segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

E O NELSON RODRIGUES, HEIN?

A Mariana perguntou:

"Primeiramente gostaria de te agradecer. Obrigada por escrever. Me sinto feliz lendo seus textos pois me dão esperança de acreditar que ainda há esperança. Estou te escrevendo agora para falar de um assunto, um sujeito. Um sujeito morto, enterrado e louvado por todo mundo.
Nelson Rodrigues.
Eu namoro um ator, então fui mais do que apresentada à estupidez de Nelson Rodrigues e afins. Mas o que me incomoda é: ninguém contesta o que esse imbecil disse.
A única coisa que encontrei na internet questionando a superioridade indiscutível desse babaca foi a ex-ministra Iriny Lopes, que disse: 'Nelson Rodrigues já morreu. A obra dele está aí, feita e refeita. Com releitura, sem releitura. Mas nenhuma 'mulher gosta de apanhar' (referência à célebre frase do escritor: 'Toda mulher gosta de apanhar. Todas não, só as normais'). Nem hoje nem naquela época. Mas, naquela época, as mulheres não tinham voz suficiente para dizer: 'Eu não gosto de apanhar.' Ninguém gosta de apanhar, e por que a mulher gostaria?'
Mas ela é criticada, Lola! Não se pode ir contra as coisas que esse cara escreveu sobre a mulher sem ser apedrejada.
Tem coisas absurdas na internet, tão absurdas quanto o que Nelson Rodrigues dizia. E o assustador é que isso reflete a opinião da maioria. A maioria que assiste Faustão e Pânico. O que fazer? Qual a sua opinião a respeito? Você já escreveu sobre Nelson Rodrigues?
'As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.' (Nelson Rodrigues)."

Minha resposta: Muita gente pede a minha opinião sobre Nelson Rodrigues. E é uma opinião que eu tenho de muita gente talentosa: como _____ [insira aqui a profissão da pessoa em questão], ela foi incrível, genial. Como pessoa, uma droga. 
Tem um montão de gente que discorda de mim nisso, que acha que, se uma pessoa carrega uma mácula terrível demais em sua vida, sua obra deve ser boicotada, descartada. Um bom exemplo é o diretor Roman Polanski que, há quase quatro décadas, estuprou uma menina de 13 anos. O que ele fez é horrível, sem dúvida, mas, pra mim e pra muita gente (como os votantes do Oscar, que lhe deram uma estatueta em 2002 por O Pianista), é possível detestá-lo como pessoa e ainda assim amar vários de seus filmes, como Chinatown e O Bebê de Rosemary
Eu já escrevi bastante sobre quanto tempo é necessário para "perdoar" (ou seja, para voltar a dar uma chance às obras) de uma celebridade que fez algo imperdoável na sua vida pessoal. A resposta, óbvio, depende de cada um. E depende da importância do artista. Pra mim, ignorar um célebre machista como Jece Valadão (apesar d'ele ter sido um bom ator de várias peças de Nelson) é meio fácil. É o tipo de celebridade que é a sua própria obra, tipo Danilo Gentili.
Eu adoro Nelson Rodrigues, o escritor. Devo ter lido pelo menos dez de suas 17 peças teatrais (amo Perdoa-me por me Traíres, Vestido de Noiva, O Beijo no Asfalto, Toda Nudez Será Castigada, Os Sete Gatinhos, Álbum de Família). Li seu delicioso folhetim Meu Destino é Pecar, assinado pelo pseudônimo Susana Flag. Devorei os picantes A Vida como Ela É e Engraçadinha anos antes d'eles terem sido filmados pela Globo. Li também O Anjo Pornográfico, excelente biografia que Ruy Castro escreveu sobre ele. 
Embora muita coisa na obra de Nelson seja machista e datada, nada se compara ao que ele foi em sua persona, na sua figura pública. Lendo O Anjo, pode-se ver que ele teve uma vida miserável. Seu irmão foi assassinado na sua frente na redação do jornal em que ambos trabalhavam, e seu pai, também jornalista, morreu de desgosto alguns meses depois.
Nelson sempre foi um reaça de marca maior: chamava Marx de besta, condenava o feminismo, dizia que a icônica Betty Friedan (que escreveu um dos livros mais revolucionários da história americana) deveria ser internada num hospício... Nelson mesmo se intitulava "uma múmia". 
A ironia era que vários reaças (como Carlos Lacerda) o odiavam, por considerá-lo um pervertido. Suas peças, vistas por muitos como imorais, eram constantemente censuradas. E ainda assim, Nelson foi um ferrenho defensor da ditadura militar -- até ter suas certezas abaladas quando seu filho, um guerrilheiro, foi preso e torturado por esse mesmo regime que Nelson defendia.
Quer outra ironia? Os reaças que citam a célebre frase de Nelson sobre mulheres gostarem de apanhar ("só as normais") -- e tem que ser reaça pra falar uma asneira dessas a sério -- provavelmente só conhecem essa frase de toda a vasta obra criada por ele. E aqui estou eu, uma feminista de esquerda (perdoe a redundância), defendendo Nelson, afirmando que, como pessoa, ele era um excepcional dramaturgo.
Não faz muito tempo, uma professora da UFSC lançou um "dicionário machista" reunindo centenas de falas machistas. Lógico que Nelson Rodrigues aparece com várias contribuições. Outro frequentador assíduo é Vinicius de Moraes. Todo mundo cita a frase "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Faz parte do senso comum. Mas poucos conhecem esta, também de sua lavra: "Existem umas feias potáveis. Mas a maioria só serve mesmo para fazer sabão". Ah, esse poetinha! 
Na época o pessoal achava lindo o que ele dizia. E concordava com ele. Hoje Vinicius ainda teria espaço de sobra pra falar besteira. Quando não estivesse fazendo o que ele sabia fazer (compor música e poemas -- eu cresci lendo os poemas de Vinicius e Cecília Meirelles), ele estaria competindo com Pondé pelo título de quem é o panaca misógino mais ignorado pelas feministas, ou, quem sabe, formando dupla com Rafinha Bastos para contar piada em que mulher feia (esses seres que só servem pra virar sabão) deve ficar feliz por ser estuprada.
Aliás, vi em algum lugar que Pondé escreveu um livro só se baseando em frases de efeito de Nelson Rodrigues. Esses caras devem ganhar gratificação por polêmica causada, só pode. E o pior é que só chamam a atenção de quem pensa como eles. Não tem ninguém que preach to the choir (que pregue aos convertidos, ou jogue pra torcida) tanto quanto conservadores e reacionários.
A idiotice maior não é de Nelson Rodrigues, que colocou em palavras muito do que o senso comum ditava na época (uma outra frase hedionda sua, esta pouca conhecida, é "Todo tímido é candidato a um crime sexual". E ninguém cita a frase "Sexo é para operário"). A idiotice maior é de quem repete essas besteiras como se fossem verdades indiscutíveis. O centenário de Nelson foi comemorado em agosto de 2012. Nelson morreu e foi enterrado em 1980. E você, qual é a sua desculpa?

119 comentários:

Anônimo disse...

Lola, você acaba de perder vários pontinhos comigo por gostar desse misógino.
Não dá pra ser feminista e tolerar machistas.

Kittsu disse...

Ficou muito estranho esse "e você, qual a sua desculpa?". Tipo, tá perguntando por quê eu não morri a 100 anos, também? hahaha
acho que o que tava passando na sua cabeça não foi corretamente traduzido pelos seus dedinhos... ficou engraçado.

Anônimo disse...

Eu acho que existem dois casos diferentes: um em que a vida pessoal do profissional não se reflete na sua obra (Polanski, me parece, e Pelé, que bate um bolão mas fala cada absurdo!) e outro em que o que o profissional pensa na sua vida pessoal e o que ele escreve/faz são coisas inseparáveis (Pondé, provavelmente, e me parece que tb o Nelson Rodrigues). Acho que nos casos em que a pessoa escreve, isso é mais óbvio.
Esperando contribuir por debate...
Juliana

Anônimo disse...

Lola, vou lhe mostrar a frase algumas palavras de um pensador brasileiro da atualidade e você tenta adivinhar quem é:

"Assim como o homem tem por natureza o poder de aterrorizar uma mulher com um simples olhar de fúria, a mulher tem, com um mero olhar de desprezo ou de indiferença, o poder de jogar um homem no mais fundo da depressão, destruir todo o seu respeito por si mesmo e induzi-lo até ao suicídio. A beleza feminina é inseparavelmente uma promessa e uma ameaça. É um símbolo condensado de todas as ambigüidades da existência."

Felipe disse...

Mesmo caso do Lars Von Trier: parece ser uma pessoa intragável, mas suas obras são maravilhosas.

lola aronovich disse...

Anon das 12:57, só pode ser o lunático do Nessahan, que é tão pensador quanto Olavão é filósofo. Vc como mascu certamente sabe que teve uma época em que até vcs mascus o acharam louco e o expulsaram das comunidades. Mas esse trecho que vc citou já deixa claro o mimimi que é o masculinismo -- com um olhar de fúria de um homem, uma mulher fica aterrorizada (por que será, né? Será porque raramente fica só no olhar, na ameaça?). Mas uma mulher não aterroriza um homem. Ela só parte seu coraçãozinho frágil ao não lhe dar atenção. È aquele negócio que vcs mascus fazem: comparam homem estuprar mulher com mulher colocar homem no friendzone. Olha só o absurdo da comparação! A escritora canadense Margaret Atwood resume melhor o que Nessahan provavelmente quis dizer: "Homens têm medo que as mulheres rirão deles. Mulheres têm medo que os homens as matarão".

lola aronovich disse...

Anon das 12:48, tudo bem se vc quiser contabilizar suas discordâncias com pontinhos. Eu acho que dá pra separar vida e obra, vc não. Pessoas discordam, é normal.


Juliana, tem razão. É como eu disse, tem vezes que a obra É a pessoa. Não dá pra separar o Gentili ou o Rafinha Bastos comediante do que eles são como persona pública. Mas sim, dá pra separar o Pelé. No caso de escritores é mais difícil, concordo. Mas por isso também é importante não culpar um escritor por criar um personagem preconceituoso.

Anônimo disse...

Estando ciente de que a representação e difusão de certos padrões de pensamento e comportamento auxiliam em sua perpetuação e normalização, hmm, não, não acho que "talento" artístico justifique escrotisse pessoal, independente do pressuposto gênio em questão estar há tempos embaixo da terra.

E sacumé, tem aquele também do "com grandes poderes...". Gente com nome grande tem grande eco cultural. Melhor fosse que ecoasse um tanto menos de merda.

O que há de tão inabalável na obra de uns calhordas populares que não há em obras de gente melhor, esquecida?

Bem sabemos que a história é contada por quem tá em cima, e se há revisionismo histórico (e deveria), há consequentemente revisionismo artístico.

O trem é bão mesmo, ou é bão por que uns zé-manes influentes disseram que é, e ninguém "que preste" conseguiu discordar?

B. disse...

A Lola não perdeu pontos comigo, mas...sei lá me decepcionei um pouquinho. Sempre tive nojo desses Nelson Rodrigues, não entendo como tem gente que o venera, inclusive feministas( não to falando de ti, Lola). Também conheço várias feministas que amar os sonetos do Vinicius...

Anônimo disse...

em pleno 2014 e tem pessoas que ainda nao sabem distinguir a vida de um escritor de sua obra.

que triste. e assim deixam de saborear obras de valor.

picasso é chamado de misogino por sempre representar mulheres sofrendo ou chorando em seus quadros. e ai, por isso os quadros sao menos bonitos?

alice.

Amana disse...

Acho que o Nelson, como autor complexo que é, aprofunda contradições humanas e está situado, localizado. Ele fala das perversões de um universo machista, em que o poder - dos grandes e dos pequenos - é sempre disputado nas migalhas. Das neuroses familiares. Das taras e das esquisitices humanas.
Também leio seus textos com avidez, e com um profundo desconforto. Tenho essa relação com o Millôr Fernandes também (ainda que sejam completamente distintos), por conta de seu conservadorismo - mas de talento inegável.
Nelson não estava metassituado em relação ao universo "depravado" que descrevia. Acho isso importante em sua obra. Contam que um jornalista importante, seu contemporâneo, se queixou, indignado, das histórias pervertidas que ele escrevia, perguntando por que não escrevia sobre "pessoas normais". E ele disse: "é exatamente o que eu faço".

Há um outro ponto que me interessa na obra dele, também: apesar do universo machista, ele não objetifica a mulher na trama. Sei que parece contraditório, mas as personagens femininas têm desejo, agem, são protagonistas ambivalentes. Acho isso forte, e acredito que vem daí muito de seu apelo com o grande público.

Sei que a matéria é polêmica, mas gostei de vê-la em debate aqui...

beijo grande!

Anônimo disse...

ótimas ponderações! adoro a Lola.
já li várias obras do Nelson Rodrigues e concordo com a Lola, e sobre o poetinha, acho suas músicas e versos atraentes.
Lembram da expressão popular: "jogou a água da bacia, com criança e tudo"?
Pois é?!
bj grande

Anônimo disse...

concordo c vc Lola. A obra do Nelson Rodrigues não é escrota, é bela. Embora muitas histórias sejam machista, mas a sociedade q ele retrata era machista.
e, qd a gente (eu pelo menos) diz que gosta da obra do Nelson Rodrigues não está dizendo q perdoa a escrotice dele. uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

diferente do pondé que eu nem sei quem é de verdade. só tenho como julgar ele pelo q ele escreve e ele só escreve merda.

outro caso é o Monteiro Lobato que tem uma obra infantil e adulta muito relevante, mas que era um reacionário racista e, em muitas de suas obras, estão claras essas características. Uma criança branca pode não se sentir mal com a forma como ele descreve os negros, mas certamente é péssimo para uma criança negra.

no caso do polanski, o fato dele ser um estuprador (com pelo menos um caso comprovado) não invalida filmes incríveis que ele fez. Os filmes dele nem de longe fazem apologia ao estupro, né?

tem vários outros casos. Eu adoro tudo o que o caetano fez. mas não concordo com tudo o que o caetano diz ou opina.

O vinicius é outro, falava merda como ele só, mas isso não invalida sua obra poética. é o que eu acho.


aiaiai

Anônimo disse...

Concordo quase totalmente...Lembrando como exemplo de um filmes comentados por tu

Pra mim tem que ter respaldo dentro da historia.Dar um tranca no machismo dos personagens por outros por ex.Como meu ex namorado falava,prefiro perder tempo e/ou dinheiro com obra criada por gente esclarecida em pessoa, porque se nao olha surpresas desagradaveis que te espera na obra.

Machismo ja basta no mundo real.

Anônimo disse...

Lola, você nunca saberá o que sente um homem desprezado pela mulher que ama, porque você não é homem, você não sabe o que é ser homem, você não faz a mínima ideia do que se passa na cabeça de um homem.
Você tem essa doença de achar que sabe o que todos os outros pensam, o que todos os outros sentem, como todos se relacionam. A essa doença você chama feminismo.
Do alto de sua superioridade você faz piada dos outros como se possuísse uma sabedoria rara inalcançável a maioria das pessoas.
Mas o mundo é muito mais complexo do que você acha Lolinha. Pode fazer piada a vontade, mas você é só mais uma pessoa que de tanto se decepcionar resolveu roubar o sonho de todas as pessoas que ainda têm esperança.

Leila disse...

Concordo com você, Lola, e concordo também com quem fica p da vida com os Nélsons e Vinícius da vida. Eu adoro literatura e separo sim as coisas. Se não separasse não leria um monte de gente, a lista é longa: Monteiro Lobato porque era racista, Jorge Luis Borges porque politicamente falando...é melhor nem falar, apertou a mão de Pinochet e achou que ele fosse boa gente (e alguém vai ousar colocar em dúvida o valor de Borges hoje? Hoje não, nem na época), Woody Allen e aquelas histórias estranhas (acabou de sair mais uma), Caetano Veloso que começou a 'namorar' a Paula Lavigne quando ela tinha 13 anos e ele tinha....uns 30? A lista é looonga, temos que lidar com isso.
Abraço e feliz ano novo a todxs.
Leila

Anônimo disse...

Pedófilos como Roman Polanski, Woody Allen e Michael Jackson eu não perdôo.
Deixei de ver os filmes dos dois primeiros, bani as músicas do último de meus HDs e discotecas. O que eles possam ter feito de bom foi destruído pelo mal que fizeram às crianças que estupraram. Meus princípios me impedem de chegar perto de qualquer coisa que esses criminosos fizeram. Mas tem quem seja mais flexível. O problema é que a flexibilidade deixa passar uma cisa aqui, outra ali, e de repente passa-se a aceitar coisas terríveis como sendo "normais".

Amana disse...

hehehe pensei no Caetano também, aiaiai...

Roxy Carmichael disse...

eu tô longe de defender o politicamente incorreto. detesto o cinismo, o sarcasmo desse povo. curto bem mais um afeto, uma solidariedade, um sorriso sincero. me assumo feminista e de esquerda. não curto perpetuação de preconceitos. não curto apatia que só serve pra favorecer o pensamento reacionário. detesto essencialismos. mas eu adoro a camille paglia! a rainha dos essencialismos. acho que ela é realmente uma das melhores criticas de arte da contemporaneidade. adoro que ela possa falar de shakespeare com o mesmo entusiasmo que fala de guerra nas estrelas. adoro quando ela questiona uma obsessão de certa tradição academica com os pós-estruturalistas. adoro quando ela reivindica o carnaval de salvador e daniela mercury e que pra analisar esse fenômeno e essa artista, ela remonte à roma antiga! eu li marquês de sade muito adolescente e me cansou um pouco, mas por outro lado entendo como ele foi ousado ao enfrentar a moral católica. então particularmente eu gosto de inserir o nelson rodrigues nessa linhagem de pensadores. assim como o proprio freud. que hj nem levo tão à sério, mas que entendo sua importância e até aprecio sua ousadia, contextualizada para a época.

e acho importante pensar o sexo como algo contraditório, como algo não tão idílico, reconhecer algo de sombrio (mas também não ficar preso a esse clichês) que é o que esses autores que citei acima propõem de forma muito instigante.

mas felipe, eu nem curto o lars von trier. acho que gasta muita energia tentando ser eleito a todo custo enfant terrible. acho inclusive que esse desespero está na sua obra. uma obra que longe de ser provocadora, é super careta. e careta pq o que ele faz é tese e não ensaio. odeio seus filmes manipuladores.

lola, feliz ano novo!
queria te perguntar se você viu o filme azul é a cor mais quente? filme-sensação de 2013! também queria saber se você viu o excelente um estranho no lago. esses dois filmes, o segundo em maior intensidade acho que problematizam mais o sexo no êxtase, mas também o que tem de sombrio. as velhas pulsões eróticas e de morte.

lola aronovich disse...

Obrigada, Amana. Uma grande contribuição ao post, como sempre. Concordo com tudo que vc disse. A obra de Nelson mostra um retrato de seu tempo, que é machista (como o nosso), mas a obra em si não é machista. Já o escritor...


Ótimo vc ter lembrado do Monteiro Lobato, Leila! Eu não vou jogar fora o Sítio do Picapau Amarelo porque Lobato era um racista de marca maior, eugenista e tudo (como tantos do seu tempo). Porém, como o racismo também está presente na sua obra, e como ela é lida por crianças, acho que cabe sim um adendo nas páginas explicando que aquele tipo de pensamento é retrógrado e errado.

Unknown disse...

não consigo separar o autor da obra. é impossível. você sempre se coloca em qualquer coisa que faça. é por isso que passei a repudiar Charles Chaplin, pedófilo. prefiro usar meu tempo lendo/assistindo outros artistas do que dar ainda mais fama e destaque para gente como nelson rodrigues.

Anônimo disse...

Ah pára né? Muita injustiça analisar Nelson Rodrigues, que teve seu ápice nos anos 50-60, com os olhos de hoje, de 2014. Estavam fazendo o mesmo com Monteiro Lobato, agora com o Nelsão. É a ditadura das minorias tomando conta do país, uma lástima.

lola aronovich disse...

Ô mascu anon das 14:16, todo mundo na vida -- mulheres e homens -- já teve alguma desilusão amorosa, já ouviu um não, já não foi correspondidx. E nem por isso as pessoas sensatas passam a odiar a humanidade por causa disso. É o que vcs fazem, vcs odeiam as mulheres porque uma delas não te deu bola ou partiu seu coração. CRESÇAM, mascus. Crianças têm mais maturidade emocional que vcs! E o que é isso de eu me decepcionar? Eu pareço uma pessoa decepcionada pra vc? Eu sou muito feliz, tenho a vida que quero, o homem que quero, e sempre fui uma privilegiada em tudo na vida. Tenho pouquíssimas decepções, pouquíssima coisa que eu mudaria no meu passado. E o que eu faço aqui é tentar mudar o mundo. Se isso não é esperança pra vc... Reflita, mascu. Vcs põe todas as suas frustrações, todos os seus traumas, todos os seus fracassos, na conta do feminismo. Mas nada disso é culpa do feminismo. É culpa do machismo. É por isso que vcs jamais serão felizes. Porque, pra começar, estão combatendo o inimigo errado...

Patty Kirsche disse...

Eu acho que o maior problema do Nelson é que ele de fato serve como plataforma ideológica para os que pensam como ele hoje em dia. Houve um tempo (já acabou, não se preocupem) em que eu namorei um misógino escroto. Um dia, passamos em frente a uma casa e tinha uma menina linda, devia ter uns 12 anos, no portão. Ele falou pra mim: "Olha que bifinho..." Eu perguntei: "Você é pedófilo?" Ele ficou sem graça, mas respondeu: "Eu não sou pedófilo, sou 'rodriguiano'." Aham, ok. Ele era (ou tentava ser) ator.

Anônimo disse...

E tambem tem aquele caso da Persefones sendo mal trada naquela novela e o pessoal fez ate abaixo assinado.


Ate onde vai o tudo bem nas ficcoes?

Anônimo disse...

Gosto das obras Vinicius mas se existisse entre ele e um nao preconceituoso talentoso adivinha com quem ficaria.Vinicius nao sentiriam falta.Pele nao sentiriam falta e assim vai.


pq a pessoa atras da obra cool,obra brilhante e intacta de machismo...a pessoa ajuda bastante os seus fas a serem um reacinha como ele pensando que reacionarismo é poesia, é algo legal.

Prefiro o up das pessoas nao preconceituosas na midia.Qunato mais pessoas desse tipo.melhor

Bruno S disse...

Concordo bem com o que fala a Amana sobre as mulheres na obra dele. No meio de toda uma lógica machista, elas tinham voz e vontade. Eram personagens fortes.

Acho até que esse era um ponto que fazia sua obra incomodar na época, mostrava caminhos em que as mulheres driblavam a repressão que sofriam.

Já na parte de crônicas esportivas de Rodrigues, que é uma área que entendo mais do que peças de teatro, já acho seu trabalho uma merda.

B. disse...

Pode me xingar, mas to bege de ver tanta feminista aqui aplaudindo Polanski, Vinicius de Morais e afins...Se fosse um "mascu" dizendo que ama um ator machista, por exemplo, nós cairíamos em cima( com razão). Mas ver gente cultuando Nelson Rodrigues? Gente nem aí pro racismo do Monteiro Lobato?( neste ponto concordo c Lola, teria que ter uma nota explicativa ou algo assim, afinal crianças o leem, crianças que geralmente não tem o senso critico de separar autor de pessoa e tal).

Quero deixar claro que não quero ofender ninguém e tal, mas deixar claro que fiquei bege com o que li aqui...

Fabi disse...

Talvez hoje, décadas depois da morte destes reaças do passado, seja possível separar a pessoa da obra. Mas enquanto vivos e enquanto personalidades, acabaram sim influenciando para uma sociedade mais machista e mais preconceituosa.

Anônimo disse...

Não dá pra ser feminista e tolerar machistas.

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Têm que matar né na sua opinião?

tamis disse...

Eu curto os filmes do Polanski (Chinatown é o meu preferido), mas nos filmes dele, como disseram antes, não há nenhuma apologia ao estupro ou pedofilia. Agora Monteiro Lobato eu não daria pra uma criança ler, não antes de uma explicação. Eu li livros dele quando criança, gostei, e talvez por ser branca não percebi o racismo na época. Nelson Rodrigues nunca tive vontade de ler, então não posso comentar. Mas Vinicius de Moraes leio e ouço minha mãe recitar desde pequena, e lembro que ela sempre me disse "adoro os sonetos dele, mas as frases.. argh". Pelo menos os sonetos do Vinicius que eu li, eu não achei machista ou misógino. De verdade. Eu consigo separar o artista da obra quando o artista sabe separar a sua vida da obra.

Igor disse...

Quem entende Nelson Rodrigues como um reaça (como realmente é)e teve oportunidade de ver alguma de suas peças, fica mais claro perceber a diferença entre a pessoa e sua obra. Não sei se contraditório, afinal quem disse que o escritor tem que estar transcrito em suas obras?

Lembro-me de assistir o beijo no asfalto e meu irmão (reaça) ficar puto não só com o beijo no começo do filme, mas com o desfecho final. Morri de rir e disse que N. Rodrigues tinha a mesma linha de raciocínio (ou falta dele) que ele, mas que suas obras muitas das vezes (pelo menos as que eu já tinha visto) traziam homens apaixonados por outros. Ele disse que Nelson era um "viado" reprimido que colocava seus desejos em suas obras. Então eu perguntei: "ele como escritor pode até colocar seus desejos em peças, mas e você como engenheiro, tem como externar seus desejos em alguma obra, ou é só através do ódio aos homosexuais mesmo?" A conversa se encerrou sem maiores contribuições.. hahahahahaha

Maria Fernanda Lamim disse...

Gente, so um pitaco. Eu sou atriz e reconheco a importancia de Nelson como dramaturgo. Ele era machista? Claro que era. Mas ele escrevia na decada de 50, quando o mundo era muito mais machista. Julga-lo oelos padroes de hoje me parece anacronico.
E o mesmo que chamar Moliere de escravista pq em suas comedias os criados apanhavam dos patroes. No seculo 17, quando ele escrevia, nao existiam leis trabalhistas!
E preciso ler, interpretar e assistir Nelson com o olhar de hj, lembrando que ele e "um classico" ou seja: nao e atual. Nao cabe julgar. E outra, ele escreve ficcao. E diferente de quem faz stand-up , por exemplo. Nao existem temas que nao podem ser tocados pela ficcao ou pela arte em geral. Ou entao vamos condenar Nabokov por ter estimulado a pedofilia qd esvreveu "Lolita"?
De resto, to com a Lola. No caso de artistas e dramaturgos, da pra separar pessoa e obra. Nao da no caso de comediantes stand-up e cronistas, por exemplo.
Ah, e a frase que o anonimo postou e do Olavao, nao do Nessahan. Mas pelo nivel de idiotice podia ser. Hj de manha eu e meu namorado fizemos muita piada com isso, treinando olhares de "furia" e "desprezo"...hahahaha

Anônimo disse...

Eu não estou defendendo o machismo ou racismo de ninguém, zeusmelivre, e concordo que é necessária uma nota explicativa nas obras de M. Lobato...Eu fico roxa de raiva quando escuto certas frases de N. Rodrigues, mas eu não consigo ver preto preto e branco branco. Olha, se a gente for investigar a fundo sempre vai encontrar algo de que não gostamos,mais grave ou menos grave.Eu adoro a Marguerite Yourcenar, mas já encontrei uma fala dela se não criticando pelo menos dizendo que não via razão para o feminismo existir...por que? Porque no mundo dela o feminismo não era mesmo necessário, lésbica, o pai sempre a apoiou como escritora, investiu nela e ela decidiu não investigar muito à sua volta para ver como era a vida das outras mulheres. Essa foi a primeira mulher a fazer parte da academia francesa de Letras, agia como uma feminista, de certo modo, mas não era ativista. Talvez eu esteja misturando um pouco as coisas, sei lá, mas não vou enterrar certos autores APESAR dos defeitos até graves de alguns.
Leila

Anônimo disse...

Concordo com a Lola quando ela diz que é possível separar o autor da obra. Li dois livros do Nelson Rodrigues, Asfalto Selvagem I e sua continuação,E não são nada machistas ou reaças.
Mas por outro lado, quando o autor deixa marcas de sua personalidade e comportamento na Obra fica impossível ler se você tem uma ideologia contrária À do autor.

Anônimo disse...

Lola,

Também acho que nem sempre uma fala ou uma obra pode destituir um artista, cineasta de seu valor enquanto profissional.
Acho interessante lembrar que Nelson Rodrigues também escreveu a peça Dorotéia. Essa personagem, que era uma ex-prostituta, vai morar na casa de parentes (todas mulheres). As mulheres da família vivem reclusas numa casa, e se espantam ao ver a beleza dela, e acabam obrigando-a a se portar como elas: presas dentro daquilo que se considerava adequado para uma mulher, presas a moralismos e etc. Acredito que nessa obra o autor fez uma crítica ao modo como a mulher era vista pela sociedade e como a sociedade julgava a mulher que fazia uso de sua sensualidade...
Beijos

Anônimo disse...

Eu gosto da obra dele,acho bastante picante ,mas tbm acho q ele tem frases de um ignorantão mesmo!

Maria Fernanda Lamim disse...

Hm, a citacao do Monteiro Lobato me lembrou outra coisa. Eu li Monteiro Lobato a minha infanciainteira e percebia o racismo nos livros. Meus pais contextualizaram isso pra mim, explicando que antigamente isso eramais aceito, que o mundo felizmente estava mudando. E eu nao internalizei o machismo, sobretudo pq nao via ele sendo praticadona minha familia (pelo contrario, ate:via meus pais condenarem isso). Nao estou dizendo que o que vc le/assiste nao te influencia. Mas, se vc tem uma boa base etica de educacao e bons exemplos, vai saber separar as cpisas qd estiver lendo ficcao ou apreviando uma obra de arte (quadros, filmes, musica, etc).

Anônimo disse...

E o que é considerado crime eu considero que é tranquilo tocar numa obra do jeito que for.
Mas aquilo que nao é como por ex o machismo nao é nada bom.É pedi pra ser reaca.

Marina disse...

Lola, nunca li os livros dele por puro preconceito dessa frase: "Toda mulher normal gosta de apanhar". Vou procurar ler antes de ter uma opinião formada sobre ele.

Lia disse...

Outra péssima pessoa misógino e péssimo pai mas excelente na sua profissão: Pablo Picasso

Engraçado o Vinicius de Morais falar das feias quando ele é o exemplo de dragão.

Julia disse...

Não adianta. Eu não tenho mais estômago pra nada que venha desses caras. De Nelson Rodrigues, principalmente, não li nenhum livro, e nem vou ler! Peças dele não vão ver meu dinheiro na bilheteria. Da pra perceber o machismo em cada uma delas.. Do Vinícius é mais difícil escapar, tem realmente poemas lindíssimos, mas não quero conta nenhuma com ele. Freud é outro, pra mim qualquer coisa que vier dele não conta. Recentemente uma série de tv nova - Masters of Sex - tirou sarro legal da frase dele repetida a exaustão por machistas que mulheres tem inveja de pênis. O episódio inteiro foi praticamente pra achincalhar essa "teoria" fajuta dele, muito divertido. Tantos intelectuais e tantAs intelectuais por aí, por que vou dar atenção ao que esses machistas dizem?

Julia disse...

Lola, eu acho que mascus e machistas não tem senso de proporção nenhum. Pra eles estamos sendo pouco empáticas se achamos que agressão ou estupro é pior que indiferença.

Alguém comentou que feministas não podem tolerar machistas e o outro já pensa em "mandar matar".

Não tem bom senso.
Privilégio demais dá nisso, ficam mimados.

Anônimo disse...

Pra achar que têm gente melhor que Freud é dose.

Andréia disse...

Também queria saber a opinião da Lola sobre "Azul é a cor mais quente". TODOS os intelectuais homens que eu conheço amaram o filme, porém vi várias mulheres héteros e lésbicas questionando alguns pontos do filme, sem mencionar as denúncias feitas pelas atrizes contra o diretor.

Anônimo disse...

michael jackson e chaplin pedófilos para gente, MJ foi um rapaz débil aquelas acusações foram feitas por mães doidas por indenizações, pelo amor gente. Concordo com woody allen ( foi real ele casou com a filha adotiva), Polansk realmente estuprou uma jovem, agora demonizar MJ que sofreu na mão de um pai e uma industria cruel me recuso e não acredito em sequer uma acusação feita contra ele, ele era uma criança propriamente dita.

Anônimo disse...

sim vi racismo na obra de monteiro, misoginia na de nelson. E woody e caetano se relacionando com meninas e o monstruoso estuprador que foi polanski, mas gente michael jackson são acusações sem provas de mães que fizeram suas crianças deporem e serem expostas afim de retirar dinheiro dele e ponto, a pessoa crer nisso é demais para mim, tem vários documentários falando do absurdo e das controvérsias dessas acusações.

Anônimo disse...

Perdão sobre mj eu escrevi mãe mas na verdade a primeira acusação veio de um pai cheio de dívidas, enfim no caso de mj ainda acho que ele foi vitima.

Anônimo disse...

Também queria saber a opinião da Lola sobre "Azul é a cor mais quente". TODOS os intelectuais homens que eu conheço amaram o filme, porém vi várias mulheres héteros e lésbicas questionando alguns pontos do filme,

---

Hum, acho que ai já está a sua reposta. As atrizes sofreram bastante durante as filmagens (especialmente durante a longa cena de sexo) e a autora do livro reclamou do filme. Procure um pouco sobre o assunto e verá como o diretor é basicamente um babaca de marca maior.

O fato de homens estarem gostando do filme diz muito. Eu queria ver o filme mas toda a polemica com o diretor me fez desistir. Mas fiquei feliz pelas atrizes não terem ficado quietas.

Sara disse...

Não sou fã do Nelson Rodrigues, mas já vi algumas obras dele, e gostei de algumas.
Tenho a impressão que ele gostava de se apresentar de uma maneira meio irônica, sarcástica e caricata, não creio realmente que ele fosse e acreditasse nas frases sensacionalistas que dizia.

Dora disse...


Concordo com a distinção: o machismo/racismo/ classismo está na obra desta pessoa ou não? Não dá para não admirar o esportista Pelé, mesmo ele sendo um escroto.Esse negócio do 'perdão' tb não é comigo. As pessoas mudam e se retratam e responsabilizam pelo que falam ou não. Não tem um tempo que caduque estes preconceitos se a pessoa não se retratar, pois as marcas ficam e eu mesma não tenho vocação cristã para isso. (se dependêssemos desta lógica do 'perdoar' sem retratação, o mundo nunca vai mudar)

Agora Sítio do Picapau Amarelo?
Como uma criança negra se sentirá lendo aquilo?
Não tem nota explicativa que salve o racismo de Monteiro Lobato para mim. Não tem genialidade (coisa que não acho que ele seja) que pague o preço de uma criança negra ler aquilo e se sentir inferior!
O texto genial da Ana Maria Gonçalves diz tudo para mim.

(http://www.idelberavelar.com/archives/2010/11/nao_e_sobre_voce_que_devemos_falar_por_ana_maria_goncalves.php)

Julia disse...

Não sou da área, mas tem gente da área que com certeza acha que outros foram melhores que Freud. Eu não preciso de Freud para nada.


Na verdade se você for ver todo mundo tem seus podres. Mas eu posso escolher qual podre eu tolero.

Joy disse...

Só pra dar um toque de 'curiosidade'. O irmão do Nelson não foi morto literalmente na frente dele, ele estava na redação e ouviu o disparo, mas não é esse meu foco.

A mulher, assassina, chamava-se Sylvia Thibau. Ela era casada e tinha um problema de pele nas pernas e precisava fazer tratamento médico. Porém, na época, uma mulher casada ir ao médico sozinha e EXIBIR AS PERNAS era quase criminoso. Então, uma matéria de jornal que "insinuava" (ou seja, afirmava que ela mantinha um caso tórrido com o médico) traição foi redigida, com muita maldade, porque o marido dela também era médico, então por que ela não se tratava com ele?! e coisas desse nível.
A mulher foi até a redação e o pai do Nelson prometeu que a matéria não seria publicada, porque ela era uma mãe de família etc etc etc. Só que, logo após o Natal, aquele marasmo, jornal sem pauta, alguém teve a infeliz ideia de resgatar a matéria e publicar.

Então, ela comprou uma arma e foi até a redação pra matar o pai do Nelson, mas ele não estava, o irmão dele a atendeu e ela o matou. A defesa dela, pra época, foi extremamente bem executada, o advogado, Clóvis Dunshee Abranches, conseguiu parar o tribunal e absolvê-la. Pense, com um jornal publicando TODO DIA que ela era uma meretriz, assassina, numa sociedade como aquela, conseguir a absolvição era quase um milagre.

Infelizmente, anos depois, Sylvia cometeu suicídio.

Anônimo disse...

Acho exagero se desfazer de toda uma obra de um autor por causa da ideologia , da personalidade ou da posição política dele.

Eu amo as letras de musicas de Vinicius de Moraes, e amo as poesias...como nao se apaixonar !!??
O Nelson Rodrigues eu ja não gosto muito. E olha que estudo teatro...acho a obra dele meio exagerada...meio apelativa demais
Fora isso, nao fico fuçando na internet pra procurar " pérolas " ,dos compositores ou escritores de quem gosto...me interessa a obra.
Se eu fosse ficar procurando pérolas de todos os artistas que admiro, certamente nao sobraria um para eu gostar da obra.
Eu li uns 3 ou 4 livros da coleção infantil de Monteiro Lobato, e amei!!! Porém :Mesmo sendo branca, me sentia incomodada com a maneira racista com que ele descrevia algumas coisas.E olha que eu era criança na época....mas isso nao invalida o restante que esta escrito ali, que e muito legal.como ja disseram, a sociedade era extremamente racista , a escravidão tinha sido abolida ha pouco tempo e nao se poderia esperar que ML escrevesse coisa diferente.
Acho que as obras dele poderiam ser aproveitadas na parte boa e a parte do racismo poderia render um bom debate,inclusive nas escolas.
Mas essa sou eu,
Bj,,Lola.

Anônimo disse...

Dora ( das 21:01)

Li o link que você indicou e comecei a pensar mais sobre...por esse lado e verdade... Tendo sido uma criança branca , pode ter sido fácil dizer que " fiquei incomodada com o racismo do livro mas continuei lendo "
Uma criança negra poderia nao pensar assim....nem querer continuar a leitura...
Ótima reflexão !
Obrigada .

Iara De Dupont disse...

Como atriz conheço bem a obra de Nelson e posso dizer que ele é um dos maiores de todos os tempos, tudo ali é tão sincronizado que chega a perfeição.
Não sei muito da vida pessoal dele, apenas li a sua biografia e tenho impressão que era uma pessoa que sofreu demais e fez sua vida como deu pra fazer.
Mas o que acho importante dizer, e não estou perdoando ninguém, é o seguinte, Nelson foi fruto de uma época, de uma educação e não merece ter sua obra detonada, era machista, misógino e foi infeliz em muitas frases, mas deixou uma obra impecável, até hoje reconhecida.
Não é o único autor que caiu nessa malha fina, muitos são julgados pelo o que disseram, mesmo que isso correspondesse a sua época.

Tenho um certo receio em ataques a autores quando eles não estão mais vivos e suas obras foram escritas há décadas.

E Nelson foi machista, mas é até hoje um dos maiores cronistas que este país já teve e um grande estilista, não faz sentido agora dizer que tudo o que ele fez foi lixo e não vale nada.

Eu gosto de muitos autores, e alguns deles, falecidos, foram infelizes em muitas coisas.

Mas não é por ser feminista que vou deixar de ler a obra deles, a única razão para não me interessar pela obra da pessoa é que seja atual, escrita agora, onde não existe mais espaço para o machismo, mas vamos ser sinceras, o machismo não começou ontem, se a gente for queimar livros, quadros e filmes feitos por machistas no século passado vamos ficar sem nada.

O machismo é uma questão que tem que ser combatida agora e criticar obras passadas não movem moinhos, não vi ninguém nos comentários reconhecendo o grande estilista que Nelson era nem seu domínio do idioma, isso assusta, em tempos de internet parece mesmo que isso não vale nada.

Elaine Cris disse...

Complicado esse assunto. Gosto da obra dele, acho que muitas vezes ele faz um retrato fiel e crítico de coisas que a sociedade tenta jogar pra baixo do tapete. Aquela coisa da família tradicional perfeita e aí o Nelson joga na cara da gente o que pode ocorrer por trás de tanta "perfeição". Daí ser tão odiado por conservadores e reaças, ao mesmo tempo em que era um.
Por outro lado é difícil entender a cabeça de um homem que apoiava tanto certos valores sociais ao mesmo tempo que enxergava como ninguém a hipocrisia por trás deles.
Quase perdi a fé na humanidade lendo coisas como "Bonitinha, mas ordinária" ou "Sete gatinhos", que dão porradas no estômago da gente, mas me recuperei, rs.
Concordo com você quanto ao gostar da obra de um profissional, mas desaprovar a conduta da pessoa.
Ah, e não sei se você já viu, mas felizmente não tem só reaças como Pondé na mídia e gente como Rafinha Bastos na comédia. Não sei se você já viu o texto ótimo que esse comediante publicou hoje:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2014/01/1393513-xingamento.shtml

Teresa Silva RJ disse...

É verdade Joy, Sílvia Thibau foi vítima de uma difamação do jornal dos Rodrigues e matou o Roberto sob forte emoção. Enquanto o julgamento não saía, foi vítima de slut shaming da imprensa, quando esse termo ainda não existia, chamada dos piores nomes incitando a sua condenação. E tudo isso por que ela era uma mulher pouco comum para a época: escrevia, era considerada moderna e estava prestes a se desquitar do marido.

http://www.parana-online.com.br/colunistas/310/96036/

Dora disse...

Eu entendo a frase " ele (ex. Nelson Rodrigues) foi fruto de sua época".
Porém, acho que temos que tomar cuidado em não usar tal expressão indiscriminadamente e sem a devida crítica.
Pois se fizermos acriticamente, hj tb a sociedade é machista, o homem de hj tb é fruto de sua ápoca para ser machista, achar que mulher estuprada talvez pediu, de achar que mulher tem que fazer serviço de casa, de achar que mulher tem que ser magrinha e bonitinha pra ele...
Vamos achar tudo isso "fruto de sua época" e acabar por aí?
O que queremos dizer com ele é fruto de sua época? Que vamos entender? Ou que vamos entender o meio que ele saiu (a sociedade) sem por isso criticá-lo?
às vezes dá impressão que esta expressão está sendo usada para amenizar as criticas.
Porque TODOS somos frutos de nossa época, sendo assim, TODO machista é fruto de sua ápoca, não só Nelson Rodrigues, mas todos os homens com atitudes machistas que criticamos, inclusive as mulheres machistas, o que nós feministas, APESAR de sermos frutos de nossa época, conseguimos romper com isso, não é mesmo?
Fico me perguntando qual o propósito de usar tal expressão para certos casos e pessoas e não usarmos para outras críticas que fazemos com atitude machistas de outros homens.

Anônimo disse...

as vezes me pego pensando que existe um quem pode e quem não pode ser gostado.

Simonal está morto e enterrado, aliás, enterrado muito antes de morrer por esquerdistas... sendo que sua obra não tem um pingo de ideologia direitista/reaça

Nelson Rodrigues esta morto, mas sempre desenterrado por alguns esquerdistas. Sendo que vida e obra carregam um machismo "invejável". Ou dizer que "Bonitinha mas ordinária" não carrega um machismo no próprio título?

João Guilherme disse...

A obra pode ser diferente do comportamento do autor, nada é tão binário a esse ponto, ainda mais pensando que o campo das ideias é muito mais amplo do que as nossas condutas ou palavras num contexto específico.
Com relação a apreciar obras de artistas que não nos alinhamos ideologicamente, acredito que qualquer ser humano tem suas qualidades e defeitos a serem contemplados. Ninguém é de todo bonzinho ou maldoso. Particularmente, gosto sempre de me relacionar com a parte que julgo boa de alguém. A parte negativa, se me for possível mostrar uma nova visão a pessoa em questão, faço com prazer.

Becx disse...

Não meu querido, foi vc que não soube ler mesmo!

André Pessoa disse...

Off-topic: Lola, será que você leu esse artigo maravilhoso do Gregório Duvivier na Folha?

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2014/01/1393513-xingamento.shtml

donadio disse...

"Machismo ja basta no mundo real"

Então toda literatura de ficção deve ser escapista?

Como falar sobre a realidade sem... bem, sem falar sobre a realidade?

Anônimo disse...

Eu gosto da obra de Nelson Rodrigues (e de muitos outros autores, escritores, diretores polêmicos). Acho que você pode perfeitamente separar a obra da pessoa e mais, mesmo quando você lê um bom livro ou vê um bom filme não é preciso receber-lo sem fazer uma avaliação crítica. O caso do Lobato é mais crítico porque são crianças lendo e criança é um público mais suscetível, com menos espírito crítico (daí a necessidade de notas explicativas e, mais que isso, de orientação dos pais e professores nesse processo). Já pessoas adultas deveriam ser capazes de fazer isso por conta própria. Voltando ao NR, acho que ele foi um grande retratista da sociedade da época, com suas idiossincrasias e hipocrisia generalizada. Provavelmente não o convidaria para tomar um café em casa, mas não é por isso que eu vou jogar no lixo Vestido de Noiva ou Beijo no Asfalto. Você pode gostar da obra de alguém e ainda assim criticar-lo.

Lara disse...

Li acho que quase todas as peças do Nelson Rodrigues no ensino médio, na escola em que estudava tinha a coleção completa na biblioteca adorava, lembro que a minha preferida era ''A Mulher Sem Pecado'',claro que percebia o machismo mas analisava como produto de sua época em que tudo aquilo era normal e fazia um parêntese com a sociedade em que nós vivemos em que muita coisa mudou e outras nem tanto.

donadio disse...

"a frase dele repetida a exaustão por machistas que mulheres tem inveja de pênis"

Ah, as delícias da descontextualização...

Para Freud, quem mais tem inveja do pênis são os homens; é a angústia da castração.

Pergunte a um mascu, e vc vai ouvir a inveja do pênis em toda sua glória respondendo.

Anônimo disse...

Ia comentar algo mas percebi que a Amana escreveu tudo que eu pretendia de uma maneira muito melhor á que eu faria.

E Lola, eu gosto do seu blog mas discordo de muita coisa que ocê escreve. Para ser sincero, ao abrir esse post, imaginei queencontraria o oposto daquilo que você escreveu.

Me lembrou de uma discussão que tive com uma amiga cineasta (que suspeito que você conhece) sobre a questão do polanski. Ela, fã alucinada do diretor, defendia o sujeito no caso de abuso com uma argumentação que contradizia tudo que eu havia escutado dela nos ao longo dos anos. O caso dela é um fenômeno muito brasileiro; uma tendência a se colocar como torcedor de futebol perante uma série de coisas na vida. Para minha amiga, como ela não conseguia deixar de gostar da obra de Polanski, ela PRECISAVA construir para si um argumento que lhe permitisse gostar do artista.

tatiana disse...

Da pra separar sim. O que não pode é tolerar e se calar diante desses comportamentos. É preciso critica-los muito para que sua "genialidade" não cegue as pessoas e as façam achar que tudo que dizem é certo. Acontece muito hoje no humor. Muita gente usa o humor antigo pra justificar seus péssimos gostos em fazer piada, só pq os humoristas são tidos como gênios do passado.

B. disse...

Gente, poxa!
Feministas dizendo "ain, não fala mal do Fulano, ele era o produto de uma época. ele era machista/racista, ainn, produto de seu tempo"
Se for assim, os odiosos Rafinha Bastos e Danilo Gentilli também poderia ser "perdoados", afinal, são produtos da nossa sociedade macista e tal.

Só pq algumas aqui acham os poemas/obras do cara maravilhosas, ai pode (ain, era um genio). Engraçado como muita gente aqui, feminista, ta iniciando frases com "mas" *ah, ele era um escroto, MAS..."

Anônimo disse...

Não conhecia essa história do homicídio cometido pela Sylvia Thibau. Isso sim pode ser chamado de vingança. Não Lulu.

Dora disse...

B. ,era exatamente o que eu queria dizer..

É óbvio que TODOS somos produtos de nossa época gente. Sendo assim, qual o propósito de usar Nelson Rodrigues era produto de sua época?
Por que não usarmos para O Rafinha Bastos, pros médicos que xingaram os médicos cubanos, pros racistas e machistas que conhecemos hj?

Um ""gênio"" tem mais licença , justificativa e 'perdão' para ser machista/racista/classista?

Anônimo disse...

É mesmo,uma crianca negra poderia nao continuar a ler Monteiro.

Faz tempo que tocei num livro daquele e foi uma unica vez e pelo jeito a ultima,mas creio que esteja tais passagens racistas em primeira pessoa,um agravante mesmo.

Roxy Carmichael disse...

então chega a igreja e queima uma série de livros que consideram subversivos. os ditadores de todas as ideologias políticas fizeram o mesmo. eu é que não quero um feminismo de caça aos bruxos! eu não quero brincar de jogo do contente. esse maniqueísmo que tá rolando aqui não sei é trágico ou cômico. o exemplo do borges pra mim foi o mais acertado. o sujeito é simplesmente um dos maiores escritores de todos os tempos. o conrad imperialista e colonial é lido por todos os grandes autores pós-colonialistas, anti-racistas e anti-imperialistas. quem estuda representações hegemônicas e resistentes precisa ler antes de tudo, pra poder entender como se constrói um discurso dominante e quais são as formas de afrontá-lo. penso que para se conhecer um assunto é preciso ler e usar algo chamado senso crítico para entender as diversas nuances. contextualizar com a época sim, confrontar também, reconhecer genialidades. o que me choca é essa ideia de conhecimento como mais um produto de consumo. "ah, não tem verde?vou procurar na outra loja". "chama mulher de ordinária? vou procurar quem chame de heroína". e o mais constrangedor é: "não li e não gostei. não li, mas sei que é machista!"

como assim cara pálida???

Anônimo disse...

concordo com a Tatiana e muitos outros, se não separarmos tantos autores quanto personalidades que impactaram o mundo ~de suas vidas pessoais, não sobra ninguém.
Shakespeare, mais racista que o Mercador de Veneza não existe.daí a gente não lê o Shakespeare.A
Agatha Christie, racista até com europeus!
Martin Luther King chifrava a mulher. O Ghandi era preconceituoso racial e acreditava em castas. O Schindler também maltratava e traía a mulher ainda transava com as judias que ele salvava.
Por acaso, as obras e feitos destes homens devem ser esquecidos por causa de seus defeitos? eu acho que não.Se for assim, não sobra ninguém. Agora, o que temos que fazer é contestar e ter opinião crítica e transformadora sempre.Isto me parece óbvio.
Outra coisa, somos todos nós aqui, esquerdistas, feministas, ou seja lá o que for, perfeitos? não erramos, não somos ruins nunca, não falamos besteiras, não somos simplesmente humanos.
As visões preto no branco empobrecem o entendimento entre os seres humanos e perdemos muitas chances de descobrir coisas boas por termos preconceitos invertidos, ou seja, como somos a favor da maioria, somos contra a minoria, sem dar nenhuma chance? Um homem rico, branco e heterossexual foi criado para acreditar em seus privilégios, se nós fôssemos ele talvez tívessemos atitudes muito piores que a dele. A vida é complicada, agora quando nos posicionamos e debatemos com civilidade e boa vontade, podemos mudar o pensamento de muita gente que é ignorante, no sentido de que ele nem enxerga o lado da mulher, negra e pobre. Talvez, ele passe a enxergar, se lhe for mostrada a situação. Acho que com paz e palavras, fazemos mais do que com armas e insultos. só isto.
Carol H

lola aronovich disse...

Roxy, concordo plenamente. Conrad é um grande exemplo. É exatamente isso que vc diz: não tem como não ler Conrad se vc estuda pós-colonialismo. Não é uma opção. Conrad como pessoa pode ter sido imperialista, mas sua obra é estudada por quem é anti-imperialista. O que até certo ponto prova que um autor não tem controle sobre como sua obra será interpretada, ainda mais por leitores e estudiosos de outro século. Dá pra pegar uma peça de Nelson Rodrigues e encená-la com uma forte interpretação anti-machismo, anti-preconceito. É só ver o que fizeram com A Tempestade, de Shakespeare. Durante mais de 3 séculos ela foi lida, interpretada e encenada como o sábio Próspero que chega numa ilha "deserta" e precisa domar o selvagem Calibã. Mas desde os anos 1960 a leitura mudou completamente. Hoje Próspero é visto como imperialista, colonizador, déspota, escravista. E Calibã é a resistência. É a mesma peça, só que, como contexto é tudo, como hoje temos uma outra visão do que foi a colonização, Calibã deixou de ser o vilão da história.
E olha, na dramaturgia brasileira, Nelson Rodrigues é nosso Shakespeare.

DonadeCasa disse...

Vcs da patrulha ideológica:

Não será mais digno vcs vigiarem a própria vida de vcs, ver se encontram contradições, pisadas na jaca podre?

Porque não ler/ver obras de ARTE/FICÇÃO de fulan@ ou, pior, censurar, por não rezarem o ideário feminista/esquerdista ou evangélico, direitista, o q seja, putz, chega a ser assustador, é muita vontade de ser ignorante/fanático.

Daqui a pouco vão botar fogo nas casas de pessoas q não seguem a cartilha tb?

Pra mim o nome disso é: estupidez.
Ia dizer burrice, mas os burros bichos não merecem a comparação com gente assim

Anônimo disse...

Donadio


É o que falei logo no primeiro comentario.Enaltecer o machismo em obra coom personagens preconceituosos livres sem redeas,nao, obrigada.
Nao se ver diferenca entre Gentili e este tipo de literatura.Preferivel dar up aos que ensina mesmo a combater preconceitos.

Anônimo disse...

Bem faz o Dalton Trevisan em esconder por completo a sua vida e não manifestar-se fora da sua arte. Os leitores do blog que dizem coisas do tipo "tu gostas de Nelson Rodrigues, não sou mais tua amiga" devem ter idade mental de 10 anos. Vocês já leram alguma peça do Nelson Rodrigues, já assistiram uma encenação antes de falarem? Quase certeza que não...o trabalho dele sempre traz pessoas atormentadas, apaixonadas e passa muito longe da objetificação da mulher. Mas não, claro que vocês não leram, senão falariam menos asneiras.

Anônimo disse...

Lola, acabei de comentar. Quando as coisas chegam a um extremo de "não leremos nada que não for produzido por feministas" não começa a ficar perigoso? A arte , que é inútil e serve para contemplação e deleite, não tem espaço pra essas pessoas? Tá louco...pavor de gente que se leva tão a sério.

DonadeCasa disse...

Sara disse...

Não sou fã do Nelson Rodrigues, mas já vi algumas obras dele, e gostei de algumas.
Tenho a impressão que ele gostava de se apresentar de uma maneira meio irônica, sarcástica e caricata, não creio realmente que ele fosse e acreditasse nas frases sensacionalistas que dizia.

Ia falar justamente isso!
Tem tanta gente q não entende ou não quer entender a ironia pois ela exige mais capacidade de interpretação, leitura, vivência.
NR tem frases de efeito ótimas:

Ser bonita não interessa. Seja interessante!

Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las.

Toda a unanimidade é burra (adoro essa)

Anônimo disse...

kkkkkk pensando aqui no futuro,Gentili o importante pra objeto de estudo.

Pra objeto de estudo concordo,mas pra momento relax nao recomendo.

Luciana disse...

O quê???Agora tenho certeza que peguei o ônibus errado! O feminismo visa a exterminar qualquer trabalho artístico e literário que não seja feminista??? Queimar os livros de Nelson Rodrigues, exterminar Monteiro Lobato?? SHAKESPEARE??Machado de Assis?? B. tu nunca leu A Megera Domada? Quem mais vai para essa fogueira? Picasso - totalmente dispensável???Melhor dizendo, quem sobraria? Vocês não podem estar falando sério...é de ficar bege mesmo, é de ficar de tudo quanto é cor.

Anônimo disse...

Sobre Michael Jackson e pedofilia...
Não tenho uma opinião 100% formada. Sabem, uma vez eu vi o relato de um pedófilo. Ele dizia se sentir atraído sim por crianças, mas sabia que aquilo era errado. Ele disse nunca ter tocado em nenhuma criança com segundas intenções e ainda fez um paralelo: do mesmo jeito que um homem hétero "normal" não sai agarrando todas as mulheres que ele se sente atraído, um pedófilo que tem consciência não sai por aí atacando crianças. A diferença é que a criança vem até você sem maldade, seja pra dar um abraço, um beijo na bochecha, etc. E nisso, quem é mau caráter (e pedófilo) tira proveito da situação.

Eu não sei se Michael Jackson era realmente pedófilo, e se sim, se ele realmente abusava daquelas crianças, e diante dessa fama, pq os pais continuavam a deixar seus filhos visitarem o Rancho Neverland?

Eu penso que ele era um cara infantil, e queria eternamente viver aquela vida de parque de diversões, brinquedos... Sei lá...

copycat disse...

"Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha"
Nelson Rodrigues

Anônimo disse...

Michael Jackson tinha, sim, um "quarto secreto" onde abusava das crianças, e também tinha um sofosticado sistema de alarme que o avisava para que não fosse pego "no flagra". E nada de "criança", ele já tinha mais de cinquenta anos.

Dora disse...

Pessoal, acho que ninguém tá falando para ‘queimar’ obras, exterminar (?)
Uma coisa é Nelson Rodrigues ser muito bom, tb concordo, agora ele enquanto pessoa é execrável e machista, eu só acho desonesto usar que ele “é fruto de seu tempo’, pq isso é óbvio. Ele ser genial não diminui em nada seu machismo, tampouco sua obra.

Agora Monteiro Lobato, embora razoável (mas não genial para mim), tem uma obra racista, que é óbvio que é fruto de sua época. Um adulto escolher ler Monteiro Lobato beleza, agora dar para crianças no sistema educacional, sendo uma obra que ofende a criança negra e a trata como inferior é muito complicado para mim. Vamos queimar Monteiro Lobato? Claro que não! Só não vamos dar materiais que façam a criança negra se sentir ofendida na escola, é pedir muito? Se o pai quiser dar em casa beleza .
De onde as pessoas leem que estamos falando que só queremos obras onde autores foram feministas? Só estamos dizendo que a crítica deve ser feita e a criança deve ser protegida. Só.

Dora disse...

Só mais uma coisa, para mim, este raciocínio tb vale para Polanski. Eu adoro os filmes dele, e isso não me isenta de achar execrável e horrendo sua atitude como estuprador. Dizer ‘ele é fruto de sua época” não diz muita coisa para mim. O Lars Von Trier tb, adoro os filmes dele, embora ache ele detestável.
Temos que aprender separar obra –autor sim,e isso é não isentar o autor das críticas. Temos tb que não perdoar preconceito nas obras artísticas, o que e´muito diferente de queimar obras.

natalia disse...

Bom, já assisti algumas obras de Nelson Rodrigues. Via no Fantástico: a vida como ela é. Achei, a maior parte do que foi apresentado, engraçado. Assisti, também, Bonitinha mas Ordinária, um seriado em que a Engraçadinha foi interpretada por duas atrizes, mas, honestamente, não lembro o final. Se tirei alguma lição para a minha vida, nenhuma.
Quanto ao Vinicius, concordo com uma comentarista: faltava espelho a este senhor. Só pegava mulher porque era famoso. Todavia, já li alguns sonetos dele e, do pouco que li, alguns eram lindos.
Charles Chaplin também foi citado por uma comentarista aqui. Eu tinha 12 anos quando Chaplin morreu. Nunca tinha ouvido falar dele e a globo começou a passar seus filmes depois do Fantástico. Os filmes, a maioria, eram mudos. Pois eu, que ainda era uma criança, assisti todos. A obra desse senhor, chegado em mulheres mais novas (não concordo que um homem gostar de adolescentes de 16 anos seja pedofilia, penso que é imaturidade) é linda. Quase sempre critica a ganância, a indiferença, a falta de encantamento pela vida, isto tudo, claro, na minha opinião, que não sou intelectual nem crítica de cinema.

Andréia disse...

Pois é Anônimo, estou por dentro das polêmicas, mas ainda assim muitas mulheres gostaram do filme. É só vc olhar no "Blogueiras Feministas" para vc ver o quanto elas divergem. Por isso mesmo queria a opinião da Lola, que além de feminista é critica de cinema.

Anônimo disse...

Natalia, há relatos do chaplin com crianças de 6 anos.. Se bem me lrmbro teve uma reportagem em algum site sobre o assunto, falando dos casos de estupro, pedofilia, misoginia, etc q o cercavam. O machismo nosso de cada dia publicou no face deles e choveram comentários falando: Ah ele era fruto da época, no contexto da época era diferente, blá blá blá..

Talita Figueiredo disse...

Esse post me fez lembrar da série de vídeos sobre o machismo nos vídeo games feitos pela Anita Sarkeesian.(vejam, vale a pena: http://www.feministfrequency.com/)

No começo de cada vídeo ela diz algo muito pertinente a esta discussão: "This series will include critical analysis of many beloved games and characters, but remember that it is both possible (and even necessary) to simultaneously enjoy media while also being critical of it’s more problematic or pernicious aspects."

Ela refere-se a vídeo games, mas acho que o raciocínio vale para obras artísticas também. É possível desfrutar e, simultaneamente, criticar uma obra e/ou seu autor.

Dito isso, eu declaro, sem o menor receio de soar contraditória, que AMO as peças de Nelson Rodrigues embora saiba que ele foi um reaça de marca maior.

Simples assim, gente. Dá pra gostar e criticar ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

A mesma coisa,vou beber nova schin mesmo se estiver na tv propagadeando estupro.


Deve se criticar o mal mas recomenda-lo e consumi-lo,dar ibope, ao inves de uma genialidade quebra regras em livros ou roteiros.Que dicotomia,hipocrisia é essa?Olhe que estou falando de obras e nao de pessoas atras dela.

Assim, consumo Rafinha e ta tudo bem.


Anônimo disse...

Embora nao seja exatamente o assunto do post, lembrei que tenho HORROR ao Miguel Falabella, porque ele ja deu entrevista dizendo que cuspiu numa senhora de idade num carnaval dos anos 90( uma fã que o abordou na rua )- e estava bem orgulhoso do que havia feito...
Eu ja nao ia com a cara dele antes disso,depois entao...nunca assisti nem assistirei " sai de baixo" ou qualquer peca de teatro em que o MF esteja envolvido....acho esse cara nojento e nao vejo nada de mais no " talento artístico " dele...blergghhh

lola aronovich disse...

Nossa, Maria Valéria, que história é essa do Miguel Falabela? Nunca ouvi falar nisso! Mas também não gosto de sua persona. Ei, estamos precisando da sua opinião médica no post de hoje, sobre laqueadura! Vai lá!


Hmm, Dona do Sexo, comerciais são diferentes de obras literárias, não acha? Um comercial da Nova Schin é uma porcaria, então o que a gente faz? A gente protesta e boicota o produto (o que não foi nada difícil de fazer, porque não tem muita gente que bebe Nova Schin mesmo). Rafinha é um idiota e suas piadas são idiotas. Não conseguimos distinguir a pessoa da obra. Ambas são medíocres. Mas quando falamos em gente realmente talentosa, como Nelson Rodrigues ou Polanski, eu acho que dá pra separar a pessoa da obra. Primeiro, porque vale a pena (as peças do N.R. e os filmes do P. são incríveis). Segundo, porque esses caras foram/são escrotos na vida pessoal, mas profissionalmente eles deixaram um legado. Não dá pra querer boicotar todo mundo que já fez algo muito errado. Outro dia tavam querendo boicotar o John Lennon porque ele não foi um marido ou pai exemplar!

Anônimo disse...

Lola, to falando mesmo de ambas ou so da obra mesmo ser mediocre.
Como no caso da novela da globo da gordinha.Tem gente feminista que ama e recomenda aquela novela aos quatro ventos depois de abaixo assinado e tudo?


Pois bem,nada contra as obras dessa cambada que tu ditou nesse teu texto,mas levando em linha os comentarios de alguns aqui...

Anônimo disse...

Lola,sobre o Miguel Falabella , isso saiu numa matéria da veja dos anos 90, o link ta aqui : http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_30081995.shtml

Ele cita o episódio de cuspir na senhora de idade no tópico " ataque de nervos "
Ahhff ....
Vou lá olhar o post da laqueadura.
Bjs

Amana disse...

Sem contexto, não se chupa nem um chicabon.

;)

Rafael Medeiros disse...

Nelson não tem chance comigo. Não consigo separá-lo de sua obra.

Cássia disse...

Sério mesmo que muitas pessoas estão colocando Nelson Rodrigues, Picasso, Polanski na mesma sacola que Rafinha e Gentili? Daqui 100 anos, ninguém nem lembrará desses dois. Também acho que toda obra deve ser contextualizada, discutida, reinterpretada. Nem Monteiro Lobato deve ser banido porque tirá-lo das bibliotecas e das escolas não fará com que o racismo deixe de existir na História. Pelo contrário, aí reside uma oportunidade para mostrar como as coisas eram e o quão errado isso era, é e continuará sendo enquanto existir. Eu sou feminista e gostei de várias peças de Nelson Rodrigues, "Vestido de noiva" é uma obra-prima. Também li a sua biografia e ele teve uma vida miserável! Justifica a pessoa que ele foi? De maneira alguma. Mas eu separo sim as duas coisas, a obra e o artista. Não vou me privar de obras grandiosas só porque tal pessoa foi medíocre. Até porque, o que fica é a obra. Frases soltas publicadas no Facebook é coisa do nosso tempo, em que Rafinha, Gentili e Pondé são "artistas" do humor e da palavra.

Julia disse...

Olha só, agora porque não quero ler Nelson Rodrigues vou queimar todos os livros dele. Talvez até o desenterre pra matá-lo de novo.

Só tive contato com a obra dele naqueles especiais do Fantástico. Não gostei de nada. Em um que vi a irmã ninfeta "seduz" o marido da irmã, depois ele mata a esposa por que ela pediu, aí ele vai preso e acontece mais alguma desgraça e no fim a culpa de todas as desgraças é da ninfeta do começo da história.

Pode ser um grande dramaturgo... que vai ficar desconhecido pra mim, pois não vou lê-lo. Mas eu ficarei bem, não se preocupem comigo.

O mesmo com o Freud e com o Lobato. Existem outros autores infantis não racistas. Minhas crianças não ficarão sem uma boa leitura!

ps: não tem como editar as partes racistas dos livros? Ou isso é heresia?

Loup~garou disse...

@Amana: É verdade o lance do contexto. Algumas pessoas que buscam os livros do Bukowski por se impressionarem com suas citações soltas na internet ficam impressionadas sobre como o contexto corrompe totalmente aquele ar puro e de auto ajuda.

Minhas aposta sobre a "verdade" da frase mais polêmica do Nelson Rodrigues: a mulher média não gosta de apanhar, gosta da atenção de um homem, e como não a tem, acha que a agressão é um suspiro de existência aos olhos do sujeito. Já vi homens na mesma situação miserável, e já vi mulheres que sabem cultivar a solidão como amadurecimento, mas é claro que são exceções aos seus papéis de gênero (construídos ou não). Se estamos falando de contexto, a vida matrimonial brasileira dá pano pra manga, especialmente das décadas de Nelson.

donadio disse...

Rafinha Bastos x Nélson Rodrigues... sério?

Rafinha Bastos é um autor (*pigarro*) de frases soltas. Nunca escreveu, ao que eu saiba, um romance, uma novela, uma peça teatral, um conto ou uma crônica que seja. Aliás, tenho certas dúvidas de que ele consiga contar uma piada de português completa, com começo, meio e fim. Então não é muito injusto julgá-lo pelas suas frases soltas - ele não "produz" nada além disso mesmo.

Agora, eu não sou nenhum especialista em Nélson Rodrigues, que eu vi pouco e li menos ainda. Mas ele com certeza não era um autor de frases soltas. Escreveu livros completos, com enredos complexos, e com personagens ainda mais complexos (sério, acho que qualquer personagem secundário de NR tem mais profundidade psicológica que o Rafinha Bastos inteiro). Daí acho um bocado sem noção julgar um autor dessa complexidade por frases tiradas de contexto.

(Até por que, por exemplo, uma frase como "nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais" - que é provavelmente a que gera mais repulsa - foi dita por uma pessoa que escrevia peças e livros cheios de incesto, homicídio, adultério, e quando questionada por um amigo - "por que você não escreve sobre pessoas normais?" - respondeu - "mas é isso que eu faço"; então talvez para ele a "normalidade" não fosse um valor tão positivo quanto é para o senso comum.)

Já o Rafinha Bastos é apenas um palhaço de má qualidade - e o Danilo Gentili é um palhaço de má qualidade que pensa que é um intelectual, e quando criticado fica todo sério e começa a falar de "liberdade de expressão"...

Roxy Carmichael disse...

gente boa
queimar livros nada mais foi que uma metáfora para eliminar as contradições, patrulhar e pretender viver numa bolha onde só entra gente limpinha. queimar livros é uma metáfora para: prefiro mil vezes um progressista muito, mas muito medíocre que um artista gênio reacionário. eu particularmente vou preferir o borges! os bons são são bons. os maus são maus. jamais alguém poderá ser progressista em alguns aspectos e reacionário em outros.

sobre a história da ninfeta culpada da desgraça do mundo eu pergunto:
uma mulher jamais poderá ser representada como uma pessoa caprichosa? a única representação possível da mulher é de alguém portador de todas as virtues existentes? sabemos que essa é a representação hegemonica, mas assim, não poderá nunca haver uma mulher caprichosa em alguns aspectos e super sensata em outros? capricho esta proibido de ser associado à mulher, ja que essa é a representação hegemonica que fortalece estereótipos e preconceitos? tanta coisa boa se perde aí nesse caminho...à minha cabeça no momento vem por exemplo o filme mônica e o desejo do bergman.

sobre azul é a cor mais quente.
"o diretor explorou as atrizes, ele é um babaca de marca maior, por isso não existe outra forma de pensar e sentir esse filme, a não ser na chave da repulsa"
eu não duvido que o cara é um babaca, tampoco duvido que ele explorou as atrizes, mas a discussão é SÓ essa?
prefiro essa discussão aqui: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2013/12/quando-o-diretor-bvai-longe-demaisb.html

Anônimo disse...

Lola, ótima a tua resposta. Estava só acompanhando, pq amo literatura, mas resolvi entrar nessa discussão. Quando se fala em Monteiro Lobato logo aparecem referências à literatura infantil, porém não foi somente isso que ele produziu. RECOMENDO FORTEMENTE: http://www.youtube.com/watch?v=rmmIK0bjjPk O papel de Lobato foi decisivo no mercado editoral no Brasil, e no que se refere à literatura infantil ele foi revolucionário. Ele lançou no Brasil o que hj chamamos de texto emancipatório para jovens leitores. Atualmente não seria legal oferecê-lo integralmente aos pequenos, mas alguns textos sim: http://www.revistasamizdat.com/2009/08/cigarra-e-as-duas-formigas-de-monteiro.html Nos dias de hoje há escritores muito melhores para os atuais propósitos sociais, como a Lígia Bojunga. Nelson Rodrigues: Ele não gostava do movimento feminista, o que não o torna, automaticamente, em um misógino, longe disso, como já falado aqui, suas personagens femininas são profundas e atuantes, e como na realidade ocorre, entre as pessoas, independente do gênero, há mulheres caprichosas, mulheres traiçoeiras, egoístas, há mulheres revoltadas e há mulheres conformadas e homens também. E pra concluir, ha vamo parar de palhaçada né? A Lola fala em artistas e vocês vêm com jornalista e comediante, querendo dizer que é a mesma coisa?! Visão crítica não é o mesmo importante criticar, e mesmo para criticar é necessário embasamento prévio! O pessoal fala com tanta certeza que se augum biógrafo lesse seria invadido por inveja dessa intimidade com os mencionados. Foi mal pelo tamanho Lola.

Dan disse...

Era muito talentoso, mas as idéias em si eram porcas, sem querer ofender os suínos.

Anônimo disse...

"ps: não tem como editar as partes racistas dos livros? Ou isso é heresia?"

Pois e.Fiquei me perguntado se isso e proibido por lei ou nao,seria interessante editar o livro, tirando ou modificando as frases racistas,.
Os 3 livros infantis que mais gostei de ML ( caçadas de pedrinho, reinações de Narizinho,viagem ao céu ) tem trechos interessantíssimos e muito engraçados.( fora que " viagem ao céu " era uma verdadeira aula de astronomia para crianças, eu adorava !)
Nao sei se os herdeiros de ML poderiam impedir a edição ou modificação dos livros,ja que detêm os direitos autorais da obra ate nao sei quantos anos depois da morte dele ( de 70 e poucos a 90 anos depois da morte, esqueci o numero exato)
Depois de ter passado esse período, que nao sei exatamente qual e, a obra fica sendo de " domínio publico, mas ainda assim nao sei se e permitido por lei editar ou modificar.
...

Mariana disse...

Gente, também estou curiosa a respeito de Azul é a cor mais quente. Queria muito saber a opinião da Lola, já que as suas críticas, em geral, vão na contramão do senso comum. Não gosto de cobrar post ou opinião, mas não compreendo quando a Lola gasta energia e tempo respondendo reacinhas e deixa seus leitores no vácuo.

Patela disse...

"Pois e.Fiquei me perguntado se isso e proibido por lei ou nao,seria interessante editar o livro, tirando ou modificando as frases racistas."


- Por favor, pense bem no que está propondo. Censura nunca termina bem.

Anônimo disse...

E Jean-Paul Sartre? Como encarar sua obra depois disso:

http://revistatpm.uol.com.br/revista/131/bazar/amor-louco.html


Aquele olhar 171 não fazia ninguém gozar, ele só castrava... rsrsrs

Bru disse...

"Não gosto de cobrar post ou opinião, mas não compreendo quando a Lola gasta energia e tempo respondendo reacinhas e deixa seus leitores no vácuo."

Concordo com você.

Unknown disse...

Na arte, é impossível não demonstrar os pensamentos do autor na própria obra. E mesmo que não consigamos identificar as metáforas, ainda sim, essas pessoas continuam influenciando e embasando a sociedade. Exemplo disso é o comentário de uma pessoa aí em cima, cujo namorado "elogiou" uma menina de 12 anos de "bifinho", dizendo-se "rodriguiano". E tantos outros que embasam suas atitudes preconceituasas com as falas idiotas do tal vinicião.

Eu não leio Monteiro Lobato, não leio Vinicios de Moraes e nem suporto ouvir falar sobre Pelé. Pessoas desse tipo não deveriam ganhar espaço ou voz.

beigesilkworm disse...

pois é...depois a Lola publica relatos de estupros e espancamentos e diz combater violência contra mulher....pelo visto,se o cara for de esquerda ou simpatizante,ou se for talentoso,ele pode ser estuprador,pedófilo,pervertido,porque é tudo perdoável.A vida das mulheres está em último lugar para essa suposta "feminista".Me diga: como vamos acabar com a tal cultura do estupro se abrimos brechas? Um idiota escreve que gostamos de apanhar,escreve contos em que gostamos de ser estupradas e prostituídas,e vc defende??Acha "a obra dele linda"??
Depois ficam tacando pedra em mascu...vai ver no dia que acharem algum esquerdista ou talentoso,vc para de atacá-los não é?

donadio disse...

"E Jean-Paul Sartre? Como encarar sua obra depois disso:

http://revistatpm.uol.com.br/revista/131/bazar/amor-louco.html

Aquele olhar 171 não fazia ninguém gozar, ele só castrava... rsrsrs
"

Revelação terrível... Sartre era brocha, que horror... não vou mais ler. Em vez disso vou ler Nelson Algren? Porque ele deu um orgasmo à Simone de Beauvoir. Que Freud me perdoe, mas que varinha de condão tinha esse cara!

Olha, horrível é essa reportagenzinha, que vem me explicar uma escritora do calibre da Beauvoir através de um escritor menor como o Algren. Por favor.

Jeane disse...

Odeio Nelson Rodrigues.

_zanxi_ disse...

A obra de Nelson Rodrigues, um machista, sem dúvida, mas talentoso, assim como dos machistas ViniciVi e Dalton Trevisan, são únicas. E se vc imagina que e coisa de época, se engana, o Brasil entrou em plena época de um machismo ferrenho, combatendo o feminismo e as mulheres, as quais pretende calar, com o advento Bolsonaro

Anônimo Fernandes disse...

Talvez Nelson queria dizer que, dentro da sociedade em que ele vivia, mulher apanhar do marido
era normal, pois no mundo machista dominante daquela época (ainda é hoje, mas bem menos do que na época dessa frase), calar-se diante da agressão do marido era comum e normal (e até incentivado pelos pais da mulher) e o homem tinha esse direito, direito inclusive de matá-la caso a flagra-se em adultério, o chamado crime de honra, e as mulheres que se insurgiam contra isso, eram chamadas de neuróticas.

Valéria disse...

Olá. Cheguei no seu blog depois de um comentário de uma amiga no grupo de estudos do mestrado sobre o posicionamento de Nelson Rodrigues em relação às mulheres retratadas em suas obras. Acho que a grande polêmica com este tema deve passar também pelo conceito de literatura. A grande questão a ser levantada, ao meu ver, é: onde essas frases tão criticadas foram expressas? Dentro de sua criação artística? Por que se for,então eu, sinceramente, nao acredito que haja problema algum. Personagens são representações, até narradores falam e percebem as coisas dentro do universo e do conceito daquela obra...
Abriremos mão de toda arte pelas incoerências dos autores? Não sobrará nada, porque esses autores são seres humanos normais, com todos os defeitos possíveis, alguns mais, outros menos. Como pessoas, devem pagar por seus possíveis crimes e ganhar as inimizades da vida de qlqr pessoa normal. Como artistas, merecem reconhecimento. Muito me preocupa essa cultura do "cancelamento". Se uma pessoa para de ler um autor, ta tudo bem. Mas até onde isso vai? E se isso avança para um nível no qual eu nao posso, nem fantasiosamente, ficcionalmente, artisticamente falar sobre as coisas que me vêm à mente? Como aspirante a escritora eu tenho muito receio de escrever. Por essas e outras. Para encerrar: a arte nao é só aquilo que o fulano gosta. É muito além disso. Ela é liberdade total da mente e das ideias através de diferentes habilidades humanas: música, escultura, literatura, pintura, dança, etc etc etc
Não vejo ninguém criticar com esse mesmo empenho à vida de Karl Marx, que muitas vezes foi negligente aos cuidados da família, traía a esposa que segurava a barra com as despesas e o cuidado das crianças e perdeu 4 de seus 7 filhos, entregando um deles a Engels.
E Rousseau que escreveu um livro sibre educação de crianças abandonando,ironicamente, a educação dos seus 5 filhos à um orfanato. E a obra deles não é arte, ok? Não são personagens, são eles e suas ideias. Devemos acreditar que são ideiais possíveis? Se nem mesmo eles foram capazes de vivenciar na prática o que defendiam? Vamos abandonar essas ideias também? Ou agora vocês vão relativizar?
Esse meu comentário mais pergunta do que responde. Mas perguntem isso a si mesmos também.

Anônimo disse...

Perfeito!