sábado, 11 de maio de 2013

GUEST POST: QUE ROUPA UMA MENINA DEVE USAR NA ESCOLA?

Já adianto que não tenho opinião formada sobre a pergunta no título. Mas acho relevante falar sobre isso, e foi o que a Renata fez.
Renata Velloso, médica, 38 anos, mora na Califórnia com seu marido e três filhas de 12, 8 e 7 anos. Tem um site de viagem que é um catálogo dos lugares que ela e a família querem conhecer um dia.

Sou mãe de três meninas. Minha filha mais velha tem doze anos e é aluna da sexta série de uma escolar pública nos Estados Unidos. 
Eu sugeri para Lola esse guest post após ler um artigo na revista The Atlantic com o título “A Dress-code enforcer’s struggle for the soul of the middle-school girl” (ou em tradução livre minha: “A luta de uma professora pela alma das meninas ao impor as regras nas roupas durante o segundo ciclo da escolar fundamental”). 
Resumidamente, o artigo, escrito por uma professora de middle school (que compreende do sexto ao oitavo ano, ou seja, alunos de 11 a 14 anos de idade), mostra a sua dificuldade e preocupação com as suas alunas. Contextualizando, a escola pública americana via de regra não tem uniforme, mas a partir do middle school as escolas estabelecem algumas regras, um “dress code” com o que pode e o que não pode vestir. 
Essa professora diz que impõe as regras do “dress code” as suas alunas com três objetivos: primeiro, a preocupação de que elas se valorizem, que mostrem mais seu caráter e inteligência do que suas pernas; segundo, pelo seu direito pessoal de poder ensinar sem precisar olhar as calcinhas das alunas, e, por fim, para evitar que os meninos se distraiam na aula de ciências.
Minha filha entrou no middle school este ano, então faz pouco tempo que tive contato com o tal “dress code”. Quando eu li a lista do que podia e o que não podia eu me lembrei da minha própria adolescência. Eu estudei em um colégio tradicional paulistano em que bermuda (para meninas, lógico) só na altura do joelho, saia idem. Eu me lembro bem que os “bedéis”, uma espécie de policial dentro da escola, controlavam na fila de entrada quem estava vestido apropriadamente e quem não. Eu odiava aquilo com todas as minhas forças, especialmente porque nunca vi um menino ser retirado da fila por causa da sua roupa.
Algumas coisas me incomodam nesse assunto e no artigo da professora. Por exemplo, por que a escola estabelece essa preocupação com a roupa das meninas? Na escola elementar, que vai até o quinto ano, não tem nenhuma restrição. Tenho outras duas filhas menores que vão para a escola de shorts, saia, como bem entendem. A mais nova, com 7 anos, saiu hoje vestida de bailarina. Não me consta que vai se distrair ou distrair outra pessoa por conta disso.
Mas quando faz 11-12 anos a menina, antes mesmo que ela própria perceba alguma diferença no seu corpo, já é instruída: não pode shorts curto, não pode saia curta, não pode camiseta regata, não pode maquiagem. No artigo a professora defende essas regras afirmando que as meninas têm que mostrar que elas são mais do que “objetos decorativos” que atraem o sexo oposto. O que eu não entendo é porque ainda hoje é colocado esse dilema que ou a mulher é bonita, sexy, arrumada, ou ela é estudiosa, inteligente e tem bom caráter. Qual a dificuldade de se entender que as meninas podem ser todas essas coisas ao mesmo tempo? 
Numa passagem emblemática do artigo, a professora escreve que quando ela dava aula para o ensino médio, era mais fácil impor ar regras. Para tanto ela usava a seguinte estratégia: a menina que estava vestida inapropriadamente teria que usar uma camiseta masculina grande e horrorosa como castigo. Tem maneira mais gráfica de mostrar que o corpo feminino é algo que  as meninas deveriam se envergonhar? Tá certo que isso seja ensinado na escola?
E a questão de distrair os meninos? Porque desde os 11 anos os meninos são considerados como animais indomáveis que não conseguem se comportar? Porque ao invés de uma camiseta feia e larga nas meninas não colocamos uma viseira de cavalo nos meninos? Não que eu ache isso certo, mas se a menina está sentada estudando e o menino não consegue parar de olhar para as pernas dela, é ela que está se comportando mal e deve ser punida? Será que não é nessa idade que começa a noção de que a menina que veste roupa curta está na verdade “provocando” e portanto “pedindo” para ser abusada sexualmente?
Por outro lado a professora se preocupa que essa excessiva valorização da imagem leve as meninas a distúrbios alimentares, depressão e até ao suicídio, e conclui que essas “garotas perdidas” eram em geral suas alunas mais brilhantes, as preferidas. Será mesmo que estamos ajudando essas meninas em alguma coisa proibindo shorts curtos na escola? Acho pouco provável, até porque meninas com distúrbios alimentares têm vergonha do seu corpo, e por isso costumam se vestir conservadoramente.
Sinto te informar, professora, mas a simples presença, o olhar, o perfume do primeiro amor, vai ser sempre mais interessante do que a sua aula de matemática, independente do comprimento da saia da menina. Ainda mais com a quantidade de assunto desinteressante e inútil que é ensinado na escola (o que já daria assunto para um outro post). 
Eu como mãe de adolescente de primeira viagem estou encantada com o processo de desenvolvimento da minha filha. É mágico perceber as mudanças no corpo e participar desse desabrochar. É interessantíssimo ver os primeiros momentos de percepção de que os meninos podem ser interessantes e não somente aqueles monstrinhos pentelhos que atrapalhavam as brincadeiras das meninas no ano passado. 
E aí eu questiono: por que a sociedade não aceita a beleza desse momento como algo natural? Será mesmo que impor regras ajudam os meninos e meninas a lidarem com essa difícil fase de mudança, ou essa intervenção dos adultos acaba mais atrapalhando do que ajudando? O que vocês pensam sobre o assunto?
Leia o update da Renata.

96 comentários:

vera maria disse...

Penso que essa fase da menina, sobretudo, é uma das mais difíceis, em parte devido a essa percepção da sexualidade de forma mais clara e intensa, talvez - os hormônios ficam mesmo bem aflorados. Agora, uma coisa é perceber isso e ficar amorosamente encantada com a filha na privacidade do lar, no aconchego do espaço familiar; outra coisa é lidar com uns trinta pre adolescentes (é mais ou menos essa a faixa etária) dentro de uma sala de aula, com todos querendo alguma coisa mais interessante do que o que a professora está oferecendo no momento. Acho legítimo as exigências que a professora faz: fui professora minha vida toda e estar ali, tendo domínio da turma e ao mesmo tempo tendo de fazer o assunto de que se trata minimamente interessante já é trabalho suficiente para ainda ter de administrar os excessos- sejam eles quais forem - dos alunos em questão.

Além disso, acho que acontece uma certa competição, para o bem e para o mal, entre meninas quanto a essa questão de roupas, logo, se houver um mínimo de padronização para todas ajuda a conter os egos. E regras claras para tod@s não fazem mal não, ajuda a perceber o mundo real, que não é apenas mamão com açúcar, em lugar algum.
Grande abraço, boa sorte pras meninas,
clara lopez

RenataK disse...

Oi Lola e leitores,

Escrevi esse texto faz algum tempo e na época minha filha nunca tinha sofrido com as imposições do tal "dress code". Coincidentemente essa semana ela foi enquadrada 2 vezes, em ambas teve que vestir a roupa de educação física (fedorenta) como "castigo".

Nas duas vezes tudo que ela estava "mostrando" era parte do ombro. Isso mesmo gente, do OMBRO!

Ela estava de jeans, camiseta regata e em uma das vezes com um trico levemente transparente por cima da regata e na segunda com uma camiseta curtinha por cima da regata. Pra mim ela estava totalmente adequada e chegou em casa revoltada com a situação. Espero que vocês possam me ajudar a refletir e a lidar com a questão. Beijos e brigadão Lola!

Mit disse...

Eu estudei do primeiro ano do ensino fundamental ao primeiro do ensino médio em um colégio católico tradicional aqui do RJ. Nos primeiros anos, era liberado para as meninas usarem saia no joelho e para os meninos, bermuda. Após a quinta série as meninas eram proibidas de usar saia. Justificativa do coordenador: "elas vão usar para mostrar as pernas". Para piorar, durante meu primeiro ano do ensino médio, resolveram mudar o uniforme de educação física. O short dos meninos era de um azul de tecido quase transparente, minúsculo. Muitas vezes você via o que não queria, mas eles nunca eram advertidos. Já as meninas, que sempre tiveram uma bermuda compridinha super confortável e agradável, ao invés de sofrerem uma mudança no design, o colégio decidiu que ia aumentá-las de tamanho. Resultado, mesmo usando a PP sendo que seu tamanho normal é M, você tinha que fazr educação física com um saco de batatas entre as pernas imenso e grotesco. Muito trágico.

Anônimo disse...

Indios andam nus, e levam uma vida saudavel e natural.
Devemos abolir a imposissão de uniformes, seja em que ambiente for, em uma nova sociedade igualitária, uniformes em ambientes diversos, tem em sua origem construtiva social, o militarismo, ou seja, origem patriarcal, que dve ser totalmente desconstrido em uma sociedade que busca a igualdade.
Adorei a analogia da viseira, a melher dever ter liberdade sobre seu corpo livre, e se homens e garotos não conseguém se controlar, que se mediquem em sua doença.

Pedro disse...

Acho que deveriam fazer como nas escolas brasileiras: colocar uniforme. calça comprida, tênis e a camiseta padrão da escola pra todo mundo. Não é mais fácil? Mas se é pra não ter uniforme, que liberem pros alunos (e alunas) usarem a roupa que bem entenderem. Censura é uma coisa muito estúpida. O que tem de errado numa menina mostrando os ombros ou as pernas? Desde que ela não esteja só de biquíni na sala de aula...

Sara disse...

Achei o post super interessante Renata, e gostaria de falar um pouco da minha experiência e de minha filha pra traçar um paralelo.
Quando eu estava no ginasio (eu sou dessa época sabe??) pra quem não sabe, seria o equivalente a quinta a oitava série, que é justamente o período da adolescência, havia tb uma temida inspetora de alunos, que alem de manter a ordem entre os alunos era a censora dos uniformes das garotas, vale lembrar q nessa época a mini saia era moda, e até mesmo mulheres mais velhas usavam normalmente, e como todas as garotas eu tb queria usar, mas a regra era de que a saia deveria estar a um dedo dos joelhos, e eu a contra gosto usava assim.
Logo depois das férias de Julho, quando voltei as aulas, durante o recreio essa inspetora de alunos me pegou pelo braço, eu era muito magrinha, e no meio do pátio e de todos os alunos ela descosturou toda a barra da saia do meu uniforme, foi uma vergonha muito grande q ela me fez passar, mas isso era até normal naquela época, e como foi falado no post, NUNCA JAMAIS, vi nenhum menino ser chamado atenção por qualquer detalhe no uniforme q usavam.
No meu caso nem sequer foi levado em consideração que eu estava em plena fase de crescimento, e perdia roupas como é normal acontecer nessa idade e apenas por isso minha saia pode ter parecido mais curta nessa volta as aulas.
Mas surpresa eu fiquei quando muitos anos mais tarde minha filha que havia entrado muito nova na universidade(ela tinha 17 anos) foi cursar engenharia na POLI, e como todos sabem é um curso em q a maioria esmagadora é de homens.
Minha filha nunca teve problemas com suas roupas, pois bem diferente de mim rrrss, ela é muito discreta, é de seu temperamento ser assim, ela raramente usa saias, não gosta muito, mas uma vez, quando estava um calor infernal , ela resolveu usar uma para ir as aulas, pois ela recebeu muitas criticas do alunos, disseram q ela estava se expondo demais, q era indecente ir de saia assistir aulas, fiquei chocada, quando ela me contou isso, e ela tb ficou muito assustada com essa reação dos colegas do curso, sinceramente achei q esse sexismo desses alunos, tinha ficado no meu passado, que isso deveria ser inaceitavel atualmente, mas infelizmente não é assim, e pelo q foi descrito nesse post não é mesmo, nem aqui nem la.
Cheguei até a comprar uma saia bem comprida para minha filha usar nos dias mais quentes, e como ela usa os cabelos muito compridos, ela ficava parecendo essas crentes, e pouco usou a tal da saia.
São tantas amarras em que essa sociedade machista insiste em nos prender, e nossa roupa é só mais uma.

Valéria Fernandes disse...

Quando era adolescente, achava o cúmulo do autoritarismo usar uniforme. Na verdade, só gostei de um uniforme que usei na vida... Meu sonho era esse modelo de escola pública americana no qual você escolhe (*e a gente acha que livremente*) o que usar.

Hoje, adulta e professora, por mais que considere que o uniforme é um mecanismo utilizado para anular a identidade (*e historicamente eles surgiram nos mosteiros e para identificar os alunos pobres nas universidades que dependiam da caridade das ordens religiosas e, não, no meio militar*), só que, ao mesmo tempo, eles nivelam, igualam. Dada a ênfase no consumo e na ostentação, acredito que uniforme não seja de todo mal. Penso nos alunos e alunas pressionados, a depender do meio, a usarem não roupas mas marcas; ou as meninas rotuladas por não poderem se exibir. Sim, porque por mais daninho que pareça ser o artigo comentado no texto, pelo menos nesta parte eu tenho que concordar. Meninas são pressionadas por todos os meios a se enquadrarem em um modelo X de beleza, e a roupa é uma das formas de mostrar que seu corpo está dentro desses padrões. Pegue qualquer desses relatos de emagrecimento que a mídia adora exibir e 9 entre 1 terão algo como “Agora posso usar a roupa...”. Adolescentes, pior ainda, até crianças, estão sendo pressionadas a se enquadrar. E não pensem que meninos estão livres, uma das preocupações maiores com a saúde dos garotos em nossas escolas hoje é a questão dos anabolizantes; ter um corpo musculoso, malhado, é algo que se torna, também, uma imposição aos meninos.

(cont.)

Valéria Fernandes disse...

Agora, o que me preocupou no texto da autora é essa imposição de um “dress code” somente às garotas; nas escolas que freqüentei e onde dou aula, quando sem uniforme, há exigências para os meninos, também. Outra preocupação é a sexualização precoce dessas crianças. Além de pintarem os meninos como maníacos sexuais incontroláveis – coisa que eles não são, mas podem se tornar – ainda criam uma culpabilização na cabeça de meninas tão novas. A culpa é do seu corpo. Esse artigo não defendia a separação entre meninos e meninas no ginásio, não? Porque seguindo a lógica das idéias apresentadas esse seria o caminho mais adequado, fora, claro, que há forte corrente nos EUA que defende que se separem meninos de meninas como se fosse a panacéia para todos os males. E não é somente gente conservadora que pede isso, por mais curioso que seja...

Enfim, contando uma experiência como professora. Dei aula por quase um ano em uma Escola Normal, isto é, de formação de professores, o que quer dizer que 95% dos alunos eram garotas. O uniforme era obrigatório; saias no joelho. Ainda assim, em nenhum outro lugar vi tanta falta de modos, para usar um termo antigo e carregado de preconceitos. Ver calcinhas era muito comum. Tive que chamar atenção de aluna que se abanava com a saia. Uma delas, ao ser chamada a atenção, disse “Mas não tem homem aqui!”. Tinha, sim, quatro meninos, que ficavam vermelhos de vergonha e nem um pouco visivelmente excitados. Tive que responder que não era obrigada a ver as calcinhas dela e que deveria ter compostura. Enfim, pelo que sei (*e aqui contam filmes e mangás*), em escolas separadas, esse tipo de comportamento não é incomum, afinal, nem meninos, nem meninas, precisam se incomodar com o olhar do outro. Só que nesta escola em questão havia alunos e professores homens. E uma das coisas que mais me incomodavam era o quanto de familiaridade havia entre algumas meninas e professores homens; ou com os motoristas de ônibus. Era comum o assédio de parte a parte e um dos momentos mais críticos para mim foi quando o professor de física passou na porta de uma das minhas salas e um coro de alunas começou a berrar “Gostoso! Gostoso!” e eu tive que passar um sabão em todo mundo. Fora isso, a escola ficava em uma rua atrás da Via Dutra e cercada de motéis, um deles abriu uma porta para os fundos e bem na porta do colégio. Não estou me posicionando contra o livre exercício da sexualidade, mas do quanto essas meninas eram empurradas a acreditarem que este comportamento estava ligado, na cabeça de muitas dessas meninas, ao sucesso e à popularidade. Ou seja, ter um “dress code”, que proibia calças compridas e bermudas, não fazia com que o ambiente fosse menos sexualizado, muito pelo contrário.

E só para constar: gravidez na adolescência era muito comum nessa escola e os mesmos professores e professoras que eram complacentes com esses comportamentos, faziam questão de humilhar e dificultar a vida das meninas que engravidavam e não abandonavam a escola. Estar naquele espaço, lugar de formação de professoras, me deixava doente.

Mihaelo disse...

Na maioria dos países o uso de uniforme é obrigatório e no Brasil também era assim até os anos 70 do século passado.Então a ideia de abolir os uniformes veio dos Estados Unidos, como bom copiadores que são os governantes e empresários brasileiros.O que é bom para os EUA é bom para o Brasil! No Uruguai onde se usa uniforme, percebi que as escolas próximas à fronteira com o Brasil não têm uniforme.Muito interessante este fenômeno, em que o gigantesco vizinho do norte acaba influenciando as escolas fronteiriças do paisinho. Em nosso país,praticamente só as escolas particulares conservam o uso de uniformes. Em algumas escolas municipais há uma camiseta padrão com manga e com o logotipo da escola como uniforme, mas se o(a) aluno(a) vier sem esta camiseta, ele(a) pode entrar na escola.
Nas escolas públicas não há repressão no que as gurias vestem. Elas podem ir de minissaia, "short", bustiã ou de camiseta regata e de blusas com decotes enormes.
Uma vez numa turma de 6ª série uma das alunas tirou a camiseta em sala de aula.Os guris obviamente fizeram um alarido, mas ela não voltou a repetir o ato, de modo que não tive que me preocupar.
Aqui no Brasil também há uma grande liberalidade nas escolas, sobretudo as públicas, onde não há regras e quando há, estas não são respeitadas ou o Ministério Público manda punir o professor ou a diretora da escola como no caso da pichação da escola Barão de Caí em Viamão, onde a vice-diretora foi punida por causa da pichação feita por um aluno. Assim as alunas e alunos têm ampla liberdade nas escolas podendo entrar e sair das salas de aula quando bem entenderem, não fazer nada, ficarem brincando com os celulares e no caso das gurias ficarem perguntando ao professor se ele é casado, se tem namorada, filhos e até mesmo sobre o tamanho do membro.
Mas, as questões morais sexuais interferem no funcionamento das escolas, onde os guris são elogiados por serem os "garanhões" pegadores e as gurias difamadas por serem "galinhas" ou "chinas". Uma briga violenta que ocorreu entre duas meninas numa escola onde trabalhei muito provavelvemente teve esta origem e elas já tinham brigado na outra escola onde estudaram anteriormente.Nos colégios cada vez mais têm ocorrido brigas entre gurias por motivo de disputas por namorados. E como a maioria dos pais não podem falar de sexo com as filhas por causa de serem membros de religiões, as brigas são inevitáveis. Enfim, a escola brasileira é deveras problemática.Temos Religião como disciplina obrigatória mas não tem aulas de Educação Sexual e se o professor por conta própria resolve tratar do assunto, pode ser motivo para escândalo e até mesmo afastamento da escola. Que maravilha de país!!!!! E as escolas públicas só têm quadro-negro e livro didático, nada mais, não é de se admirar que os alunos não suportem as aulas.No Uruguai pelo menos todos os alunos e professores receberam um minicomputador e todas as escolas receberam conexão de banda larga de alta velocidade, ou seja lá o governo está realmente melhorando a educação!!!!!

Anônimo disse...

Bom,

eu acho o uniforme muito prático também, mas diferente do que ocorre no brasil, lá nos EUA e em países da Europa, que sofreram mais com as doutrinas fascistas (assistam o filme "a onda"), eles valorizam muito a individualidade das crianças e adolescentes, deixando-os a vontade para se expressarem atráves das roupas, inclusive. O uniforme padrão limitaria isso.

Então, lá, o uniforma não é bem uma alternativa.

Eu pessoalmente acho que, quanto menos regras, melhor, mas deve haver bom senso tanto para garotas quanto para garotos.

Nas escolas que estudei, por exemplo, o uniforme era apenas uma camiseta. Todo o resto (calçado, parte de baixo da roupa) ficava a critério dos alunos. Podia inclusive short (não havia uma medida mínima). Os coordenadores apenas pediam bom senso e nunca houve problemas.

Recentemente fiquei sabendo que, agora, proibiram o short lá. Como eu trabalho perto dessa minha antiga escola, via as roupas que os adolescentes andavam usando: short curto ou colado para elas, saia ou salto alto... e eles usando bermudas que deixavam a cueca a mostra.

Eu acho inadequado ir assim para a escola. Ademais, quando virarem adultos, vão ter que observar o dress code quase sempre no ambiente de trabalho, qual o problema de exigir um pouco de compostura na escola? veja bem, naõ quero que os jovens percam sua individualidade, só quero adequação na hora de se vestir.

Acho a justificativa da escola da sua filha machista, mas se o motivo fosse o que eu estou apresentando, seria justo sim (se bem que as roupas que você descreveu eram normais. mas americanos são puritanos). Se for em prol de um ambiente que favorece o aprendizado, eu acho justo sim, a vida do prof. é muito difícil rsrsrsrs.

É preciso atentar para que essa individualidade não crie ambiente propício para preconceitos de classe. Um tênis melhor, um jeans mais caro... Mas isso está em tudo: fulano ganha mesada pra comprar lanche na cantina e ciclano leva um pão com ovo de casa; fulano volta pra casa de motorista e cliclano de transporte público. A diferença vai existir: o que não pode existir é diferenciação por conta disso.

Gabriela disse...

Assim como a Valéria Fernandes,sou professora do Estado e da Prefeitura do Rio. Nas minhas escolas,o uniforme é calça jeans,tênis e a camisa do Estado(cinza) e a da prefeitura(branca e azul),para meninos e meninas. Acho que é assim que deve ser! Sou a favor do uso do uniforme! Há vários outros ambientes em que se pode usar bonés,shorts,bermudas,regatas,minissaias... Escola é ambiente formal!Não é uma passarela,nem lugar de ostentação! Agora eu pergunto: alguém aqui vai trabalhar de minissaia,barriga de fora,chinelo...? Claro que não! Sem contar que o uniforme é uma segurança para os alunos! Se algo acontecer com eles na rua,a caminho da escola ou voltando dela,fica mais fácil de contactar alguém em uma situação de emergência!

Na educação física,bermudas até o joelho para meninos e meninas! Quem não se veste assim,é suspenso da aula e o responsável deve ir até a escola!


Podem me chamar de careta a vontade! Não me importo! Sempre estudei em escola pública e cursei universidade pública! Achava ridículo ir pra faculdade arrastando chinelo! Chinelo a gente usa pra ir à praia,ao mercado...Aqui no Rio,as pessoas parecem que perderam o bom senso total,em qualquer ambiente! Em pleno CCBB,canso de ver mulheres com o shortinho do "tchan": aqueles em que metade da bunda fica de fora! Poxa...peraí! Esse look é ótimo...para ir à praia,né??? Estão perdendo o bom senso aqui no Rio!

Anônimo disse...

Muito mimimi dessa mãe. Escola é escola, e se impõe dress code ou acieta ou então procura uma que seja naturista!

Unknown disse...
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Unknown disse...
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jacmila disse...

@s profes aqui já deram um panorama bem realista - e desanimador - do q acontece neste "paisinho" regido por religiões fundamentalistas e, ao mesmo tempo, no ritmo funk da sexualidade&comportamentos boçalizados. Pra quem é profe é o inferno. Fico imaginando a Lola, a Regina Navarro Lins e demais libertários de carteirinha palestrando em uma turma de 40 alunos adolescentes sem limites...

Anônimo disse...

Eu apoio o uso de uniformes pois com eles não da pra saber classe social e isenta muitas crianças de pressões entre si.

Na minha escola tinha o código de vestimenta, as meninas sofriam mais mas os meninos que não faziam a barba não entravam. E tinham outros pequenos absurdos como não entrar se a meia não fosse branca.

O código não me parece errado, é um lugar de estudo e não um desfile de moda, mas deveria abranger os meninos também.

Liana hc disse...

Imposição é algo complicado e muitas vezes vem cercado de preconceitos. Pior ainda quando pesa mais para um grupo do que para outro.

No entanto acho que o uso de uniforme ou algum código de vestimenta (desde que feito com cuidado) ajuda a minimizar a questão da competitividade consumista dentro da escola. Isso em alguns ambientes é muito forte e atrapalha a integração dos/as alunos/as de um modo geral. Não que o problema se resuma a isso, mas também não ajuda. Algumas pressões de grupo tem efeito extremamente danoso e só serve para categorizar os jovens de maneira negativa e os afasta de usar roupas, penteados, acessórios como forma de expressão pessoal saudável, para ser algo feito baseado no medo de não ser aceito, para esconder "defeitos" corporais, para chocar etc.

Além do que, não vejo nada de mais em ensinar para crianças e adolescentes que escola (ou qualquer outro ambiente que exige certa formalidade) não é lugar de mostrar cueca nem calcinha ou coisa que o valha. Que faça isso em outro lugar. Escola não é a sala da nossa casa, nem boate, há limites e regras que convém a determinadas situações, jovens não devem ser excluídos dessa parte importante da vida em sociedade. Aliás é o mesmo bom senso que eu esperaria dos funcionários da escola e de visitantes. Paralelo a isso é interessante se houver abertura, diálogo e questionamentos na escola no tocante a tudo isso. **Mas de novo, é preciso muito cuidado com o modo como isso será feito para não virar instrumento de opressão e ratificação de preconceitos.**

Conceição Lima disse...

Em grande parte eu discordei desse guest post. Tb concordo com a Clara e acho legítimo as exigências da professora.

Não sei se concordo com a justificativa da professora de que é "para não distrair os meninos". Realmente aí se entende que os homens são incapazes de se controlar e que o esforço para tal controle deve vir das mulheres.

Mas qdo ela fala que um dress code diminui o peso da preocupação com a aparência e a leva pros estudos, eu concordo. A convidada disse q dar pra ser tanto preocupada com a aparência como competente. E eu tb acho. Mas que maravilha seria se nós mulheres não perdêssemos tanto tempo com a aparência? Se grande parte do que pensamos que somos não tivesse nada a ver com a imagem do espelho? Acho que seríamos bem mais confiantes.

Outra coisa que esse guest post me fez pensar é que alguma reflexão deve ser feita sobre roupa curta. Por que não existem equivalentes de "decotes, minissaia, espartilho, salto alto, vestido justo, meia-calça, lingerie" pros homens? Não sou contra o uso dessas roupas, eu só me pergunto até que ponto o surgimento e o uso delas tenha a ver com a objetificação social do corpo feminino, com a simplificação social da mulher à aparência?

Essas vestimentas são feitas para enfatizar o corpo. Pra nos deixar atraentes. Será se reivindicá-las em todos os espaços liga-se somente à liberdade de expressão do corpo? Ou de algum modo assumimos talvez sem refletir o papel esperado de objeto de desejo?

Liana hc disse...

Julia Faria, uma discussão não exclui a outra. Não vejo ingenuidade nenhuma nisso, o assunto é complexo e a vestimenta, aquilo que vai no corpo, obviamente carrega todo um simbolismo próprio. Não há uma solução definitiva ou única para isso e a escola sozinha não tem como resolver o assunto. É no dia-a-dia e com boa vontade que cada um desses assuntos vão se equilibrando.

Discutir o uso, ou não, do uniforme, é apenas uma parte de algo mais abrangente que não será resolvido numa tacada só.

Aliás, considero essa abertura ao diálogo mais importante do que a decisão em si. Porque é aí que as maiores mudanças vão ocorrer.

Anônimo disse...

eu acho melhor q tenha uniforme nas escolas,nas que eu estudei tinha .
menos uma chance para o bullying,sempre tem alguém que se acha superior,na moda e que adora debochar da roupa dos outros.

só achei errado n ter restrições para a roupa dos meninos. escola é para estudar,n é um desfile de moda.

vitor disse...

imagina se n tivesse uniformes no brasil,aqui no rj,meninas iriam vestidas de piriguetes ,com roupa colada no corpo e algumas até sem calcinha(vão assim nos bailes funk,pq eu ja vi) e os caras iriam com a bermuda arrastando no chão mostrando a cueca e sem camisa.
tudo isso no ambiente escolar e a putaria ia rolar solta.

Anônimo disse...

Por que não existem equivalentes de "decotes, minissaia, espartilho, salto alto, vestido justo, meia-calça, lingerie" pros homens?

disse tudo, n existe,tb nunca vi sunga de praia fio dental,bem enfiada lá ,para mostrar direitinho a bunda do homem.

Sara disse...

Fernando Gabeira usava uma sunga de crochê minuscula enfiada lá rssssssssssssssssssss....
Ficava um charme nele...

SeekingWisdom disse...

Renata <3!

Tenho q comentar neh, afinal:
ai, o dress code!

Os adultos, pais e profissionais da eduação, não conseguem entender, no geral, que a lei é uma medida burra que nada nos ensina, apenas impõe.
Minto! Nesse caso faz mexatamente o que você constatou Reanta, ensina às meninas como elas devem se vestir de modo decente para não distrair os membros podutivos da sociedade.

Se por um lado há uma tendência da mídia e mercado em supersexualizar mulheres sem nenhuma restrição de idade, a imposição do padrão adequado de comportamento só reforça a linha entre putas e santas na sociedade.

Onde é liberado observa-se meninas usando maquiagem muito cedo, os grupos de populares e as roupas de toda cor. Isso não ajuda muito a quebrar o estereótipo de menina tem que ser bonita. Em relação aos meninos veriamos, muito provavelmente, um padrão mais repetitivo, padronizado - também resultado do machismo afinal qq coisa fora disso e o cara é gay mesmo que tenha 12 anos. (Que o diga o garoto Theo Chen

O que adianta! Aha, boa pergunta. Que tal ensinar as crianças, que são mais espertas que muitos adultois por aí sobre a industria da moda, sobre os estereótipos de gênero e talvez, quem sabe, emitir somente uma recomendação para evitar alguma roupa ou acessório menos apropriado.

Na minha escola de ensino médio, que era administrada por freiras, havia uniformes, mas lembro que at´pe as bolsas eram fiscalizadas - não podiam conter pixações e coisas do tipo. Ora vamos parar de limitar o comportamento e as possibilidades do ser humano. O que nossa sociedade normalizadora faz com esse tipo de ação é somente isso. Para quem nunca viu, sugiro esse belo talk .

No seu caso específico Renata eu sugeriria iniciativas entre os alunos da escola (start a revolution) e entre os pais mais progressistas que vc conhecer.
Não sei sobre o sistema legal daí, mas a humilhação pública de sua filha não deve ser aceita.
Eu pensaria em maneiras criativas de protesto. Talvez camisas com o desenho do corpo por cima (mostrando o ombro) e mesmo campanhas anti-machismo. Seria excelente para todas as meninas se apoderarem do próprio corpo.
Ia ser lindo uma marcha das vadias mirim, mas pensemos pequeno primeiro! haha

Bjs!
Phillipe

Sara disse...

http://baudosblog.blogspot.com.br/2010/07/meus-bens-meus-bens.html

Q gracinha q era a sunga dele...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jacmila disse...

"imagina se n tivesse uniformes no brasil,aqui no rj,meninas iriam vestidas de piriguetes ,com roupa colada no corpo e algumas até sem calcinha(vão assim nos bailes funk,pq eu ja vi) e os caras iriam com a bermuda arrastando no chão mostrando a cueca e sem camisa.
tudo isso no ambiente escolar e a putaria ia rolar solta."

Não seja por isso. Soube de uma aluna q fazia blow jobs no banheiro da escola por módicos $10. Mas tudo bem, né! é o pussy power e não podemos criticar senão é slutshaming.

Luisa V disse...

Bom, eu vivi a realidade da filha da autora. Fui adolescente em uma middle school nos EUA, morei lá dos 13 aos 15 anos.

A princípio, o fato de poder escolher as roupas da escola me deixava feliz, mas me fazia comprar MUITO mais roupa do que antes.

Às vezes era um tanto difícil simplesmente comprar uma camiseta que conseguisse me agradar - as regras para camisetas eram: não pode ser de alça, não pode ter decote muito grande (absolutamente subjetivo!) e não pode ser curta demais. Como você sabe se é curta demais você me pergunta? ah, fácil, você tem de levantar os braços e se quando seus braços estiverem levantados aparecer sua barriga, é curta demais, compra outra.

As regras valiam para todos, meninos e meninas. Eles também não podiam ir pra escola de regata, ou de short curto (como vc sabe se é curto demais? coloca os braços do lado da perna, se for mais curto que a ponta dos seus dedos, não pode. Comprar saias era uma atividade complexa). As regras vinham escritas numa lista em uma agendinha que a gente ganhava no início do ano. Se alguém fosse pego infringindo, o professor (a) chamava para uma sala e conversava para ver a solução. Aconteceu comigo uma vez (uma regata meio decotada por dentro de uma blusa de manga... no Brasil não seria nem levemente considerada ousada) a solução foi fechar a blusa e fim do assunto.

Mas essas regras não tratavam apenas da questão da sexualidade, elas serviam para diversas roupas consideradas inadequadas (algumas que acharíamos até... redundantes - mas não eram, acreditem). Por exemplo:

01. Não pode ir para a escola de pijama (!)

02. Não pode ir com roupa de academia, muito colada no corpo

03. Não pode usar chapéu ou óculos escuros dentro da escola (tinha um "hat day" quando era permitido usar chapéu, que eu admito, era divertido).

04. Não pode ir de chinelo (flip-flops)

05. Não pode usar roupas com frases que propaguem ódio, violência, ou discriminação (regra MUITO importante)

06. Os meninos também não podiam andar com metade da cueca aparecendo, o que estava super na moda na época

Não eram proibidos saltos (apesar de que poucas meninas usavam) nem maquiagem - que muitas meninas usavam MUITA mesmo (pensem numa sombra azul turquesa e delineador as oito da manhã) Tinha gente que ia pra escola parecendo que ia trabalhar num tribunal de tão chique e outros que iam parecendo que não tinham lavado a camisa (talvez não tivessem...).

Haviam outras regras, que já não me lembro mais ... eu achava complicado e um tanto exagerado, mas não era exatamente o maior absurdo do mundo. Eu ficava incomodada com essa "liberdade pela metade" do tipo, você pode usar o que você quiser desde que eu mande no que isso não pode ser. A impressão que eu tinha era que eles eram mais chatos na middle school, quando passei pra high school a vigilância era menor e a sua blusa podia deixar aparecer a barriga quando levantasse o braço, mas nada de um alcinha num dia quente de verão!

Uma coisa meio surpreendente era o fato de que essas regras também valiam para as festinhas da escola, as "dances" (no máximo te deixavam usar uma alça de 2 polegadas...).

Me lembro de um dos momentos mais surreais dessa minha estadia quando perguntei o que seria adequado pra usar na festinha e me responderam "tipo uma roupa que você vai a igreja..." oi? pensa a brasileira que não vai a igreja e que se fosse, não usaria nada que pudesse ser também usado para uma FESTA...

Luisa V disse...

(cont.)

Outra coisa: aqui citaram o fato do uniforme impedir a competição por "status" o que não acredito que seja verdade. Na escola americana não notei muito isso acontecendo, talvez por ser uma escola pública, enquanto que na escola particular brasileira que eu estudava antes havia muita competição desse tipo, mesmo com o uniforme. A competição ficava pro celular, pra bolsa ou mochila de marca, para a marca do tênis branco... e era bem evidente. Também haviam muitas alunas que alteravam o uniforme da escola para ficar mais "sexy" - tiravam o elástico da ponta da calça, mudava um pouco o corte para ficar mais ajustado as curvas do corpo... e ficavam "faladas" por causa disso. Não quebravam nenhuma das "regras" e o resultado final era o mesmo. E os meninos continuavam sendo distraídos pelas meninas bonitas, mesmo com tudo isso... (e as meninas pelos meninos bonitos né, duh, é a adolescência, pode por todo mundo de burca que vai acontecer do mesmo jeito...)

SeekingWisdom disse...

Ah sim, e uma observação rápida.

Uniforme = modo prático, agil e, não nos enganemos, ditador de resolver o problema da ditadura da escola. Troca uma imposição burra por outra, mas resolve o problema de professorxs horrorizadxs com o comportamento libidinoso de sxxs alunxs.

Liberação e concientização - medida muito mais díficil que exige esforço e reforma do sistema, mas que transforma um problema local em uma solução que transcende o muro da escola - aha! Isso é algo que fazemos na escola que realmente ensina algo importante para os cidadãos que passam por sua estrutura!

Abraços!
Phillipe

nick disse...

Acredito que o dress code seja pra homens e pra mulheres. Pelo relato, não vi qualquer tentativa da professora de tolhir algum direito feminino em prol de um direito masculino. Você pode vestir o que quiser, em via de regra, mas certas ocasiões demandam roupas especiais, para homens e para mulheres. Tenho certeza de que se um menino tentasse entrar sem camisa ela também impediria. Um "dress code" e um uniforme são importantes para razões além de nivelar pessoas em questão de condição social ou gênero, é pra formar uma identidade, formar um caráter na pessoa. Eu sou a favor que nos expressemos também pelo modo de vestir, mas tudo tem um limite. Se eu estou interessado em um cargo num escritório de advocacia, por exemplo, faço bem em colocar um terno. Isso não me diminui em nada,o terno seria só um roupa naquele momento, adequada para um público que espera ir a um escritório com um advogado vestido com um belo terno e não de bermudas. Não considero isso uma opressão do sistema. Quem discorda de mim, pense: porque você veste roupas, afinal ? Pra que gastar parte do seu salário com roupas ? Você o faz por convenções sociais, convenções essas que devem ser respeitadas em alguns momentos, porém nem todos. Quando essas convenções ferrem direitos individuais e fundamentais das pessoas, é um problema. Não mostrar o ombro não fere nenhum desses direitos.

Júlia disse...

Sempre estudei em colégio de freira, no qual o uso de uniforme era obrigatório. Porém, sendo uniforme, podia ser do comprimento que o aluno quisesse, tanto meninos quanto meninas. O uniforme não é um mal, hoje enquanto professora vejo que ele iguala os alunos e coloca todos no mesmo patamar socio econômico dentro da escola. Mostra que todos dentro da escola são iguais.

Anônimo disse...

Sou professora.

A escola onde trabalho (Prefeitura SP), recentemente proibiu o uso de calça legging, pelos motivos citados no guest: meninos que não conseguirão controlar os seus instintos podem te assediar, essas meninas estão muito "saidinhas".
No entanto, o que elas não mostram na leggin, transferiram para o jeans, que continua liberado. E um jeans sexy no corpo de uma adolescente... Bom, prefiro não me aprofundar na inutilidade dessa regra...
Lembrando que o uso da camiseta fornecida pela prefeitura é obrigatório e roupas curtas também são vetadas. Pobre leggin.

Patricia disse...

Então, eu não tenho um opinião formada sobre uniformes. Estudei a vida inteira em escolas que exigiam uniformes, e apesar de não amar, também não tinha muito o que reclamar. Aqui em Fortaleza, acho que todas as escolas particulares exigem que os alunos usem uniformes, então para mim sempre foi mais uma questão de 'rotina', não existia outra opção, mesmo que eu mudasse de colégio.

O que me incomodou no texto que você citou foi a professora dizer que as exigências a respeito das roupas das meninas aconteciam porque ela não queria que suas alunas fossem vistas como meninas vulgares e estúpidas por conta de suas roupas. Acho que aí é que está o problema, porque para mim roupa nunca foi medidor de caráter e inteligência, e ensinar esse tipo de generalização aos alunos é ridículo e errado.

Também concordo com você com o fato de rolar uma 'culpabilização' do corpo feminino. Por algum motivo, acho que as pessoas ainda não entenderam que é normal que meninas cresçam, tenham seios, quadris e corpo de mulher, e que elas não precisam andar cobertas se não quiserem. E na minha opinião isso acaba sendo bem pior para o psicológico de uma menina do que a ostentação das colegas e competição de quem é mais bem vestida, porque ensina as garotas a ter vergonha do seu corpo.

Nunca aconteceu comigo, porque eu fui a ultima das minha sala a ter seios e corpo de mulher,então quando finalmente aparentei ser uma adolescente, foi motivo de alegria, mas dia desses entrei no elevador do prédio, e uma senhora comentou comigo que a filha sempre andava com os braços cruzados ou curvada porque tinha vergonha dos seios...

Quanto à padronização das roupas na escola, não sou exatamente contra existirem regras, mas as restrições devem ser empregadas em ambos os sexos:)



André disse...

Na escola que eu estudei era calça ou bermuda para os meninos e para as meninas podia ser calça, bermuda ou saia. Não podia short ou mini-saia nem para os meninos nem para as meninas. O motivo para as meninas não poderem usar mini-saia eu não sei, mas penso que era o mesmo motivo que impedia os meninos de usarem regata ou ficarem sem camisa.

Anônimo disse...

No meu colegio há uniforme, e para as meninas tem um short que fica um pouco acima do joelho, algumas meninas compram o short em tamanho menor para ficar mais curto e quando elas usam podem tomar advertência dependendo de onde o short estiver, ouvimos vários sermões sobre nos valorizar e etc. Entre os meninos existe uma moda de usar a calça no meio da bunda com a cueca aparecendo e nunca brigaram com eles por causa disso, sinceramente, acho bem desnecessário usar shorts curtíssimos e mostrar a bunda na escola, acho que tanto as alunas quanto os alunos deveriam ser avisados em relação a isso, porém de forma menos machista e ignorante.

RenataK disse...

Oi voltei ;-)

Esclarecendo o que me incomoda não é a regra em si, é a motivação da regra "meninas devem se vestir com recato para se valorizar, não distrair os meninos e não constranger professores".

É como se o corpo da menina em desenvolvimento fosse uma ameaça para ela e para os colegas. Algo que não pode ser mostrado nem sugerido. O ideal para os puritanos americanos, ainda que eles não confessem é que as meninas andassem de burka.

Nick perguntou o que aconteceria se um menino viesse SEM camisa. Sim, tem razão ele teria que colocar uma. Essa é a diferença...meninas não podem mostrar uma parte do ombro ou um centímetro de barriga com o braço levantado...meninos não podem entrar sem camisa. Meninas não podem usar shorts acima dos dedos do braço...meninos não podem ir sem shorts.

Não existe relação entre o dress code e a tentativa de padronização social na escola. Existem roupas compridas e curtas de todas as marcas. Sem falar em mochilas, relógios, tênis, botas uggs e por ai vai. Não é esse o ponto.

Phillipe, obrigada pelas dicas! Mas a minha Luiza é super discreta, acho que como a maioria das meninas dessa idade não quer chamar atenção. Alias ela morreu de vergonha de ter que ir para a aula com o uniforme de educação física e explicar pra todo mundo o motivo.

Luisav descreveu muito bem a situação. Realmente não é algo dramático que incomode tanto. Não é a situação em si que causa desconforto é a motivação do problema que talvez income mais a mim do que ela. É o machismo que está por trás das regras e que ela ainda nem tem consciência.

Valéria Fernandes disse...

Acho que preciso escrever um novo comentário (beeeem longo), pois algumas generalizações foram feitas em relação aos professores;

1. Em nenhum momento escrevi que era um inferno dar aula para adolescentes. Tenham certeza que se eu acordasse de manhã com essa perspectiva como horizonte, eu teria mudado de profissão. Inferno na minha vida foi trabalhar como atendente na Credicard; aquilo, sim, me deprimia.

2. Nunca tive turma incontrolável ou que eu não pudesse controlar, nem no Rio, nem em Brasília. Eu moro no DF dedes 2001 e faz quase 12 anos que só leciono no Colégio Militar, instituição que exige uniforme, não permite customização, e tem um “dress code” que, mal ou bem, é respeitado por meninos e meninas. Sei que é uma realidade diferenciada, mas não deixo de observar o que acontece em outros colégios.

3. Adolescentes saudáveis SEMPRE vão tentar burlar regras. Alguns mais, outros menos, é um exercício saudável de limites e cabe aos adultos ter o bom senso de saber pelo que vale a pena lutar e manter e o que é inútil, ridículo, tradição inventada para oprimir. Quer robozinhos dóceis? Escolha outra profissão.

4. O caso que descrevi como doentio aconteceu em uma das escolas nas quais lecionei e onde minha prima que morava conosco estudou. Conheci por dentro o que ela contava em casa. Não é algo que acontecesse em TODAS as escolas públicas nas quais trabalhei. Mesmo no Rio, trabalhei com diretoras que tinham um controle muito grande sobre as suas escolas e bom relacionamento com a comunidade, quem tinha problemas, e dos grandes, eram professores que faziam pouco caso dos seus alunos e alunas; gente que chamava aluno bagunceiro negro de 7ª série de “marginal”, ou dizia para você não exigir demais, porque nossa função era “formar o pedinte limpinho”. Há quem se preocupa muito com adolescentes rebeldes, mas este tipo de profissional deveria ser expulso de sala de aula.

5. Faz tempo que estou dando aula para adolescentes maiores e adultos, mas dois anos atrás estive lecionando para o 7º ano (6ª série), também. Meninos e meninas que não eram diferentes daqueles para os quais lecionei quando estava começando minha carreira na escola pública no Rio de Janeiro, em 1999. No geral, eles e elas estão pouco interessados em sexo ou conscientes de que seus corpos possam ser usados para seduzir. Exceções são exceções, e “dress codes” como os descritos pela autora do texto, cujo o alvo é somente as meninas de 11, 12, 13 anos, criam culpa nas garotas e uma noção absurda de sexualidade compulsória e sem amarras, especialmente para os meninos.

Valéria Fernandes disse...

(cont.)

6. Concordo com a Mariana que escreveu que é preciso certa compostura na escola. Há roupa adequada para todos os espaços. Argumentos que ela usou, não preciso usar com meus meninos e meninas no meu trabalho, mas uso com os meus alunos e alunas na igreja. Escola não é a sala da minha casa; não é praia ou piscina. Na universidade, seja na UFRJ ou na UnB, uma das coisas mais curiosas era observar a forma esdruxula como algumas pessoas iam vestidas. Não se tratava de erotização, mas de escolhas que eram mais adequadas a ambientes recreativos. Sou contra a imposição de roupas incômodas, como a proibição de bermudas ou camisetas para homens ou mulheres, por exemplo, mas há gente que abusa e muito da sua liberdade de expressão. Eu como professora não sou obrigada, por exemplo, nem a ver calcinhas nem as genitais de caras sem cueca de pernas abertas, ou, como aconteceu na época que eu era aluna, a sentar do lado de um cara que passava aula inteira se masturbando olhando para o professor. Há quem vá achar isso livre exercício da sexualidade, o nome, para mim, é outro.

7. Mesmo em uma escola com meninos e meninas tão jovens quanto os do texto, seria muito mais interessante discutir o tal “dress code” com os alunos e alunas e seus responsáveis. Seria uma experiência muito mais rica e, sim, precisamos ouvir as crianças e a comunidade. “Dress code” são dinâmicos, não são coisas paradas no tempo. E a escola é pública, não particular. Quem escolhe uma instituição particular o faz por certas características que podem, inclusive, ser o uniforme ou uma disciplina “rígida”.

Valéria Fernandes disse...

(cont.)

8. Eu fui adolescente na metade dos anos 1980 e início dos anos 1990, na Baixada Fluminense, éramos pobres ou classe média baixa para os padrões da região; meus pais tinham uma postura não-consumista e ostentação estava fora de cogitação. Nessa época, ninguém tinha celular e customizar uniforme era, pelo menos em duas das minhas escolas, usar um botom do Menudo ou um Smile, enrolar a saia na cintura e coisas do gênero. Não era possível nada muito mais radical do que eu descrevi. Também estávamos todos muito nivelados economicamente e eu nunca fui capaz de identificar marcas ou grifes, salvo as mochilas emborrachadas da Company. A escola era particular para pobre, algo muito comum na Baixada Fluminense até hoje. Quando mudei de escola no 2º ano, fui para outro município e, aí, sim, fui parar em uma escola elitista, porém inclusiva, pois tradicional (*uma das primeiras na região a ter Ensino Médio, por exemplo*) atraia a burguesia endinheirada de Nova Iguaçu e outras cidades da região, mas, ao mesmo tempo oferecia bolsas e havia alunos bem pobres. Havia uma série de rituais repressores bizarros e a direção da escola era Monarquista. No ginásio, as turmas era separadas meninos de um lado, meninas do outro, turmas mistas somente as de repetente, como se fosse punição. Nessa escola não havia customização de uniforme, ou você era anotado e punido. A escola se preocupava muito mais com a sua imagem, do que conosco, os alunos. Meninos tinham que fazer barba e usar corte militar, meninas, meia no joelho e saia que a cobrisse. Havia bedéis circulando na vizinhança da escola e alunos e alunas pegos em “transgressão”, como namorando, por exemplo, eram trazidos de volta para a escola. A mochila era livre, única coisa que podia destoar, trazer cor, individualidade. Talvez, na época, houvesse competição entre meus colegas, mas eu nunca me encanei com coisas assim, passei somente um ano lá e achava mais divertido observar como se fosse uma antropóloga em uma tribo estranha.

9. Algumas pessoas que comentaram aqui, talvez, já pudessem ter sido minhas alunas, ou que tenham freqüentado colégios de elite, muito diferentes daqueles nos quais estudei. De repente, o consumismo exacerbado e os estímulos diversos tenham tornado a vida de um estudante muito dura nos últimos anos, mas, no meu tempo, um uniforme já ajudava muito a controlar os extremismos, fora, claro, o fato de ser bem econômico para os pais. É óbvio que não resolvem o problema, acho que fui clara que existem possibilidades outras, também, mas não são inúteis, não.

Veronica disse...

Sobre meninas, meninos e roupas:

Estava na academia dia desses e reparei uma coisa, nunca vi um homem, mesmo os mais "saradões", bonitos e tudo mais, sem camisa ou com um short que "deixasse o pênis de fora" , por assim dizer.

E agora as mulheres? Claro que temos os direito de nos vestir da forma que quisermos, mas fazendo exercícios, qual a vantagem de usar um top com metade do peito para fora? Ou uma bermuda de cintura tão baixa que dá pra ver o início dos pelos pubianos?

A coisa é de um jeito, que alguns professores se dizem constrangidos em chegar perto tocar a pessoa caso seja necessário corrigir algum exercício.

Eu juro não entender o pq disso, são todos na maioria adultos sem regras (academias não possuem uniforme),muitos homens e mulheres com corpos perfeitos e na liberdade, parecem que alguns perdem a noção de limite.

Em 1 ano, nunca vi um rapaz malhando sem camisa , sem cueca, como o sistema é de personal trainner, mais de uma vez fiquei sozinha com vários rapazes e não me senti constrangida com o modo como eles estavam vestidos.

Mas eles relatam que evitam certos horários ou ficar sozinhos com algumas mulheres simplesmente pq elas estão expondo demais o corpo.

O que eu quero dizer, é pq as próprias mulheres pensam que é bonito mostrar a bunda e o peito?

E não são todos os homens que acham "q ela é uma vadia/vagabunda/sem moral", muitos só acham que elas estão MAL vestidas ou vestidas de forma IMPRÓPRIA.

Acredito que na escola é a mesma coisa, escola não é balada, vc está interagindo com outros, acho que temos que pensar que talvez incomode usar um decotão ou um shortinho. Homem de short transparente e sem cueca não incomodaria?

Duvido que as meninas não reclamariam se um menino fosse para escola ou academia assim




Augusto disse...

Os comentários estão cada vez mais machistas. Normalmente, escolas que escolheram uniformes para alunos fazem divisões entre meninos e meninas. Meninos, geralmente, usam uma bermuda larga com camisa; meninas, saia ou short justo com camisa.

Não perbece que o sexismo está grande quando se trata de uniforme?

E se um menino quiser usar saia? E se a menina quiser usar bermuda? Mas a escola não quer ser um local de inclusão, excluindo pessoa de gênero indefinido,trocado ou misto de frequentar de acordo com o seu bem-estar.

Com uniformes ou não, sempre haverá empregados do meio educativo que vão restringir o modo de vestir de meninos e meninas. As meninas,ao mesmo tempo que são tendidas a enfeitar (com números menores e peças mais justas),tem limitada a sexualidade (típico da sociedade machista, cobram uma postura feminina - delicadeza, charme, feminilidade -, mas destrata da eroticidade). Os meninos, ao contrário, são tendidos a mostrar masculinade (roupas mais largas) e são proibidos de usar roupa que dá a eles conteúdo erótico (por exemplo, na minha primeira escola, brinco e cordão só eram permitidos a meninas).

O problema que qualquer imposição de código de vestimenta sem estudo sobre gênero e conduta social é ineficaz e cruel e pune, principalmente, mulheres e pessoas de gênero atípico.

Elaine Telles disse...

Só pra vocês terem a visão da pobre que ia em escola onde os coleguinhas tinham grana: eu gostava demais do fato de ser obrigada a usar uniforme porque, mesmo que meus colegas fossem em carrões, usassem material caro, corrente de ouro e afins, eu não me sentia uma merda porque ali dentro da escola éramos todos iguais, mesma roupa. Se fosse livre, seria horrível ver minhas colegas com roupas vindas dos eua, e eu com as roupas velhas de sempre.

Thaís B disse...

Eu acho muito bom existir uniformes, sei que não nivela completamente as pessoas (como já disseram, se não é a roupa é o celular, tênis ou algo do tipo que mostra o status social) mas ele ajuda bastante. Ele também é uma roupa prática, você não perde tempo p/ escolher uma roupa e eles são (geralmente) de moletom, muito mais confortável que um jeans da vida para estudar.
Eu apoio totalmente sobre conversar e debater sobre o uso de uniformes com os alunos, mas ainda sim prefiro o seu uso.

jacmila disse...

Bem mais infernal q a-lun@s sem noção são "colegas" profes cheios de empáfia.

Anônimo disse...

Estudei em Colégio Adventista extremamente rígido com Dress Code, porém não me revolto pois as regras rígidas eram para ambos os sexos.

A partir da 5ª série shorts e bermudas eram proibidas para ambos. Calça e camiseta eram unissex assim ficavam gigante e sem marcar o copro para ambos os sexos. Brincos e acessórios eram proibidos para ambos, assim como piercings e tatuagens visíveis. Cabelo só em cores naturais (nada de cabelo colorido, nem vermelho podia, ruivo só natural). Meninos não podiam cabelo comprido, barba sempre feita. Garotas sem esmalte (só base era permitida, ficavam na entrada com acetona para tirar o esmalte antes de entrar na aula). De acessórios somente alianças eram permitidas (muito ficavam noivos bem cedo).

Tênis só preto e branco, eles olhavam até a cor da meia. Sutiã das meninas branco ou cor de pele, nada de preto ou vermelho por debaixo da camiseta branca. Relógios pequenos e discretos, não podiam ser analógicos, só de ponteiro, que só marcavam o horário, no máximo a data.

Nosso meio de se expressar era através das mochilas e cadernos.

vitor disse...

é jacmila,esses dias vi que tem uma escola em alunos fazem sexo nas salas vazias,filmaram um muleque fazendo sexo oral em outro e ninguém faz nada.
se ja esta assim,imagina o que aconteceria se fossem vestidos com pouquissima roupa,erotizando ainda mais,ia rolar até orgias na escola.

Luisa V disse...

O machismo é bem claro na coisa toda, o dress code mistura esses fatores e o que seria "vestimentas adequadas para ir a escola" porque na lógica deles, é inadequado também qualquer tipo de roupa que ponha em evidência a sexualidade da mulher.

As escolas americanas propagam uma repressão sexual enorme (eu não sei o quanto você já falou sobre sexo com sua filha, mas fale muito e tudo o que puder enquanto antes) Você quer chegar antes da campanha de abstinência terrorista das escolas americanas na cabeça dela. Se for como foi na minha escola, é aterrorizante. Eles vão fazer um festival de slides sobre DSTs, não para aterrorizar os adolescentes a usar camisinhas, mas sim para esperar até o casamento! Me lembro que rolou até uma palestra de um casal que tinha esperado até o casamento contando como isso era sensacional. Passaram uma folha com um juramento que você assinava dizendo que ia esperar (Recusei, óbvio. Ao menos eles não te OBRIGAM a assinar o troço). Na minha escola rolou também o momento terrorismo da gravidez na adolescência (que não discrimina por sexo - meninos e meninas fazem o exercício) te dão um boneco bastante verossímil, que chora de duas em duas horas e você tem de "dar comida" (colocar o dedo na língua do boneco por não sei quantos minutos) toda vez que isso acontece. Você tem de levar o bichinho pra casa e ele grava tudo - se você tiver maltratado ele, tira nota baixa. Não to inventando galera, juro. Minha mãe não parava de rir. Depois eles dizem que a camisinha só tem 80% de eficácia e que a melhor maneira de prevenir a gravidez é não fazendo sexo. Aí você tem um país com um índice altíssimo de gravidez adolescente e onde a iniciação sexual da maioria das meninas se dá através do sexo oral (nos homens é claro, porque né, porque elas exigiriam RECEBER em troca...) Enfim, entre as nossas neuras e as deles, levei um tempo pra começar a me libertar. Lembra de tudo isso quando conversar com a sua filha...

Veronica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Veronica disse...

Gostei da ideia do Bebê... tem meninas nas escolas que acham que ter filho é status...

RenataK disse...

Nossa Luisa V nunca ouvi falar desse terrorismo todo nem desse exercício bizarro, mas vou ficar bem esperta porque todo o resto que você descreveu bate muito com o que vejo aqui.

Engraçado é que eu moro perto de San Francisco, o berço do movimento hippie. Já cansei de ver gente pelada (homem e mulher andando pelado pela rua aqui - não é proibido, mas estão revendo essa lei). No meu primeiro final de semana aqui acompanhamos uma bicicletada com todos os participantes nus.

Mas a despeito desse liberalismo todo, quase turístico a maioria da população ainda é bem conservadora e puritana. Sem fala hipócrita né...do tipo gosto de olhar a mulher dos outros mas a minha tem que se cobrir.

Complicado viu. Muito difícil lidar com essa questão toda com uma filha adolescente. Se alguém tiver indicação de leitura feminista para o público infanto juvenil adoraria ouvir.

Anônimo disse...

A professora está certa. Escola é lugar para estudar e não um concurso de beleza para disputar quem é a mais "bonita".

E crianças com 11, 12 anos toda maquiada? É o absurdo dos absurdos. Deveriam é brincar de boneca.

Não dá pra entender. Há um ano atrás, a Lola escreveu um texto em que deveria ser proibido até por lei, meninas de até 12 anos usar maquiagem (se não me engano, a Lola até citou a Suécia, onde funciona assim). E concordo. Se um dia eu tiver uma filha, não permitirei ela usar maquiagem até 21 anos.

André disse...

A professora da minha filha pediu para as mães não deixarem as filhas irem maquiadas pra escola. Minha filha tem 6 anos.

Anônimo disse...

Sem maquiagem até os 21 anos? Espero que esse comentário tenha sido uma brincadeira, porque ninguém merece pais preguiçosos que só sabem proibir e não dialogar e instruir os filhos.

lola aronovich disse...

Luisa, eu estudei numa escola católica, mas nos anos 80. Outra época, outro país (porque a escola ficava em SP)... Naquela época ainda não se falava em Aids. Mas a gente não teve nenhuma aula de educação sexual (nem de abstinência, que é invenção recente). Teve uma ou duas aulas patrocinadas pela Johnson & Johnson sobre menstruação (pra fazer propaganda de seus absorventes e OBs), e, claro, era separada dos meninos. Os meninos iam brincar enquanto a gente ouvia sobre menstruação, porque imagina menino saber mais sobre o corpo feminino, yuck! Mas a gente teve uma experiência, bem mais tarde, já no último ou penúltimo ano, sobre parenting. A gente tinha que formar casais e cada casal deveria cuidar de um... ovo. Tinha que levar pra casa e tal, e não me lembro o que mais. Mas ACHO que não era pra fazer terrorismo sexual de gravidez precoce. Era mais pra entender como funcionava a maternidade/paternidade. Quer dizer... Era meio que um tamagoshi.
Agora, isso de abstinência nos EUA... Recomendo o livro do Tom Perrotta, The Abstinence Teacher. Escrevi sobre ele aqui e aqui. E tô esperando o filme. Alguém sabe o que aconteceu com o filme? Ia ser filmado em 2009, e emperrou.

Luisa disse...

(postando com minha conta google porque me dei conta de como... sou a Luisa V)

Pode ser ingenuidade minha, mas qual o problema gigante de usar maquiagem quando muito nova? Eu lembro de brincar de passar batom desde de muito cedo e de achar isso muito divertido... as meninas iam pra aula com glitter na cara e cabelos em um milhão de presilhas, nem sempre o objetivo era ser a mais sexy.

RenataK, talvez vocês escapem por causa de onde vocês tão no país, eu morei no Sul, no olho do furacão do conservadorismo.

Literatura feminista infanto-juvenil: a trilogia Graceling, Fire e Bitterblue, muito boa da Kirsten Cashore. Não sei se já foram publicadas no Brasil, mas como sua filha fala inglês... são excelentes histórias de três mulheres em um mundo de fantasia.

Outro que me divertiu muito (li na adolescência) e combina com um outro post que li aqui na Lola: Contos de fada politicamente corretos - link: http://www.skoob.com.br/livro/6263

Esse lance do bebê até rolou na série Veronica Mars, mas não consigo achar um vídeo das cenas em que a Veronica fica com ele em casa (e lógico joga pra todo lugar... pra quem nunca assistiu, a Veronica dá uma bela heroína feminista - assim como Buffy, a caça vampiros, por incrível que pareça...)

Luisa disse...

Lola, na época eu não pensei na possibilidade de ser outra coisa (mas é que vinha acompanhada da aula-tortura de imagens de herpes genital e etc.) mas admito que posso ter colorido a memória e vai que era num espírito inocente... se acontecer com a filha da RenataK ela tem de vir aqui contar!

Anônimo disse...

Em primeiro lugar: porque meninas podem usar shorts curto e saia e meninos não? Em segundo lugar: porque pessoas usam roupas curtas? eu odeio roupa curta, é extremamente desconfortável.
Quando eu era criança só usava camisetão e bermudão, adorava e minha mãe me infernizava porque não era muito "feminino". Quando usar mini saia for algo que qualquer pessoa puder fazer (homens, mulheres e trans) então talvez eu ache a discussão mais interessante. Ragusa

Anônimo disse...

Eu sempre usei uniforme e pra mim isso nunca foi um problema. Sou a favor pelo fato de que onde o uniforme não é obrigatório vira uma competição de quem se veste com as roupas mais caras. Em um colégio onde estudei, onde existia uniforme, mas não havia muito controle, era comum ouvir comentários elitistas sobre a roupa de quem se vestia mais simples e até meninas criticando as outras por repetir peça de roupa.
Como eu nunca tinha roupa de marca e sempre tive poucas peças, o que me obrigaria a repetir, me sentia mais confortável com o uniforme.

Também já tive professores que sugeriam "regular" os acessórios usados pelos alunos. Boné, brincos, pulseiras, maquiagem,etc. Como as meninas usam mais acessórios, eram mais cobradas por esses proessores, mas como nunca foi norma da escola, podíamos continuar usando o que quiséssemos.
E aí é que está o limite. Enquanto podíamos usar o cabelo como quiséssemos, os acessórios e a maquiagem, o boné, nossa individualidade está assegurada.

O uniforme é uma maneira de nivelar todo mundo, mas ele sozinho não iguala, nao tira a individualidade. Dress Code existe em qualquer situação e acho que escola não deveria ser diferente. Existe roupa apropriada pro trabalho, existe roupa apropriada pra eventos sociais, etc. Tem que ter bom senso e só isso.
Mas eu concordo que se a escola nao tem uniforme, os alunos tem que poder se vestir do jeito que quiserem.
Se regulam comprimento da saia ou se mostra ou nao o ombro, isso é um absurdo, mas o problema nao é a falta de uniforme, mas o sexismo que existe nas escolas.

RenataK disse...

Eu acho a idéia de cuidar de um "bebê" até boa. Aliás acho que deveriam ensinar sobre maternidade/paternidade na escola. Como cuidar, amamentar, educar positivamente, desenvolvimento infantil, etc. Ensinam taaantas coisas inúteis como a anatomia das briófitas e pteridófitas que ninguém que não seja botânico vai usar poderiam ensinar algo que a maioria vai se deparar no futuro...filhos, investimentos, imposto de renda e tals.

Mas associar o cuidado com o bebê a uma aula terrorista de DSTs para adolescentes é bem cruel.

Também não vejo grandes absurdos com maquiagem, mas posso estar sendo ingênua, nunca refleti muito sobre o assunto. Minhas filhas pequenas usam para brincar, no sentido de fantasia. Pintam a cara toda de azul, jogam um glitter por cima pra virar fada das águas. rsrsrs A mais velha, de 11 anos as vezes quer passar um corretivo pra disfarçar uma espinha, mas não passa disso.

Como eu parto do princípio que o corpo das minhas filhas é delas e não meu, oriento mas não proibo nada desse tipo. Nem orelha furei sem que elas decidissem por elas mesmas.

Muuuito obrigada LuisaV pelas dicas de leitura, vou atrás correndo. Ela lê inglês sim, gostou bastante do Hunger Games, mas prefere mesmo fantasia, acho que vai adorar suas dicas <3

Luiza disse...

Proibir maquiagem até os 21 anos??

HAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Ai, gente rs É tanta ingenuidade que dá vontade de apertar as bochechas.

Uganda disse...

O único país que faz campanha de abstinência é a UGANDA, com o ABC (Abstinence, Be faithful or Condoms - Abstinência, Ser fiel ou Camisinha), e tem sido bem sucedida no combate à AIDS. Cconseguiu, com despesa incomparavelmente menor do que o Brasil, reduzir a prevalência de HIV para menos da metade. Nenhum outro país do mundo alcançou resultados tão efetivos.

disse...

Repressão sexual é de longe a mais antiga e disseminada forma de dominação cultural...

Cintia disse...

Eu usei uniforme todo o primeiro grau.

De fato, odiava. Adorei não ter que usar no segundo grau. Mas não tinha nenhuma regra.

Unknown disse...

Esse negócio de cuidar de um ovo em casa me lembrou um episódio de Everybody Hates Chris. Sabe que eu nem acho que essa ideia de cuidar de um ovo seja ruim? Talvez até seja uma boa ideia para combater a gravidez na adolescência.
E sobre essa liberdade sobre o que vestir na escola, eu achei até engraçado, porque minha vida inteira estudei em escola pública (estadual ou municipal) e todas tin1ham essas regras de vestimentas. Mas os meninos da minha sala ficavam assanhados até com as meninas que usavam só uma calça e uniforme. Agora, já pensou se elas se vestissem como panicats? Iria rolar até bacanal nas aulas, com certeza.
E achei o título deste post bem tendencioso. Desde quando não há regras para meninos também? Na minha cidade, era calça ou bermuda até o joelho só, para os meninos também.

Unknown disse...

Gente... só eu achei de EXTREMO mau gosto essa ideia de colocar um "viseira de cavalo nos meninos"? Será que se deve combater uma violência com outra ainda maior? Por essas e outras que questiono certas posturas do movimento feminista. Lamentável.

Quanto ao 'dress code', qual o ponto exatamente? Uma adolescente precisa usar minissaias ginecológicas, excesso de maquiagem e shorts curtíssimos para 'expressar' sua personalidade? Qual o objetivo de que garotas tão jovens se apresentarem com um visual sexualizado? Sou mãe de filhas já crescidas e foram exatamente as mães 'liberais' que viram suas filhas ficarem grávidas no colégio em que meus filhos estudaram (1 menino e duas meninas). E essas mães fizeram o quê? Financiaram um aborto (nas clínicas caríssimas e muito discretas que existem em São Paulo), ou culparam o garoto e a "cultura do estupro".

Enfim, existe a necessidade do uso de trajes adequados durante toda a fase adulta (igreja, repartição pública, emprego, etc...) e, certamente, a melhor idade para se aprender tal regra social é na pré-adolescência, não?

jacmila disse...

Tem um livro q uso p/ trabalhar questões de genero, dress code e criatividade com os estudantes chamado IDENTITY de Catherine Balet, recheado de fotos de jovens e seus looks, muito legal:

http://www.catherinebalet.com/index.php?page=identity

Morg. disse...

Eu acho legal uniforme, nem que seja so uma camiseta. Na escola em que estudei o uniforme era a camisa da escola e calça jeans. Era uma escola estadual. A roupa tem que ser confortável antes de tudo. Tênis é legal, mais eu ia com muita frequência pra escola de rasteirinha.
O interessante é que quando eu era adolescente , meu sonho era estudar em uma escola com uniforme igual dos animes e mangás.

Moisés Brignoni disse...

Discordo de boa parte das opiniões da autora do texto.

Em parte, a falta de imposição de um "dress code" para homens é simplesmente porque nós temos uma variação muito menor de roupas - geralmente uma mudança de comprimento nas calças, diferentes modelos entre camisas e camisetas, mas todas essencialmente possuem a mesma "fôrma".

Também acho que a autora subestima o interesse que as garotas nesta fase tem em chamar a atenção para si, e um dos pontos de interesse é seu corpo. Algumas das mais deslumbrantes meninas das escolas que frequentei eram - digamos - sensuais e muito, muito atraentes até mesmo se usassem um saco de adubo ao invés de vestidos.

Acredito também que se você é idêntico a outros na roupa que veste, talvez o que você USE torne-se menos importante do que o que você FAZ.

O ser humano é naturalmente preconceituoso e, embora nós nos posicionemos ativamente contra nossos próprios preconceitos, também os temos. Isso inclui a maneira como todos nos vestimos e, embora os conceitos se modifiquem até a mudança de paradigma, algumas regras simples de certos ambiente (embora eu considere os americanos sociopatas malucos do Inferno) possuem um peso muito menor do que a importância que costumamos dar à elas e.

Anônimo disse...

Boa reflexão. Ando, contudo, tendo dificuldade de entender a frequente alusão à "sociedade" como algo ruim, castrador etc. Oras, mas não é nessa sociedade que existe o feminismo? Não é nela que estamos nos expressando? O que nos faria melhores ou mais complexos que essa sociedade? O que faria "nosso" dress-code mais apropriado?

SeekingWisdom disse...

Pessoal
seguinte,
estou abismado com a naturalização machista sobre xs adolescentes nessa caixa de comentários.

" garotas nesta fase tem em chamar a atenção para si"

"nós (homens) temos uma variação muito menor de roupas"

"já pensou se elas se vestissem como panicats? Iria rolar até bacanal nas aulas, com certeza."

"Deveriam (meninas 12 anos) é brincar de boneca."

"E não são todos os homens que acham "q ela é uma vadia/vagabunda/sem moral", muitos só acham que elas estão MAL vestidas ou vestidas de forma IMPRÓPRIA." Essa é para rir muito. Suas impróprias!

Há também nos comentários uma naturalização pelo código de vestimenta (pouca gente usa o termo em português, por que será?):

"Um "dress code" e um uniforme são importantes para razões além de nivelar pessoas em questão de condição social ou gênero, é pra formar uma identidade, formar um caráter na pessoa." - comassim cidadão?

"Ademais, quando virarem adultos, vão ter que observar o dress code quase sempre no ambiente de trabalho, qual o problema de exigir um pouco de compostura na escola? veja bem, naõ quero que os jovens percam sua individualidade, só quero adequação na hora de se vestir." Issaê, vamos ensinar o comportamento de exclusão desde cedo, para ninguém ser reprovado. Todo mundo tem que ser adequado, copiaram?

"Escola é escola, e se impõe dress code ou acieta ou então procura uma que seja naturista!" - beleza, procurando escolas, que são espaços públicos para todxs, que ouçam críticas de seu público.

" escola é para estudar,n é um desfile de moda." - Quem disse que escola é só pra estudar? Sério? Um lugar que os individuos em formação passam o dia inteiro as vezes serve só para ficar com a bunda na carteira? Pensei que era um local importante para aprender algo que chama socialização. Acho que fui reprovado nessa matéria!

Queria também entender que estudo embasa essa afirmação forte sobre o ser humano:
"O ser humano é naturalmente preconceituoso"


Já falei nesse blog em outra oportunidade que os códigos de conduta devem ser questionados pois eles existem por mais de um motivo.

Não concordo que o uniforme iguala os alunos (como muitos falaram a diferenciação vai muito além de um uniforme).
Deixo uma frase genial de Boaventura Souza Santos:
"Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades."

Impor um uniforme é simplesmente fugir de um problema social (consumismo, competição por aparências, hipersexualização, desenvolvimento do corpo) dentro da escola. Fora da escola isso vai continuar acontecendo. Conversar sobre essas questões e resolver os problemas a medida que eles aparecem (até uma forma de acompanhar o que está acontecendo la fora, na sociedade) é muito mais difícil, mas vejo que ninguém está disposto.
Eu não abro mão do "deixem crianças serem crianças / adolescentes serem adolescentes". Elxs vão se interessar pelxs colegas e eventualmente vão descobrir o sexo. Podem escolher fingir que isso não acontece la fora (na sociedade) e manter a escola estéril. Pura bobagem!

Abraços,
Phillipe

Ana disse...

Eu não consigo ter uma opinião definitiva sobre o assunto. Mas me parece que se vestir adequadamente segundo o contexto, deveria ser algo básico. Vejo que não é. Na escola da minha filha proibiram o uso de shortinhos curtos. Eu não achei bom nem ruim, minha filha não gosta de ir para a escola com esse tipo de short, então a decisão não nos afetou. Mas eu não ia na escola dela há muito tempo, e acabei precisando buscá-la por uma razão imprevista. Quando lá cheguei, havia INÚMERAS MÃES com shortinhos tão curtos que quase pensei que estava na praia!!! hahahaha!!! Gente, o problema é que a sociedade parece que não reconhece mais a especificidade de cada espaço social. As pessoas vão a escola como se fossem à praia, me pergunto como vão trabalhar!
Sério, na minha cabeça, há não só uma vestimenta adequada para cada situação como também atitudes, linguagem, etc. Eu não vou a um casamento da mesma forma que vou a um jogo de futebol, eu não uso a mesma linguagem no jogo de futebol e na sala de aula, quando "estou" professora. Enfim, me parece que os limites entre os diferentes papéis que assumimos no nosso cotidiano andam misturados.
Eu sou professora em um curso de língua estrangeira, então, os alunos sentam-se em U. No verão é comum eu saber a cor da calcinha mesmo de mulheres mais velhas. Elas não se dão conta (ou não se importam) que saias e vestidos mais curtos sobem quando sentam... Enfim, essa questão me parece bem complicada.

Ana Claudia disse...

Isso me fez lembrar o dia em que fui barrada na porta do colégio porque minha saia estava a 5 cinco dedos acima do joelho, ao invés dos 4 permitidos. E isso porque eu sempre me achei muito magrela, e não gostava de mostrar minha pernas. Tive que voltar para casa e trocar de roupa...

E tem outra situação de quando eu era professora em uma Universidade. Um dos professores, amigo meu, proibiu as alunas de irem de saia curta em dia de prova. Isso porque as alunas colocavam a cola entre as pernas, porque sabiam que o professor ficaria constrangido em ficar olhando para as coxas delas.

Felipe disse...

Acho que um pouco de bom senso resolveria. Escola não é o calçadão de Ipanema e, muito menos, a São Paulo Fashion Week. Sempre usei uniforme na escola (calça tactel e camiseta branca com o logo), era muito mais prático. Regras não fazem mal, principalmente para crianças e adolescentes.

Anônimo disse...

Vou comentar no anonimo - como sempre faço - mas dessa vez por medo de ser punida no meu trabalho. Sou prof de escola pública na pmsp. Onde eu trabalho as meninas NãO podem:
- não podem usar calça legging (só na educação física, são obrigadas a se trocarem em um banheiro apertado). Eu tb tive a atenção chamada pela minha superiora pq um dia fui de legging, fui obrigada e colocar um avental de babadinhos, eca
- não podem usar REGATAS, só camisetas. Foda-se se tá calor
- Não podem usar bermudas, só se for do uniforme da PMSP, q são master largas, tipo rappers, claro q elas não querem, nem eu usaria...
- o CÚMULO: não podem usar botas de cano longo por cima das calças skinni... uma vez vi uma aluna minah sendo obrigada a colocar uma calça skinni por cima do cano de uma bota bem + larga... claro q ela não conseguiu...
- isso não é regra mas qdo uma menina apronta, tem problemas disciplinares sempre comentam q ela é muito maquiada, usa brincos grdes...
Enfim, show de horrores. Quem propões estas regras?? Duas pessoas de uma religião super conservadora - não vou falar aqui _ q deixam os seus valores pessoais perpassarem por todo uma escola.
Os meninos tb tem roupas reguladas, mas + no ambito do parecer malandro, não pode usar boné, por exemplo... eu não ligo se meu alunos tá de boné, minha aluna de bota, quero eles comigo, na aula (desabafo)...
Como profa concordo q deva haver um limite, mas q deve ser discutido com @s alun@s, não imposto de cima pra baixo, com cunho claramente sexista. Os próprios alunos já expressaram - nas raras vezes q nós conversamos sobre isso - q eles tb acham q o limite deve existir, mas não desse jeito...

bruno disse...


" escola é para estudar,n é um desfile de moda." - Quem disse que escola é só pra estudar? Sério? Um lugar que os individuos em formação passam o dia inteiro as vezes serve só para ficar com a bunda na carteira? Pensei que era um local importante para aprender algo que chama socialização.

quer dizer q pode rolar de tudo na escola?
namoro e sexo faz parte da socialização ,isso ta valendo tb?

a que ponto chega o feminismo,uma mãe revoltada pq a diretora diz para as alunas irem com roupas decentes a escola.
a raiva toda é pq estão impedindo as mulheres de ficarem exibindo o corpo o quanto quiserem.
depois reclamam se são tratadas como objetos.

*Renata disse...

Concordo com a Ana de 12:16.

Já o segundo parágrafo da Ana Claudia de 12:23 me assustou um pouco. Porém, acho certo o que o professor fez.

Anônimo disse...

O melhor tanto para meninos como para meninas é o uniforme das escolas aqui do Brasil: calça comprida esportiva (aquelas azuis ou vermelhas com duas listrinhas brancas no lado) e camiseta branca e um casaco, para dias de frio daquelas de esporte azuis ou vermelhas com as duas listrinhas brancas.

Nada melhor: sao roupas confortáveis que permitem a mobilidade do aluno, nao é sexista porque meninos e meninas se vestem igual.

Eu ia a um colégio que era assim, maravilhoso, um dia uma resolveu que era hora de acabar com o uniforme, deixar liberdade de escolha pra criança. Foi horrível, entao meus pais nao tinham dinheiro para comprar roupas, sempre ia com o tal uniforme e as meninas com roupeiras novas sempre sofri um bullying terrível.

Uniforme esportivo melhor coisa

André disse...

Renata,

Quando eu comecei, eu deixava os alunos irem ao banheiro, desde que um por vez. Depois proibi só os meninos (porque eram os mais abusados com cola e porque menina menstrua). Hoje não deixo ninguém nem fico constrangido em ficar de olho nas pernas de ninguém.

lucas disse...

" É interessantíssimo ver os primeiros momentos de percepção de que os meninos podem ser interessantes e não somente aqueles monstrinhos pentelhos que atrapalhavam as brincadeiras das meninas no ano passado."

Achei ótimo o guest post, só tenho uma pergunta. Por que não é levada em consideração a hipótese de as filhas serem lésbicas ou bissexuais?

Ana Carolina disse...

Ana Gonçalvez disse...
Gente... só eu achei de EXTREMO mau gosto essa ideia de colocar um "viseira de cavalo nos meninos"? Será que se deve combater uma violência com outra ainda maior? Por essas e outras que questiono certas posturas do movimento feminista. Lamentável.

Acho que você deveria reler o trecho. Ela não propõe isso de verdade, é uma figura de linguagem para reforçar que só as meninas são tolhidas, as regras caem somente sobre elas, e que se elas se vestem para "não distrair os meninos", por que então os próprios meninos não deveriam ter seu comportamento tolhido também? É uma interpretação de texto bem simples, até.

Letícia disse...

Dizem que uniforme serve pra não ter essa coisa de ostentação, gente com roupa de dez reais e outras com roupas de marcas, mas o que tem na minha escola de gente com tênis de marca, gente com calça da fórum e moletom da hollister não tá escrito no gibi.

Mad disse...

A regra aqui, nas escolas públicas onde estudei, é que o aluno precisa usar o uniforme todo quando seu turno é matutino ou vespertino, ficando somente o uso facultativo no período noturno. No começo do Ensino Médio era obrigada a usar ele inteiro, uma vez que estudava ora de manhã, ora à tarde. Isto não me incomodava. Realmente não me incomodava, uma vez que pra mim era muito mais fácil pegar o uniforme do que ter de procurar roupa, passar roupa e vestir roupa para ir para a escola. No final deste período já trabalhava, então ia para a escola com a roupa que tinha usado no trabalho mesmo, dada a impossibilidade de ir pra casa me trocar antes de ir. Portanto, roupa sempre adequada ao ambiente de trabalho à noite e uniforme durante o dia.

Hoje dou aulas de Filosofia em uma escola da região portuária do Estado, há pouco mais de uma hora da capital, que é onde moro.
Lá, o calor é uma constante - ao menos pra mim, acostumada com as temperaturas baixas de Curitiba - e acaba influenciando bastante nos hábitos de vestir dos alunos - coisas que realmente nunca me incomodaram.
Contudo, dias desses, meus inquietos meninos estavam dobrando as calças quase que até as virilhas, mesmo tendo a sala ar-condicionado e mesmo tendo eu, muito mais sensível ao calor pela falta dele em minha cidade, estado bem confortável. Pedi que eles abaixassem as pernas da calça pelo menos um pouco, mesmo que não fossem elas até aos joelhos. Não importava o quanto, mas que fosse um pouco. Eles fizeram o que eu pedi, muito embora sem alguns protestos.
Não sei o que motivou aquele meu pedido. Realmente não sei. Não tenho qualquer intenção de ser uma inquisidora, tampouco a intenção de ditar um comportamento a ser seguido. Realmente penso que cada um pode fazer o que bem entende com seu corpo, independente do que qualquer pessoa possa pedir, mas naquele momento aquela postura realmente me incomodou. Nunca acreditei em vestimenta adequada ou comportamento adequado, mas naquele instante vi que a visão das coxas de um garoto em plena aula me deixou bastante constrangida.

Não quero julgar se o que eles fizeram era certo ou errado. Eram meninos que queriam sentir menos calor, pelo que entendi. Mas será que eu, que também sinto calor, poderia dar aula da mesma forma? Sem pensar muito no fato de que eu sou uma mulher e eles meninos, respondo que não. Não deveria e nem poderia. Não poderia porque isto, de alguma forma, constrangeria outras pessoas, que devem ter o direito de não serem constrangidas. Eu, acredito, enquanto professora, também tenho o direito de dar minhas aulas em um ambiente livre destes constrangimentos.

E então? O que fariam vocês?
Eu gostaria mesmo de saber o que vocês pensam sobre isso. Foi a primeira vez que me ocorreu e a minha atitude talvez tenha sido a menos refletida, mas eu realmente gostaria de saber - caso alguém tenha a boa vontade de responder - o que vocês fariam.

Abraços!

Blogueira honesta disse...

É claro que o direito à individualiade deve ser respeitado e os casos relatados no post são extremos, mas, bom senso cabe em qualquer lugar também, não é mesmo?

raquel disse...

muitos odeiam usar uniforme, nunca odiei, até pq era bem prático não ter que escolher roupa antes de sair de casa, já que estudei numa escola católica de patricinha!
o que me deixava realmente puta é que na minha escola meninos podiam usar bermudas e meninas NÃO. Nem abaixo do joelho, nada.

Anônimo disse...

Renata, seu post está ótimo e abriu uma excelente discussão. Sou a favor da liberdade de vestimenta para todos, mas que também haja dentro da escola regras de conduta e discussões sobre elas.
Só não gostei do termo que vc usou ao referir à puberdade de sua filha: desabrochar. Acho péssimo essas comparações com flor em relação ás mulheres.

RenataK disse...

Nossa rendeu hein! ;-) Muito obrigada pelos comentários de todos! Vou responder alguns que falaram diretamente a mim.

>>Lucas: A passagem que você citou é algo concreto que eu vivo com a minha filha mais velha, até o ano passado só falava mal dos meninos, agora começou a ficar interessada neles, ter alguns paqueras e tals. Mas não acho que isso define já orientação sexual dela e não mencionei isso no post porque não era o tema dele. Quanto as minhas filhas mais novas acho que é cedo para qualquer definição sobre isso, não descarto qualquer possibilidade.

>>Anônimo das 22:34, você tem razão, "desabrochar" é um clichê piegas pra burro e desnecessário.

>> Anónimo das 14:55 a sua sugestão foi a que eu mais gostei. Sim eu acho que deve ter limite, minha filha também acha. Mas se esses limites viessem dos próprios estudantes e não imposto de cima para baixo, a compreensão e a adequação a eles seriam bem mais efetivas, além de democrática. Sugeri a minha filha que aborde a questão no conselho dos alunos para tentar uma revisão do assunto.

Anônimo disse...

Gente escola é um ambiente FORMAL, e devemos nos vestir de acordo, assim como no trabalho.

O que eu acho errado no texto da tal professora são os argumentos "não distrair os meninos" e o fato de ser direcionado para as meninas.

Meninos também devem se vestir de acordo, nada de calça com cueca aparecendo, boné, camisa com decote profundo (sim, eles tb usam!) e shorts (apenas para as crianças, pois elas correm e brincam!).

Para as meninas acho que também precisam se vestir de maneira mais formal, da mesma maneira que os meninos.

Existe o momento certo para cada tipo de roupa, se o menino gosta de sair mostrando cueca ou a menina o sutiã eles devem deixar para fazer isso em ambientes mais informais, como shopping, praça e etc.

O dress code esta presente em todos os momentos da nossa vida, bom senso é fundamental.
Compreender o nivel de formalidade de cada ambiente e se vestir de acordo é importante sim.
Ninguém vai ao fórum com a mesma roupa que vai para academia ou ao escritório com a roupa que vai ao shopping ou a balada com a roupa que vai ao mercado!

Rapha disse...

Quando morava nos Eua havia um dress code na minha escola, mas nunca tivemos problemas com saias e shorts pq no Oregon, onde morei era muito frio!

Morg. disse...

Não sei se aplica-se a outras cidades, mas, aqui na cidade onde eu moro, quando a policia entra nas comunidades, um adolescente que esteja de uniforme escolar tem menos chance de ser parado.

Camila G. disse...

Só consigo pensar que o mundo precisa de mais mães como você. Adorei! Espero que quando eu tenha minha filha consiga passar tudo isso...

Eve_ke disse...

ótimo o texto! de fato essas medidas parecem desnecessariamente conservadoras.
mas, afinal porque é tão absurdamente inaceitável para vc e tua filha usar camiseta na escola?
Eu sinceramente concordo com o seu texto e seu ponto de vista, e acredito que possas e devas questionar isso no colégio, para alguma mudança futura, mas enquanto isso, qual é o problema em usar camiseta na escola?
Ela pode ir a sorveteria usando suas roupas preferidas, ou numa festa. Mas, porque é um martírio usa camisetas? Apenas durante o período letivo?

Anônimo disse...

Eu usei uniforme minha vida inteira!Nunca gostei, mas gente...Não me incomodava tanto assim!Acho que é uma boa tentativa de igualar os alunos e evitar justamente uma discussão do que pode e não pode, do que é muito curto ou apropriado. No meu colégio era calça, camisa e tênis para todos!E olha que eu moro no nordeste (muuuuuuuito quente), mas usava calça todos os dias. Esse ano um colégio da minha cidade resolveu padronizar até os tênis!Justamente pq alguns alunos mais ricos discriminavam os que não tinham os tênis da moda. Acho válido quando as regras são para todos! O que não pode é proibir as garotas de usar certas roupas como forma de repressão sexual!

Anônimo disse...

Olha o NIALL HORAN ali hahaha percebi ele direitinho.Concordo com tudo q vc disse

Anônimo disse...

onde eu estudo é um colegio publico la muita gente ouve funk mais tem mt rockeiro tmb ,o uniforme feminino é uma calça q parece um linguica é colada mais que legging e aquele tecido marca a calcinha ,uma menina foi com um shorts jeans no verao ,(ele era uns 4 dedos acima do joelho ,e n era tao colado quanto o uniforme )e fizeram a menina volta p casa ,qual a necessiade de proibir shorts jeans legging se o uniforme ja mostra mais doq e precisa ?

a camiseta e bem decotada concordo com o texto
impoem as meninas a terem vergonha do corpo e os meninos como se fossem tarados
e outra da p se saber classe social pelo tennis casaco celular

Unknown disse...

NA MINHA ÉPOCA USAVA UNIFORME, ESCOLAS SERIAS COMEÇA PELO UNIFORME NA ESCOLA QUE ESTUDEI SE AS MEIAS TIVESSE MAL COLOCADAS JA ERA MOTIVO DE BRONCA AGORA IMAGINA O UNIFORME HOJE OS ALUNOS VÃO DE QUALQUER JEITO TEM ALUNA QUE CORTA A BLUSA DA ESCOLA É UM ABSURDO.