terça-feira, 17 de novembro de 2009

ADENDO AO POST SOBRE BICHINHOS QUE (NÃO) COMEMOS

Eu, hein? Pensei que quase todos vocês ficariam indignados(as) com a ideia de comer carne de cão e gato. Mas não, vocês estão aí dizendo que dá na mesma. Alguns, porque são vegetarianos e defendem que nenhuma carne deve ser consumida. Outros, porque são carnívoros e, já que se come um animal, que comam-se todos. Acho esses dois argumentos muito estranhos.
Vamos ao menos concordar que o que comemos é um ato socialmente construído (como todos os nossos hábitos e gostos na vida)? Então vamos. Aprendemos desde pequenos que comer isso é aceitável, e aquilo é nojento. O que não quer dizer que não possamos reaprender, lógico. Pouquíssimas crianças são criadas como vegetarianas, e, no entanto, várias viram vegetarianas quando adultas. Mas ser vegetariano, assim como ser carnívoro, é outra construção social (e o exemplo do sushi é péssimo! Quer construção social maior que aprender a comer peixe cru? Na minha infância, sushi nem existia no ocidente. Foram os yuppies que o transformou peixe crue em moda a partir dos anos 80. Sushi é um prato caro, está ligado a status. Pra fazer parte de um clubinho algumas pessoas reaprendem qualquer coisa. Com todo respeito aos comedores de sushi).
Gostar de animais para companhia também é um ato socialmente construído. Nojo de insetos, idem. Talvez, se os adultos deixassem, as crianças adotariam insetos inomináveis como bichos de estimação. Graças aos bons céus, elas aprendem que cães e gatos são muito mais fofinhos, companheiros, simpáticos e limpos que insetos. E aprendem que bichos de estimação não se comem.
Eu já disse que a maior parte de nós só pode comer carne se não tiver que pensar de onde vem essa carne. Uma coisa é ver o bife embalado, ou, melhor ainda, pronto no seu prato (tem gente que detesta cheiro de carne crua); outra é ver uma pobre vaquinha ou boi, seres lindos e totalmente inofensivos, ser esquartejada. Não sei quanto a vocês, mas eu, pessoalmente, fiquei uns meses sem comer carne suína depois de ver Babe, o Porquinho Atrapalhado. E um ano sem comer frango após ver uma vizinha matando uma galinha (e notem os eufemismos que criamos pra nos distanciar da comida: a gente não come porco, come carne suína!).
O Brasil mudou radicalmente nas últimas décadas e hoje é um país urbano. A maioria de nós vive em centros urbanos, não rurais. O que isso significa? Que podemos passar anos, senão a vida inteira, sem ver um porco, galinha, ou vaca ao vivo. Vocês já chegaram bem perto de algum desses bichos a ponto de poder tocá-los? Eu não. Tenho a impressão que, se nós estivéssemos num sítio, e fossemos apresentados ao leitãozinho que em breve seria sacrificado para satisfazer o nosso paladar, não aceitaríamos comê-lo. Seria violento demais saber que aquele bichinho querido teve que ser morto pra nos render uma refeição.
Lembro de quando eu e o maridão visitamos Chinatown, em Nova York, no começo do ano passado. Ao passar por um entre inúmeros (e bons e baratos) restaurantes orientais, o maridão parou diante de uma vitrine e me fez observar uns belos peixes, coloridos e vivos, do outro lado do vidro. Ele não tinha se dado conta que o esquema do restaurante era que você escolhia o peixe, vivo, que iria comer. Eles o tiravam do aquário e o matavam e o preparavam pra você. Eu não como peixe, mas não aguentei olhar praqueles peixinhos nos seus últimos minutos ou horas ou dias de vida. Aquilo estragou o meu dia.
Se estamos acostumados a conviver com cães e gatos e amá-los, porque fomos ensinados a fazer isso, e se não precisamos ver os bichos que comemos (galinhas, porcos, vacas), não dá pra dizer de forma alguma que “tanto faz comer um cão ou gato quanto qualquer outro bicho”. Não é igual. Fomos programados pra aceitar um modo de vida e não o outro. Uma desprogramação não é nada fácil.
E quem falou que é desejável? É isso que queremos: comer todos os bichos? Fazer campanhas para que viremos vegetarianos me parece mais realista, e mais humanitário, que essas bravatas de “vamos comer cães e gatos, ueba!”. Esse tipo de conversa nem me faz bem. Meus gatos estão me olhando estranho desde o primeiro post.

216 comentários:

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Mirella Nogueira disse...

Mariana, a lei que vc citou 30.691/52 enumera os animais que PODEM ser abatidos PARA CONSUMO! PARA COMER! E, como podemos ver, o cão não se encontra na "lista".

Exatamente, cachorro não pode ser abatido E NEM COMIDO (vc discorda nessa parte mas espero que tenha mudado a opinião ao fato de desejar legalizar a morte e a carnificina de cães e outros animais).

Isso significa que alguém que goste da carne de cachorro NUNCA poderá maltratar um cachorro, matar e comer e, como vc mesmo disse e em outras vezes lamentou, nem pedir um filé de cachorro no açougue.

Eu penso que a pessoa que chegasse num açougue pedindo carne de cão tb estaria sim cometendo crime e seria passível de detenção, ao compactuar com o crime.
A mesma coisa acontece com as rinhas de galo. Quando a polícia faz uma apreensão num local onde investigaram como local para rinha de galo, vai toda a galera que estava lá preso. Por mais que estivessem apenas olhando e nunca tiveram nenhum galo para fazer rinhas, estavam compactuando com o crime. E compactuação vc sabe que é passível de punição sim!

Não entendo de forma alguma, indo pelo seus moldes, e nem o livro que transcrevi um trecho dele e vc ignorou, como a antropofagia sendo crime no Brasil.

É como diz no livro: "Antropofagia, por si só, não constitui crime, mas sim a conduta que a precede como a de homícidio ou a lesão corporal."

E e claro que poderiam sair pela tangente sim, pois vc diz que o bem jurídico protegido não é a dor física e mental do cadáver, e sim o sentimento da família do morto, ou amigos, etc. Pois não ficariam contentes se o túmulo do ente querido fosse violado, profanado.
Porém, aqui entramos em mais um outro contexto mostrando como a lei é ridícula e tem brechas sim.
E se, o morto em questão, não tem famílias e nem amigos? Se é um indigente sozinho no mundo? Então se alguém o comesse não estaria cometendo crime algum?

Sabe, estou fomentando essa discussão sobre leis pois vc quer debater sobre isso e não serei indelicada de cortar o assunto até pq vc, mesmo se despedindo, voltou aqui para debater...rs. Mas realmente penso como a Luciana falou, o foco na verdade DEVE ser outro. Deve ser a exploração animal e tudo o que isso inflingi.

Mirella Nogueira disse...

Sim, vc te razão sobre o especismo das leis. E agora consegue ver como o especismo é o maior preconceito que existe?
As leis são feitas por humanos e para humanos. Como vc disse, tutelam a vida humana e não a animal.

Anônimo disse...

Agora, vou tentar responder o que todo mundo me perguntou.

A mirella mesmo disse aqui, que cada pessoa tem seu tempo de evolução para se concientizar e virar vegetariano.

Eu, sinceramente, ainda não consigo me imaginar assim, sem comer carne. Da primeira vez que fiz isso, foi um pouco traumático: eu experimentei carne de soja e eu não posso descrever o horror que eu senti por colocar um coisa tão horrível na boca. É ruim demais.
Eu não consigo imaginar minha vida sem um cachorro quente, sem o McDonalds, sem queijo de manhã, sem leite... Talvez um dia eu consiga, mas por enquanto não.

Vocês entendem isso?

Vamos falar de quem gosta de comer carne de cachorro, o que não é meu caso. Essas pessoas poderiam ter um tempo pra se acostumarem com a idéia, também?

Eu, o pai da Mirella e a Lola somos melhores só porque comemos a carne 'normal' (independente de sentirmos compaixão pelos bichos)? Eu penso que não. Nossas atitudes são tão nocivas quanto a dos coreanos, na minha opinião. Acho justo, portanto, que todos tenhamos o 'nosso tempo' respeitados.

Claro que eu preferiria que NINGUÉM gostasse de carne de cachorro (por motivos sentimentais, sim). Mas que direito tenho eu de apontar o dedo pra quem consome carne canina, se eu como carne de vaca??? Nenhum!

Vocês, vegetarianos, até podem condenar ambas as condutas... mas eu? Eu estaria sendo muito incoerente se fizesse isso, muito hipócrita (estaria, inclusive, me valendo de um argumento puramente sentimenal - não desmereçendo meus sentimentos em relação aos cães - mas desmereçendo o sentimento, sei lá, dos indianos, em relação as vacas. Meu respeito pelo cão não pode ter mais valor que o respeito deles pelas vacas, não é?).

Nessa história toda, o vegetariano é que tem um papel fundamental: concientizar as pessoas (todas) do mal que estão fazendo. Vocês devem estar cientes, também, que isso demora, muito mesmo. Mas valeria a pena, não?

Como eu disse, a minha mente estava aberta sim, receptiva a tudo o que foi dito, principalmente pela mirella. Isso não significa, claro, que eu vou mudar do dia pra noite, nem que eu vá mudar. Significa que eu tenho ciência que contribuo para as matanças em massa de vários bichos. Significa que talvez eu queira mudar isso, mesmo que seja custoso, mesmo que demore. É algo que tem que ser amadurecido...

PS: Mirella, não sei se tem gente que come iguana, mas passaros eu arrisco dizer que sim. E rã, eu mesma já comi uma vez. Parece frango.

Anônimo disse...

"E se, o morto em questão, não tem famílias e nem amigos? Se é um indigente sozinho no mundo? Então se alguém o comesse não estaria cometendo crime algum?"

Estaria cometendo crime sim. É complicado explicar isso, mas vou tentar:

Existem crimes tão nocivos, que de tão graves não é a família ou a vítima que processa o criminoso, e sim o ministério público. Por ex: se A mata B e a família de B 'perdoar' A, este ainda sim vai ser punido. Quem vai processá-lo é o estado. Isso porque não foi só a família do morto que sofreu. TODA A SOCIEDADE sofre a consequência da insegurança, do medo, da revolta, da impunidade... A paz pública é afetada.

No caso do crime do 212, é a mesma coisa. O legislador entende que a sociedade sofreu igualmente as consequências. Não estou dizendo que a lei está correta ou não, só estou mostrando que é assim que as coisas são.

Agora, sobre o trecho do livro que você copiou:
Quando alguém decide COMER um ser humano, não necessariamente a pessoa matou e maltratou o morto, correto?
Você pode estar caminhando calmamente por um parque, se deparar com um cadáver e sentir fome (bizarro, eu sei). Não matou ninguém, matou? Seria absurdo condenar alguém por homicídio nessas circunstâncias. Mas, concordando ou não, se você agir assim, vai ser enquadrado no artigo 212, por ter de alguma maneira vilipendiado o cadáver. Se você decidir pintar um nariz de palhaço com baton no cadáver, vai responder pelo mesmo crime. Se fizer sexo com o cadáver, vai incorrer na mesma pena.

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No caso das rinhas de galo, os animais estão vivos e, além dos ferimentos físicos, eles tem a dignidade afetada, ficam estressados com tanta gente gritando, etc. Então, claro, quem tá lá deve ser punido sim.

Agora o mesmo não ocorre quando alguém decide consumir carne de um cachorro que já foi morto (como eu disse, a coisa do vilipendiar não se aplica a animais não humanos). O direito é cheio de nunances, não é uma ciencia exata. Não adianta você falar 'ah, é assim pra isso então pra aquilo outro também é'. Por mais que seu pensamento seja coerente, você não pode esperar o mesmo das leis.

Essa coisa da compactuação que você disse é complicada. Por ex: se eu sei, de algum modo, que alguém vai cometer tal crime em tal lugar em determinada hora, o correto seria eu avisar a polícia, não é? É ético fazer isso, mas por incrível que pareça, eu não tenho nenhuma OBRIGAÇÃO LEGAL de fazer isso. Eu posso continuar na minha casa e mesmo se a polícia souber que eu sabia, não vai acontecer nada comigo.

Imagine outra situação (mais normal): se um policial me aborda e me encontra com uma camisa do SANTOS falsificada. Ele vai me prender porque eu contribui para a pirataria? Não. O criminoso é aquele que vende a camisa falsificada, e por mais que eu seja anti ética por comprar um produto assim, eu jamais serei responsabilizada criminalmente por isso.

Essa questão do abate e da ingestão ficou complicada pra mim também, perguntei p/ meu professor mas ele confirmaria tudo o que eu disse aqui. É uma linha muito tênue entreas condutas. Mas é isso mesmo que eu disse acima. Injutos? revoltante? Pode ser, mas é assim.
Pode perguntar pra outras pessoas.

Podemos falar menos de leis agora? rs;

Mirella Nogueira disse...

Sim, concordo que o mundo não virará vegetariano da noite para o dia e acredito que não será daqui 10 anos, apesar de que daqui 10 anos com certeza terão muito mais vegetarianos e veganos do que temos hoje.

Eu concordo que, vendo de fora, melhorar um pouco que seja a vida daqueles animais que sofrem como nenhum outro ser sofreu, é algo considerado muito bom. E isso (as leis bem-estaristas) já acontecem em quase todos os países da Europa e aqui está no comecinho com a introdução das métodos de criação do "boi orgânico", o gado que vive solto. Mas, é lógico isso é algo em pequena escala. E essas leis bem-estaristas estão surgindo não por causa da pressão legalmente sobre os abatedouros e criadores (o governo só pressiona no que tange ao sanitarismo), e sim por causa do interesse da população que já sabe como os animais sofrem e querem se sentir menos culpadas ao comerem o seu bife, e pela perda de consumidores que estão virando vegetarianos.

Como eu já te disse, esse teu pensamento não está de todo incorreto. Melhorar a vida daqueles animais de abate é algo bom. Porém, não devemos de forma alguma ir por esse caminho.
É uma caminho muito perigoso. Não seria de forma alguma questionado sobre o direito a liberdade e o direito que nós temos sobre a vida de um animal e todo o sofrimento que estamos inflingindo. Seria apenas normas mitigadoras, não abolicionistas!
E de nada tem a ver com a história da estrela-do-mar que eu te falei. Na história, ele salvava as poucas estrelas que ele conseguia. Mas ele as salvava, as libertava! E não somente as colocava num lugarzinho melhor, numa poçinha dágua melhor por exemplo, para ela ficar lá presa na agonia mas conseguindo se mexer um pouco mais e vivendo toda a sua vida assim, um pouco melhor, esperando a morte chegar.

Portanto, toda a ação que compreende a nossa opção pela dieta onívora estaria camuflada na falácia de ser algo sem nenhuma culpa, pois os animais que os onívoros estivessem comendo, não estavam sofrendo tanto. Ou seja, essa medida na verdade só serviria para ajudar a consciência das pessoas. Mas jamais iria ajudar os animais a se libertarem dos campos de concentração e da carnificina.
E, sem esse caráter em questão, o próprio movimento do vegetarianismo iria "morrendo", pois não carregaria mais o peso na consciência das pessoas.
Pegue como exemplo a escravatura. Para dar certo, eles não pensaram em ir mitigando e criando leis para melhorar a vida dos negros nas senzalas. Não! As leis já foram feitas para proibir a escravidão, e não visando a melhoria do tratamento.

Imagine uma lei mitigadora sobre o estupro. Imagine só: "Fica proibido que o estuprador bata em sua vítima, ele apenas pode estuprar, usar camisinha e ir embora imediatamente após o ato". Imagine a maioria das pessoas como então passariam a encarar um estupro: "Ah, mas ele estuprou nos moldes da lei bem-estarista, então está tudo bem, bem melhor".
É aquela frase estupenda de um belo político bemmm psicopata que vc deve saber qual é: "Estupra mas não mata".

E ainda com a mitigação desse sofrimento e com a diminuição ou7 extinsão do peso na consciência dos consumidores, o mundo iria, como sempre, aumentar sua população e mais animais estariam sendo comidos e aí chegaríamos a mais uma falácia sobre o bem-estarismo, a questão do impacto ambiental e social que te falei.

Mirella Nogueira disse...

Aumento o espaço desses bichos, seriam precisos enormes áreas para isso, e aonde iriam pegar essas áreas? Nas áreas rurais (até pq ninguém quer um abatedouro ou fazenda de criação de abate do lado da sua casa). Então, áreas de mata seriam extintas. Milhares de animais selvagens e milhares de espécies vegetarias estariam mais fadadas a extinção.

Foi tudo aquio que eu disse. Seriam precisos mais tempo de vida aos animais, e, numa população de mais de 6 bilhões de pessoas, onde a maioria é onívora, isso seria inviável e implicaria também em mais consumo de energia, água, insumos e alimentos para poder confinar, manter e alimentar esses bichos por mais tempo.
E por aí, tudo o que eu falei lá em cima sobre isso.

Portanto, a única coisa que funciona, tanto em nível imediato como a médio e longo prazo, é SIM O VEGETARIANISMO.

Só isso irá diminuir o sofrimento daqueles animais, e barrar a carnificina.

A conscientização das pessoas tem que ter como foco o vegetarianismo. Tem que mostrar o que acontece nessas granjas (até pq, se as coisas fossem melhoradas lá, serviria como uma "maquiagem" e a questão do sofrimento e abolicionismo ficariam em segundo plano ou extintos.

Anônimo disse...

MIRELLA, concordo que a lei é feita por homens e para os homens. Mas imagine se matar um animal fosse passível da mesma punição de um homicídio humano?
Matar uma barata seria crime punido com cadeia. Um absurdo jurídico, não acha?

Fica complicado imaginar que todas as leis penais humanas fossem aplicadas a todos os animais. Se for pra levar as coisas para o extremo assim, os cães que atacam e matam pessoas deveriam ficar presos ou pelo menos serem processados e condenados e isentos de pena, já que possuem o desenvolvimento mental incompleto (como as crianças). Mas seria um absrudo jurídico teremendo também!
mas se nós quisrmos tratar homens e animais de modo igual, é assim que seria. E pensando democraticamente, seria justo fazer os animais se submeterem as nossas leis sendo que eles nem elegeram os membros do legislativo, que são os que elaboram as leis? Só de pensar nisso soa como absurdo, surreal, não é?
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Eu penso que as leis já existentes de proteção, caso fossem cumrpidas E tivessem sanções mais severas, já seriam bastante eficientes. Aliado a tudo isso, a concientização de todos, de que comer carne é errado e ruim, seria de grande valor também.

Má disse...

Olá!
Me desculpe de novo me intrometer, mas tb penso que a discussão não deveria ser sobre a questão jurídica.
Penso que o debate sobre vegetarianismo empobrece quando se discute por um viés legal, técnico da questão. Acho que se refere mais a questões éticas dos animais, além de pensar a própria estrutura do capitalismo (daí penso a dificuldade e o impasse de se discutire e tentar atacar qq indústria q lucra com isso.)

Ah,,e garanto q carne de soja pode ser muito boa tb viu!
É só temperar beeem temperadinho, acrescentar outros ingredientes (cebolinha, tomate, cenoura ralada etc). Não funciona como carne de animal, ela só não tem gosto assim (como tofu), pense como feijão , arroz, etc q tem que ser temperado tb não?Daí fica bem gostosinho!
Acho q pensamaos q soja é ruim, pois tentamos cozinhar da mesma maneira q uma carne animal, o que não é, precisa de beem mais tempero,elaborar, não basta só fritar.

Mais uma coisa, diferente de como eu tb pensava antes de parar de comer carne, não gasto fortuna sendo ovo-lacto vegetariana.
Parar de comprar cane me saiu barato. O pacote de soja é uns 2,50reais e dura muuito, o resto só legumes e grãos mesmo. Em casa é meu namorado q cozinha, mas ele disse q não é dá mais trabalho do que uma refeiçaõ com carne, basta se acostumar.Acabou que tenho um cardápio mais rico em variedade e distintos sabores acredito.
Ah, pode ser só eu, mais outra coisa é que não é porque não como carne que detesto o gosto da carne. Não é algo fácil, é mais uma escolha, pois são raras as pessoas que foram criadas p ser vegetarianas e não sente vontade em comer carne.
Como disse, o meu paladar tb foi adestrado p comer carne, e as vezes me dá água na boca ao sentir cheiro de carne sim.

Bom,, estiquei, mas só p comentar alguns mitos que envolvem o vegetarianismo...

Abraços e gostei do debate!

Mirella Nogueira disse...

Mariana, acho que o povo se revoltou pelo mesmo motivo que eu me revoltei contigo. Não foi a questão de vc comer carne e nem de achar que dá no mesmo comer cachorro ou vaca. E na verdade vc está certa, dá no mesmo sim. Mas a revolta acredito que foi quando vc disse que era ainda a favor de se criar cachorros para abate e ainda aumentar para todas as espécies animais do mundo. Ou seja, indo na contramão total da ewvolução humana e mundial.

E também acredito que algumas pessoas se revoltaram (eu pelo menos) com o fato de vc ter dito sobre a cultura e a pluralidade de opiniões. Eu sou totalmente a favor da pluralidade de opiniões e de gostos e de culturas, mas desde que isso não traga SOFRIMENTO E MORTE A NENHUM SER.
Jamais serei a favor de touradas, rinhas de galo, extração do clitoris, rituais religiosos com animais, racismo (que é algo cultural), escravidão e por aí vai, por ser uma questão cultural. E ainda defender dizendo que cada um faz o que bem entender.
Não, pois o direito acaba na medida que começa o direito do outro. O direito dele a vida, a existencia e o desejo de não querer sofrer ou ser assassinado.

Vc assistiu ao Earthings mesmo? Inteiro? Fala a verdade.

Pois isso foi uma outra revolta, a de que vc não demonstrou nenhuma empatia com os horrores chocantes mostrados naquele video.

Eu até agora não acredito que tenhas visto. Vc assistiu mesmo?

Mirella Nogueira disse...

"Matar uma barata seria crime punido com cadeia. Um absurdo jurídico, não acha?"

Não! Não seria! Como eu disse, a barata se enquadra em animal sinantrópico, que trás doenças e moléstia a sociedade humana. Trata-se da questão, como eu disse, da sobrevivência, por mais injusta que seja com as baratas, todas as sociedades (animais e humanas) e todos os animais pensam assim, a sua vida e da sua sociedade em primeiro lugar. Por isso que podemos exterminá-las e não podemos sair exterminando cães.

Os cães que atacam e matam pessoas já sofrem a punição (são exterminados). É claro que não quero que existam cadeias para cães nos mesmos moldes que a humana. Não estou falando de uma sociedade igualzinha para cães e para todos os animais, todos os contextos tem que ser levados em conta, senão vira mundo de maluco.

Só uma coisinha, os cães não possuem desenvolvimento mental incompleto...rs. O desenvolvimento mental deles é bem completo e, no caso de ataques, estão bem conscientes disso (com excessão de casos de doenças que afetam o sistema nervoso, como no caso da raiva). Eles podem atacar uma pessoa por diversos fatores: sociais, defesa de território, ciúmes, e por aí vai.

O tratamento de modo igual a homens e animais não é enquadrá-los nos mais pormenores da condução da nossa sociedade. Não é fazer eles votarem por exemplo...rs. É o tratamento igual perante o direito a vida, ao não sofrimento, a não exploração, liberdade, entende?

Mirella Nogueira disse...

Olá Má!
Vou tentar então parar de falar sobre a questão jurídica. Apesar de pensar diferente da Mariana, entendi tudo o que ela falou, gostei de saber de leis que eu não sabia e então vou tentar fugir da coisa se é proibido ou não comer carne de cachorro ou de gente.

Também penso que o debate sobre o vegetarianismo empobrece quando se discute por um viés legal. A questão tem que ir para o lado da ética mesmo. E isso eu acho que a Mariana tb está começando a pensar a respeito.

Quando eu parei de comer carne, eu tinha 8 anos e amava carne, principalmente peixe. Pra mim, no começo foi duro comer soja e eu quase chorava na hora de comer (pois minha mãe, tadinha, não sabia temperar soja, nunca tinha visto isso e fora que era super difícil de achar. Mas o médico me obrigou a comer já que eu estava em fase de crescimento. Mas graças a Gaia...rs, com o passar dos anos fomos aprimorando nosso tempero e hoje a soja que preparamos é deliciosa. Todo mundo gosta. Principalmente os onívoros!

E o lance do paladar é verdade. O paladar é algo muito forte em nosso julgamento, mas acredito que não nos controla. Hoje em dia, após quase 19 anos sem comer carne, eu não me lembro mais direito o gosto dela. Mas meu namorado é vegetariano apenas há 4 anos e ainda sofre quando sente o cheiro de um churrasco...rs.
Mas, assim como eu, o amor, o respeito e a ética para com os animais é mais forte que o impulso de comer a carne..rs

Abraços!

Anônimo disse...

Só uma coisinha sobre cães (depois comento o resto todo). Quando eu disse que eles possuem o desenvolvimento mental incompleto não os chamei de burro. É só que ele não tem a mesma capacidade de dicernimento que um adulto.

A nossa legislação diz que ÍNDIOS possuem o desenvolvimento mental incompleto (não que eu concorde), tanto que eles não são punidos do mesmo modo que nós (não falamos dos índios que já se adaptaram a vida que costumamos levar, e sim daqueles que ainda vivem isolados e cultivam se costume antigo). Eles são processados e mesmo se ficar provado que eles mataram alguém, não vão pra cadeia, como nós. Porque o legislador entende que eles não tem a mesma noção de certo e errado, sabe? (óbvio, do que NÓS achamos certo e errado).

Foi isso que eu disse sobre cães. E os cães não tem a mesma capacidade de entendimento, como nós, seria injusto puni-los com a mesma severidade. Tente ensinar seu cão a ler, não vai conseguir, está muito além do que o cérebro dele pode. Posso citar um exemplo mais normal: meu cachorro, não adianta!, todas as vezes que chega visita ele quer pular nelas. Não é com maldade, ele quer brincar, mas eu entendo que o tamanho dele assuta qualquer um, além de sujar a roupa das pessoas e tals. O que eu faço? Engano ele (não gosto de prender na corrente). Pego uma bolacha ou qualquer coisa, ofereço de pedaço em pedaço e ele fica lá, perto de mim, enquanto as visitas entram. Eu já fiz isso infinitas vezes e até hoje ele não percebeu que é pra despitá-lo. Um humano teria percebido, não?

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Sobre as baratas... Olha, rs.. Eu seria uma criminosa, então. A mudança de valores que você está propondo é bem profunda (e por isso mais complicada de ser aceita e seguida).. Mas eu jamais conseguiria ficar no mesmo cômodo que um rato, uma barata. Admito que é puro preconeito (embora elas vivam no lixo, e isso seja nojento), mas... eu prefiro uma cela sem baratas do que um mundo com baratas. Acho.

Mirella Nogueira disse...

Ok, entendi o que vc quis dizer sobre os cães.
Mas na verdade o correto não é que eles não possuem a mesma capacidade de discernimento, é só que a cabeça e os julgamentos deles funcionam de modo diferente do nosso.
Por exemplo as questões culturais de território. Para eles, existe a demarcação de território de cada sociedade, mas eles não entendem que para nós é a cerca e o muro que faz esse papel. Pois a sociedade deles pensa diferente. Eles não entendem pq não defecar na frente dos outros, pq não ficarem pelados nas ruas, e por aí vai. Não é capacidade de discernimento, é um modo de pensar e de olhar a sociedade deles na ótica deles.

Não sei como é a legislação na hora de julgar os índios (sei que eles tem protecionismo legislativo), mas eu acredito que eles não são punidos pois, igual aos cachorros, vivem numa sociedade deles, com as regras deles, e não pq não tem desenvolvimento mental incompleto.

Mas, lendo denovo o que vc escreveu, vi que depois vc disse a mesma coisa que eu disse aí em cima.

Sobre os cães: Olha, os cães não aprendem a escrever mas conseguem entender frases complexas que utilizamos. Eles conseguem definir o objeto direto da frase, o verbo a o intuito. Já nós, não conseguimos entender nadinha de seus latidos... rs

Sobre o seu cachorro não é que ele não percebeu que vc está despistando. É que vc o condicionou assim. A mesma coisa acontece com humanos quando são condicionados. Por exemplo as religiões. A maioria das pessoas quando são condicionadas a serem religiosas, irão ser religiosas e não irão pensar que alguém o tapeou com histórias fantasiosas.
Isso que vc fez com seu cachorro foi um condicionamento e, sem vc saber, foi correto. A pior coisa seria vc o prender quando chegasse visitas. Pois pra ele, vc o prender é algo ruim, é uma punição. E ele começaria a entender que sempre que chegava uma visita ele seria punido indo pra fora ser preso. Com isso ele passaria a odiar visitas e poderia um certo dia vir a atacar uma visita que chegasse.
Vc o entretendo com uma comida, ele encara como uma recompensa e ainda fica entretido na comida e não em ficar pulando na visita.
Na verdade vc o está ensinando como vc quer que ele se porte, vc não o está enganando.

Sabe quem faz muito disso em humanos? Condicionamento humano? Os psicólogos! Isso é usado amplamente nos casos de bulimia, anorexia (punição e recompensa), no desenvolvimento infantil, etc.

Mirella Nogueira disse...

Não Mariana, vc não seria uma criminosa, no caso das baratas, pois como eu falei, trata-se de um animal sinantrópico, que ameaça a sociedade humana. Trata-se da sobrevivência que eu te falei.

Se, por acaso vc matar um animal que está super ameaçado de extinção, se por acaso vc matasse a última arara azul que estivesse te atacando, vc não seria considerada criminosa. Assim como se vc matasse uma criança que estivesse tentando te matar. Trata-se também da sobrevivência, entendeu?
E isso é assim em qualquer sociedade humana ou animal.
Os suricatos por exemplo, se vêem uma cobra nos arredores de suas tocas, já as matam, mesmo que ela não esteja fazendo nada contra eles ali na hora. Mas é pela sobrevivência deles, de seus filhotes, de seu território, de sua sociedade.

Mirella Nogueira disse...

Vou transcrever aqui um texto muito bom, e quem tem tudo a ver com o que estamos debatendo, do Dagomir Marquesi (jornalista, escritos e militante da causa animal).

O preço da carne

Chineses costumam encarar qualquer coisa que se mova como um alimento à sua disposição. Eles consideram o animal um mecanismo, um objeto, cuja dor e sofrimento não nos dizem respeito. Ironicamente, os piores exemplos de maus tratos acontecem na mesma Ásia onde nasceu o budismo – a mais benevolente e avançada religião do mundo no trato com os animais.

Nos tristemente famosos "mercados de vida selvagem" asiáticos há de tudo. Mamíferos, répteis, insetos, batráquios, tudo vai para gaiolas apertadas e lotadas sem água nem comida. Qualquer foto desses mercados é um permanente festival de sangue, urina e fezes. Há mais do que cheiro ruim no ar: existe medo. E vírus de diferentes espécies novas se combinando uns com os outros.

As imagens mais chocantes registram o que esses mercados destinam aos cães. Os mesmos cães que aqui viram membros da família, ajudam cegos ou orientam equipes de salvamento. Lá, cachorros são comida. E não se deixe enganar: esses mercados chineses não existem para "matar a fome do povo". Chineses pobres comem frango e peixe. Os cães são "iguarias" caras, assim como gatos, escorpiões, cobras, enguias etc.

Eu tive a chance de ver fotos e vídeos desses mercados. Os cozinheiros acreditam que a adrenalina no sangue dos cães amacia a carne. Quanto mais sofrimento, mais apetitoso o prato. Em nome dessa carne macia, a palavra de ordem é torturar os cães até a morte. Eu já vi a foto de um pastor alemão sendo enforcado na viga de uma cozinha, sendo puxado pelos pés. Eu já testemunhei um vira-latas com as patas dianteiras amarradas para trás do corpo e desisti de imaginar o tamanho de sua dor. Assisti ao vídeo de um cão magrinho que foi mergulhado em água fervendo, retirado, teve sua pele inteirinha arrancada e ainda olhava a câmera, tremendo junto à panela onde foi cozido em vida.

A pergunta básica é: nós, humanos, temos direito a isso? Quem nos deu esse direito? Temos o direito de jogar uma lagosta viva na água fervente? Temos o direito de comer um peixe fatiado ainda vivo no seu prato num restaurante japonês? Temos o direito de prender bezerros em lugares escuros, imobilizados por toda sua curta vida, por um vitelo? Nosso paladar é tão importante assim na ordem das coisas? Um sabor diferente em nossas bocas justifica tudo?

A questão ultrapassa a esfera da ética e da civilidade. A Sars nasce no chão imundo dos mercados chineses. A doença da vaca louca – permanente ameaça na nossa pátria do churrasco – surgiu quando obrigamos o gado a se canibalizar. O terrível ebola se espalha com cada homem africano que devora nossos primos biológicos, gorilas e chimpanzés. Vírus mutantes saltam do sangue de aves para o dos homens sem defesas naturais. Segundo a revista inglesa The Economist, nada menos que 60% das doenças humanas surgidas nos últimos 20 anos têm origem em outras espécies animais. Tony McMichael, pesquisador da Universidade Nacional de Austrália, é bastante claro: "Vivemos num mundo de micróbios. Precisamos ser um pouco mais espertos no jeito como manejamos o mundo ao nosso redor."

CONTINUA

Mirella Nogueira disse...

CONTINUAÇÃO:

Mercados chineses e churrascos africanos parecem fenômenos distantes. Mas o brasileiro continua dependendo demais de alimentação animal. Temos uma churrascaria por quarteirão, e numa cidade de 12 milhões de habitantes, como São Paulo, contam-se nos dedos os restaurantes vegetarianos. E ainda temos um lobby querendo ampliar a oferta de animais nas geladeiras: avestruzes, capivaras, jacarés, tudo criado em cativeiro com carimbo do Ibama. A cada nova espécie consumida pelo homem, mais uma mistura de vírus – algumas combinações inofensivas, outras não.

Para tentar controlar essas doenças, cometemos mais brutalidade: enterramos milhões de aves vivas, afogamos gatos selvagens em piscinas de desinfetante. Provocamos o desastre e massacramos as vítimas. Temos um caminho inteligente: racionalizar, humanizar e diminuir cada vez mais o consumo de animais. Ou podemos continuar o banho de sangue. Aí, todos nós pagaremos o preço.

Quando uma borboleta bate as asas na Europa, pode iniciar um furacão no oceano Pacífico. A Sars começou em mercados chineses e chegou ao Canadá. A gripe aviária já se espalhou por diversos países asiáticos e ameaça lugares distantes como o Paquistão e a Itália. Num mundo de vôos diretos, os gritos desesperados de um cachorro chinês podem chegar um dia ao Brasil por meio de alguma nova e tenebrosa sigla.

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