Não é que “Instinto 2” seja ruim. Não, ruim não. É péssimo. Nesta ocasião a escritora interpretada pela Sharon mais ou menos repete o esquema do primeiro (sedução, manipulação, assassinatos múltiplos), mas o coitado da vez deixa de ser um detetive e passa a ser um psiquiatra. Já começa com a Sharon tendo um orgasmo, digamos, explosivo, usando um dedo de um cara que mais parece um cadáver. Devo admitir que nunca tive um orgasmo assim, dirigindo um carro luxuoso a 160 km por hora e culminando num mergulho no Tâmisa. Aliás, não dá pra entender por que tantos paspalhos insistem em se envolver com uma mulher que é a maior chave de cadeia, ou chave de cemitério, ou chave de manicômio, no mínimo. Perguntei pro maridão se ele cairia por ela, se ela por acaso o escolhesse pra protagonizar um de seus romances e quisesse ter aulas de xadrez. A resposta dele: “Pagando, fazemos qualquer negócio”.
Mas como todo mundo vai ver “Instinto 2” só pra observar a Sharon, vou falar sobre ela. Sempre gostei da Sharon. Ela esteve ótima tanto como canastrona em “O Vingador do Futuro” quanto em papéis sérios como “Cassino”. Mas é muito triste que uma boa atriz beirando os 50 só possa ser isca de bilheteria se continuar aparentando 30. E como a natureza não perdoa, dá-lhe botox e cirurgia plástica. Pelo que sei, o objetivo desses troços é suavizar as linhas de expressão. Mas repare no nome: linhas de expressão. Se já é grotesco prum mortal ficar inexpressivo, com o rosto todo esticado, prum ator é pior ainda. A Sharon atualmente não consegue fazer mais que levantar um cantinho da boca ou uma sobrancelha (nunca os dois ao mesmo tempo). Ela acaba parecendo uma boneca de cera, tadinha. Daí que a Charlotte Rampling (de “O Porteiro da Noite”) tá mais bonita que ela. Enquanto eu perdoei a Charlotte até quando ela exclama “Oh, que lacaniano!”, a Sharon já é candidata imbatível à Framboesa de Ouro do ano que vem, que premia os piores.
Pensando bem, “Instinto 2” não merece o dois no título. A personagem da Sharon parece não ter passado, os outros personagens são todos novos, e agora a cidade é Londres, não São Francisco. A única coisa igual é a Sharon. Quer dizer... Hum, pensando melhor ainda, o único motivo pra ver este desastre tedioso (eu dormi) é pra conferir como uma pessoa auto-confiante se comporta. Cruza as pernas sem usar calcinha, fuma onde não pode, por aí vai. Você acompanhou um estudo divulgado a algumas semanas sobre se ser bonito ajuda no trabalho? Dizem que ajuda, porque os belos são mais auto-confiantes. Então o segredo não é ser bonito, mas ser auto-confiante. Portanto, mesmo que a gente não consiga ser uma Sharon Stone de 14 anos atrás, só tem que passar auto-confiança. Ou seja: pra que botox, pelamordedeus?
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