quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

GUEST POST: ISOLAR PACIENTE PSIQUIÁTRICO É VIOLÊNCIA

Faz tempo que pedi a Lauren Archilla, uma leitora/comentarista das mais antigas e inteligentes, que escrevesse um guest post relacionado a sua profissão de psicóloga. O legal de ter um blog há quase quatro anos é que a gente acompanha a pessoa se formar e começar sua vida profissional. Bom, esta semana a Lau voltou com tudo. Primeiro ela me enviou um caso escabroso em que a pesquisa acadêmica está sofrendo censura. Eu já assinei a nota de apoio. Lá embaixo a Lau explica. Antes, ela faz um retrato desolador do que ainda são os hospitais psiquiátricos no Brasil, apesar de uma lei que abole os manicômios já ter sido aprovada há dez anos! O trabalho da Lau e de outras pessoas neste tema é tão importante que elas ganharam o Prêmio Nacional de Direitos Humanos na categoria Enfrentamento à Tortura, a mais alta condecoração da República. Irão receber o prêmio amanhã, das mãos da Dilma. Muito orgulho de você, Lau!

Há décadas já se questionava a efetividade da promoção de saúde nos hospitais psiquiátricos. Baseados em estudos de Franco Basaglia, Michel Foucault e inúmeros pesquisadores que vieram depois, constatou-se que isolar uma pessoa doente da sua comunidade e colocá-la em contato somente com mais pessoas doentes (às vezes em estado pior que o dela) não poderia gerar resultados positivos.
Foi então que começaram a ser pensados novos espaços de tratamento, como os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), os quais se dividem em I, II, III, AD e Infanto-juvenil, Centros de Convivência e Cultura, Residências Terapêuticas, Oficinas de geração de renda e redes de economia solidária. Os Caps seriam a principal estrutura de cuidado ao usuário. Lá, deve haver uma equipe composta não só de médicos, mas psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais etc, que promoveriam a saúde e o bem estar do paciente, fazendo com que ele passasse o dia em tratamento e, à noite, pudesse regressar à sua casa, convivendo com seus familiares, vizinhos, amigos, namorad@; enfim, pudesse manter e criar vínculos que fazem parte da vida do ser humano. No caso de pacientes agudos, que têm surtos, existiriam os CAPS III, que permitem uma internação que duraria até sete dias, tempo suficiente para o surto ser contido, tratado e para o sujeito regressar à sua casa. Estes CAPS devem funcionar 24h/dia, afinal, surto não marca hora. O CAPSad é voltado aos usuários de álcool e outras drogas, que receberiam um tratamento laico e que respeite suas limitações e sua individualidade. Os centros de convivência são espaços onde o usuário convive, conforme o nome indica, com outros usuários, não-usuários e profissionais, que realizam atividades ocupacionais e de geração de renda. Por fim, no caso de pessoas que estão longe do seio familiar há muitos anos, cuja reintegração seria penosa ou impossível, existiriam as residências terapêuticas, casas mantidas pelo Estado, onde residiriam grupos de ex-internos que poderiam viver suas vidas normalmente.
Ainda assim, se apesar de toda essa estrutura ainda houvesse necessidade de internação maior que a de sete dias, defendemos que esta seja feita em hospital geral, em leitos destinados à ala psiquiátrica. Veja bem: um paciente renal não precisa morar num “hospital renal” para receber tratamento. No máximo, ele comparece algumas vezes por semana para hemodiálise e em seguida retorna ao lar. Em último caso, fica internado no hospital geral. Por que, então, um psicótico precisa de um hospital específico? E o depressivo? O usuário de drogas? Seria o cérebro (ou a mente) um corpo avulso, separado do resto da pessoa? E se o esquizofrênico tiver câncer, ele fica sem tratamento porque não tem centro de oncologia no manicômio? Ou vai para o hospital geral depois de passar a vida inteira isolado, onde perdeu até mesmo a noção de humanidade? Infelizmente isso não é exagero. Estagiei num manicômio onde muitas pacientes não sabiam mais comer com garfo e faca nem formar um círculo para realizarmos atividades.
São muitas as desvantage
ns dos hospitais psiquiátricos. É por isso que, em 2001, após uma década de debates com acadêmicos, legisladores, usuários do sistema de saúde mental e seus familiares, foi aprovada a lei 10216, que exige que a rede substitutiva seja implantada nacionalmente, para então abolirmos os manicômios.
Em quase todo o País houve mudanças. Claro que não há uma região onde o cuidado esteja ocorrendo perfeitamente, sem nenhuma crítica possível; afinal, transformações são trabalhosas e geram novos problemas. Porém, na região de Sorocaba (quarta cidade mais populosa do interior de SP), o número de internações psiquiátricas ainda é altíssimo, configurando um pólo manicomial. A prefeitura alega que foram construídos muitos Caps, mas, como a região historicamente tem um número elevado de manicômios, ainda estamos disparados no ranking de internações. De todos os Caps que dizem ter construído, a maioria apresenta irregularidades grotescas, impedindo o Ministério da Saúde de reconhecê-los como Caps e mandar a verba necessária para a manutenção. Há “Caps”, por exemplo, que funcionam dentro de manicômios. Quase todos eles são administrados pelos próprios hospitais. Perguntamos, então: que raio de reforma psiquiátrica é essa?
Foi assim que, no ano passado, iniciamos uma série de mobilizações cobrando da prefeitura de Sorocaba e de cidades vizinhas (como Piedade e Salto de Pirapora) que a reforma seja implantada corretamente e de uma vez por todas. A este grupo deu-se o nome de FLAMAS (Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba).
Procuramos o Prof. Dr. Marcos Garcia, psicólogo social docente da UFSCar, que conduziu uma pesquisa sobre as mortes nos leitos psiquiátricos de Sorocaba. Não nos surpreendemos ao constatar que não só éramos vice-recordistas em leitos psiquiátricos (só perdendo para o Rio de Janeiro), como que a taxa de mortes nestes mesmos hospitais era altíssima se comparada ao resto do Estado. Que o número de funcionários nestes mesmos estabelecimentos era ridiculamente pequeno se comparado ao mínimo exigido pela legislação. Levamos tudo à mídia, o que causou, naturalmente, comoção pública. Criou-se uma cultura de denúncia. Famílias que tinham membros internados (e consideravam isto natural, uma vez que pouco se fala na reforma psiquiátrica aqui), passaram a ver a situação com olhos críticos e a denunciar maus-tratos.
Após um ano de trabalho intenso, reuniões com membros da prefeitura e até com o próprio prefeito, NENHUM LEITO FOI EXTINTO. NENHUM PACIENTE REINTEGRADO. O poder público demonstra total negligência para com as vidas que estão sendo ceifadas dentro desses verdadeiros campos de concentração.
Agora, numa tentativa patética de nos calar, os donos dos hospitais entraram com uma ação na justiça contra o Prof. Dr. Marcos Garcia e o psicólogo Lúcio Costa, alegando que causamos “pânico” na população com a divulgação dos dados da pesquisa (todos eles tirados do Datasus, banco de dados oficial do governo, visível para qualquer um que queira acessar).
Diante desta conjuntura, peço que os indignados entrem no blog Liberdade de Pesquisa e assinem a nota de apoio ao professor Marcos, exigindo assim que pesquisadores possam divulgar seus resultados doa a quem doer -- ainda que o prejudicado seja uma indústria bilionária -- sem temer retaliações.
Agradeço o espaço cedido pela Lola e a atenção d@s leitor@s. Seguimos firmes na luta pelo tratamento sem segregação, pela convivência com o diferente e pela verdadeira saúde mental!

98 comentários:

L disse...

Post excelente. Muito sucesso com o seu trabalho, Lauren.
Meu avô passou a ser acompanhado pelo caps há uns 5 anos e a melhora que ele teve foi espantosa. O tratamento que ele recebia antes de frequentar o caps era um tratamento altamente ineficaz, que se resumia a dopá-lo. Ele não ficava internado, mas ficava isolado da família como se estivesse. E quando o efeito passava, ele ficava violento e tal. Minha vó nunca quis interná-lo, porque sabia do tratamento desumano que doentes mentais costumam receber nessas clínicas. Atualmente ele leva uma vida praticamente normal, ele se distrai nas atividades realizadas no caps, como ao cultivo de hortaliças, teatro, etc, e adora o tratamento. Acredito que o tratamento humanizado que ele recebe no caps o humaniza

Bruno S disse...

Pelo que leio do tema, hospitais psiquiátricos me parecem máquinas de fazer dinheiro às custas da saúde e da dignidade do paciente.

Sempre me lembra o Choque ao assistir Bicho de Sete Cabeças.

letícia disse...

Tenho tanto a comentar que nem sei por onde começo!

Esse ano eu tive um caso de surto psicótico na família (e quando eu digo família, alguém que mora na mesma casa que eu, que convive comigo) e olha, foi BEM difícil.

Primeiro pq somos leigos. Imagine que vc tem alguém que ama que teve depressão, fez todo um acompanhamento com psicólogo. Surtou a primeira vez, foi ao psiquiatra, que ora dizia ser transfornio bipolar, ora não. Mil e um remédios. Eis que veio o surto dois, acompanhado de má saúde física também.

A pessoa em questão (eu prefiro não especificar quem da minha família é) do dia para noite, não falava nada com nada, tinha medo de TUDO e de TODOS, não sabia fazer nada sozinha. Teve convulsões, febre e taquicardia. Foi ao hospital (particular) e ficou internada devido a parte física. Os médicos acharam que ela estava fingindo, pq fizeram teste físico (onde eles apertam o paciente, para evr se ele reage) e ela não reagiu, só veio demonstrar algo no dia que fomos visitá-la. Pq? Pq ela estava com medo dos médicos e resistiu qualquer comentário/ação deles por causa disso.

Foram mais de 30 dias internada no hospital, sem diagnóstico. Neurologistas, cardiologistas, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais...O hospital todo conhecia esse membro da minha família.

Eis que não foi achado nada físico (no sentido de constatar uma doença específica) e então foi recomendado que a paciente fosse internada em um hospital psiquiátrico. O único que tinha que o convênio cobria, não gostamos. Então verificamos um particular (sem condições financeiras para tal, porém, nessas horas, dá-se um jeito) caríssimo, desorganizado, sujo e segundo quem viu "um amontoado de gente batendo cabeça na parede/porta".

O que foi feito? Levamos a pessoa para casa. Ficamos mais de 40 dias revesado entre 3 pessoas para dar banho, trocar fralda, dar comida, pentiar cabelo de uma adulta.
E claro, levando aos médicos (imaginem colocar uma pessoa que tá em surto psicótico dentro do carro e levar ao médico...teve vezes de ficarmos com medo de sermos parados na rua, achando que estávamos raptando-a) periodicamente.

Os remédios? CARÍSSIMOS. E quando eu falo isso, era 800,00/900,00 em UMA caixa de remédios, sendo que eram 3 diferentes. Recorremos ao SUS. E ficamos nessa, de cuidar, revesar, se desesperar por não saber o que fazer, pensar "quando esse surto vai acabar?".

E o que minha mãe disse, que eu não vou esquecer é: "pode ser difícil cuidar da pessoa em casa, mas eu não gostaria de ser internada em um hospital psiquiátrico".

Na época que isso tudo ocorreu, eu ia à uma psicóloga (exatamente pela situação que estava acontecendo) e ela mesma recomendou uns 3 hospitais psiquiátricos e nunca citou nada de CAPS. Procurei na internet, tentei consultar conhecidos...Mas não é mta gente que sabe informar nessa área. E não dava para pagar uma consulta de 200,00 para cada psiquiatra, até um recomendar algo viável.

Eu, minha família, nos sentíamos perdidos, sem saber o que fazer, quando ia acabar...

Nessa época ai, pensei seriamente em fazer faculdade de psicologia, caso a pessoa em questão um dia precisar, ter de fato alguém que possa auxiliar.

Fora que rola muito, mas muito preconceito. Por isso que eu nem dou "nome aos bois". Falou em doença psiquiátrica, já tem 1001 adjetivos ridículos para dar.

É uma área mto, mas mto mal cuidada. Quem passa por algo que precise de auxílio psiquiátrico que vai saber o que é.

Gostei do post.

aiaiai disse...

Muito bom o post, Lauren. Já dei apoio.

Queria saber: nos outros estados a Reforma está acontecendo?
Qd vc fala em "poder público" vc se refere à prefeitura ou ao governo estadual? Ou federal?

rizk disse...

Esses dias eu estava no seminário do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e uma das palestras foi justamente sobre o conflito que existe entre a lei de execução penal e a Lei nº 10.216/01 (que é a lei que a Lauren falou). Porque muita gente comete crimes sem ter noção de que não devia, e em vez de ir para a cadeia cumprir pena como qualquer um, é internada em uma instituição. E podem ficar lá indefinidamente.
É uma coisa muito indigna. Os presos com doenças mentais recebem um tratamento ainda inferior ao das pessoas livres.

Anna disse...

Lau, uma futura colega de profissão aqui!
Parabéns pelo trabalho de combate à tamanha violência que são as internações psiquiátricas no modelo manicomial. Isso sem falar da óbvia ineficácia desse tipo de tratamento. É uma política que não tem nenhum propósito senão tirar os pacientes de circulação, criar "depósitos de gente". Aliás, acho que essa discussão encontra, nesse momento de projetos de lei para internação compulsória de dependentes químicos em situação de rua pipocando pelo Brasil, mais motivos ainda para existir.

Quanto à censura na pesquisa, lamentável. Porém temos que lembrar que tal censura vem não só em forma de processos como esse, mas também através de cortes de verbas, comitês de ética que ao invés de prezarem pelo bem da pesquisa RELEVANTE, aprovam projetos repetitivos e que não ameacem o status quo, pouco comprometimento das instituições de ensino, dificuldade de acesso a certos dados e populações, dentre tantas outras coisas. É hora da comunidade científica (e, destaco aqui o pessoal da psico) começar a se mexer para combater esse tipo de problema.

L. Archilla disse...

Oi, gente! Oi, Lola! Obrigada por publicar o guest post.

Dói muito ler relatos como o da Letícia e muitos outros q provavelmente surgirão aqui, mas isso tem que ser falado!! Porque só quando essas pessoas deixarem de ser invisíveis q a sociedade vai começar a assumir a loucura como algo a se conviver.

aiaiai, estive recentemente em Goiânia num encontro nacional da luta antimanicomial e vi muitos usuários participando das discussões - não só goianos, mas mineiros e baianos. entre eles, havia um grupo de atores que apresentou performances teatrais e muita gente que vc nem sonharia que são "loucos". não sei a que pé está a reforma lá, mas só o fato de ter pessoas em tratamento tão ativas e conscientes já mostra que o hospital, quando existe, não é mais a primeira opção. Quanto a quem cobrar, não tenho muita certeza. Sei que em Sorocaba e nas grandes cidades do estado de SP a gestão em saúde é plena, ou seja, cabe à prefeitura gerenciar o sistema e direcionar as verbas. Em Campinas, apesar dos mil problemas de corrupção que vêm acontecendo, a rede de saúde mental é muito boa. Conheço uma psicóloga que integra um grupo musical formado por usuários, outra que trabalha com dança. Eles têm bloco de carnaval, rádio, jornal. Em Santos houve um avanço muito grande na reforma há alguns anos, mas, mudando a prefeitura, soube que muita coisa regrediu.

Aqui a prefeitura diz que o Estado direciona quem tem que ser internado (a cidade tem muita gente de fora q é internada aqui tb) e eles "não podem fazer nada". Engraçado q a prefeitura daqui e o estado de sp são governados pelo mesmo partido há 16 anos. E eles dizem, entre outras coisas, que não há diálogo entre prefeitura e estado. brincadeira?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Letícia,

Embora os casos que relatei tenham sido mais "leves" em comparação ao seu, entendo muito bem cm isso é difícil!Só deus sabe a luta que a própria pessoa e os familiares passam! O remédio é mesmo muito caro!Os atendimentos são negligentes até o último!te juro que dá muita vontade de chorar em pensar que por má vontade de muitos, inúmeras pessoas são condenadas a esse sofrimento.

Sara disse...

Esse problema realmente é gravissímo, mas por não ser da area não tenho ideia de que sugestões poderiam ser úteis, mas uma coisa que muito preocupa são as doenças mentais que deixam o doente violento, ao ponto de ele representar um risco muito grande a sociedade e sua familia, o que seria possível fazer numa situação como essa?

Loja Moeggall disse...

Meu avô passou a ser acompanhado pelo caps há uns 5 anos e a melhora que ele teve foi espantosa. O tratamento que ele recebia antes de frequentar o caps era um tratamento altamente ineficaz, *(bry L)

L, qual era o diagnóstico do seu avô?

Anônimo disse...

denise,

como a Lauren disse, o ideal seria que em casos como esses houvesse uma ala psiquiátrica no hospital, assim como há áreas de oncologia.
Na verdade, eu nao sei cm funciona, nao sei se esses pacientes mais violentos são assim o tempo todo ou se tem surtos.

Loja Moeggall disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Loja Moeggall disse...

L. Archilla, 2 coisas que eu gostaria de saber de você, por favor:

1. esses pacientes que ninguém duvida serem portadores de patologia psiquiátrica, como vc falou, melhoram com as atividades teatrais, musicais, lúdicas, etc SEM REMÉDIO? Ou a melhora é resultado da medicação e as atividades são só um tipo de terapia ocupacional?

2. Caso positivo para a primeira opção da pergunta acima, vc diria que atividades interativas, ou desenvolvidas em grupo, podem PREVENIR o aparecimento de doenças mentais?

3. A prática ou estudo sério de um caminho espiritual ajuda/previne doença psiquiátrica ou não tem nada a ver?

Bjs

Loja Moeggall disse...

Seguimos firmes na luta pelo tratamento sem segregação, pela convivência com o diferente e pela verdadeira saúde mental!*(guest post)

Ser diferente neste caso, doença psiquiátrica incapacitante, quer dizer o quê, exatamente?

Quem não pode cuidar de si mesmo, ou que precisa de várias pessoas prá dela, ou a que precisa ser imobilizada, mesmo que temporariamente é apenas diferente?

L. Archilla disse...

denise, geralmente os pacientes que ficam violentos estão sem tratamento. o fato dele estar se tratando não garante que ele nunca vá ter um surto e bater em alguém, mas diminui bastante as chances. na verdade, é difícil dizer q determinada desordem DEIXA a pessoa violenta. existem pessoas mais e menos violentas, doentes ou não. além disso, uma pessoa de quem ninguém nunca desconfiou pode surtar do nada e agredir alguém, ou mesmo agredir sem ter doença alguma. as psicoses são frequentemente associadas à violência, mas na prática as coisas não são bem assim.

Eu,

1- o tratamento é um conjunto, onde a medicação e as atividades ocupacionais têm o mesmo peso. pra alguns, pode ser que o teatro, por exemplo, traga mais benefícios que medicação. pra outros, a psicoterapia é o que mais pesa. pra outros, os psicotrópicos. aliás, esta é uma das maiores diferenças entre o modelo manicomial e o antimanicomial: no manicômio, a tônica do tratamento é a medicação e o psiquiatra é quem comanda a equipe; já no novo modelo, todos os profissionais têm igual responsabilidade e o tratamento é multidisciplinar. infelizmente, a psiquiatria se ressente disso e defende a volta dos manicômios. há médicos extremamente progressistas, mas a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) é assumidamente contra o fechamento dos hospitais.

2- Sim!!! A psicologia é uma ciência muito amiga das artes. claro que há muitas formas das expressões artísticas serem conduzidas (já tive professoras de arte q pareciam saídas do 3º Reich), mas, no geral, a arte ajuda a se conhecer, se expressar, se integrar no mundo, desenvolve a empatia, entre muitos outros benefícios.

3- olha, isso é complicado. do meu ponto de vista, não. acho que as religiões, no geral, inibem o auto-conhecimento (deus te fez ASSIM ou ASSADO) e as escolhas (vc TEM q ser ASSIM pra ir pro céu/evoluir/reencarnar, etc). tb colocam tudo numa esfera radicalista (se o livro sagrado condena, é ruim, se aprova, é bom) inibe todo o espectro q existe entre bom e ruim e acaba com a profundidade da reflexão. Mas a psicologia não tem uma posição formal sobre isso, e nem é do interesse do profissional de saúde combater ou inibir religiões. Acredito que se a pessoa estiver fortalecida internamente ela terá condições de realmente optar pela crença ou não crença, prática ou não prática espiritual. e aí não é da nossa conta o q ela vai escolher, rs.

Anônimo disse...

"Sim!!! A psicologia é uma ciência muito amiga das artes. claro que há muitas formas das expressões artísticas serem conduzidas (já tive professoras de arte q pareciam saídas do 3º Reich), mas, no geral, a arte ajuda a se conhecer, se expressar, se integrar no mundo, desenvolve a empatia, entre muitos outros benefícios."

Estou pensando em fazer Arte trepaia como pós graduação =).

"já tive professoras de arte q pareciam saídas do 3º Reich)"

O que quer dizer isso o.O?

Anônimo disse...

*Arte Terapia ¬¬

Loja Moeggall disse...

L Archilla, foi por isso que não mencionei religião. :) Há caminhos que na verdade são psicologia profunda pura e simples. Um bom caminho espiritual que lida com conteúdos inconscientes não pode recuparar um paciente psiquiátrico?


A psicoterapia tem algum efeito benéfico no quadro esquizofrênico/surto psicótico, etc?
A pessoa que está 'fora do ar' pode receber tratamento psicoterápico?

Desculpe explorá-la mais um pouco...rs

L. Archilla disse...

EU, acho q não entendi sua última pergunta... todos somos diferentes da maioria em algum aspecto. o hospital psiquiátrico vem muito ao encontro da nossa incapacidade de lidar com a não-padronização. tem família que quer internar membro gay. o pai do Austregésilo Carrano Bueno (o Rodrigo Santoro em Bicho de 7 Cabeças) o internou pq ele fumava maconha. Na visão do meio em que viviam na época, esses caras não sabiam cuidar de si mesmos. Difícil definir o q é uma doença psiquiátrica incapacitante... ouvir vozes? não conseguir tomar banho sozinho? A Letícia, do blog Cem Homens, escreveu outro dia q tava tão deprimida q não conseguia levantar nem pra tomar banho. Tem gente q bebe cerveja e fica violento no bar, precisa ser contido. Seriam todos loucos? Ou diferentes? Ou pessoas normais com problemas?

L. Archilla disse...

Dayane, quis dizer q tem professor(@) mais preocupado em ensinar o aluno a fazer uma arte bonita dentro dos padrões do q ensinar a se expressar através da arte, hehehe.

Então, Eu, psicologia e espiritualidade não podem se misturar. Isso porque a psicologia lida com a lógica, e a espiritualidade necessita q se creia, seja lá no que for. não há nada de errado num paciente ser espiritualizado; se isso for bom pra ele, beleza! Nem num psicólogo ser crente ou mesmo praticante religioso, desde que ele separe as coisas na hora de trabalhar. Eu definiria a psicologia como uma ciência "artesanal", onde cada indivíduo tem sua particularidade, sua história, cultura, crenças, etc. já a espiritualidade parte de um pressuposto sobre todas as almas... então acho q as duas coisas não se encontram, mesmo.
Peraí, já respondo a última.

L. Archilla disse...

Eu, no momento em q o paciente está "fora do ar", não dá pra fazer a psicoterapia "clássica", não. Chamo de clássica a q a gente faz no consultório, individual, e tal. Pode ter alguma outra linha de psicoterapia q seja eficaz no momento do surto e eu não conheça.
Anyway, ninguém fica em surto o tempo todo e, nos momentos de lucidez, a psicoterapia é super bem vinda. Ajuda a fortalecer o ego e o contato com a realidade.

Sara disse...

Nesses casos de maniacos sexuais e matadores seriais, o que vc acha que é valido pra esses casos, pode haver cura?

Loja Moeggall disse...

Loucos, não, mas diferentes também não. rs Se o problema é a palavra louco, há muito que entendemos os diversos diagnósticos psiquiátricos.

Somos todos iguais ao pertencermos à raça humana.

Doença psiquiátrica incapacitante é a que a pessoa não sabe onde está, faz coisas perigosas (uma conhecida, em surto psicótico, arrastou um rapaz para dentro de casa, tratando-o como se fosse seu namorado), pessoa em estado catatônico, incapaz de se alimentar, se perder pela rua, como qualquer outra patologia, inclusive.

Meu pai é hemiplégico, precisa de auxílio em algumas tarefas básicas. Vou dizer que ele é diferente? Vou não. Vou dizer que ele é hemiplégico...:((

Um alcóolico é um portador de adição, não é diferente.

Agora, o obeso, segundo HOJE o médico no Bem estar, não é diferente, TEM UMA DOENÇA.

Deveríamos entrar num acordo sobre o que é estar doente ou ser doente e o que é ser diferente, acho eu. :)

André disse...

Seria bom saber quanto custaria um atendimento ideal (ou quase) e quanto custo o atual atendimento prestado. Porque a explicação pela falta de atendimento ou pela má qualidade é, quase sempre, a falta de verba. Em geral não é bem assim, mas sem os valores não dá para aprofundar essa discussão.

Anônimo disse...

"Dayane, quis dizer q tem professor(@) mais preocupado em ensinar o aluno a fazer uma arte bonita dentro dos padrões do q ensinar a se expressar através da arte, hehehe."

COM CERTEZA! E essa é uma infelicidade na nossa profissão!professores que ainda querem "ensinar" cm se desenha, se pinta. Isso castra o aluno!

Loja Moeggall disse...

No mais, obrigada pelo post. Doença mental é a pior doença, IMO.

L. Archilla disse...

Eu, há um debate inesgotável na área da saúde sobre o que é doença e o que é peculiaridade. Há profissionais que defendem que hiperatividade é uma doença inventada; outros que é uma lesão cerebral. Há sociedades em que o que caracterizamos como esquizofrenia é vista como um dom espiritual. O Paulo Dalgalarrondo tem um trabalho muito legal nessa área, chamada etnopsiquiatria. o que conceituamos como saúde muda de tempos em tempos, de acordo com a ideologia da época.

Quando eu digo diferente, quero dizer aquele q foge do padrão considerado saudável pela sociedade.

denise, pessoas q cometem crimes têm q pagar por esses crimes. tem um ou outro q mata sem querer durante um surto, esses são casos raros e específicos (e cabe a uma equipe especializada diagnosticar e definir pra onde essa pessoa irá), mas assassinos seriais, por exemplo, apesar de claramente serem pessoas traumatizadas e problemáticas, não podem ser consideradas inimputáveis. não sei se há cura, sinceramente. sociopatia não tem cura. mas não sei se são todos sociopatas. difícil generalizar...

Anônimo disse...

Eu,

Eu pelo menos acho que é muito diferente vc aceitar que tem uma doença e se auto-denominar louco. depois que eu comprrendi que sofro de ansiedade, toc, depressão, seja lá o que for, comecei a me entender e me eceitar muito melhor, a ver cm muitos dos meus comportamentos e pensamentos não eram pq eu era egoísta, medrosa, que eu não tinha culpa de tê-los, pois são reflexo de uma DOENÇA. Nesse posnto ,acho bem saudável um doente mental aceitar isso. Dizemos pra pessoa que tem câncer "Não, imagina, vc não tem câncer!?", ou para o aidético "Esuqece isso, essa doença é psicológica"?. Pq dizemos então ao paciente com transtornos mentais que ele deve "lutar contra isso, não se entregar!"? Acgo que o preconceito que ainda sofremos por sermos tachados de "loucos" é muito grande!Afinal, ninguém quer ser louco!E é isso que a sociedade tem que entender: Não somos loucos, somos pessoas com doenças, como por exemplo, é um diabético. E a doença deve ser tratada e encarada, com toda a dignidade e respeito!

(Foi mais um desabafo, nem sei se o que escrevi teve a ver com o que vc falou,rs)

L. Archilla disse...

galera, tenho q ajeitar minhas coisas q viajo essa madrugada pra Brasília pra cerimônia do PNDH q é amanhã cedo. se der, volto mais tarde; se não, valeu pela atenção e até amanhã! :)

Anônimo disse...

Esse foi um texto que escrevi sobre como ainda é visto preconceituosamente o uso de mediacmentos psiquiátricos e o quanto eu estava cansada de ouvir pessoas falando "Larga isso!Isso só faz mal!Seu remédio tem que ser Jesus Cristo!" e olha que eu sou crente, hein!

http://pedacosdela.blogspot.com/2011/07/i-sertralina.html

Loja Moeggall disse...

Dayane, é isso mesmo.

Você, como estudante de Psicologia já pensou na hipótese de as doenças mentais, comportamentais, terem todas a mesma origem?

Anônimo disse...

Eu,

Sou formada em Arte Educação, penso em seguir com Arteterapia.
Não sei se todas as doenças tem a mesma origem, já que algumas (a grande maioria) trazem fatores genéticos e outras se desenvolvem ao decorrer da vida. um exemplo é o Stress pós-traumático.

Gabriele disse...

Excelente post, e os comentários hoje também estão muito interessantes! Também sou da psicologia, é muito bom ver esse assunto gerando debate. Essa questão precisa ser muito mais divulgada e debatida na nossa sociedade, infelizmente ainda precisamos melhorar MUUUUUUITO. Mas os CAPS são exemplos de como é possível se pensar um tratamento humanizado para os portadores de transtornos mentais mais sérios, é um modelo que, com mais investimentos, pode mudar muito o cenário de saúde mental brasileiro.

Nem disse...

Lauren, gostei muito do teu texto, e gostaria de manter contato contigo, por questões profissionais. Fui selecionada em concurso para trabalhar nos Caps, no interior do RS, sou mestre em Poéticas Visuais e trabalhei alguns anos com teatro. É um grande desafio, pois não tenho nenhuma formação médica, porém grande disposição e abertura para as trocas que podem ser propiciadas pelas artes. Não creio que o caminho seja "o belo", nem a expressividade pura. Se tiveres algum texto para indicar... Abraço e boa luta!

Thiago Pinheiro disse...

Parabéns pelo trabalho. O movimento antimanicomial merece todo apoio da sociedade. Fazer valer a reforma psiquiátrica é uma tarefa muito nobre e importante. É muito bom ler um relato de alguém tão engajada nessa luta.

Loja Moeggall disse...

Não creio que o caminho seja "o belo", nem a expressividade pura. (by Job)

Por quê, Job?

Cherry disse...

Lauren, tenho nojo da cidade de Sorocaba desde que vi no jornal nacional que morria 1 paciente a cada 4 dias em manicômios daí. ainda bem que há pessoas como vc morando aí. tens muito a fazer para mudar a mentalidade dessa gente.
estou curiosa a respeito do seu posicionamento sobre a aprovação das internações compulsórias de usuários de crack.

L disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
L disse...

'Eu'
Eu nunca procurei saber qual é o diagnóstico dele, mas dado as alucinações que já vi ele tendo, acho que esquizofrenia, mas realmente não sei.

Ramon Melo disse...

Sem querer criar um debate acalorado, Lauren, você saberia me dizer qual é o peso de psicologia na formação de um psiquiatra? E qual é o peso de psiquiatria e farmacologia na formação de um psicólogo?

Tenho notado uma forte tendência de psiquiatras prescreverem remédios sem buscar alternativas, e relutância dos psicólogos em indicar tratamentos alopáticos. Gostaria de saber se isso é provocado pela formação profissional ou é uma tendência induzida do campo de trabalho.

Verô! disse...

Bem interessante o texto. Embora eu nunca tenha entrado numa instituição psiquiátrica imagino o quanto a situação deve ser terrível para os pacientes. Desumanização não deve ser um fenômeno incomum nesses lugares. Não conhecia a reforma citada pela autora, fico feliz por saber que há uma tendência em favor de mudanças!

Só tenho uma pergunta: e para os pacientes que oferecem riscos para a sociedade e para eles mesmos? Uma internação de 6 ou 7 dias é suficiente para evitar que ela/ele se machuque ou machuque outras pessoas?

Liana hc disse...

Muito bom ler um texto desses. Na minha família tivemos casos de pessoas que foram internadas em manicômios, mas o assunto é tabu e ninguém fala sobre isso até hoje. Os lugares onde ficaram eram horríveis e o tratamento consistia em deixá-los dopados, não recebiam nenhuma atenção além desta. Diga-se de passagem, pioraram muito quando foram internados.

Lembro de uma que quando estava em casa e parecia perder a noção de realidade de vez em quando, mas ainda assim era ativa e tinha conversas coerentes boa parte do tempo. A coisa foi piorando aos poucos. Alguns meses depois que foi para lá, seu olhar era ausente e ela permanecia parada quase o tempo inteiro, hematomas apareceram, emagreceu muito, sentia medo e estava desconfiada de todo mundo. Eu nem a reconheci, parecia que tinha envelhecido anos naquele curto período de tempo. Nas visitas seguintes, a única vez que ela me dirigiu um olhar lúcido (eu acho), tudo o que eu vi foi desesperança e tristeza. Eu era pré-adolescente na época e fiquei tão incomodada com essa reação dela que nunca mais voltei, não consegui. Eu nunca nem soube o que ela tinha e morreu não sei como, poucos anos depois. A confusão não era só dela, todos pareciam padecer em algum grau disso: a família, os médicos, pessoas próximas. A cada visita éramos informados de um diagnóstico diferente, medicamentos eram trocados com frequência e ela só piorava. Nós ali especulando e fazendo coisas também sem sentido, até todo mundo se calar e não tocar mais no assunto quando ela morreu. Aí a vida "voltou" ao "normal".

É bom ver esse assunto sendo debatido, temos que nos informar e nos envolver.

Beatriz disse...

Lindo post, me interesso muito pelo assunto por ter uma amiga querida que passou por hospitais psquiatricos para tratar depressão. Posso garantir q esse sistema desumano nem de longe a ajudou

Verô! disse...

Eita, lendo os comentários vi que minha pergunta já foi respondida! Desculpe pela redundância!

Lord Anderson disse...

Post otimo. Da um alivio saber que tem profissinais lutando por uma medicina mais humanizada e realmente efeciente.

Parabens a Lauren e a todos os envolvidos na luta.

Loja Moeggall disse...

Liana, além de entrar num estado catatônico, sua parente fazia alguma outra coisa que impelisse sua família de interná-la? Por que não tiraram ela de lá?

Bjs

Anônimo disse...

Dayane, vc nunca tomou o medicamento FRONTAL? Nao estou me metendo a prescrever e sim te pergunto pq sei de casos em que esse medicamento ajuda muito mesmo.

Anônimo disse...

LisAna,

Tomava sertralina, 50 mg, me ajudou bastante.

Anônimo disse...

e para quem se interessa por literatura, Dyonelio Machado, gaucho do tempo de Erico Verissimo, foi um medico psiquiatra comunista tb escritor. Um dos seus livros eh "O Louco do Cati" (li esse e tb li " Os Ratos").

ps- estou de computador novo sem acentos.

Liana hc disse...

Eu,

não sei se era mesmo um estado catatônico. No início, quando ela ainda estava em casa, ela ficava confusa e às vezes, muito agitada. No hospital é que ela passou a ficar quase imóvel ou dormia muito. Eu sei que ela tomava drogas bem pesadas ali, então imagino que essa reação dela era efeito dos remédios.

Minha família não sabia como lidar com a situação que só piorava. Ela chegou a sofrer uma fratura, em casa, numa das crises em que ela ficava muito agitada. Algum tempo depois, por recomendação médica, ela ficou de vez num manicômio. Somando desconhecimento, preconceito, outros problemas grandes na famlília, foi uma decisão "fácil". Sobre as coisas que aconteceram depois da internação, os médicos sempre tinham alguma explicação "plausível" e a família (na prática, era uma parente quem realmente cuidava de tudo) aceitava. E ficou por isso mesmo.

Eliane disse...

Interessante o guest post. Minha família tem 3 caso de doentes mentais graves. Pela minha vivência (e de meus pais, etc), essa lei que extingue a internação gera uma situação horrível para a família do doente. Perdi as contas, só este ano, de quantas vezes minha tia, em estado lastimável, foi a esses caps, ficava poucos dias, e voltava tão horrível quanto. E ia novamente, e voltada doente ainda. Diversas vezes era necessário chamar o psiquiatra, que muitas vezes dava de ombros, alegando que o remédio estava dado, e se não estava funcionando paciência. Numa das crises dela, ela retornou, fugiu de casa e tentou suicídio na linha do trem. Depois disso a internaram por 15 dias. Ou seja, o caps é ótimo em casos de surtos leves. Há casos em que a internação se faz necessária, principalmente quando o doente não se deixa controlar pela família, finge que toma os remédios, dá diversos shows, como sair nu e invadir lugares, tentar fugir a todo momento,tentar suicídio a todo momento, não ouvir ou obedecer a ninguém. Como pode caber a família lidar com isso?

Eliane disse...

E sim, eu reconheço que o ambiente interno desses lugares é horrível, degradante ao paciente. Porém, numa das visitas à minha tia, num dos lugares que ela ficou, havia essa situação de terapia ocupacional. Inclusive, ela nao queria mais voltar de lá, porque ali não havia as amarras sociais (ela é evangélica e segue ao extremo o que a religião dela dita). O que eu gostaria é de que houvesse uma melhora no atendimento, no trato com os pacientes. Os enfermeiros os tratam como gado, sem conseguir enxergar um humano precisando de ajuda e paciência ali. Isso deveria ser modificado, mas não consigo ver meios, porque não há fiscalização, etc. Ou seja, é uma situacão extremamente delicada.

Loja Moeggall disse...

Li, sou da mesmíssima opinião que vc.

Bjs

Loja Moeggall disse...

Liana, então, nesse caso, não seria difícil medicá-la em casa, né? ou ela se recusava a tomar o medicamento? Acontece muito isso.

Loja Moeggall disse...

L.Arquilla, tal como uma espiritualidade qualquer, a Psicologia também tem suas premissas sobre todas as psiquês, correto? Sem isso, não há Ciência, né? Ciência artesanal, quer dizer, particularizada, não pode fugir muito do método e da corrente que adota, tanto que quando escolhemos um psicólogo ou psicanalista, procuramos um de tal e tal formação...

Anônimo disse...

Eu,

Vc que está tocando tanto no assunto a espiritualidade, sou da mesma opinião da Lauren: A pessoa se fortalecer em uma religião pode ser muito bom, pode ajudar muito, mas a procura de uma religiosidade não deve ser "indicada" ao paciente como método de tratamento, já que este deve descobrir se necessita dela. mesma coisa, um psicólogo ou psiquiatra jamais deve deixar sua religião interferir em um tratamento. Ele deve ser o mais neutro possível!

Loja Moeggall disse...

Dayane, eu concordo com você. Minha pergunta foi se ajuda ou previne doenças mentais.

Achei curioso a L>Archilla justificar a mútua exclusão entre a Psicologia e uma espiritualidade baseado em ausência/presença de pressupostos para todas as psiquê/almas.

Anelisa disse...

Excelente post.

Tem um caso grave na minha família, uma tia muito amada que mora com minha mãe. Ele é esquizofrenica, faz anos que lutamos para mante-la com uma vida digna. Houveram dois momentos em que ela precisou ser internada, mas não permitimos que o periodo fosse maior que uma semana. Infelizmente o tratamento dado aos pacientes com problemas psiquiatricos é desumano em muitos casos. Com a ajuda do meu pai e irmã conseguimos uma dosagem (são farmacêuticos) que controlasse a doença e mantesse a dignidade dela. Ela faz aula de canto, cozinha para fora e vive tranquila, mas depois de sofrer muito em mãos de profissionais cretinos, que além de trata-la muito mal, intupiam de medicamento, transformando-a num vegetal.

Eu pude ver diariamente a forma que pacientes psiquiatricos são tratados aqui na minha cidade. Trabalhei num posto de distribuição de medicamentos e me CHOQUEI ao ver a quantidade de medicação que dispensam tanto para pessoas que moram em manicômio como para as que se tratam em casa. São mais de 6 medicamentos diferentes, em doses cavalares, para que essas pessoas vegetem em vez de serem tratadas com dignidade e humanidade.
É revoltante, nojento.

Ninguém quer trata-los, querem anula-los, esquecer sua existência, como objetos defeituosos que não merecem viver com a sociedade.

Eu me trato de síndrome do pânico e distimia, graças eu posso pagar profissionais sérios, que procuram meu bem estar.
Mas a realidade é que a indústria farmacêutica quer faturar com seus super medicamentos, que destroem perspectivas e manipulam $$ mmédicos, governo...

Anelisa disse...

Ah, concordo com a Liana, no sentido de que internação pode ser necessaria.
Essa minha tia, em épocas de surto tem atitudes assustadoras... Como sair pela rua com espeto de churrasco na mão ameaçando todos motociclistas, jogar cachaça nas pessoas que ela pensa que estão emacumbadas, ir até traficantes para falar que sabe que eles querem matar ela e provoca-los. Tudo fruto da esquizofrenia.

Mas os centros psiquiátricos deveriam ser totalmente reformulados, dando assistência digna e visando a melhora e não a anulação.

estela_ disse...

Essa ação judicial é particularmente ridicula. São dados abertos a todos desde que ninguém os acesse, é isso? O "pânico" aí é apenas de quem se beneficia da ignorância alheia...

Sara disse...

Li vc ja havia falado desse problema grave que vc enfrenta em outros posts da Lola, e quando li esse da Lauren imediatamente lembrei de vc por isso fiz as perguntas a ela sobre internações em casos do paciente violento.
Eu ja vivi com um parente que se envolveu com drogas pesadas e sei que não é nada facil viver com uma pessoa que perde a capacidade de dicernir a realidade, fico pensando nesses casos mais graves como deve ser dificil para a familia lidar com isso sem ter um lugar digno onde seus doentes possam se tratar.

Anônimo disse...

Imitado a Letícia, uma membro da minha família tem uns transtornos há uns 4 anos. O psiquiatra diagnosticou como síndromes psicóticas, onde ele achava que estavam o vigiando, que as pessoas na rua o olhavam e já sabiam os erros dele, que só de olhar o desaprovavam e etc.

Pra nós isso foi uma surpresa, pois ele nunca demonstrou nada disso, sempre foi bem introvertido e nunca reclamou deste tipo de coisa. Ou seja, poderia ser chamado de "normal", pra ser bem medieval na análise.

Bom, o que eu achei estranho foi a forma do diagnóstico. Ele ficou durante uns 20 mins no consultório e saiu de lá com a receita pro anti-psicótico.

Esse remédio deixa dopado, faz dormir igual pedra e tem efeito imediato.

Isabela disse...

Excelente post!

Precisamos passar por uma desmistificação do que é o transtorno psiquiátrico e de como deve ser feito o tratamento e apoio ao paciente.

No âmbito jurídico vejo muita gente que quer interditar um familiar que é portador de algum transtorno psiquiátrico sem efetivamente ter consciência se a pessoa tem ou não condição de gerir a própria vida. E isso por desconhecimento do que exatamente é a doença e de como pode ser administrada.

Vejo também uma excessiva "medicalização" do tratamento, em detrimento do suporte emocional e tratamento psicológico da pessoa. Vc pergunta "a pessoa tá em tratamento?" e respondem "sim, tá tomando remédio!" sem perceber que tratamento vai muito além de remédio e não se sustenta sem aconselhamento psicológico.

Robson Vicente, professor e geógrafo disse...

GENTE COM LICENÇA POR FAVOR!

Eu NÃO LI O TÓPICO mas estou utilizando este espaço para pedir um favor a quem tem twitter: Esta moça

http://twitter.com/sophiaofdreams e com o website: http://meadd.com/shophiaofdreams

ELA SIMPLESMENTE ESTÁ OFENDENDO OS NORDESTINOS DAS PIORES FORMAS POSSÍVEIS. ME AJUDEM A DENUNCIAR, E AJUDAR A NÃO MANCHAR A IMAGEM DO POVO DO SUL/SUDESTE. NOVAMENTE DESCULPE O USO DO CAPSLOCK, MAS É UMA EMERGÊNCIA.
Grato
Robson

mousounikki disse...

Excelente post!

É preciso urgentemente repensar o tratamento de pessoas com doenças psicológicos. É preciso um tratamento público de qualidade, e também precisa ser repensado o tratamento particular.
Por exemplo, acho absurdo planos de saúde não cobrirem tratamentos psicológicos! Como alguém mencionou, por acaso a mente é uma entidade separada do corpo?
Não é!

Deve ter muita gente que deixa de se tratar por não ter como pagar acompanhamento psicológico e os remédios, e que também não quer se submeter a hospitais psiquiátricos.
É uma realidade muito triste.

E além de tudo, é de urgência uma política de conscientização geral da população quanto às doenças mentais. Há um tabu muito grande em torno disso, a começar pela designação "louco". Acaba gerando no doente um constrangimento muito grande sobre sua própria condição, e a pessoa acaba se isolando do mundo por conta própria. Acho que a vergonha da própria condição e o medo de ser julgado pela sociedade dificultam em muito os tratamentos.
Não devia ser assim.

Nem disse...

Eu,
desculpe a demora em responder, só voltei aqui hj, e desculpe também o simplismo da resposta corrida!
A questão do belo e do bem feito já está superada nas artes desde a modernidade, e isso digo nas consideradas "altas artes".
Já a expressividade pura foi veementemente defendida nos anos 60 e 70, isso em relação ao ensino das artes plásticas (hoje também visuais) nas escolas.
O contexto hoje é de uma enorme aproximação entre arte e vida, especialmente a produção plástica e visual contemporânea. Quando focamos somente na "livre expressão" perdemos uma ótima via de comunicação com o mundo que nos cerca, as questões sociais e atuais como o corpo, a memória, as narrativas, enfim... (sobre esses temas, recomendo os livros de Katia Kanton)
Considero as artes visuais, dentro do contexto dos CAPS, um ótimo veículo de auto-expressão, mas não só. Também de questionamento, de estabelecimento de relações, de reaproximação, de troca de conhecimentos.
Posso estar enganada, isso só o trabalho desenvolvido vai dizer, mas as artes visuais são também um campo de conhecimento que não precisa ser reduzido unicamente à expressão do sujeito ou, não sei se não é ainda pior, o aprendizado de técnicas.
Obrigada pela pergunta, gostei de respondê-la. :)

CDP disse...

é i IMBECIL DO ODNO DO BLOG DO SILVIOKOERICH FAKE
ELE MENCIONA ELA.
ELE SE ESCONDE EM PERFIS FAKE DE "MENININHAS"
denuncie

Renata Sales disse...

Lola, mais uma vez você trouxe um assunto muito interessante e pouco discutido, somente quem teve um caso na família se interessa por este assunto e, muitas vezes, não consegue ter acesso a esse tipo de informação, justamente porque pouco se fala sobre doenças mentais. Parabéns a você por abrir o espaço e a L. Archilla pelo texto, muito esclarecedor.
Agora vou fazer o meu relato, que talvez possa ajudar a pessoas que estão passando ou vão passar pelo que passei.
Minha mãe tem um histórico de surtos de depressão, esse ano ela teve o ultimo, dentre 4, sendo que antes desse, havia mais de 18 anos que ela não apresentava esse problema.
Das outras vezes, como eu e meus irmãos éramos pequenos e meu pai trabalhava, a única saída era a internação, ela passava, em média 30 dias internada, vindo em casa após 15 dias e retornando para o hospital.
Dessa vez quem acompanhou e cuidou dela fui eu. Assim que ela começou a apresentar os primeiros sintomas, levamos ela a uma psiquiatra, que receitou uma nova medicação, já que ela tomava um ansiolítico a noite desde sempre e pegava a receita com um psiquiatra amigo da família, sem fazer nenhuma consulta.
Após três dias, vimos o quadro se agravar, ela passou a ter fortes dores de cabeça em razão da nova medicação, fluoxetina, como a psiquiatra que a levamos era de posto de saúde, não tínhamos telefone e nenhuma forma de contato com ela, então, eu levei ela num hospital psiquiátrico, que tinha um plantão psiquiátrico, o Hospital João Machado, em Natal, primeiro que, ao chegarmos, haviam internos tentando fugir, depois na hora do atendimento, na porta da sala, havia um doente mental, falando coisa com coisa, outro batendo a cabeça na parede, uma coisa muito ruim de se ver, até pra mim, que estava com minha saúde mental normal, imagine para minha mãe, assim que saímos ela me pediu para nunca mais levar ela lá...

Renata Sales disse...

...Diante disso, resolvemos procurar uma clinica particular na nossa cidade, nesta clinica, fomos muito bem atendidas por uma psiquiatra que passou mais de uma hora na consulta, receitou uma medicação nova, nos passou o telefone para contato e informou que se ela não melhorasse seria o caso de internação.
Fomos para casa e o quadro continuou a se agravar, minha mãe passava o dia deitada, eu tinha que dar banho nela, dar de comer e fazer tudo. Então no retorno, a medica disse que era caso de internar, minha mãe disse que não queria, a medica trocou a medicação.
Comprei a nova medicação e comecei a ministrar e estranhei porque minha mãe não melhorava, então percebi que o mesmo remédio que dava pra ela dormir a noite, a medica tinha prescrito uma metade para o período da manhã, mas pra mim, durante o dia ela tinha que ficar acordada, tentar retomar a vida dela, fazer as atividades que fazia antes e etc, mas ela dormia muito e só queria dormir, retornei a medica e ela disse que ela só melhoraria com a internação, como minha mãe sempre dizia que não queria se internar lá e que só se internaria se fosse no outro hospital que ela havia se internado das outras vezes, que era em Mossoró, resolvi consultar outro médico psiquiatra.
Esse foi indicado por amigo que estava com um problema semelhante na família, também particular, com a consulta girando em torno de R$ 500,00, a outra psiquiatra da clinica de internação cobrava R$ 150,00, achamos caro, mas fizemos das tripa coração para pagar esse novo psiquiatra.
Para nossa surpresa, ele confirmou do que já desconfiávamos, a medicação da manhã era para dormir, fazia com que ela ficasse o dia todo dopada, agravando o estado dela, presumimos que a intenção da outra psiquiatra era levar ela a um quadro que só a internação resolvesse, para que internássemos ela na clinica dela, obviamente...

Renata Sales disse...

...Após o inicio do tratamento com esse medico, de uma consulta para o retorno, minha mãe já havia melhorado, já haviam desaparecido muitos dos sintomas da depressão, ela inclusive disse para o medico que ele estava mentindo, que ela não estava com tudo aquilo, sempre nas consultas ele verificava a necessidade de trocar alguma medicação, sempre ia verificando os efeitos, aumentando a dosagem, quando não verificávamos nenhuma melhora, eu sempre ligava pra ele informando alguma alteração, ele ligava para saber se a nova medicação tinha surtido efeito positivo, enfim, um atendimento que eu senti que era o que minha precisava e estava fazendo ela melhorar.
Graças a Deus, depois de 4 meses de tratamento em casa, minha mãe, que havia vindo morar comigo, já esta na casa dela, voltou a fazer as atividades dela, a ir pra academia, dançar, se arrumar, porque ela é muito vaidosa e tudo mais.
Agora estamos enfrentando problemas para conseguir atendimento de psicólogo, pois no posto, tem uma vez por semana, mas a psicóloga falta muito e segundo minha mãe ela não tem gostado, acha a psicóloga muito desinteressada, mas também ela atende 10 pessoas das 8:00 as 12:00, é humanamente impossível. Sem falar na espera, que para quem esta saindo de um quadro de depressão, a espera causa muita ansiedade.
Para terminar, preciso falar da questão da internação, embora minha mãe não tenha querido se internar aqui em Natal, ela sempre achou que deveria voltar a se internar em Mossoró, onde ela havia se internado das outras vezes, minhas tias e minha avó, diziam que ela só ficaria boa depois de se internar, porque era o que ocorria das outras vezes. Mas esse novo psiquiatra, Dr. Hilton, posso colocar o nome dele aqui, porque ele é muito bom, uma anjo que apareceu para me ajudar a ajudar minha mãe, disse que na época que minha mãe se internou lá, em Mossoró, o hospital psiquiátrico são Camilo era o 4º melhor do nordeste, havia uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e etc, mas que hoje estava sucateado, assim como os hospitais psiquiátricos da nossa cidade, que não tem a menor estrutura, com muitos pacientes para poucos profissionais.

Renata Sales disse...

...Minha mãe relata que quando se internava lá, passava alguns dias num quarto tomando medicação, mas que depois ela era inserida nas atividades, que iam desde aulas de dança, crochê, curso de cabeleireiro, que inclusive, ela ganhava dinheiro, cortando o cabelo dos outros pacientes, porque ela era cabeleireira, e muitas atividades recreativas, o atendimento com a psicóloga era diário, com o psiquiatra também. A estrutura era boa, havia uma divisão entre os vários graus de doentes mentais, ela não via pessoas, como as que ela viu no João machado, quando foi fazer uma simples consulta. Falou também que lá, havia uma área verde, um jardim muito bom e que ela se sentia bem lá, que por isso melhorava.
Enfim, quando fomos a clinica particular para conhecer, ela disse que não queria ficar lá, porque tinha cara de ser muito ruim, a televisão era de 14 polegadas, os pacientes eram todos misturados, só havia divisão de ala feminina e masculina, conversei com alguns amigos e todos, mesmo os que nao eram da área, me disseram para internar minha mãe em nenhum dos hospitais psiquiatricos da minha cidade, Natal/RN, por isso optei por tratá-la em casa, é muito difícil, inclusive eu tive que iniciar o acompanhamento psiquiátrico e psicológico, só que eu tenho plano de saúde, então é tudo diferente, mas minha mãe não, o psiquiatra dela é caro, os medicamentos são caros, graças a Deus estamos tendo como custear isso, mas quem não tem, aquelas pessoas que dependem do sistema único de saúde, ficam a mercê desses hospitais psiquiátricos sem a menos infraestrutura, que, inclusive, os próprios médicos não indicam, digo isso, porque o medico psiquiátrico que é amigo da família e renovava as receitas da minha mãe, trabalha em um outro hospital psiquiátrico da cidade, que atende pelo SUS e ele foi categórico em dizer, que se ela quisesse e nós, os filhos, quisessem ele conseguia uma vaga pra ela, mas não recomendava, nem aqui e nem em Mossoró, porque lá também está um caos e não há mais a estrutura que havia.
Outro ultimo esclarecimento que quero deixar aqui, me foi dito pelo psiquiatra que acompanha minha mãe, quando uma pessoa tem depressão uma vez, deve ser acompanhada o resto da vida por um psiquiatra, deve trocar a medicação de vez em quando, porque o organismo se acostuma com a medicação, deve fazer terapia e se cuidar para não ter novamente.
Enfim, agora, por ultimo mesmo, devo dizer que nunca tinha ouvido falar dos CAPS e o pouco que ouvi, foi com relação a atendimento a pessoas que tinha problemas com drogas, agora já busquei aqui na internet os CAPS de Natal, para ver se tem algum que possa oferecer algum serviço pra minha, especialmente, o atendimento psicológico e as atividades de terapia ocupacional, por isso agradeço muito pelo post e deixei aqui esse relato, do mesmo modo que esse post me trouxe algo de novo para ajudar minha mãe, e como vi muitos relatos de pessoas com doença na família e casos parecidos, espero também ter ajudado com este relato.
Ahh, Lola gostaria de deixar a dica para que você fale ou solicite a alguém da sua rede para falar sobre o preconceito que as pessoas tem em fazer terapia, pois conheço muita gente que tem, eu mesma já sofri, quando disse que estava fazendo terapia, antes e agora, pois as pessoas acham que só quem faz terapia é quem é doido, que tem algum problema mental e terapia serve para muitas outras coisas. E um outro post que queria ver aqui, não abusando, era sobre preconceito com os portadores de necessidade especiais, pois tenho um irmão que é surdo e sofre muito preconceito. Dou a dica destes posts, porque acho que a internet é uma ferramenta muito boa para disseminar esse tipo de informação e você é uma pessoa que tem o dom da escrita.
Bjus, desculpe pelo recado enorme e obrigada.

Dária disse...

Nossa Renatinha, não conhecia esta sua luta toda com sua mãe! Deve ser barra demais realmente.

"presumimos que a intenção da outra psiquiatra era levar ela a um quadro que só a internação resolvesse, para que internássemos ela na clinica dela" - fiquei completamente chocada com isso. Falta de ética da médica, muito mais preocupada em internar e acabou-se, do que em procurar um tratamento alternativo que a pessoa se adequasse. Por mim este seu relato já seria um guest post aqui (que achas Lola? rss)

No mais, comentarei um pouco mais via face contigo.

Dária disse...

Ahh, aproveitando, gostei muiiiito da sugestão de post da Renata sobre a discriminação que quem faz terapia sofre.

Meu namorado tem problemas de depressão. Estava em tratamento quando nos conhecemos, e, como ela disse aí, tratamento pra depressão é uma coisa para sempre... então continua em consultas e medicamentos, ainda que esteja hoje beeem melhor. Já acompanhei comentários críticos à terapia, de pessoas de sua família inclusive, de amigos.

Tenho um amigo que hoje está terminando medicina, e me lembro que na época de escola ele passava por alguns problemas... eu identifiquei com paciência alguns sitnomas de depressão e mesmo transtorno bipolar. A coisa me pareceu séria mesmo, quis levá-lo ao menos a uma psicóloga, e na época lembro que ele reagiu muito mal à sugestão. Puro preconceito. Achou que o tivesse chamando de louco e coisas do tipo. Hoje, advinhem? Quer ser psiquiatra... ainda tenho uma dívida para perguntar o que pensa agora a respeito.

Conheço alguns casos mais complicados de doenças psíquicas. Já tive contato próximo com dois esquizofrênicos diagnosticados. Um amigo cujos medicamentos na maior parte do tempo conseguiram controlar. Outra uma quase-parente (difícil explicar aqui), que passou a vida inteira tendo constantes surtos.

Em nenhum dos casos eu acompanhei internações, mas talvez o simples contato com doentes façam com que o tema desperte realmente minha atenção.

Ótimo post! Ótimo mesmo!!!

Loja Moeggall disse...

Como bem disse a L.Archilla, temos que aprender a conviver com a loucura. Mas loucos não somos todos nós?

Os sintomas dos transtornados não são apenas uma agudização dos nossos medos, desconfianças, vontade de andar pelado e mandar todo mundo a m., da nossa tristeza profunda, inadequação, sentimento de perda, angústia da separação em todos os níveis, enfim, da perplexidade da existência, da vontade de desistir de tudo e acima de tudo, DA RAIVA ESTRATOSFÉRICA DE NÓS MESMOS?

Aí, de vez em quando, a tampa da panela de pressão apita, mostrando nossa própria insanidade na pessoa do surtado...mas somos nós, todos nós os surtados...

Remédios, atividades, muito cuidado, paciência combatem a raiva, a tristeza, mas não acessam A CAUSA destas, que seguem intactas, de geração em geração...nunca liberadas do inconsciente, porque a culpa está sempre lá fora, no corpo, no cérebro, no outro, no mundo...

Vanessa Bencz disse...

meu depoimento...
http://garotadistraida.wordpress.com/2011/11/28/compartilhe-seu-pranto-comigo/

Eliane disse...

Oi, Denise. O caso que relatei é de uma tia que nenhum dos irmãos dela quis
saber, então sobrou nos ombros da minha mãe cuidar. Elas têm 4 anos de diferença de idade e a tia sempre foi doente mental. Morreram os pais, ela sobrou. Arrumaram enfermeira, mas estas roubavam-na. Minha mãe sentiu pena e ficou cuidando. E lá se vão 40 anos nessa vida. E a vida dela sempre foi essa. Se revoltar, fingir que tomava remédios e não tomar, ficar completamente insana, ir internada, e voltar excelente. Quando os hospitais pararam de internar, começou nosso pesadelo. Não dávamos conta de segurar, ela não se acalmava não importava se o remédio derrubava um elefante. Se a impedíamos de sair, ela gritava gritava por horas, dizendo que a estavam prendendo, sem comida. E os vizinhos acabavam chamando a polícia, nos acusando de maltrato. E assim ia, cada dia pior. Este ano ela teve o surto e como não se interna mais, ela não volto mais ao normal. Tem sido impossível conviver com ela, e no fim, dá pena. Porque na hora de condenar estão todos lá, dizendo que é desumano largar no hospital, mas na hora de dar atenção ouvir, as loucuras que ela diz, todo mundo foge. Com relação ao drogado do meu irmão, não tem jeito. Só tem clínica particular pra drogados, e é um spa, porque se fazem o drogado trabalhar é desumano. Não tem jeito :-)

Loja Moeggall disse...

Li, solidarizo-me com vc. Como já ouvi falar, o doente mental tem uma saúde física danada. Sua tia também é assim? Ela volta, quando sai de casa? A maioria dos moradores de rua são doentes mentais.

Bjs

Sara disse...

Li concordo inteiramente com vc , é facilimo atirar pedras qdo não é vc que esta na situação dificil, eu posso até não poder opnar muito pq não sou desse ramo para dar palpites, mas me parece que fechar todos hospitais de internação psiquiatricos, seria mais ou menos matar a vaca para acabar com os carrapatos, eu como muita gente tb penso que o tratamento dado aos doentes mentais é péssimo, mas infelizmente isso não é exclusividade deles, a saúde como um todo é bem mal assistida. Como parte da população acharia muito melhor em vez de fechar, tentar humanizar esses espaços, porque julgo que eles são necessários, pra dar tratamento mais digno ao doente e para dar alivio a familia tb , que muitas vezes fica em uma situação insustentavel por conta de não ter capacidade ou possibilidade de cuidar de seus familiares doentes.

Loja Moeggall disse...

A convivência com doente mental é muito diferente de alguém que vai ao hopital fazer hemodiálise três vezes por semana, como comparou aguest poster. Medicar quem não quer se medicar, expôr o resto da família às mais variadas situações e ao stress 24/7 (esse é o verdadeiro stress), como o episódio que contei lá atrás em que a moça surtada arrastou um homem qualquer na rua prá dentro de casa (república), se fechou no quarto dela com ele, chamava-o pelo nome do namorado, não queria deixar ele embora...na hora que ele conseguiu se desvencilhar dela, saiu desabalado, pulando o portão da casa. Se vigia é porque vigia, se não vigia pode acontecer qualquer coisa.
O triste do hospital psiquiátrico (como qq hospital) é o doente psiquiátrico mesmo, vivendo em outra realidade, agindo bizarramente...O que se pretende é diluir essa população no afã de chocar menos a todos, inclusive ao próprio 'staff' do hospital, visitantes..

Loja Moeggall disse...

Na esfera jurídica, alguém pode nos dizer alguma coisa da obrigação de cuidar/sustentar familiar maior de idade, com diagnóstico de doença mental incapacitante, difícil de cuidar, no caso de parentesco colateral ou mesmo filho?

Eliane disse...

Eu, minha tia era assim. De dois anos para cá, ela resolveu envelhecer 20 anos, de repente. :-) Ela nunca ficou mais que 1h na rua. Minha mãe sempre temia pela vida dela, então sempre a fomos buscar. Ela tentou suicídio nos últimos dois anos,e eu não deixo de associar à negação de interná-la. Se a tivsse amparado, medicado, ela teia voltado ao controle. Mas não. Das duas vezes que tentou o suicídio, estava na casa de parentes. Depois disso, ela nunca mais se recuperou. Envelheceu, entristeceu e ficou um pouco mais doente. É horrível ver aquela senhorinha de 68 anos sendo ignorada pelos vizinhos, pelos irmãos que ela gosta...enfim..

Denise, concordo contigo. As pessoas, às vezes, costumam ver as coisas pela ótica externa. Não sentem na pele, só conseguem ver um terço do que está envolvido tudo ali, taxam a família de vilões quando todos são vítimas. Esse é um problema muito grande, é o famoso ver somente uma aŕvore e esquecer a floresta.

Marie-Annie R. disse...

Desculpe, não sei se esse comentário ainda séra lido ou se já comentaram aqui antes, mas tenho uma grande dúvida sobre isso tudo:
Uma pessoa que sofre de depressão profunda e foi pega com uma faca tentando se matar... também seria levada para um desses lugares?
Porque sinceramente acho que 7 dias não é suficiente para tirar uma idéia suícida de uma pessoa... o tratamento é longo e infelizmente até de muitos meses.
Não acredito que levado p'ra cada depois que ele "finga" (porque você deve saber que muitos fingem estar bem p'ra voltar) não tente novamente se matar.

Eliane disse...

Annie O', nesse caso, como a pessoa não está fazendo loucuras, nem incontrolável, o tratamento é feito em casa, com o psiquiatra acompanhando e a família também em alerta, até que todos vejam que o equilíbrio voltou e não esteja mais em perigo de suicídio.

Loja Moeggall disse...

(porque você deve saber que muitos fingem estar bem p'ra voltar)(by Anne)

Fico pensando se não fingem que estão mal ou simplesmente fazem o que lhes dá na telha...É uma forma de escapar às responsabilidades...

Loja Moeggall disse...

Um antidepressivo qq só começa a fazer efeito depois de 15 dias. Durante essa fase e até o efeito se consolidar é que os sucídios podem acontecer...

Hannelory disse...

@Li

Na minha opinião o tratamento de pessoas com transtorno mais grave deveria ser em alas psiquiátricas em hospitais gerais... e os hospitais psiquiátricos deveriam sim fechar. Pq só o fato de você ter um lugar específico pra doentes psiquiátricos ficarem, dado o contexto histórico, já é segregação, que abre precedentes pro hospital psiq. virar depósito de gente dopada e esquecida, (é o que acontece com a indústria manicomial aqui de Sorocaba, onde eles, instituições privadas, recebem por volta de 1050 reais por mes e por paciente via sus, e não conseguem dar um tratamento decente), dentre outras coisas. E a segregação causa tantas marcas, que existe muitos casos em que hospitais gerais se negam a atender pacientes psiquiátricos. As melhorias seriam muitas se essa mudança fosse empregada, uma vez que os hospitais psiquiátricos não ficariam longe dos olhos da sociedade e estariam já dentro de um local onde eles poderiam receber tratamentos de outra ordem também. Lembrando que a ala psiquiatrica de um hospital geral deve conter todos os profissionais necessários, terapeutas ocupacionais, psicólogos além dos psiquiatras e etc.

Loja Moeggall disse...

"E a segregação causa tantas marcas, que existe muitos casos em que hospitais gerais se negam a atender pacientes psiquiátricos." (by Lenna)

Não entendi essa colocação. Você quer dizer que o ESTIGMA causa muitas marcas? O hospital já é um lugar de segregação, não?

"As melhorias seriam muitas se essa mudança fosse empregada, uma vez que os hospitais psiquiátricos não ficariam longe dos olhos da sociedade e estariam já dentro de um local onde eles poderiam receber tratamentos de outra ordem também.* (by Lenna)

Não sei se é bem assim. Hospital geral não é terra de ninguém. Não entra e sai quem quer quando quer ou faz o que quer com os internados.
E hospital psiquiátrico não é penitenciária. Até na penitenciária entram pessoas com propostas socializantes,por que raios no hospital psiquiátrico não?

Os psiquiatras não deixam? Ora, prá isso tem a polícia, a imprensa, o promotor público, prá verificar o que acontece.

Quem lida com doente mental grave precisa um treinamento específico. Será que esses tratadores de outra ordem estão preparados?

Mesmo o próprio psicólogo tem treinamento específico prá lidar com doente psiquiátrico?

Eliane disse...

Oi Lenna! Se a internacão se der um hospital, para mim já está de bom tamanho. Só não concordo com fazer o tratamento em casa, pois não é possível. E infelizmente há pessoas que tratam seus iguais como objetos, e eles farão isso em hospitais públicos, particulares ou psiquiátricos. Também me assusta um pouco essa ideia de hospitais terem uma ala psiquiátrica pela falta de vagas gritante, ou seja, minha família ficaria na mão, pois somos pobre e usamos o SUS. É por isso que defendo uma reformulação nos hospitais psiquiátricos, inclusive porque eles já têm instalações. Mas ele precisa mudar, por inteiro. Pessoas serem separadas por sexo, terem tratamento de verdade, acompanhamento médico, serem tratados como humanos e não como gado de corte que é maltratado se não obedece. E ser proibidos aos parentes desovar o objeto que eles não querem mais para ficar esquecido lá. Ter punição, já que isso configura abandono de incapaz.

Eliane disse...

Ah, e eu, como frequentante de hospitais públicos, fico triste ao imaginar esperar atendimento junto ao doentes mentais. Principalmente pelo fato de ter crianças aos montes nesses lugares. Para quem está de fora, é assustador, traumatizante ver uma pessoa nessa situação. Imaginar aquela multidão junta ali esperando, doentes, sentindo dores, e ainda tendo que assistir um doente agitado, é de cortar o coração. Deixa a pessoa nervosa. Eu sempre fico com um nó na garganta nesses casos, extremamente nervosa.

Sara disse...

Mais uma vez vc tem toda razão Li, misturar no mesmo local doentes psiquiatricos com os demais, não pode dar certo, pelo simples fato que muitos doentes mentais não tem o mínimo controle sobre suas ações.

Hannelory disse...

"E hospital psiquiátrico não é penitenciária. Até na penitenciária entram pessoas com propostas socializantes,por que raios no hospital psiquiátrico não"

Não é uma penitenciária só no nome. Muitos dos que lá estão, não necessitam de tal internação. Como você explica uma pessoa que necessita de cuidados, porém tem um transtorno mental leve, não oferece riscos nem pra si nem pra ninguém, esteja morando em um hospital psiquiátrico. E são muitos nessas condições nos hospitais psiquiátricos particulares que recebem verba do sus (repito cerca de 1050 por mês e por paciente) e magicamente pessoas morrem desnutridas e com pneumonia. Você acredita que essas pessoas não tem capacidade de viver como as outras? de ter amigos? namorado? de comprar pão? Você acredita nessa maneira de vida possível vivendo em hospitais psiquiátricos? longe do convívio com a sociedade? Pra mim, isso é pior que penitenciária, já que os internados não tem culpa do transtorno que têm.

E sim, o estigma causa marcas, porque as pessoas estão acostumadas a ver o doente mental como um problema distante, e vc não pode negar que em um hospital geral a visibilidade será bem maior, e o atendimento de outras ordens será facilitado, ou pode? A gente pode se negar a ver o problema, internando essas pessoas bem longe dos nossos olhos, mas eles não podem se negar, eles não podem deixar de ver e de sentir a condição em que estão e em que vivem. Se você propõe conservar esse modelo historicamente segregatório e desumano e melhorá-lo, por que não um maior esforço pra melhorar o atendimento do sus?

nos hospitais gerais só ficariam internados aqueles que por algum motivo não tem condições de ser tratado nos caps e/ou em casa.

respeito é BOM e eu gosto! disse...

Interessante o artigo. Tomamos a liberdade de postar no blog do movimento "respeito é BOM e eu gosto" www.rebomeg.com.br.
Parabéns pelo seu trabalho Lola.

corujinha disse...

Concordo com a Li. Vejo a extinção dos hospitais psiquiátricos um grave problema para a sociedade. Ainda que o post tenha contribuido muito com a discussão e eu concorde com muito do que foi dito acredito que a CAPs tem que vir como um auxílio, mas alguns hospitais ainda são e serão necessários eles precisam sim ser melhorados e isso é possível, não podemos ver o problema de forma fatalista.
Mas claro os hospitais seriam necessários para casos mais graves como: esquizofrenia, bipolaridade, boderline etc. Pessoas em crise são muito, mas muito difíceis e colocam sua vida e de outros em risco. Para esses colocar em hospitais normais, como propõe a Lena, não me parece uma boa ideia, pois essas pessoas costumam chegar em estado de desequilíbrio e a contenção as vezes é dífícil.
Claro que casos mais simples não há dúvidas de que devem ser cuidados em casa e com o apoio da caps. Mas nos casos mais graves como na necessidade de eletrochoque a CAP's tem isso?
Eu morei na França no ano passado e vi alguns documentários sobre esse assunto e lá eles continuam com hospitais (eu desconheço a política de saúde psiquiátrica de maneira geral) e tem uma discussão muito séria pois os dados mostram que os problemas psiquiátricos estão virando uma epidemia mundial e políticas públicas efetivas precisam ser preparadas para essa realidade.
O Brasil ainda está muito atrasado hoje, imagina daqui alguns anos??
Hospitais humanizados, modernizados e CAPs como estrutura de apoio para desafogar sim os hospitais é a maneira que eu vejo mais adequada.

Nefelibata disse...

Parabéns, Lau, envolvidos no projeto, e para a Lola também por tê-lo publicado. Assinei e divulguei a nota de apoio também, e vejo hoje que isso talvez tenha dado algum resultado:

http://www.viomundo.com.br/denuncias/conselho-superior-do-mp-manda-investigar-hospitais-psiquiatricos-de-sorocaba.html

Agora é torcer para que nem o Ministério Público e nem o judiciário afinem.

Abraços!

Monique disse...

Vi essa realidade triste a pouco tempo por causa do acompanhamento de um familiar proximo menor de idade que foi internado.Realmente lá nesse hospital era tudo misturado e os pacientes mais inquietos eram misturados com os outros quase bons.É de fazer pena. Na epoca, o jornal local mais importante do estado foi lá mostrar a situaçao.

Cleide Apaixonada pela vida. disse...

Estou escrevendo um livro que relata a minha história aos 13 anos de idade um ginecologista me receitou psicotrópicos, que me fizeram surtar, fui parar num sanatório terrível, sofri maus-tratos- no livro uso pseudônimo de Joyce- Eu conto como foi minha libertação -https://www.facebook.com/ODoceDesconhecido?ref=hl

Soulreaper disse...

Já tão aumentando ou trocando pra uma dose maior, o remedio que sou forçado a tomar. Meus pais reclamam que sou medroso e tenho um olhar de alguém mau, eles queriam que eu fosse corajoso e tivesse um olhar dócil. Eles tem, ódio da minha essencia. A psiquiatria sempre vai falhar em querer corrigir o comportamento humano. Eles não vão criar humanos produtivos, corajosos e dóceis ao mesmo tempo. O problema da psiquiatria é que quer que todo mundo seja robótico, que não tenha medos interiores, que não sinta angústia. Quer homens que estejam prontos a morrer sem se queixar se a vida valeu a pena ou não. A auto-realização não existe pra psiquiatria. O mundo sem duvida é um lugar desumano. Eu vou vivendo mesmo sabendo que minha vida não tem sentido algum. Não me engano mais por existencialismo, melhor ser platonista(de ver que o paraíso não é no mundo, que o mundo é o inferno onde estamos condenados a viver). Não me sacrifico pelo mundo, logo, não irei me suicidar, irei parasitar mesmo nessa sociedade de merda, até porque, os valores conservadores, de sacrifício pelo próximo, não existem em minha essencia obscura.