quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

GUEST POST: BULLYING QUE SOFRI FOI RACISTA

A Mariana (que você pode seguir no Twitter pelo @marielux) tem 24 anos, é publicitária e mora no Rio. Ela me enviou um relato muito interessante relacionado a nossa autoestima, aos padrões de beleza, e ao bullying que sofreu na escola. Acho que tod@s nós podemos nos identificar.

Minha história com o bullying começou em 1997, quando esse comportamento ainda nem tinha um nome e era considerado "normal", "coisa de criança" pela maioria das pessoas. Eu morava em um dos subúrbios da Leopoldina no Rio e ia fazer 11 anos quando minha mãe me inscreveu na prova de admissão de uma escola de freiras que era tida como "a melhor da Leopoldina". A escola era bem cara e naturalmente minha mãe se esforçou muito pra poder pagar a mensalidade na época, mas pensava no meu futuro e queria "o melhor" pra mim.
Logo que eu cheguei nessa escola, notei que era diferente da massa de alunos. Pra começar, eu sempre me sentava na frente, gostava de ler, de participar das aulas e detestava as aulas de Educação Física. Além disso, eu era FISICAMENTE diferente: era alta demais pra minha idade, magra demais, com seios já desenvolvidos e tinha um cabelo loiro BEM CRESPO, enquanto as meninas consideradas bonitas e populares eram loiras, de olhos claros e cabelos lisos e longos. Por eu ter esse perfil de me destacar pelas notas, de odiar esportes, de ser "mais pobre" e de ser fora do padrão de beleza das barbies que estudavam lá, não demorou muito para as outras crianças começarem a me perseguir...
Minha vida escolar se tornou oficialmente um inferno em 1998, quando meu nome apareceu em um mural como o de melhor aluna da turma e quando começou a Copa de 98. Sim, a Copa de 98. Lembra do meu cabelo? Pois então, era crespo e loiro, o que me rendeu o apelido de Valderrama, aquele jogador horroroso da seleção da Colômbia. Daí pras musiquinhas sobre o meu cabelo, pros gritinhos de guerra me comparando ao jogador durante a Educação Física e às bolinhas de papel que as pessoas jogavam na minha cabeça pra ver se "grudavam" no meu cabelo, foi um pulo. Eu não sabia como reagir. Tinha hora em que eu xingava as patricinhas de coisa pior, mas brigar não faz parte da minha personalidade, sempre fui uma pessoa pacífica. Daí eu resolvi "ignorar", fingir que não ouvia. Mas, fora da escola, eu só fazia chorar. Chorava muito em casa, já que minha mãe trabalhava e não via. Lembro que um dos dias em que mais chorei foi quando um dos meninos disse algo como ter "nojo" de mim por conta do meu cabelo "duro" e do meu nariz "largo". Eu nunca gostei dos meninos da escola, mas imagina o que é pra uma garota de 12 anos, por mais inteligente que seja, ouvir que alguém tem nojo da sua aparência? É pra matar qualquer autoestima em formação!
As zoações estavam ficando tão insuportáveis que eu comecei a desabafar com algumas pessoas da escola. O que eu mais ouvia, além do "não liga", "ignora", "você tem que ser mais forte" era o infame "ah, então já que você não aguenta, por que você não alisa esse seu cabelo armado?". Assim mesmo, com um tom de conselho, de "vou te dar um toque", mas que só me deixava ainda mais triste. Cansada que eu estava de ser hostilizada por conta de um traço racial (sim, racial, eu posso ter a pele e os cabelos claros, mas eles são crespos por conta do meu pai que é mulato, mas obviamente ninguém aceitava o meu argumento por eu ter a pele branca), comecei a fazer relaxamento. E fiquei tão doente por conta do que as pessoas falavam sobre o meu cabelo que comecei a ficar viciada em tratamentos químicos. Se meu cabelo começasse a armar um pouco, já era motivo suficiente pra eu passar o dia triste e não querer conversar com ninguém...
Minha mãe começou a ver o que estava acontecendo comigo e foi à escola tomar satisfações, foi dizer que processaria os pais dos bullies por racismo se uma atitude não fosse tomada. Mas aqui, de novo, a velha hipocrisia do Brasil a respeito da sua miscigenação: "Ah, mas a Mariana não é negra, ela é loira". Esse tipo de cegueira apenas esvazia a realidade de que existe, sim, um padrão de beleza eurocêntrico no Brasil, que faz com que meninas de cabelos crespos sempre SOFRAM para se adequar. Não importa que eu tenha a pele clara, meu cabelo mostra que eu tenho raízes negras e praticar bullying contra alguém por conta disso é racismo SIM! Ah, mas talvez isso seja pura frescura minha, esqueci que no Brasil, esse país igualitário, essa grande democracia multi-étnica, não existe racismo...
No fim dos anos 90, ainda não havia um debate e nem pesquisas sérias sobre o bullying nas escolas. Como eu disse antes, esse tipo de comportamento nem tinha nome, então a minha escola não fez muito para coibir a prática contra mim... Lembro que rolou um esporro coletivo na aula de Matemática, mas isso só fez a coisa ficar ainda mais forte, já que a "nerd Valderrama" "não tinha força e era idiota de cagoetar pras freiras em vez de ficar quieta". O que acontecia era que o bullying era visto como "coisa de criança", como "normal" e quem reclamasse era por pura frescura ou covardia. Hoje em dia, com os suicídios e tiroteiros generalizados nas escolas americanas por conta de bullying, a abordagem dos educadores vem mudando, mas ainda há muito a ser feito pra matar esse comportamento pela raiz.
Como eu não tive a "sorte" de ser adolescente nos anos 2000, minha vida só ficou um pouco mais tranquila quando eu me dei conta de que o que me fazia diferente dos bullies - minhas notas, meu interesse pelas aulas e minha pouca disposição pra brigar - era o que me fazia melhor do que eles. Comecei a me impor e, em 2000, mudei de escola, fui para o Pedro II, um colégio federal tradicional onde havia alunos de várias origens e que tinham em comum a inteligência. No Pedro II, adotei um estilo alternativo como forma de diferenciação e defesa, mas lá não havia sombra do bullying que sofri na escola anterior.
Hoje eu sou uma pessoa com uma vida legal, me formei pela UFRJ, falo idiomas e trabalho em um lugar legal. Mas o bullying sempre deixa efeitos e estaria mentindo se dissesse pra você que amo meu cabelo. O cabelo é parte fundamental da construção da minha autoestima como mulher, que é baixa. Eu não consigo me achar mais bonita do que as mulheres de cabelos lisos e, até março do ano passado, alisava o cabelo a cada 3 meses. Depois parei de usar química para forçar um processo de auto-aceitação, no qual o seu blog tem me ajudado MUITO, e também porque não é saudável. Tenho um namorado europeu que não é contaminado pelo padrão de beleza daqui do Brasil, então ele jura que me prefere com o cabelo ao natural. Mas eu, infelizmente, não consigo acreditar e algumas pessoas sempre me perguntam como ele, com tamanha oferta de loiras em seu país, namora comigo, como se ele estivesse cometendo um crime. Isso também é uma forma de bullying que me afeta, mas espero conseguir me impor um dia, estou tentando.
Acho que só venceremos o bullying quando aprendermos a aceitar o diferente e não pautarmos nossa vida por um padrão considerado a média ideal. E eu tenho esperanças de que isso um dia aconteça, de que nenhuma criança seja rechaçada por seu cabelo, sua cor, seu peso, seu sotaque... sua particularidade que o faz especial.
No final do ano passado, depois que eu te escrevi, algo mudou: um dia fiquei mal com o cabelo que eu via no espelho (todo quebrado por conta da química, sem vida, metade alisado e com muita raiz crespa) que fiz a louca, fui no salão e cortei, detonei tudo. Ia raspar, mas a cabeleireira fez um corte curto deixando só o que tinha crescido de raiz e agora ele tá 100% natural. Confesso que ainda não me acostumei, ele tá enrolado demais comparado ao que eu cresci ouvindo dizer que era o cabelo "bonito", "certo", "feminino". Mas as pessoas na minha família e na agência em que eu trabalho gostaram do resultado, meu namorado (aquele que vivia dizendo pra eu não alisar mais) adorou. Só falta eu mesma. Efeitos do bullying. Mesmo depois de anos, eu não consigo achar bonito... Mas pelo menos as pessoas estão mudando um pouco a mentalidade e isso é ótimo. Ou será que os adolescentes são mais radicais em excluir os outros do que os adultos?
Agora estou deixando crescer e resistindo bravamente a colocar qualquer tipo de química, mesmo que cresça do jeito que era quando eu sofri o bullying. E vou seguindo assim, na minha luta comigo mesma sobre as influências que o padrão de beleza exerce em toda mulher (minha monografia foi até sobre isso, é algo que me afeta). E, acredite, seu blog nos ajuda muuuito a refletir!

Ano passado publiquei um outro guest post sobre a imposição dos cabelos lisos. E eu gosto bastante deste post que fala da importância do cabelo na identidade feminina. Este trata de como o padrão de beleza é racista. Ah, e procurando fotos pra ilustrar este post, dei de cara com um blog chamado Cabelo Crespo é Cabelo Bom.

120 comentários:

Amanda disse...

Sou da area e acho que vc estudou no Pio XI, né? Tinha varios amigos de la e acabei de me dar conta que perdi o contato com todos eles justamente por causa do preconceito deles. Não duvido nada que eles tenham se juntado ao coro de valderrama.

Estou muito orgulhosa de vc, que esta nesse processo de auto-aceitação. Tenho certeza de que seu cabelo é lindo!

Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

Gostei do seu escrito,o preconceito é praticado por aqueles que não possuem o sentido pensante, e não valorizam a sua própria cultura.
www.vivendoteologia.blogspot.com

rizk disse...

Antes da Copa eu fui "bombril" e "Simba", depois passei a "Valderrama". O que mais me irritava é que ele tinha aquele bigode!
Hoje em dia, parece-me que o cabelão distraiu as crianças do meu peso. Foi melhor ser chamada de "Valderrama" que de "baleia". A discriminação que eu sofri em razão do cabelo não me deixou com sequelas na auto-estima e sexualidade, bem diferentemente do que acontece com as meninas que foram zoadas por serem gordas.
Pelo menos entre as que eu conheço, as meninas que foram discriminadas pelo peso não têm nenhum prazer em comer, vivem na neura da dieta, se acham horrorosas, fazem sexo vestidas e tal. Diante disso, acho que cabelo crespo é o de menos.
Algum@ de vocês também passou por isso de ser gord@ e ter cabelo crespo? Como foi?

Anônimo disse...

Xará, valderramas é melhor que william wallace.

Pois é, fui adolescente nos anos 2000 e asseguro: se algo mudou, não foi tão significativo assim.

Meu cabelo era ondulado, armado, castanho claro... bem coração valente mesmo, rs. O apelido pelo menos foi criativo, mas incomodou sim. O fato de eu também ter ótimas notas, detestar educação física e etc, também contribuiram.

Usei meu cabelo preso por anos. Penteava, usava gel (eca!)... tudo pra ficar menos armado; e tudo o que não é recomendaado. Hoje sei que meu tipo de cabelo não precisa de pente (que é um destruidor de ondas).

Mas hoje me aceito muito bem. Hidrato meu cabelo (mas nunca alisei) e todo mundo baba nele.
E também não manenho contato com ninguém daquela época: estudo na federal daqui né? curso concorrido... e eles, claro, não conseguiriam passar. ;)

Anônimo disse...

Minha total solidariedade a você, impossível dizer que sei o que você passou, mas isso não me impede de me sensibilizar. Sempre dói qdo a gente olha de verdade para esses casos.

Eu não sofri bullyng intenso meio que por pura sorte. Mas o pouco que rolou me fez desencanar completamente de estudar (era um grande aluno) e simplesmente tirar nota para passar, e assim ficar desapercebido.

Meu irmão mais velho sofreu muito com isso, e sempre que ele toca no assunto eu fico muito chateado de não ter podido ajudar na época (ele é 6 anos mais velho, no colégio isso é outro universo né?), mas mais chateado ainda pela relativização que rola, coisas como "era normal", "acontece muito" ou "crianças são cruéis", como se qualquer um desses argumentos mudasse a dor que ele sente ou sentiu, como se isso justificasse as coisas. E isso não vem de estranhos, mas de família.

Quanto ao cabelo, adoro cabelo crespo, sempre adorei, namorei mulheres justamente porque elas tinham os cabelos crespos (e não apesar, como alguns parecem achar o correto). Mantenha-os crespos, mantenha-os erguido e levante também a sua cabeça, porque por tudo o que você contou, tem todos os motivos do mundo para mantê-la erguida!

Abraços

Anônimo disse...

É impressionante que, mesmo com algumas distâncias geográficas e etárias, o preconceito continua o mesmo. Quando eu era criança, tinha o cabelo muito armado também, aliás, eu era quase uma versão mirim da Gal Costa. Passei longos anos da minha vida indo pra escola de cabelo preso, para que as chances de alguem pregar chicletes na minha cabeça ou fazer piadinha sem graça fossem menores. A partir dos 11 anos, comecei a fazer alisamento no cabelo e tornei-me viciada nessa prática nefasta até a metade de 2010, quando eu já tinha 21 anos.

Foi a partir dessa época que eu decidi radicalizar: cortei o cabelo curtinho e deixei de passar aquelas químicas todas. Hoje eu me considero muito mais bonita com o meu cabelo natural e aprendi a me aceitar do jeito que sou, mas sei que de vez em quando ficam algumas lembranças amargas do passado.

De fato, nosso padrão de beleza é MUITO eurocêntrico, o que é uma lástima. Mesmo assim, eu tenho muita esperança de que isso mude nos próximos anos.

No mais, adorei a postagem. Me identifiquei demais com o que foi abordado aqui.

Omar Talih disse...

Enquanto lia este post, recebi a mensagem abaixo:
"Tenha Cabelos de Celebridades! Ganhe Desconto Exclusivo. Salão de Beleza em Casa! Todo Site Até 70% OFF."
Sou o único 'preto' em uma família de brancos. Coisas da genética e também o mais baixinho de todos, com cabelos carapinha, crespo...pixaim, tanto faz.
No primario, havia uma professora que não gostava de negros e não escondia seu ódio racial contra mim. Dona Jorgete, sempre me colocava nos fundos e me castigava até por coisa que poutros faziam, chegando a me bater com o apagador.
Chegou a impedir que eu fosse ao banheiro e acabei fazendo uma enorme "sujeira" na roupa. Isso foi nos idos de 1966/67. Imaginem como era naquele tempo. Mas aprendi a conviver com isto e descobri que eu era melhor que eles.
Fiz uma história em quadrinhos que relata este periodo tá no blog.
No colégio era chamado de "Q-suco" de asfalto e Beiço, não preciso dizer porque. Até meu irmão não gostava de mim, pela minha diferença. Mas, "quem não é o maior, tem que ser o melhor" a aprendi aq usar o que tinha de melhor, que é a inteligencia, afinal a natureza nos dá sempre uma compensação pelo que achamos não ter; beleza padrão, por exemplo. Prefiro ser inteligente, mesmo que a beleza abra algumas portas. Nunca tive problemas com relacionamentos e para falar a verdade, causei muita inveja nos "bunitinhos" que não entendiam como consegui sair com mulheres lindas de todas as cores e classes sociais e eles não, por mais que tentassem. Sofri até ameaças.
Mas é uma longa história. Por ora, digo que somos capazes de nos impor em quaisquer situações, como? Estude, conheça seu inimigo, esteja sempre um passo a sua frente, mas nunca lhe dê as costas.‏

Fabiana disse...

Solidariedade de quem já foi chamada de Val(derrama) na escola. E o pior, tinha um colega que escondia lápis no meu cabelo e dizia que era pra eu fazer igual ao Capitão Caverna.

Pentacúspide disse...

Se a vítima ao referir-se ao bules que sofreu chama de "horroroso" à pessoa cujo nome lhe deu apelido não quer com isso dizer que ela mesma não gostava do seu cabelo? E chamar horroroso a outro torna-a diferente dos demais bulidores?

Tha disse...

Para ser franca, não acho cabelo alisado bonito. Mas é o meu gosto. Adoro o cabelo natural das pessoas. Cacheados, crespos, lisos... Brincar as vezes, tudo bem, mas apesar de entender, não acho legal essa coisa de passar uma semana sem lavar o cabelo para manter a chapinha.

Quer mais estilo que esses cabelos afro? Com missangas e tranças? Por favor, pessoas, o diferente é tão lindo!

Posso dizer que sou loira de olhos azuis? E mesmo assim sofri Bullying?
Ou eu estava gorda, ou era época de espinhas ou então eu era virgem... veja isso! Eles tomavam conta até da minha "vida sexual!"

Sempre odiei essa de separar pessoas diferentes. Geralmente eu ia a procura delas, algumas vezes me usavam pra conseguir se enturmar, mas tudo bem, a maioria era muito legal e muito inteligente.

Tudo é motivo, tudo é desculpa pra te fazer de palhaça.

Melhor o palhaço que é pago pra fazer graça! [¬¬] Nós apenas voltamos para a casa, chorando e com marcas.

Amor & Miados disse...

Incrivel como as outras pessoas tem a capacidade de nos ferir e marcar.
Se na minha epoca o bullying ja existisse eu teria processado vários professores e alunos que me discriminavam por causa de minha cor. E o pior era a comparação com o meu irmão, branco, loiro do cabelo liso e como o tratamento a ele era infinitamente melhor. Jogavam coisas em mim ( um apagador de madeira certa vez que cortou minha cabeça ) , escreviam coisas, me davam apelidos e chegou ao cumulo de um aluno cortar o meu braço com uma gilete só pq deu vontade e qd fui reclamar a escola não deu a devida atenção, como se fosse normal um aluno multilar outro assim. Até hj eu carrego comigo essa cicatriz, quase 10 anos depois e as memorias daquela epoca em que a escola, que deveria ser um local seguro e de paz, era a pior parte dos meus dias

Anônimo disse...

Então,se eu torro no sol para não parecer a irmã do gasparzinho e pinto meus cabelos de preto estou renegando a minha porção branca?Nem todas as mulheres dessa etnia possuem cabelos lisos,brancas também espicham suas madeixas;os ondulados,não os crespos ,são tidos como desleixados;as orientais e as índias(para quem fala em exclusão!)é quem os possuem escorridos.Não se recordam da febre do cabelo Black Power dos anos 80?Até a década de 90,cabelos volumosos eram mais atraentes,portanto as donas de melenas escorridas desejavam "avolumá-los".E as pretas que alisam?Também são racistas,né?

As indianas usam creme Pond's para clarear a pele,contudo,estes são esquecidos pelos tupiniquins.As prateleiras não estão cheias de autobronzeadores?As vaidosas,até as estrelas de Hollywood não enrolam os cabelos para as festas chiques?Babyliss não é considerado mais glamouroso e sensual?Leiam as revistas de beleza.

Pessoas muito claras também são ridicularizadas,tanto por outros brancos,quanto por negros;e não vitimizam-se"Bla,bla,bla,sofri bullyng racial".Ah,só mais um detalhe:existem concursos estéticos exclusivamente de negras;geralmente as vencedoras possuem traços faciais delicados,tidos como mais femininos;acontece que em sua maioria,as afros possuem traços fortes:lábios grossos e pronunciados.nariz largo,olhos grandes ou marcados,mandíbula densa.Isto é,se trata de um pré-requisito fundado por "arianos"e os afros incorporaram.Sobre este aspecto,as mulheres cuja descendência é árabe também poderiam proclamar que sofrem racismo,pois suas feições são igualmente exuberantes,entretanto,não valorizadas;e muitas descendentes de italianas e francesas,possuem nariz grande.Os negros,muitas vezes,renegam a própria identidade.Muitos homens só namoram brancas,geralmente loiras,e,dizem:"De preto,basta eu."Há uma partícula do texto em que a leitora reclama que somente sua lourice,não os cachos de negra,eram vistos.Pois bem,então.Pardos não dizem que são mestiços,mas,autodenominam-se negros,assim,rejeitando sua parcela branca.Por vezes,recebem benefícios do governo para tal.

Bom é isso.Lola,conheci seu blog há quase um ano e acompanho sempre.Gosto principalmente das referencias feministas,embore ache que vc deveria ser mais incisiva.No mais,tem qualidade,informação e leveza.Perfeitinho!Beijos,fique com A Deusa.
ALINE

Barbara O. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lissa disse...

É engraçado, que eu acho tão lindo cabelo loiro bem crespo... Tem uma moça linda na universidade em que eu estudo que tem o cabelo bem, BEM crespão, daqueles cachinhos pequenos, e ela usa o cabelo curto, todo soltinho, com uma flor no cabelo de vez em quando. Acho a coisa mais linda! Eu, por outro lado, tenho cabelo loiro e super liso, daqueles que não segura nem um grampo. E fico sonhando com o dia em que vou conseguir deixar o cabelo cacheado por mais de duas horas.

Mas essa história de bullying é complicada mesmo. Basta um desvio minimozinho que já caem em cima. Como eu falei, tenho cabelo loiro, liso, sou branquinha e me encaixo no "padrão". Mas porque jogava videogame, só tinha amigos meninos e gostava de estudar, era deixada de lado.
Seu apelido era "Valderrama", e eu também tive uma pelido: o meu era "Bombom Caribe". Sabe por que? Porque o Bombom Caribe é o que sempre sobra na caixa, já que ninguém quer comer.
Legal isso né, pra uma adolescente de 15 anos.

Espero que você aprenda a amar o seu cabelo, porque passar por tudo isso na adolescência é péssimo e nos marca pra vida inteira.

Aposto que um dia você vai acordar, se olhar no espelho, colocar uma flor no cabelo e ver refletida ali a pessoa mais linda do mundo!

Barbara O. disse...

Posso usar uma mao para contar os alunos que destoavam racialmente no colegio onde estudei, em Curitiba, onde eramos 3 mil alunos no total. Dentro do padrao racial, eu tambem fui avacalhada pelas boas notas e falta de desemprenho fisico. Este realmente e um fator que ja indispoe as pessoas contra voce. Uma compensacao foi ser a preferida de varios professores. Agora vem a parte chocante. Certa vez, depois de uma aula de biologia, a professora estava junto de seus melhores alunos papeando, todos por coincidencia bem claros, e soltou que ha sim diferencas de inteligencia entre as racas e nos usou como exemplo para a "sua teoria". Seus professores nao te deram apoio. Seus professores nao quiseram te dar apoio. Ja pensou nas motivacoes obscuras deles?

caso.me.esqueçam disse...

opa, rolou uma forte identificaçao aqui, hein! eu tambem tenho o cabelo crespo e fui muito zoada na infancia, mas acredite, por meu irmao! era um inferno, era ele quem bolava todos meus apelidos e espalhava pela escola. um santo. eh quando o inimigo mora com voce. hohoho

e tambem cresci com essa falta de auto-estima e desde os 11 que eu vou no salao pra tentar resolver o problema com quimica. agora, como tou morando fora, deixei de ir no salao (tambem ia a cada tres meses) e, com a ajuda do namorado (tambem estrangeiro e que tambem me da a maior força pra que eu assuma meu cabelo natural), tou deixando o cabelo crescer sem quimica.

eh uma tristeza que a gente soh pense nessas coisas quando cresce. eh uma pena que tenhamos que sofrer como se ter cabelo crespo fosse um pecado...

parabens pelo post!

Fabiane disse...

Fui lendo o texto, até que não agüentei e comecei a chorar. E me lembrar de tudo o que já aconteceu na minha época de escola (sou um ano mais nova que a Mariana), por não ser "feminina" ou por ser "nerd" (que na época era uma ofensa), ou por não ser "bonita o suficiente". Na hora em que ela escreveu que um garoto disse ter nojo dela, eu revivi a cena na memória. E doeu, doeu muito.

Infelizmente eu nunca consegui superar isso, e pra falar a verdade acredito que nunca vou conseguir. Até escrevi um texto no meu blog sobre essa coisa de não ser "feminina" aos olhos do padrão (http://fabianelima.com/blog/meninos-e-meninas/), mas eu queria tanto tanto tanto me encaixar nesse padrão! Parece que pra quem está nele a vida é tão mais fácil, os meninos e meninas se interessam tão mais por você, até empregos é mais fácil de conseguir...

Meu namorado diz que me ama e me acha bonita, mas às vezes eu penso que ele se envolveu demais, não consegue mais sair e está comigo por pena. Eu não consigo tirar isso da cabeça.

Mariana disse...

Oi, gente

Obrigada pelo apoio, bullying realmente é uma coisa horrível, que deve ser erradicada. Afinal, a escola é um lugar onde as pessoas vão pra aprender e devem aprender a respeitar as diferenças.

Amanda, sim, estudei no Pio XI. Impressionante como a massa de alunos da minha época era preconceituosa, parecia uma imitação de colégio americano, onde tinha competição de popularidade. E ser popular lá envolvia ser bully, infelizmente. Conto no dedo as amigas daquela época, hehehe.

Pra Aline: vc não pode negar que existe um padrão eurocêntrico no Brasil. E, não, as negras que alisam os cabelos e as indianas que clareiam a pele não são racistas, eu nunca disse isso. São apenas pessoas que tentam se adequar a um padrão que lhes é imposto, como eu passei a vida inteira fazendo. O racismo está em esculachar alguém que tem cabelo crespo, dizer que esse cabelo é ruim, sujo, desleixado... Meu cabelo faz parte da minha herança negra, a minha "lourice" que vc citou faz parte da minha porção branca e era usada como subterfúgio pra quem não queria enxergar ou assumir que um comportamento preconceituoso estava acontecendo na escola.

Enfim, Lola, muito obrigada novamente pela oportunidade!

Mariana disse...

Por conta do apoio da maioria de vcs, pensei em mudar uma coisa que também não queria mudar: minhas fotos de perfil nas redes sociais são todas com o cabelo alisado. E, até hoje, eu tinha muita vergonha e medo de mudar. Mas vou tomar mais esse passo e vou mudar todas, assim que tirar mais fotos com o cabelo natural de agora. Pode parecer bobeira, mas não é, trata-se da imagem que vc quer transmitir na rede.

E pra tod@s que ainda sofrem com os efeitos do bullying, vamos conversando, discutindo e trazendo nossas histórias, isso ajuda muito!

Phoenix disse...

Me identifico. Pq será?
Todos esse apelidos aí, juba de leão, Tina (Turner rsrs), cabelo de estopa...
Já ouvi tantas coisas por todo o meu ser e, para piorar, sempre falei alto e sempre dei opiniões em sala de aula, não tinha jeito, era execrada mesmo!
Eu uso meu cabelo do jeito que eu achar melhor na época, alisado, natural, curto, rapado! Até escrevi sobre isso no meu humilde blog!
A verdade é que temos de ser felizes!
Esse blog Cabelo Crespo é Cabelo bom é um achado, tem dicas maravilhosas, menin@s, de uma pessoa que viveu no couro (cabeludo hehehe) as desventuras de uma sociedade que quer ser o mais branco e liso e magro possível!
Temos de ser felizes e nos aceitarmos como somos. Claro, na infancia é mais difícil termos essa percepção, mas eu acredito que traumas podem ser contornados se perdoamos a ignorancia a alheia, entendendo a burrice de séculos por trás dela. =PPP

Phoenix disse...

Aline disse:
"De preto,basta eu."Há uma partícula do texto em que a leitora reclama que somente sua lourice,não os cachos de negra,eram vistos.Pois bem,então.Pardos não dizem que são mestiços,mas,autodenominam-se negros,assim,rejeitando sua parcela branca.Por vezes,recebem benefícios do governo para tal.

Acho que nada a ver, honestamente. É que vc é o que é fenotipicamente no brasil, vc é o que sua aparencia diz que é.
Vide Ronaldo, que apesar de pais negros - mulatos? - diz que não é negro.
A pele dele realmente é mais clara. Mas e aí?

Minha mãe é branca, meu pai é negro.
E eu sou o q? Aparento ser o q?
Acho q é outra discussão.

Layla disse...

E quando você é gorda, tem um cabelo ruim, e é tímida? E quando nas brincadeira de pré adolescentes de rodas de beijo as pessoas faziam de tudo para não me tirar?
E quando você foi criada junto com seu primo, crescendo brigando de porrada, enquanto o mundo inteiro se comporte colo uma barbie?

Perdi peso, dei um jeito no cabelo, e sei ficar bem menininha quando quero, mas sempre q vejo algo ou alguém muito desejado não me sinto a altura de tal, porque na minha cabeça eu ainda sou gorda, tenho cabelo ruim, e ando como um moleque.

Mariana disse...

É mesmo, Dona Aninha, é complicada a classificação racial no Brasil. Eu me defino como multi-étnica, já que meu pai é mulato e minha mãe é descendente de brancos com índios. O fato de eu ter a pele e os cabelos claros não apaga de maneira nenhuma a minha herança negra, que aparece no tipo de cabelo, rejeitado em um país racista e hipócrita como o Brasil. A hipocrisia está justamente nesse discurso de nos fazer menos afro-descendentes por conta da herança branca. É como se fosse "ah, ela tem cabelo loiro e pele clara, não sofre racismo. Só os negros de pele muuuuuito escura e cabelo muuuuuuuuito crespo têm o direito de reclamar".

Anônimo disse...

Mariana,sim,o ideal de beleza feminina massificado e imposto pela mídia é a loura(que vc já é,kkkkk)de olhos claros,um tipo nórdico,de tal modo que brancas,porém,de olhos e cabelos escuros também são ostracisadas diante do vulcão cor de ouro.Não obstante,isto resulta do processo de colonização vigente no mundo inteiro.Se a África estivesse no topo da hierarquia mundial,e ainda vívessemos numa realidade machista.da qual mulheres são bibelôs,arianas escureceriam sua cútis e encacheariam os cabelos,fariam aquelas tranças.Não considerar o cabelo afro bonito não é uma afirmação do preconceito ,mas um resultado do racismo anterior da época colonizadora.E,como assim indianas que clareiam a pele e negras que alisam os cabelos não são racistas?
ALINE

Fabio Burch Salvador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Para Dona Aninha:errado;pardos são pardos,resultado da miscigenação racial,negros parecem...negros.Vc enxerga por aí rapazes com aquela pele moreninha,aliás,por vezes,nem tom de oliva é,e por qualquer rusga fala:"Só porque sou preto."
ALINE

Fabio Burch Salvador disse...

Eu posso falar sobre bullying. Não sobre racismo. Eu sou branco, e muito parecido com o meu pai, de origem italiana. Nada "anormal". Sempre fui um dos mais altos de qualquer turma, tenho o cabelo liso, essas coisas.

Só que eu era o diferente. O nerd. Nunca fui estudioso, aliás, sempre fui muito relapso, mas sempre tirei boas notas. Era algo natural.

Eu ficava fazendo piadas e bagunçando na aula como forma de chamar a atenção. Não sei definir muito bem qual das minhas características me fazia ser O ESQUISITO da escola, mas eu era com certeza o palhaço maior do local. Adjetivos como idiota e mongolóide eram quase meu sobrenome.

Eu era o alvo das bolinhas de papel, dos socos e dos chutes. O que me levou a desenvolver o hábito de passar o recreio na biblioteca, único lugar onde eu não era alvo de bullying.

E, claro, eram os anos 1980, a direção da escola não fazia nada.

Não preciso especificar que a minha auto-estima era abaixo de zero.

Eu, de fato, não tive amigo algum até a sétima série, quando conheci uns caras que curtiam desenhos japoneses, revistinha e videogame, como eu. Éramos os nerds da escola. Éramos a piada da escola.

Até que um dia acabou o ensino fundamental. Meus colegunhas foram todos para o colégio estadual barra-pesada ali perto. Eu passei numa escola técnica federal. E aí tive uma espécie de primeiro lampejo do que seria minha atual carga de autoestima: eu cheguei à conclusão de que eu não estivera ABAIXO de todas as dezenas de bullys que me infernizaram a infância. Eu era, de fato, MELHOR do que eles todos.

E até há pouco tempo atrás, eu achava que essa afirmação, de que "o bullying deixa marcas", era exagero. "A gente supera", pensava eu. Mas aí, por acaso, acabei cruzando com um ex-colega, que me reconheceu. E aí, claro, veio conversar numa boa, contar como andava a vida. O cara estava desempregado, passando uma dificuldade danada. Fingi que não estava feliz de ouvir isso. Eu, concursado. "A vingança do nerd", pensei. De fato, parei para pensar: ainda hoje, tendo a chance de FERRAR um dos meus ex-colegas, eu o faria. Não fosse ilegal, e alguns eu mataria lentamente. Definitivamente, não se superam certas coisas. Eu, aliás, sou conhecido por participar de todo e qualquer projeto que me renda exposição, muito pelo desejo de ser visto por toda aquela gente e lembrar a todos que eles fizeram nada mais do que "incompreender" alguém muito melhor do que eles.

Aliás, eu tenho um prazer macabro em sentir-me superior ás pessoas. Não no campo financeiro ou físico. Eu tenho uma quase incontrolável crueldade com gente menos instruída ou menos inteligente do que eu. É parte de uma espécie de vingança geral contra o resto da humanidade. É triste, eu sei, mas fazer o quê? Agora não dá pra voltar o tempo.

Definitivamente, é verdade: eu poderia até ser um sujeito normal, não fosse o bullying. Mas agora é tarde. A não ser que eu conseguisse me auto-acometer de amnésia, o que seria desastroso profissionalmente mas, emocionalmente, seria a melhor coisa que poderia acontecer.

Ah...

sobre cabelos crespos... como eu queria tê-los. Os meus são uma porcaria de tão lisos. Não dá pra fazer penteados maneiros sem usar gel.

Anônimo disse...

Revivi meus próprios medos, fui adolescente nos anos 1990 e também tinha o apelido de Valderrama (Bussunda também e muitos outros... pq também era gordinha). Infelizmente isso é tão comum e fico tão triste por saber que outras pessoas passaram pelo mesmo que me fez sofrer tanto!! Essa semana mesmo vi algumas fotos minhas de quando tinha 14 anos e vi que era tão bonitinha e fiquei me perguntando o que tinha feito para receber tantos insultos e tanta agressividade.
Parabéns por ter escrito sobre isso!!
Ana Paula

Bruno S disse...

O que acho mais assustador no fenômeno do bullyingo é a capacidade de se alimentar de si mesmo.

Depois que o alvo é escolhido, por aparência, etnia, origem social, diferentes interesses ou outro qualquer que seja o motivo ele se desvincula do assunto inicial.

O apelido pejorativo não se perde e o próprio ato empurra a vítima a se esconder e ficar cada vez mais distante do grupo e vulnerável aos ataques.

Hoje, com o distanciamento do tempo, podemos ver que muito rolava de bullying, que acabávamos sofrendo e praticando sem saber nomear a o fenômeno.

Fabio Burch Salvador disse...

E esse papo de "beleza eurocêntrica" é bem verdadeiro. Eu tento, mas não consigo, me desfazer de algo que me leva a considerar os traços típicos da mulher branca como ideal de beleza.

E olhem que eu venho tentando fazer essa descontrução cultural e estética há anos.

Mas acho que terei que desistir e deixar para a próxima geração. Tarde demais para nós que já viemos ao mundo com essa formatação.

Porque... realmente, não faz sentido... por quê a gente acha lindo certas coisas que não são nem sinal de saúde nem de nada, e feias características que são perfeitamente normais numa raça, né?

Sem brincadeira, e eu não quero ser visto como um racista, mas... eu sinceramente pensava, quando mais novo, que os homens negros vissem as características "negróides" como mais atraentes. Só que depois eu fui vendo que também os "negões" da galera compratilhavam dos mesmos parâmetros estéticos eurocentricos de todos nós.

Será que um dia passaremos dessa fase?

Natalia Máximo disse...

Cara, passei pelo mesmíssimo problema por muito tempo. Hoje, não me sinto mal por ter cabelo enrolado porque acho menos bonito que cabelo liso, mas por dar muito mais trabalho! Na verdade, faz uns bons quatro anos que eu passei a gostar mais de mim mesma com o meu cabelo natural e, quando me encarei assim, parece que as pessoas ao meu redor também passaram a me ver desse jeito. Pô, já perdi as contas de quantas vezes ouvi coisas como "não alisa seu cabelo nunca! seus cachos são lindos e são sua cara" e saber que isso É sincero, sabe?
Outra vantagem: já parou pra ver como nós, as cacheadas, somos as mais originais? Sempre que vou a uma balada, só vejo meninas com chapinha e me sinto feliz de ter o cabelo como ele é. Hoje, deve fazer quase uns dois anos que não faço uma escova no cabelo e não coloco nenhuma química e, quer saber? Percebo que meu cabelo está bem mais saudável e eu, mais feliz comigo mesma!

lola aronovich disse...

Puxa, quanto comentário maravilhoso por aqui! Sabia que vcs iam se identificar! Obrigada pelo excelente guest post, Mariana (que eu esqueci na minha caixa de emails durante MESES!).


Rizk, eu tenho a impressão que hoje, com toda a pressão da mídia pra emagrecer, tudo que liga obesidade à doença, aquela ideologia do “só é gordo quem quer”, o bullying que uma gorda sofre na escola (gordos também, lógico, mas é diferente) está muito pior que na década de 80 ou 90. Não sei, mas tenho a impressão. Hoje o bullying vem de todos os lados e não para na adolescência. Segue a vida toda.

lola aronovich disse...

Mariana, minha linda, não vamos competir, mas não consigo ver como William Wallace (Mel Gibson ainda bonitão, branco, olhos claros, branco, fazendo um escocês revolucionário num filme que ganhou muitos Oscars) possa ser pior que Valderrama (jogador de futebol colombiano com cabelo afro loiro) em qualquer aspecto. Sabe que até hoje não entendo direito o que é ter cabelo armado? Acho que meu cabelo é assim. E não me lembro de ter sido bullied pelo meu cabelo. Só quando um guri colocou chiclete no meu cabelo e eu tive que raspar uma boa parte. Aquilo foi traumático, e me fez ter ódio mortal de chiclete. Não do meu cabelo!

Ah, Pensamentobarbudo, é duro vc defender irmão 6 anos mais VELHO de bullying. Se fosse mais jovem acho que seria obrigação, sabe? Muito bonito isso que vc disse pra Mariana: “Mantenha-os crespos, mantenha-os erguido e levante também a sua cabeça, porque por tudo o que você contou, tem todos os motivos do mundo para mantê-la erguida!”

lola aronovich disse...

Que legal, Débora, que vc conseguiu se livrar do padrão eurocêntrico e curtir o seu cabelo.


Puxa, que horror, Omar, isso que vc contou da professora e dos apelidos dos seus colegas. É bom pra gente mostrar praqueles que juram que não existe racismo no Brasil.

lola aronovich disse...

Penta, há uma diferença enorme em achar o Valderrama horroroso e bully alguém, não acha? Se a Mariana perseguisse o Valderrama e o chamasse de horroroso, seria bullying. Se alguém que convivia com a Mariana na escola simplesmente não gostasse do cabelo dela, mas não falasse nada, não seria bullying. Se essa pessoa disesse pra outra, putz, odeio o cabelo da fulana, nem isso seria bullying. É uma opinião, e a gente pode discutir qual a necessidade de se expressar uma opinião dessas, mas não é bullying. Bullying é querer ofender a pessoa, é persegui-la. Leia o post com atenção, leia os comentários aqui. Imagino que vc vai conseguir entender.


Tha, motivo pra sofrer bullying na escola não falta! Acredito sim que loira de olhos azuis tb sofre bullying. Mas ninguém chama seu cabelo de ruim, né? E cabelo ruim é cabelo de negro, essa é a associação automática. É um saco as pessoas se meterem na nossa vida, ainda mais quando a gente é jovem, em formação, e depende tanto da aprovação delas...

lola aronovich disse...

Amor e Miados, horrível, horrível! Como assim, uma aluno te cortou com uma gilete, deixou cicatriz, e a escola não deu bola?! Eu ODEIO esse mito de que bullying é normal, é coisa de criança, não vamos nos meter, fortalece o caráter. Pô, se uma criança/adolescente não pode sentir-se protegida e segura na escola, então melhor não ir. É DEVER da escola proteger o aluno.


Aline (anônima), eu fico meio passada quando alguém fala de “traços marcantes” e “traços exuberantes” sem nem sequer pensar no que está dizendo. Pare e pense, sempre. Exuberantes e marcantes PRA QUEM? Certamente negros e árabes não veem seus traços como exuberantes ou exóticos. Quem vê é o branco, o que determina o padrão de beleza. O outro, o negro, o diferente, é visto pelo dono das regras do jogo como diferente. Exuberante, diz vc.
Também é ridículo que vc diga que alguém que é bullied esteja “se fazendo de vítima”. Ela não está se fazendo, pô! Ela FOI FEITA de vítima. Na escola. Começando quando tinha doze anos. Sério mesmo que vc deixa um comentário aqui não demonstrando empatia por alguém que sofreu (como tantas crianças sofrem), mas pra criticá-la?
Não é todo bullying que tem uma motivação racista por trás. Mas, quando a gente fala de cabelo crespo, pode apostar que tem, sim. Só não vê quem não quer. Quem acha que não existe racismo no Brasil. De repente não existem nem raças, né? Apenas pessoas com “traços exuberantes”.

lola aronovich disse...

Lissa, hoje em dia lembrar de Bombom Caribe pode até ser engraçado, mas imagino a barra que deve ter sido quando vc tinha 15 anos. Por que as pessoas têm tanta vontade de colocar apelido? Tinha um garoto (com que eu não tinha muito contato) que me chamava de “Baixa combustão”. Eu sou meio lerda e demorei um tempão até notar que era “baixa, com bustão”. E eu era, né? Sou ainda. Mas é isso: qualquer “desvio” (de que? Do padrão imposto) é motivo pra bullying.


Ai, Fabiane, que tristeza o seu depoimento. Por favor, querida, tente superar esses traumas. Esqueça o babacão ou babacões que disseram ter nojo de vc. Pessoas inteligentes teriam nojo de uma peça dessas só por ela dizer isso. Não sei a necessidade que algumas pessoas têm em querer ofender. E a gente vê isso na internet, né? Gente que já passou da adolescência faz tempo mas ainda lembra nostalgicamente dos seus tempos de bully, e tenta repetir a dose nos blogs. É triste, viu. Mas, pra muita gente, pessoas assim automaticamente grudam um grande L de Loser na testa. Então confie no seu namorado quando ele diz que te acha bonita. Não é por que alguns idiotas te ofenderam que vc vai achar que o gosto deles é o único no mundo. Felizmente existe diversidade. Há gente que gosta de cabelos crespos, de nerds, de gordas etc etc etc.

lola aronovich disse...

Adorei o comentário, Dona Aninha.


Layla querida, é um saco mesmo como muitas das maldades que ouvimos na infância/adolescência nos marcam pra sempre. Mas acho que a gente precisa aprender a dizer um grande “F*ck you” pra sociedade e pra muita gente. Sabe, do tipo “tô me lixando pra sua opinião. Tem quem goste”. Sei que é dificílimo, e eu só estou conseguindo isso agora, depois de velhinha. Mas temos que desenvolver uma casca mais grossa mesmo.
Bom, gente, gostaria de seguir comentando, mas preciso muito trabalhar, ou tô frita.

Michele M. Xavier disse...

Impossível não se identificar com um relato desses, principalmente porque estamos no país das miscigenações.
Ainda que eu não tenha parentes próximos de origem negra, meu cabelo sempre foi "revoltado", como eu mesma gostava de dizer.
Se magra, alta, loira, olhos claros e classe média, apesar dos privilégios que me proporcionavam na escola, nunca foram empecilhos para piadinhas e provocações quanto ao meu cabelo.
Recordo-me de uma colega, que encontrei anos depois - quando meu cabelo já estava repleto de química de relaxamentos e alisamentos -, sorrindo e afirmando: "finalmente você deu um jeito naquela tua cabeleira. Eu não aguentava ter que desviar dela para poder prestar atenção na aula".
Reconheço que sofria com isso, mas, também, que as agressões não eram tantas porque sempre fui "meio louca" e "levemente temida" na escola. A intimidação acabou me livrando de muitas verborragias.
Assumir sua beleza "fora padrões europeus" não é nada fácil. Ainda mantenho minhas idas frequentes ao cabelereiro para "domar minhas madeixas".

tathiana disse...

Já leio o blog há algum tempo, e ele tem me despertado para muitas questões. Tenho uma sobrinha que acabou de fazer 4 anos, e o como o pai é negro, é mulata e de cabelo bem crespo. Ela é linda, fica uma graça com o cableo solto, preso, mas já está sentindo toda a pressão de não ter cabelos lisos. Na escola tem uma menina que disse que ela é feia por causa do cabelo, ela voltou chorando nesse dia. Mas o pior foi que ela pediu para a avó comprar uma prancha, para ela alisar o cabelo - e escondido da mãe! Me deu uma vontade absurda de chorar quando ouvi uma menina de 4 ANOS pedir uma pranchinha...

Priskka disse...

Me identifiquei demais com o seu texto, parecia que era eu escrevendo! Estudei num colégio católico em que todos me odiavam por eu ter a ousadia de estudar! Além de ser boa aluna, usava óculos, nunca abri mão dos meus cabelos cacheados e aparelho, um verdadeiro monstrengo! E nunca fui na onda da galera "in", que fumava maconha e enchia a cara com 15 anos. A gente sofre por ter opinião própria e se diferenciar da mentalidade de "gado". O Bulling me marcou de tal forma que eu, até hoje, quando vejo algum colega dessa época, atravesso pro outro lado da rua. Felizmente nenhum deles me reconhece mais.

Flávia Simas disse...

Olá Mariana, eu sou mais uma que se identifica com o seu relato.

No momento, estou passando por uma fase de transição do cabelo alisado para o enrolado, e resistindo bravamente a cortar, justamente por esse efeito do bullying que você citou. Quando imagino a hipótese de alguém olhar pra mim e se assustar porque cortei meu cabelo curtinho, eu tremo nas bases. Adicione a isso o fato de que estou na Índia, um país onde as mulheres via de regra mantém cabelos longos, e vc entenderá a dificuldade.

Enfim, não vou me prolongar muito no assunto, porque falar de bullying daria páginas e páginas do livro da minha vida. Quero pedir licença à Lola para compartilhar com vocês um link de um site que tem me ajudado bastante nessa minha fase de transição:

http://www.naturallycurly.com/

(se já conhecer o site, fica a dica para quem não conhece ainda).

Lá no topo tem um link pro blog da CurlyNikki, que pra mim é fantástico, por reunir relatos de mulheres que ousaram sair do padrão. É tipo uma comunidade de ajuda mútua das encaracoladas mesmo.

Por fim, deixo um site de dicas para seguir o "Curly Girl Method" para deixar os cachos sempre saudáveis e de forma natural. Porque nós, as cacheadas, nunca somos ensinadas a cuidar do que temos. Ao invés disso, nós somos treinadas desde cedo a buscar os salões para entrarmos nos padrões.

Daí que ir a salões de beleza, pelo menos pra mim, é sinônimo de passar raiva. Porque sempre vem a inevitável sugestão: alisa seu cabelo, boba, faça um relaxamento.

NINGUÉM quer perder tempo contigo ensinando a amar e a cuidar dos cachos. NINGUÉM quer falar que você, por ter o cabelo tipo 1, 2, 3 ou 4, requer tais e tais cuidados (esses tipos de cabelo são melhor especificados no site da naturallycurly). Sempre jogam a carta da versatilidade, como se fosse muito fácil cuidar de um cabelo alisado.

Então eu acho que esse método da Curly Girl ajuda. Porque ela disseca o que é ter cabelos crespos e como mantê-los sempre saudáveis (coisa que esses shampoos e condicionadores cheios de silicone não farão a longo prazo, mas como a mídia é imediatista, ela vende produtos como se a solução fosse um bom creme cheio de silicone, o que a longo prazo é prejudicial aos fios).

Bom, eu falei demais. Mas é que eu realmente tenho visto resultados, ainda que eu esteja em fase de transição e não esteja ostentando um cabelo 100% natural. Bjs e parabéns pelo relato.

Flávia Simas disse...

Retificando: esqueci do link do "How to Follow the Curly Girl Method for Curly Hair"

Lá vai:

http://www.wikihow.com/Follow-the-Curly-Girl-Method-for-Curly-Hair

=D

Niemi Hyyrynen disse...

Esse post foi muito bom! Me identifiquei bastante com ele também.


Apesar de ser branca e ter o cabelo relativamente liso, sofri dois outros tipos de pre-conceitos durante minha infância e adolescência:

A primeira "fase" ainda quando eu não utilizava óculos... eu era enquadrada como "no padrão" mas por andar com meninas negras, ou então garotas acima do peso eu sofria pressão para deixar de andar com elas, "eu andava no meio de 'perdedoras' ou 'más companhias' e deveria deixar de me misturar com a gentalha".

Isso era horrivel, eu claro não sofria a mesma dor dessas pessoas, que claro deveriam sofrer muito mais por serem alvo direto de criticas infundadas, mas tb não deixava de ter a minha paz pertubada, é incrivel como as pessoas aceitam um padrão de "bom" e de "ruim" e fazem de tudo para se enquadrar neles e fazerem tb com que outras pessoas façam o mesmo...

Você não ter liberdade para escolher quem serão seus amigos, ainda tinha gente que me chamava de "hipocrita" ¬¬

A outra "fase" foi quando passei a usar oculos e dai evidentemente a zoação de "4 olhos" e coisas do genero, claro, não estou colocando no mesmo grau de gravidade de um bullyng motivado por racismo, mas também interfere bastante na sua estima, as pessoas parecem não entender que isso muda bastante a nossa forma de encararmos o mundo...


Mas fico feliz pela autora do texto, ela esta encontrando sua felicidade particular e isso é o mais importante!

Não devemos ter vergonha daquilo que somos ou como nascemos.

:)

Aby Rodrigues disse...

Oi Lola!

É a primeira vez q posto aqui no seu blog, meu nome é Aby, sou negra e de cabelos assumidos,rsrs.

Acho que só sabe quem passou na pele esse tipo de rejeição.Sábado retrasado participei de um encontro de mulheres negras, onde nós expomos diversas situações em que nosso cabelo serviu de chacota para os outros, no final concluímos que decidir está fora do "padrão de beleza" imposto é muito incômodo para os outros.Durante toda a infância e adolescência sofri bastante. Hoje superei esses traumas, foi um processo de aceitação longo e muito desafiador. Posso dizer q assumir estéticamente quem você é,sem medo de reprovação de alheios é uma prazerosa libertação.

Anônimo disse...

Cara Lola:

Meu diferencial é pensar,e,tem bônus:penso com meus próprios e frescos neurônios.

Primeiro,em momento algum eu escrevi EXÓTICO.Se vc desconhece o significado das palavras,veja no dicionário Luft:

MARCANTE:que marca,notável.
EXUBERANTE:superabundante;cheio.Animado,vivo.Viçoso

Entendeu?Grande.São características,qualidades.Assim como um Eucalipto é forte e imponente,uma Rosa é espinhenta,etc.Onde está a ofensa?Como os negros e árabes observam os brancos?Pergunte a um deles.

Segundo:ONDE EU ESCULACHEI AS VÍTIMAS DE BULLYNG?EU FUI UMA!Mostra o trecho!Postei que não se tratava de classificar como RACIAL.

Porque respondeu nesse tom agressivo?Não gosta que discordem de vc?Vivemos num regime democrático,as pessoas possuem liberdade de expressão.Se não aceita isso,e,considera-te a dona da verdade não deveria produzir um blog.
Talvez esteja trabalhando demais.Vc não enxerga as minúncias.EU SIM.

Realmente,creio que a humanidade não classifica-se em raças,mas em subdivisões denominadas ETNIAS.
Sua reação foi exagerada e desnecessária.Se ainda não compreendeu,volte os comentários e leia até entender.Não use um tom como se eu fosse alguma retardada,ainda mais que o engano foi SEU!
Hoje foi a primeira vez que expressei minha opinião aqui.
MUITO OBRIGADA PELA DOCE RECEPÇÃO!ALINE

Vivien Morgato : disse...

Entendo perfeitamente o que a autora convidada passou.


Quem leu as memórias de Malcolm X deve se lembrar da narrativa que ele faz quando alisa seu cabelo,com produtos terriveis...e da sensação de estar "certo" e "bonito". Evidentemente ele usa isso como um belo exemplo da colonização cultural que vivemos. E ele,claro,conseguiu escapar dela.

Eu não. Meto uma quimica nervosa e aliso o cabelo, coisa que racionalmente acho idiota, mas emocionalmente....tenho necessidade.


Nossas grandes incoerências, né?


Mas me lembro de olhar as meninas que andavam abraçadas com seus cadernos e seus cabelos BALANÇAVAM.;..gente,o meu não, e juro, era um puta sofrimento.
É foda ouvir todo mundo dizer que seu tipo de cabelo é escroto. Quando de é criança, é uma tortura ímpar.

Anônimo disse...

Esse negócio de bullying pra mim não tem explicação. Não consigo entender essa capacidade de as pessoas se hostilizarem por questões tão fúteis.Isso não é nada normal. Lembro que uma vez passou em um jornal uma criança que chegou a óbito em função de agressões na escola...só um exemplo...
Em relação a essa questão racial, mais especificamente do cabelo (cacheado/crespo), eu fico indignada quando eu vejo que existem mulheres e garotas que alisam o cabelo e passam a se comportam com desprezo em relação aquelas que como eu assumem os cabelos cacheados ou muito crespos. A pessoa se sente mal com um cabelo que não aceita e quer que as outras sintam-se mal também? Eu tenho 24 anos de idade e sinceramente não estou nem aí para o que as outras pessoas pensam. Quando eu era adolescente eu já fui criticada (educadamente), mas fui por usar calças folgadas, já brincaram com meu cabelo. Eu nunca mudei em função de comentários talvez por não ter sofrido uma violência extrema como essa moça, inclusive ela é de minha idade.
Em relação ao bullying não me atrevo a falar, pois nunca passei por situações humilhantes como essa do relato.
Mas em outras circunstancias, acho que em muitos casos, as pessoas se sujeitam a essas opniões imbecis de que temq mudar, q o cabelo é feio, etc. A gente vive num país que rola muita hipocrisia racial. O racismo disfarçado é praticado por parte de brancos e de negros também.

Abraços e parabéns pela matéria! =)

Pentacúspide disse...

será que eu não entendi bem? será que a vítima foi mofada por se preto ou por ter cabelo que parecia valderama, (não significando isso a priori ser cabelo ruim)? Se a vítima gostasse de valderama não acharia um elogio a comparação?

vocês metem problemas onde não estão, existe racismo, sim existe, mas o bules acontece por qualquer motivo. Eu conto anedotas de pretos, logo sou racista. Já gozei todas as cores de meus colegas, a listar: pretos, indianos, um timorense, brancos e com a minha própria cor mulata, isso significaria auto-estima.

Não, não estou a defender o bullying, mas vocês fizeram e estão a fazer associações exageradas. A ALINE chutou bem, mas parece que preferiram ignorar os seus comentários.

Para dizer-se vítima de racismo, tudo é um bom motivo. Há referências racistas relacionadas a preto, mas que por algum motivo ninguém liga porque são consideradas positivas, e aquela que me vem à cabeça agora é dizer a uma branca com uma bunda bonita, firme e redonda que ela possui um "cu de preta" (característica herdada por latinas, devido à séculos de mestiçagem, segundo não me lembro que artigo).
Aliás, num post anterior essa história de cabelos já tinha vindo à baila, e quando expressei a minha opinião alguém duvidou da minha identidade.

Pachi disse...

Meu período de bullying pode se dizer que foi curto (1 ano e meio mais ou menos), mas isso não quer dizer que foi menos doloroso do que os outros, porque a marca existe. É como um cicatriz, está lá, existe e toda vez que olhar pra ela vai lembrar de como ela surgiu e de como doeu.

Sempre tive cabelo cacheado, e posso contar no dedos as pessoas que ao longo desses anos que me apoiaram. Sempre queriam que eu alisasse, fizesse chapinha, mas eu não queria, dizia que o amava e que não queria ter aquele cabelo liso sem graça igual a todas as outras meninas - agora que paro pra pensar, eu era a única na sala que tinha o cabelo cacheado e mantia ele assim - e nem meus pais davam muito suporte, diziam que eu "ficaria mais bonita assim". Bati muito o pé no chão por isso.


Lógico que eu não saí imune por pensar assim. Ganhei o apelido de Paty Miojo, por causa do formato dos cachos, e tinha até musiquinha. Eu fingia que não ligava, mas no fundo odiava aquilo com todas as minhas forças. Cantavam aquilo sempre que meu professor de história me parabenizava. Nunca recebi bolinhas de papel na cabeça, mas acho que preferia uma bolinha de papel do que chegar num lugar e ninguém te dar 'bom dia' e você saber que ninguém quer você lá. Eu sou do tipo que gosta de conversar muito, sou uma verdadeira "torneirinha de asneiras", mas naqueles tempos eu ia muda e saía calada da escola.


Passava o recreio na biblioteca, porque eu sempre gostei de ler e quase ninguém ia pra lá, então gastava meu tempo lendo e pensando em como aquilo tinha acontecido. Eu, ingênua que era, achava que era algo que eu tinha feito ou algum hábito meu, nem pensava que era por eu ser a mais inteligente da sala, gostar de ler e "de ver desenhinho' e não dar a mínima para os 'namoradinhos' ou o padrão de beleza, mal lembrava de usar brincos e odiava maquiagem, aliás o que eu tenho disso hoje não deve ser nem 1/4 de uma mulher "normal", nunca pensei que seria excluída por causa da aparência, que as pessoas não faziam isso.

Uma prova disso foi quando houve uma olimpíada de matemática na quinta série (Sim, isso tudo aconteceu quando estava na 4º-5ª série, o que foi por volta de 2003) e os alunos podiam escolher se queriam fazer a prova em dupla ou sozinhos e todos - menos eu, fui a única que quis (não queria ninguém me usando só pra ficar me olhando fazer a prova) fazer sozinha - escolheram em dupla. Eram mais de 120 alunos, mas fiquei em 3º lugar.


Quando saí daquela escola e fui para uma outra com alunos de classe um pouco mais baixa, encontrei pessoas maravilhosas e algumas que são meus amigos até hoje, mas escutei muito sobre meus cabelos mesmo assim, só que não era bullying, era mais um 'é só um conselho' e aquilo me deixava com muita raiva, porque o cabelo era meu e não entendia porque as pessoas queriam se meter com ele!

Agora tenho cabelo liso, fiz uma escova no final de 2010, mas não por seguir o padrão ou por 'desistência', mas é porque eu queria ter franja e não acho que ficaria bem com cabelo cacheado (e cheio de química) que eu tinha ^-^" Influência asiática, abafem.

Mas quase paro pra sentir saudades dos meus cachos, vejo pelas fotos que o período mais bonito deles foi quando eu estava naquela época triste, mas eu nunca cheguei a odiá-los, porque eu não pensava que eles estivessem envolvidos com o que eu passei.


No fim, tudo que eu "ganhei" com o que sofri foi um coração de gelo e a incapacidade de acreditar na maioria das pessoas ou na humanidade mesmo e foi mais ou menos na mesma época que comecei a questionar a religião (era um colégio de freiras).


Um dia ainda volto com os cachos :D

Niemi Hyyrynen disse...

Viajando um pouco nas idéias linkei esse post com a historia do "patinho feio".

Acho que no fundo, somos vistos como "estranhos" "feios" "abominaveis" "dignos de pena" apenas por sermos diferente de alguma forma.

Mas no fim descobrimos que todas nós somos apenas nós mesmas e passamos a viver muito melhor quando descobrimos uma verdade tão simples!

:)

Renata disse...

Tb me identifiquei! Como muitos e muitas aqui, me identifiquei bastante com o post! Tenho cabelo crespo/enrolado e na escola (de classe média) era bem zoada, a quantidade de "aviõezinhos" jogados no meu cabelo - para ver se ficam - foi enorme. Alisava e "fazia touca" todos os dias. E não era só na escola, na minha família mesmo o cabelo crespo era considerado "feio" ou "ruim" (como ainda se diz, o que é sim racismo!). Como a autora e outros comentaristas, meu refúgio foram os livros (que viraram paixão, claro). A coisa melhorou muito quando mudei de colégio, e lá tinha a turma de "freaks": meio nerds, meio hippies, não sei bem como definir... mas viraram minha turma. Hoje uso o cabelo sem alisamento nem nada, tudo para cima, meio "black" e amo! Sempre que posso discuto isso em sala de aula - sou professora de ensino médio - porque vejo a mesma coisa que aconteceu conosco ainda se repetindo.

Eu tento, Tu tentas disse...

Lola,

Aos 11 - 12 anos eu sofri muito preconceito na escola por ser gorda, ter cabelo enrolado e nariz "de batata".
Me chamavam de Taiane Lixão. Chegaram ao ponto de escrever meu nome em muitas carteiras e cadeiras do colégio usando corretivo (liquid paper). Aí um dia a diretora do colégio me chamou na sala dela e me mandou limpar as carteiras que EU tinha escrito. Acredita?
Além disso os meninos da minha turma implicavam muito comigo. Aí um dia um deles me chamou de filha de "quenga". Fiquei tão revoltada que me levantei na sala e disse que preferia ser filha de quenga do que "boiola". Na verdade eu nem sabia o que queria dizer ser boiola, nem nada. Mas queria ofendê-lo da mesma forma que ele fez comigo. E depois disso todos os meninos começaram a implicar, a escrever coisas terríveis no quadro negro e eu sempre revidei, sempre fui muito respondona.
Um dia eles se juntaram para me bater na saída do colégio. Foi necessário minha mãe ir lá conversar com eles e convencê-los a não me bater.
E a direção do colégio sempre foi omissa.

Ah.. se fosse contar tudo que já passei na minha infância/adolescência por conta de não estar nos padrões, acho que renderia um post!

Beijos!

Flávia Simas disse...

Bom, eu acabei de ler o comentário da Aline, e só queria fazer duas observações: eu não sei pra quem foi moda o cabelo black power dos anos 80 ou o cabelo volumoso dos anos 90, porque eu cresci nessas duas décadas e SEMPRE sofri bullying. Aliás, em plenos anos 90 meu apelido era Slash, e não era um apelidinho carinhoso. E em plenos anos 80 eu entrava na sala de aula e cantavam o velho sucesso do Luis Caldas e as professoras nada faziam. Isso quando não partiam pra agressão física, querendo arrancar um pouco de bombril da minha cabeça.

Quando ao fatídico exemplo de que as indianas usam creminho pra clarear a pele: eu não sei até que ponto essa analogia pode ser considerada válida. Porque desejar ter uma pele com aspecto saudável é diferente de desejar ter uma pele branca/negra. Os anúncios de creme clareador ABSURDOS que eu vejo aqui não chegam nem perto dos anúncios de cremes bronzeadores. Porque o buraco é mais embaixo, sabem? Porque uma pele escura, por aqui, está relacionada a castas mais baixas. Está relacionada a trabalhadores braçais, que passam o dia todo esturricando debaixo do sol. E isso é bem diferente de relacionar a uma pele com aquele bronzeado laranja olha-que-saudável-e-malhada-eu-sou. Então, as coisas não são tããão preto no branco como as revistas de beleza insistem em pintar.

Além do mais, não podemos esquecer que o padrão foi construído de forma a dividir as pessoas em categorias de maior/menor prestígio social e nem sempre o que é considerado sensual (no caso do post da Aline são os cachos das atrizes de Hollywood) é visto como "bom". Ou será que as mulheres negras são vistas como objetos sensuais à toa? E voltando à década de 90, que é a década em que eu fui adolescente, estaria a idéia de sensualidade em um patamar superior ou inferior à "santidade"?

Eu acredito sim que a dinâmica das sociedades tem mudado, e hoje a sensualidade é aceita, e até cobrada. Mas nem sempre foi assim. Na minha infância e adolescência eu sofri horrores, e olha, até minhas irmãs adolescentes que têm cabelo cacheado sofrem. Todo mundo acha o cabelo delas lindo, exuberante, exótico, sensual. Mas sempre arrematam com um 'ahhh, deve ser tãããão difícil de cuidar', como se o 'versátil' fosse o padrão liso.

Jiquilin disse...

Também me solidarizo com as vitimas do bullying do cabelo crespo.
Tem um video da terça insana em que a mulher comenta como é phoda ter cabelo crespo.
Fizeram humor encima, apesar de nao ter achado mta graça: http://www.youtube.com/watch?v=aKEDmVrJm-4

Tb nao gostava de ed. fisica e tinha notas boas, mas o meu cabelo sempre foi liso, grosso e preto. Sou filho de indio.
O bullying era outro...
Parece q toda vitima do bullying tem esse perfil.
Ferir a autoestima deixa a gente retraido

Teresa Silva disse...

Falando em padrão de beleza, mais uma campanha publicitária idiota:

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/01/27/campanha-contra-dengue-no-interior-de-sao-paulo-usa-mosquito-vestido-de-argentino-causa-polemica-923617519.asp

Nathália. disse...

Estudei no Colégio Pedro II também, mas sofri bullying. Sempre fui muito branca e muito alta.
E tinham duas meninas e um menino negros que me chamavam de branquela, branca azeda, leite azedo, espantalho, e outros apelidos...
Isso prova basicamente que o bullying tá crescendo.
Que as crianças/adolescentes estão muito intolerantes com pessoas que sejam diferentes, seja lá qual for a diferença.

Anônimo disse...

Gostei muito do post e dos comentários, eu tinha uma amiga que contava a saga dela também, mas era algo inusitado ela era negríssima de cabelo liso (avós indígenas) e todo mundo cobrava como ela do MNU, alisava o cabelo, aí ela explicava, pergunta se alguém acreditava. Não deixava de ser preconceito.
Eu hoje falei também de diferenças com outro foco, mas tá aqui: http://recadopararosa.blogspot.com/2011/01/nem-toda-judia-e-careca.html

Jiquilin disse...

"Primeiro,em momento algum eu escrevi EXÓTICO.Se vc desconhece o significado das palavras,veja no dicionário Luft:

MARCANTE:que marca,notável.
EXUBERANTE:superabundante;cheio.Animado,vivo.Viçoso"

Hey, Aline..
escrevi sobre isso hj no meu blog, dá uma lidinha pra ver se areja as ideias:
oquevcfazcomasualingua.blogspot.com

Luciana Carvalho disse...

Sou parda - consta na certidão de nascimento que sou branca, mas tenho um tom de pele bem moreno, apesar do cabelo liso (embora rebelde) e traços finos no rosto (nariz adunco, por exemplo). Sempre ouvi na minha família que era um saco ter essa cor e aprendi a odiá-la, especialmente quando tomo sol, pois fico cinza e não dourada, que é como alguns tipos de pele branca ficam. Acho que sempre ouvi minha mãe falando que o bonito é ter cintura fina, coxas grossas e bundão, que não é nosso caso, que o legal é ter pele clara e cabelo bem lisinho, nariz arrebitado, nada das nossas características. Ah, sem tirar que cresci ouvindo que bonito é mulher alta, sendo que tenho 1,58. Ou seja, me criei me achando feia, apesar de ser normal e sempre ter recebido elogios. Minha família é cheia de preconceitos, embora sejam pessoas boas que não fazem mal pra ninguém. Sempre julgam o que é diferente como algo ruim.Não sei da onde tirei tanto senso crítico, acho que porque meu pai era uma pessoa de bom senso e sempre detestou discrimação. Acho que o pior bullying é o que recebemos em casa, quando nos colocam pra baixo e não nos elogiam por sermos como somos. Na escola me sentia meio patinho feio também, pois não era filha de fazendeiro como a maioria dos "riquinhos" da turma. Pior era uma amiga minha que sempre foi gordinha e sofria com piadinhas. Crianças podem ser cruéis com os outros, mas creio que a culpa é dos pais.

Luciana Carvalho disse...

onde saiu "discrimação", leia-se "discriminação". Completando: hoje me gosto muito mais do que antes, mas ainda preciso aprender a me dar mais valor. Já quis ser loira, mas sempre pensei que não combinaria com meu tom de pele, já fiz muita mecha, já fiz progressiva. Hoje assumi meu cabelo, embora no verão use mais preso no dia a dia, pois não se "ajeita", aí ainda acho que a escova deixa ele mais bonito. Já tive vontade de ser mais perua, mais patricinha, por achar que assim seria mais bonita, mais valorizada. Hj me dei conta, aos 35 anos, que gosto de ser mais prática para me vestir e não admito gastar fortunas com roupa cara. Creio que só depois dos 30 e poucos resolvi me assumir como sou de verdade sem dar tanta importância aos outros.

Anna disse...

Oi, Lola. Sou leitora do blog há algum tempo, adoro! Continue escrevendo sempre.

Mariana, eu me solidarizo com você. Sofri a mesma coisa, mas eu fui adolescente nos anos 2000. E vou te falar que não era nada melhor.

Eu era gorda, tinha cabelos cacheados e era bastante tímida e nerd. Desta característica eu sempre me orgulhei e acho que era a única coisa que mantinha minha auto-estima.

Houve uma época em que eu só ia pra escola com o cabelo bem preso num coque. Daí, quando eu finalmente tinha começado a aceitá-lo e usá-lo solto (o que me rendeu o apelido de Samara Morgan, do filme o Chamado), eu o alisei. Acho que tinha 16 anos.

Decidi deixá-los crescer naturalmente no verão de 2010. O motivo principal é que a química estava acabando com eles e eu não tinha mais tanta paciência pra cuidar. O outro motivo foram as temperaturas absurdas do verão no Rio de Janeiro. Lembra? Termômetro marcando 50 graus e eu me obrigando a ficar em casa prq estava quente demais pra fazer chapinha? Aquilo foi como um insight: chega dessa vida!

O exercício de aceitação mais importante pra mim foi aprender a deixar meu cabelo com duas texturas, logo quando a raiz estava grande demais, mas não o suficiente pra fazer um corte bonitinho. Às vezes, eu até alisava. Mas ir pra rua, pra faculdade com o cabelo daquele jeito foi um grande desprendimento. Fiquei surpresa quando percebi que não me importava :) Em julho eu cortei o meu cabelo e ficaram só algumas pontinhas de cabelo liso. Em outubro, cortei todas elas. E acho que ele está bem mais bonito assim (bem como todo mundo que me conheceu na época do cabelo alisado).

Agora, o que eu mais me identifiquei com vc foi a respeito do meu peso. Porque eu sofri um bullying pesado naquela época (até minha família era cruel). E hoje tenho cicatrizes parecidas com as suas. Estou até fazendo terapia, o que está me ajudando, mas feridas profundas não cicatrizam tão rápido...

Enfim, boa-sorte pra você e assuma seus cachos! Hoje em dia há diversos produtos para nosso tipo de cabelo, milhares de sites com ótimas dicas.

Como disse minha terapeuta: faça as pazes com você mesma :)

Maíra Teixeira disse...

Olá Lola

Eu tenho o cabelo de um crespo aberto, vejo muitas meninas com o cabelo como o meu fazendo de um tudo para alisar. Eu adooooro meu cabelo, mas devo admitir que isso se deve ao fato de minha mãe odiar o dela. Eu sempre vi ela enrolando o cabelo escorridinho com bobs e me dizendo que meu cabelo sim que era liiindo.
Acho que felicidade mesmo é aceitação. Ainda não encontrei de todo a minha, mas estou procurando.

Anna disse...

Ah, eu tenho cabelos cacheados, castanhos, mas sou branca. Imagino que minhas coleguinhas negras sofressem muito mais com isso. Hoje em dia, acho que todas elas têm cabelo alisado.

Falando nisso, minha prima, uma mulata, também tinha o apelido de Valderrama. Ela passou a alisar os cabelos há cerca de seis anos, acho. E ela elogiou bastante meu cabelo natural, disse que gostaria de ter cabelos como os meus, para não alisá-los. Engraçado, né? O cabelo que rejeitei por tanto tempo é sonho de consumo para algumas pessoas.

Anna disse...

Putz, vou floodar os comentários, mas é que vou escrevendo enquanto leio e acabo pensando em tanta coisa!

A Sammy disse que até hoje tentam "consertar" seu cabelo armado. Isso me lembrou quando fui a uma loja de produtos pra cabelo. Disse que queria algo para hidratá-los, algo bem vago, e a vendedora foi logo oferecendo algo para diminuir o volume, algo assim.

Eu respondi: não quero diminuir o volume! Quero deixá-lo bem cacheado.

Acho que ela ficou até um pouco espantada na hora com um pedido tão inusitado...

Unknown disse...

Ah, quando eu era pequena sofria bullying na escola por ser gorda, tinha o cabelo liso e bem claro, pele clara e olhos claros. Daí tocavam argila no meu cabelo, batucavam na classe e gritavam gorda, essas coisas legais (o melhor é quando eu conto hoje em dia e todo mundo diz que era brincadeira e que eu neeem era tãão gorda assim, ok, não era, mas nunca impediu ninguém de me chamar). Resultado, vivo a base de dietas até hoje, mesmo sendo magra (claro que eu não acredito nisso) e não consigo (e acho que nem quero) me livrar do hábito. É meio que um vício se sentir mal consigo mesma.

Não faço idéia do porquê meu cabelo ficou cacheado/ondulado e todo mundo comenta que é bonito e etc, nunca falaram nada em tom pejorativo. Pra mim ele nunca foi um problema, mas minha mãe (que alisa há uns dez anos) sempre fala que eu deveria alisar também, que isso, que aquilo, pra deixar um ar "mais sério". Hahaha. Agora eu uso ele bem curto, batido na cabeça, e ondulado. Gosto assim. Questão de gosto, mas acho cabelo ondulado/cacheado/afro/crespo/whatever muito mais bonito que liso.

p.s.: gosto muito de parentêses, ehehe. :P

Anônimo disse...

Engraçado esse texto pq também fui uma pré-adolescente com problema de ter cabelo crespo. Tb sofri bulling mais nova. Nunca fui barraqueira nem briguenta qndo queriam me zoar por ter cabelo cacheado na era da chapinha, mas minha postura foi um tanto diferente. Eu meio que não tava nem ae... como eu não tinha dinheiro pra ir no cabelereiro preferi gastar com o seda hidraloe e quer saber... este é o primeiro passo pra quem começa a gostar de cachos. Custa 4 reais agrada ricos e pobres (eu falo sério primeiro passo pro tratamento dos cachos). Olha so como cachos são mais democraticos que os lisos. Eu vo falar a verdade, meu lado perua grita qndo eu acho q fugir da nossa natureza é meio uó (há) mas qual é o gosto de ver q NINGUEM TEM CABELO IGUAL AO SEU (pq cachos isso fica evidente e por isso é legal). Engraçado que pra dar uma mudada no visual, ja fiz escova e geral fala "mas vai sair né... gosto mais liso". Boa sorte e vc vai gostar de "assumir sua natureza".

Mariana Watanabe disse...

Caramba... Um amigo me mandou o link do blog e, por alguma coincidência estranha, esse era o post do dia.

Bem, me chamo Mariana, tenho cabelo crespo e sofri bullying na escola por causa de meus cabelos armados. Sim, me chamavam de Valderrama.

Tudo começou muito cedo, porque quando era criança bem pequena minha mãe deixava meus cabelos curtos porque era mais fácil de cuidar. Eu era chamada de "hominho" pelos coleguinhas da pré-escola.
Quando mudei de escola, achei que tudo fosse mudar, não tardou para que me apelidassem de Valderrama.
Sofri por anos, chorava, não tinha amigos, não me sentia mulher, nem feminina.
Teve uma professora que, assim como a da Mariana do post, deu um esporro na sala de aula, era a minha professora de inglês.
Assim como essa Mariana, eu era também a nerd que sentava na frente.
Quando decidi falar alguma coisa, recebi risadas na minha cara e uma coordenadora que dizia que eu estava mentindo.
Não por menos, até hoje tenho dificuldade em me achar bonita, ou em deixar meus cabelos soltos.
Não posso negar que os dias de escola ainda atormentam a minha vida.
Tenho vivido um processo de aceitação parecido, tentando deixar meu cabelo solto. Porém, não vou negar, as marcas ainda falam de forma gritante.

Ana Vitória disse...

Incrível como todos que sofreram bullying, além de serem vítima, possuem outras semelhanças. Sofri minha vida escolar inteira por ser magra, me chamavam da tábua, reta, olívia palito, pq mulher boa é a que tem carne (querem nos enlouquecer né? mulher acima do peso é ruim. mulher abaixo do peso tb é). Até hj tenho dificuldades em gostar do meu corpo, principalmente dos meus seios que não cresceram hahaha. Mesmo que todos me elogiem, que meu namorado fale que sou a mulher mais bonita do mundo, mesmo assim é difícil de se aceitar.

Só quero dizer uma coisa à autora do post: Cabelos crespos são lindos!!!!! Lembro que tinha duas colegas negras na faculdade que deixavam o cabelo assim, meio black, e elas eram as mais bonitas da turma!

É isso aí, temos que lutar para nos aceitar e aceitar os outros tb. E é importante que o bullying seja sempre discutido, pois tb fui vítima na década de 90 e isso era visto como normal da infância. Onde os pedagogos dessa época estão agora, para verem as pesquisas e as mazelas que essa agressão deixa?

Anônimo disse...

Resolvi postar anônimo porque vou falar de trabalho e sabem como é, né?

Trabalho com recrutamento e seleção e tenho uma chefe racista. Ela tenta esconder, mas é. Esses dias entrevistei uma menina linda, com longos cabelos estilo rasta. O cabelo era bem cuidado, bonito e diferente. Estavam presos em trança. Eu adorei a candidata. Minha chefe me obrigou a escrever que a aparência dela era regular e decidiu não enviá-la para a vaga por causa disso. Disse que não combinava com a empresa. Não é 1a vez q isso acontece. E não vai ser a última. Assim como tive problemas por defender candidatos com piercing, aparência mais masculinizada ou mais "jeito afeminado". Pô, isso é pura hipocresia. Se o profissional é bom, isso é impeditivo?

Sim, estou procurando um novo emprego. Me recuso a trabalhar dessa maneira.

@fabiano9 disse...

Sei q nao tem a ver com o assunto do post, mas por falta de lugar melhor, vou postar aqui mesmo, desculpem a intromissao.

Querem saber o porquê de existir vagoes exclusivos para mulheres nos metrôs e trens cariocas? veja esse video do momento 1:58 até ao 3:00: http://youtu.be/UHDES712_ws

Drika (@drikacs) disse...

Eu estudei com a Mari no CPII e testemunhava os complexos dela, rsrs. Fico feliz de saber que ela finalmente está superando-os :)

Também sofri bullying, que não era racista, mas era bullying. E o pior é que o colégio onde estudei antes de ir pro Pedro II era elitista também, e na Z. Sul. Se os maurícios e patrícias do subúrbio conseguem ser insuportáveis, imagina os da Z. Sul... :(
As agressões que sofria não eram racistas, eram machistas. Hoje entendo isso, mas na época achava que o problema era eu ser "feia" mesmo. Eu era meio desleixada no início da adolescência (para o que os problemas econômicos só contribuiam), mas o problema todo era eu "ousar" me destacar mais que os garotos durante as aulas. Não sendo exatamente uma sex symbol, isto é, não sendo adequada a um determinado padrão estético, e me recusando a bancar a "garota legal" (leia-se: submissa) com quem me agredia, eu me tornava "inconveniente" quando ousava me exibir demais. E o bullying deriva exatamente disso: de uma mentalidade que considera que tudo aquilo que foge do padrão deve ficar à margem, e nem pensar em sair de lá...

Luis Henrique disse...

Eu sofri bastante com bullying nos tempos de escola. Era a época em que ser nerd não era nada 'legal', e também não gostava de esportes, um menino que não sabe jogar futebol no Brasil é 'alvo automático'.

Sobre os cabelos, bem, hoje sou careca e morro de inveja de quem tem cabelo, seja crespo, encaracolado, liso ou penteado pelo diabo.

Jéssica disse...

Também me identifiquei com o post...

No total, já passei por bullying 7 vezes na minha vida...

Minha aparência: Cabelo e olhos escuros, pela clara, uso óculos, usava aparelho e roupas mais largadas. Como vários outros que escreveram, eu também era uma das mais inteligentes da sala, tirava boas notas e me escondia na hora do recreio.

Começou quando eu estava no prézinho (4 anos, suponho!), nessa época eu usava tampão, óculos, aparelho freio de cavalo e era meio cheinha. Eu era ingênua, me zuavam, importunavam e eu só sabia chorar, e eu francamente achava impossível haver crianças que simplesmente queriam fazer o mal para alguém por diversão. Esse 1º bullying acabou quando uma amiga minha me defendeu. Foi o único em que eu fui defendida, mas foi o mais importante também, ganhei uma personalidade mais forte depois disso.

Sofri períodos de bullying direto desde essa época até o fim do ensino médio. Incluindo grupos que me importunavam (por sinal, todas as vezes eram grupos!), alfinete na minha cadeira, material roubado, etc... Nunca chegaram a me bater, ficou na violência psicológica. Inclusive houve um momento em que eu mesma defendi uma amiga minha de bullying, e pararam de importunar ela.

Eu sou uma pessoa extremamente calma e paciente, e tenho uma natureza bondosa, demorava até me irritar com o bullying, acho que confundiam isso com eu não ser capaz de revidar, e só me fazia sofrer ainda mais bullying. Uma hora a minha paciência enchia, eu revidava e o bullying acabava... pouco tempo depois começava outro.

O pior de todos foi no último ano do Ensino Médio, em que um grupo de garotos decidiu começar a me importunar. Me seguiam falando coisas para me irritar, jogavam bolinhas de papel, etc... Detalhe: Comigo sempre de costas, longe e sozinha, covardia pura.

Para melhorar, ainda havia bullying do próprio colégio. No meu colégio havia três alunos-destaque na minha série: Eu, um garoto e uma garota. A cada semestre ocorria uma prova simulação de vestibular, na qual em cerca de 60% das vezes, eu tirava o 1º lugar, em 30% das vezes o garoto tirava e em 10% a outra garota tirava.
Quando o garoto que se saia bem nesse prova ou nas Olimpiadas de MTM, o resultado era posto em algum lugar chamativo, para todos verem, era anunciado para a sala toda, ele era aplaudido, ganhava até presente do colégio. E quando eu ganhava? Em uma das vezes o resultado foi "divulgado" no andar das crianças da 1ª série! Raramente quando eu me saia bem nas Olimpiadas de MTM isso era falado.
Um outro garoto, craque em física, era admirado pela sua inteligência, bajulado por professores, não sofria bullying. Ou seja, homem inteligente pode, mas mulher inteligente é tratada como aberração?

Me desmotivei. Passei a ir fazer provas sem estudar, chegar com 2h de atraso nas aulas, não participar mais das Olimpiadas de MTM...

(continua)

Jéssica disse...

Tirei 42º lugar no meu curso do vestibular (Ciências da Computação), sendo que a concorrência nem era alta. (Com a pressão adicional que a minha mãe falou que não pagaria um cursinho se eu não passasse e que eu não poderia mais ver meu namorado)

Falando em mãe, eu praticamente implorei para ela me colocar em um psicólogo na época de bullying, ela não deixou, falou que eles só estragavam a cabeça das pessoas. E o único conselho que recebi dela em relação ao bullying era "aguentar que passa"...

Entrando na faculdade, a minha vida melhorou muito, não passei mais por bullying e sou uma das melhores do curso, do qual gosto muito. Mas com certeza deixou traumas... As vezes tenho alucinações a noite, que parecem me perseguir (só não é pior porque eu sei que são alucinações), tenho uma boa auto-estima, mas ela se abala facilmente se o "abalo" vier de alguém em que confio, também confio em pouquíssimas pessoas, e recentemente meu namorado me contou que eu evito olhar nos olhos das pessoas quando falo com elas. Também estou menos paciente e mais agressiva (foi as minhas demonstrações de agressividade que acabaram com a maior parte dos bullyings...), choro com relativa facilidade (para o meu auto-desprezo) e ganhei o hábito de sempre me atrasar.

Estranhamente eu ainda me considero uma pessoa otimista...

(Desculpe o post enorme, acabei lembrando de muitas coisas)

Eduardo Marques disse...

Para, para, para! Eu não tou entendendo nada dessa história. A mulher que conta a história é loira, negra, o quê? E esse namorado europeu, como assim "não esta contaminado com o padrão de beleza daqui"? E o de lá, como é? Negro do cabelo pixaim? Dá pra me explicar isso?

Eu mesmo sofri bullying. Cabelo também (¬¬). As conseqüências ainda duram. Me identifiquei muito com esse post mas sinceramente não entendo algumas idéias que são mostradas neste blog.

Qual é o problema com padrões de beleza? Padrões de beleza existem e são comuns a todas as sociedades que eu conheço. São parte da seleção (por assim dizer) natural. Aos poucos, cada geração vai ficando cada vez mais parecida com o padrão da sociedade que o criou, pelo menos é essa a idéia. E por que o padrão de beleza "alto, loiro, de olhos azuis" seria ilícito? Se o padrão de beleza fosse ser baixinho, negro, gordo, e de cabelo pixaim, o mundo seria melhor?

O problema é morrer ou viver infeliz por causa deles. A seleção natural é muito antiga e poderosíssima. Nós somos breves e fracos. Até Jesus disse: "E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?" (Mateus 6:27). Por pior que seja a sua aparência, esse é o único corpo q vc tem e essa é a única vida, até que me provem o contrário. Temos que viver bem com este corpo e esta vida. Também temos que viver em paz com os padrões de beleza, o que significa respeitar os outros pela sua aparência, qualquer q seja, e tentar minorar qualquer dificuldade q possa surgir na vida das pessoas por causa do padrão. Deixe que ele faça seu trabalho definindo a aparência das futuras gerações e viva feliz, deixando os outros serem felizes também.

Sinceramente, se uma pessoa faz alguma crueldade com outra, é por falha de caráter dela, não porque o padrão é assim ou assado.

Jéssica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jéssica disse...

Ah, sim, estudei todo esse tempo no mesmo colégio, um colégio católico de classe média.

Minha adolescência foi +- de 2000 a 2008, ou seja, foi recente, as coisas mudaram pouco... E eu também era (e sou) nerd.

Bruna disse...

Então, gente, eu pesquiso seleção natural há algum tempo. Não sou especialista, mas sei que as vacinas, por exemplo, são uma forma de "burlar" a seleção natural. Os óculos também. Quando a seleção natural nos prejudicou, conseguimos, usando tecnologia e o que chama-se de inteligência, "rebatê-la". Seria mesmo o caso de condenar-mo-nos ao que pensa-se ser genético (não há provas que seja)? Seria o caso de condenar milhões ao sofrimento por um aspecto da seleção natural que nem mesmo garante-se evolutivamente (isto é, que traz a certeza de filhotes fortes e capazes)? Então nós queremos mesmo viver, como dizem, como animais (ainda que possuindo conhecimento e discernimento suficientes pra fazer nossas escolhas)?

Sei lá, viu. Mas que é bom ler os livros de Charbel El Hani antes de aplicar evolução ás ciências sociais e psicológicas, isso é.

Jiquilin disse...

Cara, esse papo de seleção natural não ta com nada.
Isso é ideia de outro século.
Já ouviu falar em Caos? Que o caos é mapeável? E de probabilística?

Vivemos nesse caos e os fenômenos são grande parte fruto dessa probabilística!

Por exemplo: vai que a melhor população dos Homens de Cromagnon ou dos H. sapiens sapiens estivessem debaixo de uma montanha cheia de neve. E vai que essa neve virou avalanche e dizimou esses melhores?
Ng sabe! Somos o fruto do acaso. Não sou os melhores em potencial!

Jéssica disse...

Se padrão de beleza fosse seleção natural, então provavelmente o padrão seria negr@s (pele mais resistente ao sol e dizem que possuem mais explosão muscular) e mulheres gordas (símbolo de fertilidade em muitos povos antigos).
Bem o oposto do padrão atual.

Anônimo disse...

Seleção natural?
Uma coisa é vc ver alguém onde alguma coisa(física ou não) não o agrade. Outra coisa é vc humilhar, perseguir, ofender alguém por algo que vc não gosta/teme, etc.
Seleção natural o *******!!!

Nadia disse...

Li todos os comentários (e voltei no post antigo pra ler o que escrevi por lá). Parabéns, Mariana, por ter superado esse trauma. Troque suas fotos, se assuma, mas se prepare, porque ao se assumir vai estar provocando muita gente...
As pessoas querem que sejamos iguais, fugir do padrão e ser feliz dessa forma incomoda muito.
Também sofri bastante preconceito na escola, mais por ser dentuça que por ter cabelo enrolado. Estudei numa escola pública, e a variedade era maior. Lógico que as lourinhas de cabelinho liso eram as mais festejadas...
Mas digo que o pior bullying que tive em relação aos meus cabelos foi em minha própria família. Embora ninguém tenha cabelos lisos, o meu foi o único que saiu muito encaracolado. Sofria para pentear quando criança (minha mãe me chamava de suçuarana, um bichinho nada simpático http://bit.ly/gL2JlJ).
Como agravante, a moda nos anos 80 ainda era o corte das Panteras, que ficava lindo pra quem tinha cabelos lisos e era um pesadelo pra quem tinha os crespos.
Bem, a forma que consegui lidar com o bullying na escola foi fazendo piada de mim mesma. Era foda, eu ficava p da vida, mas tentava nunca demonstrar pois era pior. Era a palhacinha da turma, zoava os outros também, nunca fui cdf mas tinha lá meus destaques, editava o jornalzinho da escola, era chamada de Rabbit por todo mundo... enfim, mesmo não estando dentro dos padrões de beleza, era popular e a grande maioria das pessoas gostava de mim. Mas isso não diminuía meu sofrimento. Morria de medo de beijar na boca: e se os dentes atrapalhassem e eu virasse motivo de chacota? E chorava em casa, escondida... porque também em casa me chamavam de pá mecânica, essas coisas. E aparelho nos dentes era uma coisa muito cara, para o padrão da minha família. Jurei que quando começasse a trabalhar iria providenciar. Mas, quá, ganhando salário mínimo há 17 anos, ainda era muito difícil. Com o tempo deixei de me preocupar com isso. Até que só agora, com quase 34 anos, resolvi colocar aparelho. Sabe o que algumas pessoas me disseram? "ah, mas os dentinhos tortos são parte da sua personalidade, não põe não!" Inclusive algumas das pessoas que me sacaneavam! Dai eu faço questão de lembrá-las que na época que me afetava ser chamada de coelha ninguém tinha essas palavras doces!
Ou seja, pra deixar de ser dentuça também tenho que enfrentar, botar banca!
Quanto aos meus cabelos, nunca alisei totalmente, mas virei escrava dos relaxamentos e progressivas. Até que resolvi cortar curto e assumir meus cachos. Vivo super bem com eles e tento me controlar pra não mandar pra-aquele-lugar quem me pergunta se eu uso ele assim no dia-a-dia, mas se pra ir à uma festa se eu faço escova. Não, só se for modelador pra deixar mais cacheado! Por isso que eu digo que pagamos um preço alto pra agradar aos outros, mas um preço bem maior pra se assumir e batalhar contra o preconceito. Mas, taí, esse preço eu pago com a maior satisfação!

Eduardo Marques disse...

Eu relutei um pouco ao usar a expressão "seleção natural". O que é realmente natural? Abrir e fechar zíperes, apertar o interruptor para ligar a luz ou viver em cima de uma árvore e caçar a própria comida? Se a seleção fosse mesmo "natural", os negros estariam em vantagem, pois possuem boa compleição física e resistência ao sol. Hannah Arendt, judia vítima da Alemanha nazista, escreveu umas coisas interessantes sobre essa história de natural ou não.

O que eu quis dizer é que a culpa não é do padrão de beleza, é das pessoas. Os europeus não mataram e escravizaram milhares de africanos pq se achavam mais bonitos. É pq eles eram muito FDPs mesmo.

Confesso que essa conversa de "seleção natural" pode ser até mesmo perigosa. Alguém pode decidir que é vale mais do que o outro... É que eu não achei outra definição menos ruim.

@Jiquilin, sobre essa história de não ser o melhor, isso é óbvio! O que é melhor, o ser humano, ser de inteligência mais refinada d que já tivemos notícia ou os dinossauros, muito mais fortes e que não destruiram seu próprio meio-ambiente? Justamente por isso que não devemos nos preocupar muito com padrões de beleza, nem com o nosso, nem com o dos outros, a sociedade os escolhe com base sólida no acaso e eles não beneficiam a ninguém em particular. Devemos é tentar criar uma sociedade que satisfaça o máximo de pessoas possível.

Caro anônimo, leia direito o que eu escrevi.

Koppe disse...

Eu sofri esse tipo de coisa desde a primeira até mais ou menos a sexta série, até hoje às vezes acho que tenho certas manias e comportamentos estranhos por causa disso. Desde sempre fui considerado estranho, como disse o Luis Henrique, anos atrás ser nerd não era nada legal e guri que não sabe jogar futebol é automaticamente alvo. A coisa chegou bem longe no meu caso, cheguei a sofrer agressão física, ter que me esconder na hora da saída e até levar objetos cortantes pra escola com a intenção de usar. Tentei de tudo, ignorar, responder, apelar a alguma autoridade da escola, me esconder, nada funcionou. Só consegui acabar com isso na porrada, o dia que bati num maleva desses pararam de me perseguir e nunca mais tive esse tipo de problema. Foi mais fácil do que eu pensava, na verdade, e acho que se tivesse usado essa solução anos antes minha vida teria sido muito melhor. Não sou adepto da violência, posso contar nos dedos de uma mão as vezes que precisei apelar pra ela em toda minha vida, mas tenho que admitir que em todas elas foi eficaz.

Caranguejo Excêntrico disse...

Também sofri bullying.

Não por causa do meu cabelo, que, aliás, era a única coisa em mim que eu gostava. Eram cabelos compridos e castanhos, cheios de cachos nas pontas.

Mas eu era gorda, esquisita, tímida e nerd quando criança.

Adolescente eu emagreci, é verdade.
Mas despontaram inúmeras espinhas no meu rosto, eu comecei a usar óculos, mudei pra uma cidade do interior de São Paulo onde se você não tem sobrenome de família de lá você não é nada e o meu cabelo, a única coisa em mim que não me deixava complexada, ressecou com o clima da nova cidade e perdeu os cachos e o movimento e tudo.

Bem, dá pra imaginar que o que as pessoas me diziam por causa da minha aparência não era nada agradavel.

Nada.

Então não me venha dizer, senhor Eduardo Marques, que não há problema nenhum com os padrões de beleza.

Em primeiro lugar, sendo cada ser humano um indivíduo com características próprias e particulares, estipular um "padrão" do que é ou não belo para todas as pessoas chega a ser ridículo.

O padrão "loiras magras de olhos claros" de beleza foi social e culturalmente construído, e, assim, deve-se ter em mente que tal padrão, e qualquer padrão, é uma CONSTRUÇÃO, e não uma verdade absoluta.

O maior perigo de "padrões de beleza" é a imposição de um padrão como único, fazendo com que qualquer um que não se enquadre por qualquer motivo nesse "consenso" construído por grupos politica e economicamente dominantes sofram uma tremenda e perniciosa pressão psicológica.

E... já escrevi demais.

Excelente blog, Lola! Passarei a visitar sempre :)

Tanize disse...

Poucas coisas são tão universais como bullying e coca-cola... ;))

É natural que uma criança de 5 anos fale o que lhe vem a mente.
Mas o que a faz achar determinadas características do amig@ repulsivas é que é moldado socialmente.
E não pode, jamais, ser tolerado!!

Mas confesso, que como professora de adolescentes é bem difícil combater isso sozinh@s (enquanto educadores) o bullying na escola. Porque mal feito pode realmente reforçar, como ocorreu com vc.

É preciso uma mudança de mentalidade de toda a sociedade tornando inaceitável qualquer forma de discriminação (eu sei é utópico, mas é o que precisa ser feito).

E isso só ocorrerá quando pararmos de ver o tipo europeu magro e heterossexual como o normal, o único aceitável.

lola aronovich disse...

O Eduardo segue um padrão: ele vem aqui, fala um monte de besteira, e depois fala pras pessoas lerem direito, porque ninguém entendeu o que ele realmente quis dizer. Porque, imagino, ele não acha que o que ele realmente quis dizer era besteira. Essa do padrão de beleza ser uma seleção natural é de matar, viu? Não há nada de natural no padrão de beleza vigente. E vc é muito ingênuo se pensa que ele só afeta "gerações futuras". O padrão de beleza dá os parâmetros para o bullying. Diz pras pessoas o que é normal e anormal, o que é aceitável e não é. É um manual de instruções para a intolerância. E vc fala como se não afetasse ninguém, e como se não fosse uma construção e uma imposição humana. Qualquer padrão é ruim, mas se o padrão fosse negra, baixinha, gorda, pelo menos haveria mais mulheres (pelo menos no Brasil) que fariam parte desse padrão. Como um biotipo brasileiro faz pra ser alta, magérrima, loira de olhos azuis e pernas quilométricas? Não faz. E nem é pra fazer. O padrão é feito pra que todas sintam-se mal e achem que, gastando muito, dá pra chegar lá. O bullying faz parte desse processo.


Caranguejo, ótimo comentário. Apareça sempre. Como vc pode ver, a enorme maioria d@s comentaristas aqui é inteligente e cheia de empatia. Mas alguns... Bom, vc viu.

Eduardo Marques disse...

Eu não tenho fontes confiáveis agora na internet, mas aí vai:

"Na andorinha-das-chaminés, por
exemplo, relatou-se que as fêmeas preferem machos cujas longas penas externas da cauda têm o mesmo comprimento de cada lado, enquanto fêmeas do lagarto das rochas ibérico se associam referencialmente com machos dotados com uma distribuição simétrica de poros liberadores de feromônios em seus quadris. Quanto aos humanos, alguns pesquisadores relataram que tanto homens quanto mulheres acham a simetria nas características faciais atraente. Talvez os prováveis parceiros nessas e outras espécies respondam positivamente à simetria corporal ou facial porque esses atributos anunciam a capacidade do indivíduo de superar desafios ao desenvolvimento normal. Acredita-se que prejuízos ao desenvolvimento causados por mutações ou por uma incapacidade de assegurar recursos materiais críticos no início da vida
geram assimetrias na aparência. Se a assimetria corporal reflete desenvolvimento sub-ótimo do cérebro ou
outros órgãos importantes, então uma preferência por traços simétricos (ou atributos intimamente
associados com eles) poderiam permitir ao indivíduo selecionador adquirir um parceiro com “bons genes” a serem transferidos para sua prole. Alternativamente, o benefício para o indivíduo em uma espécie parental poderia ser a aquisição de um parceiro em excelente condição fisiológica que poderia fornecer cuidado superior para seus filhotes. Em concordância com essa previsão, as faces de mulheres com uma história de problemas de saúde são julgadas como menos atraentes, e o mesmo é verdade para as faces de homens cujos responsáveis tinham baixa renda."


http://migre.me/3LjBE

Lola, peraí, eu escrevo:

"O problema é morrer ou viver infeliz por causa deles.(...)Temos que viver bem com este corpo e esta vida.(...)Sinceramente, se uma pessoa faz alguma crueldade com outra, é por falha de caráter dela, não porque o padrão é assim ou assado."

Aí vem um anônimo e diz:

"Uma coisa é vc ver alguém onde alguma coisa(física ou não) não o agrade. Outra coisa é vc humilhar, perseguir, ofender alguém por algo que vc não gosta/teme, etc."

Ele praticamente repete o q eu digo!

Eu nunca disse que o atual padrão de beleza é bom, natural, etc (cite essa parte, se houver, por favor). Mas sempre haverá um padrão. Qualquer que seja, nunca vai ser bom para todos como a senhora mesma disse. Em vez de atacar algum padrão de beleza que vigora em determinado momento, em determinado lugar, não seria melhor atacar a falha de caráter de quem o utiliza para humilhar e isolar pessoas que não se encaixam nesse padrão? Se o padrão estivesse ao seu favor, vc sairia por aí menosprezando mulheres loiras, altas e magras?

Uma coisa aliás, é cogitar a hipótese de uma tendência natural ao padrão de beleza. Outra é dizer que os arianos são os escolhidos pela Deusa do Padrão de Beleza e todos os outros devem morrer.

"Qualquer padrão é ruim, mas se o padrão fosse negra, baixinha, gorda, pelo menos haveria mais mulheres (pelo menos no Brasil) que fariam parte desse padrão."

Eu sou obrigado a rir dessa parte. Sério, agora o padrão de beleza tem de ser democrático? Desde quando ele é criado assim, por decreto, por votação? E se ele abrangesse sempre a maioria, isso faria essa minoria valer menos? Eu não entendo como vc culpa tanto o padrão de beleza pela falta de caráter das pessoas ou da sociedade. Vc não enxerga humanidade em pessoas fora do padrão e, por isso, tem de criar um só para vc? Vc só falta criar alguma teoria da conspiração para explicar o nosso padrão de beleza. Anda vai, cria uma, não falta nada.

Eduardo Marques disse...

Corrigindo:

"Uma coisa aliás, é cogitar a hipótese de uma tendência natural ao padrão de beleza. Outra é dizer que os arianos ou qualquer outro povo são os escolhidos pela Deusa do Padrão de Beleza e todos os outros devem morrer."

Já chega, vou dormir.

Letícia disse...

Quem aqui não tem uma história de bullying pra contar? Pouca gente, creio. A maioria de nós é composta por moças que se libertaram da escravidão pela aparência, e isso custou - ou ainda custa - a nossa paz.

Eu, na época de escola, tinha boa parte dos "problemas" da moça no depoimento: era "nerd", tirava ótimas notas, detestava esportes, era extremamente pacífica... enfim. Meu "pecado", além desses todos, era ser branca, branca de ofuscar, nesse país em que vc DEVE ser moreninho pra parecer "saudável", mas não muito, senão ganha o apelido de "carvão", como minha amiga negra ganhou (bom, esse é o apelido que me lembro, mas foram muitos outros). Quanto a mim... eu era o "fantasma". Fazíamos uma bela dupla...

O ser humano é cruel, e a infância é a idade da crueldade descarada. O Fulaninho Jr. ouve as barbaridades em casa (ou será que ele as aprende em outro lugar? no "meu tempo", funcionava assim) e as repete, com agressividade, na escola... sem papas na língua. O bullying tá começando a ser encarado com seriedade agora, mas duvido que, para as vítimas, a coisa tenha mudado muito... afinal, a trangressão e a agressividade são sempre "valorizadas" no meio escolar, portanto, creio que uma simples punição ao bully não seja suficiente pra fazê-lo mudar de atitude - dependendo, pode até fazê-lo engrossar mais. Não, não estou falando que sou contra a punição aos bullies... tô falando que já perdi a esperança na humanidade, nessa humanidade cruel que não entende que, pra sermos pelo menos um pouquinho felizes, basta que alguém cuide apenas da SUA vida, em vez de perturbar a dos outros... aliás, já vi casos em que, em vez da punição ao bully ocorrer, de fato, ele levava apenas uma "chamada de atenção" e a vítima, essa sim, era coagida a mudar alguma atitude ou traço fisionômico seu, para "chamar menos atenção" (vide caso Geisy)...

Enfim. Todo mundo tá cansado de saber que as marcas do bullying ficam... isso é evidente no caso da moça do depoimento, que foi agredida por um discurso racista "disfarçado" e acabou virando escrava do próprio cabelo. No meu caso... eu sempre me achei horrível, a escória da humanidade. Isso me fez criar vergonha do meu corpo e de me expor nos relacionamentos - de qualquer tipo -, problema que não passou de vez, até hoje. Por ex: embora precise me exercitar, não tenho coragem de fazer qualquer exercício coletivo, por vergonha de aparecer na frente dos outros.

"It gets better". Mas passar, passar, nunca passa...

Letícia disse...

Vi que a questão de ser ou não racismo gerou uma certa discussão. Concordo plenamente que é racismo, afinal, nenhum cabelo diferente do liso ou do "ajeitadinho" é tolerado. Ai de vc se aparecer com seu cabelão black power...

Mas é claro que racismo não é o único motivo pra bullying, embora deva ser um dos principais. Eu sou filha de poloneses e sofri bullying até dizer chega... no meu caso, acho que a aparência foi meio que um pretexto. Sofri bullying CULTURAL, sei lá... fui criada de forma muito diferente dos outros: nunca liguei pra consumo pra popularidade, pra modismos (meu pai foi criado na União Soviética!), enfim...

Anônimo disse...

Peraí, então game over para mim biologicamente falando?

Fala sério!

monica disse...

A queixa da Mariana, que é justíssima, perde um pouco a força quando ele se refere ao Valderrama como 'aquele jogador horroroso'.

Anônimo disse...

Eu concordo em parte com o Eduardo (a parte da seleção natural, bom, essa eu acho q não entendi direito o que ele quis dizer).

Padrões de beleza e comportamento sempre vão existir, alias padrões pra certo e errado, desejável e indesejável, em maior ou menor grau, sempre vão existir.

A questão maior é a aceitar o diferente, é o cuidar da própria vida, e combater o bullying. Quando eu tinha 12 anos, mudei de colégio e de repente eu era de longe a maior vítima de bullying da minha classe. E hoje olhando pra trás eu vejo que a pior parte de ser perseguido por 5 ou 6 garotos que conseguiam implicar com tudo que eu fazia ou não fazia era que o resto da classe mantinha uma distância de mim, talvez pra não ser zoado junto, sei lá (isso quando essa maioria silenciosa não ajudava no bullying).
Quando mudou de ano, mudou a classe e mudou a vítima do bullying, e do nada comecei a ter amigos e conversar com as pessoas. Eu continuava fora do padrão (na época, japonês nerd gordinho de óculos), mas a aceitação foi bem maior, ou pelo menos eu já não me sentia o maior merda do universo. E sabe, não ter ninguém pra conversar te faz não praticar suas habilidades sociais, o que te leva a não ter ninguém pra conversar de novo.

A impressão que eu tenho é que a aceitação tá aí, esperando pra acontecer, mas a intolerância ruidosa contamina tudo.

e lola:
"Qualquer padrão é ruim, mas se o padrão fosse negra, baixinha, gorda, pelo menos haveria mais mulheres (pelo menos no Brasil) que fariam parte desse padrão."

Acho que vc escreveu isso com pressa, não da pra dizer que mais pessoas se encaixando em um padrão é melhor do que o inverso, aliás, talvez seja até pior pra minoria desencaixada.

Alex

Dária disse...

Mariana, adorei seu post!
Sempre tive cachos, e sempre gostei deles. Até que não sofri com isso já que os meus não são exatamente crespos. São comportadinhos, numa bela (para mim) mistura do crespo negro da minha mãe e do liso europeu da família do meu pai ;)

Minha mãe, cujos cabelos são realmente beeeem crespos, alisou durante toda a juventude, não com as químicas que tem hoje, mas com a escova normal de sempre. Hoje se arrepende, seu cabelo quebrou muito, e passou a cair. Então fazem anos que ela não alisa mais. E acho que passou a se dar bem com o próprio cabelo. Eu incentivo a manter assim. O engraçado que a pessoa lá em casa mais afixionada pelo cabelo e menos satisfeita com o próprio é minha irma, que sempre teve cabelo muito liso mas ainda assim insiste em fazer prancha e afins para sair.

Sempre cuidei dos meus cabelos, pondo cremes, usando produtos que ativam e definem os cachos... Amo cachos! E embora não tenha sofrido bullyng na escola como você, vivo brigando com os cabelereiros que seeeeempre dizem que meu cabelo ficaria lindo alisado, e insistem para eu testar uma escova de sei lá o que rs.

Mas bullyng realmente permanece na idade adulta. Escutei recentemente um amigo chamando uma atriz de cabelos cacheados de "cabelo de ninho de crequejé" (sabe-se lá oq é isso), e engraçado é que ele estranhou em eu ter ficado ofendida. Fazer o que, ainda há muito o que mudar.

Yohana disse...

A música "I am not my hair", da India.Arie, é perfeita para o post. #ficadica ;)

Eduardo Marques disse...

Obrigado Anônimo (ou Alex?).

Eu acho melhor parar de escrever por aqui. O texto é de uma convidada e eu não devia ficar mudando o foco da discussão, apesar de minha queixa ser justíssima. Perdão.

A queixa era contra a Lola, que, em outros posts, deixou essa brecha para interpretação, de que pessoas fora do padrão (qqr q seja) não merecem respeito. Acho que existe racismo, sim, no Brasil e muita hipocrisia. A autora do post sofreu desse tipo de "racismo" que só existe no Brasil, o que eu acho, sinceramente, muito triste. Sou a favor das cotas, mas não por "justiça", isso é ridículo, mas para ver se melhora um pouco o Ensino Superior público brasileiro, q é um ninho d filhinhos-de-papai q só querem o diploma e estão cagando para a oportunidade de estudo.

Tchau, cambada.

Bruna disse...

Alguém mencionou que o padrão evolutivo de beleza seria uma mulher gordinha e baixinha como representação de fertilidade. Como o pessoal aqui tá pensando que evolução é bagunça, vamos lá:

1-Não há genes que definam um padrão de beleza. Os genes "ordenam" a seguinte coisa: 'Identifique as características dos machos e fêmeas mais promissores e assim procure atraí-los'. Daí, extrai-se que o padrão de beleza É SIM construído culturalmente. Em uma cultura em que homens loiros de olhos azuis recebem vantagens de sobrevivência, teremos um padrão de beleza de homens loiros de olhos azuis. Em uma cultura que admira, por qualquer razão que pareça absurda a nós, ocidentais, mulheres com argolas no pescoço de modo a alongá-lo, temos um padrão de beleza.

2- Assim, conclui-se que o padrão de beleza é condicionado pelo meio,mediante a "ordem" de um gene. Pessoas de meios diferentes desenvolvem padrões de beleza diferentes. Se na festa da high society a mocinha loira anoréxica é o centro das atenções, em um ensaio de escola de samba, as atenções estão voltadas à mulata de curvas generosas. Assim como, no Oriente Médio, voltam-se às mulheres gordinhas (gordinha é eufemismo, como se ser gorda fosse tão ruim que a gente tivesse que aliviar - ás mulheres gordas e grandes, fim). Ainda assim, em um mesmo meio social, é possível encontrar pessoas que, baseando-se em sua história de vida, traumas e experiências, definem padrões de beleza diferentes dos vigentes e sim de acordo com suas necessidades. Estudos comprovam que a influência dos arquétipos é importante. Meu pai era um homem peludo, e eu tendo a prestar mais atenção nos homens barbudos e peludos, ainda que o padrão vigente pregue homens musculosos e lisinhos estilo gatão da micareta.

3-Evolutivamente, a questão dos padrões de beleza vai muito além da própria genética e dos desafios impostos pelo meio. Envolve a história pessoal do indivíduo e uma série de outras coisas difíceis de detectar. Resumindo, vai muito além do evolucionismo de fim de semana.

4- Distorcer a teoria evolutiva de modo a legitimar abuso é uma bem velha, viu. Joguem no Google um tal de 'Darwinismo Social', no qual a ciência buscava encontrar justificativas biológicas para legitimar a desigualdade e a exploração. Não deu certo. Porque é algo absolutamente leviano e infundado. A diferença entre os darwinistas sociais e os darwinistas de boteco aqui do comentário é que, pelo menos, os darwinistas sociais entendiam a Teoria da Evolução.

5- Os padrões de beleza massacrantes são forçados por um mercado da beleza: propaganda, moda, tratamentos estéticos, academias, lojas de roupas. Alguém ganha dinheiro com opressão psicológica. Ater-se a isso é muito mais enriquecedor à questão (e à sua solução) do que procurar formas de justificar o injustificável. Isso é so XIX century.

Desculpem falar tanto, viu. Obrigada a todo mundo que teve paciência pra ler meu comentário. A gente não pode permitir que algo tão libertador como a teoria evolucionista seja, mais uma vez, maculado.

FAVOR NÃO FALAR DO QUE NÃO SABE.
A COMUNIDADE AGRADECE.

Anônimo disse...

Quem tem cabelo crespo sempre ouve alguma ofensa, cabelo bombril, cabelo ruim.
O duro de aguentar é qdo o seu próprio professor faz a gentileza de no meio da aula te colocar um apelido: Valderrama, na Copa de 94 eu tinha 14 anos.

O apelido não pegou, eu nem sabia quem era Valderrama, fiz cara de paisagem hahaha.

Ainda bem que nunca sofri nenhum tipo de bullying pesado na escola
como ela. E olha que sou fora dos de vários padrões. Considero mta sorte.

Ainda hj sofro a pressão para alisar o cabelo. Qualquer mulher é apelidada de garota Kolene se mantém os cachos. Mas tenho resistido, fazem dois anos que desisti de alisar.

Até os anos 80 era moda cabelos encaracolados, agora parece uma ofensa aos outros quem os mantém, como se vc fosse, cafona e ultrapassada.

Aguardo ansiosa passar a essa moda de escova progressiva, chapinha.
Parece não ter fim...

Ulisses Adirt disse...

Sempre q posso, evito coisas como essas na minha sala de aula. Até já contei uma história dessas no meu blog: http://incautosdoontem.opsblog.org/2009/11/20/cotas-para-brancos/

O melhor relato q eu conheço, entretanto, não é meu, é esse aqui: http://historiasdemenina.wordpress.com/2008/10/11/menina-vai-pra-guerra/

PedroYukari @snoopy_xxy disse...

Concordo com a Amanda, bullying realmente deixar marcas... Como muitos já devem ter comentado sobre o assunto aqui, não farei o mesmo.
Minha dica é: Se você procurar cortes ou tratamentos para cabelos crespos, você vai ver que dá pra fazer um monte de coisas legais no cabelo e mantê-lo crespo, Mariana. Negros, assim como gays, são grandes responsáveis pela evolução da música e cultura pop, já dizia Ellen Degeneres. Acho muito legal o seu pensamento de vestir a camisa mariana! Boa sorte!

Alexandra disse...

Mariana,

Obrigada pelo post. Muito bom mesmo.

Eu sofri bullying na quinta e sexta séries. Eu nem sei direito pq resolveram implicar comigo. Era o primeiro dia de aula numa escola nova, eu não conhecia ninguem, nunca tinham me visto na vida, e eu nem era tão diferente assim. Bom, era muito magra mas não foi por isso que implicaram comigo. Nesse primeiro dia fui pra aula com o cabelo preso numa trança. Nem era muito grande pois eu tinha o cabelo um pouco abaixo dos ombros; a trança deveria ter só uns três nozinhos. Resolveram me chamar de Chispita, que era o nome de uma personagem de uma novela mexicana popular na época. A Chispita tinha duas loooongas tranças. Nada a ver comigo mas foi como começou a coisa. Eu tentei ignorar, mas aos poucos fui me irritando e comecei a revidar, o que provavelmente só piorou a coisa.

De Chispita a coisa só piorou. Quando chegou o inverno, eu fui pra escola com um casaco que minha prima tinha me mandado do Sul. Era blazer de lã. Cismaram que era igual o do Hitler, que na época estava em todos os jornais pois era 1985, o ano que encontraram os restos do Mengele no Brasil. Começaram a me chamar de Hitler, Mengele, nazista, a fazer saudação nazista quando eu passava, era um inferno.

TODOS os dias eu ia na secretaria da escola e reclamava. NINGUEM nunca fez nada. Nem avisar meus pais avisaram. Eu contava os dias pra mudar de escola (meu pai era transferido a cada dois anos por conta do trabalho então eu sabia que mais dia menos dia eu seria transferida).

Minha prima foi estudar na mesma escola o ano depois que eu fui embora e sofreu bullying for ser "prima da Chispita". Ela não aguentou um ano e mudou de escola.

Sobre cabelos, eu nasci com o cabelo liso como o do meu pai. Na adolescencia, por causa das mudanças hormonais, ele ficou super crespo. Eu achei legal, pois era diferente do que eu tinha antes. Minha mãe, que tinha o cabelo loiro e bem crespo e provavelmente sofreu as mesmas discriminações que vc sofreu por causa do cabelo dela, ficou morrendo de pena de mim. Olhava pra mim e balançava a cabeça com ar triste "como seu cabelo tá horrível!". Eu ria e não ligava muito. Mas essas coisas têm um impacto por mais que achemos que não. A sorte é que sempre tive medo de produtos químicos e nunca aceitei fazer qualquer tratamento no meu cabelo. Mas aqui no Canada no inverno eu fazia escova pois tinha que secar o cabelo mesmo e acabava achando que ficava melhor com o cabelo liso. Faz uns anos resolvi me assumir e aprender como manter meus cachos no inverno. Hoje fico tentando encontrar maneiras de ajudar minha mãe a se aceitar tambem. Ela tinha um cabelo tão bonito, tão volumoso e hoje ele está ralinho e sem vida (mas liso!).

Unknown disse...

Tenho 14 anos, cabelos mega enrolados e castanhos e também sou descendente de japoneses, apesar de meus olhos serem bem pouco puxados.
Nunca sofri muito por não ser Loira, meu padrão de beleza era outro e permanece até hoje. O problema era não ter um cabelo nipônico,Liso e preto, e claro os olhos puxados.(Mas isso eu não podia resolver)
Era realmente muito chato quando as pessoas viam meu sobrenome e perguntavam se eu era descendente, ou mandavam um "Mas você tem cabelo enrolado?!"
A uns dois anos quis alisar meu cabelo, mas minha mãe acabou não deixando. E de lá pra cá percebi a imposição do padrão de beleza. (Mesmo que o meu padrão a ser seguido fosse um diferente do comum.)venho aceitando melhor meu cabelo, e não o alisarei por nada.
E sobre os adolescentes atuais...Meus amigos não são adolescentes normais, são mais mente aberta e menos preconceituosos, eles gostam do meu cabelo, acham bonito. Mas não perdem a chance de fazer uma piadinha, de forma amistosa, mas mesmo assim...
Agora os outros adolescentes continuam a mesma coisa...No grupinho deles ( O grupinho dos adolecentes normais é uma sala de 40 alunos) há uma menina de cabelos crespos. Eles não fazem piadinhas comigo, mas porque não dou liberdade nenhuma.

Mary Jane disse...

Bem, não poderia deixar de fazer um cometário sobre este post. Por onde eu começo, eu sou negra e estudei minha vida inteira em colégio particular, eu era exótica... Vivi de cabelos escovados, progressivados e esticados desde os 13 anos de idade, foi o jeito que eu encontrei para me encaixar com minhas outras coleguinhas e amigas. Posso dizer qeu me livre disso, desde o ano passado não faço nenhuma química e decidi usá-lo de natural, no início desse ano eu descobri um cabelereiro que é contra escova, então ele fez milagres em minha cabeça! Resultado, eu estou AMANDO meu cabelo crespo, não sei como eu vivi tantos anos com aquele cabelo sem graça. Estou amando o volume, a vida própria que ele tem. Eu amei e todos que me conhecem amaram também. Então eu só tenho a dizer 'dont let those boys fools you, you gotta love that hairdo'.

Mary Jane

Anônimo disse...

monica disse...

A queixa da Mariana, que é justíssima, perde um pouco a força quando ele se refere ao Valderrama como 'aquele jogador horroroso'.


Concordo, Monica. Totalmente nada a ver, para mim ele não tem nada de horroroso. É só mais um para reforçar o coro do fora do padrão Brad Pitt - Jolie.

Bombou esse post, hein.

Diego Hatake disse...

Não sou mulher, mas sou negro e sei bem o quanto pesa para nós essa coisa de auto-estima. Aliás, pesa para todos. E é uma pena que muitos não se perguntam sobre essa ditadura da beleza que nos impõem. Já tive reclamação de pessoas da família sobre o meu afro, que segundo alguns, era "muito feio". Eu não achava, nunca achei, meu cabelo só reforça quem eu sou. E decidi que enquanto não parassem de me encher eu não cortaria o cabelo, só cortei quando me enchi do visual (enjoo fácil da minha cara). Mas é isso que esse povo precisa aprender, que todo mundo é diferente e é bom ser assim. O problema é que pessoas (e indústrias que lucram com isso) nos empurram esse padrão e faz com que histórias como essa aconteçam. Uma lástima, realmente.

Lívia disse...

Lola, sempre gostei do seu blog, mas ultimamente você tem se superado! Os post e guest posts estão excelentes, e me identifiquei muito com vários deles, inclusive com este.
Eu e minha irmã temos cabelos enrolados, que ficaram assim na adolescência. Pela família da minha mãe, todos têm cabelos muito lisos, e eu cresci com minhas primas perguntando porque eu não alisava meu cabelo que era tão armado, isso e aquilo. Demorei muito tempo pra começar a gostar do meu cabelo como ele é, e devo isso à minha irmã que sempre se orgulhou do seu. Acho que eu só consegui "superar" isso quando uma menininha de uns 12 anos me parou no shopping pra dizer que tinha achado meu cabelo lindo. O dela era daqueles ainda no meio termo entre liso e enrolado, e eu só falei assim: você gosta do seu? Não se preocupa, é lindo e um dia você vai aprender a gostar. Espero que ela tenha me dado ouvidos.
Tem gente que não aceita quem tem personalidade. Pra todas que um dia ouviram "que cabelo ruim!", espero que hoje já consigam se olhar no espelho e se achar bonita sem química e tratamentos. E, senão, que esse post as tenha ajudado a dar um passo nessa direção.

PS: Compartilhei o link desse texto no Facebook há minutos, e cada vez que alguém curte ou comenta sobre ele, sinto que fiz alguma diferença nessa história toda.

Anônimo disse...

me emocionei com história e dou parabéns à autora pela auto superação.vc deve seguir o que VC acha bonito, independente do que colegas, pais, namorado, etc acham... tenho certeza que vc deve ter um cabelo lindo
meu cabelo era castanho, e muito armado qdo adolescente,( o que ja foi motivos de algumas piadinhas, mas não tão feias qto as que vc ouviu)... qdo entrei pra faculdade, ' assentou' sozinho: o que quero dizer- continou com cachinhos, mas desarmou e ficou mais bonito e mais solto( isso minha opinião, independente da dos outros) e sem precisar de quimica.
adorava meus cachinhos e tratava com o maior carinho- adorava sair do banho de cabelo molhado e deixar os cachos irem formando( e pasme, que sair de cabelo molhado ainda é considerado 'desleixo', eu acho sexy...)... já pintei de loiro, de ruivo( não pra agradar aos outros, mas pq queria experimentar).
qdo chegou a fase da chapinha( anos 2000 pra frente), eu tava loira e me achava linda de chapinha- fazia qdo podia pra variar, mas tbem gostava dele cacheado.
Ano 2009, minha vida entrou num ritmo de trabalho complicado: comecei a acordar 5:30 da manha p/ trab,, e cabelo estava loiro- sendo cacheado, como o meu, infelizmente só fica bonito se é lavado no dia... senão ficava esquisito. comecei a fazer escova lisa( de secador mesmo, sem quimica) 2 ou 3 vezes por semana, de noite, pq não dava conta de lavar o cabelo de madrugada e chegar arrumada no trabalho.
mudei de emprego pra um ritmo mais sossegado e desencanei da escova... dai: surpresa: meu cabelo ficou ondulado, mas os cachinhos de antes jamais voltaram.tenho saudade dos cachinhos, acho que jamais voltarão, mas estou gostando dele ondulado, comprido e castanho( a caro natural), embora varias amigas teimem em dizer que devo pintar de loiro de novo...e ainda saio na rua de cabelo molhado, recebendo visitas de cabelo molhado, contrariando todas as regras de ' etiqueta'...

Eneida Melo disse...

Eu vi desse tipo de bullying na época de escola - crespofóbicos. Me lembro de uma vez no banheiro do pré-vestibular de umas meninas comentando sobre uma discussão que havia ocorrido, e uma das garotas dizendo que não tinha culpa se a outra (que não estava presente) tinha "cabelo ruim". Detalhe que a discussão não tinha nada a ver com cabelo. Me lembro de ter ficado pensando, como assim "cabelo ruim"? Só entendi quando a babaca completou dizendo que a outra tinha inveja do cabelo liso dela.

Acho que quando eu era adolescente eu era meio alienada. Eu sempre demorava a perceber o porquê de determinadas atitudes. Ficava só chocada, ou sem entender.

Também nunca fui alvo de preconceito explícito, já que meu cabelo é entre o liso e o ondulado, e sou parda mais clara.

Parênteses grande: minha certidão e minha mãe juram que sou branca(!?), mas a maioria dos meus registros médicos diz parda. Creio que depende de quem avalia. De maneira geral, se a pessoa é mais escura que eu, põe branca; se for mais clara, põe parda. Exceção feita à minha mãe que, apesar de ser bem branca, acha que eu sou também. Acho que apesar do discurso, minha mãe é racista também, esse negócio de insistir que eu sou branca me cheira a não aceitar ter filha parda... (fim do parênteses)

Enfim, não passei por preconceitos explícitos, mas passava pelos sutis. Tipo ir visitar uma amiga e o porteiro mandar subir pelo de serviço. Demorei a entender o porquê disso também.

Nada parecido com o que você sofreu. Mas tenho uma amiga que, assim como você era, ainda odeia seus cabelos louros e crespos. Sempre está de cabelo preso, ou de arco pra controlar o tal frizz (que, aparentemente, deve ser uma ofensa a quem olha, de tão demonizado). Eu sempre tento ajudar ela a gostar dos seus cabelos, que são lindos, mas não tenho tido sucesso.

Fica aqui a minha solidariedade: Abaixo os crespofóbicos!!!

Eneida Melo disse...

Ah, esqueci de dizer (como se já não tivesse falado à beça...):

Me marcou quando você utilizou o termo "correto" ao descrever como a sociedade encara o cabelo liso.

Foi a melhor descrição que vi para o problema.

As pessoas acham errado (!) quando a pessoa tem cabelo crespo e não alisa. É o fim da picada, mesmo!

Diana disse...

Engraçado pensar nisso agora, porque faz muito sentido. Minha melhor amiga de infancia era ruiva, e nós brincavamos muito com ela por causa disso - que odiava ao ponto de vir agredir se alguém a chamasse de Pequena Sereia (o que, afinal, não faz sentido algum, isso é um elogio!). Ao mesmo tempo, éramos todos fascinados por ele - pelos cachos-perfeitos-que-só-se-vê-em-cabeleleiro e a cor tão... diferente.

A primera coisa que eu fiz aos 18 anos foi pintar o cabelo de ruivo. Porque eu aprendi a achar bonito, independente dos comentários imbecis que crianças fazem. Eu era quase a única de cabelo liso, e quando ele começaram a fazer cachos, eu quase vibrei de alegria.

Sempre detestei escova. Eu sou diferente, sempre soube disso, e nunca me incomodou - não porque eu seja maravilhosa de auto-estima, mas porque aprendi a me defender cedo demais, a ignorar a opinião alheia cedo demais.

Meu primeiro namorado era ruivo - pode-se quase chamar de obsessão! Hahaha.

E todas essas coisas horrorosas que acontecem por ai, eu sempre achei que tinha uma escola de contos de fada porque isso raramente acontecia (e quando acontecia, na minha época, eram só os meninos com os meninos gays. Eu não aprovo, mas imagino que eles se sentissem ameaçados de alguma forma.) Mas agora tudo fez sentido: estudar no pedro II, com tanta gente diferente o tempo inteiro, sem nenhuma espécie de padrão racial, financeiro, social ou o que seja foi o que fez toda diferença.

O que tanta gente só vê na faculdade, foi minha vida inteira, desde o CA. Como seria bom se pudesse ser assim para todos. Fica quase fácil entender o amor profundo de todo ex-aluno pelo Pedro II - lá todo mundo tem seu lugar, mesmo que haja um estranhamento inicial, todo mundo acha seu lugar.

Ainda há esperança, então!

Diana disse...

Lembrei de uma história muito interessante para contar, porque ela, de certa forma, dura até hoje.

O meu corpo tem um formato muitíssimo desejável de violão. Minha cintura é fina e eu tenho bastante busto, e meu quadril é largo.

Só tem um problema ai: muito antes dos hormonios conseguirem entrar em ação para te afinar a cintura e te fazer ter peito, seu quadril já está, naturalmente, largo. Você cresce, e seus ossos juntos.

Quando eu tinha 10, 11 anos; era chamada de 'bunduda', 'tanajura', e outra coisas mais. Me irritava, claro, porque eu sempre fui esquentadinha; mas nunca me ofendeu profundamente até o dia que apareceu, na porta do elevador de serviço do prédio, cortado em chave:

DIANA TEM CUZÃO.

Eu quis morrer de vergonha, e fiquei neurando com o momento em que meus pais veriam e fariam perguntas. Eles não falaram nada que eu lembre, provavalmente porque sabiam que não adiantava muito -- não tinha como saber quem fez, nem tinha como apagar.

Os anos passaram, e continua escrita a mesma coisa no elevador. Eu, aos poucos, deixei de me importar - de me envergonhar - mas subitamente o problema voltou.

Porque meu filho está aprendendo a ler, e honestamente, não é algo que você quer que seu filho leia, na porta do elevador. Talvez, se não fosse o palavrão, eu nunca mais pensasse no assunto, mas é claro, se não fosse tão chocante, eu teria ignorado desde o princípio.

E o que fazer? Nada. Só, na hora que ele achar, pegar isso como exemplo para porque não se deve falar coisas ruins das pessoas. Nada mais.

Gai disse...

Mariana,

achei seu desabafo muito importante, tanto para você, como para tantos outros que sofrem bullyng. Mas, me chamou a atenção o fato de você também se mostrar preconceituosa chamando o Valderrama de horroroso? O preconceito acontece de maneira explícita e de forma silenciosa e inconsciente também. Fique atenta! A sociedade brasileira é realmente muito preconceituosa, produzindo crianças e adolescentes cruéis, que se tornam adultos mais cruéis ainda, muitas vezes, inconscientemente, outras, bem consciente. O Padrão de beleza, disseminado pela mídia, é sempre da mulher branca, loira, magra, sarada, gostosa, de cabelo liso ( nem que seja passado à ferro), coitada daquela que foge a esse padrão. E são muitas! Afinal este é o País dos miscigenados, graças a Deus!! È uma pena que os jovens tenham poucos exemplos a seguir, como o próprio Valderrama, que não raspou o cabelo, como Ronaldão e cia. o fizeram, e que nega ser negro. Thaís Araújo, que usa aquela cabeleira crespa linda, e fica mais linda ainda com ela, assume sua negritude sempre, nunca fazendo pose de falsa negra, mesmo no seu discurso. Infelizmente, a maioria, quando surge na mídia, ao seu natural, negro, gordo, cabelo enrolado, etc., logo, logo, sucumbem a pressão e assumem o Padrão exigido. Quando as pessoas enxergarem que não são gado e que ser bonito é ser diferente, da maneira que a pessoa é, o mundo será bem diferente. E isso inclui tudo, cor da pele, peso, altura, cabelo, sexo, nível social, nível educacional, etc. Seja feliz, do jeito que você é. Acredite nas pessoas que lhe amam, que você e sue cabelo são belos. A imagem não é tudo! como as propagandas e as pessoas fúteis querem nos fazer crer. Voicê acredita que as pessoas que correm atrás da iamgem perfeita são felizes realmente? É uma falácia. ninguém pode ser feliz contrariando seu verdadeiro eu, tanto fisicamente cono mentalmente. Viva la vida loca, do jeito que ela é. Seja feliz, do jeito que você é, já dizia Darcy de "O Diário de Bridget Jones"

Anônimo disse...

Boa noite Lola


Gosto mto de ler seu blog.
Passei por todo tipo de bullying na infancia e adolescencia.
Era a gorda, a feia, e além de sofrer na mão de estranhos minha mãe tbém dizia q eu era feia e não prestava.
Hj sei q minha mãe era doente.
Anos de vida e lágrimas, e psicologos, para descobrir q , nao, eu nao era feia, nem má, nem nunca mercei todo sofrimento q me foi imposto.
Minha mae era ma, doente, e tenho raiva de quem fala que mae é mae, pq ser mae nao muda o carater e loucura de ninguem.
Mtos de seus relatos, seus e e de suas leitoras e leitores, me fazem chorar, lembro de tudo q passei.
Mas sinto uma coisa boa, eu venci.
Hj sou feliz, bem resolvida.
De vez em qdo choro pela menina triste q fui, sem apoio de ninguem.
Pego a menina triste q fui um dia no colo e falo baixinho pra ela: "shhhhh, já passou, meu amor, eu estou aqui e ninguém vai te fazer mal".
Faço agora, na minha mente, o q nunca ninguém fez por mim.
Se na epoca q passei eu tivesse algo como o seu blog para ler, certamente nao me sentiria tão feia, gorda, triste e sozinha.
Li a menina de 17 anos q te escreveu agradecendo pq vc a ajuda.
Tbém qro te agradecer Lola.
Por mim, pela menina e adolescente triste q fui um dia, pq ler o q vc escreve me ajuda ainda hoje.

E sei q vc , sem saber, deve ajudar mtas pessoas q, assim como eu, passarm por bullying, preconceitos e tudo.

Sei q vc não acredita em Deus, minha qrida, mas deixo uma oração para vc, com todo amor e agradecimento, por mim e por tantas meninas q sentem-se melhores ao ler o q vc escreve.

Boa noite,continue espalhando luz.
Tudo de bom na sua vida e de quem vc ama.

Obrigada

Thay Oliveira disse...

Eu tenho 14 anos e sei como é,ou mais ou menos. Sou negra e quando ligo a tv só vejo preconceito . Numa matéria sobre Skin Heads [não sei como se escreve] Uma mulher dessa turma disse que nós negros não somos pessoas somos animais,comecei a chorar e a pensar se agr ta assim,imagine quando eu tiver o meu filho ? O que vai acontecer com ele nessa sociedade em que se voc for numa loja comprar algo mais caro voc e tratado com diferença por causa da cor ?

RECOMEÇO disse...

Também tenho o mesmo problema de aceitação, tudo por causa que quando estava no antigo ginásio fui hostilizada na sala de aula por causa do meu cabelo crespo. Me chamavam de Ravengar( personagem de uma novela da globo"Que Rei SOU EU",medusa, bombril. Sofri muito, e até hoje já com os meus 34 anos, ainda sinto,não consigo me achar bonita, até acho o meu corpo bonito, mas o meu rosto e cabelo,não tem jeito. Fiz várias progressivas E relaxamentos. Agora resolvi parar com as químicas e deixar natural, comecei a corta. Mas enfim, estou tentando,um dia isso vai acabar.

Pinup-stache disse...

Até os 10 anos, tive o cabelo mais liso que de indigenas só que, a herança italiana da familia do meu pai me presenteou com um cabelo cacheado na adolescencia. No começo, eu amava pois ele era tao bonito, diferente das outras meninas mas, com a insistencia familiar (vulgo mniha mae, dona de um ex cabelo liso maltratado pela quimica) fiz relaxamentos e perdi meus cachos. Hoje ele é mais liso, mesmo sem quimica mas é "armado" então o aliso há cada 6 meses para conseguir arrumar-lo. O fato de eu ter ficado loira de cabelo liso me faz pensar que eu também acho que esse é o padrão de beleza que devemos ter. Já convenci diversas amigas donas de cabelos crespos a não alisar, de honrar seus belos cachos. O engraçado é que eu mesma tenho esse problema de auto-estima com o meu cabelo, do mesmo jeito que a autora do post e, no minimo de raiz, vou correndo alisar o bicho de novo. Estou tentando lutatr contra esse padrão boneca Barbie de beleza que coloquei em mim mesma. O engraçado é que, sempre achei as mulheres negras e asiaticas muito mais bonitas que as brancas mas eu mesma não consigo me ver bonita com meus cachos e com uns quilinhos a mais. Isso é engraçado e triste ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

Eu hoje com meus 20 anos, lendo esse post tão antigo, me lembro lá dos meus 15... onde sofri preconceito por ser branca demais, ter o cabelo liso demais, preto demais, por ter seis grandes demais... ganhei diversos apelidos horriveis.. como: boneca de cera, demonia de gelo, Michael Jackson do interior, morticia... quando me chamavam de gasparzinho eu dava graças a Deus... minha mãe nunca soube.. eu era a chacota da escola... sofri até o terceiro colegial, foi quando uma menina me pegou na saída e me deu uns tapas dizendo que eu era bonita demais.
Só estou comentando aqui pra dizer q sofri simmm e muito.. mas superei e hoje em dia me acho linda... acho que o pior do bullying é a influência que os agressores causam na cabeça do atingido... Você se sente feia, uma verdadeira idiota.. no fim acho q isso acabou me ajudando.. sofri dos 15 aos 17... acabou em 2012 quando terminei a escola. E acho até engraçado lembrar disso... pq hoje sou uma pessoa muito forte, segura e decidida. E o mais legal é que a maioria dos idiotas que me xingavam e que tanto me humilharam hoje correm atrás de mim.. pq vêem a grande mulher e boa pessoa que me tornei. Pra se ter uma idéia eu tentava ser invisível... fazia de tudo pra não ser notada.. hahaha eu sei que o meu caso é mto recente... mas pode ajudar jovens que passam por isso.. o bullying passa.. as consequências dele não devem ficar.. tenha sempre em mente que o maior prejudicado é o agressor... o problema é dele e está nele.. Não se deve levar isso com você!

Anônimo disse...

Oii eu sou dos adolescentes de 2013,2014,2015
Sofri bullyng por 5 anos ate o meu 2 ano Médio, e a minha historia é idêntica só que o nome do jogador muda para David Luiz da copa de 2014 e antes da copa era Biro Biro então acredito q eu sofro pouco mais que vc mas apesar disso tudo amo meu cabelo e me acho perfeitamente linda. Só quero ir pra universidade pra n ter ratos me enchendo o saco com falazadas sem sentido. Obrigada pelo post. N sou a única . Brasil um pais q mais tem cabelo crespo e que mais faz bullyng com cabelo crespo. Acho q a globo (Mídia) q faz os padrões e a grande culpada. Q Ódio!!! Só Deus mesmo e Nossa Senhora q mevajuda muitooo por isso me sinto bem comigo msm .