segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ESCRACHOS QUE VÃO LONGE DEMAIS?

No fim de semana recebi o email da Luciana, uma ex-militante de um partido de esquerda, pedindo minha opinião sobre um caso. Um homem, também de esquerda, foi acusado pela ex-esposa de vários tipos de violência. 
No final do mês, esse homem compareceu a um protesto em Pernambuco. E foi escrachado pelas manifestantes. Luciana não me pediu para escrever um post sobre isso, mas compartilhou algumas dúvidas sobre escrachos.
Escracho contra um torturador no país
da anistia para os militares
Compartilho um pouco sobre o que escrevi para ela sobre escracho público, que vai desde manifestantes discursarem palavras de ordem contra um acusado (e que não está restrito ao feminismo) a textos escritos em redes sociais, passando por atos de repúdio e hashtags como a #meuamigosecreto. A ideia geral é: como não há justiça, façamos nós a nossa justiça.
É complicado. Por um lado, a gente sabe como é difícil pra uma mulher denunciar uma violência, como na maior parte das vezes essa denúncia não dá em nada. Sabemos também da importância e da força da sororidade nessa denúncia coletiva, de como é bacana tomar o controle da situação e fazer essa denúncia com a própria voz. Muitas vezes, esta é a única denúncia possível.
Por outro lado, vira um julgamento coletivo que rapidamente pode levar a um linchamento moral (e algumas vezes num linchamento real, físico; óbvio que ativistas não tiveram nada a ver com a mulher morta no Guarujá). Eu acredito sim que a maioria das mulheres não mente sobre violência doméstica e estupro. Mas isso não impede que alguma possa mentir. 
Ou às vezes nem é mentira consciente, e sim uma interpretação dos fatos. Não estou falando em casos de estupro ou violência física, mas de violência psicológica, por exemplo. Às vezes a pessoa se convence que aquilo é verdade, mas é a sua verdade. Tudo tem que ser apurado. Assim como as violências têm potencial para arruinar a vida das vítimas, uma denúncia falsa também pode prejudicar demais alguém.
Pra quem é ativista, a gente realmente fica num impasse: vamos participar desse escracho público mesmo correndo o risco de estar sendo injusta com alguém?
Tipo: adorei a campanha #meuamigosecreto, da qual participei (e amanhã publicarei um guest post sobre ela). Entendi a hashtag como se fosse um coisa genérica. Eu não estava acusando alguém em particular de ter dito que não acredita que mulher ganha menos que homem, ou que diz que mulher que sai com roupa justa está pedindo pra ser estuprada. São coisas que já ouvi e continuo ouvindo de muitos homens, inclusive de alguns amigos. 
Algumas feministas postaram tuítes de homens mais progressistas que não deixam de ser machistas. Outras pessoas passaram a criticar frases que não são de amigos, secretos ou não (Bolsonaro é amigo de alguém?). Muita gente entendeu o #meumelhoramigo como indiretas. Pessoalmente, não vi assim. Porém, lógico, é uma hashtag. Não tem muito controle. As pessoas vão interpretar de várias formas. Como um todo, foi (está sendo, continua) extremamente positivo.
Um desmembramento inusitado foi que surgiu um tumblr ou blog, nem vi direito, que denunciava onze homens de Brasília por manipulação, violência doméstica, e até estupro. Trazia a foto e o nome completo dos caras. As acusações eram muito genéricas, coisa de duas linhas. Pelo que vi, a página só ficou no ar por poucas horas, e alguns acusados já registraram BO e a polícia vai tentar encontrar os autorxs para processar. 
Então, esse tipo de ação é necessário? É certo? Não corre risco demais de acusar sem provas gente inocente? 
Só pra ilustrar: eu sou ameaçada de morte e difamada diariamente. São inimigos declarados, mascus misóginos, que inventam pra mim os mais diversos crimes -- desvio de verbas na minha universidade, realizar um aborto de aluna em sala de aula, comprar meu diploma, trocar notas por sexo, rasgar e queimar bíblias, sei lá mais o quê. Convenceram um rapaz a fazer um vídeo dizendo que eu abusei dele no banheiro de um congresso escolar. 
Esses mesmos caras prometem que acusarão meu marido de pedofilia e estupro de menores; querem que ele seja preso (e morto). E aí? 
Esses caras criam essas calúnias absurdas, algum reaça mais conhecido as divulga, e eu e meu marido passamos a ser atacados por um monte de gente que acredita em qualquer coisa. Isso aconteceu na páscoa (quando criaram um tuíte falso pra mim) e agora no início de novembro (com o site fake no meu nome), e nada impede que voltará a acontecer, já que todos esses mascus continuam soltos, cometendo seus crimes impunemente.
Claro que não estou comparando mulheres vítimas de violência que fazem escracho público com mascus, criminosos que se orgulham de seus crimes. Só estou dizendo que é fácil acusar alguém anonimamente na internet, e que essas "armas" são usadas para destruir reputações (em 99% das vezes usadas contra ativistas sociais, não por ativistas sociais). 
No meu blog, já publiquei e continuo publicando centenas de relatos de sobreviventes de estupro, violência doméstica, assédio sexual etc. São mais de 700 guest posts, e muitos deles são sobre isso. Vários são sobre crimes cometidos anos atrás, que já prescreveram, mas só de contar já faz a vítima se sentir melhor. Eu nunca publico o nome dos acusados, e, óbvio, respeito o anonimato da autora (se ela pede pra publicar com seu nome, eu publico). 
São textos que têm muito mais a ver com denunciar uma situação recorrente que um caso específico. Eu faço isso de não publicar os nomes dos acusados pra me resguardar (em quase 8 anos de blog, ainda não fui processada, ufa), e também porque não é meu papel denunciar alguém no meu blog. Não sou juíza, não sou polícia, não sou investigadora. As raríssimas acusações que fiz aqui dando o nome aos bois foram da minha parte (ou seja, não partiram de uma anônima, mas de mim) contra quem eu tinha e tenho certeza que estava cometendo crimes (Marcelo e Emerson em 2011 e hoje).
Hoje, por ex, estamos
escrachando um "movi-
mento" que pede fim de
direitos para pessoas com
deficiência
No Twitter é um pouco diferente (não tenho Facebook). Vez por outra dou RT em algo sem checar direito, porque vem de alguém que eu sigo e confio. Mas os "escrachos" no Twitter, pelo menos da minha parte, são pra alguém que foi machista/ preconceituoso na rede social. Geralmente há prints e, no escracho, não se acusa alguém de um crime, e sim de ser misógino e/ou escroto e babaca -- que não é crime. É bem diferente acusar um cara de mandar selfie não solicitada do pênis dele pra um monte de mulher e acusar um cara de estupro.
Uma das muitas ameaças que o
sujeito enviou a uma menor de
idade que stalkeou
Um outro exemplo. Aqui onde moro, perto da faculdade, tem um cara que é assediador conhecido, principalmente de meninas menores de idade. Ele já foi denunciado várias vezes em delegacias, tem BO contra ele (ele vai à delegacia, quando é chamado, e ri), tem várias vítimas -- algumas tiveram que mudar de cidade por causa de suas ameaças e de stalking. Ele vem fazendo isso há anos, e algumas ativistas dão apoio às vítimas dele. Quando fiquei sabendo, e vi uns prints comprometedores do cara ameaçando meninas de morte, perguntei pro pessoal: vocês querem que eu divulgue no blog? Acharam melhor não, pra não colocar em risco as vítimas. Então não divulguei, não escrevi. Isso já tem uns dois anos.
Agora, você acha que eu pensaria duas vezes antes de escrachar um cara desses, que tem um histórico comprovado de anos de perseguição às mulheres? Mas não mesmo! Aliás, muitas ativistas daqui já o escracharam in loco (não na internet), já fizeram ato contra ele na praça que ele frequenta, acho que já protestaram em frente à casa dele. Este é um exemplo de como denunciar pra polícia não adianta em inúmeros casos e como o escracho pode ser uma arma eficaz (às vezes, a única arma).
Mesmo assim, aconselho ir à polícia. É um registro formal que a vítima tem.  
Denunciando em público, pode-se passar de vítima a "algoz" (mesmo que sua denúncia esteja coberta de razão). Não me lembro os detalhes, mas teve um coletivo no Rio que denunciou, num post no FB, um cara de estupro. Não era uma denúncia genérica, como foi aquilo feito esta semana com os onze sujeitos de Brasília. Esta do Rio dizia quem, quando, onde. Mas não havia provas. O acusado está processando o coletivo. E há vários outros casos de mulheres que individualmente acusam um agressor e são processadas.
Como eu disse, é complicado. Creio que a vítima sempre que possível deve ir à uma delegacia. Mas sabemos que na maior parte das vezes a polícia não faz absolutamente nada. Agora mesmo acabei de receber um email de uma mulher desesperada porque está sendo stalkeada pelo ex. O que fazer? A polícia não faz nada, sequer considera isso um problema. De repente juntar um grupo de ativistas e ir na frente da casa dele exigir que ele pare de perseguir a ex resolve?
Recomendo que a vítima seja organizada e guarde as provas -- prints de ameaças, vídeos, gravações, emails, o que tiver. Em grande parte das ocasiões o agressor não comete o crime contra uma única vítima, mas contra várias. Se possível, a vítima deve tentar se comunicar com as outras vítimas. E a partir daí se organizar. Um escracho nessas horas pode ser uma saída, mas é preciso que as vítimas se exponham um pouco, é preciso mostrar provas.
Todxs sabemos da dificuldade que é depender de vias legais para conseguir algum tipo de justiça. Mas também é difícil, e nem sempre aconselhável, tentar fazer justiça com as próprias mãos.

41 comentários:

Anônimo disse...

Justiça com as próprias mãos não é aconselhável nunca!!!!

Anônimo disse...

Em relação aos direitos das pessoas com deficiência é preciso sim repensar muita coisa, já vi bem fila de banco deficientes e idosos pagando várias contas que não eram deles, já vi também eles se aproveitando da fila preferencial para comprar ingressos para outras pessoas.
Se esses escrachos virarem moda as falsas denúncias e estupro vão aumentar bastante, quem não se lembra do caso do diretor do FMI que foi escrachado e depois a denúncia se mostrou falsa.
Realmente a cada dia que a perseguição ao homem branco, hetero e cristão vem aumentando cada vez mais

Bizzys disse...

Acho que tem que escrachar sim, pois a justiça nunca está do lado das mulheres.

As pessoas ficam muito preocupadas com falsas denúncias que podem "acabar com a vida de um coitado", mas eu nunca vi um homem que foi escrachado na internet ter sua vida destruída ou sofrer qualquer consequência por seus atos. O Professor Pinto, por exemplo, está aí firme e forte, e processando as vítimas dele.

Acho que mesmo quando as mulheres não podem divulgar o nome do agressor em público (por medo de processo, ameaça ou o que quer que seja), elas devem fazer uma rede de divulgação mesmo, falar umas com as outras discretamente, o que vale é que o agressor seja reconhecido pelo que é de verdade.

Eu amei a campanha do #meuamigosecreto justamente por isso. Por mais que a maioria não citasse nomes nos posts, tenho certeza que muitas mulheres reconheceram os sujeitos nas histórias umas das outras, conversaram, descobriram quem é abusador. Por isso tantos homens (principalmente os feministos) deram chilique por causa da tag - puro medo de que as mulheres descobrissem quem eram os lobos em pele de cordeiro.

Eu também concordo que devemos procurar a polícia e fazer denúncias, mas em certos casos não dá em nada, então o escracho é uma ferramenta que pode e deve ser usada, porque a justiça simplesmente não está do lado das mulheres.

Anônimo disse...

Ei Bizzys vc já ouviu falar de um caso chamado escola Base?

Anônimo disse...

Concordo com Bizzys, os homens nos escracham a séculos, literalmente. E agora vem essa historinha de cuidado!!
Porra, nunca tiveram cuidado conosco. Eles que se fodam mesmo e agora provem do próprio veneno.

FERNANDA B.

Anônimo disse...

Bizzys, vc diz que nunca viu um homem ter a vida destruída por uma denúncia falsa ou sofrer qualquer consequencia? Sério? Prefiro acreditar que é ingenuidade sua, e não má fé. Vá se informar sobre o caso da Escola de Base, como disseram aí em cima, e veja o que um "escracho" errôneo e amplamente divulgado fez.

E isso foi antes da popularização das redes sociais, hoje seria muito pior.

Anônimo disse...

Vc acha certo escrachar meninas que possuem fotos nuas vazadas

Anônimo disse...

Se for escrachar,tem que provar.A justiça trabalha com provas,muitos inocentes estão na cadeia,inclusive o ator negro Vinícius Romão foi preso injustamente porque a vítima falou que o ladrão tinha cabelo black power,e pro azar dele,A VÍTIMA O RECONHECEU.Não houve investigação e só o soltaram porque ele era famoso.
Assisto muito o canal investigação discovery e muitas vezes,o assassino(a),estuprador(a),é alguém que ninguém nunca suspeitava.

Bizzys disse...

Fernanda B., é exatamente isso. Hoje eu li um tweet que dizia algo mais ou menos assim:

Vocês não precisam de nenhuma prova para chamar uma mulher de puta, mas precisam de recibos, vídeos e fotos quando mais de 25 mulheres acusam um homem de estupro

Nunca li tanta verdade em tão poucas linhas.

Anônimo das 15:48, já ouvi falar desse caso sim. E até onde eu sei, o delegado responsável pela investigação (e os policiais) e a imprensa foram quem alimentaram a história e apontaram os culpados. A mídia fez uma verdadeira caça às bruxas contra os funcionários da escola - coisa que não acontece em casos de estupro, por exemplo. Lembra do caso New Hit? As feministas fizeram um escarcéu, o estupro foi comprovado, não saía uma linha nos jornais. No caso do Bill Cosby, as imprensa passou um tempão desacreditando as mulheres, até que tantas denúncias apareceram que ficou impossível ignorá-las. Em geral, as vítimas cansam de falar e denunciar, e são tratadas como loucas, como mulheres más que querem destruir a vida de um pobre homem, as denúncias nunca ganham tanto respaldo da polícia e da mídia como no caso da Escola Base.

Alana Rios disse...

Anônimo das 15:59,

Acho que ninguem aqui considera certo escrachar mulheres, seja por que razão for, mas promover "escrachos" contra homens (ou mulheres, lembrem-se do caso do Guarujá)sem ter provas reais é algo perigoso, ainda mais em tempos de internet e mídias sociais.

E ainda que seja incomum e pouco noticiado, falsas acusações podem ter consequencias graves, e até se voltarem contra os "escrachadores", já que é crime acusar alguem sem provas.

Essa reportagem, ainda que nem tão recente, dá um exemplo de como falsas acusações podem sim acabar com a vida de alguem: http://acritica.uol.com.br/manaus/Inocente-violentado-cadeia-contrai-Aids_0_434356611.html

Bizzys disse...

"Se for escrachar,tem que provar.A justiça trabalha com provas"

Bem engraçado você falar isso, anônimo, quando no próprio texto a Lola cita um conhecido e assumido perseguidor de meninas da cidade dela, que cansou de ser chamado na delegacia, existem várias provas contra ele e não acontece NADA. Grande justiça.

Na minha cidade, quando eu era mais nova, tinha um pedófilo conhecidíssimo que vivia assediando meninas, todas as garotas da minha idade eram alertadas sobre ele, o cara vivia perto de escolas, cercava as garotas, mostrava o pênis. A CIDADE INTEIRA SABIA. Ele foi preso alguma vez? Nunca. Não sei se ele chegou a estuprar alguém, mas um tipo desses, vai me desculpar, tem mais é que ser linchado mesmo, porque essas justiça que você tanto considera, não ajuda as vítimas EM NADA.

Anônimo disse...

Bizzys, você diz que "um tipo desses, vai me desculpar, tem mais é que ser linchado mesmo, porque essas justiça que você tanto considera, não ajuda as vítimas EM NADA."

E quem decide o que merece ou não ser linchado? Pouco tempo atrás algumas pessoas revoltadas com um assaltante menor que sempre furtava numa região acharam que ele merecia ser linchado, já que sempre praticava crimes por ali e nunca era punido,ainda que todo mundo soubesse que ele era um criminosos, então o agrediram e prenderam num poste.

Comece o "olho por olho", e vamos terminar todos cegos.

donadio disse...

Escracho é escracho, linchamento é outra coisa.

Deixar a discussão escorregar de uma coisa para outra (bem mais grave, bem mais irreversível) não é uma boa ideia.

Zero disse...

pode ser esdruxula a comparação, mas serve...

a questão da violência contra a mulher vs. contra o homem é tipo a questão acidente de transito x acidente aéreo...

morrem pessoas todo dia em acidente de transito, praticamente nem é noticia mais, é tratado como algo banal, comum, "da vida".

agora cai um avião, parou o mundo. é semanas sendo noticiado, como se as vidas perdidas no transito "valessem menos".

até mesmo alguém dizer que está "prevendo" um acidente aéreo vira "noticia" na nossa ilustre mídia.

ou seja, mulher morrendo é algo banal, "o que ela fez ?". aquilo não tem importância.

agora morre um homem, é luto geral.

o tratamento dado aos casos mulher x homem é bem próximo disso...

se acham exagero, apenas relembrem o caso da Lola mesmo.

mesmo sendo um site FALSO, já tinha gente fazendo "linchamento virtual".

- ah, era falso ? problema dela.

Anônimo disse...

ENGRAÇADO, ANÔNIMOS DANDO EXEMPLOS ESTAPAFÚRDIOS.... exceções das exceções. QUE SE FODAM!
hoje mesmo, soube por um parente que minha prima em segundo grau está internada, em coma induzido, com cortes profundos nos pulsos...além dos cortes, bateu a cabeça na parede repetidas vezes e causou uma concussão no cérebro, como se fosse um inchaço. ELA ESTAVA MUITO AGITADA ANTES DO OCORRIDO. INSANDECIDA PEDINDO PRA MORRER, como disse a mãe. Que descuidou dela por alguns minutos... ela fala, coitada, como se a culpa fosse dela. é de cortar o coração.

será q vcs adivinham pq?
Não é porque ela cometia pequenos crimes e blá blá blá rídiculos não. ela tentou se matar só pq na escola, consagradíssima em que estuda, (a, ela tbm é menor tá? 17 anos), o menino que ela "ficou" mandou pra escola um video deles "se pegando" nas palavras dele...no grupo de whatsap dos amigos da escola tal...

Bom, mas pelo visto vcs acham isso pouco, natural ,normal. Afinal ela era só uma vadiazinha que deu pra um homem.. não se deu respeito, não se cuidou, quem mandou dar????
vão se fuder com essa historinha de "ahhhhh coitadinho foi preso no poste... que morra!!
E minha prima? e as amiguinhas delas que pedem, imploram pra morrer, imploram por veneno, tem que ser vigiadas e tudo porque??????? hâm???? respondam???
porque MULHER não pode ter sexualidade, MULHER não tem direito de viver, pq tem que pedir permissão pra essa sociedade fétida e podre... COMETERAM O PECADO INDEFENSÁVEL DE TEREM NASCIDO MULHERES!!!!!

QUE VENHAM MAIS E MAIS CAMPANHAS E HASHTAGS COMO ESSA, PRA QUE O MUNDO VEJA O QUANTO O MACHISMO MATA É PODRE E TEM QUE ACABAR. ou se não, não sei o que será das nossas mulheres no futuro.

ESCREVI ISSO COM LÁGRIMAS NOS OLHOS. ISSO TEM QUE ACABAR, TEM QUE TER PUNIÇÃO, PQ SINCERAMENTE, DO JEITO QUE ESTÁ, ESSA HASHTAG DO MEU AMIGO SECRETO É MUITO POUCO.

"A justiça tem caso muito piores pra resolver, do que histeria de uma adolescente... cade o pai dessa menina?" palavras do delegadinho machistinha de merda que atendeu minha prima na delegacia de crimes virtuais.

Então continuem aí se achando injustiçados, enquanto nossas mulheres morrem um pouco a cada dia, e cada vez mais cedo.

FERNANDA B.

Anônimo disse...

"Um homem, também de esquerda, foi acusado pela ex-esposa de vários tipos de violência."

E por que essas criaturas nao abandonam o cara depois da 1ª agressao (fisica ou psicologica)?

Bizzys disse...

16:17

Eu, na minha humilde opinião, acho mais é que pedófilo e estuprador tem que morrer mesmo. Mas como disse o donadio, esse post é sobre escracho, não linchamento, então eu não vou dizer mais nada sobre isso.

E voltando ao assunto do post: tem que expor homem agressor e abusador sim, principalmente se eles forem feministos. E se esses tipos não puderem ser expostos publicamente, que nós mulheres criemos uma rede de informações e divulguemos umas para as outras a identidade desses abusadores. Esses homens precisam ser boicotados e os abusos que eles praticam precisam ser conhecidos.

Anônimo disse...

Cara, pode crer... hoje a perseguição foi brava. Ninguém me olhou feio na rua (sou homem, branco e alto), ninguém me fez fiu-fiu, não me pararam em geral, nao me escracharam me chamando de bandido, não me deram vaga especial (não tenho deficiências graves) e não me questionaram por gostar de alguém (sou heterossexual).

Porra!! Ninguém prestou atenção em mim!!!!!!

Puta mundo injusto.

Anônimo disse...

Lola, sabe se isso aqui é coisa dos mascus, vc que acompanha os chans deles? http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/outdoor-em-rua-de-curitiba-pede-pelo-fim-de-privilegios-para-deficientes.html

"Outdoor em rua de Curitiba pede pelo fim de privilégios para deficientes"

Pq isso tá viralizando aqui em Curitiba, umas 10 postagens sobre isso na minha timeline em menos de 1h.

Anônimo disse...

É organizado por um tal "Movimento pela Reforma de Direitos" (MRD). Me cheira a libertários ou ancaps. Mas ultimamente os mascus é tem viralizado essas merdas por aí, vai saber.

Rafael disse...

Outdoor é caro. Pode ser campanha PARA os deficientes.

Algo parecido com o Scarpa, que ia enterrar um Bentley novinho no jardim e posteriormente revelou-se fazer parte de uma campanha para doar órgãos e não enterrar coisas valiosas.

Anônimo disse...

"Convenceram um rapaz a fazer um vídeo dizendo que eu abusei dele no banheiro de um congresso escolar."

gente hahahahahaha a que ponto

bom Lola, material pra processo você tem de sobra.... tira o escorpião do bolso e faz a alegria de uma advogada aí.

Anônimo disse...

aff mas vcs são muito bestas heim, ninguém sabe mais usar o google?

vamulá:

1. a charge da Dilma é falsa, é montagem de 3 capas. GOOGLEM
2. a campanha é falsa, dia 03 é dia de não sei o que dos deficientes. GOOGLEM

bjos de google

Anônimo disse...

mas aproveitando, engraçado ver essa gente toda super indignada com a campanha sendo que NA VIDA REAL eu não vejo um décimo disso aí em favor de pessoas como, sei lá, minha irmã, que é cadeirante desde os 12

até queria ver essa mobilização toda na vida REAL mas sacumé, na internet todo mundo é virtuoso e justiceiro.

mais um caso de indignação seletiva, senhoras e senhores.

Anônimo disse...

Corre-se o risco de acusar e humilhar publicamente um inocente, como também de acusar e humilhar um culpado, mas não conseguir provar materialmente e por testemunhas seu crime e se ferrar no final sendo processada. Todo o cuidado é pouco e cada situação deve ser estudada cuidadosamente.

Mas, que é gostoso ver um cara FDP, que sacanea a mulherada geral, se f*dendo. Ah, isso, é gostoso!

Maria

Anônimo disse...

Eu tenho sentimentos ambíguos sobre o escracho. Na teoria, funciona assim: sabe-se que de fato fulano(a) fez tal coisa, por muito certo e a justiça não funcionou. Gostei dos escrachos que fizeram por conta dos envolvidos da ditadura, um deles até participei por ser na rua da minha casa (um certo veículo de comunicações que foi um dos patrocinadores da Operação Bandeirantes). Agora quando o escracho vira linchamento, aí eu vejo problema. E se não foi ele(a)? E se não foi bem aquilo? E se e se e se? Acho que nesse caso, vale mais um escracho judicial do que uma coisa totalmente sem volta... lembrem da Escola-Base, pessoal. É isso aí.

Anônimo disse...

Vou ser honesta, escracho irrestrito é uma coisa que me preocupa pois nem todo homem é professor Pinto. Um professor Pinto tem todo um contexto que o defende, um monte de gente que diz que tem que apurar melhor. Um homem negro anônimo dificilmente vai ter.

Acho fundamental considerar isso pois esse tipo de situação desequilibra mais a balança. E sejamos honestas, mesmo nos ambientes feministas se escuta muito mais "tem que ver isso aí" ou "melhor apurar direito" quando o sujeito é branco, popular e esquerdomacho.

Anônimo disse...

Gente, a campanha pelo fim dos direitos dos "privilégios" dos deficientes é uma ação publicitária em favor dos direitos dos deficientes.

Mila disse...

É um assunto que a gente deve pensar com cuidado. É tentador que, no auge da indignação, a gente queira partir para a justiça com as próprias mãos. Mas, pau que dá em Chico dá em Francisco. Não foi legal, por exemplo, o que a Lola sofreu mês passado. Essas situações ocorrem por má-fé e/ou preguiça de encontrar fontes confiáveis.
Durante a minha formação como jornalista, incorporei à minha ética reunir o máximo de provas antes de divulgar, especialmente com gente poderosa. Às vezes a gente tem absoluta certeza de quem é o agressor e mesmo assim não podemos divulgar pq sabemos como a justiça é sempre mais justa para alguns que para os outros.
Algumas vezes eu saio como advogada do diabo ao explicar para feministas a razão geral da mídia colocar "suspeito de estupro" e não como estuprador de fato até a culpa ser comprovada.
Há algum tempo no entorno de Brasília, um canal de televisão que veiculava aqueles programas policiais, acreditou na versão preliminar da polícia sobre uma mãe que denunciou um estupro de um vizinho sobre a filha, armando um flagrante e tudo. Depois descobriu-se que a história foi toda armada pela mãe que havia sido rejeitada amorosamente por esse vizinho. Casos como esses são raríssimos, mas a incorreta divulgação deles motivam a gente ter que ficar lidando com gente convenientemente indignada por falsas denúncias de estupro.

Mila disse...

Agora a rede de informações me parece uma ideia bem bacana. Uma amiga minha só descobriu o lixo mascu fantasiado de feministo depois que as ex contaram. Então, elas decidiram alertar sobre o lobo em pele de cordeirinho para as próximas vítimas.
Li em algum lugar sobre um aplicativo que tinha por base o Lulu, mas que se referia a sujeitos abusadores e violentos. Era tipo um banco de dados. A ideia parece interessante se as informações não forem de zoeira.

Anônimo disse...

A justiça tem de ser procurada sempre, nõa é efeeia de falahs, demorada e em muitos aspectos machista, mas se não fizermos pressão nada mudará.

Lu disse...

Lola, obrigada pela reflexão. É difícil saber a postura a tomar em casos como esse. Obrigada por essa reflexão e tantas outras, que me ajudaram a acreditar mais em mim e ter auto-estima para continuar na luta. Beijos.

Anônimo disse...

Parabéns, Lola! Ótimo texto e fica a dica para uma grande reflexão de que a justiça seja feita, mas que antes de mais nada seja feita uma verdadeira apuração de fatos, assim evitaremos de cometer uma grande injustiça em nome da justiça.

Anônimo disse...

Acho incrível como tem gente que justifica a condenação injusta de um inocente em nome de outros culpados que não são punidos. Quer dizer que se um assassino conhecido se esconder em um condomínio, vale a pena jogar uma bomba e matar todos os moradores em nome da punição do assassino?
Pode ser uma merda a dificuldade de se provar crimes (e o estupro é muito difícil mesmo de provar), mas abrir mão dessa garantia que a sociedade levou séculos pra implantar é voltar pra barbárie.
wagner

Anônimo disse...

Hoje li num blog feminista o conceito de "missing stair" - casos de abusadores que a sociedade, a cidade, a família, apenas ignoram. "Ah, ele faz isso mesmo, só fica longe". A analogia vem com a imagem de uma casa onde tem algo quebrado e as pessoas simplesmente se acostumam ("ah, tem um degrau quebrado na escada sem corrimão na sala que não tem lâmpada. só toma cuidado, é assim mesmo"). Nesses casos, o escracho ajuda.

No entanto, tenho críticas de como ele é feito - nas faculdades de humanas, o estilo de escracho é tão caricato que as pessoas ignoram. "Ah, são só as feministas malucas pichando banheiro". Será que não tem outros recursos além da polícia? Será que tem como ser mais expressivo que "fulano estuprador" marcado com caneta piloto na parede do RU (que, aliás, provavelmente uma mulher vai limpar)? Ás vezes as gurias nem mesmo falam com a vítima e nem perguntam se ela QUER aquilo, expondo mais ela que o abusador. Esconder o nome nem ajuda, porque fofoca é fofoca.

Eu não acredito muito na acusação de inocentes quanto a estupro e crimes sexuais, já que nenhuma mulher que o rótulo de vítima no meio da testa por nada. Só acho as estratégias muito mal pensadas e mal direcionadas. Enquanto ninguém entender o que é estupro, um cartaz é só um cartaz, e uma denúncia é um capítulo de novela.

Anônimo disse...

"mas aproveitando, engraçado ver essa gente toda super indignada com a campanha sendo que NA VIDA REAL eu não vejo um décimo disso aí em favor de pessoas como, sei lá, minha irmã, que é cadeirante desde os 12

até queria ver essa mobilização toda na vida REAL mas sacumé, na internet todo mundo é virtuoso e justiceiro.

mais um caso de indignação seletiva, senhoras e senhores."


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Eu também achei super gracinha essa indignação toda, gente espumando até pelas orelhas, super bacana né? Faz com que eu tenha vontade de morar na Internet, esse reduto de pessoas tão iluminadas e conscientes das necessidades alheias. Porque fora da internet, a real é que pais com filho deficiente não conseguem matrícula em qualquer escola (particulares inclusive, ainda que seja uma deficiência que permita vida autônoma e não assistida da criança), sempre tem gente colocando a vaga reservada só por três minutinhos, imagina que implicância, ou então cola beeeem coladinho na vaga pra ficar bem fácil do cadeirante entrar pelo teto, o número de edifícios públicos acessíveis é muito menor que os não-acessíveis, ônibus não são adaptados em muitas capitais brasileiras e você tem que ficar esmolando coisas o tempo todo, coisas que são SEUS DIREITOS, alguns assegurados inclusive pela CONSTITUIÇÃO, que aqui no Brasil vale menos que um flato. Seria lindo mesmo ver essa gente toda raivosa e engajada saindo às ruas lutando pelos deficientes com a mesma virulência que esbravejam na internet. Mas né, mundo real é outro papo.

Anônimo disse...

só vendo as pessoas que tanto criticaram a Rachel Sheherazade dizendo praticamente a mesma coisa, como o mundo da voltas hauhauhauhauhau

donadio disse...

Pra quem acha que acusações falsas de estupro não existem, vale a pena dar uma olhada aqui:

http://www.innocenceproject.org/

Convém estar atento também para o recorte racial dessas condenações sem provas.

Anônimo disse...

Ainda assim, essa forma de fazer justiça é melhor do que o que os direitistas fazem e defendem. Ao menos ninguém morre no escracho.

Vicky_ disse...

Donadio, ninguém dúvida que tem inocente, gênio.
Se concentre nos culpados, se for muito difícil.

Horácio disse...

Se concentrar nos culpados traz a resposta a uma questão ética. O que é mais importante punir o criminoso ou proteger o inocente.l? Vale a pena ter a mão pesada correndo o risco de pegar alguns laranjas por acidente? Ou vale a pena ser cuidadoso mesmo correndo o risco de deixar um canalha escorregar impune pelos meandros da lei? Esse acaba sendo o grande dilema das associações de defesa de direitos humanos que acabam sendo Associações de Direitos dos Manos. É interessante vermos a defesa do escracho como sendo muito diferente do linchamento vindo de pessoas que supervalorizam as violências simbólicas.