Opa, não é pra confundir. Este texto tem uns seis anos, e é sobre a minha aprovação na seleção do mestrado. Nada a ver com o concurso de Fortaleza. Mas naquela época eu não sabia nadica de nada. Pensava que não teria bolsa, mas tive uma durante todo o mestrado. Era uma mixaria na ocasião, graças ao FHC, que não deu um só reajuste pela inflação durante seu governo (aliás, governos. Nos dois mandatos!). Era R$ 724, bem difícil de se manter em Floripa com isso. O Lula deu três aumentos, e hoje o valor é muito mais respeitável, R$ 1.200. Como o curso é ótimo, já meio que garante 8 bolsas aos primeiros colocados. Mas os outros podem dar algumas aulas de inglês no extracurricular e receberem o suficiente para se manter. Na minha turma, pelo que me lembro, foram 21 aprovados (5 de Literatura, 16 de Linguística), e oito conseguiram bolsa. Isso dá mais que um terço. Recomendo que vocês façam mestrado na UFSC!
FOME EM FLORIPA
Pois é, depois de todo aquele drama de "não vou passar", eu passei na seleção do mestrado de literatura. O chato do Oliver Stone já tinha até manifestado interesse em filmar uma trama conspiratória caso eu não passasse, mas passei, então vou perder esta boquinha. Claro que não passei bem colocada, muito pelo contrário: fiquei em oitavo. Sim, havia mais que oito lugares, mas esta não foi uma boa colocação, já que não ganho bolsa. E sem bolsa, estudando em horário integral, sem poder trabalhar, sem marido rico pra me sustentar, já vislumbro o meu destino: vou passar fome. Fome propriamente dita talvez não. Como disseram os críticos ao programa Fome Zero do Lulinha, se tem algo que não existe neste país de meu Deus é fome. Eu fiz os cálculos e concluí que, com minhas atuais reservas de massa corpórea, posso ficar até seis meses sem comer que não morrerei de desnutrição.
E também tem outra coisa. Morarei quatro dias por semana em Floripa, e decerto minha quitinete se transformará em ponto de encontro dos alunos bonitinhos da universidade, que me verão como mentora e musa espiritual. Ao visitarem minha humilde casinha, quiçá meus amiguinhos me trarão algo pra beliscar. Opa, o maridão não pode ler esta crônica ou ele não irá comprar mais chocolate pra abastecer meu lar em Joinville, e aí eu passarei fome nos três dias da semana restantes. Se eu parar de comer, vou emagrecer, e se eu emagrecer, como disse um sarcástico aluno adolescente meu, eu vou sumir.
Como se vê, o problema é financeiro. Estive pensando em alguns esquemas pra conseguir grana e sobreviver em Floripa. Se você tiver maiores sugestões, me escreva. Um plano é iniciar no pôquer boa parte do meu novo círculo de amizades, jogar por dinheiro e ganhar deles. Esta parece ser a forma mais honesta. Outra seria virar vovó de aluguel. Imagine só: um fofo quer impressionar a namorada, e me contrata como sua vó inteligente e bem-humorada. Ih, nada a ver, né? Já vi que a fome baterá à minha porta.
9 comentários:
ameeeeeeeeeei a ideia da avó de aluguel! será q vc passa por minha avó? vc tb faria a mãe de aluguel? se bem q mãe eu tenho... bom, deixa pra lá...
Mas Loléte, agora que a "tempestade" passou, que tu és Servidora Pública Federal e que os tempos de vacas magras ficaram para posteridade, somente relembrados em posts talvez, conta pra gente o que fizestes para não morrer de fome?
Beijos!
Outro linnk dessa vez, mas mais animadinho ;***
http://classemediawayoflife.blogspot.com/
Lauren, por tudo que vc relata, vc já tem uma mãezinha super legal. Não precisa de uma vovó como eu! Mas eu jogo pôquer com vc, se quiser.
Laura, obrigada pelo link. Dei uma olhada nesse blog recentemente e gostei. Tá bem escrito e concordo integralmente com o que ele diz. O que me chateia um pouquinho é que é idêntico ao Stuff White People Like. A diferença é que o Stuff é conservador (dá pra ler nas entrelinhas qual a linha política do Stuff e do Classe Média), e nem sabe que o Brasil existe.
Ivana, ainda não sou servidora pública federal! Por enquanto sou apenas uma desempregada, sem bolsa desde junho. Quero só ver a emoção que será receber o meu primeiro salário de gente rica como professora universitária! Olha, nesses anos de mestrado os meus rendimentos mensais despencaram mesmo. Foi impressionante. Passei a ganhar um terço do que recebia antes, dando aulas de inglês, escrevendo sobre cinema etc, e a gastar muito mais. Os 724 reais da bolsa não davam direito pra me manter em Floripa (eu pagava 300 só de aluguel numa quitinete perto da faculdade, e mais uns 200 e poucos de ônibus pra ir e voltar pra Joinville todo final de semana, pra ver o maridão e tal). Mas zuzo bem: eu, pão dura como sempre, não gastava muito, e também tinha dinheiro guardado de outros anos. Não cheguei nem perto de passar fome... Lembro que às vezes eu até comprava um pedacinho de carne e o preparava no forno, com sal grosso. Ficava bom... E nunca apareceu uma só barata naquela quitinete, aleluia! Em compensação, era um festival de mosquitos. Eu brigava com eles toda noite. Lembro de bastante coisa. Os outros anos de mestrado e doutorado, quando eu já não alugava casa, mas ficava na casa de amigas, foi bem mais divertido, não posso negar. A gente jogava pôquer, comia fondue de queijo e chocolate, dançava, conversava... Lógico que não rolava muito estudo não. Mas foi uma bela aventura.
bom, ainda na linha do Stuff White People Like, eu gosto mais do http://hariprado.wordpress.com/, que você talvez já conheça =)
beijos!
Uma avó bem nova essa não?!
Ai, Lola... vc é muito engraçada!! estou começando a seguir suas dicas de economia e descobrindo que mesmo ganhandopouco (600 reais) e gastando muito (400 só de aluguel) dá pra planejar e conseguir fazer alguma coisa...
Olá Lola, Como diz minha filha: "todo mundo tem que morar só e se administrar". Olha ai, vc contando essas histórias fabulosas. (sem comentar que pimenta ... é refresco! - hehehehe)O resto tudo bem.
Beijos e bom domingo.
Postar um comentário