sexta-feira, 10 de março de 2017

TENDO QUE PROVAR QUE FOI VÍTIMA NA VÉSPERA DO DIA DA MULHER

Recebi um email da L., que não quer se identificar porque já foi ameaçada de morte e teve de ficar três anos sem ver seus filhos. Mas, diz ela, "Eu queria que outras mulheres vissem isso. Que possa dar coragem a quem não denuncia por medo, por receio."
Publico aqui o relato da L. 

Ontem, véspera do dia internacional da mulher, fui ao fórum explicar que há seis anos, quando eu fui empurrada de uma escada e chamada de todos os nomes possíveis e imagináveis por um homem -- que entrou lá com a cabeça baixa e protegido por duas advogadas -- eu era VÍTIMA e não RÉ como o estado está apontando.
Ontem, véspera do dia internacional da mulher, eu estava lá precisando provar que EU era a vítima.
Ontem, véspera do dia internacional da mulher, sentei junto com outras tantas mulheres no 12º andar do TJRJ e ouvi tantos e tantos absurdos que minha história parecia um nada perto da delas. 
Abracei tantas. Quis apenas dizer que elas não estavam sozinhas. Disse pra nunca desistirem porque elas precisam antes de tudo ter amor próprio.
Ontem, véspera do dia internacional da mulher, senti o olhar de empatia de uma juízA. Senti o abraço de uma segurançA e o carinho de toda uma equipe de psicólogAs que me acalmaram depois de uma crise de pânico.
Ontem, véspera do dia internacional da mulher, me perguntaram o porquê das pessoas que viram as diversas cenas de agressão e ignorância não quererem testemunhar.
Por que será, não é mesmo?
Ontem, véspera do dia internacional da mulher, vi que no processo não falava em momento algum sobre eu ser empurrada do alto da escada na frente de uma criança de cinco anos. Foi apagado? Como?!
E ainda tem quem ache que o dia internacional da mulher é dia pra ganhar bombom, flores ou descontos em livraria. 
NÃO É! Juntas somos mais fortes!

14 comentários:

titia disse...

Unidas nós somos fortes e a luta continua. Meu apoio, L, e minha alegria de ver que você encontrou manas que te apoiaram e te ampararam. Que os mascus e machistas preparam suas fraldas porque a luta não vai parar. Sigamos em frente sempre juntas.

Anônimo disse...

Deu muito pouca informação. Ser dia da mulher não quer dizer absolutamente nada.
Afinal, porque você teve que comparecer ao TJRJ? E porque foi considerada ré?

Anônimo disse...

Ah tá. Nesse angu tem caroço. Com certeza. Ninguém vira réu de graça. A "vítima" aí tem culpa no cartório. A história está extremamente resumida e muito mal contada. E isso nada tem a ver com machismo, antes que comesse a romaria de xingamentos.

titia disse...

00:54 como você já sabe que está errado, deixa eu pular a parte em que mastigo bem mastigadinho o assunto e vamos logo pra romaria de xingamentos, pode ser? Vá trollar o seu fórum de perdedores de um real, seu misógino de merda, frustrado, imbecil, burro e escroto. E leve o 19:45 com você.

donadio disse...

Pros wannabe puliças das 19:45 e 0:54, que parte de "não quer se identificar porque já foi ameaçada de morte" é tão difícil de entender?

Anônimo disse...

Lola, reconheça logo que esse blog acabou.

Não prolongue mais esse sofrimento.

Fabrício disse...

Lola, olha isso:
o "comentarista" (Cacau Menezes - o Amarelo) tem uma quadro na RBS (filiada da rede Golpe) aqui em Floripa. O jornal do almoço, no resto do programa, fez matérias boas e falou de conscientização afirmando que lugar de mulher é onde ela quiser.
Mas dái surge esse "comentarista" que tem um quadro fixo e que só vive de jabá e mostrando mulher quase pelada, fazendo piadas de péssimos gosto, machistas, homofóbicas e outras mais.
E pior: no dia 8 veio acompanhado de um "dotor" que ia fazer uma palestra (JABÁ) que conseguiu ser um verme mesmo no dia da mulher. Foi até constrangedor aquele merda desdizer tudo de bom que o programa tinha dita e o ar de decepção na cara dos dois âncoras do jornal.

Anônimo disse...

Lola esse blog é imprescindível, você sabe. L, todo o meu apoio a você. A justiça, desde sempre, criminaliza mulheres que resistem a seus violentadores.

Força, você tem o meu apoio!

titia disse...

15:55 admita logo que sua opinião não importa.

Que o feminismo não vai acabar porque você quer.

Que o blog não vai fechar porque você não quer que ele exista.

Que as feministas não vão virar amélias porque você quer que as mulheres continuem sendo as substitutas da sua mamãe.

Que as mulheres não vão se jogar aos seus pés e venerar seu pinto só porque você tem um.

Acabe com esse sofrimento logo. É só achar um prédio de 20 andares e tentar imitar o Superman.

Anônimo disse...

boa, titia!!!!

Anônimo disse...

Aconteceu algo semelhante com uma amiga muito querida pra mim, há pouco tempo. Parece uma lei universal - não importa em que lugar desse mundo vocês está - mulher "merece" ou "provocou" o seu mal.

Ela sofreu gaslighting, agressões físicas e emocionai do namorado. Quando deu um basta no abuso, foi espancada. Tinha escoriações e hematomas no corpo inteiro, que foram fotografadas pelo médico.
Durante o julgamento ELA foi tratada como ré o tempo inteiro. Ela foi humilhada pelo advogado do ex e pela juíza. Quando as fotos foram apresentadas eles simplesmente assumiram que ela causou os ferimentos para incriminar o "pobri omi".
Ele mesmo assumiu ter batido nela - mas foi só por que ela estava - segundo ele - "fora de controle". A juíza não viu aquilo como agressão, para ela, o "pobri "omi" não teve outra saída... tadinhuuu...
Isso aconteceu cerca de uns 3 meses atrás. Aqui na Europa!

Nada é mais universal do que a culpabilização das mulheres. Não importa quantas provas ou testemunhas você tenha. Você apanhou, foi estuprada, mutilada, despida de toda sua dignidade é por que algo você fez pra merecer...

Jane Doe

titia disse...

Obrigada, 22:51.

Anônimo disse...

Fato alternativo descarado. Falar que o relato de agressão foi retirado do processo é brincadeira, né? Não era justamente esse o motivo da audiência? Não tava na petição inicial? Por que a juíza de direito a olhou com compaixão, nesse tribunal fantasioso?

Conversa pra boi dormir, sério.

donadio disse...

"Não era justamente esse o motivo da audiência?"

Provavelmente não, e provavelmente não era/é um processo penal, mas um processo civil, em que o ex-marido demanda a guarda dos filhos.