quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

GUEST POST: O CRESCIMENTO DA EXTREMA DIREITA NA EUROPA

Esta foi uma das manifestações contra o casamento gay na França

Meu querido correspondente estrangeiro na França, José Tarcísio Costa, enviou este guest post assustador. 
Extrema direita brasileira apoiando Bolso
Vale lembrar que a direita cresce também no Brasil, enquanto os reaças daqui tentam reescrever a história, inventando que o nazismo foi um movimento de esquerda. Gostaria que eles falassem pros neonazistas e demais grupos de extrema direita na Europa que, no fundo, são todos socialistas. 
Zé tem 27 anos e é doutorando em Física e Matemática Aplicada em Nice, sul da França. 

Aquela velha máxima de que a história sempre se repete começa a parecer mais verdadeira do que nunca se consideramos eventos recentes na Europa. Mais uma vez, seria a crise econômica a responsável por puxar o gatilho da radicalização da sociedade? A necessidade de se encontrar um culpado, que venha de fora, para os próprios males? Poderíamos estar falando da década de 40, mas não estamos. A radicalização da sociedade europeia é cada vez mais evidente e o futuro (das minorias) parece um pouco sombrio.
Vamos aos fatos: começo pela Franca porque é o país onde moro e, por isso, acompanho mais as notícias. Acredito que o primeiro grande sinal dessa radicalização foi a porcentagem de votos recebida pelo Front National, partido de extrema direita francês amplamente conhecido por suas declarações (e propostas) xenofóbicas e ultra nacionalistas. 
Pois bem, Marine Le Pen, alcançou 17,2% dos votos na corrida presidencial após uma campanha fortemente focalizada na imigração (como sendo a origem de todos os males da França), no fechamento das fronteiras, de retorno ao franco (moeda francesa antes do euro), e na saída completa da União Europeia. Bom, em todo caso, o presidente eleito foi François Hollande do Partido Socialista (PS), e isso parecia indicar que a radicalização era só uma impressão. Antes fosse, antes fosse...
Uma das bandeiras defendidas por Hollande durante a sua campanha foi o "mariage pour tous", a abertura do casamento civil (e adoção) aos casais homossexuais. Ele foi eleito, o que, pela lógica da democracia, quer dizer que a maioria dos franceses estava de acordo com seu plano de governo. 
Porém -- sempre tem um porém --, quando os debates sobre a lei (conhecida como lei Taubira em referência a Christiane Taubira, ministra da Justiça que foi a responsável por redigir o texto) começaram, várias pessoas, sob slogans como "um papai e uma mamãe, nada melhor para um criança" ou "não toque no casamento, ocupe-se do desemprego" (como se uma coisa impedisse a outra), e "escute o seu povo" (como se a maioria nas urnas não quisesse dizer nada) foram às ruas para protestar contra o projeto de lei. 
Até aí nada de muito anormal (apesar de ter sido chocante pra mim ver isso acontecendo). As manifestações em si não foram o maior problema; o grande problema foi o monstro que elas acordaram. Grupúsculos de extrema direita ultra radicais que estavam "adormecidos" havia algum tempo, ou pelo menos estavam mais tímidos, acordaram e vieram à luz com seus discursos de ódio cada vez mais abertos e agressivos.
Foi aí que a coisa degringolou: Sedes do PS foram atacadas em Paris. Em Nancy (no leste da França), um grupúsculo chamado GUD (Groupe Union Défense, algo como Grupo União e Defesa) que tem uma página na internet que contém uma foto de várias meninas fazendo a saudação nazista e onde podemos ler a frase "melhor ser fascista que viado", atacou e destruiu a sede da associação de estudantes e espalhou cartazes por todo o campus, convocando à caça aos homossexuais. 
Foi lá também que o "Hommen", um grupo composto por homens e que diz querer proteger as crianças, apareceu durante a parada do orgulho gay. Uma exposição sobre a homofobia foi vandalizada, também em Paris. 
Um manifestante anti casamento gay invadiu a quadra de Roland Garros durante a final para protestar -- isso depois de a lei já ter sido aprovada. E o mais chocante foi o fato de um militante de esquerda ser assassinado por neonazistas em pleno centro de Paris.
Ao mesmo tempo, várias coisas também ocorreram na Grécia, onde o partido de extrema direita Aurora Dourada, cujos membros fazem abertamente a saudação nazista, e cujo símbolo lembra muito um outro símbolo bem conhecido, conseguiu cadeiras no parlamento. 
Membros e militantes do Aurora Dourada faziam (sem nenhum direito) o papel da polícia e caminhavam em bairros de maioria imigrante pedindo os papéis (visto válido e passaporte) a todos. Aqueles que não os tinham ou tinham problemas pra se comunicar em grego, tinham suas coisas destruídas (muitos eram vendedores em feiras) e eram agredidos. Lá também, um militante de esquerda foi assassinado.
Como se não bastasse isso, na Itália o culto a Mussolini começa a renascer. Um fã do ditador chega a dizer que existe "democracia demais hoje em dia". Uma ministra negra de origem africana foi atacada por uma deputada de extrema direita que perguntou no seu Facebook: "por que ninguém estupra essa mulher?". 
Mais recentemente um deputado (do mesmo partido da senhora acima) pintou a sua cara de preto no parlamento enquanto discursava dizendo que os negros (e imigrantes) têm privilégios na Itália hoje. 
Na Alemanha o partido de extrema direita NPD também deu as caras ao enviar cartas para candidatos de origem estrangeira de outros partidos pedindo para que emigrassem.
E de volta à França, após a aprovação do "mariage pour tous", Taubira trabalha no projeto da reforma do sistema penal francês, mas os conservadores que são contra o casamento gay não se cansam e continuam a atacá-la. Em uma visita a Angers no meio de uma aglomeração dos anti-casamento, uma menina de 12 anos, sob o olhar orgulhoso dos pais, agitou uma casca de banana enquanto gritava "uma banana para a macaca". 
Segundo humorista brasileiro, não
é racismo chamar negra de macaca
E não para por aí, uma candidata do Front National publicou no seu Facebook uma foto em que comparava a ministra a um macaco, junto com o comentário: "prefiro vê-la em uma árvore, sobre os galhos, do que no governo". 
Além disso, o próprio partido socialista caiu nessa espiral de extremismo ao lidar com os acampamentos "ciganos". 
O ministro do interior disse não ver problema no caso de uma menina do Kosovo que foi retirada pela policia de um ônibus escolar, na presença de todas as outras crianças, para ser deportada. Além de um político que disse que "talvez Hitler não tenha matado um número suficiente de ciganos", ou ainda um outro que lamentou o fato de os bombeiros terem chegado "cedo demais" pra conter um incêndio em um acampamento cigano.
Já em 2014, no dia 19 de janeiro, houve uma manifestação em Paris contra o aborto, uma vez que o Ministério dos Diretos da Mulher propôs uma emenda que flexibiliza o aborto. Nessa manifestação, eles evocavam o "exemplo" espanhol, onde o atual governo quer suprimir de vez o acesso ao aborto, limitando-o somente a casos de estupro (nem mesmo má formação fetal está incluída), o que seria um retrocesso, em termos de direito das mulheres, aos tempos do ditador Franco.
Eu poderia continuar listando vários outros exemplos por aqui, mas acho que já deu pra se ter uma ideia de qual é a direção que as coisas tem tomado ultimamente. O velho fantasma das décadas de 30-40 está de volta. 

83 comentários:

Patty Kirsche disse...

Que horror isso. Tem gente que não gosta de ver progresso; fica o tempo inteiro empurrando o mundo de volta para estados primitivos... É gente ruim mesmo, não vejo como colocar de outra maneira.

Adriana disse...

Ler esse post me deu um 'leve" desespero.
Gente, é isso mesmo?
Nazismo voltando de maneira escancarada?
Estou perdendo a fé na humanidade, muito triste ver essas coisas.

Bella disse...

Eu gostaria muito de acreditar que é paranoia, dá uma angústia de ver pensamentos de direita se disseminando. Eu faço faculdade e vejo a direita se organizando sob os mesmos lemas de qualquer organização 'neo'direita nas universidades espalhadas pelo Brasil: não se posicionam politicamente, não tem pauta, o discurso é vazio (escondendo a mente CHEIA de preconceitos)e basicamente atacam o grupo de esquerda (que traz uma pauta de combate a opressões de gênero, etc). Enfim, um verdadeiro desastre. É um discurso que me deixa embasbacada e o que me impressiona ainda mais é que algumas pessoas sejam seduzidas por ele. Será tão difícil assim perceber que não faz o menor sentido o que eles dizem? Será tão difícil olhar para o mundo e perceber que a realidade é que gays morrem por serem gays, mulheres morrem por serem mulheres, que esses são os oprimidos? Pra mim é cômico (se não fosse trágico) o discurso: queremos liberdade. Como se realmente vivessemos uma ditadura daqueles que defendem as minorias. O discurso da nova direita é sempre o mesmo...querem liberdade. Liberdade pra que? Pra falar o que falam e NÃO serem taxados de machistas, racistas, homofóbicos. Se vitimizam claramente em seus discursos, acham um absurdos serem chamados de preconceituosos, dizem que não podem expressar sua opinião (coitadinhos!) sem que sofram represália do grupo de esquerda. Que liberdade de expressão é essa que eles querem? Querem falar bobagem e querem que nós NÃO os chamemos de machistas? Então é liberdade de expressão pela metade. Qualquer ser humano que não tenha uma ameba no lugar do cérebro entende bem o que tá por trás do discurso ridículo "pró-liberdade" da nova direita que se forma nas universidades. Será que é tão difícil que as pessoas façam um exercício de observação na sociedade em que vivem e constatem QUEM são os oprimidos? Será tão difícil olhar pro lado e ver quantos pobre/negros/mulheres compuseram a história da universidade onde estudam? É muita desonestidade intelectual tentar forjar um quadro de opressão "ao contrário" em um ambiente que sempre foi ocupado por gente "dentro do padrão". Haja paciência!!

@dddrocha disse...

É o horror.

Paula disse...

em defesa da minha querida Alemanha, que aparentemente aprendeu as lições do passado, o partido de extrema direita daqui perdeu de lavada nas últimas eleições e não chegou a bota viv'alma no parlamento.

aqui as pessoas, pelo menos os mais jovens, com quem eu tenho amizade, sentem muita vergonha da época nazista. Inclusive é um assunto desconfortável para eles e pessoas racistas não são toleradas. Como já disse um amigo meu, ninguem quer ser visto com um racista.

A Espanha sempre foi racista e xenófoba. PONTO. Como diria Carlotta Joaquina, daquela terra não quero nem o pó! Cansei de ir pra lá e ser tratada como lixo. E olha que eu tenho até sobrenome espanhol, hein..

Itália e França têm sério problemas com imigração ilegal, por conta do mar mediterrâneo. Muitos africanos e indianos pedindo dinheiro, trabalhando de camelôs, vendendo bolsa falsa e por aí vai...

Nessa questão da imigração eu fico com o coração dividido: por um lado, eu entendo quando os imigrantes deixam para trás seus países em busca de uma vida melhor. Eu fiz o mesmo, assim como o meu noivo (indiano). Mas por outro lado, entendo que os Estados não possam simplesmente abrir as portas para todos os necessitados do mundo, senão eles próprio quebram. É uma situação complicada. Mas discriminação e violência são inaceitáveis em qualquer instância, por
favor

De resto, as questões das bananas, homofobia e aborto... tudo bando de troglodita! Nem tem o que falar..

Anônimo disse...

Daora essa fantasia de pirocoptero.

Sara disse...

O mais triste é q essa onda de conservadorismo virá inexoravelmente em nossa direção.
Q tristeza ver o mundo involuir dessa forma.

Anônimo disse...

Primeira vez como tragédia, segunda como farsa. Já dá pra chamar de Lei de Marx, né?

Zé Costa disse...

Só para esclarecer que eu não escrevi o post para tecer julgamentos pessoais aos europeus. Claro que gente, ultraconservadora, racista, xenófoba e homofóbica existe em qualquer lugar.

O que me assusta disso tudo que vem acontecendo aqui, é a institucionalização dessas ideias. Ao invés do combate a esse tipo de pensamento, vemos um crescimento no apoio. Claro que nem tudo está perdido, existem muitos movimentos tentando reverter esse fluxo de radicalização. Madrid, por exemplo, tem uma grande passeata pró aborto prevista paras próximas semanas.

No mais, do ponto de vista pessoal, eu nunca senti na pele nada disso por aqui. Nunca me senti menosprezado por ser estrangeiro e nem fui "destratado" (e olha que moro numa região que é reduto da extrema direita francesa). Mas assim, já tive discussões com pessoas que tentavam me explicar que eu era um imigrante "diferenciado". Que o problema eram os árabes e os ciganos (na sua maioria búlgaros e romenos) e nessas discussões pude perceber que o buraco é bem mais embaixo. As vezes essa atitude xenófoba parte de outros estrangeiros mesmo. É um pouco como gay homofóbico, sabe?

A grande verdade é que existe muita ignorância quando o assunto é imigração por aqui. Muito disse me disse, muito ouvi falar, muitos números que não se sustentam, mas o povo vai deixando se levar. Aí você adiciona nesse caldeirão o aumento do desemprego e a diminuição do poder de compra e pronto, tá feito o banquete para os ultraconservadores se esbaldarem.

Zé Costa disse...

Na Grécia, por exemplo, o Aurora Dourada conseguiu tanta simpatia porque no auge da crise seus membros iam para as ruas distribuir comida, agasalhos e tudo mais para gregos, somente para gregos, claro. E a cada vez que eles se reuniam para fazer essas doações nas ruas, o discurso do imigrante inimigo que está afundando a grande Grécia era repetido. Estratégia bem conhecida, vamos repetir uma mentira um número suficiente de vezes até que ela se torne verdade...funcionou na Alemanha de 39/40 e está funcionando agora.

Anônimo disse...

Mas tem muito choque cultural na França, não
Lembrando do filme O dia da saia http://www.imdb.com/title/tt1286809/?ref_=nm_flmg_act_7


Kittsu disse...

E pensar que a frança é exemplo de civilidade em tantas coisas...

Hugo disse...

O futuro parece sombrio... Creio que em breve irão ocorrer grandes mudanças no cenário mundial, e temo que serão mudanças para pior.

Denise disse...

Eu moro na Austrália, e por aqui a direita também tem ressurgido, vide a receite eleição de Tony Abbott como primeiro ministro, um político com discurso católico e conservador. Uma das bases do governo dele também é reduzir a imigração, principalmente a de refugiados. Por mais que o país tenha uma forte política pública contra discriminação, é certo que a opinião pública contra imigrantes tem aumentado, especialmente contra imigrantes indianos e asiáticos (principalmente chineses). Crescem os casos de agressoes verbais nas ruas, principalmente contra imigrantes asiáticos.

Outro ponto é que eu que sempre achei a Austrália menos machista que o Brasil, me surpreendi ontem ao ler uma reportagem sobre uma camisa feminina lançada pra comemoração do “Australian Day” onde se le: “Property of na aussie boy” (propriedade de um rapaz australiano) e ver os comentários na reportagem dizendo que “a camisa não é sexista”, “se vc não se sente suficientemente conectado ao seu namorado pra usar essa camisa com orgulho, simplesmente não compre”, “quanto mimmimi por causa de uma simples camisa”, “banir a camisa seria contra a liberdade de expressão”, “todo mundo se ofende com tudo nos dias de hoje” e o clássico: “relaxem, é só uma piada!” (http://www.dailylife.com.au/dl-people/ice-withdraws-sexist-australia-daythemed-singlet-from-sale-20140121-316nm.html).

É, parece que mesmo os países desenvolvidos não são tão desenvolvidos assim quanto se trata de direitos humanos das minorias... Triste esse mundo em que vivemos...

Sonado Alaikor disse...

Tenho uma profunda preocupação com o tema já tem alguns anos, então não me surpreende. Como acompanho muitos canais antifa, vejo estes relatos do post de muitas fontes. Por sorte, há quem esteja tentando combater eles em seus nichos lá e aqui. Por azar, eles estão crescendo demais.

Temo que seja cedo para ter certeza de algo, mas tarde para agir em vários aspectos.

Jessica disse...

Lolinha, traduzi uma reportagem sobre o racismo dentro da FN, se você quiser, posso disponibilizar para o pessoal ler aqui. É apavorante! Também há um livro do Bourdieu de entrevistas com um jovem militante do partido da extrema direita e nossa... tem que ver o que ele declara! No fim ele mesmo admite que não sabe o que está fazendo lá, como ele foi facilmente manipulado. Poderia disponibilizar para o blog também, caso te interesse!

Anônimo disse...

Off:

Viram esta notícia:
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/delegado-thiago-vira-laura-e-pode-assumir-defesa-da-mulher-em-goi%C3%A1s

Patrick disse...

Stieg Larsson, da trilogia millenium, como jornalista era um watchdog ("cão-de-guarda") da extrema direita europeia e da sueca em particular. Suas constantes denúncias desses grupos na revista Expo fizeram com que acumulasse várias ameaças de morte e o obrigaram a viver praticamente às escondidas durante os últimos anos da sua vida.

lola aronovich disse...

Jessica, se puder, manda pro meu email: lolaescreva@gmail.com


Gente, pra quem está deixando comentários pedindo pra denunciar um site de ódio, ou dizendo estar enojadx... Não posso publicar esses comentários porque vcs colocam o nome do site. Recebi hoje vários emails falando do site. É este aqui, é o mesmo Silvio Koerich, e são as mesmas pessoas por trás (pelo menos o Marcelo eu tenho certeza).
Eu peço a vcs: NÃO DIVULGUEM O SITE DE ÓDIO. Apenas denunciem na Safernet http://www.safernet.org.br/site/ e na Polícia Federal http://www.dpf.gov.br/simba/fale-conosco/denuncias
Não faz diferença o número de denúncias. A PF já está sabendo do site de ódio há vários meses. Não sei como esse pessoal ainda está solto. Só sei que divulgar o site é tudo que eles querem. É a fama que eles querem. E quem divulga, mesmo com a melhor das intenções, está fazendo o jogo deles. Então NUNCA DIVULGUE um blog/site/página no FB com conteúdo preconceituoso. Apenas denuncie.

Unknown disse...

Medo. A Onda esta por aqui tambem, vide evangelicos com sede de cargos publicos.

Anônimo disse...

Olá Lola. Faz tempo que não passo por aqui mas acabei de ver uma reportagem no yahoo e logo me lembrei de vc. A matéria é esta http://br.mulher.yahoo.com/blogs/amigo-gay/casal-choca-internautas-por-ser-feliz-004318571.html. E vi que vários comentários falavam sobre Dawn Stefanowicz. O que vc acha disso?

Unknown disse...

Já repararam que para a esquerda, nunca existe um partido de "direita". Tudo o que é contrário ao marxismo cultural automaticamente é taxado de "extrema-direita".

Estranho, não?

Catharina Heringer disse...

Aqui na Republica Tcheca, onde moro, a extrema direita ataca também. Atualmente, quem está no governo é Miloš Zeman, um ex-militante comunista da época de domínio da URSS (o que acaba sendo a mesma coisa que um ditador de direita, haja vista os crimes cometidos pelos comunistas. A Vaclávské Naměstí, praca aqui em Praga onde diversos estudantes foram assassinados pelo governo durante o Comunismo, está aí pra contar historia), mas no parlamento há várias pessoas de extrema direita. Um deputado daqui chegou a propor uma espécie de "Ciganismo", ou um sionismo dos ciganos, em que um Estado cigano seria criado na Índia e todos os ciganos da Europa seriam mandados para lá. O que se pensa de uma coisa dessas? A ideia é tao absurda (já que temos aí o exemplo do conflito entre Israel e Palesina) que todo mundo riria e achria ridícula. Nao foi por aí. Muita gente apoiou o tal deputado e sua ideia "brilhante". Outra coisa que me assustou foi uma manifestacao contra ciganos que ocorreu em Ceské Budějovice, cidade a 150km de Praha. Um grupo de neonazistas invadiu um bairro cigano e, em um ato que eles chamaram de protesto, vandalizaram lixeiras, quebraram janelas de casas e apartamentos, atearam fogo a jardins... Fora o fato de que, todo ano, centenas de criancas ciganas sao colocadas, pelo proprio governo, em escolas para criancas com deficiencias de aprendizado, ainda que essas criancas ciganas nao possuam dificuldade alguma. No mercado de trabalho, é evidente a discriminacao contra os ciganos (ao mesmo tempo em que eles bradam que ciganos sao vagabundos e vivem as custas de pensoes do governo, ninguem quer dar emprego pra um cigano). Crimes de odio contra adolescentes ciganos ocorrem numa frequencia triste. É, de fato, preocupante essa tendencia europeia...

Eremita disse...

Eu moro na França e acompanhei todos os acontecimentos relatados no post, fiquei muito chocada também durante as manisfestações contra "mariage pour tous". No que toca os imigrantes, o que mais me incomoda aqui na França no discurso da extrema direita ( e às vezes da direita tb) é essa noção de que os imigrantes (em especial os africanos e muçulmanos) abusam do sistema francês. Lembro que há uns dois anos, quando Sarkozy ainda estava no presidência, a ministra Nadine Morano disse à um rapaz negro na rua que ele podia já voltar para o Senegal (antiga colônia francesa), porque era um país independente (ele não precisava mais ficar na França ganhando o dinheiro francês). Isso me deixou extremamente irritada, pela negação da responsabilidade colonial da França. Aqui se fala muito da segunda guerra mundial, entretanto muito pouco da colonização francesa do continente Africano. Esses grupos de extrema direita gostam muito de colocar os imigrantes como aproveitadores do sistema de francês, no entanto a mídia utiliza no combate a esse discuro não toca no assunto da colonização como grande parte da constituição do poder econômico europeu (como os mais de 5 séculos de exploração da mão de obra escravizada dos Africanos, da pilhagem desse continente, dos vários Africanos - negros e árabes - que morreram nas guerras para defender a metropole, etc). Acho importante resgatar essa memória. E considero como perfeitamente normal que a França receba uma população de países onde ela exerceu um papel de exploração e contribui de certa maneira para atual situação de pobreza e caos de suas antigas colônias.

Diego disse...

Por morar na Alemanha e ver coisas desse tipo resolvi comentar nesse post.

Infelizmente aqui na Alemanha a Extrema Direita está presente, moro em uma região na qual anualmente (não sei a quanto tempo existe essa tradição) ocorre uma marcha neo-nazista, além de existir abertamente grupos Skinheads (esses dias eu fui para um club com amigos alemães e eu vi um grupo deles, usando camisetas e coletes com estampas dos skinheads), e como bem informou o autor desse post existe um partido de extrema direita aqui.

Além disso outra coisa que percebi nesse tempo foi várias campanhas pela cidade contra o nazismo (xenofobia e segregação), na televisão pública do transporte público e cartazes pela cidade.

E sobre a passeata, felizmente junto com essa passeata é organizada uma passeata ANTI- Nazismo, para mostrar controlar esse crescimento de direita e mostrar que a população não é a favor disso.

Mas é triste ver esse fantasma ainda vivo e começando a ganhar força de novo.

Dandan disse...

Eu moro na França há três anos, há mais de um ano em Paris, sou militante de extrema-esquerda, e acho importante fazer algumas precisões:

- o militante assassinado em junho de 2013, Clément Méric, era um militante de extrema-esquerda, próximo da Action Antifasciste (Ação Antifascista) em Paris. Os alvos de grupos de extrema-direita na França não são militantes da esquerda institucionalizada, mas os militantes de extrema-esquerda, mais precisamente anti-fascistas e libertários.

- o militante assassinado na Grécia, Pavlos Fyssas, também era militante antifascista. Também neste caso, a organização Aurora Dourada ataca principalmente militantes da extrema-esquerda (comunistas, anarquistas).

E eu confirmo, a coisa tá muito feia aqui, parece que andando pra trás... Mas a gente vai continuar lutando.

Zé Costa disse...

Falando do Front National, desde de que Marine Le Pen virou presidente do partido, ela iniciou uma estratégia de "des-diabolização" do partido. Uma tentativa de mostrar que ele não era tão mau assim.

Entretanto, recentemente vários membros do partido, que iriam se lançar candidatos para as eleições municipais aqui na França, o abandonaram. Eles dizem que existe um abismo de distância entre o novo discurso hipócrita de Marine e as reais intenções do partido. Disseram sentir um mal estar enorme ou ver que comentários homofóbicos, machistas e racistas eram normais nas reuniões.

O pior disso tudo é que, mesmo com essas histórias, teve um departamento aqui que já "pré-elegeu" o candidato FN.

Kittsu disse...

Eu tava aqui matutando... No Brasil, os conservadores reclamam da "ditadura das minorias", mas vamos fazer as contas:
Qual a porcentagem entre brancos, negros e pardos no brasil?
Qual a porcentagem entre homens e mulheres?
Qual a porcentagem das classes A e B com relação às demais?
Quando você pega a "classe dominante" brasileira, e ver todas as interceções no qual ela está inserida, você vai perceber que, frente aos que estão fora desta interceção, nós JÁ ESTAMOS em uma ditadura da minoria desde 1500! E esse grupo minusculo reclama que abrir espaço para o que na verdade é a maioria da população é uma ditadura das minorias. ironico.

donadio disse...

"Já repararam que para a esquerda, nunca existe um partido de "direita". Tudo o que é contrário ao marxismo cultural automaticamente é taxado de "extrema-direita".

Estranho, não?
"

Bom, eu sou de extrema-esquerda. E para mim existe sim uma direita que não é extrema-direita.

A Marine Le Pen é de extrema-direita, o Sarkozy é de direita.

O Aurora Dourada é de extrema-direita, o Karamanlis é de direita.

Na Alemanha, o NPD é de extrema-direita, o CDU/CSU é de direita.

O Jirinovsky é de extrema-direita, o Putin é de direita.

O Bolsonaro é de extrema-direita, o Serra é de direita.

E para você, existe alguma coisa no mundo além do "marxismo cultural" (que pelo que eu tenho visto inclui as coisas mais vergonhosamente moderadas, social-democratas, reformistas, de que eu tenho conhecimento) e do que quer que seja que você considera contrário ao "marxismo cultural"?

Anônimo disse...

Eu também moro na Alemanha e infelizmente gente ruim é igual a erva daninha - tem por tudo! Existem grupos nazistas, passeatas e tal, mas é bem controlado pela polícia e pela própria população. Na última eleição a extrema direita não ganhou nem 1% dos votos. O Partido Verde, que é bem voltado para causas sociais e ambientais infelizmente ganhou bem menos votos do que o esperado. Angela Merkel se reelegeu.

Essa é minha opinião pessoal que não posso dizer se confere com a realidade - talvez o fato dos Verdes terem ganho menos votos é por estarmos num momento bem difícil aqui na Europa. Trocar o governo que até agora conseguiu manter relativamente as coisas funcionando pode gerar ansiedade e insegurança na população, logo mantê-lo parece mais seguro.

De uma maneira geral a Alemanha é bem liberal. Franca, Itália, Portugal e Espanha nunca me pareceram aquele mar de liberdade não. Conheci uma italiana que me contou que, dependendo da região que você mora na Itália, mulheres não podem nem ao menos comprar anticoncepcionais sem a permissão dos PAIS do marido!! =0
Alguns farmacêuticos exigem a presença do sogro ou sogra na hora da aquisição de pílulas.

Apesar de eu ficar muito triste com esses retrocessos e ver esses grupos conservadores ganhando cada vez mais poder, não diriam que isso me surpreende.

Jane Doe

Anônimo disse...

Se eu não ganhasse tão bem aqui no Brasil, já teria mudado para a Europa faz tempo.

Rebecca Souza disse...

Só pra constar fui eu que postei a historia sobre o rapaz branco me processando,não sei pq saiu anonimo

Rebecca Souza disse...

Como cigana ,morando no Brasil,me assusta cada vez mais,essa``ciganofobia`´existente na
Europa,só que ela não é hoje.
Ciganos foram mortos na Inquisição,na Segunda Guerra Mundial,e como não lembrar dos países,como Portugal e Espanha,que em alguns lugares colocam suas placas de ``Proibida a entrada de romas((como eles nos chamam por lá)``
Aqui no Brasil,vivemos uma falsa liberdade,pois o preconceito também é forte.Por incrível coincidência,ontem fui ameaçada de processo por um rapaz branco(e reforço a cor para entendimento da historia)trabalhador de uma cooperativa alemã aqui no Brasil.O motivo?postei uma carta aonde indígenas falavam que ``o homem branco não ama a terra como eles``,fui tachada de preconceituosa por natureza,que não vejo que os brancos também sofrem e que só vou aprender quando for processada e para acabar a pérola``EU entendo de direitos humanos,trabalho nisso a anos,mas,vindo de vc esse preconceito eu até espero já tive contato com teu povo e sei o que esperar de cigano..`´

Karina Karina disse...

Nunca postei aqui, apesar de ler sempre. Temo que as próximas eleições demonstrem o crescimento da direita no Brasil também... Já ouvi varios ~ VARIOS ~ professores doutores (logo pessoas estudadas e formadoras de opinião) dizendo que votarão em Felicianos da vida... Nao sei nem o que dizer pra eles,mas após ler o relato aqui e os comentários, só consigo pensar: onde isto vai parar?

Anônimo disse...

A humanidade já passou do tempo de sumir do planeta...

Anônimo disse...

Lola a caixa de comentários era muito melhor quando não era moderada...

Anônimo disse...

cara Karina eu votaria no Feliciano com orgulho abraços.

Anônimo disse...

Nessa questão da imigração eu fico com o coração dividido: por um lado, eu entendo quando os imigrantes deixam para trás seus países em busca de uma vida melhor. Eu fiz o mesmo, assim como o meu noivo (indiano). Mas por outro lado, entendo que os Estados não possam simplesmente abrir as portas para todos os necessitados do mundo, senão eles próprio quebram. É uma situação complicada. Mas discriminação e violência são inaceitáveis em qualquer instância, por
favor
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Sim corta o coração mas muitos imigrantes não querem se integrar, e continuam forçando seus costumes nos paises dos outros, como os mulcumanos que não aceitam as libedades das mulheres, e inclusive, atacam muitas europeias.

Renata disse...

"Sim corta o coração mas muitos imigrantes não querem se integrar, e continuam forçando seus costumes nos paises dos outros, como os mulcumanos que não aceitam as libedades das mulheres, e inclusive, atacam muitas europeias."

Concordo.

Anônimo disse...

se os islâmicos não aceitam as leis europeias que voltem para os seus países de origem.

Anônimo disse...

Lola, o nazismo era de esquerda sim, goste você ou não. A propósito, você já notou que a extrema-direita é bem mais parecida com a esquerda do que com a direita que você tanto demoniza? P.S: Com quem Hitler se parece mais: com Stálin ou Reagan e Thatcher, por exemplo?
Abs!

Anônimo disse...


Moç das 16:04,

Eu não costumo usar as palavras em vão, mas você é louc por acaso?

Unknown disse...

Estou horrorizada com isso. A humanidade regride aos tempos de barbárie e em alguns casos a autotutela. Outro dia um conhecido chegou na roda de conversa e estava desiludido? O motivo : a politica de cotas e o bolsa família, que isso ? ficar triste por dar oportunidades e atender as minorias.

Sara disse...

Eu até consigo entender q muitos europeus queiram defender seus territórios de imigrantes que trazem costumes barbáros q violam direitos humanos, como por ex. o tratamento cruel dispensado a mulheres, e a mutilação genital feminina, nisso estou com eles e não abro, e talvez os partidos mais esquerda por serem mais inclusivos e tolerantes, tem aberto caminho para esse crescimento do conservadorismo tacanho, mas que por outro lado tenta preservar o modo de vida e os costumes dos paises de lá.
Eu creio q seja mais por isso que a Europa esteja se rendendo a esses partidos mais a direita, por eles serem mais inflexíveis que os tolerantes socialistas.

Felipe disse...

Dizem que Hitler era de esquerda pelo fato de ter sido um ditador, assim como Stalin. Mas essa lógica não se sustenta, pois a ditadura militar, pelo menos aqui no Brasil, foi direitista. Além disso, o nazismo perseguiu comunistas e invadiu a URSS.
Ser esquerdista não é a mesma coisa que apoiar ditadores. Ditaduras podem ser de ambas ideologias, e todas são nocivas.

Anônimo disse...

Eu não costumo usar as palavras em vão, mas você é louc por acaso?
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Valor simplesmente a verdade. Com quem Hitler era mais parecido?

Anônimo disse...

Dizem que Hitler era de esquerda pelo fato de ter sido um ditador, assim como Stalin. Mas essa lógica não se sustenta, pois a ditadura militar, pelo menos aqui no Brasil, foi direitista. Além disso, o nazismo perseguiu comunistas e invadiu a URSS.
Ser esquerdista não é a mesma coisa que apoiar ditadores. Ditaduras podem ser de ambas ideologias, e todas são nocivas.
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O problema que a maioria dos paises que foram cmomunistas ou de esquerda foram ditaduras e foram brutais como na Ásia. Sem contar que partidos de esquerda apoiam governos como o de cuba e da coreia do norte.

Zé Costa disse...

"Sim corta o coração mas muitos imigrantes não querem se integrar, e continuam forçando seus costumes nos paises dos outros, como os mulcumanos que não aceitam as libedades das mulheres, e inclusive, atacam muitas europeias."

Eu acho triste quando vejo esse tipo de comentário porque ele se baseia na mais pura e simples generalização. Gente que não se adapta e as vezes nem quer se adaptar existe de qualquer nacionalidade. Conheço muçulmanos aqui que de radicais não têm nada. E, acreditem, já conheci brasileiros que ficavam encarando e "cantando", ao ponto do abuso mesmo, mulheres que faziam top less na praia. E são brasileiros que vivem aqui há bastante tempo porque eu mesmo já tinha conversado com eles antes. Agora, vamos generalizar e dizer que brasileiro não se integra e não respeita os costumes locais? Porque, acreditem, já escutei francesas reclamarem dos brasileiros quando o assunto é praia (e várias vezes).


Existem muitas nuances quando o assunto é imigração, mas como eu já disse no comentário anterior, as pessoas preferem viver do disse me disse.

Na região onde eu moro existem um grande número de russos que não se esforçam pra aprender o francês e muitas vezes não falam nem inglês. E muitos são tão machistas quanto os "árabes", mas têm dinheiro, muito dinheiro...aí pode né? Aí não precisa se integrar.

Zé Costa disse...

Costumam generalizar os árabes, como se eles fossem um povo homogêneo e todos fossem um bando de bárbaros. E depois, reclamam quando os espanhois tratam todos os latinos como se fossem bandidos.

Sem contar que, muitos dos "árabes" dos quais vocês falam e que sofrem com o preconceito aqui, são árabes de segunda ou terceira geração, ou seja, são franceses, nasceram aqui. E ainda assim sofrem com o preconceito, têm problemas pra arrumar emprego e são marginalizados.

Enfim, existem pessoas boas e ruins em qualquer lugar do mundo. Jogar toda a culpa dos problemas nas pessoas que vêm de uma determinada região e achar que os expulsando tudo irá se resolver é justamente o que a extrema direita faz e se você pensa assim também, é porque você se simpatiza com a ideologia deles.

Anônimo disse...

Eu acho triste quando vejo esse tipo de comentário porque ele se baseia na mais pura e simples generalização. Gente que não se adapta e as vezes nem quer se adaptar existe de qualquer nacionalidade. Conheço muçulmanos aqui que de radicais não têm nada. E, acreditem, já conheci brasileiros que ficavam encarando e "cantando", ao ponto do abuso mesmo, mulheres que faziam top less na praia. E são brasileiros que vivem aqui há bastante tempo porque eu mesmo já tinha conversado com eles antes. Agora, vamos generalizar e dizer que brasileiro não se integra e não respeita os costumes locais? Porque, acreditem, já escutei francesas reclamarem dos brasileiros quando o assunto é praia (e várias vezes).
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Sim José concordo, mas falo dos mulsumanos ,pois a diferença cultural entre o oriente e o ocidente é mais guitante. Muitos acham uma ofensa a liberdade dos europeus na sua vista,e acham no dever divino de combater a "imoralidade ocidental".

Anônimo disse...

Na região onde eu moro existem um grande número de russos que não se esforçam pra aprender o francês e muitas vezes não falam nem inglês. E muitos são tão machistas quanto os "árabes", mas têm dinheiro, muito dinheiro...aí pode né? Aí não precisa se integrar.
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Tambem concordo, moro atualmente nos EUA e estar cada vez mais complicado em determinadas regiões pra quem que melhorar o inglês, ondas de imigrantes mexicanos que não querem aprender o inglês e exigem placas bilingles.

Anônimo disse...

caro jose tarcisio os árabes podem ser terceira geração mas o islã e o mesmo a mil e quatrocentos anos repressor e machista.

Zé Costa disse...

Assim como o cristianismo de 2000 anos e o judaísmo. Se esse for o único critério, então paremos de usar dois pesos e duas medidas. E agora todo árabe é muçulmano? Todo muçulmano é radical?

Li hoje no jornal aqui, que um cara foi afastado do seu emprego porque se ao invés de dizer bonjour disse "assalaamu `alaikum" pra um colega, também árabe. E isso foi visto como sinal de radicalização. Ou seja, toda uma língua, de todo um povo que se estende do ocidente ao oriente foi estigmatizada. E você acha isso normal? Acha normal se basear nesse princípio pra enquadrar todo um grupo de pessoas? Desculpe mas eu não consigo ver a lógica desse seu pensamento.

Imagine você ser demitido do seu emprego porque disse "bom dia" ao invés de "bonjour" aqui. E não vem com essa de que "está aqui tem que falar a língua" porque ele fala, assim como eu falo, mas quando encontro brasileiros que trabalham no mesmo lugar que eu, digo bom dia, ao invés de bonjour.

O que eu acho ridículo é essa generalização. Eu trabalho em um projeto da universidade ensinando matemática pra crianças e adultos das periferias aqui da região (a grande maioria é de origem árabe) e olha, várias vezes vejo comentários muito mais radicais, machistas e retrógados aqui no blog da Lola e da boca de muitos brasileiros dos que do meus alunos. Muitos nem são muçulmanos e não seguem religião nenhuma. Mas não...tem cara e origem árabe então só pode ser muçulmano e perigoso.

Não estou dizendo que não existem radicais e são todos lindo e uns amores injustiçados, estou dizendo que toda generalização é burra.

Amanda disse...

Oi Lola! Lembra de mim? Moro da França há uns cinco anos e conheço bem a política daqui. Acho legal a iniciativa de falar sobre esse assunto, mas achei um pouco alarmista demais (para não dizer irresponsável). Sim, há uma onda conservadora que atinge uma parte da população, mas não é como se todo mundo se conformasse com isso. As pessoas debatem, reclamam, a mídia denuncia e tal. Esse reacionarismo choca aqui tbm, sabe. A manif pour tous teve tanta gente pq simplesmente todos os reaças da França vieram pra Paris. As igrejas alugaram ônibus para trazer a galera.

Tbm acho importante frisar que o aborto (de qualquer tipo, não apenas em casos de estupro, etc) é legal na França há 40 anos! E ainda foi legalizado por uma mulher de direita! É um debate que não existe mais. Os reaças só botaram as manguinhas de fora pq viram que na Espanha foi proibido (mesmo se 70% dos espanhois são contra a nova lei), mas não existe a menor chance de acontecer o mesmo na França, ainda mais em um governo socialista.

Anônimo disse...

Assim como o cristianismo de 2000 anos e o judaísmo. Se esse for o único critério, então paremos de usar dois pesos e duas medidas. E agora todo árabe é muçulmano? Todo muçulmano é radical?

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Quer comparar cristão com mulsumano?
A maioria dos cristãos hoje em dia fazem coisas que sua religião condenam com sexo antes do casamento e divorcio. Quantos mulsumanosagem assiim? O islã não evoluiu desde o surgimento.

Anônimo disse...

José quantas mulheres cristãs você conhece que foram mortas por beber uma cerveja ou dirijir um carro? Eu moeri na Suécia durante 3 anos sei bem o que estou falando/escrevendo.

Anônimo disse...

a arabia saudita e um bom exemplo da intolerância islâmica contra as mulheres e a liberdade de pensamento caro jose.

Anônimo disse...

no ocidente mesquitas são construídas e nos países islâmicos não há tolerância com outras crenças.

Zé Costa disse...

Amanda, você se engana quando diz que só foram pras ruas por causa da Espanha. Foram pras ruas porque o governo está mexendo sim na lei do aborto aqui, mas pelo lado bom, o tornando ainda mais acessível. E o que aconteceu, foram pras ruas. E o debate tanto existe que causou fissões nos partidos de direita e esquerda. Por isso não diga que não há debate porque há sim. A lei foi aprovada nessa semana (ainda bem) , mas que gerou um certo rebuliço, gerou.

Anônimo,

Eu não sei porque você se recusa a me entender e não vou ficar dando soco em ponta de faca. Eu quero que todas as religiões se explodam e poderiam desaparecer da face da Terra. Agora, você segue uma lógica distorcida, preconceituosa e generalizada.

Pra você árabe é igual a muçulmano que é igual a radical e ponto. Eu não estou falando de religiões aqui, não gosto de falar de entidades, gosto de falar e de conviver com pessoas. Você morou na Suécia, eu também. Com quanto muçulmanos ou árabes ou qualquer outro imigrante você teve contatos por lá? Eu fiz várias visitas como parte de um curso de cultura e política suecas no bairro de Husby em Estocolmo e olha, aprendi muita coisa por lá e uma delas foi justamente não generalizar o assunto.

Tem uma marroquina que trabalha no escritório ao lado do meu, que é muçulmana, não usa véu e não faz as orações todas recomendadas por dia. Tenho alunos árabes que são católicos. Me desculpe, eu estou aqui pra rebater preconceitos e preconceitos vêm de generalizações. Você dá a entender na sua fala que estão certos em estigmatizar os árabes porque todos são assim. Aí você vai me desculpar, mas é ridículo.

Agora quem citou a religião aqui foi você. E interpretações de religiões, existem muitas. O fato de existir muçulmanos radicais não significa que todos o sejam. Ao botá-los todos no mesmo saco, como um grande grupo homogêneo que deve ser temido, marginalizado e expulso, você não faz nada mais do que agir como um radical que você faz tanta questão de criticar aqui.

Anônimo disse...

no brasil não enforcamos gays nem apedrejamos mulheres consideradas adulteras caro jose.

Anônimo disse...

a proposito onde estão as feministas islâmicas?

Zé Costa disse...

E Amanda, o post não é alarmista (pra não dizer irresponsável), se você lê-lo com atenção verá que ele não faz nada mais que narrar fatos dos últimos tempos mostrando que realmente um certo movimento extremista de direita tem acordado pro aqui. em nenhum momento eu digo que essas ações são apoiadas pela maioria. Mas eu não sei se você tem acompanhado um pouco a evolução das estatísticas, mas segundo estudos mais de 55% dos franceses acham, hoje, que o Front National e seus propósitos não são uma ameaça à democracia e mais de 35% disseram que pensariam em votar na Marine le Pen caso ela se candidatasse. Se isso não for motivo pra se alarmar, eu não sei o que é. No mais, as eleições municipais estão chegando, é a aqui na Côte d'Azur, especialmente no Var e nos Alpes Maritimes, o FN vem com força. Sei que são regiões tradicionalmente de direita, mas eleger FN, vendo o discurso que ele propaga, pra mim é um motivo grande sim pra ter medo.

Zé Costa disse...

E claro, anônimo. Essa minha vizinha de escritório vai me enforcar assim que souber que eu sou gay porque né, é muçulmana. Desisto....

Anônimo disse...

algum mulçumano já condenou publicamente um atentado a bomba?

Zé Costa disse...

E quanto à lei espanhola, mesmo não tendo apoio de 77% da população, ela já foi aprovada pelo conselho de ministros na Espanha e partiu pra próxima etapa. E o Rajoy já ignorou um petição assinada por vários partidos políticos para parar esse projeto.

http://politica.elpais.com/politica/2014/01/14/actualidad/1389719446_223852.html

http://politica.elpais.com/politica/2014/01/14/actualidad/1389732430_575953.html

A coisa é um pouco mais aterrorizante do que queremos imaginar.

Zé Costa disse...

Mas enfim, isso só mostra que a luta tem sempre que continuar. Abaixar os braços jamais, o conservadorismo sempre tenta voltar pra nos fazer retroceder. O meu objetivo com esse post foi mostrar isso. :)

Zé Costa disse...

E dizem que não é pra ser alarmista. Voilà, o resultado da enquete para as eleições do parlamento europeu:

#France - Ifop #EP2014 elections poll:

Front National 23%
UMP 21%
PS + allies 18%
Modem-UDI 11%
FdG 9%
EELV 7%

Anônimo disse...

se fosse em um pais islâmico você sendo gay você viveria escondido ou seria morte caro jose.

Vitória disse...

Mas a nova lei de aborto na Espanha não está valendo ainda, né? Deve existir algum de barra-la. Não é possível um retrocesso desses.

Quanto aos muçulmanos, eles também fazem coisas proibidas pela religiao. Só que muito mais escondidos porque se forem descobertos o bicho pega.

Livia disse...

França e Espanha têm um longo histórico de xenofobismo e conservadorismo no mundo pós-Segunda Guerra. Lembro de ler nos jornais,alguns anos antes da crise de 2008, sobre o crescimento dos partidos de extrema-direita na política francesa. A crise econômica parecer ter elevado tudo ao quadrado.
O que me espanta são essas ideias estarem na boca das pessoas mais jovens. Vejo adolescentes papagaiando afirmações que a minha geração e a geração da minha mãe lutaram para sepultar. Vê-se pelo tipo de literatura que essa garotada anda lendo. Eu tenho medo dos anos que virão. Vai ser uma luta!

Amanda disse...

José, há dois meses eu escrevi uma matéria de três páginas sobre esse assunto, então eu pesquisei e entrevistei várias pessoas que estudam o fenômeno. Eu não estou dizendo que não há onda de extrema-direita, estou apenas dizendo que não é como vc está apontando. Até porque vc deve saber que o que é considerado direita na França, é política de esquerda no Brasil. Se vc vier a paris, fica o convite pra gente tomar um café e conversar sobre isso. Te add no Facebook.

Anônimo disse...

Pesquisem sobre República del Norte e Mexican Nationalist Front.

Anônimo disse...

58% dos mexicanos ilegais acreditam que o sudoeste dos EUA pertence ao México.

Zé Costa disse...

Amanda, mas justamente, eu não estou apontando nada. Eu simplesmente digo que existe a onda como não existia há uns 5 anos. Claro que existem contra movimentos e muita gente que não concorda com isso. O que eu fiz nesse posto foi mostrar os eventos ocorridos ao longo dos últimos dois anos que alertam para o fato de que grupúsculos e políticas de extrema direita não morreram como muitos queriam acreditar.

Não sou da área de humanas e nem tive a pretensão uma análise nesse post, só narrei os fatos que me marcaram e que marcaram muitas pessoas com as quais convivo por aqui. A Lola me pediu para escrever sobre isso e eu o fiz porque muitas dessas notícias raramente chegam no Brasil, e quando chegam são notas do rodapé. Eu estou aqui de desde 2008 e tudo isso que vi acontecer no último não acontecia antes.

Descrever os movimentos e a militância contra isso tudo (da qual participo ativamente) não foi o propósito desse post. Também não foi o propósito dele querer que todo mundo fuja para as montanhas porque o apocalipse chegou. Você se focalizou na observação sobre o aborto mas ela está lá no fim do último parágrafo do texto. Por sinal, hoje houve outra manifestação em Paris com conteúdo fortemente extremista. Isso ocorria há um ou dois anos?

Enfim, você sugere no seu comentário que meu texto foi irresponsável, eu acho que não foi. Não estou aqui pra discutir autoridades e conhecimentos sobre todo o jogo político por trás disso porque nem tenho competência pra isso. Você pode ver que existem perguntas (várias) no início e no fim do texto, são perguntas que eu me faço o tempo todo. O texto não veio pra trazer respostas, mesmo porque eu não as tenho.

lola aronovich disse...

Zé e Amanda, estou gostando muito da conversa de vcs. Claro que me lembro de vc, Amanda! Vc costumava ser minha correspondente na França, mas aí me abandonou. Não, sério, pensei que vc tivesse voltado pro Brasil. Bom que vc continua aí. Mas eu concordo com o Zé. Nunca poderia imaginar que num país inteligente como a França haveria tantos reaças!

Anônimo disse...

Nunca poderia imaginar que num país inteligente como a França haveria tantos reaças!
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Como se todo reaça fosse burro e todo esquerdista inteligente. Se esquerceu do Camborja lola?

lola aronovich disse...

Nunca ouvi falar de Camborja, ô reaça super inteligente. Ou posso te chamar de Fabio do Mingau?

Amanda disse...

Lolinha! Sim, eu voltei para o Brasil, mas fiquei só um ano e meio e depois voltei pra França. E continuo sem saber o que quero da vida.

José, o avanço da extrema-direita não é novidade na França nem na Europa. Lembra que Le Pen pai foi até para o segundo turno das eleições em 2002? Por causa da falta de estratégia da esquerda, mas foi. A extrema-direita sempre existiu, só estava meio adormecida. A Le Pen filha que sacudiu todo mundo, dando uma falsa imagem alegre e tolerante da extrema-direita, como se agora fosse tudo bem se assumir.

E essa manifestação de ontem foi totalmente sem pé nem cabeça. Cada um protestando por uma coisa diferente e no final brigando entre si. Parece aqueles grupinhos no Brasil com faixa pedindo os militares no poder. A gente olha, dá uma risadinha e segue em frente.

donadio disse...

"Com quem Hitler era mais parecido?"

Em matéria de bigode, com o Chaplin.

Jefferson disse...

O crescimento da extrema direita na europa:

Deo Gratias!

Não vejo a hora do Brasil!

Anônimo disse...

Se os imigrantes chegassem e seguissem os costumes do país em que estão, a coisa seria menos crítica para o lado deles. Mas vamos combinar...querer chegar e impor os próprios costumes na terra dos outros...é pedir para ser chutado para fora. Para quem "não concorda" eu faço uma pergunta...como você se sentiria se uma visita chegasse em sua casa e após uma semana começasse a querer mudar a decoração para um modo que lembrasse mais o lar deixado por ela?

Anônimo disse...

Eu andei pensando se não foi o multiculturalismo que destruiu Roma e o Egito antigo... ah bobagem, acho q me deu uma leve racistite heheh

Anônimo disse...

Não, não, não, os imigrantes não tem nada a ver com aumento da criminalidade, trafico de drogas, prostituição e outros, isso tudo é coisa de RACISTA!!!