sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A CARNE MAIS BARATA DO SUPERMERCADO

O assunto do dia é banal, até corriqueiro: o genocídio da juventude negra no Brasil.
Mas hoje uma dessas mortes que acontecem todos os dias, várias vezes por dia, está chamando a atenção. Ainda bem. 
Ontem à tarde, no supermercado Extra da Barra da Tijuca, RJ, o segurança Davi Ricardo Moreira matou um negro de 19 anos, Pedro Gonzaga. As imagens gravadas são horríveis: o segurança, por cima, aplica uma gravata ou mata leão em Pedro, que está imóvel. Ouvem-se vozes de pessoas dizendo que o jovem está roxo, desacordado. Alguém diz: "está sufocando ele". Outro grita: "Levanta, p*rra!"
O segurança, que pagou R$ 10 mil de fiança e saiu livre da delegacia, alegou que Pedro estava "alterado", que havia simulado uma convulsão e, depois, um desmaio, e que havia tirado a arma dele do coldre. Pedro foi morto em frente da sua mãe, que avisou que ele era dependente químico. 
Para muita gente contaminada pelo fascismo, esta é uma sentença de morte completamente aceitável: o jovem negro era viciado, estava roubando ou drogado, atacou o segurança, mereceu morrer. Só que não é assim: teoricamente, não existe pena de morte no Brasil. Um segurança deveria ter treinamento para conter uma pessoa sem matá-la. 
Isso me lembrou uma cena assustadora de um grande filme dos anos 80, Faça a Coisa Certa, de Spike Lee. 
Na obra de 1989, um personagem negro, Radio Raheem, é contido pela polícia por estar tentando estrangular o dono de uma pizzaria. Até aí, tudo bem. O terrível é a violência que a policia de Nova York emprega para conter a violência. Os policiais usam um cassetete no pescoço do jovem. Os outros personagens alertam que eles o estão matando. Há vários gritos de "Já chega!", mas os policiais insistem, até matar Radio Raheem. Você pode ver a cena aqui
Quando falamos em genocídio da juventude negra, tem quem diga que é exagero, mimimi. Mas pense: se Pedro fosse branco, ele teria sido assassinado? O segurança usaria tanta violência para paralisá-lo? Imagine a comoção que seria se um jovem branco de classe média fosse morto num supermercado por alguém que trabalha lá.
Ainda bem que as redes sociais estão revoltadas com o caso. Duas tags, #VidasNegrasImportam e #acarnemAisbaratadomercado, dominam os trending topics. 
Como bem resumiu a deputada federal Maria do Rosário, "O Brasil armado mata o Brasil rendido". 

22 comentários:

Anônimo disse...

a) Lola estou muito triste o rapaz nao precisava morrer a sociedade brasileira esta doente comemorar a morte de alguem nestas condicoes.

b) Lola esta acompanhando o BBB tem rolado racismo religioso te sugiro um post sobre o assunto.

Anônimo disse...

Sim. Pedro seria sido morto se fosse branco.

Ele não foi morto porque era negro. Foi morto por que foi flagrado cometendo um crime por um segurança evidentemente despreparado.

É patético tentar fazer uso político de uma tragédia dessas.

Anônimo disse...

Infelizmente o mirante deu causa e razão para isso. Tenho certeza que se ele tivesse entrado no supermercado e não tivesse tomado essa infeliz ideia de tomar a arma do segurança , não teria acontecido isso. Talvez o segurança pudesse após rendido imobilizar, porém , o meliante aí quis a todo momento roubar a arma . Ai pergunto , se Deus o livre ele tivesse pego ? Provavelmente não só o segurança poderia ter sido atingido como outras pessoas que lá estavam !

Anônimo disse...

Tem varias testemunhas que dizem que ele não estava pegando arma nenhuma. Mas bozoantas não acreditam , querem que matem todos os negros pobres, mulheres, gays e trans do país. Apoiando as barbaridades desse governo, já viram o que vai virar este país. Asco

Cão do Mato disse...

Filmagens obtidas pela Rede Globo mostram que ele não tentou pegar a arma do segurança.

Anônimo disse...

Iria fazer outras colocações, mas dois pontos do texto me marcaram:
- Pelas fotos que vi, diferente do filme do Spike Lee, o segurança é negro, racismo dele no caso é complicado.
- É triste ver alguém comemorando a morte alguém.



Anônimo disse...

Uma tragédia sem sombra de dúvidas, mas caso não estivesse roubando não estaria nesta situação. Claro, isso não isenta o segurança que não foi razoável na situação, pratico Jiu Jitsu e se ele tinha treinamento saberia que o finado não teria como aguentar tanto tempo ali.

Dito isso, roubos e pedintes estão constantes em supermercados de Fortaleza. No pão de açúcar do Shopping Aldeota, por exemplo, presenciei uma mulher claramente drogada e com dois filhos ofendendo clientes e atacando o segurança. Contudo, quando foi contida, começou a espernear e chorar falando que não tinham direito de fazer isso com ela. Ameaçou o segurança que iria na delegacia que ele não podia bater em mulher. Na hora falei para o segurança que testemunharia por ele.

Enfim, o que quero dizer é que muitas vezes estes seguranças com pouco treinamento e suporte são postos em situações complicadas e cada escolha pode ter consequências graves.

Anônimo disse...

Lamentavelmente é a primeira de muitas mortes, porém elas acontecem com mais frequência com negros, pobres, mulheres e pessoas mais vulneráveis como assassinatos, estupros, homicídios , chacinas. O local da morte do Pedro é atípico, pois geralmente acontecem em periferias e locais onde poder público ignora e trata com descaso sempre. O problema de hoje e nos próximos quatro anos é o extermínio legalizado de um desgoverno formado por gananciosos, dementes, genocidas, sociopatas, afinal não devemos esquecer que tipo de pessoas apoiaram o Bolsonero desde sempre, desde quando a Internet ganhou mais amplitude e acesso tomamos conhecimento de blogs ou páginas de misoginia e conteúdo violento e seus usuários, admiradores e comentaristas sempre o apoiaram. O resultado das eleições de 2018 e algumas manifestações acaloradas como: "será liberada a caça aos viados ", "a negrada vai morrer " , "essas vagabundas vão para a câmara de tortura " , "quero ver pobre beber mijo e comer fezes " é o quadro atual. Membros do partido laranjal do Bolsonero tem uma mente tacanha , violeta, genocida, racista, homofóbica, misógina, preconceituosa e eles endossaram e deram voz, apoio e respaldo a quem pensa e agora pode agir assim. Isso sempre aconteceu, mas agora qualquer pessoa pode virar alguma alvo, pois para o desgoverno atual pobre, negro e mulher é tudo igual ou seja, vagabundos que merecem morrer e com direito a comemorações e pisadas no cadáver. É lamentável ver quem também pode virar alvo de gente assim comemorar também, mas em um país onde as pessoas não leem, pesquisam, investigam seres como o cambalacheiro metido a filósofo são tratados com respeito, mas afinal um povo que ainda cai em golpe do bilhete premiado com tantos avisos dos meios de comunicação em massa isso é normal, lamentável, mas normal.

mh disse...

Junte-se a esse genocídio brasileiro o projeto do Sinistro Moro e mais os dois projetos de lei apresentados na Câmara por deputado do PSL e tem-se a valorização da carne negra.
De presuntos serão alçados a "doadores compulsório de órgãos" se esses dois projetos DESUMANOS, CRIMINOSOS, INCONSTITUICIONAIS forem adiante. Abre-se a temporada oficial de caça à população negra e favelada para o fornecimento de órgãos para transplantes.

Ambos dão projetos de lei do deputado federal que rasgou a placa com o nome de Marielle Franco.

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1710238&filename=Tramitacao-PL+727/2019

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1710240&filename=Tramitacao-PL+729/2019

Esses dois projetos oficializam uma PENA DE MORTE no Brasil, sendo que a autoridade (policial, militar, guardas civis, etc.) são ao mesmo tempo juízes e algozes daqueles que supuserem ser "criminosos".

Resta saber se os racistas aceitarão órgãos de negros e se as classes A e B aceitarão órgãos de favelados. Tudo indica que nesse caso, não haverá preconceito.

Vejo tudo e não morro... impressionante!

mh disse...

Anônimos das 16:22 e 16:41

É patética a tentativa de banalizar a morte e uma pessoa. O fato de estar ou não roubando algo não justifica, de modo algum, a morte de alguém. Não há pena de morte legalizada no Brasil, ainda mais pena instantânea, no qual quem interpreta o suposto ato criminoso é também o verdugo.

Alan Alriga disse...

Contem 1, 2, 3, esse é o tempo que um mata leão leva para tirar os sentidos de alguém que não tenha nenhuma técnica para se livrar do golpe, logo o segurança podia muito bem ter mudado de posição e de técnica de imobilização, uma que não ponha a vida ou a saúde do imobilizado em risco.
Tanto o segurança quanto a equipe de seguranças fizeram tudo errado, no momento em que a equipe chegou deveriam ter feito a imobilização em grupo, de maneira que não machuque o imobilizado, mas como nada disso foi feito isso mostra o despreparo ou o descaso da equipe.
Lembre-se que no Brasil o assassino ė inocente até que a vítima prove o contrário "O princípio da presunção da inocência (ou princípio da não-culpabilidade, segundo parte da doutrina jurídica) é um princípio jurídico de ordem constitucional, aplicado ao direito penal, que estabelece o estado de inocência como regra em relação ao acusado da prática de infração penal". Então a família da vítima terá que conseguir provas para poder provar o assassinato do jovem.

titia disse...

Gente como esse segurança, os anons das 16:22 e das 16:41 (se não forem o mesmo merda tentando dar tapinha nas próprias costas) são o motivo de eu não doar sangue. É uma alegria imensa saber que o dia em que fizerem uma burrada e terminarem na ambulância, não terei sido eu quem salvou a vida desses lixos humanos só pra eles destruírem várias outras. Ou que foram pra vala porque me recusei a desperdiçar tempo e hemoglobina em merdas mal cagadas como eles.

Omar Talih disse...

Estamos vendo a real face do Brasil. Um terço da população preferiu destilar seu ódio e encontrou reflexo no candidato que venceu. Outro terço, embora não gostasse dele, preferiu não fazer nada e ajudou a leva-los ao poder. O terço seguinte, embora não fosse na totalidade petista/esquerdista, achou mais sensato corrigir o erro com justiça. O discurso de ódio estava tão a flor da pele que igual panela com válvula entupida, explodiu. Todos pagaremos o preço. Evidentemente, alguns pagarão mais; negros, mulheres, lgbts, índios, etc. São apenas 45 dias e já temos tantas catástrofes. Se foi o direito a vida, a liberdade, se foi o salário, a aposentadoria, o PIS, verbas para pesquisas, Ciências sem fronteiras, Minha Casa Minha Vida... mas pelo menos podemos comprar armas, matar negros, mulheres, gays, índios e depois é só pedir desculpas ou pagar uma fiança irrisória que tá tudo bem. Esse é o Brasil que queremos? Esse é o Brasil que temos.

Anônimo disse...

Tava rezando.

Anônimo disse...

Sabendo, claro, que um dia VC poderá precisar de um transplante de sangue, e se todos pensarem como vc, sabemos como será seu fim.

Sergio Costa disse...

Lamentavelmente o jovem Pedro foi assassinado, sendo vitimado pelas hostes do ódio histórico-social nacional, destarte o ordenamento jurídico-consticional brasileiro protege o acusado, por meio do princípio da presunção de inocência.
Neste momento à família deve buscar auxílio jurídico objetivando a construção de um conjunto probatório sólido, capaz de dialogar com o direito penal, de modo absoluto e assertivo.
A sociedade contemporânea brasileira declarou uma guerra social aos seus algozes da violência urbana cotidiana,contudo essa guerra é cega, pois não será capaz de redefinir à sua raiz,na qual a desigualdade social culmina em violência.

Anônimo disse...

Tem um cartoon que como mensagem política é boa, mas na realidade o segurança que empurra o carrinho deveria ser negro, seguindo o ocorrido, a vítima nem era pobre (morava na Barra, tinha um estúdio de som em casa) nem é excluído (tanto que estava indo para uma clínica particular).





titia disse...

14:14 e o que te faz pensar que eu me importo? Ter que existir no mesmo mundo que lixos humanos como você, seus coleguinhas e esse segurança é uma merda, e qualquer coisa que abrevie meu tempo aturando isso aqui é bem vinda.

Anônimo disse...

Pela leitura do texto dá a impressão de que o segurança simplesmente olhou o cara, não gostou dele e o matou por puro racismo. Nenhum detalhe sobre as circunstâncias, que claramente mostram que o segurança era um despreparado e ainda indicam que o cara era criminoso. Nada de enfiar política num casos desses.

BLH

Rafael disse...

Seria bom que nesse domingo de futebol os jogadores negros se manifestassem, ou se recusassem a jogar, que os artistas negros se manifestassem também, uma pena que não vau acontecer.

Tinúviel disse...

Alan Alriga, não é bem assim que funciona -> Lembre-se que no Brasil o assassino ė inocente até que a vítima prove o contrário "O princípio da presunção da inocência (ou princípio da não-culpabilidade, segundo parte da doutrina jurídica) é um princípio jurídico de ordem constitucional, aplicado ao direito penal, que estabelece o estado de inocência como regra em relação ao acusado da prática de infração penal". Então a família da vítima terá que conseguir provas para poder provar o assassinato do jovem.

Quem precisa angariar provas é o titular da ação penal, vulgo Ministério Público.

Felipe Roberto Martins disse...

Quantas mais vidas serão ceifadas...!? É a banalização do mal.