que vão colaborar unicamente para o objetivo destes entes detentores de poder. Conheço pessoas que relatam casos próximos de integrantes que receberam o que pleiteavam e logo em seguida vendiam tudo e voltavam para o movimento. Quem já viu essa movimentação de perto visualizou facilmente a forma rasteira com que se comportam: longe as cameras, agem como vandalos... mas é só aparecer uma camera e passagm a agir como coitadinhos. Sem falar na prática de levar crianças e pessoas fragilizadas para locais de protesto onde eles sabem que ocorrerá - e provocam - enfrentamentos com a polícia. A muito tempo deixaram de invadir fazendas produtivas e passaram a invadir fazendas produtivas, valiosas, destruindo plantações, matando a produção. Em Brasília, a uns 15 anos, invadiram a EMBRAPA e mataram animais que foram fruto de décadas de pesquisa. Mais recentemente, inventaram que área urbana deveria ser destinada a reforma agrária (!!!!), o que é muito curioso, já que além de área urbana é uma cidade cujo m² de terreno é bastante visado. Como ficou óbvio demais que nao iriam plantar nada no meio da cidade, criaram um outro grupo (Movimento dos sem-teto) para conseguir umas terrinhas do DF. O que, novamente, é muito curioso, já que existe aqui a alguns anos uma forte politica para alojar familias pobres e também a classe média (Morar Bem) para o qual existe uma série de requisitos: faixa de renda até X salários minimos, ao menos 5 anos de residencia no DF, nunca ter tido imovel na área, etc... E esse grupo quer o quê? atropelar todas as outras pessoas que preenchem estes requisitos e já esperam a varios anos e ter a casa delas AGORA, sem querer saber nem mesmo dos critérios de prioridade do programa oficial (familia como idosos, especiais, crianças, etc). É interessante ver como nesses "assentamentos de sem-teto" tá cheio de carro novo os materiais dos barracos são os materiais "clássicos" de barracão, mas todos novos, recém-comprados. Como eu disse, a premissa de reforma agrária é extremamente nobre e de fato deve ser efetuada, mas para mim está muito, muito claro o que de fato é o MST: Ou é um grupo terrorista, ou serventes do mesmo sistema opressor e mesmos senhores da opressão que eles dizem lutar contra.

Kittsu disse...

*... deixaram de invadir fazendas (IM)produtivas e passaram a invadir fazendas produtivas,