segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CRÍTICA: DJANGO LIVRE / Dólares furados

Foxx ensina Franco Nero a pronunciar Django com o D mudo

Como já manifestei inúmeras vezes, sou super fã do Tarantino. Ele é, sem dúvida, um dos grandes diretores do cinema. Mas achei Django Livre um porre. Não vou dizer que achei chato, porque pouco depois vi Lincoln e reavaliei todos os meus critérios de tédio absoluto. Mas pô, precisa de quase três horas pra contar uma simples historinha de vingança?
E não é uma história épica à la Kill Bill, em que a noiva tem uma lista de meliantes que precisa eliminar. Não.
Tudo que Django (Jamie Foxx) tem que fazer é chegar até sua esposa, matando todo mundo (ninguém que ofereça muita resistência, ao contrário de Kill Bill) pelo caminho. Pronto. Como pano de fundo, a escravidão nos EUA. Ok, talvez seja mais que um pano de fundo, mas só numa indústria cinematográfica que fala tão pouco sobre a escravidão é que Django recebe algum destaque. 
Entendo a frustração do Spike Lee, maior diretor negro dos EUA. Ele disse que não veria Django, e que a escravidão não foi um faroeste, e sim um holocausto. Eu adoraria ver o Spike dirigir algo sobre o tema.
Pessoalmente, não tenho problemas que Django Livre repita o insulto racista nigger mais de cem vezes. Era o termo que as pessoas usavam na época em que se passa a historinha, alguns anos antes do início da Guerra Civil Americana, em 1861. Claro que não tenho problemas com a violência tarantinesca. Eu gosto. E estou completamente acostumada a ver filmes em que um personagem branco (no caso, o Dr. King Schulz) serve como mentor do personagem negro e guia do público branco.
Mas é triste ver o Taranta, que quase sempre apresenta mulheres fortes e marcantes, criar uma personagem tão zero à esquerda quanto a interpretada por Kerry Washington. Ela é inútil. Depois de anos sem ver o amado, a primeira coisa que ela faz é desmaiar, tal qual uma donzela. E ela só desmaia pra que os dois homens no recinto possam compartilhar uma piadinha entre eles (como pode ser visto no trailer). 
Aí a gente fica esperando que a única outra mulher do filme, a irmã do dono de escravos, se destaque de alguma forma. Não, nada. Não lhe é permitido nem ser má o suficiente. Ela talvez seja lembrada pela patética e cartunesca cena de sua morte, e mais nada. 
Os personagens são tão rasinhos que ainda bem que temos o dentista que virou caçador de recompensas (Christoph Waltz, reprisando o charme de sua atuação em Bastardos Inglórios. Pelo jeito ele fará sempre esse papel com o Taranta, e sempre ganhará o Oscar) pra que possamos nos identificar. Quem vai ao cinema é a classe média, majoritariamente branca. E é interessante observar como esse público se comporta diante de Django (ou de qualquer história de opressão). 
Toda pessoa branca tem certeza que se rebelaria contra a escravidão e se negaria a ter escravos se vivesse 150 anos atrás. Se bobear, até as pessoas que chamam negro de macaco (brincando, claro!) e são contra as cotas raciais pensam que, no tempo da escravidão, lutariam pela abolição. Dr. King Schultz está lá pra que a gente se sinta bem, sem culpa, vingada. 
E lógico que é mais fácil se identificar com Schulz que com Django, com Waltz que com Foxx. Mesmo que Waltz esteja repetindo o Coronel Landa, ele é tão melhor ator que Jamie Foxx... Certo, confesso: não gosto do Foxx. Ele só tem uma expressão (duas em Ray), e é incapaz de demonstrar qualquer senso de humor.
Li que Taranta queria Will Smith pra fazer Django. Smith, limitado também, daria um herói engraçado. Mas e os ecos da bomba As Loucas Aventuras de James West, não apareceriam para assombrá-lo? Enfm, não é culpa do Foxx. É da ambição do Taranta, de gastar 83 milhões de dólares pra fazer um filme que pareça baratinho como um spaghetti western. Ele sabe melhor que ninguém que, paródia por paródia, Banzé no Oeste é muito superior a Django.
Não creio que o filme seja racista, mas ter um personagem negro que aprende (com um branco) a se tornar um super assassino não faz de Django um libelo de libertação. O herói não tá nem aí com outros negros oprimidos. O que ele quer é resgatar a esposa. E o filme trata todos os escravos como Django os trata -– como idiotas passivos que dependem de instruções pra decidir o que fazer. 
A péssima sequência em que Django se encontra com um carinha feito pelo próprio Taranta (que nunca foi bom ator, mas aqui está muito abaixo da média) é vergonhosa. Três escravos observam tudo com cara de besta, sem terem voz. E isso depois que o vilão Candie (Leonardo DiCaprio, sempre ótimo) faz a terrível pergunta: “Por que eles não se revoltam?”
O pior vilão do filme, aliás, tá longe de ser Candie. Ele é só um pomposo e cruel dono de escravos, como tantos outros. Mas quem a gente odeia mesmo, e o filme sabe disso, tanto que deixa sua morte por último, é Stephen, feito por Samuel L. Jackson. Stephen é o verdadeiro comandante de Candieland. É ele quem manda, inclusive em Candie. É ele quem manda punir outros escravos. E, pra que sua posição de poder não seja tão aparente, ele finge ser um imbecil.
A cena do jantar, em que ele repete, risonho, tudo que seu amo fala, me lembrou do membro mais abobado da gangue de Laranja Mecânica corroborando o que Alex diz. Stephen é uma presença tão incômoda que ele mal aparece nos trailers, e ninguém reclama de Jackson ter sido esquecido pelo Oscar (todo mundo reclama -– com razão -– da ausência de DiCaprio entre os indicados a coadjuvante).
A marca registrada do Taranta não está na violência, mas nos diálogos. E os de Django simplesmente ficam bem aquém do que ele costuma fazer. Mas não tenho certeza se o maior problema encontra-se no roteiro ou na edição. Um filme desse tamanhão pruma trama tão fraca indica que alguém não quis, ou não soube, cortar. Não por coincidência, este é o único filme do Taranta sem a montadora Sally Menke, que morreu misteriosamente em 2010, com apenas 56 anos. O diretor sempre disse que ela foi sua parceira mais importante, e olha, ela faz falta em Django. 
Gostei da cena com a Ku Klux Klan, de longe a mais engraçada. Mas lembrou demais Monty Python. Parecia tirada de Em Busca do Cálice Sagrado. E, pra quem, como Taranta, diz que fez tanta pesquisa histórica pra escrever o filme, bom, a KKK ainda nem existia naquela época. Mas é bonitinho ver um bando de mané encapuzado reclamando que os buracos pros olhos não estão bem feitos. Pena que não tem nada a ver com Django.

76 comentários:

Anônimo disse...

eU SÓ DISCORDO DE UMA PARTE lOLA: "E o filme trata todos os escravos como Django os trata -– como idiotas passivos que dependem de instruções pra decidir o que fazer. " Considero que ai mesmo está a maior evidência de que estamos diante de um filme racista. E me vem algo como "Não foi tão ruim quanto eles falam" o que me soa péssimamente racista. Bj. Luciana

AmericoAmerico disse...

Falou tudo! A informação sobre a montadora foi muito importante, e ótima colocação sobre as mulheres do filme!

Marina disse...

Lolinha,

nunca discordei de uma crítica sua de cinema, haha. mas dessa eu discordei tanto que tenho que retrucar ponto a ponto! (vi o filme ontem e amei, dá um desconto, haha.)

1 - sobre ser entediante: não achei, mas isso é muito pessoal em um filme pra virar "discordância", haha.
2 - entendo o Spike Lee dizer que a escravidão é um holocausto, não um faroeste; mas tbm entendo que esse é o estilo do Tarantino. qualquer tema que ele pegue, desde o nazismo até a escravidão, vai ter esse viés. o Hitler de Bastardos Inglórios tá longe de ser sério, né? mas também adoraria ver um filme desses pelas mãos do Spike Lee.
3 - a questão do "mentor branco" também me incomoda, em vários sentidos. mas confesso que passou batido pra mim dessa vez, porque o efeito da discrepância entre os dois parceiros cumpre a função de ser divertido. só achei muito forçada a cena do "é tão lindo qndo um alemão encontra um Sigfried." óh, lágrimas.
4 - também me decepcionei com as personagens mulheres. a espoda do Django podia ter tido um espaço muito maior. ficou só na figura da donzela resgatada mesmo. bem atípico pro Tarantino, aliás. haha, vai ver não discordei de vc tanto assim.
5 - eu gostei do Foxx no papel. me identifiquei muito mais com o Django do que com seu parceiro branco. e não senti que ele ocupava um papel menos importante na dupla, ou que ele era um "pobre negro resgatado por um branco bonzinho".
6 - não acho que o Django não esteja nem aí pros escravos. ele simplesmente precisa se concentrar em resgatar a esposa, antes de qualquer outra coisa. e as cenas que ele trata mal os escravos, é sempre quando ele precisa atuar, precisa convencer os outros brancos que é um traficante negro. ele precisa agir assim. e os 3 escravos da cena do Tarantino não poderiam fazer nada: estavam engaiolados! e depois que tudo explodiu, estavam ainda receosos, sem saber direito o que tava acontecendo. "não reagir" é uma forna de proteção as vezes, não passividade ou covardia. acho que o objetivo foi mais o efeito cômico da cena, eles estavam lá sendo levados prum destino horrível, e do nada tudo explode e eles estão livres, no meio do nada: WTF?
7 - sim, o Stephen me incomodou MUITO. muito mesmo. é muito fácil colocar o negro opressor de negros como vilão máximo da história. as pessoas se revoltam muito mais. "nossa, como um negro faz isso com outros negros?? que pessoa horrível, morra." e se sentem aliviadas que um negro é pior que os brancos com os próprios negros. o Stephen sofre uma violência tão profunda que tiraram dele até a própria identidade. foi criado pra ser aquilo, desde que nasceu. colocar o dedo na cara dele é a mesma coisa que culpabilizar as mulheres que são machistas. é errado, é ignorar o contexto histórico. tenho pena de Stephen, não raiva. e o filme em nenhum momento mostra isso, só coloca ele confortavelmente como "o vilão perfeito".
8 - na hora também pensei "ei, não existia KKK nessa época ainda!", mas depois percebi que a piada era justamente essa. era como se fosse um "primórdio" da KKK. os capuzes ainda não eram o modelo que conhecemos, era só "uma idéia", "um teste", tanto que deu errado.

haha, no fim nem discordei tanto quanto achei na primeira vez que li seu texto.
<3

talvez só não concorde mesmo com ser longo e chato, me empolguei muito com o filme, me diverti, me senti "vingada", como Tarantino sabe muito bem fazer o expectador sentir.
mas fora isso, as coisas que me incomodaram tão abertamente dessa vez talvez tivessem passado batido antigamente. é sempre um processo, a gente se re-educando, né?

vc é linda, obrigada por tudo!
beijão de fã

Anônimo disse...

Boa tarde Loal.
Infelizmente não é a primeira vez que discordo completamente dos absurdos(colocados como críticas) que escreve. Mas se antes não expus meu comentário, dessa vez a força de vontade não foi a mesma.
É tolice protestar por Tarantino estar sendo... Tarantino.
O diretor também oferece algo de novo, revelando uma inédita preocupação social e política através da raiva patente com que retrata o preconceito racial e o feio passado de seu país. A própria história de racismo dos Estados Unidos é apontada quando Django, explicando sua tolerância maior a um ato de crueldade, diz: “Estou um pouco mais habituado à América do que (o Dr. King)” – talvez a fala mais política já escrita pelo cineasta. Pontua também a projeção com seu senso de humor característico, criando uma das cenas mais engraçadas de sua carreira ao ironizar um grupo de racistas que, precedendo a fundação da Klu Klux Klan, lutam com seus capuzes brancos.
Já em outros momentos, Tarantino usa o humor de forma intencional para anular o impacto que incidentes mais fortes poderiam provocar, demonstrando uma certa resistência a despertar emoções no espectador que representa, diga-se de passagem, uma de suas características mais curiosas como realizador. Samuel L. Jackson, como o escravo Stephen, se transforma gradualmente na figura mais ameaçadora e desprezível da trama – e é fascinante notar como sua relação com Calvin altera-se quando se encontram sozinhos.
Trazendo alguns dos melhores momentos da filmografia de Tarantino (como a transição entre um tema musical em assobio típico do western e uma batida hip hop que representa com inteligência a força crescente do negro na cultura norte-americana), Django Livre ainda culmina em um clímax longo e violento.
É magnífico que o único branco com algum sinal de consciência racial traga o nome daquele que se atreveu a dizer uma frase simples, mas tão poderosa: “Eu tenho um sonho”.

Roxy Carmichael disse...

que surpresa, lola, essa crítica!
vi o filme essa sexta-feira e achei ele bem envolvente, não senti as três horas, mas estou bem de acordo quanto ao papel super picolé de chuchu da kerry washington, ainda mais pro tarantino que cria personagens femininas com muita personalidade, sempre. achei "engraçado" que antes de ver o filme, li o crítico da folha falando assim: "adoro o tarantino, mas só cães de aluguel, pulp fiction e bastardos inglórios, não gosto de kill bill, death proof e nem desse django" pensei: mas que coincidencia vc ter gostado só dos filmes que são protagonizados por homens brancos, não? desses, o único que eu não gosto é bastardos inglórios. e AMO death proof, talvez o meu favorito. em relação aos negros em django, ele faz exatamente o que os livros de história fazem: os negros são meros coadjuvantes de uma história protagonizada por homens brancos maus (senhores de engenho) e homens brancos do bem, ou seja, os abolicionistas, assim como no brasil onde pouco ou nada se fala sobre os quilombos, sobre os heróis da resistência e principalmente sobre a origem desses negros, de que país eles vieram?como era a cultura deles? eu não me lembro de nada assim na escola, e me sentia sempre bem incômoda, de repente porque sou negra. aliás foi meu namorado, que é estrangeiro, que me perguntou: vc não tem curiosidade pra saber mais da historia dos seus antepassados africanos?mas voltando ao filme: eu achei legal (SPOILER) em dado momento o waltz e o dicaprio morrerem e o filme ser conduzido por foxx e jackson. mas a cena que menos gostei, pra não dizer que odiei, foi a cena da ku klux klan. achei que essa cena remeteu a bastardos, filme esse que como disse, odiei em sua ânsia juvenil de fazer revisionismo histórico pastelão, embora tenha gostado muito de don johnson. fiquei pensando tb que é bem interessante colocar negros protagonistas não só enquanto personagens, mas enquanto história (escravidão) num gênero que é o reduto branco, falocentrico, hetero por excelência, que é o faroeste. é claro que (quase) todos os filmes americanos são feitos com essas consignas, no entanto, o western é certamente ainda mais potente que o filme historico no sentido de criar uma mítica da sociedade americana, erguida obviamente sobre essas três características, então achei legal essa subversão no gênero, até pq embora eu seja uma admiradora desse gênero cinematografico, amo o sergio leone por exemplo, não tenho conhecimento de outro western que trate a escravidão.

Roxy Carmichael disse...

aliás, na sessão que vi o filme, tinha duas senhoras que não paravam de falar ao meu lado, no que uma pergunta (na cena do tiroteio na fazenda candy):
-cadê aquela menina?
ao que a outra senhora devolve:
-que menina???
e ela responde:
-aquela, a preta!!!
o nome da brunhilde não só é pronunciado o filme inteiro, como se conta uma lenda alemã em que esse nome tem papel central, como se não bastasse, o filme todo gira em torno do resgate dela, mas não importa, afinal, quem tem características individuais são os brancos, o resto é tudo igual. então eu pensei: será que as pessoas são tão racistamente escrotas que não se dão conta das merdas que falam, que repetem racismo tá num filme anti-racista, ou será que o filme não foi tão efetivo assim em sua "conscientização" exatamente por colocar negros como coadjuvantes de sua própria historia?

Felipe disse...

Achei decepcionante o filme. As única coisas que gostei foram: o Waltz, a trilha e o Foxx pelado.

gustavo disse...

Acho o tarantino um ótimo roteirista, dirigindo, acho cheio de maneirismos e sem muitas idéias, só ver no youtube os videos de suas "inspirações".

Julia disse...

humm, perdi a vontade de ver o filme no cinema. Dura 3h ainda... preguiça.

Anônimo disse...

Adorei o filme. Mas eu adoro o estilo do Tarantino, então sou suspeita pra falar.

Vou encher meu comentário de spoilers, quem não assistiu, não leia.

...
Entao, tem todo o exagero que filmes do Tarantino tem. Não dá pra levar os filmes dele muito a sério.

O que eu tenho pra criticar:
No comeco do filme todo mundo ficava impressionado com o Django cavalgando. Se negros não podiam cavalgar, como ele sabia cavalgar tão bem? E como no fim do filme galopou sem sela? Já cavalgar com sela é difícil pra quem nunca montou num cavalo.

Na época retratada a Alemanha tinha um território diferente do de hoje. O Dr. Schultz era de Düsseldorf. O ator é austríaco, o sotaque dele, por mais que ele se esforce, é do sul. O Tarantino podia ter colocado o Dr. Schultz como um alemão do sul, seria mais plausível.

As mulheres retratadas estavam mais ali como decoração do que como pessoas ativas, concordo. A Broomhilda (por que ele não usou a grafia original? Escrito assim é que nem a bruxa dos quadrinhos) devia ser muito mais altiva, ela vivia tentando fugir! E eu tava contando com os três negros do final atacando o Django e se vingando dele ter virado escravizador...

Achei a morte do Dr. Schultz precipitada. Ele bem podia ter sido feito prisioneiro e resgatado pelo Django.

Todos os homens do cinema entraram em pânico com aquela cena do Django nu (amei!!) prestes a ser castrado. O escravo sendo estraçalhado pelos cachorros não provocou tanta emoção. Como a gente fica insensível a brutalidade, né?

Amei o detalhe da cabeça da Nofretete! Ainda quero rever o filme várias vezes pra ir descobrindo esses detalhes.

Por fim, achei legal o personagem do Stephen. Só achei meio forçado o jeito que ele descobriu a farsa, foi rápido demais. Ninguém teve a idéia de que os dois (Django e Broomhilda) se conheciam por terem os dois um r marcado a ferro no rosto?

As horas do filme voaram! E mesmo com todas as críticas e todos os furos, eu gostei bastante.

Luci

Anônimo disse...

Ah e mais uma crítica...não gostei do Dr. Schultz ter contado a história de Siegfried e Brunhilda como na ópera do Wagner e não como na lenda original. Se ele ia contar a história que "todo alemão aprende na infância" (pausa para risos), com certeza seria a que está na canção dos nibelungos...

Luci

Elaine Cris disse...

Western, falta de personagem feminina forte? Tô fora, rs. Confesso que Tarantino não faz muito o meu gênero mesmo.
E essa de sempre colocarem um vilão negro em filmes de escravidão (assim como sempre tem que ter um herói branco) sempre me soa condescendente. É como se quem faz o filme (ou novela) dissesse de forma bem infantil e didática pro telespectador: estão vendo, não são só os brancos que fizeram maldade nessa época... Fica reducionista, acho que desvia o foco da escravidão pra "maldade humana". Não sei se estou sabendo me explicar direito.
Enfim. Como já disse Taranta não faz muito meu gosto. Prefiro meus dramalhões, rs. Outro dia assisti A Garota, sobre o relacionamento de Hitchcock com uma de suas musas e é um filme simples, que fala pouco, mas rende discussões interessantes.

Abçs Lola. Já estava com saudades de suas críticas de cinema.

Anônimo disse...

O primeiro anônimo a postar devia arranjar argumentos próprios antes de contestar os seus, Lola, já que ele os copiou da crítica do Villaça do Cinema em Cena.

Giovani HG disse...

Só não digo que foi "um porre", mas do resto, só tenho a concordar.

Pra mim pareceu o seguinte: pega o "Bastardos Ingórios", retira os diálogos interessantíssimos, o roteiro bem estruturado, a empatia pelo protagonista injuriado, acrescenta um pouco de banalização na violência, um personagem caricato demais (Samuel L. Jackson - o público ria de toda fala dele, parecia que eu tava num filme pastelão) e outros desnecessários (irmã do Di Caprio) e pronto.

Anônimo disse...

Anônimo plagiando Pablo Villaça em comentário, fantástico!

Anônimo disse...

Lola, assiste Cloud Atlas (o título em português é uma bosta)e conta p/ nós o que vc achou, please!!!! Ragusa

Leo disse...

Lembrei de vc:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aC8Ls-5nRxM

Paulo Magno disse...

Vai asssistir As Aventuras de Pi, Lola. O filme é incrível.

bruna disse...

Lola, que bom que voltou a escrever as crônicas!!!!

Ainda não assisti o filme, quero fazer isso esse fds.

Não assisti mas já concordo com a injustiça contra o Leo!!! A academia o boicota, não tem outra explicação!! É por essas e outras que nem levo o Oscar a sério...

Anônimo disse...

Lola querida!

Gostei muito da crítica.
Como historiadora que tem como objeto de investigação a escravidão no Brasil e as feridas dela que estão longe de cicatrizar, poderia escrever uma dissertação sobre o filme.
O personagem do Jackson daria um bom capítulo, como alguém disse ali em cima, é muito mais fácil você apontar para cara de um negro e gritar "racista!" ou usar o velho discurso reaça de "ah! Os mais racistas são os próprios negros!". Mesmo assim o personagem não deixa de ser interessante como o cabeça de CandyLand, acho que muito mais pelo alto nível da atuação do Samuel. Mas o personagem tem salvação, por que, por exemplo, aqui no Brasil, quando um escravo fugia a séculos atras um branco português não teria condições de se embrenhar no mato para procurá-lo, não era conhecedor de caminhos e fronteiras (parafraseando o pai do Chico). Quem acabava fazendo o serviço sujo eram os mestiços, filhos da violência das senzalas o do contato com tribos indígenas. E séculos depois com a ideologia do branqueamento, na escalada para ser branco quando mais perto você chegasse desse padrão melhor, quando mais longe dos escravos e mais perto de Candie mais status. Fui longe, fui anacrônica mais talvez o raciocínio tenha alguma validade.
Concordo em gênero número e grau sobre a ausência da montadora.
E outra coisa que também me incomodou foi essa coisa paternal do Dr. King, principalmente na hora que ele conta a historinha alemã e Django ouve, quase como uma criança. Talvez o Tarantino estudou muito sobre a escravidão nos EUA, mas nada sobre a África ou a cultura africana trazida para as Américas. Ele acaba caindo em um paradigma fortemente criticado pela produção historiográfica atual: o do "escravo coisa", do sujeito que é bestializado, e tem sua subjetividade anulada pela experiência da servidão e a única forma de resistência que demonstra é a resistência no limite, a fuga.
O engraçado é que a única cena que penso eu quebrou um tiquinho esse paradigma foi a que você apontou como de grande passividade, quando o Tarantino explode e os outros escravos ficam perplexos com o feito de Django. Durante poucos segundo um deles olha Django com um olhar de simpatia e aprovação enquanto esboça um sorriso meio tímido. Penso ser uma das únicas cenas que um escravo, que não seja o Django, demonstra subjetividade espontaneamente. Uma das únicas que ele não passa de uma criancinha em defesa que precisa da orientação de um Dr. King.
Gosto muito do Waltz, mesmo ele fazendo novamente o Capitão Landa, mas penso que um filme de libertação de acerto de contas com o passado escravista americano (e aqui falo das três Américas) não pode ter um personagem paternal como ele. Não é nenhuma novidade, não quebra paradigma nenhum, é só mais do mesmo.
Sobre as mulheres, imagine a minha frustração de ter vibrado um dia antes com a vingança feminina sobre o serial killer Dublê Mike em À prova de morte, dou de cara com as mulheres passivas de Django. A irmã de Candy tudo bem, típica representante da mulher sulista, criada para o lar e etc. Mas, e Broomhilda só uma mocinha indefesa mesmo? Sério? Mais raso que uma piscina de mil litros.
Resumindo: comprei meu ingresso cheia de expectativas as quais não foram superadas. Eu gostei do Jamie Foxx, apesar dos pesares. Achei que o roteiro não é nem de muito longe um dos melhores roteiros do Tarantino rendeu algumas pérolas, mas acabou se arrastando, no entanto se arrasta mais que o necessário.

No entanto, há uma coisa que vocês esqueceu: a trilha sonora. E que convenhamos era uma das únicas coisas exitantes do filmes.

Sarah disse...

Oi Lola,

Adoro blog e seus comentários críticos! Bom, concordo com os pontos levantados pelos comentários e gostaria de fazer minhas considerações também. Até achei a personagem feminina um pouco passiva, mas acredito que seja devido a situação de escravização. Mas, nota-se que ela tenta fugir, o que denotaria, obviamente, uma inconformação. E no fim, Tarantino dá uma pequena deixa, retratando-a com um rifle na mão e acompanhando o Django, indicando um parceria/dupla.
Quanto ao Schultz, muito além do branco mentor, percebi mais uma crítica as norte-americanos, uma vez que, o personagem é europeu e possui idéias mais liberais. O contraste com o Calvin Candie também é muito interessante, pois este não possui o nível intelectual do Dr., vide a excelente cena sobre Dumas. Inclusive isto transparece na relação com o Stephen que é muito mais sagaz e havia desvendado o motivo real dos visitantes desde o primeiro momento que os conheceu. Ou seja, os negros neste filme não tem uma imagem tão inferior assim.
Adorei a cena da Klu Klux Klan, muito divertida, apesar de solta, mas completa o estilo "tarantinesco"!

Unknown disse...

Não sei se é porque não entendo muito de cinema de um ponto de vista mais técnico, mas gostei muito do filme. É longo, mas nem percebi o tempo passar. Extremamente violento, mas tão bem humorado que a violência não fica indigesta. Achei bastante crítico. O personagem do Samuel L. Jackson é ótimo, o mais asqueroso que já vi em muito tempo. Pensei que ele estava concorrendo ao Oscar de melhor ator coadjuvante, mas, pesquisando na internet, vi que não. A participação dele não é tão longa quanto a de Christoph Waltz , mas me impressionou bem mais. Engraçado ver os próprios "afrodescendentes" reproduzindo o preconceito, e o filme mostra isso diversas vezes. No final me senti vingado, da mesma forma como me senti em Dogville, quando o personagem da Nicole Kidman fez o que fez. E a trilha sonora é ótima. Achei um filme bem divertido.

Anônimo disse...

O q eu mais gostei foi a trilha! :)

*contém spoilers*

A personagem da kerry foi uma das coisas mais decepcionantes já q o filme era de Tarantino (pq eu tava esperando uma personagem feminina forte). Ela passou por diversos tipos de tortura, mas se comporta como uma figurante depois q django chega.. No fim do filme quando ele explode tudo e ela bate palminhas pro herói mesmo depois de tudo q passou é simplesmente ridículo. Poxa, ela não podia dar o dedo do medo pra casa, soltar um palavrão, dar um grito etc? Porque quem sofreu mais ali foi ela.

E o fim do personagem do Samuel L. Jackson incomodou bastante.. como vc disse são poucos os filmes sobre escravidão e ai vão e colocam um ator negro como vilão e tendo a a morte mais celebrada..

Mariana disse...

Oi, Lola!

Gostei muito de Django.
Verdade, senti falta de mais falas boas, mas achei que nessa vez a trilha teve ainda mais importância. Por exemplo, achei engraçado a cena em que o Django começa a atirar em todo mundo ao som de hip hop. E não achei entediante.

Apesar de tudo, achei racista sim.
Ok que é Tarantino, mas pra mim pareceu algo como "tudo bem rirmos de piadas sobre negros se em seguida Django for lá e matar meia dúzia de brancos como vingança".
Tô sendo ingênua, Lola?

Anônimo disse...

vc é a primeira pessoa a falar mal de lincoln, que ainda não estreiou aqui.
ps: queria muito saber o que achou de cloud atlas. eu achei sensacional. :)

ale disse...

Lola, primeiro tenho que dizer que dei risada sobre o seu comentário a respeito de 'Lincoln' porque, NOSSA, que filme CHATO. Eu baixei, assisti 20 minutos e parecia que tinham passado quatro horas.
A respeito de Django, bom, eu adorei. Mesmo. Falando, assim, de maneira bem simples, eu gostei do enredo, não achei monótono mesmo tenho quase três horas, adorei as tiradas irônicas... Concordo que o papel feminino é fraquinho mesmo, mas acho que o resto acabou compensando. Não sei se compensar é a palavra, mas no geral, gostei bastante. E olha que é difícil eu discordar de você! rs

Ana P. disse...

Olá Lola!
Sempre leio seu blog, faz muito tempo em que não comento, mas resolvi falar hoje, já que acabei de ver esse filme.

Primeiramente, eu gosto de western - apesar de ter muita coisa problemática - e gostei muito desse filme, principalmente porque ele desafia vários estereótipos especificamente do gênero western.

Certamente não fui esperando ver um filme realista sobre escravidão, do mesmo jeito que não fui ver Bastardos Inglórios esperando um filme realista sobre a segunda guerra. É o que o Tarantio faz, ficção "pulp" e filme de "explotation". Não acho que ele seja racista, preconceituoso, etc. Ele tem consciência do que está fazendo e sabe que não está fazendo um filme histórico ou dramático.

Uma das primeiras coisas que notei é que os protagonistas não eram tipícos desse gênero e inclusive eram uma certa provocação contra o público americano. O Django é um escravo liberto e o Dr. King Schulz, apesar de ser branco, é um europeu (geralmente personagens europeus são vilões afetados nos filmes de hollywood). Aliás, o que mais estranhei foi a presença do Schulz naquele cenário, mas o Tarantino conta histórias de fantasia, afinal.

Inclusive eu me identifiquei muito mais com o Django do que com o Schulz, haha. Na minha opinião, aquela cena do bar com os lutadores, o Django estava lá justamente para dar um olhar crítico ao público, porque ele retira a normalidade e o conforto que os brancos sentiriam na cena. Pra mim, o Django está lá para provocar o telespectador do que o Schuzl está lá para fazê-los confortáveis, inclusive porque ele é um personagem estranho e estrangeiro.
E eu adorei a atuação do Foxx, ele é um cara muito carismático e bonito.

O Stephen é o colaborador de classe, praticamente um Obama. Não achei o personagem dele problemático, pelo contrário, achei que era necessário naquele contexto.

Gostei também do Tarantino ter repetido um elemento do Bastardos, que é colocar pessoas de grupos que foram historicamente vitimizados como protagonistas empoderados. Haviam judeus acabando com nazistas em Bastardos e aqui temos o Django detonando aqueles escravocratas rednecks. Acho que no contexto americano é bastante provocativo colocar um homem negro dando uma surra num capataz ou treinando tiro em futuros kkks. Eu achei muito satisfatório, pelo menos. Não acredito na recuperação desse tipo de gente e acharia ótimo surrar racistas, nazis, mras...

Até daquela cena final com a aparição do Tarantino eu gostei! Foi épica!

Acho que a única coisa que estamos em acordo, Lola, é que a Brunhilda era uma tipíca donzela em perigo, ainda assim, eu gostei dela e fiquei todo o filme torcendo pela personagem. Quando à irmã do vilão, realmente não me importava com ela, achei que foi ótimo a maneira como ela morre no final. As pessoas se precupam demais com dramas de mulher branca e ter dado espaço para ela poderia transformar o filme em um The Help 2 (filme que achei muito ruim), além de ficar distraindo a atenção do público. A Brunhilda sofre muito durante todo o filme, seria injusto com ela no final do filme colocarem o pessoal velando a sinházinha branca.

Seria legal uma continuação em que o Django antecipa em quase um século os Panteras Negras. :D Realmente ia gostar de ver isso.

ah, eu pirei com a trilha do filme. Sou doida pelas músicas do Enio Morricone e gosto como o Tarantino recicla trilhas sonoras dos western antigos.

Bom, é isso.
Abraços!

Dandara Lima disse...

É a primeira vez que eu discordo de um post seu Lola, estudo muito cinema é essa é umas das obras mais maduras do Tarantino (Kill Bill não é um filme bom só porque tem vários personagens femininos fortes).
Se analisar novamente os detalhes do filme, a maioria das cenas que tem sangue o Tarantino coloca a cor branca, a cena do algodão respingado de sangue é uma das mais simbólicas.
Django é segue a linha do Bastardos Inglórios, a reação ou a falta de reação. No filme o Tarantino coloca o Django como um em 10.000 mesmo com um objetivo egoísta, ele é o único que não foge, que revida desde quando lhe tiram as algemas dos pés e sozinho explode "candyland".
Na sequência de enquadramentos do início do filme, já mostra como vai se dar a construção do personagem.
O jogo que o Tarantino fez relacionando o alemão com o americano foi bem interessante, os personagens com nome alemão eram os mais humanos e sensíveis, brincando com o filme anterior.
Sigfried é também um dos personagens de umas das peças de Vagner, uma referência também a Nietzsche e a teoria do Super Homem.
São tantas coisas para comentar sobre o filme, eu achei sua análise um pouco superficial, mas admiro muito seu trabalho com esse blog

OMICO disse...

Eu adorei o filme. Sobre o personagem do Django precisar de um tutor branco, fato que já incomodou tanto em outros filmes (como o Histórias Cruzadas, que você lembrou), neste caso é menos absurdo pelo fato do Dr. King ser além de branco, alemão. É natural que ele, vindo de uma outra terra com outros costumes, se incomode com tanta violência contra outras pessoas. Não é uma questão do Dr. King ser o Cérebro e o Django o Pink, é questão do Dr. King precisar vir de uma outra cultura para dizer que não, aquela situação não é aceitável.
Sobre o personagem do Samuel L. Jackson (incrível! merecia o Oscar de ator coadjuvante mais que qualquer outro este ano), eu sempre me lembrava enquanto assistia ao filme de uma frase que outro dia o Jean Wyllys escreveu no twitter (sobre um outro assunto): "o pior tipo de cordeiro é aquele que, para preservar a própria lã, uiva com os lobos que atacam o rebanho". É exatamente isso. Alguém já ouviu falar, na sociedade atual, de mulheres repetindo padrões machistas e misóginos? De homossexuais fazendo piadas homofóbicas? De negros se posicionando contra as cotas?
E, talvez eu seja o único, mas eu gostaria bem se o filme tivesse meia hora a mais. Gostaria de saber mais sobre a relação quase incestuosa entre o Calvin e sua irmã e gostaria de saber como (e se) o Django e a Broomhilda sobreviveram. Já imaginou uma sequência com Django e Broomhilda libertando escravos pelo sul dos EUA? Dá para reverter todas as suas críticas a este Django Livre, heim?Eu ia adorar.

Anônimo disse...

Perfil masculinista extremo indentificado.

https://www.facebook.com/marcus.bueno2

Vitor Ferreira disse...

Lola, acho que a KKK do filme é pra ser tipo uma precursora da atual, depois que eles resolveram o problema dos buraquinhos.

No mais, concordo com tudo.

nina disse...

Lola, não sei o que é, mas não gosto do Tarantino... não consigo.

Só queria comentar que de 'Lincoln' só vi o trailer e achei uma droga. Tipo de filme pra por na minha lista de 'não quero ver'.

Antes que alguém pergunte o que estou fazendo aqui, bem, eu gosto das suas críticas. Mesmo se discordar de algo ;)

Paula B. disse...

Nossa, Lola, em geral concordo muito com você, mas essa crítica realmente foi uma falta de interpretação. Não vou comentar todos os pontos, mas o que mais me revoltou foi seu comentário sobre a cena da KKK. Por acaso Django Livre é um documentário e eu não sabia?

Luciana R. disse...

Sobre as personagens femininas, realmente elas são fracas, bem diferentes daquela em Era uma vez no oeste e que tem papel circunstancial. Hollywood já fez mto em demonstrar mulheres "dignas de amor" que são o mote da história e aquelas independentes vilãs, que realmente agem na história. O filme tbm tem a individualidade como o o caminho a ser seguido, No entanto, achei a cena do desmaio no mínimo interessante. É realmente a princesa germânica, que aguenta um dragão a rodeando por tempos e desmaia ao ver o prínce. Uma pessoa que aguenta o açoite, mas se derrete no romantismo.

Anônimo disse...

A proposito de escravidão, voçê sabe o que é umPickaninny? Que como é óbvio deriva da palavra portuguesa pequenino :(

Anônimo disse...

sim, aquilo é uma refeencia aos primordios da KKK, o proprio tarantino disse isso

Anônimo disse...

Eu me lembrei muito da musica "negro drama" do Racionais mc da parte (...)
Pra quem vive na guerra,
A paz nunca existiu (...) sobre o papel do Samuel L. jackson. Quando eu assistia os risos atras de mim eram alucinantes e eu assistia as imagens da escrevidao com lacrimas nos olhos.
BEIJOS,
YRA

Selene disse...

Após assistir ao filme, a primeira coisa que pensei foi "devia ter lido a crítica da Lola antes!". Não quis ler tudo antes de ver o filme, ainda mais depois de você dizer que achou Django Livre um porre.
Discordo de alguns pontos da sua crítica, acho que como cinema o filme é incrível, possui detalhes de construção sempre muito bem pensados. Mas o que me pegou mesmo foi essa violência que não é caricata, é muito crua e real. A cena dos cachorros atacando D'Artagnan a meu ver é uma das coisas mais fortes que ele já fez. É muito diferente do que mostrar um carro à prova de morte passando em cima de outro carro e fazendo voar as pernas das mulheres que estavam dentro dele, pois a cena é tão absurda que não tem muito como você se transportar para aquela situação. Isso que eu acho que seja a violência tarantinesca, a violência caricata. Não vi esse tipo de violência em Django, tudo o que acontece com os escravos em termos de punição e abuso poderia muito bem ter acontecido realmente. Essa crueza me fez ficar com um nó no estômago a maior parte do filme, e mais pro final não consegui achar graça em mais nada. Terminou a sessão e me debulhei em lágrimas, fiquei malzaça. Fora que as atrocidades foram tão pesadas que a vingança não ficou à altura. Não sei, conhecendo o trabalho do Tarantino acredito que não era intenção dele que o filme tivesse esse peso, mas pra mim foi o que ficou.

Anônimo disse...

Assisti agora uma entrevista coletiva com os atores e Tarantino.

A atriz que interpretou a Broomhilda falou sobre a tentativa do filme mostrar como os escravos eram privados de uma identidade. Eram várias as ferramentas usadas pra esse fim, como por exemplo não poder andar a cavalo e não ter direito a constituir família (quem decidia isso era o dono do escravo).

Parece lógico e se encaixa legal com o papel do Stephen. Aquela cena dele vendo o Django chegar montado num cavalo não foi só hilária, foi uma amostra de que o roubo de uma identidade própria para negros era uma coisa tão enraizada, que nem ver um negro livre cavalgando se encaixava naquela realidade. Negros não podiam, não eram capazes, simples assim. Ainda que o Stephen controlasse a fazenda e de certa forma controlasse o Candie também, ele no fundo não acreditava ser capaz de ter uma identidade própria.

Nessa hora eu pensei que não sabemos o passado do Django e que vendo como eles agiam, o Stephen parecia ter nascido escravo e o Django ou ter nascido livre, ou pelo menos ter tido contato com negros livres.

Mas teve uma frase que estragou tudo, toda essa realidade que o filme estava mostrando tão bem por meio de detalhes aqui e ali.

Negros não podiam casar. A atriz citou isso na entrevista. Django e Broomhilda eram especiais porque se viam como marido e esposa. Eles se viam como seres humanos, por mais absurdo que aquilo fosse na época. Daí me vem o Stephen contar pro Candie que Schultz e Django estavam encenando, que Broomhilda e Django provavelmente já se conheciam...e aí, bam! ele diz que os dois talvez sejam marido e mulher.

Pô Tarantino! Se o Stephen acredita realmente que negros são inferiores, incapazes até mesmo de andar a cavalo, como que ele vai ter essa idéia mirabolante que Django e Broomhilda são casados?

Minha única esperança é que tenha sido um erro de tradução, já que eu vi o filme dublado. Espero que ele tenha dito que eles eram amantes, namorados, o que for.

Luci

Luzzi disse...

Ainda não vi o filme, Lola. E é óbvio que eu discordo de você. Mas só desta vez! Tarantino é o cara, infalível. Abs.

Paulo Soares disse...

Tendo a discordar do seu comentário nobre blogueira, por achar que com Django Tarantino mais uma vez da a prova que está amadurecendo seu cinema, como muito se comentou nessa temporada.

Gostei por ele abordar o tema, sem a pretensão de querer dar a visão definitiva sobre,expiar, ou ir além do seu cinema e sua linguagem visual. Algo, que o mesmo Spike Lee que cita, equivocadíssimo em sua colocações sobre o filme (como um homem com oficio de diretor, se presta a criticar o cinema de um colega, sem ao menos ter visto seu filme? Amador no mínimo),teria tentado fazer, repetindo muito provavelmente aquela afronta que cuspiu chamado Miracle at St. Anna.

Tarantino é brilhante, ao optar por expor os horrores e desprezo da escravidão por símbolos e diálogos sutis, como a exemplo o choque que todos tem,inclusive os próprios escravos, ao ver um negro em cima de um cavalo, algo aparentemente banal, mas que dentro de todo um contexto expõe em tela anos de um passado que os americanos querem enterrar .

E a piadinha com a Ku Klux Kaln, é o que podemos chamar de liberdade narrativa, que jamais poderia faltar em um filme do Tarantino, principalmente sobre o tema, tanto que deu no que deu, uma das melhores e mais divertidas sequências do filme.

E adiciono que a falta da grande Sally Menke foi menos sentida do que me afligia que seria,haja vista que acho que Fred Raskin deu super conta do recado, inclusive sendo feliz junto com o Taranta, na extensão do encerramento do filme além daquelas duas mortes principais.

Enfim, pra mim mais um grande acerto do Quentin.

Ana P. disse...

@Lucas M.

Sim, seria legal se filmassem uma sequencia, mesmo que fosse um curta-metragem e o Django e a Broomhilda liderassem uma revolta de escravos. (achei interessante que no fim do filme, ela apesar de ser uma donzela em perigo, saiu cavalgando ao lado do Django e acho que ela estava carregando uma arma também). Na época em que se passa o filme os escravocratas ainda morriam de medo de presenciarem um novo Haiti.

@Dandara: sim, também achei que tinha um simbolismo forte na cena em que aparecia o algodão sujo de sangue. É uma metáfora muito usada para se referir a coisas cuja origem é o trabalho escravo. "diamantes sangrentos", por exemplo.

lola aronovich disse...

Anônimo, pq esse perfil é importante? Qual mascu extremista é ele? (quero dizer, qual o avatar que ele usa?). Só deixar o link assim é incompleto.


Paula B, claro que Django não é um documentário, mas o que Taranta repete em todas as entrevistas é como ele leu pra escrever o roteiro do filme. Acho relevante apontar que a cena mais engraçada do filme (essa da KKK), além de não parecer ter nada a ver com a história, também não tem muito a ver com a História.

Anônimo disse...

Lola, o marcos Bueno e o Conde de Kakflour.

https://www.facebook.com/marcus.bueno2
-
https://www.facebook.com/CondeDeKakflour

clara disse...

Olha, o estilo do Tarantino é esse, não é que ele veja a escravidão como um faroeste, nem que não ache que é um tema que é pra ser debatido a sério. Acho que o estilo de qualquer filme dele é esse, talvez a falta da montadora tenha deixado o filme só um pouco mais cansativo do que os outros. Em relação ao Stephen, eu pensei justamente o contrário do que tu disse, Lola. Sério mesmo, quando eu tava vendo o filme, eu senti que essa era uma crítica muito forte em relação ao racismo, que a mentalidade racista estava tão impregnada na sociedade (como ainda é hoje) que não é por que o negro é idiota ou passivo que ele não reage, mas sim por que ele mesmo acha que aquele é o seu lugar. Assim como nós vemos muitas mulheres que ficam pasmas quando veem outras mulheres indo atrás de seus direitos humanos básicos, por que é tido como 'normal' qualquer um que não seja branco, homem, heterossexual não ter e nem querer ter seus direitos. Não sei se eu encarei o personagem dessa forma por que é assim que eu encaro o mundo, e talvez pra outras pessoas ele tenha sido realmente o maior vilão do filme. Quanto ao ajudante dele ser branco, eu vejo que nesse contexto as coisas se tornam mais viáveis com um branco auxiliando ele, justamente por que as coisas eram mais fáceis quando se é branco, não por que o Django era idiota e incompetente. É lógico que as coisas eram mais viáveis se ele tivesse um homem branco em sua companhia, as pessoas ficavam impressionadas até por ver o Django andando a cavalo! E isso não é por incompetência dele, o doutor estava de fato numa posição mais privilegiada na sociedade. Enfim, é o que eu acho do filme. Concordo quanto a mulher dele ser um personagem fraco, mas mais por ela ter tido poucas aparições no filme, mas não acho que o personagem em si era uma pessoa fraca, tanto que ela tentava fugir várias vezes, apesar das consequências terríveis daqueles castigos. Só que fugir não era uma coisa assim super fácil, e o Django foi liberto antes dela mais por uma questão de sorte, não por ele ser uma pessoa mais forte do que ela. Enfim, é o que eu acho do filme, talvez eu seja muito ingênua e tenha romantizado os furos do filme. Abraços.

Maíra disse...

Lola, eu adoro e respeito suas críticas, mas eu realmente gostei de "Django Livre" e discordo de muitos pontos de vista seus. Mas não é sobre isso que eu quero falar.
Gostaria de deixar aqui uma observação sobre essa parte do seu texto: "Toda pessoa branca tem certeza que se rebelaria contra a escravidão e se negaria a ter escravos se vivesse 150 anos atrás. Se bobear, até as pessoas que chamam negro de macaco (brincando, claro!) e são contra as cotas raciais pensam que, no tempo da escravidão, lutariam pela abolição."

Sabe, pra mim isso se enquadra bem na situação dos animais atualmente. Vivemos numa sociedade que considera normal torturar e matar animais de várias espécies em nome da ciência, do prazer e do paladar. Isso se chama especismo e não é nada diferente do racismo (na minha opinião e na opinião de outros vegetarianos por aí). Talvez, num futuro distante, uma sociedade vegetariana olhe para trás e pense "que horror, eles comiam carne! Eu jamais comeria se tivesse vivido naquela época"! Mas, sabemos que não é bem assim! A maioria das pessoas acha normal comer carne e utilizar animais para fins variados. Da mesma forma que, na época da escravidão, a maior parte considerava normal a teoria de que os negros eram inferiores e passíveis de escravidão. Assim como os nazistas enxergavam os judeus. Como as mulheres ainda são enxergadas pela sociedade patriarcal. E por aí vai. O problema das pessoas é que elas muitas vezes não olham para os erros que estão cometendo atualmente, não conseguem fazer um paralelo com tudo o que já ocorreu no passado e aprender com os erros. Isso tudo vale uma boa reflexão!

Beijos

Anônimo disse...

eh segundo o feminismo um filme feito por um homem(ser inferior) sem a supervisão de um ser superior(mulher) não pode prestar...

Clara disse...

Oi Lola! Gostei bastante da resenha.
Achei que o filme teve várias cenas um pouco forçadas (como o desmaio), me incomodou um pouco o repeteco do coronel Landa e certamente fiquei desapontada com as personagens mulheres.

Mas a questão da passividade, nao achei uma abordagem tão ruim, afinal, Django, D'Artagnan e a própria Brunhilde tentaram fugir e foram severamente punidos. Existem também várias cenas que reforçam como a escravidão estava naturalizada na cabeça das pessoas, o que tambem explica a passividade, de certa forma. Além disso, essa é uma abordagem que acho muito interessante, que já vi neste filme ao tratar do holocausto:
http://www.imdb.com/title/tt0145503/
Gostei muito da cena em que Candie analisa o cranio de um negro e retrata as m* para as quais a "ciência" pode colaborar, mnuitas das quais possivelmente acreditamos hoje.

Sobre o mentor branco, de fato ele não seria necessário para contar uma história sobre vingança, mas nao achei um absurdo tão grande, afinal, os negros realmente nao tinham acesso a diversas situações (conseguir armas, transitar em diversos lugares com segurança) que pareciam muito importantes para a história específica. E de certa forma, a morte (para mim, inesperada) do Dr. Schultz compensou em parte esta falha, dando espaço para Django.

Há tambem a primeira cena, na qual os escravos "libertos" pelo Dr. Schultz se voltam contra seu opressor quanto tem oportunidade. Eles só fazem isso depois que o dentista dá um toque, mas convenhamos, o que os faria pensar que aquele branco armado não os faria mal?

E, enfim, me pareceu que o fim do filme serve para mostrar que a relativa passividade dos negros diante da escravidão é fruto do status quo e da opressão.

Sobre a afirmação de que um retrato da escravidão é um holocausto e nao um western... sei lá. Sempre reparei sobre como havia tantos filmes sobre o holocausto e tao poucos dramatizando a escravidão, e acho que Django cumpre bem a função de representar os horrores da escravidão.

ADOREI a cena do KKK e o rap na trilha sonora.

Acho que o único problema é que, apesar de ser um bom exercício de empatia, pode dar a muitos a impressão de que depois do fim da escravidão, os EUA se tornaram um lugar maravilhoso para os negros.

Mônica disse...

Gostei muito do filme. Talvez porque estivesse precisando muito nesse momento ver uma história em que o oprimido vence. Ver uma história que diz que o mundo pode ser diferente. Essa carência por um "final feliz" talvez me tenha feito dar um desconto para as falhas do filme. Mas, enfim, eu gostei.

Não vi o Dr. Schultz como um mentor e o Django como um discípulo o tempo todo. Quer dizer, no início, sim. Mas logo isso se torna uma parceria. O Django demonstra muito talento e muita inteligência. Ele tem brilho próprio na história.

Não acho que o fato de o Stephen ser o verdadeiro cérebro em Candyland torna o filme racista. Na minha opinião, isso deixa a história muito mais interessante. E acaba pintando os brancos como caipiras e burros.

O fato de o Stephen ter se tornado o algoz dos outros escravos, não é, na minha opinião, prova de que "os negros são mais racistas que os brancos". Mas de que as pessoas "criam" os mais absurdos mecanismos de defesa quando a situação delas é tão ruim que elas preferem fingir que aquilo não existe. É a única forma de sobreviver. Se tornar o algoz foi a forma que o Stephen encontrou de fugir daquela realidade terrível.

Mas, no final, o Django nos lembra que o Stephen é o vilão, mas também é uma vítima. Quando ele fala que o Stephen esqueceu de citar como exemplo de tortura "tiro no joelho".

A Brunhilda decepciona, de fato. As únicas evidências de que ela é uma mulher forte vêm de referências - o apelido de "encrenqueira", o fato de que ela fugiu mais de uma vez. Mas no desenrolar da história não se vê nada que revele essa força. Ao contrário, ela aparece muito como donzela.

Na minha versão da história o Django libertaria todos os escravos, que se uniriam a ele na vingança. Ele se preocuparia menos em resgatar a donzela e mais em se livrar da opressão. E a donzela seria bem menos donzela e mais uma guerreira.

Mas essa seria a minha versão da história. Como disse antes, estava precisando acreditar que, ao menos nos filmes, as injustiças do mundo podem ser combatidas. E por isso Djando me fez feliz.

Homem Cinza disse...

Não li todos os comentários, possa tá repetindo algo que já foi dito. Concordo que é incômodo o mentor branco, mas um detalhe que gostei a respeito do personagem do Waltz é que ele é alemão. Então ele não é simplesmente um branco nascido e criado numa sociedade escravagista e que tem uma bondade imensa e é contra a escravidão. Ele é um alemão, que não gosta da escravidão porque os conceitos morais da sociedade em que ele foi criado são outros.

M.F. disse...

(PARTE UM)

Olha, Lola, eu sei que você provavelmente não vai sequer ver esse comentário, considerando que o post é de uns dias atrás, mas precisava falar mesmo assim. Acompanho o blog há um bom tempo, e normalmente aprecio as coisas que tu posta, mas dessa vez me obriguei a responder porque achei a crítica uma tremenda falta de interpretação, além de vazia e até insensitiva e negligente em relação à questão racial (especialmente sob uma ótica feminista, aliás).

Mas bem, vamos por partes:

Quanto ao filme ser longo e entediante, acho isso uma opinião extremamente pessoal, da qual não vale a pena discutir (eu me diverti, assim como muita gente, mas entendo bem como um filme de 3 horas pode ser cansativo pra outros espectadores). Mas, plot-wise, queria abrir um parênteses, sim: a história é simples, isso é verdade, mas não vejo como ela é tão diferente assim dos outros roteiros do Tarantino. A moral dele, ao meu ver, nunca foi fazer um filme com uma história intrincada, e sim usar a estética de gêneros B dos quais ele é fã e reinterpretar essas idéias consideradas bregas e até estúpidas de uma maneira mais moderna e artística.

Como alguém que estuda tanto a parte visual quanto literária da ficção, eu realmente acho que essa estética (mostrada na fotografia, roteiro, trilha sonora, figurino.... ) é a base. A história não é menos complexa que Kill Bill, ela só foca em outro gênero e desenvolve de outras maneiras um conceito similar.

É verdade que a escravidão não foi um faroeste, mas o holocausto alemão também não foi - e, com Bastardos Inglórios, todo o mundo achou divertidíssimo, né? A violência e a escolha desses gêneros B fazem parte do estilo do Tarantino, e com Django não foi diferente. Por outro lado, achei que ele fez um esforço em retratar o racismo da forma mais cuidadosa e sensível possível. Acho estranho que foquem na palavra nigger, mas não percebam a diferença de tratamento que o próprio filme deu entre os negros e os brancos escravagistas. As poucas mortes de negros são retratadas como horríveis e dramáticas, com razão (com exceção do Stephen) e, mesmo que o racismo das pessoas possa ter se colocado no meio como sempre, foi tudo gravado, escrito e atuado pra nós sentirmos empatia pelo lado oprimido, e ficarmos felizes com as mortes dos donos de escravos.

Aliás, queria acrescentar que não achei o Schultz um mentor branco! No contexto, onde ele sequer podia montar um cavalo sem ir contra a lei, onde ele precisaria de um recibo assinado por um branco pra ter uma liberdade precária, ele precisava do auxílio de uma pessoa com mais privilégios que ele. O Schultz nunca se sobressai ao Django (exceto na opinião dos críticos de cinema e prêmios de academia, infelizmente), ele apoia o protagonista. O Schultz dá a chave pra ele tirar os grilhões, mas quem verdadeiramente se liberta é o próprio Django.

(continua, não coube tudo num comentário só)

M.F. disse...

(PARTE DOIS)

E aí chegamos ao ponto das personagens femininas, onde eu geralmente concordaria, mas agora eu preciso dizer o contrário. Exatamente pelo Tarantino ter um histórico de personagens femininas estereotipicamente fortes, eu não vejo a Broomhilda como um problema. Ao contrário: nesse caso, ele usou um arquétipo que nós, feministas, costumamos odiar, o da donzela em apuros, e deu para uma parte da população que nunca teve direito e oportunidade de interpretar esse papel - as mulheres negras. Já notou como a donzela em apuros é sempre uma frágil mocinha branca? Pois é, porque nós ligamos brancura e traços caucasianos femininos à delicadeza, enquanto à mulher negra sobra o papel de exótica, sexual, agressiva 'por natureza' e bitchy.

É um saco quando todas as mulheres são feitas assim (mais que um saco, é revoltante e disempowering), mas é inegável, também, que muitas pessoas tem comportamento e personalidade mais passivo, romântico, frágil e suave. Em Django, o herói e a donzela de contos de fadas são, ineditamente em um filme de tamanha magnitude, negros. Esses papéis são negados a mulheres negras tanto na vida real quanto na ficção, o de poder ser delicada e frágil. E isso é relevante ao feminismo, porque essa mulher existe, da mesma forma que existem homens que são naturalmente dessa maneira, e isso não é ruim. Natural que mulheres brancas estejam saturadas disso, mas essas pessoas também precisam ser representadas, não apenas moças brancas, heterossexuais e, geralmente, de classe média ou alta.

Infelizmente, o feminismo branco, que é o que se costumo ver aqui no seu blog, raramente trabalha a questão racial a nível profundo, nem mostra como exclui mulheres negras de coisas que as brancas sequer se dão conta que tem. Apesar das mulheres brancas serem muito oprimidas, não podemos negar que a realidade da maior parte das brancas e das negras é muito diferente, e por isso não dá pra você, no papel de alguém que já viu milhares de personagens brancas como você, e que nunca vai se identificar com esse tipo de personalidade, possa dizer que uma Broomhilda não é necessária para a representação.

Além disso, não acho que o comportamento dela mostre falta de força. Ela teve uma criação única, com acesso à uma vida mais "tranquila" (na medida do possível para uma escrava), com mais acesso a ao menos certo nível de educação, já que a sinhá anterior queria alguém que pudesse conversar com ela, e isso tudo é arrancado dela mais ainda. Ela é brutalizada, separada do homem que ama, marcada e maltratada e, ainda assim, aguenta, sobrevive, segue tentando fugir, e permanecer doce. Isso não é pra muitos, mas ela consegue. Por que devemos julgar que ela desmaiou ao rever a pessoa que ela ama e, junto com ele, a lembrança de que ela tem, sim, valor? Por que condenar que ela não lute, esperneie ou mostre agressividade? Nem todo o mundo é assim.

Ainda no feminismo, fiquei feliz de notar que tem personagens femininas em papéis nos quais não esperamos o filme inteiro. Boa parte dos atiradores da cidade onde Schultz mata o xerife eram mulheres. Uma das capangas redneck era uma mulher. As mulheres estavam presentes de uma maneira muito maior do que na maior parte dos filmes que saem no cinema hoje em dia, mesmo que não estivessem nos holofotes.

(continua)

M.F. disse...

(PARTE TRÊS)

Ok, agora vamos entrar num assunto mais complicado (e já vou pedindo desculpas pelo enorme comentário, mas acho que é necessário debater esse tipo de coisa, e um parágrafo só não permite isso).

Não sei quanto a você, mas achei os personagens de Django, e até de Broomhilda, bem mais fáceis de se identificar que o dr. Schultz. Falo isso porque teve uma coisa na sua crítica que eu não consegui entender, além desse comentário. Você falou do Schultz como mentor branco, e do racismo no filme, mas você mesma acabou dando um destaque muito maior para os atores brancos do que para os negros. Olha, Lola, eu não acho que você tenha feito isso de próposito ou maneira consciente (nós, que tentamos entender o preconceito e a opressão, sabemos melhor que ninguém como é fácil internalizar algumas coisas, mesmo nas melhores inteções), mas você basicamente dá a entender que Django valeu só pelo Christopher Waltz e o DiCaprio, como a maior parte da audiência branca, dos prêmios e críticos....

E nada dos atores negros. Realmente não sei como você pode não ver o alcance da atuação do Jamie Foxx, mas veja a do DiCaprio.

Gente, o Foxx atuou um personagem duro e taciturno por sua história de vida e personalidade, mas cheio de sutilezas que, pelo texto, você mostrou não ter captado. Se você um dia assistir de novo, presta atenção nos detalhes. No foco da visão dele em momentos como o da luta dos mandingos, no leve tremor e dificuldade de botar os óculos depois de ver o D'Artagnan ser esquartejado por cachorros, como a voz dele falha ou os olhos brilham de lágrimas em alguns momentos. Se isso não é boa atuação, desculpa, não sei o que é. E o mesmo vale pro Will Smith, aliás, que você também citou.

A atuação do DiCaprio foi boa, sim, mas será que é mesmo tão merecedora de aplausos em detrimento da dele, quando o personagem do Candie não tem nem metade da complexidade do Django? Quando ele não tava fazendo nada diferente - entreteve, sim, mas não era diferente - do que qualquer outro vilão branco com certo carisma? E não foi só o Foxx, mas a Kerry Washington, e o Jackson.

Stephen é um personagem similar ao Candie, de muitas maneiras. O Jackson fez uma atuação fantástica, de tirar o chapéu, mas é só o DiCaprio que as pessoas se revoltam por não ter sido indicado? De verdade, não entendo.

E isso me leva ao ponto final, o personagem do Stephen. Não consigo entender como ele é o pior vilão do filme. Uma pessoa horrível, com ações bárbaras? Sim, tudo isso. Mas como ele, negro, escravo, sem nenhuma outra chance na vida, que decide fazer isso pra tirar o maior proveito possível da condição que lhe foi imposta, é pior do que um lunático branco, rico e violento? Como que ele, uma exceção dentro dos oprimidos, é pior do que o opressor que tem a sociedade inteira ao seu favor?

Como a gente pode ignorar que o Stephen sofre de racismo internalizado? Como ele é diferente das mulheres que todos nós conhecemos, de certeza, que se sentem obrigadas a repetir e até aumentar a misoginia que também tá contra elas... Pra, muitas vezes, poder sobreviver? Eu não tiro a maldade de muitas dessas pessoas, mas eles também são vítimas da sociedade, nunca seus piores vilões.

Enfim, Lola, sua crítica foi bastante infeliz, e espero que você tente refletir e trabalhar um pouco nesses assuntos, também pra poder aplicar ao feminismo, e torná-lo mais abrangente, não só em alguns momentos, mas sempre.


(agora acabou - brigada pela paciência!)

carlos henrique caetano disse...

Lola! Adoro seu blog. Li hoje a crítica de Django e fui logo em seguida assistir ao filme. Resolvi escrever um texto sobre ele, se puder ler, tenho uma opinião bastante diferente da sua

http://umdiaeujafuipop.wordpress.com/2013/01/23/django/

Um beijo!

Enrique Nuesch disse...

Lola,

Acho que você deixou escapar a crítica à sociedade americana para além do escravagismo. Como disse o Homem Cinza no comentário dele, o Schultz representa muito mais que o "homem branco tutor". E é muito mais do que a "boa consciência branco-burguesa" à qual você o reduz.
O Schultz simplesmente faz de bobo todos os americanos com que se encontra. Todos? Não. Há um que não é enganado: Stephen. Este sim foi capaz de enxergar além e desmontar o plano de Django-Schultz. Por esse mínimo detalhe, e as habilidades rapidamente desenvolvidas por Django no próprio ofício de "matador" de Schultz, creio que o filme consegue fazer a inversão conceitual que coloca o negro por sobre o branco, tanto nas habilidades físicas como nas intelectuais.

abraço!

Sphynx disse...

Que alívio, então não fui o único a achar Django Livre abaixo da média do Tarantino, particularmente no roteiro, que tem poucos diálogos memoráveis.

Pra mim o melhor filme do diretor (que eu não posso dizer que adoro incondicionalmente, mas gosto bastante) ainda é Pulp Fiction, que tem tudo na medida certa, principalmente o humor e a violência que não parecem cartunescos, e muitos, muitos diálogos memoráveis.

E bem observado, a falta de Sally Menke se fez sentir em Django, e realmente pesou muito. É claro, Tarantino nunca tinha trabalhado com outro editor (que eu me lembre), e pode não ter tido a mesma química com o editor Fred Raskin. Não acho que o final cut do filme seja tedioso, mas não tem o dinamismo dos outros filmes do Tarantino, e é bem mais convencional em termos de edição.

Falando assim parece até que eu não gostei do filme, mas pelo contrário, gostei bastante. Só não tanto quanto de Pulp Fiction, Cães de Aluguel e talvez mesmo Bastardos Inglórios e Kill Bill Parte II, que são filmes do Tarantino sobre os quais a minha opinião é ambígua.

Acho que é por causa desse demônio chamado expectativa. Eu esperava bem mais do primeiro faroeste declarado do Tarantino (Bastardos Inglórios é praticamente um western spaghetti à la Segunda Guerra), achei que seria o melhor faroeste da modernidade e tão legal quanto os clássicos do Sergio Leone. Mas vamos lá, ele tem as suas coisas imperdíveis como Christoph Waltz e algumas faixas da trilha sonora compostas por Ennio Morricone.

Anônimo disse...

"Ele é um alemão, que não gosta da escravidão porque os conceitos morais da sociedade em que ele foi criado são outros."

Homem Cinza, eu não gostei da escolha do Schultz como mentor do Django justamente por isso. Ele era um alemão e naquela época os alemães não eram contra a escravidão, pelo contrário, eles lucraram com isso também. Só não lucraram mais porque espanhóis e portugueses tinham vantagens geográficas e políticas nessa área.

Alemães tiveram colônias africanas e criaram os primeiros campos de concentração na Africa. Depois de terem tido sucesso nesse experimento que importaram a idéia para a Alemanha. Naquela época existia a Prügelkultur, a idéia que espancar era uma forma legítima de ensino.

Lógico que a pessoa do Dr. Schultz podia ser diferente, mas no filme exaltaram muito o fato dele ser alemão, passando realmente a impressão que a cultura alemão era refinada e humanista.

Luci

Roxy Carmichael disse...

luci
OBRIGADA!!!!
nossa eu tava aqui com brotoejas e epilepsia depois de ler esse comentário de que europeus são mais cultos e humanistas e por isso se posicionaram contra a escravidão. eu gostei bem do filme, mas se alguma pessoa fez essa leitura, começo a achar que tarantino prestou DESSERVIÇO. europeus são tão superiores que as marchas anti-casamento gay tão pipocando na frança. europeus são tão superiores que dois grandes líderes de extrema direita que causaram estrago no século XX na europa, são europeus e tiveram amplo apoio da população igualmente europeia, população essa que conta com um número EXPRESSIVO de eleitores de extrema direita ATÉ HOJE, vide ultimas eleições na frança, vide grecia, e VÁRIOS outros países que se caracterizam acima de tudo pela XENOFOBIA descarada, lembra do video OFICIAL da união européia em que a mesma era beatrix kiddo lutando contra os brics??? MAS a europa é tão superior e tão humanista que invadiu a america e dizimou população que aqui vivia. e olha só, a alemanha só não era tão escrota, como bem observou a luci, pq além da questão geografica, era uma país bem atrasadinho até o séc xix. cheio de regiões desunidas que se unificou no começo do séc xx, e pra quem quiser saber um pouco mais sobre a alemnha no começo d s´c. xx eu sugiro um filminho bem "leve" chamado A FITA BRANCA que mostra que não é à toa que hitler tenha surgido e ganhado apoio da população alemã. e pra quem adora foucault, deleuze, e acha que a frança é um grande centro do pensamento, da critica e do humanismo, a argelia manda muita lembrança. fui ali tomar uma agua de coco, porque fiquei ESTRESSADA!

Vitor Ferreira disse...

É bem primária essa mentalidade de que europeu era contra a escravidão. Foram eles que colonizaram as Américas, África, etc., segregaram as sociedades socialmente e racialmente, lucraram com o comércio negreiro, e são os responsáveis pelo abismo social dessas sociedades hoje. Uma África do Sul onde apenas 8% da sociedade é branca, até pouco tempo eles detinham todo o poder. Na América Latina, toda a elite é bascimente branca e européia. Assim como nos EUA.

Anônimo disse...

Ainda bem que não li sua crítica antes de ver o filme, pois gostei muito.

Marcus disse...

Eu adorei o filme e acho que as pessoas fãs ou não de Tarantino devem estar abertas para novidades! A maioria das críticas que leio são meras comparações! Apesar de seguir uma estrutura marcante em seus filmes é sempre bom inovar! Na minha humilde opinião a questão do "romance" foi a grande novidade! Fazer críticas a filmes de Tarantino relacionadas ao exagero também não fazem sentido algum! Para mim foi mais uma obra prima!

Homem Cinza disse...

Bom, eu nunca quis dizer que os europeus são superiores em nada. Eu disse que o europeu comum era contra a escravidão. Afirmei isso e não busquei fontes, então posso ter errado.

Eu sei que os países europeus colonizaram e subjugaram as culturas de outros países. Porém o fato de que alguns representantes da elite de um país cometerem atrocidades em outros, não significa que a população daquele país é conivente com ele. Muitos alemães não sabiam a respeito dos campos de concentração, provavelmente não os apoiariam.

O que eu disse é que Dr. Schultz cresceu em uma outra cultura, por isso não é tão estranho que ele seja contra a escravidão. Mais estranho seria se ele fosse americano, esse era meu ponto. Posso não tê-lo colocado direito.

Anônimo disse...

Homem Cinza, não eram apenas representantes da elite. Era toda uma cultura.

"Eu disse que o europeu comum era contra a escravidão."

Hoje, sim. Naquela época, não.

E sim, eles sabiam o que estava acontecendo em campos de concentração.

Luci

Unknown disse...

Eu achei um ótimo filme, sarcástico e com bom roteiro. Não achei desnecessárias as quase três horas de filme, para descrever a construção da personagem e alimentar o espectador com a fome de vingança que tem o Django. O aspecto cartunístico e paródico deu a identidade do Tarantino à obra, aproveitando pra repaginar o western spaghetti. Achei a crítica válida apenas para discussão, mas não partilho da mesma visão.

Erik Miletta disse...

Boa noite, Lola.
Entro no grupo que, desta vez, discorda de suas colocações sobre o filme.
Em primeiro lugar, não estamos diante de uma paródia (amo Banzé no oeste também =), estamos diante de uma mar de referências; como nos apontam diversos colegas acima.
Um bom exemplo é o próprio nome do personagem principal, que remete à um outro Django (branco, de olhos azuis e que busca vingança - 1966); a própria ideia de perverter um dos personagens mais clássicos do spaghetti western já mostra, desde o começo do filme, que o objetivo do Tarantino é reconfigurar todo o onjunto referencial empregado pelo diretor, que vai desde a presença de um alemão que simpatiza com negros (o que mesmo hoje em dia não é lá muito comum), até a própria imposição de um heroi negro a uma novela de cavalaria.
Uma paródia brinca com as referências, Django livre as reconfigura de modo a expor os diversos paradoxos enfrentados na luta das minorias, como bem o fez em Bastardos Inglórios.
Quanto à fidelidade historiográfica, bem, só tendo um conhecimento profundo sobre o tema é que se pode elaborar diálogos tão geniais quanto o da cena referida; um bando de idiotas que não conseguem entrar em um acordo sobre a funcionalidade da máscara que visa proteger suas identidades.
Por outro lado, todos os argumentos sérios do filme, dentre os quais destaca-se a frenologia para justificar a diferença entre as "raças", se não são fieis, são extremamente verossímeis.
As metáforas são muito possantes; Foxx (nisso concordo; atuação dele é bem limitada) com roupas de dândi é uma afronta à própria frenologia e o modo de se fazer ciência à época; o algodão manchado de sangue branco cria uma verdadeira mescla de sentidos e traz à tona a própria relação dos escravos com o fruto de seu trabalho. O hip hop tocando enquanto brancos são comicamente mortos por um negro me aponta para o próprio rancor histórico que esse gênero musical evoca, relativo ao recente empoderamento negro nos usa.
Bem, com relação ao papel das mulheres na narrativa, infelizmente ouso dizer que é um ponto historicamente pertinente, não?
Concordo com um colega aqui de cima, que nos aponta que Brunhilde é capaz de sobreviver em pé às agruras mas derrete na paixão (assim como o próprio Django, que só faz o que faz por esse sentimento). Considero que isso atribui à personagem bastante profundidade psicológica; pois não só estamos diante de uma mulher, mas de uma mulher negra.
Enfim, achei até que o Tarantino superou-se muito em relação ao Bastardos; as analogias com a sociedade atual ficaram muito mais claras que no anterior.
Last, but not least, apesar de não concordar em quase nada de suas críticas, gostei muito do trocadilho do título de seu post e da oportunidade de diálogo.

Luís Eduardo disse...

Sério que você não gostou do filme porque ele não tem uma personagem feminina forte? (um dos motivos). E, bem, sempre dizem que o Tarantino é um diretor "vazio", mas acho difícil alguém fazer uma linha crítica sobre o racismo tão forte quanto ele (e, não, aqueles dali não eram a KKK, era uma das formações embrionárias antes do surgimento dela).

Vamos lá, por que o vilão negro é o que tem a morte mais celebrada? Porque a personagem principal é negra. A quem não percebeu, os dois cavaleiros (um branco e um negro) lutam, além da história do resgate, pela igualdade. O homem racista branco é morto pelo dentista e o negro "vendido" é morto por Django. E, quanto a forma "generalizada" da representação das personagens negras, outra coisa que Tarantino enfia o dedo. A maioria dos negros na época não sabiam ler e tinham pouca capacidade cognitiva, mas não era algo genético, mas sim por causa da escravidão, que impedia o ensino (tanto que Broomhilda mostra o contrário, já que lhe foi dado instrução formal). Na cena onde o mandingo (uma citação a um filme da década de 70) é devorado por cães, ele ironiza o fato dos funcionários brancos também não receberam, já que fica claro que eles também não sabiam o que significa "reembolsar".

E, voltando a cena da KKK, creio que seja muita má vontade não perceber o forte discurso "quando estamos com os sacos na cabeça nós não enxergamos". Ora, ao que mais isso poderia se referir? É uma piada, mas a piada aqui não é só quanto ao saco, mas sim ao que ele representa: o preconceito racial.

E, ao fim, Broomhilda é uma personagem apagadinha. Mas, bem, na lenda ela só faz ficar presa em cima da montanha, ela tem mais aspecto estético/ motivacional (a razão pelo que tudo acontece).

Anônimo disse...

Oi lola,
sei que é um pouco de ousadia vir aqui e pedir um post, mas é que eu realmente gostei das tuas críticas de batman begins e the dark knight, tenho curiosidade em saber o que você achou de the dark knight rises
abraço

Felipe Araújo disse...

Django é um romance que você não encontra nos contos de fada!

Deixo os mais comentários através de outro blog... por favor, deem seus pitacos por lá.. Afinal, é IDEIA NOSSA

http://ideianossa.blogspot.com.br/2013/01/django-livre-desacorrentado.html

Felipe Araújo disse...

Respeito, mas o que acho legal é a fantasia montada diante de histórias que parecem simples(vide Senhor dos Anéis - pegar um anel e destruir um anel parece simples!!!).
Voltando ao filme em questão, se engana quem acha que vai encontrar um herói que batalhará contra escravidão... Como eu disse em minha crítica e reitero aqui, ele trai a todos pra ser leal a uma única pessoa!!!

Ana disse...

Alguém percebeu que entre os capangas do Candy havia uma mulher? A personagem aparece apenas duas vezes: na cena em que o D'Artagnan é atacado pelos cães e na cena em que a Brunhilde é presa num quarto, depois do Django fugir. Ela usa um lenço e um chapéu, mas quem está atento consegue perceber, pelas roupas e pelos olhos que é uma mulher. Inclusive, a atriz está no À Prova de Morte.
Não entendi porque colocaram uma personagem feminina num contexto tão inusitado e tipicamente masculino, trabalhando só com homens, usando armas e torturando e matando outras pessoas, pra não não dar nenhuma fala pra ela!
Se a cena em que ela falava foi cortada, é bom o Trantino dar um jeito de arranjar um novo montador ou montadora, e rápido!

Anônimo disse...

Desisti de assistir, justamente pelo aspecto risível, para um tema tão dolorido para nós afrodescendentes. Apesar de fã de Tarantino, Acredito que Spike tem realmente razão, Sou estudiosa das questões de racismo e etc no Brasil. E em cada local da América a perversidade se configurou nas scravaturas e na diáspora.
Quando li a frase " pq eles não se revoltam", desisti mesmo.
Quem quiser se aprofundar no tema procure formas de resistência usadas pelos nossos antepassados para escaparem da tirania da escrsvatura. Visitem um quilombo. Ouçam racionais. Estudem sobre Zumbi dos Palmares.

Gabriel disse...

O autor da critica achou o filme uma péssima parodia ao Western. Meu amigo, se vc quer uma parodia, vá assistir Inatividade Paranormal. Tarantino não faz parodias, faz homenagens aos gêneros que gosta e q os influenciaram como diretor.

Anônimo disse...

Odeio o é Samuel L. Jackson. Tenho a impressão de que ele é pior do que o Foxx, não só quanto a expressão, mas mesmo cheio de maquiagem, todo mundo sabe que é ele e a atuação foi porca, não me convenceu. Ele falou que não precisa de um Oscar pra validar a carreira dele. Ainda bem, pq com as atuações que ele tem não ia conseguir um mesmo. Como negra, também senti falta de uma personagem feminina mais forte, não só para me identificar, mas para fazer dupla com o Django. Mas no geral gostei muito do filme. É bom sair desse coitadismo que se instaura quando o tema é escravidão. É uma questão complexa e acho que o Tarantino tratou do jeito dele muito bem. Se eu quiser ver filmes históricos, vou ver qualquer filme menos os do Tarantino e sendo Tarantino e tratando da escravidão, acho que ele fez um ótimo trabalho.

Anônimo disse...

Discordo da critica completamente, o filme foi 1000x melhor que Kill Bill, que pra é o filme mais ridiculo que ja vi. Achei um dos melhores filmes que já vi, Jamie Foxx e Christoph Waltz formaram uma baita dupla, os diálogos, a trilha sonora então. E mulher ali ficou quieta, pq o filme não uma espécie de Joana Darc.

Rafaela Brites de Araújo disse...

Odiei o filme. O pior do Tarantino até hoje. Bastardos Inglórios foi ótimo, pensei que Django seguisse a mesma idéia, mas não foi, se perdeu. Concordo com sua crítica e, sendo uma mulher negra digo, sinceramente, que o filme foi de mal gosto. Basta estudarmos para sabermos o quanto os negros lutaram - aqui no Brasil, no Caribe ou lá nos EUA - para termos uma noção de que aquelas caras (de paisagem, confusas, esperando uma boa alma branca salvadora) que faziam de nada corresponde com a realidade vivida pelos meus antepassados. Senti vergonha vendo o filme, não de ser negra, nunca, mas pelo Tarantino. Foi uma bola fora. Obrigada, "12 anos de escravidão". É isso aí.

Unknown disse...

Tipo sem discriminação nem nada mas o personagem Django que conheço não é negro nem escrevo(repito!sem nenhuma discriminação ou algo do genero) quem assistiu os filmes dos anos 60 e tal vai entender que o personagem clássico FPI totalmente modificado.