quinta-feira, 9 de maio de 2013

ESTATUTO DO NASCITURO PODE CALAR TODAS AS DISCUSSÕES SOBRE ABORTO

A bíblia combina melhor com o projeto

Estamos falando muito menos da legalização do aborto do que deveríamos. Há uma ameaça no ar. Uma ameaça pesada que atende pelo nome de Estatuto do Nascituro, e que pouca gente conhece. O projeto de lei foi proposto em 2005, e arquivado dois anos depois. Mas há um projeto semelhante, o PL 478/2007, prestes a ser votado. A ideia é a mesma: considerar um embrião uma pessoa já nascida, digna de todos os direitos jurídicos. E criminalizar ainda mais a mulher que aborta. 
Se aprovado, o Estatuto determinará que a vida do embrião é mais importante que a de uma mulher. Isso quer dizer que, se uma mulher estiver grávida e com câncer, os médicos não poderão tentar curá-la do câncer, porque a quimioterapia afetaria o embrião. Não é ficção, é realidade. Aliás, aconteceu faz pouco tempo em Goiânia: um juiz negou o direito ao aborto de uma jovem com câncer. O pedido só foi aceito em segunda instância. Com o Estatuto do Nascituro, essa mulher não teria a menor chance de abortar. Morreria de câncer.  
Se aprovado, toda e qualquer mulher que sofrer um aborto espontâneo (o que acontece naturalmente em 25% das gestações) será investigada pela polícia, que terá que verificar se ela perdeu o feto acidentalmente, ou se é uma criminosa que merece ir pra cadeia. Queremos mesmo ser como El Salvador, que proíbe a interrupção da gravidez em todos os casos e que condenou uma mulher a 40 anos de prisão por ter tido um aborto espontâneo? Só pra constar: isso pode acontecer com você, mulher, com a sua mãe, sua irmã, sua filha. Imagina que bacana a mulher estar sofrendo porque perdeu o bebê, e ainda ser ameaçada de cadeia por causa disso.
Se aprovado, uma mulher que engravidar de um estupro não poderá abortar. O Brasil já tem uma das leis mais retrógradas do mundo em relação ao aborto -- unicamente por sermos a maior nação católica do planeta e por não vivermos num Estado laico. Por enquanto, o aborto só é permitido em casos de estupro, de risco de vida pra gestante, e no caso de fetos anencéfalos (o que só foi aprovado ano passado). Com o Estatuto, nem isso. Além do mais, o mesmo projeto institui a bolsa-estupro. 
Se aprovado, mais mulheres morrerão vítimas de abortos clandestinos. 
Ah, e tem uns bonus tracks também. Se o Estatuto for aprovado, será o fim da fertilização in vitro e das pesquisas com células-tronco embrionárias (que o Supremo Tribunal Federal autorizou desde 2008). Ou seja, um retrocesso total. Que beleza, hein?
Se você não quer que o Brasil retroceda nos direitos humanos e fique ainda mais nas mãos de fundamentalistas cristãos, assine e divulgue esta petição contra o Estatuto do Nascituro. O assunto é sério mesmo.
Publico abaixo um texto que a Suelen me enviou sobre uma discussão que teve recentemente sobre a descriminalização do aborto. E que mostra que nem nas discussões sobre aborto o Estatuto do Nascituro dá as caras. Mas, se for aprovado, será a proibição do aborto em todos os casos. O fim das discussões.

Pra começar a contar a história, preciso explicar algumas coisas. Sou “casada”, apesar de ter 20 anos. Eu e meu namorado decidimos morar juntos há um ano e meio, ele é poucos meses mais velho que eu. Aliás, essa é uma história que daria outro post, já que eu frequentemente sofro preconceito por ser “casada” com esta idade. Tanto eu quanto meu companheiro somos feministas, lutamos juntos. Nós também somos veganos e ateus. 
A maior parte da minha família é composta por católicos fervorosos. Creio que, por enquanto, eu seja a única ateia da linhagem. Uma das minhas primas é extremamente religiosa mas nos damos muito bem, nos respeitamos. O problema mesmo é o marido dela, que é o estereótipo do cristão ultraconservador, do estilo que posta coisas no Facebook como: “Mulher, não coloque na vitrine o que não está à venda. Se dê ao respeito”. 
Quando o Conselho Nacional de Medicina se manifestou a favor do aborto até a 12ª semana de gestação, eu declarei meu apoio à decisão na minha página do Facebook, assim como todas as outrxs lutadoras. Antes disso eu sempre publiquei coisas favoráveis ao aborto. Qual não foi minha surpresa quando este cara, que expliquei acima, católico fervoroso, fez um post na página dele todo dedicado a mim, só que não diretamente. 
Quanta hipocrisia é alguém que se diz defensora dos animais se dizer a favor do assassinato de uma criança humana”. Com esse tipo de frase, ele formou um texto enorme. Ao ler, eu fiquei naquela dúvida cruel: respondo ou não? Geralmente tenho essa dúvida ao entrar em discussões pelo Facebook, até porque este é o perfil de conservador que nunca vai mudar.
Mas depois de refletir, eu não me aguentei, e acabei por responder ao post. A minha resposta foi a primeira de todas as outras centenas que vieram abaixo me massacrando. E é aí que eu queria chegar. Eu falei a respeito da hipocrisia que é achar que as mulheres deixam de abortar simplesmente por isto ser proibido em lei, e ressaltei o número de mulheres pobres que morrem tentando realizar o processo em casa. Também falei das mulheres ricas, que realizam o aborto em clínicas seguras. 
Tentei, inutilmente, falar que lutar pela descriminalização do aborto não é o mesmo que sair distribuindo panfletos incentivando as mulheres a abortarem. Por fim, contei sobre o medo que eu tenho de andar sozinhas nas ruas e ser estuprada, esse medo cruel e diário. E após o estupro? A criança gerada? Deve ser um fardo para a mulher? Encerrei mais ou menos assim minha resposta. E ah, disse que um homem não deveria falar sobre esses assuntos sem entender o lado da mulher.
A minha maior tristeza, acho que não posso usar a palavra decepção, foi ler o depoimento de diversas mulheres, cristãs, que condenam veementemente o aborto. Que me disseram que “elas eram mulheres e então poderiam falar no lugar dele”, que aborto é assassinato e dane-se a mulher e suas escolhas. Conseguiram me dizer que se estupradas, achariam forças para gerar o filho, já que a criança não merecia ser morta apenas pela situação que a gerou. Eu fiquei muito, muito triste com essas respostas. E fiquei me perguntando quando que nossas brasileiras aprenderão sobre seus direitos.
Eu sei que todas aquelas mulheres que me condenaram, na verdade, vêm de uma criação machista, e que desde bebês elas aprenderam que as escolhas das mulheres devem vir em segundo plano, tudo baseado no nosso belo sistema patriarcal. Isso até me permite compreendê-las, mas não aceitá-las. Até quando tantas mulheres deixarão de lado o seu direito de escolha acima de tudo, sobre seu corpo, seus atos, seus relacionamentos? Até quando colocarão uma crença à frente do nosso poder de decisão sobre nosso próprio útero? 
Não sei, mas a pergunta me entristece. Espero -- e muito -– que as respostas venham com as próximas gerações, que, vamos lutar, para que sejam menos machistas.

233 comentários:

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Leo disse...

Eu sou da opinião de que, se está no corpo da mulher, ela é completamente capaz de tomar qualquer decisão que desejar, e ninguém tem direito de dizê-la - ainda mais forçá-la a - o que fazer.

Carlos disse...

Só uma pergunta básica para a dona LOLA...

Você já foi um embrião?

Elisa Santoro disse...

Apenas uma nota: se sua mãe tivesse escolhido abortar, você simplesmente não existiria!

Natalia C. disse...

Sabe que eu já criei tanto bafafá no meu facebook justamente por ser vegetariana, ateia e a favor das mulheres acima de tudo, que agora guardo estes comentários para pessoas e grupos de debate apenas dos que apoiam o que eu acredito, para não me estressar...gostei muito do seu blog e concordo em gênero número e grau com tudo que disse. Parabéns pela eloquencia.

Carla disse...

Quanto raciocínio preconceituoso em um post só. Socorroooooooo!! Preconceito por parte do rapaz e por parte da escritora do texto. Sou mulher. Não me casei, moramos juntos até engravidar e meu marido considerar necessário que casássemos. Casei, SEM mudar meu nome. Sou contra o aborto e defendo minha opinião e isto não me faz, em momento algum, uma pessoa influenciada e massacrada pelo machismo. Como se todas as mulheres que não optarem pelo a-favor-do-aborto fôssem umas anencéfalas sem opinião, tenha dó! Cadê o bom-senso nesta discussão? Cadê o respeito à diversidade de opiniões? Como vamos avançar como humanidade com estes tipos de pensamentos?

Leo Zamprogno disse...

"Quando um homem achar uma moça virgem e pegar ela e se deitar com ela e ambos forem apanhados, então o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça 50 siclos de prata e porquanto a humilhou, lhe será por mulher, e não a poderá despedir em todos os seus dias".
Deuteronomio 22, 28

Qualquer semelhança desta lei com esta passagem na Bíblia não é mera coincidência...
Daqui a pouco eles vão só mudar esse final e acrescentar na lei que se o cara estuprar e engravidar a mulher, terá que se casar com ela e ela vai ter que aceitar!
Realmente...tá chegando a hora do povo pegar em armas contra os inimigos do estado laico.
abraços Lola

Anônimo disse...

Para todos os escandalosos que criticam tão avidamente a legalização do aborto :

Meu tcc foi uma análise comparativa entre os efeitos e causas do aborto legalizado ( nos países da união europeia) versus a criminalização do aborto no Brasil.
O resultado? O aborto DIMINUI em altíssimas proporções nos países que legalizaram o aborto.
Existem pessoas que acreditam que se o aborto for legalizado, haverão médicos atrás de um balcão, como açougueiros, atendendo a uma fila enooooorme de mulheres grávidas, papeando sobre a novela.
ABANDONEM A ESTUPIDEZ!

O aborto legalizado, conta com uma equipe de médicos ( inclusive psiquiatras e terapeutas) que iria conversar com a mulher, orienta-la, instruí-la afim de que ela realmente esteja certa sobre esta decisão. De fato, este acompanhamento diminui o aborto em vários países. Ademais, o aborto é um processo muito agressivo para o corpo humano. Nenhuma mulher iria ir lá todo mês para abortar, não é desta forma que funciona.
Não somente o aborto diminuiu, como os gastos públicos com menores abandonados e a taxa de criminalidade também diminuiu.
Querendo ou não, o aborto legalizado é a melhor forma de garantir o direito da mulher, a dignidade de uma criança que deve ser desejada, além de evitar gastos públicos desnecessários.

Adelson disse...

nossos políticos andaram usando drogas... só não entendo pq esse projeto n é de conhecimento público.

Pedro disse...

Com certeza, discutimos pouco o aborto no Brasil. Isso não apenas por causa dos fundamentalistas que são contra o aborto, mas também dos que lutam por sua descriminalização. O fato é que ninguém quer discutir. Todos tomam certa forma de conhecimento e o conhecimento por ela gerado como verdade, tanto o argumento religioso, quanto o argumento científico/social (que cria a ideia de direitos humanos entre outras), e não querem promover o diálogo construtivo, mas apenas convencer o outro da sua "verdade". Um debate construtivo leva a levantarmos muitas questões, e que certamente levam a respostas similares a que temos quanto ao desenvolvimento histórico da sociedade patriarcal e sua relação com a violência contra as mulheres e outras coisas. Ainda assim, questões mais profundas teriam de vir a tona e serem discutidas. Quando começa a vida (a vida tem um começo?)? O que é a vida? Ou melhor, o que é Ser? Qual a diferença entre ser e existir? Questões essas são muito difíceis de serem respondidas, por isso são deixadas de lado pela ciência e todos os outros dogmas. Por certo a resposta para essas perguntas não poderá passar por qualquer rotulação como "do ponto de vista jurídico" (ou biológico, ou do vaticano) e assim se passará a esfera do incognissível/ invisível, a dimensão metafísica e metamente da vida/universo/todo. Até mesmo na filosofia, dependendo do método se chegarão a diferentes respostas. Essas perguntas só podem ser respondidas por aquele que observa, sem interferir mentalmente, o processo de ser e viver- auscultar e meditar (assim que são formadas as mais contundentes teorias da física quântica, por exemplo). Não vou dizer mais nada, pois isso gera raiva nos egos e nas éguas, mas muito provavelmente se chegará a conclusão que realmente não importa se o aborto impedirá uma existência de acontecer, já que há vida em tudo- até numa pedra!. Da mesma forma que não importa se mato um animal pra comer, o problema é a forma como ele é tratado e criado (com todos aqueles hormônios), e a forma como ele é cruelmente abatido.
Não adianta, enquanto continuarmos nos iludindo pelas identificações - os ismos-, estes debates serão muito difíceis. O ego/mente infla quando é cutucado. É através do autoconhecimento que se torna possível perceber atitudes patriarcais e todas as outras. A sociedade só se tornará menos machista se começar a mudar a partir de dentro de cada um, não há como impor mudança ao outro...

lola aronovich disse...

Ô Vinicius, escreve um guest post pra mim falando mais disso, citando os dados do seu TCC e tal. Por favor! Tem muita ignorância a respeito do aborto!

Unknown disse...

Simples: aborto é um crime covarde contra a vida de embrião indefeso. Qualquer embriologista sabe disso.

A discussão sobre o momento da origem da vida humana foi resolvida com a descrição feita em 1827 por Karl Ernst von Baer. Devido ao aumento da sensibilidade do microscópio permitindo visualizar o óvulo e o espermatozóide, constatou-se que a nossa origem está na concepção. Nas suas obras "Ueber Entwicklungsgeschiechteb der Tiere" e "Beabachtung and Reflexion" descreveu os estágios correspondentes do desenvolvimento do embrião. Por isso, ele é considerado o "Pai da Embriologia Moderna".

Em 1839, Schleiden e Schwann, ao formularem a Teoria Celular, foram responsáveis por grandes avanços da Embriologia. Conforme tal conceito, o corpo é composto por células, o que leva à compreensão de que o embrião se forma a partir de uma ÚNICA célula, o zigoto, que por muitas divisões celulares forma os tecidos e órgãos de todo ser vivo, em particular o humano.

Em meados do século XIX, os médicos estavam já completamente convencidos da existência desse processo e iniciaram então uma campanha para proibir o aborto. A frase que todos pensam ter sido inventada pelo Vaticano "a vida humana começa no momento da concepção", data, de facto, dessa campanha iniciada pelos cientistas no século XIX. Um outro mote dessa campanha era precisamente "adopção em vez de aborto". Na seqüência de todos estes sucessos, o parlamento inglês baniu o aborto, em 1869, aprovando o Offences Against the Person Act. Foi o primeiro país a fazê-lo. No mesmo ano o Papa Pio IX aceitou estes fatos científicos, passando a Igreja Católica a se posicionar contra o aborto, em defesa do ser humano desde sua concepção. No relatório de 1871 pode-se ler o seguinte:"A única doutrina que parece estar de acordo com a razão e a fisiologia é aquela que coloca o inicio da vida no momento da concepção. (...) O Aborto é uma destruição massiva de crianças por nascer".

Portanto, um óvulo, por si só, não é nada, vai ser sempre um óvulo. O mesmo para o espermatozóide. Um óvulo fecundado já é um ser humano nos estágios iniciais de sua vida e de seu desenvolvimento. O mesmo vale para uma criança, que ainda não é um ser humano completamente desenvolvido.

Não se trata, portanto, de um dogma religioso, mas da aceitação de um FATO CIENTIFICAMENTE COMPROVADO.

Julia Maria disse...

Sou contra o aborto quando não há nenhuma situação excepcional como por estrupo,feto anencéfalo, risco para a mãe...mas quando as pessoas fazem sexo sem proteção(o que é uma burrice pra quem não pretende engravidar), com proteção devem ter em mente das consequências que seus atos podem ter, não podemos brincar com a vida, somente Deus dá e tira a vida, tantas mulheres querem tanto ter filhos e não conseguem o que mostra o quanto a concepção de uma criança é um milagre, não podemos banalizar isto,eu sei que muitas não acreditam em Deus, mas sua descrença não faz com que Ele e suas leis não existam, o problema do ser humano é que ele nunca quer ser responsabilizado pelos seus atos, sempre a culpa é dos outros, e se você não quer ser mãe, não confia nos métodos anticoncepcionais só tenho um conselho: se abstenha de sexo, pois será melhor do que carregar o sangue inocente do seu próprio filho....

Julia Maria disse...

Sou contra o aborto quando não há nenhuma situação excepcional como por estrupo,feto anencéfalo, risco para a mãe...mas quando as pessoas fazem sexo sem proteção(o que é uma burrice pra quem não pretende engravidar), com proteção devem ter em mente das consequências que seus atos podem ter, não podemos brincar com a vida, somente Deus dá e tira a vida, tantas mulheres querem tanto ter filhos e não conseguem o que mostra o quanto a concepção de uma criança é um milagre, não podemos banalizar isto,eu sei que muitas não acreditam em Deus, mas sua descrença não faz com que Ele e suas leis não existam, o problema do ser humano é que ele nunca quer ser responsabilizado pelos seus atos, sempre a culpa é dos outros, e se você não quer ser mãe, não confia nos métodos anticoncepcionais só tenho um conselho: se abstenha de sexo, pois será melhor do que carregar o sangue inocente do seu próprio filho....

Beatriz disse...

Para Roberta em resposta a Aninha Silveira.

Punição? Desde quando uma criança é uma forma de punição? Acho que devemos começar a arcar mais com as nossas responsabilidades ao invés de jogar esse fardo a uma criança que ainda não nasceu.
Não sou contra o aborto, mas que esse não se torne um método contraceptivo.

Gabriel Estrela disse...

Assinei a petição e realmente acho um absurdo o estatuto. Mas acho tanto absurdo quanto julgar pessoas que colocam a religião a frente de si próprias. Isso pra mim é merecedor de admiração, isso sim! O problema é quando essa religião não está só a frente dos próprios crentes, mas também dos outros.
Respeito parte em ambos os caminhos, de nada adianta ficar todo mundo se batendo de frente!

Unknown disse...

Não existe nenhum metodo 100% seguro, prefiro o aborto a ver crianças sendo negligenciadas e maltratadas como ocorre em muitos casos.
Melhor não ter do que ter e deixar crescer jogado sujeito as piores coisas coisas que podem acontecer a uma criança.

Malu Sícoli disse...

Muitas coisas para falar, vou dividir em dois posts! Uma história real da minha vida: sou a sexta gravidez dos meus pais, minha mãe perdeu três nenês porque o útero dela não conseguiu segurá-los (e mesmo assim eu fui fruto de uma gravidez planejada), mas quando eu era pequena ouvia muitos católicos malucos (alguns da minha família) que diziam que uma mulher que aborta perde 7 anos de vida. Quando fiz as contas e concluí que minha mãe tinha perdido 21 anos porque Deus quis eu entrei em choque, fiquei morrendo de medo dela morrer só pq perdeu bebês sem ter tido a chance de escolher! Isso tudo eu ouvi na década de 90 e hoje vejo que nosso país não evoluiu em nada quanto a isso! Se em aborto que ninguém causou (pelo contrário, eram bebês super desejados por ela), já rola essa imbecilidade de discriminar a mulher, imagina nos abortos necessários?

Malu Sícoli disse...

Continuando... sabemos que muitas vítimas de estupro se culpam, sentem vergonha ou não denunciam pq o fdp é da família delas, e essas vítimas não podem abortar porque não justificaram de forma convincente um juiz que não tem nada a ver com a vida delas, por essa razão, elas devem ser obrigadas a seguir adiante com a gravidez?

Eu não sei se acredito ou não que há vida dentro do útero, mas acredito que há vida fora do útero e essa vida não vai conseguir gerar a outra vida! Acredito também que se no meu útero quem manda sou eu, eu jamais vou querer mandar no útero dos outros. A decisão do aborto dos outros não deve nunca caber a mim!

Marcia Gullo Tiberio disse...

Quer dizer então que vou ter que comprar pilulas anticoncepcionais pra minha filha de 14 anos agora neh???
SIM porque, na sociedade em que vivemos, com tanta VIOLENCIA, ela pode sim sofrer um estupro e ficar gravida.... dai vão dizer que ela é uma sem vergonha que não usou preservativo pra evitar a gravidez?????
.... e não pode abortar o fruto dessa VIOLENCIA....

por favor gente PRESTATENÇÃO NO QUE VOCES TÃO FALANDO!!!!!!!
estupro é VIOLENCIA TANTO FISICA COMO MENTAL..... pelamor!!!

Ana KT disse...

Lola, eu tenho as minhas crenças, acredito em Deus mas me afastei de todas as religiões, não acredito nelas. Eu tenho por escolha pessoal em caso de ser estuprada e engravidar, tentar ter a criança, digo tentar pq não sei como vou reagir já que ainda não sofri agressão nesse nível. Mas não acho que o estado tenha que me obrigar a nada, a minha escolha é baseada em visões que tenho da vida.
Eu também não quero ter que ser investigada caso meu bebê morrer. Se eu demorar para descobrir minha gravidez e tiver bebido? Vou ser presa? E aquelas mulheres que só descobrem a gravidez a beira do parto?

O estado não pode decidir dessa maneira. Não somos criminosas, seremos mães.

Eu tenho 29 anos e ainda não tive filhos, mas se essa lei for aprovada creio que só me resta não engravidar, pq o medo que estou sentindo agora bate de frente com o desejo e a alegria de passar a ter minha família

artes e arteirices disse...

eita assunto dificil..... sim porque é o tipo de tema que é muito facil de se ter uma opinião fora da pele da pessoa em questão...

Sou cristã, evangélica e sinceramente não sei o que faria se passasse por uma situação que teria de decidir por abortar ou não.... entendo que a vida é importante e qual vida é a mais importante a da mulher ou do feto....
mas nessa lei tem de se ter bom senso e bom senso me diz que no caso de um aborto espontâneo a mulher não poderia ser punida e mesmo porque só serão punidas aquelas que não tem dinheiro pra contratar um bom advogado...

Poderia dar minhas razões do contra e do a favor.. mas o importante pra mim é dizer que cada caso é um caso e não podemos julgar como num todo... e quem pune por essa ou aquela escolha não é Deus, mas sim a humanidade falhos e prontos pra apontar o dedo na ferida do outro, Deus tem sabedoria pra nos julgar culpados ou inocentes, nós não....

Rhay. disse...

http://bluelittlecrab.blogspot.com.br/2013/06/meu-teco-no-estatuto-do-nascituro.html?showComment=1370658585282#c2924480245434702739

Meu comentário...

Natasha Belus disse...

O Estatuto proíbe: Art. 25 Congelar, manipular ou utilizar nascituro como
material de experimentação:

Fertilização In vitro não é experimentação, é método de concepção não natural já comprovado e difundindo, não tem nada de experimentação.

Sabe-se que as células tronco encontradas nos dentes de leite e na medula óssea são muito mais eficientes e sofrem menos rejeição do que as de embriões. Os resultados foram muito melhores. Por isso o uso de embriões já está sendo descartado.

o artigo fala sobre congelar para experimentação, é diferente de congelar para uma futura inseminação artificial.

Ou seja, em relação à esses assuntos não vejo nada demais.

A ignorância é uma maldição. Já tá na hora das pessoas saberem que aborto espontâneo é diferente de induzido. É uma morte natural em um momento que não se espera, como um derrame cerebral de uma pessoa de 15 anos, ou um ataque cardíaco, ou uma doença terminal sem cura. Não é culpa da mulher. Acredito que o Estado e as pessoas não sejam tão idiotas assim para não saber diferenciar um ato intencional de uma fatalidade.

Ah e meu argumento para ser contra o aborto poderia se apoiar em religião, mas não é: Nos Mamíferos os filhotes se desenvolvem dentro do corpo da mãe, porém não pertencem, nem se fundem ao dela. O corpo do filhote/bebê recebe apenas nutrientes da mãe, e um abrigo durante o período que chamamos de gestação. A placenta é a camada que separa o bebê da mãe. Seus sangues não se misturam em nenhum momento. Desde o zigoto sua estrutura genética é totalmente diferente da mãe, seu sexo, cor da pele, cabelo, olhos, sensibilidade do paladar, propensão à doenças e outras coisinhas estão nos genes. Ou seja, ele é OUTRA pessoa, que precisa de uns meses para nascer. Se fossemos aves poderíamos botar ovos e chocar nosso filhotes FORA do nosso corpo, este último não ia se modificaria em nada... Que engraçado né? A única diferença é que nossos bebês crescem dentro da gente, e o que isso modifica em nosso corpo? Umas estrias? Uma flacidez nos seios depois da amamentação? É isso? Vale a pena tirar a vida de um bebê que NÃO pertence ao seu corpo, só por causa de estética? Qual o problema de emprestar seu corpo para um gérmen de vida? Precisamos ser tão egoístas? Por que esse medo de se dedicar a outra pessoa ein? Não conheço nada mais retrógrado do que o egoísmo, isso sim.

Cantinho disse...

Acho viável discutir sobre essa lei, poi ao meu ver ela "não tem pá e nem cabeça" , como pode classificar um ser não nascido mais importante por exemplo, que o psicologico de uma mãe que sofreu algum tipo de estupro. Mesmo que fosse contra do Aborto, continuaria com o mesmo pensamento. O que acontece é que as pessoas se declaram Religiosas e querem radicalizar tudo, a ponto de não ter lógica em alguns tipos de opiniões.

Anônimo disse...

É muito fácil defender o aborto quando você não foi o abortado, não é verdade?
Aborto não tira o trauma de uma mulher violentada.
Aborto não deve ser desculpa para mulher que transou sem camisinha ou qualquer outro método contraceptivo e deixou acontecer um pequeno "acidente".
Isso se chama ASSASSINATO.
Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém.
"Meu corpo. Minhas regras."? Então cuide dos eu corpo começando por se precaver. Nenhuma criança ( embrião, feto, o escambau) merece pagar com a vida o preço de uma irresponsabilidade.
Adoção existe para que LIXOS que se acham gente não precisem assumir maternidade ou paternidade.
Definitivamente não existe desculpa.
Sobre qualquer outra coisa, não existe argumentos. Vida é vida, e a partir do momento em que eu me acho no direito de tirar qualquer vida, sou um assassino e me igualo a bandidos que acham que podem tirar a vida de qualquer um quando lhes convém ou até mesmo porque não foi com a cara.
A legalização do aborto é banalização da vida.
NÃO AO ABORTO!
SIM A VIDA!

Anônimo disse...

Gostaria de pedir a colaboração no debate que iniciei no meu blog, esperando o comentário de todos.

http://algumasgarotas.wordpress.com/2013/06/08/nascituro-tem-mais-protecao-que-as-proprias-maes/

Anônimo disse...

Acho que está vai ser a única forma de conseguir fazer aborto seguro, se esta lei for aprovada.

Aborto em alto-mar
ONG feminista monta barco para ajudar mulheres em países que proíbem a interrupção voluntária da gravidez

http://www.istoe.com.br/reportagens/38416_ABORTO+EM+ALTO+MAR

http://www.womenonwaves.org/pt/page/493/abortion-on-our-ship

Anna disse...

Nossa, q rumo q esse post tomou e tipo o q falar de comentários q nem o de Natasha Belus ali em cima, q acha q mulheres abortam por medo de ficarem com estrias, wtf! Isso mostra como a conversa sobre o aborto não acontece aqui.. Gente q nunca leu um texto, um relato sobre o assunto vindo comentar, q passam longe dessa situação, quererendo falar o q é certo..

E mais uma vez, digo q não entendo como pessoas [religiosas ou não religiosas] são contra o aborto a não ser em caso de estupro porque enfim se todo feto merece nascer, o de um estupro não merece? então porque é OK para a mãe cruel com medo de celulite tirá-lo? Porque afinal nessa lógica o feto seria um bebêzinho fofo q pode um dia virar cientista e todos eles teriam os mesmos direitos, pouco importa se estão ali por causa de uma relação sexual consentida ou não.. Mas ngm pensa tão longe, só repetem ''Sou contra o aborto! aborto natural = não era para acontecer, q pena. Aborto provocado = assassinato!11! Não somos Deus para brincar com a vida.. Tem várias meninas q não se cuidam ai engravidam e querem abortar? me poupe!! todos já fomos fetos.. Ou sua mãe te abortou?? Sou contra o aborto e a favor da vida!!!!! a não ser em caso de estupro mas isso quase não acontece, mulheres podem mentir só pra abortar né, conheço casos''

Ô gente clichê! Engraçado como na hora de falar q fulana transou sem camisinha, nem citam o homem [fulana engravida sozinha!]. Mas na hora de falar sobre a decisão do aborto, ai sim, vamos chamar o pai para ver o q ele pensa [opinião de homem conta suas feminazis!] aff Pra começar, se são a favor da VIDA q tal começarem apoiando quem já está vivo, tipo a mulher?? Nenhuma mulher deve ser obrigada a passar por uma gravidez indesejada, ponto final.

Anônimo disse...

Penso o seguinte:
as mulheres que são contra o aborto não serão obrigadas a abortar. A descriminalização do aborto apenas garantirá que as mulheres tenham o direito à decisão de serem ou não mães, e eu acho que cabe à cada uma decidir. Pessoalmente não sei se faria um aborto, acredito que essa decisão seja dificílima de ser tomada. Mas luto pelo direito de ser dona do meu corpo.

Anônimo disse...

64% das mulheres que fizeram aborto no Brasil são casadas, 81% já são mães http://migre.me/f3dwy

Unknown disse...

Já ouviu falar em laqueadura, camisinha, pílula, vasectomia e por ai vai?

Cândida disse...

Sou espírita, e por ter essa convicção religiosa eu acredito (não posso falar com total certeza sem ter passado pela situação) que não escolheria fazer um aborto (exceto em caso de risco de saúde e estupro).
Porém, o fato de eu não querer isso para mim, não me dá o direito de impôr isso a ninguém. A minha crença religiosa não pode ser imposta a quem não compartilha dela. Onde está o direito de escolha do cidadão responsável pelos seus atos?
Seria o mesmo que um religioso da Igreja Adventista do Sétimo Dia querer aprovar uma lei que proíba todos os demais de trabalhar aos sábados.
Acho que o mundo só precisa de uma única coisa para crescer e evoluir:: RESPEITO. Temos que respeitar a escolha do próximo, cada é responsável por si, desde que não prejudique ninguém com seus atos.
Obrigada Lola por tanta informação construtiva e por oferecer esse espaço para debate.

My Michelle disse...

Quanto a essa discussão, acredito que posso dar um relato enriquecedor para o debate. Em abril de 2011, no parto do meu segundo filho, paguei ao médico de um hospital particular em Duque de Caxias a quantia referente a dois salários mínimos para a realização do procedimento de laqueadura de trompas. No entanto, em setembro de 2013, para meu espanto, descobri que estava grávida. Confesso que me vi indo às profundezas de qualquer lugar que possa existir, meu pensamento principal era o suicídio, tendo em vista minha instabilidade no relacionamento e o fato de estar grávida do terceiro filho aos 28 anos, sem contar o fato de que me sentia injustiçada e enganada pela vida, pois tinha investido para não ter mais filhos. Foi um período intenso de medo, frustração, desespero, pensei realmente em dar um fim a minha vida, pois para mim essa era a grande questão, minha vida. Sem contar, que eu não conseguiria suportar um aborto, sou contra meu próprio aborto e contra o aborto em si, mas penso realmente no desespero que atinge essas mulheres que acabam tendo esse ato como única saída diante de um quadro tão cruel como uma gravidez indesejada numa sociedade tão impiedosa como essa, principalmente para as mães solteiras e pobres. Para mim, o grande problema é a sociedade, a hipocrisia que reina, a falta de solidariedade VERDADEIRA e a falta de condições humanas e dignas para TODOS. Vejo a indústria do aborto como mais uma das faces do capital, porque é dessa forma que ocorre o enriquecimento de muitas pessoas, assim como, a indústria dos procedimentos de esterilização irreversíveis, pois precisei sentir na própria pele para ver o quanto esses procedimentos são duvidosos e inseguros, pois além de contar com as falhas médicas, há as falhas inerentes ao procedimento (E sim, sei sobre isso, pois li diversos trabalhos para tentar entender o que aconteceu comigo).
O aborto se torna uma saída para muitas mulheres, mas há que se considerar que é um ato abominável, pois o bebê (Sim, pois para mim o feto é um bebê desde sempre!) sente, sente a dor, sofre. Do seu santuário seguro e feliz é tirado violentamente, é morto. Penso se alguém apoiaria a morte de um bebê que já nasceu, creio que não, então aborto é um assunto para ainda ser muito discutido e acredito que esse vídeo que indico aqui (muito tenso, devo avisar!), possa ajudar a esclarecer um pouco mais sobre a temática. Para finalizar, quero apontar que não tenho religião, sou uma feminista convicta, mas insisto que a prática do aborto não deve ser a solução, ao menos não podemos nos fechar numa opinião simplista diante de tal complexidade.
Aborto - O grito silencioso - Completo - dublado pt-br — youtube.com

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