Ahá! Como vi Procurado (Wanted) nos EUA e anotei tudo bonitinho, posso falar sobre ele bem hoje, no dia da estréia no Brasil (na minha cri-crítica ao trailer, eu havia feito comparações com Matrix). É uma aventura de ação que segue o lema “matar um para salvar mil”, que sempre foi a palavra de ordem dos americanos, já que há pessoas mais especiais que as outras. Pessoalmente, tenho pavor de organizações clandestinas que se acham acima do bem e do mal e não hesitam em abrir fogo no meio de um lugar cheio de gente. Essa gente mantem a ordem no mundo para que não acabe em caos? Pô, eu diria que, quando eles começam um bangue-bangue no meio de um mercado, eles estão é criando caos. Pobre da pessoa inocente que esteja entre dois assassinos profissionais quando eles decidem se matar mutuamente. Procurado é também sobre um belo rapaz (James McCavoy, de Desejo e Reparação) que é recrutado pela Angelina Jolie pra fazer parte de uma fraternidade de assassinos. Pior pra ele será escutar o Morgan Freeman falar que a tal fraternidade não mata; quem mata é o destino. Sei.
Quando o James é trazido pro galpão, quartel-general da organização, o Morgan diz: “Pensei que ele fosse mais alto”. Porque o James aparenta ser bem baixinho mesmo, mas o que isso importa? Ele é lindo. Às vezes fica com os lábios um tanto vermelhos e aparenta estar usando batom, mas também pouco importa. Ainda bem que na trama inventam um creme reparador que cura hematomas e cicatrizes em matéria de horas. O James pode ter sido torturado, espancado, esfaqueado (como parte do treinamento), mas tudo bem – é só ele ficar na banheira que na cena seguinte ele tem de novo a carinha linda que Deus lhe deu. Hollywood parece ter cremes assim em todos os filmes.
Li que a Angelina Jolie aceitou fazer Procurado porque achou que seria bacana uma coisa levinha, depois de papéis mais densos como os de O Preço da Coragem, Kung Fu Panda e Beowulf (não, sério, lendo essas entrevistas pra imprensa a gente pensa que a Angie só faz filme cabeça). Mas que ela achou várias falas suas em Procurado desnecessárias e as cortou. O resultado final é mil e um closes da Angie, sempre com cara de superioridade, e quase nenhum diálogo. Eu fiquei pensando em Cantando na Chuva o tempo todo. Quando o astro canastrão feito pelo Gene Kelly diz que não gosta de suas falas e pergunta ao diretor se pode substitui-las por algo melhor, o que vemos é ele declarando “I love you, I love you, I love you!”. A Angie substitui suas falas por caretas.
Não tem nada de love em Procurado não. A palavra mais escutada no filme é pussy. Significa covarde, mas é uma palavra ofensiva, dessas que destilam ódio às mulheres, porque pussy é também vagina. Quem quer chamar alguém de covarde em inglês pode usar coward e chicken (que eu acho ofensivo às galinhas, mas...). Usar pussy mostra bem o que o sujeito pensa das mulheres. O próprio narrador se considera um pussy, e passa o resto da história sendo xingado disso. A segunda palavra mais usada é pai. A aventura cheira a patriarcado. Tudo que sabemos sobre a mãe do James é que o marido a deixou quando o bebê tinha dois anos. Mas ouvimos montes de elogios ao pai – ele foi o maior assassino que já viveu, fazia uma orquestra sinfônica com uma arma, o escambau. O James encontra sentido na vida quando vê que precisa ser como seu pai. Há também várias frases como “Você é o cara” e “Agora você agiu como um homem”. Então vejamos, temos de um lado pussy como algo extremamente negativo, tudo que um homem com H precisa deixar de ser no mundo, e pai e homem como o que é desejável e bom. E considerando que todas as três mulheres do filme são mandonas e desleais, pussy parece mais negativo que de costume. Nesse sentido é muito parecido com Mandando Bala.
Procurado mexeu com meu lado feminista, mas se eu fosse o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), promovia atentados terroristas contra as salas passando esse filme. A história inclui colocar bombas em milhares de ratos e explodi-los. Parte do treinamento consiste em atirar nas asas das moscas. Olha, eu mato moscas. Mas sem arrancar-lhes as asas antes, que isso parece bem cruel. E se um rato entra em casa ou é trazido por um dos meus gatos querendo me agradar, eles (os ratos) são mortos, se o maridão conseguir pegá-los. Mas com o máximo de bondade possível. Fora isso, há montes de carcaças de porcos em Procurado. Há também cadáveres de pessoas, usados nos treinamentos de tiro ao alvo. Isso não é meio semelhante à necrofilia não? Vamos deixar os cadáveres em paz (por coincidência, o único cadáver atingido é o de uma mulher, o que reforça bem a mensagem do filme).
Leia mais sobre Procurado aqui, aqui e aqui.
14 comentários:
Pois, para reafirmar suas posições (ativista social) a Angelina poderia escolher melhor os seus papeis...ela tem a opção de escolher não tem?
Mas em Hollywood até os grandes actores precisam de filmes assim para se promoverem não? Se fosse um bom director poderia ter feito algo melhor também, as vezes penso nessas pessoas como preguiçosas..qual é, eles tem milhões para fazer exatamente aquilo que toda a gente faz ou já fez!
O ótimo é que nevoeiro já foi lançado em DVD por aqui Lola, e até que enfim pude ver Wall.e. Gostei muito do principio, o fim foi muito acelerado.
oi lola!
faltando dois dias pra terminar as olimpiedas, finalmente vou te passar o site para assistir o que nao passa na tv: www.eurovisionsports.tv/olympics/
o site é europeu, por isso nao tenho certeza se vai funcionar ai no brasil... o legal é que ele tem 10canais diferentes e cada um passa um esporte diferente, tudo ao vivo e sem comentários.
Espero q dê certo!
bjinho
Oi, Lolinha!
Bão, o negócio do apê é que estamos saindo de um 3 quatros 110m (sendo que 10 são de varanda) com 10 apês para um condomínio de 2 blocos, trocentos apês, e a metragem é menor 2 quartos, cerda de 90m². O aluguel novo é mais barato e o condomínio empata (mas com toda aquela infra que eu sonho - só falta a coffee shop, mas tudo bem). ;)
Como eu AINDA não assistí Batman, e pelo jeito nem vou, me recuso a assistir qualquer outra coisa que não me dê aquele frisson no trailer. Ponto final.
Ai, mas o James McCavoy é tão fofinho, néam? rsrsrs
Eu aplaudo que voce tenha conseguido tirar alguma analise desse filme, Lola, porque eu nao consegui me desligar de como a Angelina esta doentemente magra, e nem um pouco sexy. O James, quando saiu, tambem soh disse: "a Angelina foi contratada pra fazer meia hora de meios sorrisos e olhares (nada) sugestivos?"
Pra mim foi soh mais uma desculpa pra criarem uma parte 2, que com certeza vai ser mais perda de tempo que essa aqui! O desrespeiro as mulheres eh obvio mesmo, mas voce esperava mais de um filme sobre assassinos e mulheres mudas?
cara, uma coisa que eu não entendo é o que leva a Angelina a escolher esses papéis... eu duvido q não ofereçam coisa melhor pra ela. até hj, o melhor filme q ela fez foi Garota, Interrompida, e se eu não me engano é de 1999! será incompetência?
Torcendo que O Nevoeiro e Violência Gratuita estreiam mesmo. Toprcendo, torcendo!!!...
Cavaca, não acho que o rótulo “ativista social” pertence a Angelina. Ela faz boas ações na África e participa de campanhas da Unicef, mas muitas de suas declarações são péssimas. Em várias entrevistas de divulgação de Procurado, ela declarou seu amor às armas, por exemplo. Falou com grande orgulho como seu filho mais velho, uma criança, já adora armas. E carrega um pingente em forma de pistola no peito... Ahn, é um péssimo exemplo.
Bárbara, obrigada pelo endereço. Meu problema é que a internet aqui é lenta demais. Esta semana meu marido e eu tentamos ligar pra tudo que era “alternativa” (TV a cabo via satélite, NET, GVT – não há muitas opções!) a Brasil-Telecom. Nada mesmo. A GVT talvez comece a ser uma alternativa no ano que vem. A NET não tem previsões de chegar ao meu bairro. É um monopólio! E a nossa internet banda-larga, que deveria ser de 250 whatever, geralmente não chega a 100... Uma lesma!
Chris, que legal! Olha, ir de um apê de 110 m2 pra um de 90 não parece tão ruim, se o condomínio vai ser essa maravilha toda. Parabéns! Pelo jeito a senhorita não irá ao cinema este ano?
Bom, Andie, até o Silvio comentou sobre como a Angelina tava magra, e ele nunca repara em nada do gênero. Pra mim ela tá magérrima como de costume, nem mais nem menos. Mas é, ela foi contratada pra fazer caras e bocas. Fica bem ridículo, tadinha. E o desrespeito às mulheres só é óbvio pra gente! Leia textos de críticos homens e vc não vai ler uma só linha a respeito!
Lauren, ué, a Angelina tem o que toda estrela pode querer: ele é famosa internacionalmente, rica, faz vários filmes, tem um bom retorno de bilheteria, é considerada símbolo sexual e padrão de beleza, e ainda recebeu o Oscar (e muita gente achou injusto que ela não foi indicada em fevereiro por O Preço da Coragem). É o sonho de toda atriz! Acho que ela tem que fazer mais ou menos o que o Spielberg faz: fazer um filme “sério”, e outro pra entreter e render os tubos. Assim, intercalados. É o jeito.
Eu tb tô torcendo, Luciano! Adoraria ver Nevoeiro pela terceira vez no cinema!
Ainda bem que eu não vou assistir...
Eu gosto de assistir filmes com a Angelina, mas é pq eu gosto das caras e bocas dela, nao exatamente da qualidade dos filmes.
Eu assisti O Procurado no sábado à noite e...bom, assim como andie, não consegui prestar realmente atenção a nada, só conseguia pensar "meu Deus, como a Angelina está magra!!!"
Eu sei, Lola, que você não vê diferença dela agora para antes, mas ela está cada vez mais magra. Antes ela era uma 'seca' normal, hoje em dia ela é doentemente magra. Chega a doer olhar. A cabeça fica desproporcional com o corpo. Tem uma cena que focaliza bem os braços dela e eu pensei que fossem quebrar de tão fininhos.
No filme também tem outra moça incrivelmente magra. É uma fulana no escritório do personagem do James que passa e ele e o colega olham e dizem que ela é 'hot'. Minha colega e eu comentamos "Senhor, se aquilo for quente...Ela não tem nada de corpo!!". A saia do mulher era tão sequinha que dava para ver os ossos por baixo da roupa!!!!
O filme em si eu não achei horrível. Quero dizer, o James é lindo, o pai dele (não sei quem interpreta) uma graça e eu não tava nem aí para os abusos com as mulheres, animais ou pessoas morrendo desnecessariamente (oh-oh, me senti péssima escrevendo isso). Era um filme de ação com um roteiro xinfrim como quase todo roteiro de filme de ação. Bom para divertir (mesmo que seja contando os defeitos)mas facilmente esquecível.
Mica, eu tb fiquei impressionada com a magreza extrema da Angelina, mas não acho que ela esteja diferente do que estava em Colecionador de Ossos. Lá também tem bracinhos que parecem que vão quebrar. Mas viu?! Isso eu falei há dez anos, que ela era magra demais. O que as moçoilas só estão reparando agora. Sou uma visionária! Olha, nem percebi a moça “hot” no escritório do James. Bom, não achei Procurado tão ofensivo e ruim quanto Mandando Bala, mas não gostei. Um monte de tortura recebe o nome de... treinamento?!
k
Eu assisti esse filme faz tempo, mas lendo tudo escrito aqui quero deixar meu coentário, que é bem viajado:
Eu acho que "O Procurado" é um filme que apela bastante para esse lado visual de armas, sangue, cenas slow-motion etc, cenas que nos enchem os olhos e prendem a atenção pelos efeitos especiais. Mas uma coisa que eu fiquei pensando foi no final do filme. O personagem principal decide mandar tudo às favas e seguir o que ele acredita que se deva fazer: fazer o que ELE quer, e não o que os outros querem. Ele fala olhando para a câmera dizendo que deveria tomar posse de sua vida, tomar o controle de sua vida. Logo em seguida o filme acaba e uma música entra, a qual tem em sua letra uma mensagem que comunga com o que o personagem acabou de dizer para o público que o assiste. A letra fala sobre a dificuldade de lidar com coisas pequenas (inclusive o amor entre duas pessoas) e a atenção é posta nos grandes acontecimentos que tomas as páginas de jornais.
Bem o que eu quero dizer é que o personagem tentou salvar o mundo através de uma fraternidade que se provou furada e não conseguiu. No final ele tenta retomar sua vida e fazer as coisas por si mesmo. Achei que há um paralelo com nossas vidas, que às vezes pensamos em coisas muito grandiosas, damos a atenção a coisas muito distantes até, mas não nos consentramos em nós mesmos e resolver as "little things" que seria a nossa vida atomística mesmo. Achei que foi meio que um chacoalhão no público, assim como a música wake up no final de Matrix 1 nos dá, na qual a matrix é uma metáfora para o sistema em que vivemos, que nos diz que estamos presos a ele, transcendendo a aparente noção de uma realidade virtual na qual vivemos (que dialoga com o cogito cartesiano. Na verdade é praticamente a mesma coisa).
Pergunto-me será que viajei? PS: Nunca fumei maconha. Rsrsrs. sério.
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