segunda-feira, 18 de novembro de 2019

AS MULHERES NA RESISTÊNCIA LATINO-AMERICANA

Graças ao golpe de Estado iniciado no domingo retrasado, já há mais de vinte bolivianos mortos e dezenas de feridos e presos. 
Uma reaça de marca maior, Jeanine Añez, se autoproclamou presidente, seguindo a moda de Guaidó na Venezuela. Cresce cada vez mais o repúdio internacional ao golpe. E, na Bolívia, as pessoas -- principalmente as de origem indígena, maioria no país -- não se cansam de lutar, apesar da polícia e dos militares atirarem covardemente, como fazem no Chile.
Aliás, no Chile, onde a luta também não cessa, já há mais de 200 pessoas que foram cegadas durante as manifestações por covardes armados e uniformizados. Houve um protesto para chamar a atenção sobre essa tática horrível da polícia (mirar nos olhos para cegar mesmo), e várias pessoas notaram como a maior parte das vítimas é de mulheres. 
Para entender o que está acontecendo e ver como as mulheres lideram essas revoluções, recomendo três vídeos curtos. Este é o discurso de uma jovem manifestante contra o golpe na Bolívia. Ela diz: "Esta bandeira [Whipala, símbolo da pátria, de origem andina] não é de um partido político. É dos nossos indígenas, que não têm lutado apenas durante 20 dias, mas durante anos, décadas, pela liberdade dos povos indígenas!"
No Chile, uma senhora desafia os carabineiros. Um deles tenta prendê-la e recebe em troca um tapa. Outras manifestantes perguntam: "Vocês não foram ensinados a respeitar?" Não, parece que não. Só ensinaram a esses soldadinhos a proteger patrimônio de corruptos e oprimir o povo. 
Ainda no Chile, uma corajosa mulher, em vez de fugir dos tiros, vai pra cima. Xinga muito, chama os militares de estupradores e torturadores, manda os caras irem jogar Playstation com seus filhos em vez de atirar nas pessoas, exige "respeito a sua própria gente", e pergunta "Hasta quando?" (até quando?).
A luta continua. Enquanto tivermos guerreiras assim, não será fácil pros neoliberais e imperialistas. 
Antes de terminar, o vice de Evo Morales, Álvaro Garcia Linera, escreveu um lindo artigo (em espanhol) sobre como o ódio racial é a mola deste golpe. Leia trechos em português aqui
Um momento de esperança: houve uma bonita manifestação ontem na Av. Paulista contra o golpe na Bolívia. Foi imensamente maior (e melhor frequentada) que o fiasco que bolsominions organizaram para pedir o impeachment de Gilmar Mendes. 
E eis um vídeo que pode vir a ser muito útil aqui no Brasil: uma manifestante ensina como fazer máscaras contra gás lacrimogêneo usando garrafas de plástico.

3 comentários:

Felipe Roberto Martins disse...

Lola:) Adorei a idosa, colocou esta gente no devido lugar!!!

Anônimo disse...

A ditadora boliviana(fato inédito na história, a primeira mulher ditadora) está massacrando a maioria nativa boliviana, num vídeo que está circulando no twitter um rapaz que estava filmando com o celular é assassinado por disparo dos militares. Se o regime ditatorial não cair, o massacre chegará a casa dos milhares como nas ditaduras militares do século passado. E se as eleições por acaso forem realizadas serão uma farsa, já que um partido estará proscrito!!!!

Anônimo disse...

Desculpem. Mas, na minha opinião, as mulheres definitivamente não estão liderando essa resistência.
São uma cambada de esquerdo machos que não dão o devido espaço às mulheres, pois eles querem levar os méritos sozinhos.

Mas claro, o papel das mulheres é importantíssimo. Uma pena que os homens sempre tentem ofuscar o brilho das mulheres.