Esta deve ser a história mais incrível que já apareceu aqui no blog. Confesso que, há cerca de duas semanas, quando um troll bastante conhecido aqui no blog entrou em contato comigo, querendo comprar meu livro, e narrando sua trajetória, eu não acreditei. Pensei que fosse trollagem. Como que o Raphael, pra quem já "dediquei" este post aqui, podia ter mudado tanto em tão pouco tempo? O Raphael, aquele mascu que vivia se vangloriando de se castrar quimicamente, tomando remédios para não sentir mais desejo sexual e, assim, libertando-se das mulheres, essas megeras!
(UPDATE em outubro de 2013: infelizmente, embora a história que segue seja verdadeira, Raziel continua sendo misógina. Deixou de ser homem, mas segue sendo mascu. É uma persona non grata neste blog. Aqui você entende o porquê. Ela escreveu depois de ser banida aqui do blog:
A "vadia" sou eu, a "desequilibrada" é uma leitora a quem Raziel perguntou se tinha sido estuprada. Atenção: cuidado com Raziel, que continua sendo mascu e que, inclusive, tenta fazer amizade com feministas e depois divulga os dados delas para mascus sanctos e channers em geral, para que esses possam persegui-las. O resto do post segue intocado, como foi publicado em maio de 2012, mas volto a advertir: Raziel não alterou em nada sua misoginia).
Eis que Raphael não apenas se arrepende do seu longo período mascu, iniciado em 2007, como ele agora está se transformando em Raziel, uma moça transsexual. Já faz um tempinho que ela (já que Raphael agora é Raziel, devemos respeitá-la e chamá-la por ela) entrou em alguns fóruns transfeministas. As pessoas trans, e eu também, acreditamos em sua história, que parece bastante coerente. No final do ano, Raziel pretende fazer carteira de nome social, aceita em todo o Rio Grande do Sul. Fiquem com seu relato que eu volto no final, pra ver se consigo responder algumas perguntas que ela faz. (As imagens deste post são do Translendário, calendário feito pelo grupo teatral As Travestidas, do Ceará).
"Oi, Lola. Sou Raziel von Sophia, uma menina trans* lésbica que começou a transição a pouco tempo, antigamente eu era o mascutroll Raphael/Technomage. Porém, existe uma história que eu contarei agora.
Quando pequenx, nunca tive uma visão de gênero muito dogmática, gostava de chamar menina para brincar de carrinho, menino para brincar de casinha e esse tipo de coisa. Não marcava distinção. Isso acabou por me provocar algum isolamento anos mais tarde, uma vez que eu era delicado entre os meninos, mas as meninas não mais podiam brincar comigo por eu ser menino.
Conforme fui crescendo, a puberdade chegando e a necessidade de desenvolver uma expressão estética foi surgindo, me deparei com um grande problema: eu sempre achei tosca a estética masculina. Por outro lado, além de não ter orientação nenhuma em estética feminina(maquiagens, cosméticos, etc), tinha medo pelo machismo. E infelizmente acabava por andar maltratada. Ainda assim, a cada alinhamento dos planetas, eu conseguia uma namorada. Geralmente eram meninas bi, e às vezes até mesmo lésbicas(que diziam que eu era um "menino diferente"). Os namoros eram engraçados, pois não era aquele clichê de "mulher carente e homem frio"; costumávamos sair e até fazer coisas de "amiga" mesmo, até brincavam que eu era "o gay delas" (ser gay assim era muito gostoso).
Gostava muito de conhecer o mundo feminino com as namoradas. E sempre tive vontade de ser menina, ou ao menos de parecer menina, porém o machismo não me deixava desenvolver essa ideia. Uma coisa que sempre fui muito sensível era sobre casais de lésbicas, eu sempre achava a coisa mais LINDA e FOFA meninas juntas, adorava elas. Não por achar "quente" e querer "estar no meio delas", como a maioria dos homens. Mas eu achava LINDO e me imaginava como seria eu ser uma delas. Ser uma menina que ama outras meninas. Algumas namoradas que tive achavam isso fofo, e inclusive me ajudavam com crossdressing.
Com o passar do tempo, começou um tempo negro da minha vida: o masculinismo. Entrei no "movimento" numa crise depressiva. E é algo um pouco viciante para quem está emocionalmente fraco, digo, toda a coisa te tenta a achar que o problema são as "modernidades", e que antigamente tudo era lindo e melhor, que tudo era uma utopia e que pode voltar a ser assim. E todas as falhas do sujeito podem ser explicadas por "culpa das mulheres e do esquerdismo". Acredito que, em grande parte, o masculinismo me foi uma fuga do que eu realmente era. Aquela coisa toda de "adorar a masculinidade" e bla bla bla...
Eu fugia de mim, procurava buscar valor e glória numa identidade de gênero que nunca me senti confortável. Por fim acabei sendo levada pelos recalques e misoginias. Fiz coisas terríveis, ofendi pessoas, perdi todas as minhas amigas. Eu ia trollar no seu blog porque me sentia sozinha e com ódio, aí ao mesmo tempo que eu tinha alguém com quem conversar, eu destilava meu ódio. Fui expulsa dezenas de vezes do masculinismo por "não ser homem honrado" ou "ser uma feminazi infiltrada", e isso ocorria quando eu os questionava.
Ainda assim, secretamente dentro de mim admirava as lésbicas, as trans*, o romantismo e todas essas coisas que mascus odeiam. No masculinismo eu buscava uma solução a minha "crise de masculinidade". E inconscientemente ou não, eu já fazia há uns meses o que mascus mais abominariam: tomava antiandrogénicos para diminuir minha testosterona, a chamada "castração" química. Confesso que esse nome é puro preconceito. Olha que engraçado: testosterona em níveis femininos = castração. Mas não fui eu quem inventei isso.
Nas últimas férias, resolvi refletir sobre minha vida. Não digo que tive grandes epifanias, mas uma semente foi sendo plantada em mim, e quando dei por mim, já estava tremendo de medo/vergonha no balcão da farmácia comprando hormônios. Algo que hoje faço naturalmente.
Com o tempo, fui refletindo, perdendo medos, tenho insights, estudando a Teoria Queer, voltando a falar com antigas amigas... Única vergonha que eu tenho, única coisa que realmente me machuca, é lembrar quanto tempo perdi com mascus. Mas não posso mudar o passado, somente construir um futuro melhor.
Atualmente, posso dizer que estou vivendo a melhor fase de minha vida, e sei que ainda irá melhorar MUITO. Mas tenho expectativas. Sei que não me tornarei uma Deusa, mas sei que me tornarei o que eu sempre quis ser, sem medos, sem recalques e sem amarras de gênero: Uma Física Lésbica Trans Gothic from Hell!!! \o/
Claro, estou fazendo a mudança de forma gradual e razoável. Espero já usar roupas mais femininas(como saias) no fim do ano. Já estou tomando hormônios a quase dois meses, e os resultados estão maravilhosos, principalmente no meu psicológico. E também estou cuidando muito bem de mim agora, cabelo, perfumes, maquiagem, etc...
Claro, nem tudo são só certezas. Uma coisa eu tenho medo. Ainda que esteja a me tornar mulher, apenas sinto atração por mulheres. Como são as bissexuais e em especial as lésbicas? Será que são cissexistas? Transfóbicas? (falo aqui em termos modais). Agora pretendo ir conhecendo algumas pela net, mesmo que pela amizade. Logo, quando eu estiver linda, verei se consigo alguém para me levar num lugar do meio, que seja tranquilo (barzinho, por exemplo)... Também penso em procurar os coletivos da universidade.
E a faculdade, como será? Sei que é uma federal (UFRGS), ainda é um curso (Física) em que os professores, apesar de não serem reaças, também não dão a mínima para assuntos humanistas (como dizem, tendo resultado pode ir pro laboratório até pelado). Felizmente, minha diretora (que também é minha mentora acadêmica) é feminista god tier de carteirinha (estuda Gênero na Ciência e tudo), e minha chefa levemente feminista. Ainda assim, tenho medo de perder tudo que consegui aqui por preconceito. Acredito que esse medo seja irracional, mas queria uma luz =/
Dúvidas pairam em minha mente, e aceitaria ajuda de todxs.
Ah, e se mascus mascuzarem, pode aceitar os comentários. É claro, só não aceite aqueles cheios de palavrões, mas os desesperados seria engraçado responder. =)"
Minha resposta: Fiquei na dúvida se publicava este relato, porque os mascus, que odeiam tudo que não seja espelho -- tudo que não seja homem hétero de direita que não pense exatamente como eles --, vão cair em cima da Raziel. E, como toda essa transição é muito recente pra ela, eu me preocupo se ela está pronta para enfrentar abuso homofóbico e transfóbico. Mas ela me assegurou: "Fique tranquila, não tenho medo de meia dúzia de recalcados que só sabem comer 'batatinhas viris' (feitas pela mamãe) vendo a trilogia do Rambo enquanto falam mal das mulheres na internet. Eles não são nada".
Bom, eu, como mulher cis (que sempre se identificou e foi identificada como mulher) e hétero, ou seja, cheia de privilégios, conheço bem pouco do universo bi e lésbico. Acredito que há de tudo, desde bis e lésbicas intolerantes com trans*, até gente totalmente inclusiva, sem preconceitos.
Creio, ou espero, que na faculdade você será bem recebida, porque uma universidade pública tem que ser um espaço de respeito e tolerância. Penso sempre numa moça que entrou na Unicamp há pouco tempo como um rapaz. Com o incentivo de amigos, ele foi se assumindo como mulher trans. Os professores aceitaram numa boa chamá-lo pelo seu nome feminino. Toda vez que a vejo, mais orgulhosa fico de sua transição. Ela era tímida e calada, e hoje já dá palestras e escreve artigos sobre identidade de gênero. Pra mim ela é um exemplo, uma referência, e a Unicamp um modelo de como respeitar a individualidade de seus alunos. Tomara que a UFRGS te acolha assim também.
É claro que, com todo o preconceito e discriminação que nossa sociedade dedica às pessoas trans*, nem tudo será um mar de rosas. Não creio que seja um medo irracional pensar "e se eu perder tudo?". Mas você tem direitos. E o mundo, felizmente, está mudando muito mais rápido que mascus e demais mentes engessadas gostariam.
Eu te desejo toda a sorte do mundo na sua transição, Raziel. Fico contente que você esteja indo atrás da sua felicidade, sem medo de ser feliz. E espero que cada vez mais gente deixe o ódio pra trás, liberte-se das amarras, aposente as máscaras, e torne-se um ser humano completo e livre, e não uma caricatura. Porque é isso que são os mascus: caricaturas de homens. Bem-vinda à vida, Raziel von Sophia.
(UPDATE em outubro de 2013: infelizmente, embora a história que segue seja verdadeira, Raziel continua sendo misógina. Deixou de ser homem, mas segue sendo mascu. É uma persona non grata neste blog. Aqui você entende o porquê. Ela escreveu depois de ser banida aqui do blog:
A "vadia" sou eu, a "desequilibrada" é uma leitora a quem Raziel perguntou se tinha sido estuprada. Atenção: cuidado com Raziel, que continua sendo mascu e que, inclusive, tenta fazer amizade com feministas e depois divulga os dados delas para mascus sanctos e channers em geral, para que esses possam persegui-las. O resto do post segue intocado, como foi publicado em maio de 2012, mas volto a advertir: Raziel não alterou em nada sua misoginia).
Eis que Raphael não apenas se arrepende do seu longo período mascu, iniciado em 2007, como ele agora está se transformando em Raziel, uma moça transsexual. Já faz um tempinho que ela (já que Raphael agora é Raziel, devemos respeitá-la e chamá-la por ela) entrou em alguns fóruns transfeministas. As pessoas trans, e eu também, acreditamos em sua história, que parece bastante coerente. No final do ano, Raziel pretende fazer carteira de nome social, aceita em todo o Rio Grande do Sul. Fiquem com seu relato que eu volto no final, pra ver se consigo responder algumas perguntas que ela faz. (As imagens deste post são do Translendário, calendário feito pelo grupo teatral As Travestidas, do Ceará).
"Oi, Lola. Sou Raziel von Sophia, uma menina trans* lésbica que começou a transição a pouco tempo, antigamente eu era o mascutroll Raphael/Technomage. Porém, existe uma história que eu contarei agora.
Quando pequenx, nunca tive uma visão de gênero muito dogmática, gostava de chamar menina para brincar de carrinho, menino para brincar de casinha e esse tipo de coisa. Não marcava distinção. Isso acabou por me provocar algum isolamento anos mais tarde, uma vez que eu era delicado entre os meninos, mas as meninas não mais podiam brincar comigo por eu ser menino.
Conforme fui crescendo, a puberdade chegando e a necessidade de desenvolver uma expressão estética foi surgindo, me deparei com um grande problema: eu sempre achei tosca a estética masculina. Por outro lado, além de não ter orientação nenhuma em estética feminina(maquiagens, cosméticos, etc), tinha medo pelo machismo. E infelizmente acabava por andar maltratada. Ainda assim, a cada alinhamento dos planetas, eu conseguia uma namorada. Geralmente eram meninas bi, e às vezes até mesmo lésbicas(que diziam que eu era um "menino diferente"). Os namoros eram engraçados, pois não era aquele clichê de "mulher carente e homem frio"; costumávamos sair e até fazer coisas de "amiga" mesmo, até brincavam que eu era "o gay delas" (ser gay assim era muito gostoso).
Gostava muito de conhecer o mundo feminino com as namoradas. E sempre tive vontade de ser menina, ou ao menos de parecer menina, porém o machismo não me deixava desenvolver essa ideia. Uma coisa que sempre fui muito sensível era sobre casais de lésbicas, eu sempre achava a coisa mais LINDA e FOFA meninas juntas, adorava elas. Não por achar "quente" e querer "estar no meio delas", como a maioria dos homens. Mas eu achava LINDO e me imaginava como seria eu ser uma delas. Ser uma menina que ama outras meninas. Algumas namoradas que tive achavam isso fofo, e inclusive me ajudavam com crossdressing.
Com o passar do tempo, começou um tempo negro da minha vida: o masculinismo. Entrei no "movimento" numa crise depressiva. E é algo um pouco viciante para quem está emocionalmente fraco, digo, toda a coisa te tenta a achar que o problema são as "modernidades", e que antigamente tudo era lindo e melhor, que tudo era uma utopia e que pode voltar a ser assim. E todas as falhas do sujeito podem ser explicadas por "culpa das mulheres e do esquerdismo". Acredito que, em grande parte, o masculinismo me foi uma fuga do que eu realmente era. Aquela coisa toda de "adorar a masculinidade" e bla bla bla...
Eu fugia de mim, procurava buscar valor e glória numa identidade de gênero que nunca me senti confortável. Por fim acabei sendo levada pelos recalques e misoginias. Fiz coisas terríveis, ofendi pessoas, perdi todas as minhas amigas. Eu ia trollar no seu blog porque me sentia sozinha e com ódio, aí ao mesmo tempo que eu tinha alguém com quem conversar, eu destilava meu ódio. Fui expulsa dezenas de vezes do masculinismo por "não ser homem honrado" ou "ser uma feminazi infiltrada", e isso ocorria quando eu os questionava.
Ainda assim, secretamente dentro de mim admirava as lésbicas, as trans*, o romantismo e todas essas coisas que mascus odeiam. No masculinismo eu buscava uma solução a minha "crise de masculinidade". E inconscientemente ou não, eu já fazia há uns meses o que mascus mais abominariam: tomava antiandrogénicos para diminuir minha testosterona, a chamada "castração" química. Confesso que esse nome é puro preconceito. Olha que engraçado: testosterona em níveis femininos = castração. Mas não fui eu quem inventei isso.
Nas últimas férias, resolvi refletir sobre minha vida. Não digo que tive grandes epifanias, mas uma semente foi sendo plantada em mim, e quando dei por mim, já estava tremendo de medo/vergonha no balcão da farmácia comprando hormônios. Algo que hoje faço naturalmente.
Com o tempo, fui refletindo, perdendo medos, tenho insights, estudando a Teoria Queer, voltando a falar com antigas amigas... Única vergonha que eu tenho, única coisa que realmente me machuca, é lembrar quanto tempo perdi com mascus. Mas não posso mudar o passado, somente construir um futuro melhor.
Atualmente, posso dizer que estou vivendo a melhor fase de minha vida, e sei que ainda irá melhorar MUITO. Mas tenho expectativas. Sei que não me tornarei uma Deusa, mas sei que me tornarei o que eu sempre quis ser, sem medos, sem recalques e sem amarras de gênero: Uma Física Lésbica Trans Gothic from Hell!!! \o/
Claro, estou fazendo a mudança de forma gradual e razoável. Espero já usar roupas mais femininas(como saias) no fim do ano. Já estou tomando hormônios a quase dois meses, e os resultados estão maravilhosos, principalmente no meu psicológico. E também estou cuidando muito bem de mim agora, cabelo, perfumes, maquiagem, etc...
Claro, nem tudo são só certezas. Uma coisa eu tenho medo. Ainda que esteja a me tornar mulher, apenas sinto atração por mulheres. Como são as bissexuais e em especial as lésbicas? Será que são cissexistas? Transfóbicas? (falo aqui em termos modais). Agora pretendo ir conhecendo algumas pela net, mesmo que pela amizade. Logo, quando eu estiver linda, verei se consigo alguém para me levar num lugar do meio, que seja tranquilo (barzinho, por exemplo)... Também penso em procurar os coletivos da universidade.
E a faculdade, como será? Sei que é uma federal (UFRGS), ainda é um curso (Física) em que os professores, apesar de não serem reaças, também não dão a mínima para assuntos humanistas (como dizem, tendo resultado pode ir pro laboratório até pelado). Felizmente, minha diretora (que também é minha mentora acadêmica) é feminista god tier de carteirinha (estuda Gênero na Ciência e tudo), e minha chefa levemente feminista. Ainda assim, tenho medo de perder tudo que consegui aqui por preconceito. Acredito que esse medo seja irracional, mas queria uma luz =/
Dúvidas pairam em minha mente, e aceitaria ajuda de todxs.
Ah, e se mascus mascuzarem, pode aceitar os comentários. É claro, só não aceite aqueles cheios de palavrões, mas os desesperados seria engraçado responder. =)"
Minha resposta: Fiquei na dúvida se publicava este relato, porque os mascus, que odeiam tudo que não seja espelho -- tudo que não seja homem hétero de direita que não pense exatamente como eles --, vão cair em cima da Raziel. E, como toda essa transição é muito recente pra ela, eu me preocupo se ela está pronta para enfrentar abuso homofóbico e transfóbico. Mas ela me assegurou: "Fique tranquila, não tenho medo de meia dúzia de recalcados que só sabem comer 'batatinhas viris' (feitas pela mamãe) vendo a trilogia do Rambo enquanto falam mal das mulheres na internet. Eles não são nada".
Bom, eu, como mulher cis (que sempre se identificou e foi identificada como mulher) e hétero, ou seja, cheia de privilégios, conheço bem pouco do universo bi e lésbico. Acredito que há de tudo, desde bis e lésbicas intolerantes com trans*, até gente totalmente inclusiva, sem preconceitos.
Creio, ou espero, que na faculdade você será bem recebida, porque uma universidade pública tem que ser um espaço de respeito e tolerância. Penso sempre numa moça que entrou na Unicamp há pouco tempo como um rapaz. Com o incentivo de amigos, ele foi se assumindo como mulher trans. Os professores aceitaram numa boa chamá-lo pelo seu nome feminino. Toda vez que a vejo, mais orgulhosa fico de sua transição. Ela era tímida e calada, e hoje já dá palestras e escreve artigos sobre identidade de gênero. Pra mim ela é um exemplo, uma referência, e a Unicamp um modelo de como respeitar a individualidade de seus alunos. Tomara que a UFRGS te acolha assim também.
É claro que, com todo o preconceito e discriminação que nossa sociedade dedica às pessoas trans*, nem tudo será um mar de rosas. Não creio que seja um medo irracional pensar "e se eu perder tudo?". Mas você tem direitos. E o mundo, felizmente, está mudando muito mais rápido que mascus e demais mentes engessadas gostariam.
Eu te desejo toda a sorte do mundo na sua transição, Raziel. Fico contente que você esteja indo atrás da sua felicidade, sem medo de ser feliz. E espero que cada vez mais gente deixe o ódio pra trás, liberte-se das amarras, aposente as máscaras, e torne-se um ser humano completo e livre, e não uma caricatura. Porque é isso que são os mascus: caricaturas de homens. Bem-vinda à vida, Raziel von Sophia.
205 comentários:
«Mais antigas ‹Antigas 201 – 205 de 205Vi um post sobre essa pessoa (inclusive com um link pra esse post aqui) numa página masculinista que denunciei. Nesta página tinha link prum site dessa moça trans* e fotos e um link pra sua página no facebook, que quando fui entrar não existia mais. Não sei mesmo se estão falando da mesma pessoa mas não duvido nada. O blog da pessoa trans é totalmente misógino. A única diferença é que coloca como digno amar uma trans* que são vistas por essa pessoa como superiores a mulheres e por serem homens (sic) seriam capazes de amar (sic sic sic). anyway, fiquei feliz quando li esse se post aqui há muito tempo atrás, mas agora fiquei triste. Vou denunciar esse blog tb pois tb tem um discurso de ódio. É incrível como essas pessoas têm visões tão deturpadas!
Oh subumanas, me digam uma coisa: As TERFs lá fora estão perdendo a Guerra há um bom tempo. Os patéticos esforços de vossa lider, Cathy Brennan, tem sido comicamente desastrosos ao ponto que considerar o GIW como movimento de ódio é apenas uma questão burocrática. Na Europa TERFS são consideradas a ralé do feminismo, e a própria Dykemarch de Londres foi explícita em declarar que TERFS não eram bem vindas. Vossas fantasias de voltarem a serem estupradas estão afetando vossos cérebros, ou são burras demais para entender que nenhum pênis é grosso suficiente para penetrar esse buraco repleto de herpes surgido do rasgo da carne que haviam entre vossos anus e vaginas? Aceitem um conselho vindo da mais pura lógica vulcana: Morram."
Postagem da Raziel. Ontem.
Uma vez mascu misógino, sempre mascu misógino.
Esse historinha de ser mulher é só pra ganhar free pass pra dizer o absurdo que quiser. E tá virando moda
Como é horrível a Raziel. Indefensável. Tem transfeminista que se queima demais ao defender uma pessoa tão hedionda só porque é trans. É trans mas é mascu misógina que deseja que mulheres sejam estupradas. Pronto, não tem mais defesa. Assim como eu jamais defenderia uma mulher cis que escreva algo assim. Ou um negro. Ou um gay.
Ela deletou a conta dela no FB, como foi dito ontem por aqui? (uma pessoal como Raziel não vai parar. Quando se chega a esse nível de ódio e de insanidade, não se para mais. Incrível como Raziel e Marcelo são parecidos).
Um mascus virando mulher trans, esta ai algo que eu não achei que viveria para ver acontecer (na verdade achava que ninguém viveria para ver acontecer pq achava que não ia acontecer) '-'
Raziel von Sophia fico feliz que tenha encontrado sua felicidade, descobrir a si mesmo é o primeiro passo para ser a melhor pessoa que se pode ser :D
Há sim, fico feliz em ver algo Lola, que mesmo tendo virado trans, não foi descartado o fato de ser uma pessoa com preconceitos e que ainda mantem praticas indiferençáveis. Temos sempre de ter em mente que tornar-se trans, feminista, humanista, ou o que for, não significa tornar-se outra pessoa. É um passo, espero que não seja o único que ela dê, espero que essa nova etapa na vida dela permita que ela mude mais e mais até realmente desconstruir tudo o que tornou ela a pessoa que era.
Vamos dar tempo ao tempo não? :D
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