terça-feira, 29 de janeiro de 2013

GUEST POST: TODO DIA DEVE SER DE RESPEITO A TRANS

Hoje é um dia muito importante na luta da tolerância, da inclusão e dos direitos humanos: é o dia da Visibilidade Trans. Pra celebrar a data, pedi um guest post especial, e a Daniela aceitou.
Daniela Andrade mora em São Paulo e é uma mulher transexual ativista, formada em Letras e Análise de Sistemas, com pós-graduação nas áreas de Psicanálise, Língua Portuguesa, Literatura e Informática. Multifacetada e aguerrida lutadora pelos direitos das pessoas transgêneras, ela, além de ter um blog, é responsável por muitas das imagens da página do Facebook que eu peguei emprestadas pra ilustrar o post (clique nelas para ampliá-las).

O Dia da Visibilidade Trans surgiu em janeiro de 2004 por conta do lançamento da Campanha Nacional “Travesti e Respeito”, do Ministério da Saúde. Nesse dia 29, representantes da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) entraram no Congresso Nacional, em Brasília, para lançar nacionalmente a campanha.
Dessa iniciativa, as cinquenta e duas organizações afiliadas à ANTRA foram orientadas a sair às ruas para comemorar essa data em todo o país, para mostrar as suas caras e consequentemente reivindicar seus direitos.
Mas, quando se fala em visibilidade, o que se quer dizer com isso? Significa primariamente que travestis e transexuais continuam invisíveis do ponto de vista do respeito aos direitos e da dignidade tanto para o governo, quanto para a sociedade.
Infelizmente, há um sentimento generalizado de que toda vez que uma travesti ou uma mulher transexual aparecer na mídia, salvaguardando raras exceções, será para ridicularizá-las nos programas de humor, que só o que fazem é reforçar o estereótipo e o preconceito de que elas são homens, invalidando suas identidades femininas, ou como exibição em programas policialescos onde, geralmente, o apresentador fará o que a claque pede: transformará essa pessoa em peça de jardim zoológico ou circo de aberrações. Acostumada que está a sociedade a ver e associar travestis e transexuais ao mundo do crime, da farsa, do engano; e, tão logo, a jamais vê-las como vítimas, inclusive quando são elas as agredidas, estupradas ou assassinadas, nesse caso também a maioria dirá: “ah, mas era travesti, travesti é tudo p*ta mesmo! Tudo bandido!”, e todos consentirão com a cabeça, embasados numa pretensa estatística universal que não dá direito de defesa a elas, de que transfobia é algo inexistente.
Aliás, o próprio termo “travesti” é frequentemente usado no masculino, e do mesmo modo a mídia prefere frisar o nome do RG dessas pessoas, como se o que elas pensam e a forma como preferem ser tratadas -– no feminino: A travesti -- não significasse nada, como se a língua devesse necessariamente ad eternum e ad nauseam ser utilizada para oprimir xs sem voz. E como se o nome social fosse algo não importante, e o do RG fosse estritamente necessário para entendermos a matéria em questão.
Mas, se alguém se detiver um pouco sobre o tema, e pesquisar o que significa ser travesti ou transexual no Brasil, não dificilmente descobrirá que essas pessoas precisam estar sempre preparadas para receber sopapos, tapas, cusparadas, xingamentos, deboches e descrenças de todas as partes. É como ser uma ilha, rodeada de violência por todos os lados.
De um modo geral, vemos o desrespeito, as diárias agressões e a incompreensão por parte dos pais e da família. Em muitos casos são expulsas de suas casas ou forçadas a isso dado o histórico de violência. Sem ter onde morar, acabam tantas vezes caindo nas garras das cafetinas e cafetões que lhes oferecem um lugar para dormir em troca de trabalho: entenda aqui a prostituição.
Durante a vida escolar, geralmente verifica-se o fenômeno da evasão, já que a maioria acaba por não aguentar as agressões diárias vindas não apenas dos demais alunos, mas também daqueles que deveriam protegê-las: professorxs e gestores escolares que insistem em afirmar que a identidade de gênero que elas dizem possuir é inválida, mentirosa, fantasiosa, negando-se a tratá-las pelo nome social.
Sem escolaridade, tudo parece ficar extraordinariamente mais difícil quando o assunto é trabalho –- que já é dificultado a qualquer uma, independente de estudo, pelo grande preconceito do empresariado que, de um modo geral, não quer em seu quadro de funcionários pessoas que a sociedade associa ao crime, ao errado, ao que se deve evitar.
Mesmo no serviço de saúde, também são pessoas desrespeitadas -– ainda que nacionalmente o SUS indique que devam ser tratadas pelo nome social. Primeiro que há apenas quatro hospitais públicos em todo o país capazes de realizar a cirurgia de transgenitalização, onde pessoas transexuais esperam por anos pelo “privilégio” de que o governo as escolham para lhes devolver a dignidade roubada por um destino que lhes privou de ter um corpo ajustado de acordo com aquilo que necessitam e da forma como se enxergam.
Endocrinologistas especializados nesse público também são raros (lembrando que hormônios são feitos pensando no corpo de pessoas não transexuais e, inclusive sua bula não diz respeito às pessoas transexuais), o que força muitas dessas pessoas a se hormonizarem por conta própria, incorrendo em diversos riscos de saúde como tromboses e infartos. Mas são os hormônios que também trazem uma melhor percepção e aceitabilidade do próprio corpo, ao transformá-lo de acordo com o gênero exercido socialmente.
Dado esse panorama, fica agora esclarecido que nesse dia da visibilidade trans, o que se almeja é que esses cidadãos e cidadãs pagantes de impostos tenham suas necessidades respeitadas e conhecidas. E, que essa visibilidade se estenda para os demais dias do ano, já que ser travesti ou transexual é todo dia, e todo dia é dia de respeito e empatia pelo outro.

74 comentários:

Anônimo disse...

O próprio gênero e uma violência ?

Um movimento que prega a igualdade entre os gêneros deveria pregar o respeito a diversidade, bonito e ser diferente, ridículo este ultimo meme.

Anônimo disse...

E eu não vejo motivo em estimular jovens a se mutilarem, homossexuais merecem respeito, paz amor, não que se estimule a não aceitarem o próprio corpo natural. Tenho muita gratidão pelo feminismo, mas alguns discursos me decepcionam muito.

Anônimo disse...

Lolinha, linka também http://blogueirasfeministas.com/2013/01/a-morte-e-a-morte-de-uma-travesti/

Anônimo disse...

Lolinha, linka também http://blogueirasfeministas.com/2013/01/a-morte-e-a-morte-de-uma-travesti/

jacmila disse...

"todo dia é dia de respeito e empatia pelo outro"

Penso q as pessoas deveriam ter a liberdade de fazer com o próprio corpo o q quiserem.

LC disse...

Eu sou homossexual e até um tempo atrás eu reproduzia aquela idéia do senso comum de que "um gay pode ser gay, desde que agisse como homem", depois de um tempo comecei a perceber que isso era uma imposição tão violenta quanto a que eu sofria, além de ser egoísta, uma cagação de regra, uma forma de adotar o discurso do opressor

Eu não tenho inclinação pra ser travesti ou transexual, mas como posso julgar quem tem? Como posso decidir que, por imposições machistas e estúpidas, essas pessoas "envergonham" a minha classe? Quando vamos aprender que o problema que a sociedade tem com homossexualidade está em TODOS os planos, e que julgar alguém por ser mais ou menos afeminado é tão estúpido e sem sentido quanto?

A maioria das pessoas que eu conheço diz que "não tem nada contra" pra logo em seguida despejar seus preconceitos

Tem gente que acha que o fato de eu não ser afeminado o suficiente é um mérito ¬¬

Antigamente eu costumava tomar quem dissesse isso como um elogio, agora não ligo mais

LC disse...

Anônimo 1. acho que o que ficou implícito aí é que (imposição de) gênero é uma violência

Vou te contar uma história, esses dias minha mãe foi com meu sobrinho (de 4 anos) num fliperama, desses que imprimem fichas valendo premiozinhos

Meu sobrinho invocou que queria um anel da Barbie, e que aquilo era o "anel do poder", minha mãe foi e deu, uma criança que estava perto ficou com vontade (meu sobrinho ficava com o anel fazendo onomatopéias do poder tipo "ziooom" "tzuiim" e falando "anel do poder!!" kkkkkk)

Aí a mãe do outro menino veio brigar com a minha mãe, que era um absurdo ela dar um anel da Barbie pra ele

O que estava impedindo ela de dar um anel pro menino era o fato do anel ser da Barbie, se tivesse um anel do Ben 10 ela daria, sendo que pra criança aquilo era apenas um "anel", e até o "elemento diversão" estava ligado a algo socialmente determinado como masculino (não cabe ficar explicando, mas po, era um "anel do poder", entendem?)

Eu sou gay e cresci na minha rua brincando de pipa, rodando pião, bolinha de gude, até futebol eu joguei(mas nunca gostei de participar de campeonatinhos e acompanhar coisas de futebol na TV)

Sempre achei que isso seria a chave de abertura que ia me impedir de ser gay quando crescesse, que minha atração por homens era uma falha sem sentido e consertável, me enganei por muito tempo até aceitar minha condição, e consequentemente a condição dos outros também

Raíssa disse...

Não acho incentivo a "mutilar" o corpo, poxa, ninguem que não queira mudar seu corpo vai fazer algo para mudar, só acho que temos que dar apoio e respeitar as pessoas que não se sentem bem como nasceram e querem mudar. Não cabe a nós decidirmos sobre o corpo, a mente e a vida dos outros.

Liana hc disse...

"Não acredito na violência de gênero, acredito que o próprio gênero é uma violência, ..."

Anônimo/a dá uma olhada no restante da frase:

"...que as normas de masculinidade e feminilidade, tal como as conhecemos, produzem violência."

Então, há uma contextualização aqui né. Nossa cultura impõe uma visão muito limitada de como podemos expressar nossa sexualidade, não contempla a diversidade que de fato existe, a pesar da repressão e da violência.

Unknown disse...

Mutilação? Aff, são menos de meia dúzia de remédios que fazem umas besteirinhas como reduzir musculatura, modificar textura da pele, reduzir pelos, redistribuir gordura, reduzir o metabolismo , redistribuir cartilagem, desenvolver as glândulas e tecido mamário, modificar algumas besteirinhas do sistema nervoso central e periférico...
De fato, testosterona e estrogênio são dois hormônios que homens e mulheres tem em quantidades distintas e o que se faz é apenas alterar a quantidade e proporção dos mesmos ao gênero desejado, assim ocorrem as modificações.
Tais medicamentos são vendidos no balcão da farmácia.
Não é Ciência de Foguetes e nem nada mirabolante. O único problema mesmo são as "armadilhas" que representam grandes perigos à saúde ou risco de deformações.


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E a galera daqui deveria parar de confundir Identidade de Gênero e Orientação Sexual. Existem mulheres trans lésbicas e bis, e homens trans gays e bis também.

Nih disse...

Vou contar minha história como "Neecoletchy Cheeclatchy".

Era uma vez um Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia. Para quem não sabe, cursos universitários possuem geralmente um encontro de estudantes anual. O sentido deste encontro é político, mas em grande parte, é uma grande confraternização entre pessoas que fazem o mesmo curso, uma festa que dura uma semana em alguma cidade do Brasil.

No ano que fui, o encontro foi em BH. Começou meio mal pelo fato de não estarmos acampados na UFMG (que seria o lugar óbvio), mas sim em um colégio municipal logo ao lado de um clube chique, em um bairro de elite de BH (ao menos assim me disseram). Claro que deu merda, mas isso fica para outro dia.

O fato é que no penúltimo dia de encontro acontece uma festa já tradicional, o transenep. A ideia é que homens vão vestidos de mulher e mulheres de homem.

Mas eu gosto de inventar moda, então achei que seria comum demais me vestir de homem. Concordemos que não tem a menor graça ir para uma festa vestida com as roupas que faço faxina em casa...

Então, resolvir me montar como Drag Queen. Sempre ouvi que tenho espírito de drag queen... Para minha sorte, lá tinha um estudante da UERJ que também se montava de drag e me emprestou uma peruca e um vestido.

Drag Queen não é travesti. É mais uma fantasia mesmo, uma coisa performática, um clown. Enfim, não é a mesma coisa que travesti a não ser pelo fato de usar vestimenta tida como feminina. Não seria Elke Maravilha uma perfeita drag queen?

Fiz uma drag caricata estilo Susy Brasil (de quem sou fã). Mas enfim, eu não estava exatamente preparada para as reações que viriam a seguir. Pessoas me olharam e soltaram piadinhas julgando que eu fosse de fato um travesti. Òbvio que não me abalei, afinal, atitude de drag eu tenho 24/7 e não seria naquele momento divoso que eu me sentiria rebaixada. Eu amei ser drag e me montei outras vezes e tive a minha maquiagem muito elogiada por quem entende do assunto! Só que neste dia eu percebi a hostilidade e fui forçada a pensar "e se fosse todos os dias?" Como eu, mesmo sendo toda altiva, lidaria com hostilidade gratuita diariamente?

Claro que ninguém ameaçou me espancar, claro que muitos perceberam que eu era uma mulher cis e claro que a hostilidade foi bem pequena e só pelos não-universitários com quem topei no caminho (tipo, o motorista do ônibus, etc), mas os olhares...Era meio indisfarçável, sabe? neste dia eu tive uma ínfima amostra do que deve ser isto, mas foi importante para mim, de fato! Descobri que amo ser drag e recomendo a todos os meus amigos e amigas.

Nih disse...

Se pintar o quarto de azul ou rosa, controlar os brinquedos por gênero e o gênero das roupas evitasse que alguém fosse trans ou homossexual/bissexual, já não existiriam homos/bis ou trans há muito tempo. Todo mundo seria cis e heterossexual!

Se os pais ligassem menos para estes meros detalhes, talvez pessoas hétero e cis crescessem menos inseguras com relação à sua própria sexualidade e à sexualidade alheia.

E ao mesmo tempo, pessoas trans e/ou bissexuais e homossexuais não sentiriam tanto pânico com relação à sua própria sexualidade e/ou identidade de gênero. `Cresceriam seguros e amigos de seus pais. A aceitação da família faz toda diferença para tornar o mundo mais seguro para todos e todas.

E se você é pai ou mãe e não está preparado para amar seu filho ou filha da maneira que for, talvez você não devesse ser pai ou mãe.

Anônimo disse...

acho importante dizer tambem que identidade de gênero não está ligada a orientação sexual.
Ou seja, não é porque uma mulher é mais masculinizada que ela é lesbica. Um homem mais afeminado não é necessariamente gay. E, uma pessoa pode ter nascido com o corpo de homem,se identificar como uma mulher, e sentir atração por mulheres, se identificando como uma mulher lesbica, o que pode ocorrer tbm a uma pessoa com corpo de mulher, que se identifica como homem gay.

Vi essa confusão em vários comentários aqui... De fato é algo dificil de compreender no inicio, ja que é algo ainda mais distante das imposições de gênero que todos vivemos.
Mas, depois que a gente entende isso, fica ainda mais clara a força das imposições, e a certeza de que todos temos o direito de sermos o que somos, e de sermos inteiramente respeitados por isso.
Lola, sugiro um post ou guest post sobre isso...

Anônimo disse...

Lola,
sugiro um post ou guest post sobre a diferença entre Identidade de Gênero e Orientação Sexual.

Como a Raziel acabou de falar, tem muitos comentários aqui confundindo isso...E acho que um post no seu blog ajudaria muita gente a entender que essa confusão ocorre pela força das imposições de gênero...
Não me sinto preparada para escrever sobre isso, caso contrário, já começaria a pensar em um texto sobre o assunto.
Obrigada por manter o blog!

Anônimo disse...

Anon 10:45,


Por favor, to falando de boa...preste atenção na bobagem que escreveu...

taxpayer disse...

"Mesmo no serviço de saúde, também são pessoas desrespeitadas -– ainda que nacionalmente o SUS indique que devam ser tratadas pelo nome social. Primeiro que há apenas quatro hospitais públicos em todo o país capazes de realizar a cirurgia de transgenitalização, onde pessoas transexuais esperam por anos pelo “privilégio” de que o governo as escolham para lhes devolver a dignidade roubada por um destino que lhes privou de ter um corpo ajustado de acordo com aquilo que necessitam e da forma como se enxergam."

- A única dignidade que está roubada é a minha, como cidadão pagador de impostos, ou seja, um cidadão assaltado. Então querem que que eu pague pela cirurgia de transgenitalização? Já é um absurdo ter quatro hospitais do SUS para isso e ainda querem mais. Se quer fazer cirurgia de mudança de sexo, vão pagar uma cirurgia particular.

Anônimo disse...

"Infelizmente, há um sentimento generalizado de que toda vez que uma travesti ou uma mulher transexual aparecer na mídia, salvaguardando raras exceções, será para ridicularizá-las nos programas de humor, que só o que fazem é reforçar o estereótipo e o preconceito de que elas são homens, invalidando suas identidades femininas"

- Transex não é e NUNCA será uma mulher, mesmo que faça uma cirurgia de mudança de sexo. Os próprio transex sabem que disso. Basta ver a recente entrevista do filho do jogador Toninho Cerezo no Fantastático, que disse que não se sente mulher.

Anônimo disse...

tenho empatia por todas as formas que o ser humano tem de expressar sua sexualidade, desde q isso não implique em violência com outros, ainda mais sem consentimento, eu só acho um porre, ter que saber decor todas as denominações e nomenclaturas de cada um deles, Trans, bi, gays, lesbicas,travesti, cis, homossexual , etc etc..me perdoem mas isso da uma preguiça.

Anônimo disse...

LC, é ridícula a forma como essas imposições de gênero começam cedo e são tão difundidas...
Minha filha já ganhou, de parentes e amigos nossos, uma infinidade de roupas cor-de-rosa e bonecas. E eu devo ter algum problema muito sério se gosto de vestí-la com cores neutras e vê-la brincando com tanto prazer com trenzinhos e carrinhos de fricção. Ela brinca com as bonecas, com as panelas da cozinha, com as roupas do armário, porque tudo é diversão. Pra criança, uma caixa de sapatos vazia, se bobear, vira um puta brinquedo. Será que é tão difícil de enxergar essas coisas?

Acho o ó quando ouço mães de criança pequena dizendo "meu filho vai namorar tua filha quando crescer". Vontade de perguntar: "é, e com tua filha, a minha não vai poder namorar, não?". Lavagem cerebral iniciada no berço "pra modo de a criança não ir pro lado errado quando crescer". Me poupe!
Julia

Unknown disse...

Achei perfeita a frase da última imagem (da Beatriz preciado - vou procurar conhecer mais coisa dela).

Claro que sempre tem trolzinho pra usar a (pseudo)lógica de Éris e dizer que o negócio é discriminatório. Onde é?

Eu, como trans, acredito que posso falar com propriedade que não tem nenhum desrespeito ali.

E o gênero é uma violência sim...aqueles que se enquadram com mais facilidade dentro dele podem não perceber a violência em si, mas certamente sofrem com o "recalque" silencioso.

E pros trans é uma violência dupla...é óbvio que não nos encaixamos nos padrões de gênero, mas até esse desencaixe tem que ser "aprovado" pelo sistema de gênero. Vc meio que tem que "provar" que tem "corpo de mulher/homem" e mentalidade "contrária" ao seu corpo para ser vista como trans para a maioria das pessoas.
Eu já quis mudar muitas partes da minha anatomia antes de conhecer o feminismo queer. Hj ainda quero mudar algumas coisas, mas bem menos do que queria antes. E essa necessidade de adaptação anatomica perdeu o peso que tinha antes na minha vida, agora é só uma mudança que eu pretendo fazer mas que não vai me impedir de ser eu enquanto ainda não for feita.

Unknown disse...

"E eu não vejo motivo em estimular jovens a se mutilarem, homossexuais merecem respeito, paz amor, não que se estimule a não aceitarem o próprio corpo natural. Tenho muita gratidão pelo feminismo, mas alguns discursos me decepcionam muito."

Eu, como trans, digo que esse discurso não me desrespeitou e sim me libertou.
E homossexual/homoafetivo não é sinônimo de trans.

Frinn disse...

"E eu não vejo motivo em estimular jovens a se mutilarem, homossexuais merecem respeito, paz amor, não que se estimule a não aceitarem o próprio corpo natural. "

-x-

Pessoa do céu, tá tudo errado.
-Ninguém tá estimulando ninguém a nada. Pessoas que se sentem mal em seus corpos merecem se sentir bem. Só isso.
-Trans* não equivale a homossexual. São duas coisas muito diferentes. Pesquisa, moçx. Se informa.
-Não é uma mutilação, nem de longe. Como Raziel explicou ali em cima em mais detalhes, é um processo simples. É uma adequação ao corpo que a pessoa sente que deveria ter. Isso deveria ser direito inquestionável de qualquer um.

Unknown disse...

Taxpayer,

Só os comentários dos "machistóides conservadores médio classistas" para me fazer rir mesmo.
E olha que ando mais cansada que operário da primeira revolução industrial.

Parabens, manolo, tu és melhor que o Rafinha Bastos.

Anônimo disse...

anonimo das sei la que horas, que disse pagar impostos e que a cirurgia nao deveria ser feita pelo sus. caso vc nao saiba, transexuais tambem pagam impostos. mas é melhor exclui-las, nao é mesmo? inclusive do seu discurso. vc deve ser daqueles que ri com a valeria do zorra total, mas quando ve "traveco" na rua, tem vontade de matar. desculpe se exagerei.

de resto, lola, muitos comentarios me deram preguiça. é muita desinformaçao, muita "inguinorancia", muita confusao, e tem gente que prefere realmente seguir achando que travesti e transexual é bagunça, chafurdando na ignorancia.

"to na minha zona de conforto, me deixa aqui"

a pessoa que falou "do filho" do cerezo. bom, caso vc nao tenha entendido, é filha e tem nome - lea t.

Anônimo disse...

Sugiro um guest post da Silvia lá da Letras.

Lívia Pinheiro disse...

Eu tentei explicar aqui a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual (não sei com que grau de sucesso): http://www.plc122.com.br/orientacao-e-identidade-de-genero/entenda-diferenca-entre-identidade-orientacao/#axzz2JOrFBdfV

Anônimo disse...

Não sei qual é o drama da população pagar pelo sus pela cirurgia de transgenitalização, taxpayer. Eu, por exemplo, pagaria pela sua lobotomia feliz.

Flora disse...

caro "taxpayer" o homem ou a mulher trans também pagam imposto. O SUS (era pra ser) é pra todos os cidadãos. Se é ok que o cidadão trans pague pelas suas cirurgias com os impostos dele, pague as deles bem caladinho.

Jéssica disse...

Respeito um individuo trans, mas não é possível para mim aceitar o movimento politico, em especial pelos motivos a seguir:

- a maioria das pessoas trans que conheço justificam sua situação baseados na ideia de que existe um cérebro feminino e um masculino, e citam exemplos como gostarem de brincar de boneca/carrinho qd pequenos. Considero esse tipo de narrativa extremamente ofensiva as mulheres, pq naturaliza toda a besteirada de esteriótipos de genero, e desqualifica mulheres 'masculinas' que não querem transicionar.

- nos EUA a lei sobre identidade de gênero é superior a lei que protege as mulheres, sendo q nessa lei é permitido q qualquer homem que FALE se sentir como mulher seja aceito como mulher, mesmo q ele não tenha tido nenhum tratamento hormonal ou cirurgia. Dessa forma fica permitido que um homem que não é trans ganhe acesso a espaços femininos, como spas, área de chuveiros e centros de recuperação de vitimas de estupro. E acho q TDs sabem que o motivo para esse espaços serem divididos é justamente para evitar assédios e estupros. Isso permitiu coisas como um serial killer e serial rapist de mulheres tenha exigido uma cirurgia de mudança de sexo e transferência para a prisão feminina na Inglaterra, e ele conseguiu, também aconteceram outros casos semelhantes nos EUA.

(Continua)

Jéssica disse...

- outro ponto é que agora ate mesmo criança, que por terem um comportamento fora dos esteriótipos são colocadas pelos pais em tratamentos hormonais mesmo com apenas 7 anos ou menos. Já teve alguns casos de pais que colocaram suas filhas tomboys ou seus filhos que gostam de usar vestidos nesse tipo tratamento.

- por fim, a questão da homofobia. O Irã é o pais que mais faz cirurgias de mudança de sexo, e tb o pais em que homossexualidade recebe pena de morte. Mesmo fora desse caso extremo, é comum que pessoas como um gay afeminado decida mudar de sexo porque assim vira uma hetero feminina, principalmente se a família dele for homofóbica.


Esses problemas não são causados por todas as pessoas trans, mas o movimento politico trans não faz nada para combater esses problemas e frequentemente os apoia. E pessoalmente, eu jamais vou poder apoiar a causa trans enquanto esses problemas existirem, pq dessa forma ela causa prejuízos ao feminismo e a luta pelos direitos homossexuais.

taxpayer disse...

Transexuais também pagam impostos, mas eu também pago, assim como toda a sociedade paga impostos (exceto políticos, e burocratas e funcionários do governo). Então a SOCIEDADE TODA paga pela cirurgia de mudança de sexo, ou seja, a sociedade toda paga para menos de 5% da população mudar de sexo (pois travestis não representam nem 5% da população brasileira). Se quer mudar de sexo, paguem uma cirurgia particular. Parem de depender da nossa grana pra tudo.

Nih disse...

Jéssica: as justificativas que você está dando tristemente me lembraram quando mascus vem falar que feministas são vitimistas porque as mulheres vivem fazendo falsas alegações de estupro.

Se um juiz incompetente permitiu que um serial killer fosse para um presidio feminino, isso não tem nada a ver com o movimento político de pessoas trans.

Assim como, se uma mulher surtada ou mal intencionada fizer uma falsa alegação de estupro, nós feministas não temos nada a ver com isso também.

No Marrocos a homossexualidade é proibida, o que realmente faz com que alguns homos façam a cirurgia. Mas nada disto é culpa do movimento político de pessoas trans. Sinceramente, sua argumentação me soou surreal, uma abominação cognitiva.

Nih disse...

Pois é: eu também quero escolher para onde não vai o meu dinheiro!

Eu não quero que o SUS atenda motoristas bêbados acidentados. Pode?

Absurdo que eu pague impostos para salvar a vida de pessoas que bebem e dirigem!

Aliás, eu tenho uma lista grande de pessoas para quem não daria meus impostos se pudesse mesmo escolher. Se eu pudesse escolher que você não fosse atendido, senhor suposto pagador de impostos, eu escolheria, mas felizmente para você, o SUS é para todos...

Anônimo disse...

Ha uma grande diferenca entre orientacao sexual e genero... Pesquise....

Cora disse...


Mordred,

o simpático pagador de mico sofre do mesmo mal do delegado fanfarrão – duplo padrão moral. o delegado é incompetente, já q incapaz de gerir uma equipe e, ainda pior, ao invés de tratar dos problemas junto com a equipe, prefere choramingar suas dificuldades de liderança no twitter. numa empresa qq, um cara desses já teria sido demitido por justa causa. quer dizer, vê se agora ele se queixa da estabilidade do funcionalismo público. a mesma coisa com o fofo pagador de mico. quando ele (ou um familiar) precisar de tratamento de alta complexidade, vai parar no sus, já q plano de saúde cuida de resfriado e sus de problemas complexos. vê se ele vai se queixar disso!

Jéssica disse...

@Mordred

Para mim, e' impossivel apoiar um movimento que apoia que existam cerebros masculinos e femininos, um conceito que me causou prejuizos serios durante a vida.

Nao sao feministas as mulheres que fazem falsas alegacoes de estupro, apenas mulheres, frequentemente machistas. Mas quem diz que existe um cerebro feminino e um masculino e' o movimento transexual em sua maioria. Ele tb apoia mudanca de sexo em criancas. E ele nao faz nada quanto ao problema de qualquer homem poder entrar em um espaco reservado a mulheres, bastando para isso se dizer trans, um problema tb ligado diretamente a uma lei criada pelo movimento trans, que nao levou os direitos das mulheres em consideracao. O seu exemplo e os meus ocupam esferas bastante diferentes.

(Estou usando um computador sem acentos...)

Julia disse...

Que comentário tosco dessa Jéssica.

E pior ainda desse taxpayer. Como alguém disse aí em cima, vai pagar sim, e bem caladinho.

Silvia disse...

Lola,

Gostei muito desse post. E fiquei com vontade de contar uma experiência que eu tive como professora de uma escola municipal no Rio de Janeiro.

Há alguns anos tive um aluno de quinta série que, com dez anos, começou a frequentar a escola usando acessórios de menina (brincos, pulseiras, tênis, etc). Interessante que, num primeiro momento, as outras crianças nem ligaram. Mas lá pela metade do ano os meninos começaram com brincadeiras, com o intuito de fazer com que esse aluno desse gritinhos ou alguma coisa desse tipo.

Depois comecei a reparar que a escrita dessa criança era fora do comum para a sua idade. E, merecidamente, dei uma nota alta para um aluno que se destacava. Era meu primeiro ano trabalhando no município e eu juro que fiquei muito chocada no Conselho de Classe quando vários professores manifestaram o desejo de reprovar essa criança porque "ele tem que aprender a parar de dar esses chiliques", "ser gay tudo bem, ninguém tem nada com isso, mas..." e coisas desse tipo. Quando viram a minha nota não apenas me questionaram como me pressionaram para abaixar a nota de um aluno de 8,5 para 4,0! Eu, muito educadamente, disse que eu não poderia fazer isso com um aluno que escrevia muito melhor que a média.

Bem, ele passou de ano e não fui professora dele no começo do ano seguinte. Mais ou menos na metade do ano fiquei sabendo que ele havia se envolvido numa briga e que mudaria de turma, seria meu aluno novamente. Antes mesmo dele chegar na sala (ele demorou alguns dias para voltar a frequentar a escola) comecei a dar aulas sobre bullying em todas as turmas com as quais eu trabalhava. (Ele mudaria de turno e eu dava aula em praticamente todas as turmas do turno da tarde, achei que seria bom para todo mundo.)

Eu me surpreendi com o fato de, aos 12 anos ela ter assumido uma identidade feminina, já tinha, inclusive, escolhido um nome. Os meninos da sala às vezes faziam alguma brincadeira e outro repreendia: "isso é bullying". E as brincadeiras paravam! O que me deixou impressionada, pois era uma turma "barra pesada" (a escola ficava numa favela com tráfico de drogas, recentemente pacificada).

Mas o que mais me surpreendeu foi quando entreguei uma prova e fiquei sem saber o que responder à pergunta: "Professora, posso escrever o meu nome ou tem que ser o que está na chamada?" Eu fiquei realmente sem saber o que responder. Se, por um lado, sou a favor de chamar a pessoa pelo nome social, não sabia como proceder no caso de uma adolescente de 12 anos. Fiquei preocupada com o fato de, por exemplo, o responsável aparecer e dizer que eu não poderia deixar o filho assinar a prova com nome de menina. Expliquei que achava que naquela idade não seria permitido, que seria preciso fazer 18 anos, mas disse que eu não tinha certeza. Foi quando os outros alunos começaram a protestar: "isso não está certo, professora", "isso não é justo", "isso é discriminação", "eu sou a favor dela", "ela é menina, professora, não tá vendo?".

Ai, Lola, eu quase chorei... não imaginei que trabalhar sobre bullying pudesse trazer resultados tão rápidos e fico feliz de saber que essa criança passou a ser tratada com respeito na escola.

Nih disse...

Jéssica:

O direito das trans não diminui em nada o nosso.
E eu não gosto do argumento biológico reducionista, até mesmo porque, do ponto de vista epistemológico, não é possível estabelecer uma relação causal de maneira apropriada.
Ou seja, se existe um "perfil neuronal" específico para homens e mulheres (estatisticamente falando) isso se deve mais à plasticidade neural do que algo determinado geneticamente ou congenitamente.

Não sabemos as causas, apenas temos teorias. E nada disto no entanto é necessário para respeitar alguém.

Eu também não gosto nem um pouco do determinismo biológico usado atualmente pelo movimento LGBTTT. Não acho que dizer "nasci assim" deva ser por si só o motivo para haver respeito.
Por que se por outro lado descobrimos o contrário, teremos que deixar de respeitar algumas pessoas só porque elas não nasceram assim?


O Argumento "positivista" não me agrada nem um pouco, mas não sou eu que devo pautar o movimento, entende?

É óbvio que é um absurdo que pais deem hormônios para seus filhos quando ainda são crianças.
E também é óbvio que é absurdo mandar um serial killer para um presidio feminino para que ele possa fazer mais vítimas.

No entanto, como já disse, nada disto é causado por uma luta por direitos, mas apenas por distorções.

Vamos dizer à mulher trans: ah, você não pode entrar no banheiro feminino porque no Marroccos homossexuais são obrigados a mudar de sexo? Como assim???

Luiz Prata disse...

Complementando o que se falou sobre a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual, aí vão alguns links sobre o assunto– um sobre um casamento entre transexuais e outro sobre Martine (ex-Martin) Rothblatt, que continuou com a mesma companheira de antes da cirurgia.
http://anodis.com/nota/8211.asp
http://martinerothblatt.com/pb/wp_1bef2224/wp_1bef2224.html

Jéssica disse...

@Mordred

No caso da lei sobre identidade de genero, em Massachusetts essa lei e' BEM detalhada, e nao permite atrocidades como um homem nao-trans botar um vestido, dizer que e' mulher, e ter acesso a espacos exclusivos para mulheres. Essa lei tb toma o cuidado de homens com historico de agressao, assedio e estupro nao poderem entrar nesse tipo de espaco.
So' que a maioria das leis de identidade genero e' na linha "se voce cumpre o esteriotipo de genero de mulher, entao voce e' mulher". E nisso teve ha pouco tempo um caso de um homem que se dizia trans e entrava no chuveiro feminino para exibir o penis. Esse tipo de lei tb deixa pessoas trans como uma ma' imagem, e e' sim um retrocesso no direito das mulheres.

No caso dos cerebros feminino/masculino ou afirmar que os esteriotipos de generos sao naturais, isso afeta e afetou a MINHA vida diretamente, nao e' algo que eu possa fingir que nao existe, e o movimento trans usa esse argumento com extrema frequencia, afirmar isso tb e' um retrocesso nos direitos das mulheres.

Na questao da relacao da homossexualdiade com a transexualidade, o q deveria se fazer e' tomar maior cuidado qt a essa questao no tratamento de mudanca de sexo, tentar averiguar se a familia da pessoa e' homofobica, por exemplo, porque existe o risco da pessoa se arrepender da transicao dps, ja' q ela fez isso para escapar do preconceito, nao porque realmente queria fazer


Esses sao pontos importantes e nao vejo vantagem nenhuma em fingir que nao existem. E e' impossivel para mim ignorar os pontos que afetam os meus direitos.

Jéssica disse...

"Vamos dizer à mulher trans: ah, você não pode entrar no banheiro feminino porque no Marroccos homossexuais são obrigados a mudar de sexo? Como assim???"

E por favor nao coloque palavras na minha boca, em nenhum momento falei isso. O que estou apontando sao problemas que existem no movimento trans, esses problemas afetam minha vida gravemente. E' impossivel para mim apoiar algo que possui problemas que sao retrocessos nos meus direitos, principalmente quando o proprio movimento nao ve essas questoes como problemas e nao pretende melhora-las.

Invisível disse...

taxpayer, espero que tu nunca passe nem perto de sentir o que um transexual sente preso em seu corpo e em todas as convenções de genêro que a sociedade impõe. Eu não desejo isso nem para uma pessoa sem a menor sensibilidade e humanidade como tu demostrou ser no teu comentário.

Eu, como homem transexual, mesmo sendo atendido em um desses hospitais citados abdiquei da cirurgia em função de uma série de fatores, entre eles que é uma cirurgia com um risco muito alto se comparada aos resultados. E de qualquer forma não preciso de um pênis pra ser homem. Eu como todos os transexuais e travestis, de fato todos aqueles que habitam alguma instância de invisibilidade, precisamos de respeito. Ademais, não temos qualquer culpa por quebrar essa lógica pobre, cruel e excludente que determina quem (e como) pode ser homem ou mulher.

Adriana Machado disse...

Acho engraçado certos comentários...Mutilar o corpo?O que é uma mutilação pra alguns é a liberdade e felicidade de outras,então porque impor seus valores?Engraçado que a mulher se mutilar colocando seios,tirando barriga,implantando silicone até no cérebro é permitido,aceitável...De qualquer forma ela não está se transformando em algo que não é?Essa semana eu estava na estação de Osasco de trem e um cara empurrou propositadamente uma transex,um cara alto e forte empurrou um ser humano que tinha a metade do tamanho dele...Ela caiu na escada rolante,se machucou toda,a única reação dos guardas foram tirar ela do caminho para não atrapalhar o fluxo das pessoas...Eu ajudei ela a levantar e levei numa banquinha de cachorro quente,onde a moça deu água pra ela lavar aonde machucou e beber pra se acalmar.A moça da banca sugeriu chamar a polícia e a agredida falou que não ia resolver muito,que ela foi agredida uma vez e que na delegacia agrediram ela verbalmente...O que me chocou foi a frieza que as pessoas que acompanharam a cena,inclusive uns comentaram que se ela fosse normal,não apanharia...Ninguém se comoveu com aquele ser humano tão pequeno e frágil machucado.Não temos o direito de julgar as pessoas,penso que cada um tem direito a ser do jeito que lhe convém...

Anônimo disse...

Por que as pessoas não podem ser mais normais e não se importarem com a vida alheia?

Nih disse...

Jéssica: então faça um favor a si mesma e se aproxime do movimento das pessoas trans!
Sem estabelecer diálogo com estas pessoas, não vejo jeito disto mudar. Só não vá cantar de galo! Ouça primeiro o que essas pessoas tem a te dizer, por favor.

Anônimo disse...

Uma mulher trans pode vir a ter ter cancer de prostata ?

Apaixonada por elas disse...

Poxa, é tanta coisa para se dizer, mas, lá vai..

Concordo com muitos comentários aqui...Mas destaco o da Raziel(29 DE JANEIRO DE 2013 13:21) e o do Anônimo(29 DE JANEIRO DE 2013 14:01). Realmente! Muita gente "esbarra" no conceito de gênero. A maioria das pessoas que conheço, e (pasme!) alguns são gays e lésbicas, acham que uma pessoa com "características" do sexo oposto(mulher masculinizada/homem afeminado) são necessariamente homos/bis, e todx x trans é necessariamente hetero, quando, na verdade não são.
Ah, me revoltei com o comentário do taxpayer(29 DE JANEIRO DE 2013 14:25)...Todos no Brasil pagam impostos, e não é justo que alguns grupos tenham menos direitos que os outros, a não ser os autores de crimes graves como assassinatos e estupros( antes que se faça de sonso). E os da Jéssica(29 DE JANEIRO DE 2013 18:48/29 DE JANEIRO DE 2013 18:57) por querer negar o direito de um grupo se unir por ativismo/ posicionamento político.

Achei lindo o comentário da Silvia (29 DE JANEIRO DE 2013 20:49), me emocionei de chorar! Parabéns, estão faltando pessoas como você no Brasil!

Por último quero dizer que achei o texto da Daniela Andrade esclarecedor. E agradecer a Lola, por postá-lo no blog!

taxpayer disse...

Pois estão enganadas, pois em vez de ter minha saúde paga pelos taxpayers, eu pago um plano de saúde, e ao contrário do que a Cora disse, funciona muito melhor do que o SUS (aliás, qualquer serviço privado funciona melhor do que qualquer serviço prestado pelo governo). E se um familiar meu precisar de uma cirurgia, em vez de pedir pros outros pagar, eu mesmo ajudaria.

Invisível disse...

Nossa, Jéssica, vc está muito equivocada. Acredito que não entende o que é transexualidade e suspeito que não entenda nem mesmo o que é feminismo. Quem disse que a transexualidade naturaliza estereótipos de gênero??? O horror, o horror. Leia noções básica da Teoria Queer. Isso vai ajudar vc a entender melhor inclusive o feminismo. A grande luta de todos aqueles que não configuram a heteronormatividade, masculina e branca (e pq ñ de classe média) deveria ser justamente de defender a multiplicidade (e questionar a identidade enquanto normativa social). Estou me apressando aqui, mas leia para entender que em nenhum momento a discussão séria sobre direitos transexuais passa por essa ideia esdrúxula de "cérebros masculinos e feminos". Ao contrário, a luta e o esforço argumentativo é sempre no sentido de conquistar o direito a livre expressão da sexualidade e de gênero. A melhor forma de combater preconceitos é estudando e lendo, por favor, faça isso.

Anônimo disse...

"E de qualquer forma não preciso de um pênis pra ser homem."

Ah, de fato você não precisa. E mesmo se tivesse um criado cirurgicamente, não mudaria em nada quem você é. Isso já foi decidido um bom tempo atrás, quando na sua concepção, você ficou com dois cromossomos X. Um fato que nunca irá mudar.

Priscila disse...

Anônimo das 09:15, um presentinho pra você:

http://www.youtube.com/watch?v=eyMfDcP79Js

De nada.

Vanessa disse...

COMO ASSIM VAI PAGAR CIRURGIA PARTICULAR? COMO ASSIM TRANSEX NUNCA VAI SER MULHER? Santa ignorância! Santa Intolerância! Santa incapacidade de pensar um poquinho além do que é entregue de bandeja! A cirurgia de troca de sexo é como uma cirurgia qualquer! Uma pessoa que faz troca de sexo sofre diariamente com o fato de ter nascido com o corpo que nasceu! Haja santa paciência! Transexual não vira mulher ou homem, já nasceu mulher ou homem! Não é porque você não é assim que não existam pessoas assim! Eu não nasci imbecil, mas você prova que existem pessoas assim! Eu sou cissexual, heterosexual e posso te provar que o que precisa para que essas pessoas tenham os seus direito respeitados é a sociedade parar de temer o que não entende, e busca entender e aceitar as diferenças. É cada um que me aparece...

L.A. disse...

Sobre a questão de gênero, também presenciei um fato interessante. Estava numa festa de uma priminha da minha noiva e fiquei lá brincando com o irmãozinho dela, bem novinho e anda para lá e anda para cá ele começou a brincar com um kit de cabelos que a irmãzinha dele ganhou, todo rosa. Ai peguei a escova de cabelo que ele tinha gostado e fiquei ensinando ele o nome, eu falava assim, essa é a escova e ele repetia, cova, e ai eu falava e mostrava, você usa para escovar o cabelo, e ele passava no cabelo. Aí passou uma outra criança, mais ou menos da mesma idade, coisa de 2 a 3 anos e viu eu brincando com aquilo e falou assim, esse é de menina. Na hora fique sem ter o que falar, mas depois fiquei pensando que isso só pode ter vindo da criação que ele teve em casa. Ou seja, realmente somos nós que influenciaremos as novas gerações e somente nós podemos perpetuar o acabar com todo o tipo de preconceito que existe. Eu pensei, se com 2 anos, já pensa dessa maneira, quando crescer, se continuar com o mesmo tipo de educação, irá ter sérios problemas diante de situação de gênero ou orientação sexual. Sem falar que é muito triste ver uma criança de 2 anos se privando das coisas por ser considerado de menina ou menino.

Unknown disse...

Taxpayer,

Ideia para tu não precisar pagar pela saúde e educação alheia: Sai do Brasil e vá para um país que não ofereça tais serviços públicos(como os EUA).
Você, querendo ou não, vai continuar a contribuir com a educação e saúde alheia por aqui, inclusive irá continuar contribuindo cada vez mais com cirurgias de redesignação social e até mesmo hormonização :)

Mirella disse...

ô pagador de impostos, se eras tão autosuficiente, por que não foste morar numa ilha, isolado do mundo?
Não te esqueças de pedir por um médico formado por uma universidade particular da próxima vez, ok? Exija teus direitos, ó sábia criatura!

James Hiwatari disse...

Ao menos quase tudo que eu queria dizer já foi dito, então vou ser breve;

Tratamento hormonal de crianças nada mais é do que usar medicação para impedir que a puberdade chegue aos 12 anos. O tratamento bloqueia a enxurrada de hormônios até que a criança fique mais velha e assim, ao olhos da sociedade, mais capaz de ter certeza de sua identidade. Se a criança for trans, isso significa que lá pelos 16 anos ela pode entrar na puberdade do gênero que se enquadra na sua puberdade. Se ela não for trans, é só parar o bloqueador que a puberdade vai vir normalmente sem efeitos colaterais.

Esse é o tipo de tratamento que depois evita cirurgias e intervenções desnecessárias (porque boa parte do corpo da criança de desenvolveria desde o começo como deveria), e economiza tempo e dinheiro de todo mundo.

Nih disse...

taxpayer disse...
Pois estão enganadas, pois em vez de ter minha saúde paga pelos taxpayers, eu pago um plano de saúde, e ao contrário do que a Cora disse, funciona muito melhor do que o SUS (aliás, qualquer serviço privado funciona melhor do que qualquer serviço prestado pelo governo). E se um familiar meu precisar de uma cirurgia, em vez de pedir pros outros pagar, eu mesmo ajudaria.

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Plano de saúde funciona bem? Se não for Petrobrás ou Saúde Bradesco, você morre antes que eles te atendam.

Aliás, meu priminho de 7 anos que morreu porque não foi transferido a tempo por causa da burocracia da Unimed discordaria de você.

E sua operadora de celular e de internet quais são? Se são boas, você não mora no Brasil, definitivamente.
Isso sem falar no transporte, o qual é controlado por uma máfia.
E mais: Sou atendida com muito mais boa cortesia e boa vontade em repartições públicas do que em qualquer empresa privada que eu tenha que lidar.

Clarissa disse...

Lola, não tive tempo de ler todos os comentários, então não sei se alguém já comentou sobre isso. Você já assistiu o filme, que está concorrendo ao Oscar, Indomável Sonhadora?

Além daquela menina ser a criancinha mais linda de todo o universo, eu ainda achei interessante a abordagem que o filme dá sob a visão das pessoas que estão a margem da sociedade.

Naquele caso, a maioria das pessoas (com coração) fica torcendo pra que eles destruam a barragem e consigam voltar a morar nas suas casas, e ainda ficamos indignados quando o "governo" pega aquelas pessoas e interna a força.

Quando eu terminei o filme, a sensação que ficou foi aquela dúvida: as leis são feitas pra quem e por quem? Aquelas pessoas estavam totalmente excluídas da legislação vigente naquela cidade, naquele país. A barragem foi construída a mando de outras pessoas e em benefício de uma maioria, desconsiderando as vontades e necessidades daquele povoado.

Esse filme me fez refletir muito sobre como as leis são construídas por um pequeno número de pessoas, que representam (ou fingem representar) os interesses de uma "maioria". Acho que ele pode nos levar a pensar sobre todos os casos que envolvem seres humanos que vivem a margem da sociedade e excluídos pelas suas normas.

Nesse dia da visibilidade trans, podemos ver claramente um grupo de pessoas que lutam pelos seus direitos mais básicos e os vêem negados. A identidade com nome verdadeiro, por exemplo, deveria ser direito garantido na constituição. Sem nenhuma distinção da identidade das pessoas cissexuais.

Priscila disse...

L.A., teu comentário fez eu me lembrar de um dos meus primeiros lampejos feministas, aos 4 ou 5 anos.

Eu fazia pré-escola num colégio só para meninas e foi lá, com as outras garotinhas, que "aprendi" que rosa era cor de menina e azul de menino. Até aí tudo bem, até. O que me deixava indignada era que não era só o azul. Para elas, TODAS AS OUTRAS CORES que não o rosa eram "cor de menino". Menina TINHA de ser rosa. Parei de levá-las à sério no dia em que uma delas disse que as cores do lacinho no meu cabelo eram de menino. (Meu lacinho era PRETO e BRANCO. ¬¬)

Acho que foi naquele momento que comecei a me tornar feminista. P*rra, eu gostava de rosa, mas gostava de muitas outras cores também! Os meninos podiam ter todas as cores do universo e a gente só podia ter UMA!? Não era justo!

Enfim, hehe, lembrei-me disso ao ler o que você comentou sobre crianças se privando de coisas.

Anônimo disse...

Anônimo das 9:15, se não aprendeu nada nesta discussão, por favor acesse os sites indicados pelos comentários anteriores ou retire-se daqui. Se não quiser, sinto em dizer que este blog é complexo demais para seu cérebro.

Nih disse...

James Hiwatari disse...
Ao menos quase tudo que eu queria dizer já foi dito, então vou ser breve;

Tratamento hormonal de crianças nada mais é do que usar medicação para impedir que a puberdade chegue aos 12 anos. O tratamento bloqueia a enxurrada de hormônios até que a criança fique mais velha e assim, ao olhos da sociedade, mais capaz de ter certeza de sua identidade. Se a criança for trans, isso significa que lá pelos 16 anos ela pode entrar na puberdade do gênero que se enquadra na sua puberdade. Se ela não for trans, é só parar o bloqueador que a puberdade vai vir normalmente sem efeitos colaterais.

Esse é o tipo de tratamento que depois evita cirurgias e intervenções desnecessárias (porque boa parte do corpo da criança de desenvolveria desde o começo como deveria), e economiza tempo e dinheiro de todo mundo.

30 de janeiro de 2013 11:04

_________________________

Perfeita explicação! Quando falei de ""absurdo" estava pensando em estrogênio/testosterona/progesterona, não em retardar a puberdade. Aliás, retardar a puberdade eu acho positivo para todas as meninas cis, já que poderiam aproveitar mais tempo livres de menstruação e crescer mais alguns centímetros...

Anônimo disse...

Anônimo das 9:15! Vc ainda não entendeu que os cromossomos NÃO DEFINEM GÊNERO?


Julia disse...

Silvia, você é uma heroína. :)

Beatriz disse...

Aqui no Rio existe um centro de pesquisa teatral chamado Studio Stanislavski, dirigido pela Celina Sodré, que foca na análise da técnica de Grotowski.
Como a sede do Studio fica na Lapa, perto da zona de prostituição de travestis, a Celina teve a ideia de oferecer uma oportunidade para aquelas pessoas que sofriam tanto preconceito.
Ela fez um convite para xs travestis participarem de pesquisas teatrais e até mesmo de espetáculos, como a peça "Trans-Tchekhov", que dialogava com a obra do dramaturgo russo e contava com um elenco só de pessoas trans.
Vale a pena dar uma conferida nos trabalhos dela!

Ps: perdoem-me os jargões, sou estudante de Artes Cênicas e estou acostumada a conviver com muitas pessoas da minha área. Lola, caso precise consultar alguém para tirar dúvidas, pode contar comigo!

Unknown disse...

Gostaria de parabenizar a Silvia, Professora e Educadora com letras maiúsculas! Também trabalho em escola e sei o quanto é um ambiente homofóbico (e machista, e racista, e preconceituoso com pobres e pessoas com deficiência... a lista é longa). Precisamos de mais pessoas como ela para mudar o Brasil... quem se habilita?

L.A. disse...

Que legal Priscila.

Pois é, o pior é que este tipo de história é regra, quando deveria ser exceção né. Eu não tenho lembrança de coisas assim acontecendo comigo, o que não quer dizer que não aconteceu, acho que só não me lembro, mas seria muito bom se nenhuma criança precisasse passar por isso viu.

Anônimo disse...

"Anônimo das 9:15! Vc ainda não entendeu que os cromossomos NÃO DEFINEM GÊNERO?"

Bem, na verdade... DEFINEM. Não há como mudar isso.

Unknown disse...

Bom, vamos lá.

Para @ indivíduo que comentou que não quer pagar com seus impostos as cirurgias de redesignação sexual: bom, eu não quero que o sangue que eu DÔO vá para homofóbicos e transfóbicos. E aí? E aí nada, querid@. Não tenho como escolher pra onde meu sangue vai depois que eu o dôo. Não quero que os impostos que eu pago sejam usados para financiar corruptos e nepotistas. E aí?

Mas vou apresentar outros dados para você: você sequer IMAGINA quanto tempo um ou uma trans espera pela cirurgia de readequação sexual? Não estou entrando no mérito de esperar uma vida inteira por isso, estou sendo ainda mais específica: você sequer imagina quanto tempo um ou uma trans espera na FILA para fazer as cirurgias necessárias uma vez que recebe o "alvará" para que elas possam ser realizada?
Anos, querido ou querida anônima. Aqui no Rio de Janeiro, específicamente no Hospital Universitário Pedro Ernesto, a espera é de PELO MENOS seis anos. Podendo chegar a mais.
Então, adivinha?, durante esse meio tempo @ própria trans já pagou, COM SEUS PRÓPRIOS IMPOSTOS, pela própria cirurgia. Tcharans! Aposto que com essa você não contava :)...

Outra coisa que incomoda MUITO: confusão de gênero/sexualidade.
Sou bissexual homoafetiva (será que vocês que confundem gênero e sexualidade conseguem entender como esses dois conceitos coexistem?) e jamais quis me tornar um "homem".
Para além disso, estou em um relacionamento com uma mulher trans que é lésbica. Então, vale ressaltar, nem todo gay ou lésbica quer mudar de gênero, por mais feminino ou masculina que sejam, respectivamente. Assim como nem todas @s trans são, necessáriamente, héteros e, por conseguinte, atraíd@s pelo sexo oposto àquele que se identificam.

Feitas essas pequenas ressalvas, acho que vale uma reflexão, né?

Unknown disse...

Lilian Koplin,

Sou bissexual homoafetiva (será que vocês que confundem gênero e sexualidade conseguem entender como esses dois conceitos coexistem?

Só manifestando meu apoio. Minha namorada também é bissexual homoafetiva e já foi muito julgada por isso. =/

Para além disso, estou em um relacionamento com uma mulher trans que é lésbica.

Mundo pequeno =O.... Tu és ela? =P



Enfim, bom entrar nessa caixa de comments e ver algo legal. =]

Unknown disse...

Olá Raziel,

Respondendo de forma rápida: não, não sou ela. Minha mulher que é =)!

Unknown disse...

Lilian,

Eu entendi, só falei brincando o "tu és ela"? Por que seu caso é igual ao da minha amada: Mulher Cis Bissexual Homoafetiva que namora uma Lésbica Trans. =]

Unknown disse...

Na Verdade, eu me sinto bastante "outcast" às vezes por ser trans e lésbica. Não conheço nenhuma trans lésbica além de mim mesma(sei que existem, mas...), e além da minha namorada que é toda querida e especial e antes da Lilian comentar a cá, nunca vi nenhuma menina cis que goste de menina trans. =/

Taís Albina disse...

Quando meu corpo é naturalmente mais gordo ou mais flácido do que o que aceitam como ideal, não é mutilação eu fazer dieta de fome ou levantar peso numa academia até criar lesões nos tecidos. Não! Isso é para me melhorar, isso é para eu me encaixar. Afinal, quem não quer ser bonitx?

Mas quando eu recorro a uma cirurgia para eu me sentir bem com o meu corpo tendo a aparência de gênero que meu cérebro tem e para sinalizar as pessoas que eu sou uma mulher, aí não pode! Aí é mutilação.

Vai entender, né?