A cada 3 minutos uma pessoa desaparece no Brasil. É muito mais comum do que se imagina. Já ouvi que ter um desaparecido na família é pior do que ter um filho morto, por exemplo (que pais e mães já consideram uma dor indescritível), porque você não tem certeza do que aconteceu com quem você ama.
Reproduzo aqui a excelente reportagem de Mariangela Castro para a J.Press (Agência de Reportagens da Jornalismo Júnior da USP) sobre mães que continuam procurando seus filhos.
“ELA ESTÁ VIVA E PRECISANDO DE MIM”
Quando Marcele da Silva Ribeiro, há dois anos atrás, pediu para sua filha do meio Polyanna Ketlyn ir ao bar em frente sua casa comprar uma caixa de fósforos, ela não imaginava que esta seria a última vez que a veria.
Polyanna tinha 10 anos em abril de 2015. A rua estava movimentada naquela noite e, antes de sair, pediu para sua mãe 0,50 centavos a mais, porque também queria comprar um doce de banana. Se passaram 10 minutos sem que ela voltasse pra casa, então Marcele foi ver o que tinha acontecido. Hoje já se passaram 2 anos e ela ainda não voltou: “Quando cheguei ao bar soube que ela não tinha ido até lá, meu coração apertou e nesse momento eu já sabia que algo de muito anormal tinha acontecido. Entrei em desespero total, sem forças pra andar ajoelhei no chão e gritei o nome da minha filha. Esse foi e está sendo o pior momento da minha vida.”
Nesse momento, os vizinhos apareceram e ajudaram a procurar, buscas foram feitas em toda a região. No dia seguinte o caso já estava na mídia, mas desde então ninguém teve nenhuma notícia. A vida de Marcele se resume ao movimento #voltapolyanna: ela divulga diariamente fotos da sua filha nas ruas e nas redes sociais, cola cartazes, produz faixas e até manifestações. “Muita gente ruim brincando de passar trote me caluniando, é um verdadeiro inferno, estou sem rumo, desesperada. Sei que ela está viva precisando de mim, chamando por mim, eu preciso encontrá-la! Não tem um dia que eu não me culpe, não sei mais o significado da palavra felicidade”.
O caso da Marcele não é isolado: ela compartilha da mesma dor que outras milhares de mães brasileiras também sentem. O ministério público entende que o conceito de desaparecimento, apesar de ser sempre multicausal, engloba 3 principais situações: o voluntário, involuntário e forçado. O primeiro, apesar de voluntário, deve ser trabalhado porque na maioria das vezes é protagonizado por vulneráveis (crianças e adolescentes) que não possuem consentimento válido juridicamente. Caso seja uma pessoa maior de idade e sã, ao ser encontrada cabe a ela a escolha de querer ou não rever a família, podendo também realizar acompanhamento psicológico na promotoria, o qual visa a reestruturação dos laços familiares.
O desaparecimento involuntário diz respeito à pessoa que não pôde reagir, seja em casos de acidente, catástrofes naturais ou até doenças mentais. Nesses casos, o local do desaparecido é informado à família assim que este for localizado. Por fim, o forçado é o mais grave, pois envolve crime e ameaça; está ligado a organizações de tráfico (material ou humano), violência urbana, policial ou doméstica — essa última, apontada como causa recentemente.
Um dos maiores problemas que se tem hoje na busca pelos desaparecidos é a questão da orientação na própria delegacia para aguardar 24 horas antes de dar queixa. Uma pessoa desaparece no Brasil a cada 3 minutos e o BO deve ser feito imediatamente, mesmo que não haja certeza, já que as primeiras horas são cruciais para encontrar o desaparecido.
Um mapeamento feito pelo Ministério Público de São Paulo, através do PLID (Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos), mostra que em 60% dos casos os desaparecidos são homens, em 40% dos casos possuem entre 12 e 20 anos e em 75% dos casos não possui causa definida.
Allisson dos Santos Almeida trabalhava como porteiro e estudava para a faculdade de Design Gráfico, mas estava de folga no dia 24 de agosto de 2013. Sua mãe, Mirian dos Santos, chegou em casa às 18h e ligou em seu celular, quando ele disse estar na casa da namorada. No dia seguinte, a namorada dele informou que os dois estavam juntos porém, à noite, um amigo ligou dizendo que estava perdido e Allisson foi ajudar o rapaz. Nunca mais voltou. “Eu me sinto vazia, me falta a minha melhor parte, me sinto perdida, meu mundo perdeu a cor”, conta Mirian.
Desde então ela cola fotos nas ruas, faz cartazes com o rosto dele, para nos pontos de ônibus, posta no Facebook, faz camisetas, vídeos, e tudo que lhe é possível fazer para encontrar o seu filho. Em 2014, Mirian passou a fazer parte do movimento Mães da Sé que, segundo ela, lhe tem dado muita assistência:
“Temos que ter apoio de pessoas que passam pelo mesmo problema, temos que ter alguém para olhar e pensar ‘se ela não desistiu, eu também não vou desistir’”, continua. “A única coisa que me dá esperança é que pra mim o meu filho tá vivo, a última vez que o vi ele estava dormindo, eu não consigo pensar no meu filho morto. Eu estou aqui não só de braço, mas de coração e de portas abertas para recebê-lo”.
“Temos que ter apoio de pessoas que passam pelo mesmo problema, temos que ter alguém para olhar e pensar ‘se ela não desistiu, eu também não vou desistir’”, continua. “A única coisa que me dá esperança é que pra mim o meu filho tá vivo, a última vez que o vi ele estava dormindo, eu não consigo pensar no meu filho morto. Eu estou aqui não só de braço, mas de coração e de portas abertas para recebê-lo”.
“TUDO QUE EU TE FALAR EM SENTIMENTOS AINDA NÃO VAI EXPLICAR A DOR QUE SINTO”
“Mães da Sé” e a “Mães em Luta” são as duas principais ONGs de São Paulo responsáveis por dar suporte às que procuram por seus filhos. Suas fundadoras compartilham dessa luta do mesmo modo que suas filhas compartilham o nome: Fabiana.
No dia 12 de novembro de 1992, Fabiana Renata Gonçalves, de 13 anos, foi andando de casa até a escola no bairro do Jaraguá. Ela saiu às 14h30 para o caminho diário que durava pouco mais de 20 minutos, mas naquela quinta-feira não chegou ao seu destino.
Vera Lúcia, sua mãe, voltou do trabalho à noite e, para não assistir o horário político, levou seus outros dois filhos na padaria com a intenção de encontrar com Fabiana no caminho. Quando percebeu, já estava na porta da escola e lá lhe informaram que não houve aula naquele dia e que ninguém tinha visto sua filha. Desde então ela procura: Fabiana é uma das meninas mais divulgadas no Brasil afora e, em 25 anos, Vera não teve nenhuma notícia.
Ao longo de sua luta, ela conheceu outras mães. Uma delas também procurava uma Fabiana desaparecida aos 13 anos na Zona Norte. Juntas começaram a militar. A partir de um encontro na Praça da Sé, muitas famílias apareceram para discutir o assunto: começou assim o movimento “Mães da Sé”.
Em 2005, Vera Lúcia quis se dedicar a um projeto que focasse mais na prevenção do desaparecimento, surgiu a ONG “Mães em Luta”, na qual trabalha hoje. Ela realiza principalmente atendimento familiar, divulgação de informações sobre os meios de busca e oferece consulta jurídica e terapia individual. “As famílias sentem que com elas nunca irá acontecer, que foi um problema específico, e não é assim. O desaparecimento envolve várias questões sociais e econômicas”.
A falta de políticas públicas e de noção da importância do tema torna o assunto mais complicado. Vera diz que a própria polícia não possui treinamento para lidar com o social: “Eles acham que o desaparecido é sempre o garoto ou a garota que tem já tem problemas. Minha filha desapareceu aos 13 anos, isso há 25 anos, mas muita gente fala ‘nossa mas você deixava ela ir sozinha? que descuido’. O julgamento é muito grande”.
Segundo ela, o engajamento das mães de desaparecidos nas ONGs é fundamental para manter a esperança viva. Ter alguém que as represente e que sinta a mesma dor é o que as faz não desistir: “Nós não prometemos encontrar, mas prometemos tentar aliviar a dor e divulgar o máximo que a gente puder. O que tiver ao nosso alcance, vamos fazer.”
“A gente não sente, a gente não vive, a gente passa a simplesmente sobreviver”, diz Vera sobre o sentimento de uma mãe sem o filho. “A dor é tão grande, tão grande, tem um buraco que mesmo depois de anos e anos nada o preenche. Não sabemos o que aconteceu, é uma história que teve início mas ainda não teve fim. Não pensamos em mais nada, só nisso. É só busca. Tudo que eu te falar em sentimentos ainda não vai explicar a dor que sinto.”
Quando Robson Roberto da Cruz desapareceu ele já era adulto: 15 meses atrás, tinha 39 anos. Robson tem esquizofrenia (nesse caso, é considerado desaparecimento involuntário) e saiu de casa por se sentir excluído da sociedade e da família, segundo sua mãe Ivilda Maria Pessulado. “As pessoas não acolhem o pessoal doente”.
Ivilda procura o seu filho por todo o país, já foi de São Paulo a Tocantins atrás dele e nunca recebeu nenhuma notícia. “Ele não é uma pessoa má, mas alguém precisando de ajuda. O que eu tô sentindo, o que todas essas mães estão sentindo, é uma dor que não para. Eu tô nessa busca todo dia, mas a fé eu não perco nunca. Tem uma coisa me falando que eu vou achar ele; não sei como e não sei quando, mas eu vou achar o meu filho”.
“NADA É MAIS IMPORTANTE DO QUE O SER HUMANO QUE NÃO ESTÁ”
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) implantou em 2013 o sistema PLID (Programa de Localização e Identificação do Desaparecido), que consiste em uma base de dados que analisa os Boletins de Ocorrência feitos na Secretaria de Segurança Pública. A utilização do programa é importante para que seja possível mapear as características e obter informações.
A Promotora da Justiça e Coordenadora do PLID do MPSP, Eliana Vendramini, diz que a principal dificuldade no trabalho com desaparecidos é a falta de políticas públicas e a falta de um sistema integrado que una todas as bases de dados presentes nos hospitais, na polícia, no IML (Instituto Médico Legal) e também as informações biométricas do estado. “A nossa função não é resolver caso a caso, embora a gente possa, aqui estamos mais preocupados com o direito coletivo, o direito que está sendo violado por falta de política pública.” A existência deste sistema é prevista por lei desde 2014, entretanto a falta de diálogo entre os órgãos públicos dificulta sua criação.
Segundo Vendramini, já foram registrados dezenas de casos em que a pessoa é dada como desaparecida por meio do Boletim de Ocorrência e alguém com o RG no bolso é enterrado como indigente, simplesmente por não ter ocorrido um cruzamento de informações entre a polícia civil e o IML. Ou seja, a família pode passar 15 anos procurando uma pessoa que foi morta 3 dias depois de ter desaparecido. “A gente chama isso de re-desaparecimento, porque a pessoa desapareceu, foi feito o boletim, depois a pessoa apareceu, morta, e o Estado desapareceu com ela”, explica.
Até 2014, o Boletim de Ocorrência feito nas delegacias não geraria nenhuma investigação, havia apenas registro e bloqueio do RG; às vezes se consultava o banco de dados do IML, mas nem isso era regular. Foi desenvolvido então, pelo MPSP, um fluxograma de pesquisa mínima; entretanto, a investigação só é obrigatória em casos de crianças e doentes mentais. Mesmo depois de muita luta das ONGS e do próprio Ministério Público, o adolescente não é incluído.
Também foi criada pelo MPSP uma cartilha que reúne todas as informações sobre desaparecimento (o que fazer, onde ir, com quem falar).
Ainda sem previsão de início, ela será distribuída na sociedade, começando pela Zona Leste, por esta ser a área que concentra a maioria dos casos. “O desaparecimento tem uma ligação muito forte com o mapa de exclusão social, porque obviamente vai acometer pessoas com menos atenção pública, como saúde, educação e lazer”, diz Eliana. O Ministério Público de SP, assim como as outras ONGs, também fornece atendimento psicológico gratuito para a família.
Ainda sem previsão de início, ela será distribuída na sociedade, começando pela Zona Leste, por esta ser a área que concentra a maioria dos casos. “O desaparecimento tem uma ligação muito forte com o mapa de exclusão social, porque obviamente vai acometer pessoas com menos atenção pública, como saúde, educação e lazer”, diz Eliana. O Ministério Público de SP, assim como as outras ONGs, também fornece atendimento psicológico gratuito para a família.
“Eu sei que o Brasil tem mil dificuldades, há quem diga ‘ah, tem coisa mais importante’, mas nada é mais importante do que o ser humano que não está. Perdemos a noção de humanidade, de importância, achamos banal enterrar alguém sem identificação. Quanto custa uma vida? A cada segundo tem gente sofrendo porque alguém tá desaparecido, sofrendo muito. O que deu no Estado de não fazer algo sobre isso?”.
“EU NÃO VENDI MEU FILHO”
Teresa Brito tinha 22 anos em 1981. No dia 5 de julho (sexta-feira), estava arrumando a casa na qual trabalhava como doméstica no Leblon (RJ) quando entrou em trabalho de parto. Sua chefe a levou para o Hospital no qual teve o seu filho às 22h. Durante o horário de visitas do domingo, uma mulher chamada Marta e outra chamada Ane a obrigaram a fugir do hospital com seu filho e entrar em um carro. Depois de dar muitas voltas, as duas mulheres a deixaram em frente o prédio em que ela trabalhava e levaram o seu filho embora.
“Eu fiquei tão desesperada. Eu não vendi meu filho. O que eu mais quero na vida é vê-lo. Eu me sinto muito mal por isso, eu deveria ter gritado, deveria ter chamado alguém do hospital, mas eu não fiz, eu era muito ingênua”, conta Teresa, que hoje tem 58 anos e muita esperança de encontrar quem perdeu, “A gente pode passar fome e frio, e eu digo isso porque já passei, mas nada se compara com a dor de perder um filho. Por que eu não posso pelo menos dar um abraço nele?”.
Maria Aparecida da Silva Santos está na luta há 3 anos. Ataide da Silva desapareceu no dia 27 de agosto de 2014, sem documentos, foi de ônibus até o Terminal Varginha e nunca mais voltou. “Tava com a cabeça ruim, sabe?”.
A esperança de entrar seu filho vivo, mesmo sem ter recebido nenhuma notícia em todo esse tempo, é grande no coração de Maria Aparecida: “Eu queria uma resposta pelo menos, porque de noite você não dorme. E nesses dias frios é pior, sem saber se está na rua, sofrendo, se está na chuva, não é fácil, não. Mas não pode desistir, tem que lutar!”
“LUTO E LUTA TÁ MUITO PRÓXIMO, MAS MUITO DISTANTE”
O projeto “Caminho de Volta” tem tido grande importância na busca para encontrar os desaparecidos. Criado em 2004 pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, tem como objetivo auxiliar as famílias que possuem crianças ou adolescentes desaparecidos. O projeto possui um banco de dados e um banco de DNA dos familiares dos desaparecidos, apoio psicológico e propostas de ensino.
Marcelo Neumann é psicólogo e co-fundador do “Caminho de Volta”. Ele acredita que as mães se envolvem mais na luta do que os pais devido à cobrança social; nossa cultura atribui à mulher as responsabilidades de cuidar do filho, e isso é absorvido por elas. “A mãe se sente culpada por alguma coisa que ela não fez, essa luta é um pouco uma reparação. Muito do ‘sentimento perdido’ está envolvido também, o filho é uma extensão hereditária da existência daquela pessoa no mundo. Por isso ela não desiste.”
Por mais que não fique claro, existe muita diferença entre desaparecimento e morte, pois o ritual de luto, de encerramento, não existe no primeiro caso. “Aquela coisa de não saber onde seu filho está é muito angustiante, porque ainda existe a ideia dele estar vivo, ainda existe a esperança. Luto e luta tá muito próximo, mas muito distante, a luta é pela vida e o luto é pela morte.”
Neumann acredita que a ausência do Estado nessa questão é uma violação dos Direitos Humanos, por isso, seu trabalho tenta empoderar as mães no sentido político: “O sofrimento é contínuo, podemos fazer um trabalho psicológico e tudo mais, mas isso não é o suficiente pra elas, no final do dia eu não devolvo o filho delas. Portanto a saída política é uma forma de gritar para as outras pessoas. Tem que falar pro mundo sim, tem que mostrar nas mídias, tem que vestir a camisa. A participação delas nas ONGs é essencial. Não pode guardar essa dor dentro de si.”
“É MIL VEZES PIOR QUE A MORTE”
Ivanise Esperidião da Silva Santos é a presidente e fundadora do movimento “Mães da Sé” e mãe da segunda Fabiana. Ela trabalha com esse movimento há 21 anos, desde o desaparecimento de sua filha: “Quando eu vivi a minha luta sozinha cheguei à beira da loucura. Três meses depois do desaparecimento, no dia 31 de março de 1996, mães se juntaram na Praça da Sé e assim o movimento surgiu. Não paramos mais”.
23 de dezembro de 1995 foi o dia em que Fabiana desapareceu. Ela estava com amigas na casa de uma colega de escola, a 3 quadras de onde ela própria morava. Por volta das 20h elas foram embora, se separando a cerca de 120 metros de distância da entrada da rua da Fabiana. Ela tinha 13 anos, hoje tem 35 e Ivanise nenhuma informação.
As mães que participam do movimento se reúnem a cada 15 dias na Praça da Sé, aos domingos, para chamar a atenção da sociedade. De segunda à sexta-feira a ONG as atende, oferece acompanhamento psicológico e assessoria jurídica caso necessário. Eles também realizam palestras para as crianças e adolescentes das redes públicas de ensino, com o objetivo de prevenir o desaparecimento.
O movimento atende mães de todo o Brasil e já cadastrou mais de 10.000 casos, destes, 4.528 pessoas foram encontradas. “A minha filha está em cada uma dessas pessoas e a certeza e que ela está viva em algum lugar desse planeta é o que me mantém viva. Quando você compartilha sua dor com outras pessoas ela se torna mais amena. Somos irmanadas pela mesma dor e mesma esperança, pelo mesmo sentimento”.
Para Ivanise, a luta das que procuram “é viver um luto inacabado, é uma ferida que não cicatriza, é um silêncio que não tem resposta e é mil vezes pior que a morte”.
Para Ivanise, a luta das que procuram “é viver um luto inacabado, é uma ferida que não cicatriza, é um silêncio que não tem resposta e é mil vezes pior que a morte”.
Uma pessoa demora em média 21 minutos para ler este texto.
Enquanto você lia 7 pessoas desapareceram.
17 comentários:
Olha, o mundo só não é o retrato do inferno porque nele existem mães.
Leis ridiculamente frouxas, policia civil burocrática e ineficiente,trafico sexual e de órgãos, homicídios e ocultação de cadáveres, problemas mentais muitas vezes potencializados pelo uso de drogas e álcool....
...e o mundo só é quase exatamente o retrato do inferno porque nele existem homens.
Faltam palavras. O que se pode dizer numa hora dessas? Que o silêncio compungido e repleto de empatia pela dor dessas mães seja a resposta.
Não tem a ver com o assunto. Mas acabei de ler uma matéria no el pais que corrobora a minha irritação ocasional com o movimento LGBT, com exceção das lésbicas. Pesquisas feitas nas paradas com pessoas de sexo biólogico masculino revelaram que "meu cu é laico" mais o útero não é tão laico assim. Só 56% é a favor do aborto em todos os casos. Até quando são gays os machos gostam de ser inimigos das mulheres esses putos! As feministas são mais apoio ao movimento LGBT do que recebem apoio em troca. Estou tirando as lésbicas desse meio. Acho que deveríamos nos concentrar mais no feminismo.
Olha até hoje estou impressionado com o desaparecimento do menino Carlos Ramires da Costa, de dez anos de idade em 1973. Nunca mais foi visto. Sua mãe tem tido decepção em cima de decepção com DNA de rapazes que poderiam ser o seu filho. Eu tinha 14 anos e foi grandemente noticiado na mídia.
Onde estavam as pessoas que foram encontradas? Qual é o percentual dessas que desapareceram involuntariamente?
"Segundo o relatório, havia cerca de dois anos que Maria não tinha boas relações com o marido, João Melo. Os principais obstáculos para a separação seriam os sete filhos e a falta de dinheiro. Ela tornou-se amante de um pai de santo e pretendiam viver juntos. Planejaram então o seqüestro de Carlinhos para viver com eles e ao mesmo tempo tentariam pegar um dinheiro de João. Conceição tinha verdadeira paixão pelo filho e ignorava as outras crianças."
http://yosefbenyosef.blogspot.com.br/2011/05/caso-carlinhos-depoimentos.html?m=1
Só consegui lembrar dessa reportagem: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/11/internacional/1510423180_056582.html
Se alguém estiver procurando um parente desaparecido, recomendo a pesquisa judiciária também e aviso que essa é bem trabalhosa, talvez a pior de todas. Você não fica na frente de um terminal que puxa as detenções e prisões no Brasil todo, a pesquisa é estadual e é preciso considerar 3 coisas:
- você pode ter um número RG diferente em cada estado brasileiro
- é absurdo, surreal o número de pessoas detidas que chegam ao sistema carcerário sem documento algum, mesmo o mais básico de todos, a certidão de nascimento
- essa pesquisa precisa ser feita por nome, nomes semelhantes e vai dar mais resultado se em algum momento a pessoa informou o nome da mãe
Muito triste, não consigo nem imaginar a dor dessas maes/pais que perderam seus filhos, e imagino que deva ser ainda pior a incerteza de ter um filho desaparecido. Acredito que um sistema mais eficiente de cruzamento de informacoes entre a polícia, hospitais, IML, MP e demais orgaos envolvidos faria uma boa diferenca pra reduzir esse numero alarmante de desaparecidos.
"é absurdo, surreal o número de pessoas detidas que chegam ao sistema carcerário sem documento algum, mesmo o mais básico de todos, a certidão de nascimento"
Estima-se que 90% das pessoas que entram no sistema não têm nenhuma informação sobre documentos pessoais em seu prontuário. Inclusive há desde 2014 uma ação nesse sentido, para que presos possam ter os documentos mais básicos, até porque qualquer reintegração à sociedade sem eles fica inviabilizada, pra não dizer impossível. Não é incomum (particulamente nas regiões norte e nordeste) que a pessoa só passe a ter algum documento comprobatório de existência depois que entra na esfera prisional porque sequer foi registrada ao nascer.
Quero saber quantas pessoas que desapareceram foram encontradas com vida.
Que histórias tristes. São de embrulhar o estômago e apertar o coração. Que essas mães, pais, irmãos, famílias encontrem seus entes perdidos e tenham paz.
Eu imagino que o tanto de lote baldio que tem, mato, se cavasse ia achar coisa demais. Pode ser inocência minha. Mas a menina que saiu pra comprar fósforo na porta de casa e nem chegou ao local, com certezaaaa foi sequestrada por algum vizinho tarado e está enterrada no quintal dele =(
Que dor essas mães sentem...que Deus proteja nossos filhos...
Inocência? Isso aí é psicopatia!
Postar um comentário