quarta-feira, 22 de maio de 2019

UM VASO QUEBRADO: O QUE SE GANHA COM AS “SURRAS EDUCATIVAS”

Recentemente um vídeo que chamou muita atenção foi divulgado. Era de uma mulher reaça que pregava que se deve bater nas crianças. Ela ainda dizia que bater com vara era um mandamento bíblico e ensinava como não deixar marcas. 
Muita gente ficou indignada e relatou como apanhou na infância e como isso não ajudou em nada, muito pelo contrário. Pedi para uma moça, que quer ser identificada como Dona Dirce, contar o seu caso. Vale lembrar que usar violência física e/ou psicológica para "educar" crianças não é questão de gosto ou opinião. É crime desde 2014, além de praticamente qualquer estudo sério condená-la.

Existem certos traumas que com o passar do tempo se tornam fantasmas. Se a pessoa tiver sorte, ele aparece volta e meia, te atormenta e vai embora. 
Caso contrário, ele habita por definitivo a sua alma e aí a vida só tem um rumo a tomar: ladeira abaixo.
Um dos meus fantasmas está ligado à agressão física na infância. Não estou falando de uns tapas na bunda, estou falando de surras fortes, longas, acompanhadas de xingamentos, numa total humilhação.
Eu tenho uma teoria pessoal: o agressor de crianças é, necessariamente, sádico, dominador e covarde. Sádico, porque está escrito em sua testa o olhar de triunfo e superioridade no antes, durante e depois da surra (sem falar do tom da voz, de quando contam detalhadamente para alguém a surra dada); dominador, porque encara o corpo e a vida da criança como sendo de sua propriedade e, sendo sua, não admite qualquer sinal de insubordinação; e covarde, porque a agressividade aumenta nos dias de frustração e estresse na vida fora de casa e, na incapacidade de resolver os próprios problemas, extravasa a raiva reprimida ao longo do dia no corpo da criança.
É certo que existem exceções e eu já as vi: me lembro de uma mãe pobre e solteira, que quando voltou do trabalho e viu que seu filho de 11 anos estava matando aula, foi lá buscá-lo de cinta na mão. Aquilo visivelmente não era sadismo, era desespero mesmo. E essa situação é uma exceção quando o assunto é agressão física em crianças e adolescentes, porque a rotina de agressões às crianças acontece em segredo, dentro de casa, numa idade em que elas são frágeis demais pra fugir ou resistir.
Há alguns dias esse meu fantasma de que falo veio me visitar quando li sobre uma “educadora” ensinando e motivando os pais a baterem em seus filhos desde bebês. E claro: a prática está sob o pretexto de seguir o “ensinamento bíblico”.
Depois de passar alguns dias remoendo o fato de viver em um país em que se pode defender a tortura em crianças livremente, decidi contar um pouco da minha história -– e vou contar bem pouco mesmo e bem rapidamente. Não farei para dialogar com essa gente sádica e má, mas para falar com as pessoas que estão no campo da defesa dos direitos humanos. Acho que vale a pena.
Eu tinha mais ou menos oito anos e meu irmão mais velho, dez, e a mais nova, cinco. Minha mãe estava em seu segundo casamento e estava bastante apaixonada. Seu marido era uma pessoa que acreditava que nós éramos crianças “muito frescas” quando o assunto era alimentação e decidiu nos passar o corretivo, fazendo, para o jantar, apenas alimentos de que não gostávamos. Para nos forçar a comê-los, ia nos batendo muito. Num determinado momento, eu me engasguei enquanto chorava e vomitei. Ele, então, jogou arroz em cima do meu vômito, misturou e continuou me batendo até que eu comesse tudo. Sim, aos oito anos eu comi arroz com vômito debaixo de surra. Se isso não for tortura, então foi algo pior.
Algumas coisas desse momento eu não consegui, infelizmente, esquecer: o semblante de prazer do meu padrasto toda vez que me via, chorando, colocar um garfo de comida na boca; ele transpirava bastante, de tanto que nos batia; e minha mãe, que assistiu tudo de forma indiferente e passiva. 
Essa foi a fase da minha infância em que o mandamento “honrar pai e mãe” foi usado para a prática da tortura. No caso do episódio que acabo de contar, ao rejeitar um alimento, eu os estava desprezando e desonrando, pois tudo havia sido comprado com trabalho e sacrifício.
Os resultados práticos dessas surras para a minha vida foram: eu continuo odiando os alimentos que fui obrigada a comer naquele dia, e desenvolvi depressão e transtorno de ansiedade (doenças que trato até hoje e, depois de vários anos de tratamento encontro-me em ótima fase, pois estão muito bem controladas). Meus irmãos também sofrem de depressão e ansiedade. No frigir dos ovos, é como se fôssemos vasos remontados depois de quebrados, pois a paz de que precisamos –- coisa elementar para se viver, nos foi roubada da alma.
A sensação de quando se está apanhando também é muito viva: medo, solidão, tristeza e raiva. O meu agressor sempre me mandava pensar sobre o motivo de eu ter recebido uma surra e eu nunca consegui associar, porque o meu possível erro e a surra não eram coisas simétricas. Então, acabava por entender que ali não existia amor por mim e que eu não era bem vinda naquele lugar em que morava.
Por vezes, leio algumas postagens de companheiras da luta feminista colocando a mãe como alguém inquestionavelmente responsável com seus filhos, e isso nem de longe é real. Somente a criança pode falar o que se passa com ela. E enquanto não tivermos instrumentos sociais para alcançar as crianças deste país e dar a elas voz e vez, elas serão as pessoas mais expostas a todo o tipo de violência.
Aliás, me ocorreu algo óbvio agora: a maioria das pessoas que vivem num ambiente violento naturalizam a violência, chegando muitas vezes a associá-la ao amor -– é o caso de muitas mulheres que se envolvem com homens agressivos e ciumentos. E uma vez naturalizada a violência como forma de corrigir e educar uma pessoa, ela tem enormes chances de virar sabe o quê quando adulta? Isso mesmo: bolsominion, fascista, filhote da ditadura e afins, tanto quanto aquelas pessoas da classe média tradicional, que foram criadas na bolha dos privilégios.
Nós, militantes dos direitos humanos, precisamos urgentemente colocar o direito da criança no centro do debate. Tantas vezes nos questionamos sobre como foi que chegamos ao senso comum do ódio, inclusive entre as classes menos favorecidas, enquanto, debaixo do nosso nariz, crianças e adolescentes são barbarizados até que também se tornem adultos bárbaros.

51 comentários:

Clara disse...

Pois é, por isso eu falo que crescer em um orfanato é muito melhor que o pensamento popular julga falam que não sei o que acontece nos abrigos e etc. É só uma questão de procurar, quantos casos de abusos de crianças tem relatados aqui no blog da Lola (e em muitos outros lugares), por pais, tios, avôs, vizinhos e às vezes até mães... A violência doméstica é escancarada em todos tipos de família desde que o mundo é mundo, mas nos abrigos o conselho tutelar vigia, as pessoas que cuidam geralmente são profissionais formados que querem está ali (embora possa haver exceções) e cresci em um e desde que me tornei adulta sempre voltei e sou bem-vinda (ao contrário do que pensam a criança não é abandona qdo faz 18 anos), criei uma ONG e tenho contato com várias instituições no meu estado e em outros, e nunca vi/ouvi falar de nenhum caso de abuso registrado, denunciado ou sequer suspeito.

titia disse...

Gente como o padrasto da Dona Dirce merece levar surra de barra de ferro até não ficar um dente na boca nem uma unha inteira. Não tem nem o que discordar dela, gente que bate em criança é sádico, é alma ruim mesmo, tem prazer em humilhar e causar dor em quem considera inferior, e sempre usando religião como justificativa. Minha família é cheia desses sociopatas que não aceitam a responsabilidade pelo mal que fizeram aos filhos porque jogaram a culpa pra Deus carregar, meu pai e minha avó (já falecida, mãe dele) são assim. E na família da minha mãe a regra é a irresponsabilidade, todo mundo fazendo mais filho do que pode criar e jogando nas costas dos outros, todo mundo dizendo que "Deus proverá". É um ciclo infinito que poucos aceitam quebrar, porque poucos são os que tem coragem de questionar as farssas que a sociedade nos conta sobre família, amor materno/paterno, educação, disciplina. Famílias iguais à minha, que tem como herança a violência e a irresponsabilidade, tem que acabar mesmo. Esse tipo de mal tem que ser cortado pela raiz.

Anônimo disse...

Vcs estão pegando uma exceção e pregando como se fosse regra. NÃO é assim. A grande maioria das famílias Brasileiras são gente trabalhadora, tradicional e decente, não criminosos espancadores sádicos de criancinhas. Vamos separar o joio do trigo: os pais, quando usam da vara/cinta/chinelo/tapa na bunda de seus filhos,vem 99% dos casos é no intuito NÃO de machucar, mas sim de mostrar que o que eles estão fazendo é errado e que eles, como pais, vão punir a criança para que ela aprenda que aquilo é errado, muitas vezes choram junto ou até mais que a criança no ato. É muito mais uma questão moral do que física. Vcs não podem pegar 1% dos cadis de gente desequilibrada e querer fazer-nos crer que isso é a regra e que é errado. Não é. Tanto que essa lei nunca " pegou " e nunca vai pegar. O amor e o cuidado não serão tolhidos por uma lei feita sem critérios - ou com critérios errados. A sociedade Brasileira não é assim. O que é errado é o excesso, não a essência.

Anônimo disse...

Fácil de resolver.

Antes de bater em uma criança ou adolescente, vá até o conselho tutelar da sua cidade. Diga que não tem mais condições físicas, psicológicas de manter a criança/adolescente sob sua responsabilidade.

Eles arranjarão um lar temporário, ou o alojaram em alguma instituição até uma possível adoção.

Fácil de resolver.

Anônimo disse...

Concordo em tudo, comigo aconteceu semelhante, embora tenha sido minha mãe a me forçar a comer alimentos que eu rejeitava me batendo até eu vomitar, e continuar. Só não precisei comer meu vômito, e não acho que foi por tortura ou satisfação, creio que foi pura ignorância e descontrole. Apesar de meus pais, e principalmente minha mãe, terem feito uso de violência desproporcional (nunca aprontei, sempre fui mais quieta), como tapas na cara se eu perdesse a hora pra escola, até minha adolescência, quando criei coragem e força pra segurar minha mãe, empurrar e mostrar que eu poderia bater de volta. É estranho elaborar Bowie sinto pois por outro lado meus pais sempre demonstraram amor e carinho também em alguns momentos, sempre estiveram presentes, deram liberdade e não posso dizer que tenha me faltado nada material, investiram na nossa educação, e têm a certeza que foram pais excelentes. Sao até pessoas boas, que fazem caridade, inteligentes e de certo bom senso, de esquerda inclusive. Acho que isso deve ser bastante normal (naturalizado) na minha geração. Com o passar dos anos, hoje tenho mais de 30, desenvolvemos uma boa relação vivendo em cidades diferentes e se visitando quando possível, mas morro de medo de ter que cuidar deles na velhice pois temo o peso da convivência constante. Acho que isso é parte dos fantasmas que a Dirce falou, não tenho sequelas, tenho a vida mais ou menos de boa, mas choro quando lembro alguma das situações e, apesar de amá-los não sei se um dia conseguirei perdoá-los completamente. Tbm não vou fazer terapia pois não é algo que me atrapalhe tanto. Mas é crucial dar mais voz e atenção às crianças e aos seus direitos, e acabar com essa naturalização da violência, pois obviamente deixa traumas. Ninguém imagina, todos acham nossa família perfeita, mas existem mágoas que inviabilizam relacionamento mais próximo e me preocupa como vou lidar com a velhice deles, posso acabar precisando recorrer a um asilo, ou cuidadores, se meu irmão tbm não der conta.

Anônimo disse...

Que história bonita, quando tiver oportunidade nos conte como foi sua saída e conquista da independência!

Anônimo disse...

Então essa história da vara está em voga. Hj em um grupo de mães da qual participo veio uma defender o uso dela pela Bíblia. Outras mães mais estudiosas que eu disseram que a tal vara que a Bíblia fala é um cajado, não tem a ver com espancar os filhos e sim orienta-los. No final a moça da vara veio defender-se dizendo que apanhou e não morreu, que era uma boa pessoa. Não duvido, mas discordo que não tenha morrido, enquanto criança, um pouco a cada dia, enquanto a vara estava lá em cima da geladeira, para, sabe-se lá quando seus progenitores estivessem frustrados o bastante para usá-la. E não, não era culpa dela, uma criança cheia de vida e vontades, apequenando-se todos os dias, morreu e nem sequer se deu conta. Triste. Crianças não precisam de violência para aprender, tenho uma da qual me orgulho diariamente. E quanto mais me orgulho, mais ela me surpreende, eu a ouço, a oriento, acolho, a respeito. E olha que mágica: é assim que ela repete com o mundo, com todos. Por isso repito, crianças precisam ser amadas para não se tornarem algozes. se forem objeto de violência, é muito mais provável que entrem nesse círculo, simplesmente porque a violência a constituiu. Ser criança é algo extremamente complexo, se as pessoas pudessem minimamente entender o que é que constitui a psique infantil, a absorção do ambiente, o quão desamparados nascemos todos nesse mundo hostil, rasgaríamos esses malditos manuais e nós aprenderíamos com elas, não o contrário.
E Dirce, parabéns por romper o ciclo, não é fácil, persista, resista e se e quando quiser, serás uma mãe incrível. Fabi.

Denise disse...

Esse assunto é muito doloroso pra mim, como mãe. Me parte o coração os maus tratos que presencio rotineiramente a crianças. Porque não é só surra o problema, aliás qualquer agressão por menor que seja e pelo motivo que seja é covarde e indevida. Me dói muito também ver crianças sendo humilhadas, agredidas verbalmente, tratadas sem o mínimo respeito. Hoje em dia temos o movimento feminista, LGBT, leis contra racismo, mas quem zela pelos direitos das crianças? Claro que existem leis como o ECA, existem os Conselhos Tutelares, mas esses só alcançam casos mais graves. E a “educação tradicional” e sociedade em geral que trata as crianças como seres inferiores? Que as humilha, intimida, isola, ridiculariza, manipula?

Uma vez eu estava com meu filho de na época 3 anos jantando na casa de parentes. Uma menina da família e quase a mesma idade do meu filho derramou um copo de água no chão. A reação do outro adulto presente foi insana: gritou com a menina, a xingou de desastrada, esbravejou que tinha avisado a ela para ter mais cuidado, que a menina sempre fazia essas idiotices, e por aí foi. O mais chocante foi ver que a menina sequer se abalou! Não ficou chateada, nem triste, só continuou comendo a comida dela como se os gritos e xingamentos fossem algo absolutamente normal. E claro, a menina não tentou remediar a situação porque certamente ela não foi ensinada a reparar erros, mas sim a aguentar punições e castigos (que supostamente deveriam ensinar a criança agir corretamente, mas no fundo só ensinam a criança a temer o adulto e agir na frente deste de uma forma mas por trás de outra). Meu filho, por outro lado, que não está acostumado a ser tratado assim, começou a choramingar e pedir desculpas pro adulto que gritava (mesmo nem tendo sido ele a derramar a água), foi buscar um pano pra limpar, ele ficou realmente abalado. E eu fiquei horrorizada! Não só com os abusos contra a criança como também com o fato daquela menininha tão pequena tratar aquilo como normalidade. Essas são as mesmas crianças que vão crescer perpetuando os abusos ou sendo vítimas deles.

Toda vez que eu escuto um “mas eu fui criado assim e não morri/me tornei cidadão de bem/etc” eu retruco que foi por uma criação assim que o mundo hoje é tão cruel, violento, sem empatia.

Anônimo disse...

Sinto muito pelo o que passou, Lola. Bom que esteja bem agora.
Minha infância foi difícil: apesar de sempre ter sido de classe media, meu pai sentia uma raiva grande de mim por me considerar muito parecida com ele (pois é...) apanhei muito: de chinelo, com a fivela do cinto, com o cinto, com a mão...minha vida toda eu quis ser agradável às pessoas, viver como elas querem por medo da repressão. Tenho dificuldade em colocar limites. Tanto é que meus dois maiores relacionamentos foram abusivos. Sentia que eles me tratavam "meio mal", mas eles me amavam. Era parecido com o que eu sentia o que vinha do meu pai. É algo muito sutil e perigoso. Minha autoestima inexiste. Também sofro de ansiedade e depressão

Anônimo disse...

Denise, é esse exatamente o aprendizado: a vida é dura, a vida é cruel e não dá lugar para os sensíveis/fracos. A vida é uma Selva onde vc tem que lutar diuturnamente por sua sobrevivência, sendo honesto e correto, mas não se abalando diante das injustiças dela. Há uma seleção natural na vida e somente os fortes irão sobreviver. Os fracos não terão vez. Esse é o ensinamento. Vcs não estarão protegendo seus filhos a vida inteira. Uma jora elrs sairão das suas casas e nunca mais voltarão. Nessa hora vcs vão querer que eles tivessem sido moldados/educados na educação da varinha, pra sofrer menos e enfrentar a vida de forma menos dolorosa.

Jane Doe disse...

Tema que dá muito pano pra manga, apesar de parecer bem óbvio...

Já contei inúmeras vezes sobre como foi crescer com uma mãe extremamente controladora, machista e sobrecarregada de trabalho. (Nota: ela sempre afirmou que preferia passar o dia inteiro trabalhando fora do que algumas horas com os filhos - criar filhos para ela sempre foi a tarefa mais extenuante ingrata que ela teve na vida). Houveram agressões físicas, mas essas não foram nem longe o que mais me traumatizou - foi o contínuo abuso emocional que me quebrou.
Eu me saí muito melhor do que se espera de alguém que tenha passado por isso. Mas não sem muito trauma, medicamentos, terapia e problemas que vão durar provavelmente até meu último dia de vida.
Ela melhorou muito com os passar dos anos. Continua sendo controladora sempre que aparace a oportunidade. Ainda acha que pode dizer para uma mulher adulta (lógico que não para o filho homem, jamais) o que deva fazer, vestir e falar, como se comportar. Mas bem menos do que era. Aprendi a perdoar na medida do possível - e em nome da minha própria sanidade.

(...)leio algumas postagens de companheiras da luta feminista colocando a mãe como alguém inquestionavelmente responsável com seus filhos, e isso nem de longe é real.
- É MUITO pior do que isso - muitas delas vivem numa bolha cor de rosa, com unicórnios saltitantes em campos verdes - espalham pelos quatro ventos que tudo o que importa é parir na água, comer placenta e pronto - algum ser divino faz um upload na mãe e na criança de um arquivo misterioso e nada mais no mundo vai dar errado. Assim se resolve a guerra, a fome, a violência, o abuso etc. com um canal vaginal e ingestão de tecidos expulsas do útero.

(...)maioria das pessoas que vivem num ambiente violento naturalizam a violência, chegando muitas vezes a associá-la ao amor -– é o caso de muitas mulheres que se envolvem com homens agressivos e ciumentos(...)
- É o tipo de ambiente que gera os predadores e as vítimas perfeitas. Se encaixam como peças de quebra-cabeça.

(...)militantes dos direitos humanos, precisamos urgentemente colocar o direito da criança no centro do debate.
- Não acredito nem por um minuto que militantes dos direitos humanos, feministas, religiosos, fascistas, comunistas, esquerdistas (moderados ou radicais), direitistas (moderados ou radicais) ou a grande maioria das pessoas de todo tipo de credo, cor, orientação sexual estejam prontos para assumir respondibilidades e tomar medidas cabíveis para coibir a violência infantil e contra as mulheres.

(...) continua

William disse...

Em 1921 Alexander Nell abriu a escola Summerhill, na Inglaterra, que inovou ao abolir castigos físicos. Ele acreditava que o autoritarismo e a violência provenientes da família, da escola e da igreja eram responsáveis por formar pessoas neuróticas e cheias de ódio.
Em 1964 Nell publicou o livro "Liberdade sem medo", onde narra as experiências revolucionárias de sua escola. Foi um acontecimento!
O autor considera que as duas grandes guerras aconteceram por causa do perfil violento e autoritário da sociedade da época.
Summerhill foi tema do meu primeiro seminário na pedagogia, e é referência para o meu trabalho enquanto professor.

Jane Doe disse...

continuando...

- Vamos começar pelo o que deveria ser o óbvio ululante: PARENTAGEM RESPONSÁVEL!!!! Ainda no mundo inteiro - em alguns lugares mais outros menos( e no Brasil temo que está entre os mais), pessoas - em especial mulheres - são criadas para a reprodução. Por um lado é um direito ter filhos não importa as circunstâncias, por outro lado é uma obrigação também não importando as circunstâncias. Reprodução é sagrado, intocável e jamais deve ser submetido a questionamentos ou reflexões.

- E aqui é início para começar a tentar resolver o problema da violência infantil e até mesmo parte dos males que assolam as mulheres. Ao invés de lavagem cerebral para reproduzir a qualquer custo, por que não tentar educar pessoas a pensarem nas responsabilidades de colocarem mais gente no mundo? A se perguntarem se estão preparados para ter filhos E SE DE FATO QUEREM SER PAIS?
Mas não né... tá na bíblia crescei e multiplicai-vos (e espancai com vara), é "tudocídio" e assim não tem gente pra para pagar minha aposentadoria..

- O mito do amor materno e a sacralidade da maternidade. Eu já falei tanto disso, eu já repeti tanto que sinceramente me dá preguiça. Ou larga de vez essa bosta, desçam do pedestal de santa ou nunca mulher nenhuma, mãe ou não, vai sair dessa escravidão que é maternidade e do ciclo de submissão (novamente, seja ela mãe ou não) e o abuso infantil vai ser eternamente perpetuado.

- Eu achei esse comentário interessantíssimo: (...)Antes de bater em uma criança ou adolescente, vá até o conselho tutelar da sua cidade. Diga que não tem mais condições físicas, psicológicas de manter a criança/adolescente sob sua responsabilidade.
- E agora eu desejaria que fosse tão simples. O conselho tutelar quase sempre devolve o menor para o algoz. Sim, de fato em alguns episódios foram só pais cansados, esgotados na beira do colapso físico e psicológico que sacudiram a criança, que deram um tapa mais forte, um empurra, um apertão no braço. É grave. É... sem dúvida. Mas com acompanhamento decente esses pais e crianças podem ser ajudados e voltar a ter uma vida familiar saudável e construtiva .
Mas eu cansei de ouvir histórias de crianças que procuraram inúmeras vezes pelo conselho tutelar, por abrigos e foram retornadas aos lares com pais/cuidadores extremamente abusivos física-/verbal-/sexualmente.
Em SC muitos anos atrás - eu deveria ter uns 14 anos - passou na rede local de TV o assassinato e o desmembramento de duas crianças pela mãe e o padrasto. Elas já tinha pedido ajuda 5 vezes para conselheiros e abrigos... seus pedaços foram colocados em sacos de lixos e deixados na frente da casa para os coletores de lixo recolherem.

- Tão devastador quanto a noção de "deus proverá" é "o Estado proverá". Por mais que eu ache que creches e escolas de qualidade de ponta sejam fundamentais não só para o desenvolvimento infantil saudável (crianças precisam de estímulo e contato social com outras crianças e adultos) como para que as mulheres depois da maternidade possam continuar tendo vidas produtivas. Não existe deidade ou Estado que substitua um ambiente familiar saudável, responsável e equilibrado. Não joguem nas costas alheias o que SUA responsabilidade como pai/mãe. Se não está claro volte para o item "parentagem responsável".

- Vejam que sempre o uso o "pais" termo no plural ou parentagem. Passou da hora de homens assumirem sua parte na criação e educação das crianças. Voltem para o item "parentagem responsável" caso contrário encapa esse pinto com borracha ou deixe seus ductos deferentes serem bloqueados. Quem espalha semente e não cuida da broto é o vento... ou bosta de passarinho.

quase acabando...

Jane Doe disse...

É... eu sou uma chata, reaça, coxinha, diabólica, fascista, mulher de classe média que deveria ser queimada viva ... mas continuando:

- "Ahhhhhhhhhh... você não tem filho, sua árvore seca, não pode me dizer como educar". Talvez não. Mas eu tenho que conviver em sociedade com você os seus filhos. E seria mais agradável e feliz para todo mundo se TODOS - incluindo seus filhos - entendessem que para se viver em sociedade é necessário regras e limites. Seu direito termina onde começa o do outro. CRIAR SEM VIOLÊNCIA NÃO SIGNIFICA NUNCA DIZER NÃO E NÃO ENSINAR CONSEQUÊNCIAS.
- Ensinar crianças a lidarem com frustrações e a respeitar o direito, a integridade física e emocional do próximo e a propriedade alheia é outra ferramenta fundamental para diminuir a violência de forma geral e quebrar o ciclo de violência da próxima geração.

- Contracepção, esterilização voluntária, aborto... voltem para o item "parentagem responsável". Não querem/podem pratica-la, esses itens são fundamentais para o exercício da não-parentagem.

- Facilitação da entrega para e da adoção: essa história de eternamente empurrar o filho indesejado para a família só termina em desgraça, na grande maioria das vezes. Deveria ser um processo fácil e em segredo, tanto para quem entrega, quanto para quem adota.

Eu acho que assim o problema vai deixar de existir? Não. Nunca vai sumir 100%. Não enquanto houverem seres humanos caminhando na Terra. Mas dá pra reduzir drasticamente tanto no volume quanto na gravidade.

titia disse...

E além do sadismo tem o rancor. Como disse Paulo Freire, quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor. Um monte desses pais que batem estão na verdade usando os filhos pra descontar o que sofreram nas mãos dos próprios pais. Tem filho só pra poder descontar essa violência, poder passar de oprimido a opressor e se sentir melhor consigo mesmos à custa da integridade emocional e da dignidade dos filhos. Por isso que eu não suporto esses discursos patéticos e mentirosos sobre 'amor incondicional' e 'autoridade paterna'. São só desculpas pra qualquer merda sádico e descompensado poder produzir a própria vítima e sair impune de toda a violência que comete.

Anônimo disse...

Que bosta. Espero que vc não se reproduza.

Lara disse...

Por isso eu super apoiei aquela campanha da prefeitura de uma cidade do interior do RS, "só tenha filhos que você puder criar", e fiquei muito chateada por a esquerda cair em cima, principalmente pq a justificativa que vi aqui no blog da Lola foi a reposição de mão de obra. Pra que submeter tantas crianças à esse risco, vir à uma família abusiva, só oros empresários continuarem tendo trabalhador semi escravizado barato? Mesmo com tanto problema do desemprego! Realmente até hj não engoli essa.

Anônimo disse...

Situação complicada e quanto mais o tempo passa percebemos nada ter mudado ou "modelos de educação " perversos serem ainda reproduzidos. Eu nasci na década de 70 e sei muito bem o que é ser abusada e brutalizada. Abusos são vistos apenas como sexuais ou atentado violento ao pudor, mas humilhações, ofensas também são abusos e sérios. O meu pai me xingava e humilhava todos os dias, tudo o que eu fazia era errado e ruim, porém minha mãe o defendia o tempo todo, pois era minha culpa, embora fosse uma criança quieta e obediente, mas não era o suficiente. Quando ia na casa de parentes eu não brincava e sim ficava sentada em silêncio, pois minha brincadeira era olhar para a janela ou caso tivesse um relógio com o cuco era minha "diversão ". Minha mãe inventava doenças para mim, pois assim chamaria a atenção de me pai para ela. Na escola pouco ou nada brincava, meu rendimento escolar não era bom, minha mãe ajudava pouco e meu pai pedia para desistir, pois eu não daria certo na vida. Certa vez fui presenteada com o livro Aritmética da Emília, mas haviam vários cálculos e quando procurava tirar dúvidas diziam ser burrice minha não entender o conteúdo, mas eu tinha 7 anos de idade. Quando acordava com tosse era ofendida pelo meu pai, uma vez quando descalcei uma bota e o zíper quebrou levei uma surra de urinar nas calças, quando fiquei com catapora apanhei muito e o mesmo com os piolhos na escola, pois era tudo minha culpa, embora tivesse 5, 6 ou 7 anos. Outra frase do meu pai :quem apanha no aniversário vai levar uma surra o resto do ano, eu fazia de tudo, mas caso tossisse, não comesse determinado alimento ou não ficasse em silêncio era motivo para ser surrada o resto do ano. Quando aprendi a escrever certa vez uma carta resolvi redigir para um concurso que vi na televisão e minha mãe tomou de minhas mãos e perguntou o que escrevia, ela leu e disse ser besteira e rasgou, pediu que nunca escrevesse nada contra o meu pai e entregasse para algum parente ou professores na escola. As fotos de família eu estava sempre séria e sem sorrir e quando perguntavam o porque a resposta era eu ser muito séria mesmo, mas haviam poucos motivos para sorrir. Eu não lembro de meu pai tratar com os filhos sem gritos ou agressividade, valia o mesmo para minha mãe. Lamentavelmente tenho sequelas disso tudo, mas não tive filhos para não transferências de dívidas. Meu pai faleceu tem quase 30 anos e minha mãe só tenho tristeza por ela, pois diz ter engolido vários sapos de meu pai para termos uma casa para morar e alimento na mesa, mas exceto meu irmão, eu e minha irmã não moramos mais com ela. É doentio, ainda mais vindo de uma "educadora " a perpetuação da agressividade, brutalidade e abusos, mas vindo de uma eleitora fanática do Mijair Bolsoshower não surpreende.

Anônimo disse...

A espécie humana vai ter que escolher entre o esgotamento dos recursos naturais e o caos social e o controle da reprodução irresponsável que acontece agora.
Ser pai e mãe não é só colocar no mundo, vc tem que se responsabilizar emocional e financeiramente pelos seus filhos. O estado tem que fazer a parte dele, com creches escolas de qualidade.
A minha esperança é que as mulheres entendam que podem e devem escolher entre ter ou não ter filhos . Quando a maioria das mulheres entenderem isso as coisas podem começar a mudar. Parar de responsabilizar só as mulheres pelo nascimento descontrolado de crianças também é importante, homem tem que responder pelo que faz( mas isso eles não querem, pretendem culpar sempre só as mulheres por um problema que é deles também).

Anônimo disse...

Infelizmente pra vc, eu sou mãe de uma adolescente de 16 anos, que tem projeto de seguir carreira na Engenharia militar. Para isso, está sendo moldada para suportar as adversidades e dificuldades de uma academia militar; e também sou mãe de um lindo filhote de 10 anos, que, pela idade, ainda não tem noção de qual caminho trilhará na vida. Porém, a educação de ambos foi construída para que eles sofram menos na vida e sejam independentes ao resolver seus problemas. Repense seus conceitos, amiga.

Anônimo disse...

O filho será o reizinho e a filha está lascada com uma mãe cruel, fria e desumana. A mania de tratar o filho como um ser superior e a filha como um detalhe. Empatia é frescura e respeito conquistado na base do medo, mas uma hora o medo acaba. Não tive filhos para não transferir dívidas, mas sua filha é herdeira do vazio, cruel e tirânico, pobre dela, por isso muitos idosos são esquecidos em asilos ou casas de repouso pelos filhos.

Anônimo disse...

Resumindo: é possível educação rígida sem violência.

Anônimo disse...

... se a vida é tão horrorosa como vc afirma, então por que botou dois filhos no mundo?

titia disse...

" Nessa hora vcs vão querer que eles tivessem sido moldados/educados na educação da varinha". A solução pra dureza da vida é mandar os filhos pra Hogwarts, agora?

O tipo de gente que diz essas merdas simplesmente não se manca que a vida é dura e terrível justamente por causa DELES, desse pensamento bosta que eles perpetuam e dos filhos que criam com essas mesmas ideias tortas. Nããão, não vamos ensinar as crianças a serem pacíficas e respeitadoras, não vamos ensinar a não-violência (pq esses putos ainda acham que violência e força são sinônimos e indissociáveis, CARALHO!), vamos ensinar todo mundo a continuar sendo uns selvagens violentos de merda e depois reclamar que nada muda. Alguém trás de volta os neandertais porque o homo sapiens é uma falha evolutiva.

Anônimo disse...

Kala boka maxinho vc não tem lugar de fala aqui. Vaza

Anônimo disse...

Porque uma vida sem filhos, podendo os ter, é uma vida vazia, egoísta e um desperdício de recursos naturais com uma árvore que não dará frutos. Se todos pensassem assim, a humanidade desapareceria em uma geração. É errado.

Anônimo disse...

Os pais devem criar os filhos até no máximo 1 ano de idade. Depois disso as crianças devem ser entregues ao estado para receber a educação correta e treinamento na luta anti capitalista. E nunca mais poderão ter contato ou mesmo conhecer seus pais biológicos. O único pai é o estado e a única mãe é a revolução.

Anônimo disse...

Observe quem menciona sobre vazio,egoísmo,desperdício e erros, um ser perverso, adepto da crueldade e que deixará como herança a tirania.

Anônimo disse...

19:05... seriam os Gulags Russos? Ou o militarismo de Esparta?

Hele Silveira disse...

À época da infância, eu tinha duas alternativas: sermão da minha mãe (que durava cerca de 3 horas e uma nova "pregação" a cada vez que ela se lembrava do assunto, podendo se lembrar do mesmo anos depois e repetir o falatório repleto das palavras mais frias, calculadas para humilhar) ou surra do meu pai (dada com todas as forças durante 5 minutos, mas o problema morria ali). Nem dava para saber o que era pior mas a uma conclusão, com certeza, cheguei: pais que agem dessa forma sabem MUITO BEM onde querem chegar. Querem se colocar emocionalmente inacessíveis, indisponíveis às demandas emocionais dos seus filhos. A "vara" serve para limitar o quão perto se deixa o filho chegar. Liberdade para conversar? Acolhimento? Nem fodendo! A "vara" "poupa" trabalho de quem, na verdade, nunca quis tê-lo mas gostou de usar os filhos na construção da sua hipocrita máscara social. A "vara" é sobre poder, controle, jogos sujos. É sobre usar o nome de Deus pra chancelar crueldade. É sobre como o ser humano pode fazer QUALQUER COISA para estar num lugar de "autoridade", inclusive enfiar palavras na boca de Deus. Nojo eterno de quem defende a vara, seja ela de árvore ou de língua!

Anônimo disse...

20:57, sua frase não tem sentido. Vc não soube se expressar e ninguém entendeu o que quis dizer. Por favor reescreva a frase com sujeito e predicado para que possamos entender.

Anônimo disse...

Anônimo das 07:59 cinismo faz parte do conjunto de adjetivos de um ser perverso. Você sabe muito bem.

Anônimo disse...

Helen Silveira estas pessoas acreditam em algo que temem, idolatram e amam o medo e isso se transforma em tirania, perversidade, prepotência, arrogância, presunção, por isso o tratamento com os filhos vem com este tipo de molde, atitudes, conduta. Basta ler algumas partes da bíblia como Juízes, Êxodos, Eclesiastes para saber a base. Amam um deus que temem, ter amor pelo medo é estupidez e limitação, porém o deus de muitos é cruel, vingativo, contraditório, tirano e isso é estendido para as relações "humanas " , principalmente entre pais e filhos. Existem quem age assim no trabalho? Escola? Sim, mas geralmente parte de quem tem algum poder, autoritarismo sobre outras pessoas, pode ser pela força na vida escolar ou no sentido financeiro nas relações profissionais.

Anônimo disse...

Esse mascutroll se fingindo de mulher sem noção é uma constante aqui, pobre inútil descerebrado,

Anônimo disse...

Esse 19:05 é o mascutroll inútil que vive por aqui tentando tumultuar , sugiro ignorar os comentários inúteis dele.

Rafael disse...

É uma mentira que surras "criam caráter" assim como bulling fortalece as pessoas, bater nada resolve, só deturpa a personalidade.

titia disse...

09:45 pior que um monte de gente lê a Bíblia e esquece que nem tudo ali foi orientação divina, muito daquelas leis e regras sociais presentes no Velho Testamento foram inventadas por homens baseados em seus próprios preconceitos e costumes. O próprio Paulo, já no Novo Testamento, admite que não tem nenhuma orientação divina a respeito do casamento, por exemplo, e tudo que ele fala sobre celibato é só a opinião dele próprio. E o livro do Eclesiastes, que a maioria dos crentes finge que não existe, fala com todas as letras que é melhor não nascer a nascer pra viver uma vida triste e sem realizações. A verdade é que os religiosos apenas usam Deus como justificativa pras próprias babaquices e maldades, e estão pouco se lixando para o que Jesus pregou de verdade.

18:15 ué a humanidade já fez centenas de espécies desse mundo desaparecerem, e continua fazendo isso até hoje. Foi por causa da humanidade moderna, aliás, que outros seres da espécie homo (como os neandertais e o cro-magnon) desapareceram. Por que seria errado a RAÇA humana atual desaparecer quando essa mesma racinha estúpida já fez desaparecer até os outros indivíduos da própria espécie? Sem contar os animais que podem se reproduzir mas as pessoas castram e impedem de procriar para não virarem pragas ou não sofrerem com abandonos nas ruas. Fazem até mesmo com sere shumanos, principalmente pobres e doentes mentais. Deixar de procriar voluntariamente é errado e forçar outras espécies (e pessoas) a não procriarem é correto? Oi? Cadê a porra da coerência?

E esse relincho do 18:15 (um mascu que nunca transou sem pagar e com ZERO possibilidade de ter filho um dia) é o nível em que o patético ego humano chega, achando que é importante demais pra desaparecer enquanto é apenas mais um reles animal indelevelmente preso ao ciclo natural que se não controlar a própria população vai ser extinta, como qualquer outra praga. Nem tenho palavras pra descrever o quanto isso é patético.

19:05 que comentou de novo às 23:50 só pra tentar fazer parecer que havia outra pessoa tão imbecil no mundo, vai lavar umas cuequinhas freadas.

Kasturba disse...

Somos uma geração de pessoas ansiosas e deprimidas, que precisam de café pra acodar, álcool pra se divertir e rivotril pra dormir, mas que juram de pés juntos que apanharam quando crianças e isso não lhes fez mal algum...

Anônimo disse...

Muito blábláblá pra pouco sentido e nenhuma sensatez/racionalidade. Quem bate em criança o faz por frustração, excesso de ódio, incompetência para educar um ser em formação e muito menor, mais vulnerável e mais frágil que você; alguém que precisa de cuidados, proteção e compreensão, principalmente. Bater em criança -- ou até mesmo gritar, intimidar/aterrorizar, estressar, sobrecarregar, etc. -- prejudica imensamente a saúde e o desenvolvimento da criança, além de ser um atestado de incapacidade e covardia por parte de quem agride; não tem nada de correto ou de moral nisso -- só se for falha de moral e de caráter.

Kasturba disse...

A violência contra a criança não se resume só a fatos extremos como agressão física. Na realidade, a grande maioria das crianças sofre violências diariamente (mesmo as que vivem em lares "amorosos"), em nome de serem educadas.
É violência contra a criança não respeitá-la enquanto indivíduo, possuidor de vontades próprias, ideias proprias e vida própria. Criança não é robô, pelo contrário, é um ser curioso por saber como o mundo funciona, e questionador por sua própria natureza. Essa obediência cega e sem questionamentos qur muitas vezes se espera de uma criança, é totalmente contra sua natureza, e forçá-la (por meio de recompensas, castigos e punições físicas) é uma violência enorme contra a criança.
São também violência:
- forçar a criança a emprestar tudo (qual adulto empresta seu computador, seu carro, suas roupas pra um desconhecido numa boa? Por que achamos certo obrigar a criança a fazer isso?)
- forçar a criança a abraçar e beijar desconhecidos (isso é uma violação ao seu corpo)
- forçar a criança a comer tudo, sempre (que adulto não tem dias que tem mais ou menos apetite? Por qur a criança não pode ter esse comportamento natural?)
- forçar a criança a ficar "quietinha" durante horas em um programa de adultos (criança não é adulto, fica entediada muito mais rápido, e não sabe lidar com isso. Cabe ao adulto respeitar)
Entre tantos outros.

Uma boa parcela dos adultos somente se dirige pras crianças para dar ordens ou fazer proibições. E acham que são "bons pais" (ou avós, tios, padrinhos, etc) pq estão "educando". Mas se esquecem que as crianças são serem humanos também. Merecem ser tratadas de maneira respeitosa. Merecem que os adultos à sua volta dediquem algum tempo para comversar de verdade com ela (e nao somente dar ordens), explicando algo, fazendo perguntas e principalmente ESCUTANDO com atenção o que aquela criança tem a dizer.

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Exatamente, Kasturba!
Comentário perfeito :)

Anônimo disse...

Desculpa Kasturba, mas tem um motivo para as crianças serem legalmente incapazes, não poderem assinar contratos e nem se autotutelarem: são imaturas, não sabem o que é melhor pra elas e só pensam no futuro imediato. Como as crianças vão aprender a ter empatia se os pais não mandarem os que não querem a emprestar as coisas? Se os pais não mandarem as crianças comerem verduras, eles vao querer só comer besteira nada saudável e pais tb precisam ter vida social, você acha que eles devem se anular e não ir em eventos depois que tem filhos? Ou todos no ambiente tem que aguentar uma criança má educada que faz tudo que quer? Tudo bem não bater nas crianças, mas deixar a criança fazer tudo que quer é errado também.

Felipe Roberto Martins disse...

Uma sociedade totalitária - com tendências fascistas - reproduz pessoas totalitárias e fascistas; sinto que estamos rompendo com esta sociedade a fim de uma sociedade mais humana, justa, equilibrada na razão e na emoção.

titia disse...

11:56 crianças são legalmente incapazes mas não estúpidas, é perfeitamente possível ensinar a criança a ser respeitosa e ter empatia sem ficar bancando o ditador doméstico mequetrefe. Por que você quer obrigar a criança a emprestar absolutamente tudo, se tem coisas que você adulto não empresta de jeito nenhum? Por que mandar a criança comer verdura ao invés de você mesmo começar a comer pra dar exemplo (pq quem manda criança comer verdura em geral é quem só come porcaria e não quer mudar os próprios hábitos)? Pais que querem ir a eventos sociais não adequados pra criança sempre podem contratar babá, deixar um dia com a avó, pagar a entrada de um parque de diversões pra criança ir com os tios, etc. Por que arrastar a criança sem necessidade? Só pra estragar o dia de todo mundo? Pra ostentar a criança, como se ela fosse um atestado de virilidade ou um troféu de parideira?

O que eu mais vejo nessas reclamações de "Ain, mas criança não sabe nada, como eu vou ensinar a se comportar se não aplicar alguma violência?" é que esse mimimi vem de gente que não serve de exemplo nem pra um cachorro. Gente que se porta mal, come mal, tem atitudes vulgares em público, não sabe se comportar em eventos e tem péssimos hábitos-e que não quer mudar a fim de ser um bom exemplo pra criança. Gente que finge que não sabe que criança aprende muito mais por observação e imitação do comportamento dos pais do que por sermões hipócritas e surras, e que não quer sair da sua bolha confortável de maus comportamentos pra orientar a criança. Acha que só castigar e dizer que é errado sem adequar o próprio comportamento ao que quer ensinar à criança funciona. Por isso que reproduzir-se devia deixar de ser um direito e voltar a ser o que a natureza projetou, um prêmio a ser conquistado por quem tem capacidade de fazer as coisas.

Kasturba disse...

Não acho que a criança deve fazer "tudo o que quer", mad também não acho saudável a criança não poder fazer nada que o adulto não quer que ela faça (na maioria das vezes por puro comodismo).
Sobre a questão de emprestar: é muito mais importante ensinar a um filho que ele deve respeitar o direito de outra criança a não querer lhe emprestar algo, do que força-la a emprestar. Até porque, lá pelos 4 ou 5 anos, qiando a criança começar a se interessar por brincar com outras crianças, ela vai aprender naturalmente a ceder seus brinquedos para que a brincadeira em grupo siga seu rumo. Sobre empatia, considero muito, mas muito mais proveitoso estimular a criança a DOAR o que já não está mais em uso pra outras crianças carentes, do que simplesmente tomar um brinquedo das mãos dela (que estará furiosa e provavelmente chorando) e entregar pra uma criança desconhecida.
Sobre a questão da alimentação: se os pais não oferecerem "porcarias" pros filhos enquanto estiverem desenvolvendo o paladar, não vão nunca precisar forçar a criança a comer salada. Meu filho tem 8 meses, e ama gritas e legumes. Ama. Até berinjela e jiló ele come (nem eu gosto de jiló). Mas eu NUNCA dei industrializado nem açúcar pra ele, e pretendo seguir assim durante muito tempo. Mas alguns adultos acham mais prático dar biscoito e nescau pra um bebê em vez de se dar ao trabalho de cozinhar legumes, e depois fica se perguntando por que a criança só quer porcaria...
Sobre vida social, sim, não achp que os pais devam se anular, mas deve, sim, haver um equilíbrio respeitoso. Não tenho muito o que falar aqui, pois eu ainda não atingi esse equilíbrio. Por enquanto eu não saio mesmo, pois meu bebê dorme cedo, e até hoje mama a cada 2 ou 3 horas, então eu simplesmente não saio de casa e ponto. Minha vida social é ir ao mercado. Mas ele é novinho, e certamente à medida que for crescendo eu vpu começar a sair sim. Mas, nesse caso, cabe bom senso. Ambos (criança e adulto) tem que ceder um pouco. Ficar 3 horas sentado quietinho em um restaurante enquanto adultos conversam assuntos de adultos é praticamente uma tortura pra uma criança...

Amanita disse...

Papai só deseja o melhor para o Papai, ou seja, paz e tranquilidade, satisfazer sua ilusão de dignidade (“respeito”), uma boa imagem de si mesmo (status) e a oportunidade para controlar e manipular os outros, o que se chamará “dar orientação” se ele for um pai “moderno”. Além disso, ele deseja sexualmente a sua filha: entrega sua mão em casamento, o resto é para ele. Papai, ao contrário da Mãe, nunca cede para suas crianças, pois deve, por todos os meios, preservar a imagem de decidido, dotado de firmeza, de força e de razão contínuas. Nunca fazer o que se tem vontade leva a uma falta de confiança em si e na própria capacidade para lidar com o mundo, e a uma aceitação passiva do status quo. A Mãe ama suas crianças, ainda que às vezes se irrite com elas, mas a raiva se dissipa rapidamente e, mesmo enquanto perdura, não impede o amor nem uma aceitação profunda. Papai, emocionalmente doente, não ama suas crianças: as aprova se são “boas”, ou seja, se são agradáveis, “respeitosas”, obedientes, subservientes a sua vontade, quietinhas, e enquanto não provoquem inoportunas alterações de humor sempre tão desagradáveis e nocivas para o sistema nervoso masculino de Papai, facilmente perturbável – em outras palavras, se são tão passivas quanto vegetais. Se não são “boas” – e se ele é um pai “moderno”, “civilizado” (às vezes é preferível o bruto furioso delirado e antiquado, a quem se pode facilmente desprezar por ser tão ridículo) – Papai não se irrita, mas expressa sua desaprovação, atitude que, diferente da raiva, persiste e impede a aceitação profunda, deixando na criança um sentimento de inutilidade e uma obsessão por aprovação que durará por toda a sua vida; o resultado é o temor ao pensamento próprio, pois este leva a opiniões e modos de vida não convencionais, desaprovados.

Se a criança deseja a aprovação paterna, deve respeitar o Papai, e dado que Papai é um lixo, o único meio para ele garantir que é respeitado é mostrar-se distante, inalcançável, e agir segundo o preceito de que “a familiaridade gera o desprezo”, preceito que, com certeza, é certo, se você é desprezível. Comportando-se de maneira distante e indiferente, ele pode permanecer como um ser desconhecido, misterioso, e, portanto, inspirar medo (“respeito”).

A desaprovação das “cenas” emocionais produz o temor por emoções fortes, o temor à própria raiva e ao ódio, e o temor a encarar a realidade, já que encarar a realidade leva inicialmente à raiva e ao ódio. Este medo, combinado à falta de confiança na própria capacidade de enfrentar o mundo e mudá-lo, ou até de afetar ainda que seja minimamente o próprio destino, conduz à crença estúpida de que o mundo e a maioria das pessoas que vivem nele são boas, e que os entretenimentos mais banais e triviais são uma grande diversão e produzem um profundo prazer.

Kasturba disse...

Ainda sobre a questão de ir a eventos, novamente não acho que os pais precisem se anular, mas é bem o que a titia falou mesmo: criança não é troféu nem bolsa cara pra ficar sendo carregada com o único objetivo de ser exibida pelos pais. Se o programa que os pais pretendem fazer não é adequado para crianças (e aí estão incluídos passeios extremamente entediantes pro público infantil) então os pais não devem levar a criança. Simples. Arranja babá, vovó, titia, se revezem pra passear, ou inventem um programa com algum atrativo infantil. Abrir mão de algumas (ou muitas) coisas faz parte de ser pai, e é por isso mesmo que a decisão de ter um filho deve ser tomada de forma muito racional, depois de se pensar muito e pesar prós e contras. É responsabilidade do adulto zelar do bem-estar da criança, e é extremamente desgastante pra uma criança ficar horas "quietinha".

Se formos parar pra pensar, nossa sociedade tem muito mais consideração por cachorros do que por crianças. Tem 6 anos que eu não sei o que é acordar tarde, inclusive aos fins de semana - mesmo depois de passar a noite em festa bebendo, estudando, trabalhando, ou mais recentemente amamentando - simplesmente porque há 6 anos resolvi arranjar uma cachorra, e é minha responsabilidade como tutora levá-la para passear cedo. Todo mundo acha isso super natural, e acharia uma irresponsabilidade e mesmo crueldade minha não me levantar cedo pra levar minha cachorra pra passear. Mas se fosse por um filho, aí seria um absurdo, pq a criança tem que saber se comportar e ficar caladinha deixando os pais dormirem até a hora que bem entenderem.
Já teve algumas vezes tb que eu queria passar um fds ou feriado fora, mas acabei desistindo do passeio pq iria ficar muito caro pagar hotelzinho pra cachorra, e passei o fds/feriado em casa, e todo mundo acha normal. Agora se eu deixar de ir num passeio adulto pq to sem dinheiro pra pagar babá pra cuidar do meu filho, aí é um absurdo, como assim vou deixar de ir por causa da criança, deveria levar a criança junto e exigir que ela se comportasse como uma estátua.

Kasturba disse...

Ps.: não tenho nada contra tratar bem os cachorrinhos. Acho que quem quer tutelar um animal, deve, sim, assumir as obrigações e partes chatas que vêm no pacote. Animal não é brinquedo e deve ser tratado com carinho, paciência, cuidado e respeito.

Mas todo esse carinho, paciência, cuidado e respeito deve ser dado (em muito maior grau) às crianças também. Criança tem necessidade de correr, de mexer, de perguntar, de espiar, de provar. É da sua natureza, e assim como quem não suporta ouvir latidos não deve ter um cachorro, quem não suporta atitides naturais de crianças, não deve ter filhos.

E voltando ao tópico sobre empatia: a melhor forma de ensinar empatia a uma criança, é demonstrando empatia para com ela.

Kasturba disse...

E sem querer me estender demais (mas já me estendendo, porque sou mãe recente então esse assunto muito me interessa e empolga), mas existem, sim, ocasiões em que a criança vai ter que "se controlar", como por exemplo se ela tiver que ir a um hospital. Certamente esse não é um ambiente onde a criança deva estar "livre" para brincar e explorar, e aí sim deve permanecer "quietinha". Mas é um caso excepcional (como podem existir outros), de necessidade real, e não simplesmente por comodismo dos adultos.
E é muito mais fácil uma criança que não é podada o tempo todo entender e respeitar um ambiente excepcional, do que uma criança que ouve o tempo todo "fica quieta, cala a boca, senta, pára, etc" respeitar. Essas últimas são bomba-relogios, que por estarem o tempo todo sendo reprimidas, acabam "estourando" em algum momento, e ainda são taxadas de "birrentas" ou "mimadas"...
Se alguém tem dúvidas disso (de qual criança é aquela que se joga no chão do mercado: a que é reprimida ou a que é livre pra ser criança na maior parte do tempo), leia um pouco do trabalho de Maria Montessori que ela aborda muito bem sobre isso.

Kasturba disse...

Amanita, não gosto muito da generalização de "pai egoísta" e "mãe amorosa". Conheço muitas exceções, e minha família é uma delas.
Sempre considerei minha mãe amorosa, mas desde que fiquei grávida (há 1 ano e meio, mais ou menos), mudei muito minha opinião sobre ela. De mãe carinhosa, ela passou a ser completamente competitiva comigo. Não perdia nenhuma opprtunidade pra me diminuir e desestruturar, taxando tudo o que eu fazia ou falava de errado. Hora eu era a "mãe desleixada", hora eu era a "mãe exagerada super protetora", mas nunca, nunca eu era a mãe fazendo algo bom pelo seu futuro filho. Tudo o que ei fazia era (e ainda é) errado, aos olhos dela. Minha gravidez, que era pra ser um momento único e feliz na minha vida, se tornou triste em vários momentos graças à minha mãe. Ela me ajudou pouquíssimas vezes desde que meu filho nasceu, e jogou na minha cara a ajuda qur me deu na primeira oportunidade. Me entristece demais ver a forma que minha mãe está me tratando desde que eu me tornei mãe, principalmente pq não consigo entender porquê ela tem agido assim.
Ao contrário dela, meu pai sempre se mostra carinhoso, preocupado, e sempre prestativo pra me ajudar. Ele só não me ajuda mais porque minha mãe acharia ruim e eles acabariam brigando (e eu nem peço nada a ele, pq não é minha intenção criar mais problemas do que os que já existem no casamento dos meus pais)

Anônimo disse...

Sim, tem muita mãe por aí que não é muito melhor do que um papai... algumas parece que se esforçam pra ser bem piores, na verdade.