segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

SÓ RINDO MESMO, ou: ONDE AS PESSOAS SEM SENSO DE HUMOR NÃO TÊM VEZ

Originalmente, antes de ver um replay de “Onde os Fracos Não Têm Vez”, escrevi as seguintes linhas: Até a metade, o filme é bem linear e explica tudo direitinho. Parece que depois os irmãos Coen se cansam e partem pra um “Seja o que Deus quiser. Vamos deixar o público usar sua imaginação”. Pois é, de lá pra frente não espere mais respostas. E nem faça muitas perguntas. Porque senão você, como 9 em cada 10 espectadores, assim que a tela escurecer, vai: a) vaiar; b) olhar pro vizinho da poltrona, perplexo; c) perguntar em alto e bom tom: “What the f***?”; d) dizer, como eu, que amou o filme, mas que daria a alma em troca de algumas explicações mais concretas; e) ignorar tudo e perguntar pro maridão: “Vamos ver 'Meu Monstro de Estimação' agora?”.

Mas agora que li o livro, só posso dizer que os irmãos Coen pecaram por excesso de fidelidade literária.

Ah, a Nora Ephron (roteirista do clássico “Harry e Sally, Feitos um para o Outro”, diretora de, humpf, “Sintonia de Amor”, e auto-retratada pela Meryl Streep em “A Difícil Arte de Amar”, em que expõe seu casamento falido com o jornalista superstar Carl Bernstein, aquele do Watergate) tem um artiguinho hilário no New Yorker. Um casal tenta ler o livro do Cormac McCarthy de trás pra frente pra descobrir o que aconteceu no filme. O auge é quando o marido (muito parecido com o meu na sabedoria) diz que pensava que era a mãe na piscina. Leia aqui. Falando nisso, já leu o livro, viu o filme, comeu o autor, como diziam os Cassetas nos bons tempos do “Planeta Diário”? Ignore a última parte, mas faça as outras duas, se você mora numa das cidades felizardas onde estreou “Fracos”. Senão, já já vou contar tudo sobre filme e livro, e você não vai querer ficar boiando, ou me acusando de entregar toda a trama...

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