sexta-feira, 8 de maio de 2020

REGINA DUARTE, OU O ESCÁRNIO QUE ESCONDE A INCOMPETÊNCIA

Depois de não fazer absolutamente nada de relevante desde que assumiu a Secretaria da Cultura, a ex-namoradinha do Brasil estava pra cair. 
Ganhou sobrevida depois de dar um show de estupidez numa entrevista à CNN, que fez os bolsominions romperem sua lua de mel com a emissora, e que levou a tag #ReginaFascista ao alto dos TTs.
Mas seu desdém pelas mortes do coronavírus e pelas vítimas da ditadura militar escondem sua mais profunda incompetência. Assim como Damares, que não está pondo a verba da sua pasta para gerar ações que promovam os direitos humanos, a Secretaria de Regina até agora executou apenas 7,6% do orçamento para 2020. Ou seja, está parada. 
A antropóloga Carmela Zigoni, assessora política do Inesc, explica o que (não) está acontecendo:
Em entrevista à CNN na noite de ontem (7/5), a atriz Regina Duarte, que hoje ocupa o maior cargo público no campo da gestão de políticas de cultura, desempenhou seu pior papel à frente da Secretaria Especial da Cultura até o momento. 
Grosseira e autoritária, chegou a entoar um canto associado à ditadura e a diminuir as mais de nove mil mortes decorrentes do novo coronavírus no Brasil.
Regina foi cobrada ao vivo por Maitê Proença –- um “contraponto” escolhido pela emissora para dialogar sobre ações no campo da cultura neste momento de crise -–, mas também nas redes sociais por outros artistas, como Anitta, Bruno Gagliasso e José de Abreu, que se manifestaram após o show de horrores da “gestora”.
Mas o que ela poderia fazer para contribuir neste momento de crise? Uma rápida análise da execução orçamentária para políticas da cultura nos dá pistas.
O recurso autorizado para o Programa 5025: Cultura na Lei Orçamentária de 2020 é da ordem de R$ 1,3 bilhão. Deste montante, foram pagos somente 19 milhões, além de restos a pagar de anos anteriores no valor de 85 milhões, representando uma execução de apenas 7,6% do orçamento disponível para a Secretaria. Estamos no quinto mês do ano e ações não foram anunciadas para viabilizar a execução deste recurso tão necessário aos artistas e ao povo brasileiro neste momento.
A pandemia da Covid-19 trouxe impactos econômicos e sociais para diversos setores em nossa sociedade, entre eles, a impossibilidade de trabalho para diversas classes, como a artística. Impedidos de realizar seus espetáculos ou levar adiante projetos frente ao isolamento social, artistas de diversas áreas estão deixando de receber salários e acessar editais. Alguns governos têm criado ações para diminuir estes impactos, como os do Maranhão e Niterói, que desenvolveram editais específicos para apoiar financeiramente espetáculos virtuais.
Brasil com baixa imunidade
O relatório recém-lançado do Inesc, “O Brasil com baixa imunidade”, revelou que a cultura tem sofrido cortes orçamentários desde 2014, o que em 2019 significou menos 25% de recursos em relação a 2018. O relatório também aponta a desigualdade internalizada na concepção de cultura: a análise sobre o direito a cidade revela que os equipamentos e artistas periféricos pouco ou em nada são contemplados com os recursos públicos destinados à cultura. Soma-se a isso o racismo institucional, quando observamos que o único recurso específico para a promoção da cultura negra, a saber, o financiamento das ações da Fundação Cultural Palmares, representaram, em 2019, menos de 3% dos mais de R$ 1 bilhão disponíveis no Programa Orçamentário 2027: Cultura – Dimensão Essencial do Desenvolvimento.
Apesar dos cortes, ainda há um enorme montante em 2020 a ser gasto com empreendedorismo cultural, fortalecimento da educação cultural, preservação do patrimônio, audiovisual e infraestrutura para o setor. Enquanto a secretária especial da Cultura Regina Duarte cultua a morte com suas gargalhadas de escárnio, o Brasil segue enterrando pessoas e negligenciando seus artistas em um dos momentos mais difíceis da história. Nos resta a esperança equilibrista, pois o papel de gestora, dificilmente Regina Duarte irá interpretar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sou novo e leigo no assunto. Me interesso em aprender mais. Minhas dúvidas:
Como os feminismos lidam com o conceito de sororidade em uma situação dessas?
Sob o ponto de vista de vocês (sei que não há concordância entre as várias vertentes do feminismo), não é relevante que um mulher, como a Regina Duarte, ocupe uma pasta tão importante?
Qual a relevância que vocês atribuem a noção de poder simbólico?
O blog se filia a alguma vertente feminista específica?

La Mamacita disse...

Nunca gostei da Regina Duarte, nem quando assisti A Roque Santeiro,mas agora tenho nojo da Duarte. Um ser humano desprezivel.

Felipe Roberto Martins disse...

Lamentável. A classe artística deu resposta...: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/05/512-artistas-assinam-manifesto-contra-regina-duarte-nao-nos-representa.shtml