No começo eu não vi muitas utilidades pro tal controle remoto universal. Mas depois fiquei pensando e decidi: eu quero um! Por favor! Só o negócio de apertar a tecla mute pro latido do meu cãozinho já virou meu sonho de consumo. E dá também pra abaixar o volume do pagode dos vizinhos. Se bem que, nesse quesito, comentei com o maridão que só emudecer os vizinhos não é suficiente. Gostaria de apertar uma tecla e a casa deles explodir. O maridão disse, “Aí já é outro filme. Você quer o ‘Scanners’”. Eu abusaria de um botão bastante ignorado pela comédia, o pause. Imagina, preciso entregar um trabalho amanhã e não tenho tempo? É só teclar pause. Ah, e colocar legendas em alguém falando japonês seria o máximo, mas acabaria com a carreira de professores de idiomas e intérpretes. Que mais? Isso de poder observar cenas passadas da nossa vida com comentários do diretor é muito legal. E, quem sabe, no meio de uma tarefa chata, eu apertaria o próximo capítulo (porque o filme faz parecer que a gente realiza a tarefa, só que sem notar). Com o maridão eu usaria o controle pra quase nada. Quer dizer, talvez pular pra próxima cena quando ele começa a me contar os sonhos intermináveis dele, daqueles em que nada acontece. Mas algo preocupante mesmo é o controle se adaptar às suas preferências, e passar a pular cenas, calar cachorrinhos, e explodir vizinhos sem a sua autorização. Vamos admitir: computador não é um bicho inteligente. Basta ver a correção automática que o meu sugere toda santa vez que digito “Lolinha”. Ahn, ele põe “bolinha”. Não sei se ele tá querendo me dizer alguma coisa, se perdeu amor à vida, ou se é um burro mesmo.
Poderia ser útil ter um controle remoto pra quando a gente tá vendo uma comédia sem graça e quer pular pro fim. Não tô dizendo que esse foi meu desejo com “Click”. Bom, só quando vira épico da vida do Adam: aí sim dá vontade de apertar o fast forward. Mas me identifiquei com a parte em que ele descobre que seu cachorro morreu, e é consumido pela culpa. E também gostei de uma das últimas cenas, o encontro romântico dos cães em câmera lenta. Só que a piadinha do au-au gastar suas energias sexuais no pato de brinquedo cansa. Idem pros puns. E pra pele solta na barriga. Criança deve amar isso, mas pra um espectador um tiquinho mais maduro soa como terapia de eletrochoque.
O pior foi que passei o filme inteiro achando que a atriz que faz a esposa-que-não-envelhece-nunca era aquela de “Vôo Noturno”. Não, é a Kate Beckinsale, de “Pearl Harbor” e “Anjos da Noite”. A Kate se presta ao papel de esposa-objeto que, além de não ter voz, aceita durante no mínimo um ano sexo de três minutos sem prévias e sem prazer com um marido que não parece ter a menor idéia de onde fica o clicktoris (tá, essa foi péssima). E todas as mulheres são imbecis e predadoras, tirando, talvez, a mãe do herói, porque mãe é mãe. Ou seja, o filme é machista que dói.
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