terça-feira, 24 de maio de 2022

QUEM ODEIA A UNIVERSIDADE PÚBLICA QUER QUE ELA COBRE MENSALIDADE

Ontem sorrateiramente duas pautas muito parecidas ganharam evidência. Ambas visam cobrar mensalidades nas universidades públicas.
Por qual você quer começar? Um repórter do Estadão chamou atenção para o documento "Projeto de Nação, o Brasil em 2035", que tem 93 pags e foi elaborado por milicos. O plano foi lançado numa cerimônia semana passada que contou com discurso do vice Mourão, em que ele disse que esse era o "Destino Manifesto do nosso país". Pra ter ideia do nível, o principal autor é um milico que presidiu a ONG Terrorismo Nunca Mais, do famoso torturador ídolo de Bolso Coronel Ustra.  
O manifesto prevê o bolsonarismo no poder até no mínimo 2035. Entre os 37 temas há várias metas. Uma delas é o fim da obrigatoriedade do SUS. Outra é a cobrança quase imediata de mensalidades nas universidades públicas -- a partir de 2025. Isso para combater o que milicos chamam de "centros de luta ideológica e de doutrinação político-partidária".
Isso precisa ser muito bem espalhado durante a campanha eleitoral. A população precisa saber em que projeto de poder está votando. Quem é a favor do fim do SUS e do ensino superior gratuito deve sim votar em Bolso. Mas a maior parte da população é contra essas aberrações. Até quando os pobres de direita continuarão sendo enganados pelo messias?
E quem é realmente a favor que os milicos sigam sendo uma casta à parte, aqueles que compram com o nosso dinheiro leite condensado, picanha, Viagra, prótese peniana, lagosta e sabe-se lá quantos outros mimos que só ficam entre as mais altas patentes? Aqueles que preferiram manter os hospitais militares vazios a abri-los para o tratamento emergencial de pacientes com covid durante a pandemia?
O outro tema está altamente relacionado ao primeiro. O deputado bolsonarista General Peternelli é autor de um projeto para alterar os artigos 206 e 207 da Constituição e, assim, passar a cobrar mensalidades nas universidades públicas de todo o país. O relator do parecer é Kim Kataguiri do MBL, do mesmo partido do milico (ambos do União Brasil que hoje também abriga Sérgio Moro). A votação estava marcada para hoje na Câmara dos Deputados, mas Kim provavelmente percebeu que o projeto não passaria e meteu uma licença médica. Uma outra data ainda não foi marcada.
Esse pessoal que quer obrigar as universidades públicas a cobrar mensalidades é o mesmo que odeia as universidades públicas, que as vê como centros de doutrinação ideológica, que diz que seus professores são vagabundos que não trabalham, e que seus alunos são todos maconheiros e comunistas. É o mesmo pessoal que tentou passar (e falhou, ainda bem) o Escola sem Partido e que é contra as cotas.
Não entendo como gente que odeia universidades queira opinar sobre elas. Kim é aquele que, quando estudou na Universidade Federal do ABC, declarou que sabia mais que todos seus professores, e largou o curso. Espero que esse verme seja cassado assim como seu coleguinha do MBL, Mamãe Falei (e também Gabriel Monteiro).
E já passou da hora de milicos terem lugar na política. Eu sou a favor do fim das Forças Armadas. Que esses milicos piranhudos e viagrentos removam suas garras do Brasil. Educação não é mercadoria! #PEC206nao

14 comentários:

Luise Mior disse...

Ótimo texto Lola. Tomara que todos do MBL caiam no ostracismo e FA sejam extintas mesmo, são inúteis e caras. Abraços e boa semana.

avasconsil disse...

O relator dessa PEC, que é aquele deputado insuportável de quem eu não gosto de falar nem o nome, tenta vender a ideia de combate às desigualdades sociais, e de um acréscimo de orçamento nas universidades públicas através das mensalidades pagas pelos mais "ricos", mas isso não é verdade. Quando a gente analisa as propostas neoliberais em seu conjunto, como a PEC da reforma da previdência, aprovada em 2019, a PEC da reforma administrativa, a da reforma tributária, as reformas trabalhistas, a do fim da gratuidade e, como consequência, da universalidade do SUS, que está na carta de intenções de governo dos militares que acumulam altos proventos de aposentados com altos subsídios de cargos apaniguados, com facilidade conclui que todas essas propostas só atingem os trabalhadores, principalmente os da classe média, sob os quais os verdadeiramente ricos do Brasil, e que nunca, jamais, em tempo algum, são atingidos por essas propostas, fazem questão de se ocultar. Nesse caso específico da PEC das mensalidades nas instituições públicas de ensino, a aprovação dela não representaria um acréscimo de orçamento nessas instituições, pois o projeto neoliberal quer orçamentos cada vez menores pra a educação em geral, especialmente a de nível superior. A possibilidade de redução da destinação orçamentária à educação (e também à saúde, à previdência, aos direitos sociais dos trabalhadores), está fatiada em diversas propostas. Não está numa proposta só. Fatiando fica mais fácil ir aprovando aos poucos, governo a governo... Enquanto isso uma agenda que realmente ajudaria a distribuir renda e a diminuir as desigualdades sociais no Brasil, na qual se inclui uma reforma tributária que fizesse os multimilionários e bilionários a pagar tributos proporcionalmente ao patrimônio que têm, nunca chega sequer a ser discutida. Eles são ou os donos dos meios de comunicação, ou os que têm dinheiro pra comprá-los, assim como financiam e compram um monte de deputados e senadores, por isso são sempre poupados. E, o que dá raiva, tudo isso com o maior apoio do trabalhador otário da classe média que apoia os Kim e as Tábatas, sem conseguir enxergar que o conjunto das propostas está bem apartado dos seus direitos, interesses e bolsos, pois tira de nós pra os ricos de sempre. Sempre usam o discurso de que a aprovação dessas propostas vai desenvolver o país e esse desenvolvimento nunca chega. Pelo contrário, o país como o todo está cada vez mais pobre. Só alguns poucos enriquecem cada vez mais e muitos deles dão o fora daqui, onde viver vai se tornando cada vez mais sufocante e insuportável, geração a geração. Agora incorporaram ao discurso deles o cinismo de que o que eles propõem é pra reduzir desigualdades sociais, que é pra ficar mais difícil mesmo diferenciá-los da esquerda. Mas, como tem lá nos Evangelhos, conhecem-se as árvores pelos frutos. Quem tem um mínimo de juízo analisa essas propostas em seu conjunto. E se pergunta a quem esse conjunto favorece e de quem ele tira direitos e dinheiro. Tira do André Esteves, da Luiza Trajano, da Família Safra, da Salles da Trabuco ou da Marinho, ou tira de você, das pessoas como você, seus filhos e seus netos, e de quem é ainda mais pobre? Raciocinar nem é tão difícil assim. Mas acho que a burrice e a preguiça abundam. E também a afinidade com o masoquismo.

Anônimo disse...

Esperar o que de um ser como Kim Katakoko? Mamãe Caguei, Fernando Capitão do Mato Feriado, etc eram discípulos daquela putrefação fraudulenta do Olasno, porém continuem com as ideias diárias do mesmo, quem vai no barulho do charlatão mau caráter perverso, além de ser igual ou pior, detesta estudar, pesquisar, por isso colocam em dúvida pessoas com formação ou quem busca conhecimento, informações por fontes confiáveis, afinal isso vai contra um projeto de poder inescrupuloso de igrejas neopentecostais caça níqueis, milícia e mercado financeiro.

Anônimo disse...

Do mesmo modo que são caros, deveria também ter imensos cortes no alto funcionalismo público, juízes, supremo com lagostas, reitores de universidades. Não defendo marechal e nem professor que ganha acima do teri, corta tudo.

Lulu disse...

tira também dos influenciadores e famosos, os artistas e lindas modelos de grife, a queridinha gabriela prioli, que amam tanto defender a tributaçãl aos mais ricos, mas que nem vendem todas as suas bolsas de grife e doam o dinheiro aos mais pobres.

Léia disse...

É um projeto de poder! Mas.esses milicos é afina não passarão!

Anônimo disse...

Léia

A Costa Rica é um país latino americano sem forças armadas e economizou muito, não precisa pagar pensões milionárias as filhas dos mesmos. Forças Armadas no Brasil está mais para forças broxadas, bando de inútil que só serve para beber whisky escocês 12 anos, comer picanha, não aguentam um peido.

Alan Alriga disse...

Tomará que essas notícias faça a galerinha da extrema esquerda, parar de brigar entre eles e também parar com essa história de não querer votar no Lula por pura birra

Cão do Mato disse...

Lola, boa tarde!

Essa frase: "Quem é contra o fim do SUS e do ensino superior gratuito deve sim votar em Bolso", não está errada? Quem é contra o fim do SUS e da universidade pública gratuita deveria votar CONTRA o Bolso, não é?

Lola Aronovich disse...

Obrigada, Cão do Mato! Corrigido.

Anônimo disse...

Chamar um negro de capitão do mato também é racismo.

Anônimo disse...

Essa expressão serviço público gratuito é completamente equivocada! Todo os serviços públicos são pagos e em dinheiro pelos trabalhadores . Somente os ricos conseguem se livrar de pagar impostos. Portanto o termo correto é universidade pública com financiamento estatal. Se existisse um serviço público verdadeiramente gratuito(sem pagamento em dinheiro) , a minha aposta de que pagarei 500 caixas de cerveja para quem descobrir um serviço público grátis em qualquer lugar do mundo, não existiria!!! Nem em Mônaco é gratuito, apesar de la ninguém pagar impostos. O lucro do cassino e das marinas financiam o microestado!!!

avasconsil disse...

Depende. O capitão do mato era um negro ou mulato pago pelos patrões brancos pra caçar os negros escravos no mato, quando tentavam fugir. Era um traidor dos seus iguais. Se a metáfora foi essa, não foi racista. Pelo que lembro, foi com essa intenção que Ciro Gomes usou a expressão pra se referir àquele Fernando Holiday, que, vamo combinar, é um traidor dos seus iguais.

avasconsil disse...

Impossível os capitães do mato da nossa sociedade injusta e desigual serem atingidos por esses cortes. Membros do judiciário e do ministério público e as altas patentes das forças armadas e das polícias precisam ganhar bem, porque são eles que controlam os trabalhadores pobres e insatisfeitos. Pra eles serem atingidos precisamos passar por mudanças culturais, econômicas e sociais tão profundas, que os hoje vivos estaremos todos mortos se acontecerem um dia. Outra coisa é que os ministros do STF julgam as ações do interesse dos outros juízes, que também os beneficiam, e o corporativismo entre eles é fortíssimo (a filha de Fux é desembargadora no TJ RJ. O papai fez de um tudo pra fazer dela desembargadora aos 35 anos. Claro, ele julgaria a favor da própria filha uma demanda salarial do interesse dos iguais a ela). Juízes e promotores do Brasil todo conversam entre si o dia inteiro pelo celular, sobre assuntos do interesse deles, em especial as maquinações de como eles podem engordar seus contracheques... , e sobre processos também. O que aconteceu na Lava-Jato, aquela confusão entre acusadores/investigadores e julgador, não é exceção, é a regra. A Vaza-Jato foi apenas o caso mais rumoroso de algo muito frequente. Esse pessoal forma uma verdadeira maçonaria. Eles se enxergam como irmãos e irmãs mesmo. Se nós trabalhadores "comuns" fôssemos tão unidos como eles são, seria impossível as poucas famílias podres de rica que mandam no Brasil se locupletarem tanto às custas do estado e dos nossos bolsos. O Brasil seria um país bem diferente. Quem sabe nas próximas reencarnações? Isso se a humanidade não se autodestruir primeiro...