Na noite de sexta, no Rio, uma menina de 8 anos, Agatha Félix, morreu com um tiro nas costas dentro de uma Kombi. Ela estava ao lado do avô.
Agatha morreu de "bala perdida", daquelas que quase sempre encontram pessoas pobres e negras. Não foi a única. Na realidade, ela foi a 16a criança vítima da violência armada na Grande Rio. Oito delas durante algum tipo de ação policial.
A PM disse que revidou a um ataque. Vizinhos contaram que não houve confronto algum: os policiais atiraram contra uma moto, mas a bala desviou e entrou na Kombi.
O avô se revoltou: “Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e dizer que morreu uma criança no confronto. Que confronto? Confronto com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Ele atirou por atirar na kombi. Atirou na kombi e matou minha neta. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?”
A família de Agatha recusou ajuda do governo para custear o enterro.
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O governador do Rio, Wilson Witzel, eleito no surto fascista que levou Bolso ao poder federal, defende franco-atiradores e helicópteros blindados em ações policiais, mesmo que essas ações ponham em risco centenas de pessoas, incluindo crianças. Segundo reaças, assassinatos como o de Agatha são apenas efeitos colaterais. Resultado de um excelente trabalho policial.
No mesmo dia em que o assassinato de Agatha mobilizou as redes, Eduardo Bolsonaro, que quer ser embaixador nos EUA, divulgou vídeo de uma criancinha armada. Ele disse: "brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido". Há discordâncias.
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Fascistas que mandam polícia matar geral não são bandidos. Bandido é quem mora em favela e quem é de esquerda.
Outras barbaridades que li ontem no Twitter foram um reaça reclamando: "Daqui a pouco vão dizer que foi a polícia que matou a menina" (ué, não foi?). E outro dizendo que estamos politizando a morte de uma criança. Porque, segundo ele, a polícia que mais mata no mundo matar uma menina negra e pobre não é um ato político.
Como também não deve ser um ato político o silêncio ensurdecedor das autoridades responsáveis por esse genocídio. Bolso, que anunciou com pesar a morte de um músico misógino que se suicidou após espancar a amante grávida, não deu um pio sobre o assassinato de Agatha. Mas esses cidadãos de bem(ns) não se autointitulam defensores da família? Ou quando a família é pobre não conta?
Lembram do escândalo que reaças fizeram com um beijo numa história em quadrinhos? O escândalo foi pra salvar as crianças, juraram eles. Mas silêncio total dessa mesma gentalha quando uma criança de verdade é morta.
7 comentários:
Não tenho palavras pra descrever o quanto odeio gente como o Witzel, Bolsonaro e seus apoiadores.
Sempre que olha uma imagem da Agatha, penso na minha irmãzinha.Não posso imaginar a dor da família, nem consigo entender como alguém pode ver isso e não sentir nada.
A Agatha merecia muito mais que isso!
Lola, como aguentar o RJ ? Duvido que isso vai fazer o eleitorado do Witzel aprender.
É triste e revoltante demais esse tipo de situação. Os nossos governantes estão apoiando a morte de inocentes. E é óbvio que ficaram quietos por isso, porque só mostram a cara mesmo na hora de confiscar uma HQ com dois homens se beijando... Por que será, né?
Mulher-Maravilha representa a verdade, a justiça e o amor (certas coisas qu gentalha como o Witzel nunca vai entender.)
Ver a imagem da Agatha, uma criança oprimida e que pelo visto se sentia representada por essa heroína morrer dessa forma é praticamente um soco no estômago.
Quero ver é quando o novo excludente de ilicitude for implementado.
Bala perdida é mais achada em gente pobre porque conflitos armados acontecem com muito mais frequência em bairos pobres/favelas.
Sem palavras que possam expressar corretamente o ódio e a dor. Simplesmente não tem como. Apenas meus votos de que cada responsável pela morte dessa criança pague o mal que fez EM DOBRO.
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