Campanha ateia em ônibus na Inglaterra: "Provavelmente deus não existe. Agora pare de se preocupar e curta sua vida".
Faz pouco tempo, participei de um conselho de leitores do jornal, todos muito simpáticos. Na hora de dizer alguma coisa, lá fui eu falar demais: disse que considerava muito democrático que o jornal tivesse entre seus colaboradores alguém tão pouco convencional como eu, feminista, de esquerda, ateia... Um leitor admirou a minha “coragem” (ele podia ter chamado de boca grande) em me admitir ateia para um grupo de desconhecidos. Afirmou que pouquíssima gente faria isso no Brasil, já que o ateísmo não é algo exatamente popular. E ele tem razão. FHC perdeu a eleição para prefeito de SP em 1985 porque não quis responder à pergunta de Boris Casoy (“o senhor acredita em Deus?”). Numa pesquisa recente, os ateus empataram com os usuários de drogas como a minoria que os entrevistados mais odiavam: 25% disseram sentir antipatia por ateus, e 17%, repulsa ou ódio. Outros estudos apontam que um ateu assumido jamais seria eleito presidente.
Bom, felizmente não estou me candidatando a nada, e como a Constituição garante liberdade religiosa, tenho o direito de não acreditar em Deus. Mas não fui sempre ateia. E tampouco houve algum trauma que me fez perder a fé. Meu pai era ateu, mas não fazia muita propaganda disso. Já minha mãe é católica, do tipo que vai a missas no natal, e que gosta de visitar igrejas em outros países (outro dia, pela primeira vez na minha vida, ela se disse ateia. Eu me surpreendi). Ela pôs meus irmãos e eu para estudarmos em escola católica. A escola era ótima, americana, com alunos de todos os cantos do mundo, mas a parte religiosa não era legal. Havia missas no colégio, e todos os alunos eram obrigados a ir. É ruim, pra uma criança ou adolescente, sentir-se tão diferente. Como não fomos batizados, não comungávamos. Nossos amigos iam lá na frente e colocavam a hóstia na boca. Tudo isso deve ter me influenciado para que, com treze anos, eu me tornasse ultra católica. Eu rezava na capela da escola todo dia, durante o almoço. Naquela época eu queria ser freira. Na realidade, acho que minha ambição era um pouco maior: eu queria ser santa mesmo. Eu fantasiava terremotos (no Brasil!) que derrubariam a estátua da Virgem Maria em cima de mim, e, como eu morreria rezando, e naquela idade era puríssima, facilmente seria canonizada. Olha só que pensamentos torpes pra uma menina de 13 anos!
Naqueles meus meses católicos, transformei a vida do meu pai num inferno. Eu o arrastava pra missa todo domingo. Como meu amado papi fazia qualquer coisa por mim, ele ia sem reclamar muito (minha mãe, a católica oficial da casa, não ia). Eu também fazia com que ele e meus irmãos rezassem antes de dormir. Mas as freiras da escola me aterrorizavam com histórias de que mesmo um bebê (símbolo máximo da pureza) não-batizado não vai pro céu. Isso poderia comprometer meus planos de virar santa. Só que pra ser batizada aos 13 anos não é fácil. Não só você tem que fazer um curso, mas seus pais também! Eu insistia muito pro meu pai fazer o tal curso, e ele, sabendo que minha fase iria passar logo, dizia sempre “Mañana, querida, mañana” (ele era argentino, mas era excelente pessoa).
Entretanto, a religião criava conflitos com meu feminismo. Eu era bem chata com as freiras, pedindo explicações pros seus dogmas o tempo todo: essa história de Adão e Eva é pra ser literal? Tipo, Deus fez primeiro o homem, e aí, como um complemento, fez a mulher? E por que Deus é sempre representado como um senhor de barba branca? Por que Ele é Pai, Senhor, tudo no masculino? Aí tem... E como assim, freira não pode rezar missa? Hã, o que você disse? Freira não pode ser papa?! Cês tão de sacanagem comigo! (eu era ambiciosa, e pensava que, se a ideia do terremoto no Brasil não vingasse, sempre me sobraria um plano de carreira). Ninguém conseguia responder minhas dúvidas de forma convincente, e aos poucos fui me decepcionando com uma religião que me queria para massa de manobra, não para liderança. Uma religião que me discriminava diariamente, a cada leitura.
Daí foi um passinho pra eu perceber que deus não me criou. Fui eu que criei deus. Mas às vezes sinto falta de acreditar em alguma coisa, como na vida após a morte. É chato saber que minha vida será breve, que não vou me reencontrar com meu pai ou com meus bichinhos de estimação.
Mas eu sempre fui feliz, e percebi rápido que podia viver numa boa sem ter resposta pra tudo. Porque é isso que as religiões proporcionam, certezas. Não preciso delas. Já fui discriminada por ser ateia, talvez tenha deixado de conseguir um emprego pelo que escrevo no jornal, quase já fui agredida fisicamente e tal. Acho um sinal de ignorância grande quem pensa que ateus não têm valores ou morais. Pra quem pensa isso, apresento umas estatísticas provocativas:
- Entre católicos americanos, o divórcio acontece em 40% dos casais. Entre os evangélicos, 27%. Entre os ateus, 21%. Ateus se divorciam menos que religiosos, quem diria?
- Na população carcerária americana, apenas 0,2% dos prisioneiros se declara ateia ou agnóstica (na população em geral, ateus e agnóstiscos são cerca de 10%. No Brasil, mais ou menos 6%).
- Os países com menor índice de criminalidade são os que têm o maior número de ateus. Na Suécia, por exemplo, 85% da população é ateia ou agnóstica. E parece que o país continua se aguentando em pé.
Não estou querendo dizendo que ateus são melhores que pessoas com fé. Não acredito que sejamos melhores ou piores. E não sou anti-religiosa. Acho que a religião, qualquer uma, pode trazer conforto a muitos indivíduos. Mas, infelizmente, muito mais guerras são promovidas em nome de Deus do que pela falta de crença.
Uma leitora falou sobre orgulho em ser ateia. E não sei se tenho orgulho disso especificamente. Tenho orgulho da pessoa que sou, pelo conjunto da obra, digamos. Meu ateísmo é uma das minhas características, e claro que é importante. Eu me sinto muito, muito livre por não estar presa a dogmas religiosos. Mas meu ateísmo não me define.
Só que lógico que quando eu estava acabando de escrever este texto a minha internet desconectou, e um sapo invadiu a minha cozinha, o que obviamente põe meu ateísmo em xeque. Se aparecer uma barata, eu volto a acreditar. Porque seria o equivalente de “Deus, se você existe, jogue um raio na minha cabeça!” (e tá vendo? Não apareceu! Diga-me, se você fosse deus e alguém te desafiasse desse jeito, você não colocaria uma baratinha na minha frente, só pra abalar minhas estruturas?).
Mais aqui.
Bom, felizmente não estou me candidatando a nada, e como a Constituição garante liberdade religiosa, tenho o direito de não acreditar em Deus. Mas não fui sempre ateia. E tampouco houve algum trauma que me fez perder a fé. Meu pai era ateu, mas não fazia muita propaganda disso. Já minha mãe é católica, do tipo que vai a missas no natal, e que gosta de visitar igrejas em outros países (outro dia, pela primeira vez na minha vida, ela se disse ateia. Eu me surpreendi). Ela pôs meus irmãos e eu para estudarmos em escola católica. A escola era ótima, americana, com alunos de todos os cantos do mundo, mas a parte religiosa não era legal. Havia missas no colégio, e todos os alunos eram obrigados a ir. É ruim, pra uma criança ou adolescente, sentir-se tão diferente. Como não fomos batizados, não comungávamos. Nossos amigos iam lá na frente e colocavam a hóstia na boca. Tudo isso deve ter me influenciado para que, com treze anos, eu me tornasse ultra católica. Eu rezava na capela da escola todo dia, durante o almoço. Naquela época eu queria ser freira. Na realidade, acho que minha ambição era um pouco maior: eu queria ser santa mesmo. Eu fantasiava terremotos (no Brasil!) que derrubariam a estátua da Virgem Maria em cima de mim, e, como eu morreria rezando, e naquela idade era puríssima, facilmente seria canonizada. Olha só que pensamentos torpes pra uma menina de 13 anos!
Naqueles meus meses católicos, transformei a vida do meu pai num inferno. Eu o arrastava pra missa todo domingo. Como meu amado papi fazia qualquer coisa por mim, ele ia sem reclamar muito (minha mãe, a católica oficial da casa, não ia). Eu também fazia com que ele e meus irmãos rezassem antes de dormir. Mas as freiras da escola me aterrorizavam com histórias de que mesmo um bebê (símbolo máximo da pureza) não-batizado não vai pro céu. Isso poderia comprometer meus planos de virar santa. Só que pra ser batizada aos 13 anos não é fácil. Não só você tem que fazer um curso, mas seus pais também! Eu insistia muito pro meu pai fazer o tal curso, e ele, sabendo que minha fase iria passar logo, dizia sempre “Mañana, querida, mañana” (ele era argentino, mas era excelente pessoa).
Entretanto, a religião criava conflitos com meu feminismo. Eu era bem chata com as freiras, pedindo explicações pros seus dogmas o tempo todo: essa história de Adão e Eva é pra ser literal? Tipo, Deus fez primeiro o homem, e aí, como um complemento, fez a mulher? E por que Deus é sempre representado como um senhor de barba branca? Por que Ele é Pai, Senhor, tudo no masculino? Aí tem... E como assim, freira não pode rezar missa? Hã, o que você disse? Freira não pode ser papa?! Cês tão de sacanagem comigo! (eu era ambiciosa, e pensava que, se a ideia do terremoto no Brasil não vingasse, sempre me sobraria um plano de carreira). Ninguém conseguia responder minhas dúvidas de forma convincente, e aos poucos fui me decepcionando com uma religião que me queria para massa de manobra, não para liderança. Uma religião que me discriminava diariamente, a cada leitura.
Daí foi um passinho pra eu perceber que deus não me criou. Fui eu que criei deus. Mas às vezes sinto falta de acreditar em alguma coisa, como na vida após a morte. É chato saber que minha vida será breve, que não vou me reencontrar com meu pai ou com meus bichinhos de estimação.
Mas eu sempre fui feliz, e percebi rápido que podia viver numa boa sem ter resposta pra tudo. Porque é isso que as religiões proporcionam, certezas. Não preciso delas. Já fui discriminada por ser ateia, talvez tenha deixado de conseguir um emprego pelo que escrevo no jornal, quase já fui agredida fisicamente e tal. Acho um sinal de ignorância grande quem pensa que ateus não têm valores ou morais. Pra quem pensa isso, apresento umas estatísticas provocativas:
- Entre católicos americanos, o divórcio acontece em 40% dos casais. Entre os evangélicos, 27%. Entre os ateus, 21%. Ateus se divorciam menos que religiosos, quem diria?
- Na população carcerária americana, apenas 0,2% dos prisioneiros se declara ateia ou agnóstica (na população em geral, ateus e agnóstiscos são cerca de 10%. No Brasil, mais ou menos 6%).
- Os países com menor índice de criminalidade são os que têm o maior número de ateus. Na Suécia, por exemplo, 85% da população é ateia ou agnóstica. E parece que o país continua se aguentando em pé.
Não estou querendo dizendo que ateus são melhores que pessoas com fé. Não acredito que sejamos melhores ou piores. E não sou anti-religiosa. Acho que a religião, qualquer uma, pode trazer conforto a muitos indivíduos. Mas, infelizmente, muito mais guerras são promovidas em nome de Deus do que pela falta de crença.
Uma leitora falou sobre orgulho em ser ateia. E não sei se tenho orgulho disso especificamente. Tenho orgulho da pessoa que sou, pelo conjunto da obra, digamos. Meu ateísmo é uma das minhas características, e claro que é importante. Eu me sinto muito, muito livre por não estar presa a dogmas religiosos. Mas meu ateísmo não me define.
Só que lógico que quando eu estava acabando de escrever este texto a minha internet desconectou, e um sapo invadiu a minha cozinha, o que obviamente põe meu ateísmo em xeque. Se aparecer uma barata, eu volto a acreditar. Porque seria o equivalente de “Deus, se você existe, jogue um raio na minha cabeça!” (e tá vendo? Não apareceu! Diga-me, se você fosse deus e alguém te desafiasse desse jeito, você não colocaria uma baratinha na minha frente, só pra abalar minhas estruturas?).
Mais aqui.
49 comentários:
Oi Lola... infelizmente ateu é a minoria mais odiada. Infelizmente, ainda vivemos num mundo onde a religião tem muito poder. Me parece que as pessoas não querem pensar, não querem entender, então vão como rebanho mesmo lá ouvir ladainhas e se sentir bem. E quais são os grandes conflitos hoje? A maioria é de origem religiosa.
Também concordo que religião traz muito conforto pra muita gente, mas acho o preço disso caro demais.
Lola, meus dois tostoes sobre o tema:
meu marido é ateu e adora visitar igrejas em outras cidades (arte sacra pode ser muito bonita, temos fotos lindíssimas de catedrais deslumbrantes); fui batizada aos 13 anos, pra sossegar a minha católica avozinha, mas meus pais nao tiveram que fazer curso algum (e meu pai sequer foi ao meu batizado, ele é batista) e acho injusto o quanto os ateus sao desrespeitados. Nunca vi um ateu querer converter um crente (crente no sentido mais abrangente da palavra, nao como sinônimo de evangélico), mas o contrário é tao comum...
Não sei se é correto dizer que ateus são a minoria mais odiada.
Nunca vi registros de pessoas que tenham perdido emprego, sendo barradas pela policia ou atacadas por ser ateias.
Talvez o mais correto seja dizer que sejam a minoria menos assumida.
Principalmente no Brasil é dificil alguem assumir que não acredita em NADA sobrenatural.
Temos muito não religiosos, pessoas que não gostam de religiões organizadas, mas alguem que não creia em fantasmas, duendes, horoscopos, santos, etc, é mais raro. Pelo menos publicamente.
Eu mesmo tenhos amigos que ficam "inconformado" por eu me declarar cristão, que realmente não gostam de religiosos, mas mesmo eles hesitam em se declarar ateus.
Gostei muito desse post, muita gente deveria ler isso e.. entender! É um assunto que me interessa muito.
Tbm tenho uma "história" na igreja, que só me aborreceu durante alguns anos, e que no fim não deu em nada. Aliás, deu sim: hoje vivo com esse mesmo sentimento de liberdade (que não significa falta de valores morais), e tbm algumas pequenas revoltas com igreja, padres, bíblias e essa coisa toda.
Concordo que religião ou falta dela não é suficiente pra definir uma pessoa, embora possa ser um fator determinante. Fato é que pessoas boas e ruins existem dentro e fora das religiões.
A palavra que melhor se encaixa a mim é 'agnóstico' e eu vejo isso fazendo parte do que me define. Eu tbm não sinto necessidade das certezas da religião, nem de rezar, nem de ter um ‘deus’ me ouvindo, me atendendo ou justificando tudo. Esse deus ao mesmo tempo bondoso e punitivo, de barba branca, sentado num trono em cima de uma nuvem, sabe?
Vou em busca e reflito sobre o que FAZ SENTIDO PRA MIM, (por exemplo, a morte ser o fim definitivo - isso não faz sentido pra mim, mas eu me alongaria demais nesse assunto) pensando com minha própria cabeça, e não por causa de um padre ou de um livro antigo reescrito e retraduzido milhares de vezes.
Querida Lola, compartilho totalmente a sua visão sobre as religiões e a criação desse deus que joga pragas e bençãos sobre nós. Eu, no entanto, me consideraria agnóstica, pois ainda não consegui entender de onde vem essa energia que nos faz seres vivos, caminhantes, amantes, pensantes. Será tudo química e física simplesmente? Ou há algo de genial por trás disso tudo? Na indecisão, costumo pensar que há essa genialidade que deu a faísca, mas não creio nessa história de punição ou recompensa. Enfim, na indecisão, acho que esse ser que não dá para definir, nem catalogar, fica ao nível do inconsciente e da necessidade de segurança de cada um. Se há continuidade? Desta forma terrena, duvido, mas acho que nossa energia não se perde. Para onde vai? Não sei...plantinhas, animaizinhos, outros seres em formação? Talvez...Mas religião...não dá mesmo, são machistas, punitivas, cerceadoras da liberdade, incutidoras de culpas, e estimuladoras da violência,da intolerância e da falta de respeito...como você disse, em nome de deus. Beijos, querida
Eu que nunca me esqueço que uma vez fui a um psiquiatra e na ficha de registro eu deveria indicar a minha religião e é óbvio que confessei meu batismo católico... Olha Lola, preconceito tem aos montes. E difícil ser diferente, sair do rótulo. E ser Ateu é só mais um rótulo. Ou você acredita ou não. Mas e o meio termo? Ah, aí você é Agnóstico!? Hoje já não quero mais me prender a alguma instituição religiosa. Quero ser livre para crer ou descrer em que, ou quem, eu quiser e como as pessoas se incomodam com isso. Volte e meia sou “agredida” por isso. Parece que as pessoas não sossegam enquanto não souberem no que os outros acreditam, no que os outros pensam. Pessoalmente, acho egoísmo dizer que Deus não existe. Pra mim Ele existe sim, mas sabe, do meu jeito... E aí começa outra polêmica.
HAHAHA...
Ai Lolinha, toda vez que vejo uma barata lembro de você, e como está um calor insuportável aqui em São Paulo, tenho visto muitas, para o meu desespero. Quase infartei esses dias, voltando do trabalho, eu dei de cara com umas 3 baratas... na calçada, e me joguei na rua, quase fui atropelada... T_T
Enfim... meus pais nunca me impuseram uma religião... eu me considero espírita, Kardecista, por livre escolha...
Mas tenho andado meio descrente da vida, não de Deus, ou da doutrina... mas sei lá... tô desiludida com várias coisas. E tô sem tempo de frequentar e tals...
E concordo plenamente com o Renato Russo quando ele diz: 'A própria fé é o que destrói...
Esses são dias desleais...'
E eu questiono muitas coisas também, como você... essa história de Adão e Eva. É absurda... e o pior é que tem gente que acredita piamente nisso. Pelo amor, né?
Eu respeito todas as religiões, mas eu tenho aversão à igreja católica. Não gosto mesmo, tenho várias e várias críticas... mas respeito quem acredita.
E não tenho nada contra ateus ou agnósticos... tenho uma amiga que é agnóstica. :]
Enfim...
Beijão, Lolinha!
Lola, vc TEM que ver esse filme.
http://www.youtube.com/watch?v=4x8iidnoNx0
Realmente é curioso a dificuldade em um ateu assumido disputar um cargo político e ser eleito!!! Já ouvi claramente pessoas afirmarem que preferem eleger um político corrupto que tenha fé na existência de Deus do que num ateu honesto! Eu sinceramente preferiria o ateu me governando nesta situação! Eu acredito em Deus, porém não creio nos dogmas da maioria das religiões! Elas apenas tangenciam a verdade do que realmente seja este Deus! Me considero cristão por crer que Jesus Cristo foi mesmo o messias, mas com idéias bem diferentes do que a maioria da cristandade pensa a respeito. Eu evito polemizar com religiosos minha fé porque o debate é geralmente infrutífero e desgastante. Por exemplo, não acredito na trindade (conceito pagão absorvido pelo cristianismo), Jesus não era Deus encarnado, simplesmente o messias prometido! O pecado original não foi o sexo como por muito tempo acreditava os católicos pudicos e Deus não criou o bem e depois um revoltadinho resolveu se rebelar e criar o mal. Deus criou duas forças antagônicas que se equilibram e mantém o universo funcionando. Quando ocorre uma desarmonia entre estas forças vem-se a destruição que muitos pensam ser castigo divino, mas são apenas fenômenos naturais programados para serem assim! A salvação humana é espiritual e não física. Ninguém está livre de sofrer acidentes ou não ter uma doença por misericórdia divina. Deus não é bonzinho e nem vingativo, isto é um conceito humano.
Oi Lola, fiquei feliz quando vi o post. Vamos lá:
Primeiramente, devo dizer que sou atéia. Acho que não é uma questão de escolha, pois nunca acreditei realmente, nunca senti o que as pessoas dizem que sentem durante uma oração, por exemplo. É muito mais uma questão de me assumir atéia. Isso demorou um pouco, até eu me dar conta e até eu me aceitar. Hoje tenho 20 anos e sou, sem sombra de dúvidas, atéia (mas não deixo de considerar a hipótese de estar errada e isso não fere em nada a minha descrença. no dia que deus aparecer aqui, eu acredito. meio 'tomé', eu sei). Mas sei que, se acreditasse em deus, por infinitos motivos iria preferir não me 'filiar' a nenhuma religião, especialmente o trio parada dura (cristãos, judeus e muçulmanos).
E como atéia, posso dizer o que o preconceito existe sim. E só não é tão visível quanto o preconceito contra gays e negros porque ateus ainda se assumem muito menos. Mas é só a gente opinar, assumir, ou questinar, para que apareça um teísta disposto a nos converter, ou alguém dizendo frases absurdamente preconceituosas contra a gente. Claro, não vou ser injusta: tem muita gente que respeita, muita mesmo.
Esses dados que você citou são muito válidos (em algumas pesquisas que fiz, alguns resultados divergem um pouco, mas no geral é isso e, muitas vezes, o resultado depende de quem encomendou a pesquisa, rs). Mas com alguns dados, podemos ver que essas histórias de que ateus são infelizes, são suicidas, criminosos em potencial, é tudo bobagem.
Alguns crentes gostam de citar que países como cuba e china, onde existem bastante ateus, são extremamente autoritários, e que o nível de vida da população deixa a desejar em relação a países como a itália (que é católica). Mas a verdade é que, em países como a china, o ateísmo não foi natural, mas obrigatório em decorrência do comunismo, que queria exirpar qualquer vestígio ocidental (tipo a igreja católica). Não foi um movimento natural como nos países nordicos, onde mais de 80% da população é católica e, todos sabem, são países cuja população tem uma qualidade de vida invejável.
Enfim, eu nem fico batendo muito nessa tecla, porque é tão óbvio. O que ainda me entristece é o preconceito (que, dizem algumas pesquisas, é muito maior até que o racismo ou a homofobia). Ainda bem que minha família nunca foi muito ligada a qualquer religião (embora eu seja batizada católica desde os 8 meses de idade e estudado em um colégio de freiras também),e sempre nos deu liberdade. Eu lembro até hoje quando uma amiginha minha me pergunto qual a minha religião, eu devia ter uns 8 anos, e eu respondi que não sabia, que teria que perguntar pra minha mãe (que na época se dizia católica), e a mamis respondeu que tb não sabia, que eu é que teria que decidir sozinha.
"onde mais de 80% da população é ATÉIA". Corrigido!
Lola, também estudei desde pequena em colégio católico, de freiras alemãs, e, mesmo com a sistemática diária de missas, aos 13 anos as respostas também não me satisfaziam mais e me tornei ateia. Diferentemente de você, Lola, hoje nem essa certeza tenho mais (de que não existe ser superior) e me declaro agnóstica. As pessoas não diferenciam as duas posições, o preconceito é igual. No prédio onde trabalho, tem uma missa semanal, às terças, e sempre sou alvo de comentários negativos porque não frequento. São piadas e comentários muito chatos, às vezes vindos de gente que passa o dia inteiro fofocando e enrolando. Fazer o que, né? Beijos
Pois é, e somos uma federação dita laica... Mas vira e mexe nas camaras de vereadores, deputados etc lêem a biblia...
Não sei se é odiada, concordo com o Lord Anderson, mas realmente é a mais incompreendida...
Eu sou atéia se pensar no radical da palavra, na crença em um deus. Mas tenho algumas crenças, como na vida eterna, reencarnações. Acho que o espiritismo e o budismos trazem algumas explicações... Mas não sou nem mais cristã e considerando que fui tb um projeto de freira e bem católica até o começo da adolescencia, isso é um longo caminho...
Enfim, ótimo texto, como sempre.
ahahhahahahhaha...Lola, mas que menina ambiciosa você era hein?
Minha mãe é católica, mas só queria que eu me batizasse grande, para saber exatamente o que estava fazendo (isso ela aprendeu com um padre belga). Me batizei aos 12, super católica. Mas depois comecei a detectar coisas no catolicismo que me incomodavam e finalmente caí fora.
Para mim foi uma experiência traumatizante e até hoje luto pra me libertar de tudo que a religião jogou na minha cuca.
Hoje, para mim, Deus não é mais aquele que salva, que cura. Não sei mais quem ele é, não posso defini-lo. Também não posso afirmar a sua não-existência.
Valei-me minha nossa sinhora da indefinição!
Pessoal, receber educação religiosa enviesada não quer dizer que Deus não existe. É ingenuidade pensar assim... Porque uma religião (ou muitas) deturpa as palavras do verdadeiro Ser Superior bem benefício de si mesma não quer dizer que Ele não exista. Conheci vários caminhos até hoje, e tenho certeza de que tenho mais do que carne e osso: tenho sentimentos e isso é imaterial, criado por Alguém. Não é acaso. E essa coisa de Deus punitivo, Deus bonzinho, isso é história da carochinha. Deixar de acreditar em Deus por causa dessas teoriazinhas mesquinhas... não sei não... Respeito que não acredita em Deus, mas os motivos teriam de ser mais palpáveis...
Temos o que plantamos. O que me acontece é resultado daquilo que eu faço. Claro que o resultado pode vir em outra existência - daí muitas pessoas jogarem em Deus (ou em algumas religiões) o fato de serem pobre mesmo trabalhando arduamente, ou tendo um defeito físico, ou sendo pouco aquinhoado com a inteligência... Estamos em eterna evolução espiritual. E existem seres humanos em diferentes níveis... muito diferentes... Márcia
nossa! nao sabia que os ateus eram tao odiados assim! como eu tenho muitos comentarios a fazer sobre isso, preferi optar por escrever um post no meu blog sobre a questao religiosa hehehe mas por aqui vai um comentario:
"Mas, infelizmente, muito mais guerras são promovidas em nome de Deus do que pela falta de crença. "
tah, a gente sabe que existe um monte de guerra religiosa, mas eu acho que se a religiao, a coisa ficaria bem pior, sabe. talvez nao no nivel mundial, mas no individual. por exemplo, minha mae tem uma vida de cao (nao soh por ser mulher, mas por ter casado com quem sacou) e o que eu poderia dizer pra ela? "olha, o deus que voce confia, nao existe. o consolo que faz voce se manter em pe, nao passa de uma invencao dos homens"? tem muita gente pelo mundo que tah fudida, mas se mantem de pe porque acredita em alguma coisa.
o problema eh que as pessoas nao sabem seguir o caminho do meio, nao sabem o que eh bom senso. nao apoio essa propaganda ateia do mesmo jeito que repudiaria uma faixa num onibus publico incitando a adoracao a deus. as pessoas devem ser livres pra acreditar no que quiserem e o estado tem que dar espaço pra isso, nem estimular, nem castrar. nem criticar, nem abrir espaço. qualquer que seja a crença.
e nem eh verdade que os ateus vivem melhor (voce nao disse isso, mas...). pessoas que acreditam em deus se recuperam melhor de doencas e tem menos depressao. faz total sentido. afinal, isso acontece o tempo todo: se a gente sabe que tem alguem torcendo pela gente, do nosso lado, apoiando nossos passos (marido, irmao, amigo), fica bem mais facil enfrentar a vida, neh?
eu tou no meio do caminho. nem sou ateia e nem posso dizer que acredito em deus. e... tanto faz!
ah, outra coisa. eu odeio muito, do fundo da minha alma, que a igreja se meta nas pesquisas cientificas brasileiras. mas eu nao acho que a igreja deveria desaparecer, soh queria que o estado deixasse de ser bundao e se separasse NA PRATICA da igreja. "ah, nao eh tao facil". e eu nao falei que era. mas eh preciso. ponto final.
"Porque uma religião (ou muitas) deturpa as palavras do verdadeiro Ser Superior bem benefício de si mesma não quer dizer que Ele não exista"
Marcia, mas ai teriamos que entrar na questão de quem é esse "verdadeiro ser superior". P/ mim pode ser bem diferente do que p/ vc, e do que p/ outros cristãos, judeus, mulçumanos
E olha que eu só falei das religiões moneteistas que tem uma base historica em comum.
Por isso a liberdade religiosa e o estado laico são tão importantes. P/ que cada um de nós tenha o direito de acreditar (ou não acreditar) naquilo que escolher.
Lord Anderson,
Mas o próprio fato dos ateus não se assumirem, não pressupõe que existe um ódio contra essa posição? O cara não se assume por que? Para evitar justamente esse tipo de problema. E o ateu, ele pode "mascarar" sua descrença, posso passar sem ser percebido, por isso se assumem muito menos. Negros e gays não tem essa facilidade para se mascarar no meio da multidão.
E quanto à propaganda 'atéia' no ônibus, eu acho muitíssimo válido.
Diariamente somos bombardeados com frases e imagens teístas (especialmente cristãs, aqui no Brasil). Exemplo: o cristo redentor; as igrejas isentas de impostos, o crucifixo na parede das repartições públicas, os carros perguntando se eu já falei com jesus hoje, etc...
Não há problema algum na frase no ônibus, pois os anúncios em ônibus são extremamente comuns e não foi de graça. E além do mais, o anunciante foi muito cuidadoso e respeitoso, tanto que cuidou de manter todas as letras em maiúsculo, para não ter que colocar deus em minusculo. Foi bem pensado.
Um assunto muito interessante, ainda que eu não tenha muito conhecimento. A experiência mais perto de alguém ateu é a dona da empresa onde trabalho. Durante muito tempo ouvia-a falar disso, que era fiel ao que não acreditava, em contra partida sua irmã era extremamente religiosa, (não sei bem que religião ela segue, só sei que de tudo um pouco). Até o dia em que a empresa quase afunda e ai ela começou tanto a chamar por “Deus”,... e em uma semana toda aquela convicção, caiu e tudo passou a freqüentar.
“muito mais guerras são promovidas em nome de Deus do que pela falta de crença”.
...essa é uma frase chocante, forte e muito verdadeira, porque tudo pode em nome de “Deus”, mata-se e morre. Tenho meus questionamentos, mas acredito muito em Deus, ainda que não seja fervorosa. Também convivo com tantos crentes e tementes a Deus e que na verdade não são praticantes...Quanto aos ateus nem um incomodo me causa, apenas tenho curiosidade.
É isso, boa terça querida.
Beijos...
Olá, Lola! Embora leia o seu blog quase todos os dias, raramente eu posto algum comentário!! Porém, este tema do ateismo me fez pensar em José Saramago (que eu gosto muito e realizo algumas pesquisas!). Bom, ele é ateu e tem em seu escritório um placa provocativa que diz "Jésus vous cherche!". Não sei se é o estilo de literatura que vc gosta, mas te sugiro ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e o recente "Caim"...Em entrevista recente, quando lhe perguntaram o que os cristãos-católicos iriam achar do seu novo livro, ele respondeu: "Não vão achar nada, pq católico não lê e nem conhece a Bíblia!". De fato, são questões para se pensar... Abraços e parabéns pelo seu blog!! Humberto.
como bem sabes, so catolico, mas sou de uma boa estirpe, que acha que obra é mais importante que viver dizendo "senhor, senhor", como até Cristo disse que seria o conveniente..
tenho excelentes amigos ateus, agnósticos, espíritas, católicos, ubandistas, do candoblé (não sei se há adjetivo pra isso), evangélicos, budistas, muçulmanos, judeus, "ateus graças a deus"...
Também conheço uma porrada gente mau caráter que se diz professando o meu credo!
A atitude do seu pai me ensinou muito...ultimamente meu filho anda um católico de carteirinha. Eu não só sou ateia como DETESTO a igreja católica, simplesmente não consigo ficar na boa ouvindo um padre falar na missa...pra mim não dá!
Mas, pensando na experiência do seu pai com vc, acho que vou fazer um sacrifício e aceitar ir à missa com o meu filho. Afinal, o meu amor por ele é maior do que a minha ojeriza pelas missas.
No mais, só uma coisinha (pra eu não deixar de ser a chata radical de sempre kkkkk):
sacanagem com os argentinos a brincadeirinha que vc fez. Troca argentino por gay ou negro e, tenho certeza, vc não vai gostar do resultado. sei que vc está brincando, mas...como vc mesma sempre diz, as bricadeiras podem ser perigosas.
Oi Lola, sobre ateismo acho q vou fazer até um post, pq tem sido um pensamento recorrente pra mim. Acho que não deixo de acreditar (ainda) pq tenho preguiça de rever alguns conceitos que são explicados pela existência de um deus, enfim.
Sobre feminismo, me irrita muito mulher machista. E eu tenho certeza absoluta que se as mulheres quisessem já teria virado o jogo. Pq nem falo só de força fisica não, temos trunfos emocionais, como os filhos. Todas as revoluções foram feitas na marra, na ruptura. Não é ameno, é dolorido. E temos a faca e o queijo na mão. O exemplo que deu da mulher que faz tudo em casa e ainda por cima trabalha, poderia ser uma via, já que a aproximação da mãe é bem maior do que a do pai. As crianças são super influenciadas e dependentes das maes. Mas o que a maioria faz? Reforça o machismo. Inclusive, muito classicamente, qdo tem filhos meninos e meninas e reproduz um modelo do seculo passado. Quando classifica mulheres em putas ou santas. Eu conheço bem mais mulheres machistas do que homens. Me entristece isso.
Eu amo o que você escreve e eu vou indexar o seu blog ao meu.
Beijosmeliga!
lendo os comentários, eu ri muito (as vezes de raiva...)
mas bom, queria só pontuar que uma pessoa corrigiu a lola dizendo que não é ateia e sim atéia...
Não é bem assim: até o final de 2012, as duas formas estão corretas. Mas a partir do dia 01 de janeiro de 2013, só a forma sem acento estará correta. Ou seja, a lola está corretíssima.
Me veio uma duvida agora...
Se Lola tivesse conseguido se tornar santa que tive de novena seus fiéis teriam que fazer p/ conseguir suas graças?
Será que em vez de acender velas teriam quem colocar chocolate no altar???
E se ela fosse papisa????
Até imagino ela exigindo chocolate e instalando um cinema particular no vaticano.
heheheheheheheheheh
Lola, outro dia você fez um post intitulado: nós somos melhores que eles. Você estava se referindo ao seu esquerdismo. Então, da mesma forma como seu esquerdismo e seu feminismo lhe definem, seu ateísmo também lhe define. Lola, meu pai era ateu, minha mãe católica. No meu trabalho, acho que ouvi falar de duas ou três mulheres atéias, mas pessoalmente não conheço nenhuma. Gostaria de saber sua opinião: porque mulheres são mais religiosas, acreditam em horóscopo, acreditam em cartomantes, etc? Mulheres tem menos senso crítico? Por que? Seu blog não serve como parâmetro pois tem leitoras, em geral, mais questionadoras. Me refiro à população em geral.
Oi Lola,
Eu nao digo que sou ateia, porque uma parte de mim gosta de acreditar em alguma conexao espiritual,nao sei explicar. Acho que eh pelo conforto mesmo, pra nao ter que acreditar que quando eu morrer acabou. Me da uma certa solidao pensar assim. Mas ai, eu tambem nao consigo me apegar a religiao nenhuma. Eu acho que se as ideias sao validas -- respeito ao proximo, aceitacao, amor, paz etc.Mas sabemos que nao eh tao simples assim soh segui-las. Cada um quer impor sua regra.
Fui criada catolica, mas meus pais nunca foram de ir a missa etc. Minha mae reza muito, acredita em Deus, Jesus, anjos.. mas nao segue a risca os mandamentos da igreja. Como eles nao iam a missa, resolveram que eu e minha irma estudassemos na Chapel pra ter mais contato com religiao.
Como estudei na la, essa mesma coisa de ter que ter religion class, ir a missa sempre foi um porre. Quando eu estava na segunda serie eu achava que Jesus era mulher. Eu desenhei e escrevi a historia dele, usando apenas pronomes femininos. haha Acho que por causa da roupa parecida com vestido e o cabelo comprido (que era sempre a imagem que viamos de Jesus) pensava que "he" era "SHE". hahaha Minha professora, claro, nao gostou muito. Magina, que horror alguem tao importante assim na religiao Catolica ser mulher! Depois estudei em uma faculdade catolica, e ai sim me afastei completamente da igreja catolica.
Eu parei na primeira cumunhao, depois disso nao quis fazer crisma, etc. Minha mae hoje pega no meu pe, dizendo q eu tenho que rezar mais, me apegar a alguma coisa espiritual. Eu sei que nao eh por mal, mas isso me deixa irritada, pq o que ela quer mesmo eh que eu acredite no mesmo "espiritual" que ela. Nao me incomoda se eu tiver que ir a uma lembrar alguem, ou para uma coisa de bem etc. Eu gosto de sentir energia positiva, consigo entrar numa igreja e pensar na vida, gosto de ver pessoas se juntarem pelo bem. E isso seria igual para qualquer religiao. Mas alem disso nao vou para rezar, receber comunhao etc. Nao acredito.
Eu ja avisei minha mae que se eu casar um dia, nao vai ser na igreja. E que se eu tiver filhos eles nao vao ser batizados. Isso gerou uma briga. hahah Pior vai ser quando eu contar pra ela que nao penso em casar, nem ter filhos..haha :)
Abraco!
Nao me incomoda se eu tiver que ir a uma IGREJA* lembrar alguem, ou para uma coisa de bem etc.
Concordo com o Júnior. A humanidade paga um preço muito alto por esse conforto individual.
Que é até questionável, afinal, se as pessoas fossem confortadas com a idéia de encontro com deus após a morte, quando estivessem morrendo ficariam felizes. Quando encontrassem com alguém que estivesse morrendo diriam: que bom que você morrer! Como eu queria que fosse eu... Mas estudos mostram que os religiosos são os que mais temem a morte!
Bom, acreditar em Deus ou não é um direito da pessoa. E a crença em Deus não passa por nenhuma organização religiosa. Concordo sim que, da maneira como sempre conduziram as coisas, as religiões nunca ajudaram muito na construção da própria imagem.
Sou espírita e acredito em Deus, da mesma forma que vários dos meus melhores amigos não acreditam nele; inclusive foi um deles que tuitou o link pra esse texto, que acabei de ler. E, além de acreditar em Deus, acredito que a opinião e o posicionamento alheio devem se respeitados, e que os atos de uma pessoa falam mais por ela do que a crença que julga ter. Tem-se livre arbítrio para se fazer o que quiser da vida, e dessa forma cada qual se responsabiliza pelo que faz ou deixa de fazer. Que cada um se declare da maneira que preferir, sem ofender ou ser injusto com ninguém.
Oi Lolaa!!
Também não sei desde quando sou atéia. E verdade que em um país religioso como o Brasil é difícil ficar expondo sua não crença. Por comodismo e preguiça já menti dizendo que sou budista (já que sou mestiça de japonês), só p não precisar me explicar. Mesmo porque entendo que não por maldade, mas por ignorância, algumas pessoas não compreenderiam.
Parece que o ateísmo é relacionado a algo imoral não? Sem juízo de valor e pecado é claro, para alguns crentes. Com certeza já sofri preconceito e já senti olhar torto inúmeras vezes.
Engraçado que com o meu namorado que é judeu é super de boa. Aliás, como vc disse que não é anti-religiosa, tb nem penso sobre isso p falar a verdade. É algo bem individual mesmo.
No entanto, tenho minha moral, juízo de valor bem definidos, em certa medida tb o que é o bem e mal p mim são bem claros, e até que me considero uma pessoa fiel aos meus valores sabe. Tenho essa moral de justiça até que bem forte dentro de mim.
Agora embora parece haver diversidade no Braisl, o debate público sobre liberdade de crença ou não crença não é muito bem feito ao meu ver.
Como estava rolando a discussão em algum blog por aí, quem é que imagina alguém com a camiseta na seleção brasileira de futebol (já proibiram?) "Saravá, Ogum" ou "ateu, graças a Deus" sem ser discriminado?
Com certeza o previlégio do catolicismo no Brasil se dá pela própria falta de um Estado verdadeiramente laico. E isso, me parece ser de longe uma diversidade e sim um atraso. (Vide o problema com a discussão da homosexualidade, aborto etc..)
Por isso, embora seja tb um problema individual Lola, acredito que tb é um debate público em torno da liberadade que envolve pensar a religião no Brasil.
Parece que nesse sentido nos falta muito chão ainda...
Abração!
Oi Lola,
Nunca tinha passado pela minha cabeca que ateus eram discriminados ate eu e o meu marido comecarmos a planejar o nosso casamento aqui no Brasil (sim, estou atualemente na terrinha amada! :)
Como o meu maridao nasceu e foi criado na Alemanha Oriental ate os doze anos, ele e ateu. Quando conversamos a primeria vez sobre religiao, ele falou "religiao e um conceito que eu nao tenho". Eu nunca tinha pensado em religiao como conceito! Eu achava que devia ser muito dificil viver sem acreditar em nada ate eu conhecer o meu marido. Ele nao acredita mesmo e nao esta nem ai! Ele e muito cientifico. A gente se diverte analizando livros, filmes, coincidencias do dia a dia sobre a otica dele e minha.
Ele e a primeira pessoa que eu conheci (a maioria dos meus amigos hoje sao ateus) que cresceu sem religiao. Obviamente isso nunca me incomodou (e nao deveria incomodar mesmo) tanto e que casamos.
Como eu acredito em Deus/sobrenatural (na verdade prefiro dizer Deusa, Senhora, Ela) mas tenho ojeriza a qualquer igreja / organizacao religiosa nos queriamos incorporar elementos religiosos nos nossos casamentos. Por exemplo, aqui no Rio escolhemos casar em uma casa que tinha vista para a estatua do Cristo.
Mas sabe como e, o casamento tambem e da familia e optamos por fazer uma cerimonia eucumenica. No final acabamos nos casando com uma cerimonia da Igreja Anglicana que pede que apenas um dos conjuges seja batizado. Eu expliquei para o pastor que o meu marido nao acreditava em Deus mas ele/ Igreja Anglicana nao se importou (pontos para a Igreja Anglicana! :).
E foi ai, no planejamento do casamento, que eu vivenciei pela primeira vez o preconceito contra ateus. Quando eu explicava que ele nao acreditava em Deus (a minha familia, que e catolica nao muito praticante nao se importou. O danado do meu marido ja tinha conquistado todo mundo com aquele sorrisao dele) para as pessoas que perguntavam sobre a cerimonia, o choque ficava claro. As conversas eram mais ou menos assim:
- Mas ele nao acredita em Deus?
- Nao.
- Por que nao?
- Ele nao tem esse conceito. Mas voce pode perguntar para ele.
- Isso e coisa de alemao?
- Nao.
- Mas ele e da Alemanha Oriental, ne?
- E.
- Ah, entao e por isso, foi o comunismo. Por isso que voce vai casar com ele.
Chocante. Depois de um tempo eu nao explicava mais. E fiquei feliz do portugues do meu marido nao estar tao bom para ele moder entender essas conversas... Eu fiquei chocada como em *todos* os casos as pessoas que estranharam o meu marido ser ateu acharam uma desculpa para aceita-lo: nao e brasileiro, foi o comunismo, ah no fundo e claro que ele acredita. Isso era o que mais me irritava, quando as pessoas achavam que ele acreditava sim, so nao sabia.
Esse e um dos pouquissimos quesitos em que da um certo alivio nao morar no Brasil. A pressao contra os ateus e enorme, e olha que eu so vi a parte "light". Mas acho que nos EUA, onde a gente mora, a reacao contra ateus e so um pouco mais enrustida...
Mas e como ja disseram nos comentarios, da para esconder que voce e ateu, por isso que a gente nao ve mais discriminacao...
Beijos!
Ótimo post. Concordo plenamente com tudo.
O que achei mais interessante foi você dizer que já quase foi agredida fisicamente por ser atéia.
Pressupõe-se que a pessoa que se ofendeu tanto pra chegar a esse ponto era cristã, né?! É a única hipótese que faz sentido.
O que é interessante é um cristão, seguidor de uma religião que prega tantos valores como bondade, amor ao próximo... agredir uma pessoa por qualquer que seja o motivo.
Mesmo que fosse em resposta a uma agressão anterior... Não existe a história do "dar a outra face"?! Mais absurdo ainda é nesse caso: agredir uma pessoa simplesmente porque ela não compartilha da sua fé, ou seja, sem motivo algum.
É muita hipocrisia nesse mundo!!
Bjo
Lolíssima, voce e muito engracada!!! ahaha eu ja disse isso muitas vezes e repitio!
Voce e mulher, feminista, ateia e assumida! isso e pra poucas! haha...
eu nao posso dizer que sou ateia. Nao acredito em Deus assim na forma como acreditei um dia, mas acredito em alguma força grande... numa epoca eu chamava de Absoluto, como o Hegel... eu mudo...
entao! eu sabia que esse meu amor por voce nao era por menas: eu tambem queria ser freira! e eu tambem fui sempre uma menina cheia de desejos fantasiosos. E eu tambem desisti da igreja catolica porque o padre me tirou de ser ministra da celebracao (sabe que e um tipo de padre, e um leigo que tem autorizacao para celebrar as missas) mesmo depois do povo me amar, mas porque ele tinha o maior medao do que eu falava na missa. E tambem porque ele era fraquinho tadinho que ate eu abalei as estruturas dele... dai peguei uma raiva mesmo. Eu fazia tudo! de tudo! queria servir ao povo pobre, queria ser mesmo a pessoa mais entregue do mundo mas eu nunca chegaria a ter as regalias que os amigos homens seminaristas tinham...
nao sei se vc teve problema com essa outra questao, mas uma freira numa entrevista para eu entrar na congregacao dela em Aparecida me disse assim: voce gosta de beijo? simmmm... de namorar? sim.... de sexo? simmmm. Eu gosto madre! Então, minha filha, voce nao tem vocacao para ser freira! e nao e que existe gente fantastica na Igreja tambem. Ela me salvou.
Concordo plenamente com o comentário da Bau. Não acredito no Deus que religiões pregam, não tenho religião e nenhuma delas me agrada. Mas acredito que haja algo, um algo que não sei definir muito bem. Não chego a ser atéia e estou beeeeem longe de ser religiosa. Enfim, rótulos, não gosto deles mesmo.
Mas uma coisa que você falou no texto me tocou. Eu gosto de visitar igrejas. Não apenas pela arte, pela arquitetura, mas gosto daquela quietude, daquela paz. Lembro de ter ido no Mosteiro de São Bento com a minha mãe e ter gostado da paz, do silêncio, no meio do centrão de SP. Também tenho uma curiosidade quase antropológica: o que aquelas pessoas ali ajoelhadas estão pensando? Para quê ou quem elas estão pedindo? Qual a história por trás de cada uma delas? Acho bonito, isso de ter fé.
O que mais me incomoda nesse lance de religião nem é o preconceito ou o machismo delas, mas sim o fato de que religião e Estado se misturam muitas vezes. Sou a favor do direito da mulher em abortar, sou a favor do casamento gay, sou a favor de pesquisa de céculas tronco, etc, e acho o fim da picada que eu tenha que viver sob regras e proibições baseadas na religião alheia. Isso é que é o fim.
Acho que perdi um emprego quando em uma entrevista foi me perguntado: qual é a sua religião? tive um pânico rápido - realmente esperava por tudo, menos isso -, mas acabei dizendo que não tinha nenhuma. Percebi o erro de pensar que , sendo sincero, começaria bem o trabalho, e a certeza de que o emprego não era lá essas coisas.
Tá cheio de excelentes comentários aqui! Desculpem não poder responder. Gostei de todos mesmo.
Adorei o seu, Marcela. Muito interessante isso que vc narra da estranheza dos brasileiros ao perceberem o ateísmo do seu marido alemão. Isso de associar ateísmo com comunismo é tão clichê, né? Como se a gente precisasse de um governo nos mandando ser ateus para sermos ateus...
Som, já pensou em nós duas sendo freiras?! Não ia dar certo... Que bom que vc encontrou uma religiosa legal pra te tirar a ideia de virar freia. Mas acho que de qualquer modo vc iria descobrir logo que não tem vocação. Acredito que nesse ponto a igreja católica é decente e corta logo quem não tem vocação pro negócio. Ou estou sendo ingênua? Vi muita Noviça Rebelde na infância e fiquei assim?
"associar ateísmo com comunismo é tão clichê"
Mas nesse caso em particular não é um cliche sensato?
Da mesma forma que vc mencionou que um lar ateu tem mais chance de "formar" uma pessoa ateia, um estado onde a religiosidade não é permitida não teria o mesmo efeito?
E governos comunistas como o da União Sovietica e da China tiveram (ou tem) um politica anti-religião.
Embora eu tenha percebido que muita gente hoje em dia não gosta de chamar esses paises de comunistas...
Oi Lord,
Vou me meter um pouco no seu comentario a Lola, espero que nao se importe. :)
Eu realmente nao sei se no caso especifico da Alemanha Oriental, o fato do governo ser anti-religiao teve o mesmo efeito que crescer em um lar ateu.
Dos meus amigos que cresceram na Alemanha Oriental (admito que a minha "amostra" e reduzida, so 4 pessoas), todos tiveram acesso a educacao religiosa em casa. Ou os avos ou os pais eram religiosos antes da Alemanha ser dividida. Entao, apesar do governo proibir, as pessoas continuavam praticando a sua religiao do jeito que dava.
No caso do meu marido, o pai dele e luterano e a mae e ateia (a irma decidiu ser luterana tambem). Ele cresceu com os dois exemplos dentro de casa. Mas na vida em sociedade nao havia nenhuma presenca religiosa.
E e ai que eu vejo a maior diferenca em relacao a minha experiencia no Brasil. Eu acho que aqui existe quase uma pressao religiosa. A quantidade de "estimulos" da religiao catolica e enorme. Eu cresci em uma famila catolica nao muito praticante, e tive uma fase religiosa que foi influenciada principalmente por ter estudado em escola catolica.
Eu acho que na Alemanha Oriental o governo ser anti-religiao (ja que proibia qualquer culto e nao havia liberdade) criava um ambiente mais neutro para quem cresceu e nasceu no comunismo escolher o seu caminho dentro dos exemplos que tinha em casa ou no convivio com os amigos. Nao sei como a situacao teria evoluido caso o comunismo tivesse persistido alem de 2-3 geracoes.
Aqui no Brasil eu acho que existe a situacao contraria, uma pressao da sociedade para que as pessoas sejam religiosas, ja que ter algum culto e a "norma". E quase o exemplo oposto: com a Igreja Catolica se metendo em questoes de Estado, fica mais dificil nao ter religiao. A "agenda" de uma religiao especifica comeca a se tornar lei.
No começo do ano, na aula de inglês, estávamos discutindo sobre religião, daí resolveram me perguntar sobre a minha. Fiquei tenso, já que toda vez que falo que sou ateu a coisa pega fogo. Mas resolvi admitir. E, cara, eu quase apanhei. Foi tão ridículo as coisas que me perguntaram... colocaram a minha moral em dúvida.
Dependendo do meio que estou, se surge o assunto religião, eu me esquivo. Pq não sei se vale a pena falar a minha verdade com a certeza que vou ouvir besteiras e ser xingado. Mas é uma ótima forma de verificar o tamanho da cabeça das pessoas, se são preconceituosas e pensam.
Mas tá na hora de eu me assumir, né? Pq não dá pra eu ficar 'no armário' só pq as pessoas tem mentes limitadas.
"roubando" a foto que é tudo
Só um comentário.
Saber é diferente de acreditar. Tanto crente quanto ateu pode ser agnóstico.
Eu tenho religião, acredito em Deus, porém não desprezo as pessoas somente por serem ateias. O problema é você ser ateu e ofender quem é religioso e vice-versa. Se você é ateu, tudo bem, mas não ofenda quem tem opinião diferente da sua, ou pior, já vi casos de ateus ofendendo Deus.
Deus não criou as religiões, as religiões são criações das pessoas e, portanto, sempre vão ter inúmeros defeitos.
Mas, respeito a sua decisão pois você demonstra enorme RESPEITO em seu blog, coisa que falta muito em nossa sociedade, independente da crença.
Genial a parte da barata!
Isso me lembrou um ano em que eu passaria o natal teoricamente sozinho, porque meus pais viajaram e eu já não curtia muito o natal da família. Estava falando disso com meus amigos, aí disse "ah, quer saber? Acho que vou ignorar o natal esse ano." Veio um raio na mesma hora. "Ta bom, eu comemoro seu aniversário".
Gostei demais do seu posicionamento, Lola. Muita gente hoje acha que ser ateu é ser contra religiões, ficar lutando pelo fim delas e etc.
Lola, achei bem engraçado saber que você já quis ser freira. Também estudei em escola católica, com capela, missa e hino nacional toda semana.
Já quis ser freira, porque minha família passava um perrengue, sem grana pra nada e eu me sentia um peso para minha mãe e irmão. Daí fiquei sabendo que a freira morava de graça e que precisava somente estudar e fazer trabalhos sociais, daí pensei que aquele era meu ideal de vida. rs
Felizmente, nunca fui levada a sério pela escola sobre esse meu desejo e acabei conseguindo outras oportunidades na vida (bolsa na escola, depois bolsa no cursinho, empregos,universidade pública) e, finalmente realizei meu "sonho" de deixar de me sentir um peso sobre alguém. Depois quero ler os comentários e falar um pouco sobre ateísmo. Agora preciso ir à aula. rs
Ótimo post, pra variar... Ah, Lola, nem te conheço, mas que vontade de te dar um abraço! Seu blog me inspira!
Postar um comentário