quinta-feira, 1 de junho de 2017

O JORNALISMO QUE DENUNCIA O PRECONCEITO NO ESPORTE REVOLTA OS INTOLERANTES

Bem que podia ter uma faixa dessas para mulheres no jornalismo esportivo. Infelizmente, é uma provocação homofóbica a um time de futebol masculino

Jamille Bullé é estudante de Jornalismo na UFRJ e atua no Globo Esporte e no Combate. Ela já colaborou com outro (ótimo) texto para este bloguinho. Este é seu segundo guest post.

No último sábado, o Vasco recebeu o Fluminense, em São Januário, para o primeiro clássico carioca no Brasileirão deste ano, mas que acabou ficando manchado por um motivo lamentável. Maioria absoluta no estádio, com 90% da carga de ingressos, os donos da casa prepararam uma "recepção" aos tricolores. Além das provocações com a disputa da Série C, em 1999, pelo clube das Laranjeiras, os cruz-maltinos fugiram do âmbito esportivo e apelaram para as ofensas homofóbicas, que, infelizmente, acompanham o Tricolor há alguns anos. Frases como "bem-vindas, venenosas" e placas de "feminino", tudo na cor rosa, foram colocadas no setor visitante do estádio. 
Diante dessas atitudes lamentáveis, usei o Twitter para criticar as ações dos vascaínos. Como se a intolerância de parte dos cruz-maltinos não fosse suficiente, recebi respostas de usuários indignados com o meu posicionamento, a mais acalorada vinda de um flamenguista, por incrível que pareça. Fiquei surpresa, mas quando o assunto é machismo, a "broderagem" supera até mesmo a rivalidade futebolística. 
O futebol é um ambiente onde preconceitos continuam presentes, e qualquer medida para removê-los é vista por boa parte dos torcedores como algo que "estraga" o esporte. Os estádios, arenas e ginásios são vistos como um “universo paralelo”, uma verdadeira terra sem lei. Quem nunca viu um pai ou uma mãe deixando a criança xingar durante uma partida? “Mas é só aqui dentro do estádio, lá fora não pode”. É o local onde deixam transparecer alguns dos pensamentos e atitudes mais primitivos, inadequados e condenáveis. Isso inclui machismo, racismo, homofobia, xenofobia e outros preconceitos. Há muito torcedor que vai ao estádio para se comportar como um animal selvagem, agir de uma maneira extremamente condenável por boa parte da sociedade, mas que acaba sendo aceita dentro desse perímetro esportivo.
Por ser algo presente há tanto tempo na cultura futebolística, as urgentes mudanças acabam encontrando muita resistência, por isso é de extrema importância o posicionamento na luta contra o preconceito, e isso inclui torcedores, clubes, federações, atletas e, claro, jornalistas. No entanto, muitos acabam remando contra a maré. Talvez seja por isso que a tarefa de ser uma jornalista que busca combater, dentro do possível, as formas de opressão, ainda mais explícitas no esporte, seja tão mal recebida pelo público. 
O xingamento gratuito que recebi é só uma pequena amostra da intolerância que persiste na área esportiva. Além de não suportar que a homofobia deixe de ser tratada como parte do futebol, o usuário também mostrou que não admite que uma mulher dê opinião sobre o esporte, tanto que o rapaz, que é mais novo que eu, não é jornalista e não atua na área do esporte, afirmou que eu teria “chance zero no jornalismo esportivo” se pensasse dessa maneira. 
Em seguida, disse que iria “me ajudar”, e deu as instruções para eu mudar de pensamento e, consequentemente, “me dar bem como jornalista”. Eu sou estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na UFRJ, que alcançou a liderança na qualidade de ensino do curso no ranking da Folha, e atuo no maior site de notícias sobre esporte do país. Mas ele continua achando que tem condições de me ensinar coisas sobre a área. Mansplaining é corriqueiro quando atuamos como jornalistas, mas esse é um papo para outro texto.
Apesar de todos os pequenos obstáculos que aparecem no caminho, continuo firme, usando as armas que estão ao meu alcance, na batalha por um ambiente mais democrático e respeitoso no futebol e no esporte, de uma maneira geral. É uma briga que compro todos os dias, seja em casa, no trabalho, no campo, na arquibancada, nas ruas ou nas redes sociais. 
Mesmo sendo apenas uma "formiga operária", consigo ver como a minha militância conseguiu mudar, mesmo que um pouco, o pensamento das pessoas ao meu redor. Pode parecer que somos uma voz solitária, mas se eles, com todas as diferenças, se unem para propagar o ódio, nós, que temos em comum o ideal da busca pela igualdade, juntos, temos condições de ser ouvidos, abafar os gritos de intolerância e ganhar força na luta pela promoção da mudança que tornará a nossa sociedade mais igualitária e justa. 

22 comentários:

Anônimo disse...

futebol é pura alienação

a fifa arranca dinheiro dos otários e eles gostam

e o neymarketing é um bosta

Anônimo disse...

torcedor de futebol é meio sequelado, conheço e tenho relatos de vários jogadores nacionais e internacionais q pegam outros jogadores, não é "raro" não

é muito comum isso desde os esportistas da grécia antiga, mas o brasileiro q tem a mente de um macaco não raciocina

Anônimo disse...

Pessoas que não frequentam estádio querendo pautar e comportamento de quem vai.

Anônimo disse...

"futebol é pura alienação" (2)

Anônimo disse...

o mundo do futebol é escabroso, tem abuso sexual infantil, os jogadores passam por programação monarca, tem roubo, corrupção, e um bando de acéfalos contribuindo pra isso tudo

Anônimo disse...

Lola gostaria de sugerir um post sobre o caso do Danilo Gentili e Maria do Rosario

Anônimo disse...

Há uns posts atrás, chamar a outra mulher de piranha estava dentro de um CONTEXTO, o que legitimaria a atitude.
Agora no CONTEXTO do futebol, não se pode fazer brincadeiras provocativas sobre o rival (o que por sinal são sempre levadas na esportiva)(porco do palmeiras = Pepa)(gaviões do corintians = galinha)(fluminense = florminense), senão será atitude homofóbica, racista, machista, fascista, flamenguista rs.
Ou seja, o contexto pode servir como pretexto para te legitimar ou te execrar. O que vai depender aí, na maioria das vezes, é de quem as exala.

Anônimo disse...

16:00 o contexto de uma mulher pra outra, seu idiota

não de um anencétero para um gay, seu imbecil

a sua cabeça é tão sequelada, q vc não entende nem o básico

Anônimo disse...

futebol é um lixo, só babacas assistem e dão dinheiro pra essa bosta

os diretores da fifa agradecem, otários

Anônimo disse...

"os jogadores passam por programação monarca"

Googlei pra ver o que era programação monarca e WOW!

Como infelizmente o mundo de hoje está provando que nem toda teoria da conspiração é só teoria, vou passar a prestar atenção nisso aí.

Anônimo disse...

Não vejo muito sentido combater a cultura tóxica do esporte somente dentro de espaços confinados se ela é apenas o reflexo do que se vive no mundo cotidiano.

Nossa cultura É tóxica. É machista, é sexista, é homofóbica, é transfóbica.

O que nós podemos fazer é exatamente o que essa jornalista fez, falar sobre o assunto, dar voz à discordância. Assim, mais pessoas que discordam acabam propagando essa voz, acossando os vermes de sempre. Mas isso tudo leva muito tempo e requer uma estratégia que movimentos mais progressistas ainda não conseguiram desenvolver.

Anônimo disse...

"futebol é um lixo, só babacas assistem e dão dinheiro pra essa bosta" (2)

titia disse...

Sempre achei futebol uma droga. Agora, tenho certeza de que futebol É uma droga.

E você vê o quanto esse mundo está perdido quando um piá que nem completou o ensino médio quer dar lição de jornalismo a quem estuda numa das instituições mais conceituadas e já está escrevendo.

Anônimo disse...

Os tiranos daqui se tivessem poder iriam querer proibir o futebol.
Pq vcs gostam de controlar todos os aspectos da vida das pessoas?

Anônimo disse...

" Mas isso tudo leva muito tempo e requer uma estratégia que movimentos mais progressistas ainda não conseguiram desenvolver. "

Falta mesmo estratégia.

Imagina que sou um homem e adoro futebol. Vem alguém e diz que futebol é coisa de lixo. Mas eu gosto de futebol e não de quem tá me acusando de ser lixo. Obviamente, vou parar de dar ouvidos à pessoa e continuar apegada ao meu gosto.

Além de não ajudar a resolver o problema você acaba piorando ele com um discurso ruim desses.

Vivemos em um momento de franca polarização social mas como se diz, sempre dá pra piorar um pouquinho mais né não?

Fora que tem gente que finge engajamento só pra ter oportunidade de agredir pessoas. Esses ajudam pacaraleo mesmo.

donadio disse...

Eu gosto de futebol. Pelo menos, neste momento, em que o Grêmio acaba de despachar o Fluminense em pleno Maracanã. Quando o Grêmio perde, me reservo o direito de achar que futebol é um jogo idiota em que 22 imbecis correm atrás da bola, enquanto outro imbecil sopra um apito, e mais outros dois imbecis correm pra frente e pra trás segurando uma bandeirinha e fazendo de conta que tem um campo de força que os impede de cruzar a linha lateral. Coerência é pra coisa séria.

Mas mesmo gostando de futebol, e mesmo o Grêmio estando em boa fase, sou capaz de diferenciar as coisas. Gostar de futebol não é necessariamente gostar de xingar os jogadores do outro time, nem dar vazão à homofobia ou ao racismo. Se alguém não é capaz de diferenciar as coisas, e acha que para gostar de futebol tem que ser homofóbico, ou que para não ser homofóbico tem que detestar futebol, paciência. A burrice é universal, não escolhe raça, credo, ou partido político (tem, é verdade, uma certa predileção pelo Internacional, mas aí já estamos fora do campo da coerência e segurando bandeirinhas).

Anônimo disse...

Futebol é uma babaquice!! Quem perde tempo com ele é babaca seja homem ou mulher.

Ele foi desenvolvido na Inglaterra para diminuir as práticas homossexuais dos garotos classe alta, que moravam em colégios internos, e para frear a masturbação. Homofóbico e repressor.

Depois foi abraçado por governos do mundo todo para manipular pobres fudidos.

Eu iria admirar essa jornalista se ela escrevesse contra o futebol.

Por causa de Copa do Mundo, bilhões foram roubados.

Anônimo disse...

Futebol é uma coisa linda, ele tem grupos de assassinos, mafiosos disfarçados de dirigentes, uma plateia demente.


http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/08/deportes/1494227993_758874.html?rel=mas

donadio disse...

Pronto. Um troll sinalizou claramente qual é a linha a ser seguida para desmoralizar a discussão. Imediatamente três outros trolls se aprestaram a seguir a linha. Vamos demonizar o futebol, pessoal! Assim a gente demonstra como a Lola, o feminismo, a esquerda, etc., são ridículos e só "fingem engajamento a fim de agredir pessoas".

Mas quem dizia "não vai ter Copa", mesmo?

Anônimo disse...

torcidas repletas de homens q vivem se matando

daí no relatório anual a maioria dos mortos são homens e os maxos querem por a "culpa" nas mulheres

sai pra lá, seus dementes, vcs não enganam ninguém não

donadio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Sem falar nos bilhões de roubalheira por causa dos estadios da copa.