quinta-feira, 15 de maio de 2014

GUEST POST: COMO O MACHISMO QUASE ME FEZ DESISTIR DA ENGENHARIA

A L. me enviou seu relato de inspiração. 
O que ela narra me fez pensar na Síndrome do Impostor (em que a pessoa sente que não é capaz, que é uma fraude), um fenômeno muito mais comum entre mulheres. O sistema costuma ensinar às meninas que elas são incompetentes em muitas áreas, e aos meninos que eles merecem o sucesso. Vamos desaprender?

Desde que comecei a ler seu blog, comecei a repassar na cabeça muitas ocasiões da minha vida que sofri com o machismo, mas que não me dava conta que essa era a causa. Uma dessas reflexões me levou a ver como o machismo quase me fez desistir de ser engenheira. Aquela velha história de "mulher não tem afinidade com a área de exatas", sabe? 
Quando entrei em engenharia mecânica na universidade, tive dificuldade em algumas matérias, principalmente cálculo e física. Além de os professores serem exigentes, o abismo entre o que aprendemos no colégio e o que será cobrado na faculdade é enorme. A própria noção do que é estudar vai amadurecendo durante o curso.
Somado a esses fatos, que afetavam a todos os alunos da minha sala, eu entrei um mês e meio atrasada porque estava trabalhando como modelo fora do país. Resumindo, não consegui acompanhar essas matérias, e reprovei nas duas. 
No segundo ano tive um professor que dava aula de física 2.
Ele já era bem antigo na universidade, e muito respeitado. Acontece que ele dizia coisas como: "as mulheres têm dificuldade nas áreas de exatas, por isso aplico provas mais fáceis pra engenharia de alimentos", e por aí vai. Eu era a única menina em uma turma de 40 alunos, e já sofria com comentários frequentes dos colegas. Se tirava nota baixa, normal... eu era mulher. Se tirava nota alta, o professor facilitou pra mim porque eu era bonita. 
Na primeira prova que fiz desse professor, estava muito nervosa e não conseguia concluir os exercícios. Foi nessa hora de dificuldade que essa bobagem toda começou a ter lugar na minha cabeça. "Acho que mulher não serve mesmo pra engenharia", "mulher não tem intimidade com a área de exatas", "eu não devia ter entrado neste curso". Algumas vezes cheguei mesmo a chorar...
Uma das coisas que me deram força pra continuar o curso foi o exemplo de uma professora que tínhamos, de uma matéria bem difícil. Ela era muito competente, formada em engenharia civil, e diziam que ela tinha passado com notas muito boas com aquele professor. Então eu pensava: "se ela conseguiu, eu também consigo". 
Permaneci no curso e não reprovei em mais nenhuma matéria, coisa que poucos alunos que se formaram comigo conseguiram. Mesmo assim Lola, só fui me dar conta de como essa questão afetou minha autoestima depois que comecei a ler seu blog. É muito frequente as pessoas terem dificuldade no curso de engenharia. 
Recentemente vi uma reportagem dizendo que a evasão dos cursos é de 50% no Brasil, principalmente por dificuldade nas matérias básicas (matemática, física e química). Mesmo com meu posterior bom desempenho, eu achava que essa dificuldade era só minha, e porque eu era MULHER!
Como disse ali em cima, repassando minha vida, lembrei que quando criança, eu era a melhor aluna da sala em matemática. Aprendia sozinha, e conseguia avançar 3 ou 4 capítulos do apostila na frente da professora. Me dei conta que passei no vestibular antes de quase todos os colegas que cursavam comigo. 
Os que passaram em colocações melhores que a minha, já tinham feito um ano de cursinho, e eu passei na metade do terceiro ano. Meus pais sempre foram pessoas fantásticas, e sempre me transmitiram confiança para fazer qualquer coisa, então me pergunto: como me deixei abalar dessa maneira? 
Como pude acreditar, mesmo que por um instante, que eu era inferior aos meninos, que eu não era capaz, se eu não tinha qualquer motivo pra isso?
Me coloco no lugar das pessoas que tem a autoestima pisoteada a vida inteira. Gordxs, negrxs, mulheres que se mantêm em situação de violência doméstica. São pessoas incríveis por conseguirem superar!
Consegui notar a importância dos textos afirmativos que você coloca aqui no blog, pra gente se amar, reconhecer as nossas potencialidades, a nossa capacidade. É um ponto de apoio, no meio de um mar de informações que tentam nos botar pra baixo.  É libertador. Também reconheci a importância de termos um referencial. A importância, por exemplo, de vermos negrxs em posições de sucesso. Entendi a força dos dizeres: o pessoal é político.
Hoje sou formada e termino o mestrado em uma das melhores instituições do país (a pós aqui é nível 7 na CAPES). Eu entrei no mestrado ainda duvidando da minha capacidade. Hoje sei que estou longe de ser a aluna mais brilhante daqui. Tem mulheres e homens mais inteligentes e esforçados que eu. Mas o que seu blog me ajudou a reconhecer é que isso não tem nada a ver com meu gênero. Sendo assim, minhas limitações podem ser superadas, como as de qualquer ser humano.
Sei que vou ter que passar a vida toda me auto-afirmando na profissão. Provando a todos minha capacidade. Sei disso porque já fiz estágio por três anos, já fiz entrevistas de emprego, e vejo como meus colegas comentam com desdém sobre as candidatas mulheres contra quem concorreram (e perderam). Mas agora não vou mais duvidar de mim, e espero também poder inspirar, como me inspirou aquela professora, as meninas que venham a passar pelo que passei.
Peço que, ao publicar, use um pseudônimo ou só coloque a inicial. Somos tão poucas engenheiras mecânicas, que uma busca com meu primeiro nome e profissão já me colocariam na primeira página do Google!

39 comentários:

Anônimo disse...

Aos poucos as coisas vão se modificando. Sou engenheiro formado há muuuuito tempo e estudei em uma turma de pelo menos 50 homens para 1 mulher.
Mas hoje, nas empresas em que trabalho e conheço há muitas mulheres engenheiras trabalhando normalmente, coordenando trabalhos, etc.
Há preconceitos? Claro que sim, afinal vivemos num país machista, mas muito menos do que já houve.

Anônimo disse...

Adorei o post, sou engenheira como a colega e passei por muitas dessas dificuldades... estudava em uma escola publica e qdo ingressei na faculdade eu "travei" em várias matérias, um prof disse na frente de todos que eu não servia pra ser engenheira, que era horrorosa e coisas assim...
E tem mais outra coisa constantemente pessoas que na época se relacionavam comigo tentavam me boicotar, e só vejo isso agora. Um prof me disse uma vez que eu não era burra que se não soubesse alguma coisa ele ensinava, e sim vc tirar uma nota boa significa que vc tá dando pro prof, e etc...
Hoje faço mestrado aqui na minha região (eu adoro!!!) as vezes eu me sinto a "mais burrinha" da turma e ainda brinco que sou esforçada e que isso compensa. Ainda existem os boicotes (acho que nunca vai acabar, principalmente com as mulheres!!!) mas tô indo bem... lido melhor com as situações que vão ocorrendo.
Nos trabalhos que tive no decorrer da vida o assédio sofrido os comentários e piadinhas que escutei não me abalaram.
Triste é quando escutamos histórias que simplesmente se repetem, aí percebemos que não somos nós que não temos capacidade , mas sim a sociedade em geral que é doente.

Anônimo disse...

E eu, que descobri muito depois que fatores relacionados à divisão sexual do trabalho influenciaram em minha escolha, o que me assustou. Em minha família formados em engenharia e medicina são homens. Formadas em ciências socias, pedagogia e artes são mulheres. É foda tudo isso e as pessoas tomam como um fato praticamente natural. Ragusa

Anônimo disse...

Sou engenheira mecânica também e posso afirmar que tudo que ela disse eu também passei. Me identifiquei muito, principalmente com a parte que esse blog ajudou a melhorar nossa confiança.
Sou mestranda também e tive várias dificuldades em passar em processos seletivos de emprego. As pessoas psicólogas do RG são muito preconceituosas! Em entrevistas de empregos já fui chamada de patricinha pelos entrevistadores e até me perguntaram se eu tinha problemas em "sujar as mãos" eventualmente ou colocar botina para entrar na indústria. Sem falar nas vagas de emprego que especificam somente o sexo masculino...
Infelizmente o meio da engenharia mecânica ainda é muito machista e se você não for uma engenheira muito competente, não tem muita chance.

Paula disse...

minha linda, machismo não é motivo para desistir da engenharia...

a própria engenharia já é motivo suficiente!! :p

ass: uma engenheira

p.s. rodou em cálculo quantas vezes? :*

Anônimo disse...

Trabalho numa empresa infestada de engenheirOs, e a maneira como eles se referem às mulheres (engenheiras ou qualquer outra profissão) é vergonhosa. Eu sempre consegui atropelar essas convenções machistas e me colocar em posições de liderança, mas já fui por isso xingada e boicotada em minha carreira. Homem competitivo é normal, mulher competitiva é... Tudo de ruim que há no mundo, basicamente. Fico revoltada principalmente com a forma como tratam mulheres livremente como objetos. É gostosa, é feia, essaí só pode estar dando pra fulano... E se uma mulher é chefe de outra que também tem cargo de confiança, lógico que a de patente mais baixa é amante da de patente mais alta!

Mas na hora de abrir a porta do elevador pras mulheres passarem, precisa ver como se esforçam! Por isso desconfio de cavalheiros. Não precisa esperar eu sair do elevador primeiro, não. Prefiro que não descredite minha capacidade profissional e intelectual porque sou mulher.

Primeiro anônimo do thread, talvez esteja melhorando, sim... O que é assustador. Caramba, era pior que hoje?

Anônimo disse...

Você não tem nada o que caçar no meio de homem mesmo não!
Para que querem se infiltrar em ambientes tipicamente masculinos?

Gle disse...

Sou bacharela em Ciências Contábeis e pós graduanda em Gestão Tributária. Aqui na região essa questão já está bem tranquila (na minha área de atuação), mas é óbvio que ainda existe esse machismo que CONSOME a sociedade atual.
Trabalho em uma empresa produtora de software para empresas, mais especificamente para a área fiscal e patrimonial. Amo o que faço!
Independente qual seja a profissão, AME O QUE VOCÊ FAZ e CORRA ATRÁS DOS SEUS SONHOS! TODOS somos capazes!
E este blog é a prova viva de que existem pessoas que podem mudar o pensamento de outras, plantando sementinhas e colhendo frutos maravilhosos. PARABÉNS Lola! Parabéns a autora do relato que provou e ainda prova para si mesma que É CAPAZ!

Kittsu disse...

"Você não tem nada o que caçar no meio de homem mesmo não!
Para que querem se infiltrar em ambientes tipicamente masculinos?"

rs.
você é estupido.

Anônimo disse...

"Você não tem nada o que caçar no meio de homem mesmo não!
Para que querem se infiltrar em ambientes tipicamente masculinos?"

Mas na hora de dizer "ain, mulheres não trabalham em mina de carvão", vocês sabem.


Porque mulheres iriam querer SE FORMAR E TRABALHAR numa profissão que tem os melhores salários atualmente, não é?

Renata disse...

"Você não tem nada o que caçar no meio de homem mesmo não!
Para que querem se infiltrar em ambientes tipicamente masculinos?"

aeuheauheauheahuaehuea
hueauheauheahueahuhueahuea
hueauheahueahueahuea

Que coisa idiota de se escrever.
Como alguém escreve isso e não se dá conta da idiotice?

Anônimo disse...

"Há preconceitos? Claro que sim, afinal vivemos num país machista, mas muito menos do que já houve."

Você tem a ilusão de que o país é menos machista porque algumas mulheres tem cargo de liderança/atuam em áreas antigamente dominadas por homens.
O equívoco é que as mulheres estão lutando muito mais pra trabalhar nas áreas que as interessam, no lugar de trabalhar onde os homens acham que elas devem trabalhar.

Anônimo disse...

Ai, anônimo das 12:56, tô pensando que vc tomou bomba no vestibular e tá precisando diminuir a concorrência pra ver se consegue se dar bem. Sono.

Sara disse...

L.conheço cada dificuldade q vc enfrentou, pq tb sou mãe de uma engenheira, ela passou por todos eles, talves ela não seja melhor q ninguem, mas saiba q comparando com os os amigos q se formaram na mesma época, ela esta muito bem, sempre lutando é claro, mas é vitoriosa a sua carreira.
Portanto vá em frente solte-se de todas as amarras q o machismo nos impõe, é verdade q o caminho q vc esta trilhando não será tão fácil como seria para um homem com a sua capacidade, mas não desiste pq com persistência vc acaba provando sua competência.

Anônimo disse...

A maioria dos homens que eu vejo só reclama que a mulher é interesseira, sendo que a maioria das universidades hoje é ocupada mais por mulheres que por homens, eles pensam que a vida da mulher é pensar em fisgar um ricaço. Daí quando veem uma mulher se superando ainda mais se for bonita, já acha que tá com o chefe. Sem contar que mulher ainda vai ganhar menos pelos mesmos serviços que o homem.

analice disse...

Infelizmente é assim mesmo, graças a Deus faço um curso misto alias tem mais mulher que homem, Já fiquei uma vez em um ambiente onde a maioria era homens, e eles só falavam pornografia e besteira, eu saia da sala pra não ouvir tanta merda, o que derruba aquela ideia de que homem é melhor pra conviver que mulher, eles só são amigos deles mesmos. E com a maioria mulher era sempre fofoca e falavam mal de mulher inclusive de mim.

Anônimo disse...

Não vi nada de machismo. Pelo visto a falta de definição dessa palavra é útil para por no homem a culpa de qualquer fracasso.

Anônimo disse...

Eu sou de uma área que está mudando de perfil - ciências sociais.

Só tive professores homens, principalmente nas partes quantitativas, hard science, de ciência política. Especialistas em estatística? Todos homens. As mulheres ficavam na Antropologia ou na Sociologia. Principalmente na Antropologia, já que esse lance de subjetividade é coisa de mulher. Outra área que era "de mulher" era sociologia da educação e licenciatura em sociologia, já que né, professora de escola é tudo mulher.

Hoje, nós mulheres somos maioria nas salas de aula de ciência política, principalmente na pós graduação. E nós não temos medo de pegar na matemática e apresentar resultados quantitativos. Meu grupo de pesquisa era praticamente só mulheres, enquanto nossos chefes eram todos homens. E todas as meninas de lá (menos eu, que sou impostora) mandavam muito bem, dominavam o assunto e criavam coisas maravilhosas.

Acho que o perfil mudou, e eu nem sei o motivo. Ao mesmo tempo, tem MUITO homem pegando na subjetividade e estudando antropologia, sociologia da arte, e essas coisas. Também tem muito homem se interessando pela educação e indo fazer licenciatura ou pós em educação.

Anônimo disse...

Tá com medinho de perder emprego pras mulheres, bebê? Chato né? Já não bastava competir com uma metade da população e perder, agora vem a outra... Mas sendo imbecil assim, realmente, o desemprego é seu destino inevitável.

Anônimo disse...

Notem o "se infiltrar". Que eca essa pessoa.

Gle disse...

Anônimo 14:45

"Mas na hora de dizer "ain, mulheres não trabalham em mina de carvão", vocês sabem."
- Sugiro uma leitura:
http://www.cetem.gov.br/publicacao/CTs/CT2006-101-00.pdf

homem disse...

inacreditável! agora até a incompetência das mulheres é culpa dos homens kkkkkkk

Anônimo disse...

Não vi nada de machismo. Pelo visto a falta de definição dessa palavra é útil para por no homem a culpa de qualquer fracasso. (16:27)

Não vê machismo pq talvez a visão obtusa não lhe permita, mas estamos aqui para esclarecer...
É machismo qdo vc se forma da msm maneira que os alunos homens e ganha 30% menos,
É machismo alguém definir que vc não serve pra alguma coisa por ter nascido mulher,
É machismo qdo "brincadeiras e piadinhas de mal gosto" são feitas pra te atingir por causa do seu sexo,
É machismo definir uma vaga de emprego pelo sexo e não pela competência,

Quando precisamos de um espaço direcionado (como este blog) pra discutir um problema que acontece com as mulheres, SOMENTE (única e exclusivamente) pelo fato de serem mulheres sim o machismo esta intrínseco a nossa cultura...

Entendeu?!

lola aronovich disse...

"Incompetência das mulheres"... Qual parte do "termino o mestrado na área numa universidade nível 7 da CAPES" vc não entendeu, ô homem?

Anônimo disse...

homem disse...
inacreditável! agora até a incompetência das mulheres é culpa dos homens kkkkkkk


Incompetência ela cursar um mestrado e ter vencido na vida mesmo sendo bonita e mulher????
Incompetência ela ter se formado mesmo todos dizendo que mulheres não se dão bem com matérias exatas???

Incompetência é sua falta de compreensão, não de sentimento, mas ligada à interpretação de texto mesmo...

Anônimo disse...

Para os homens: "tirei nota baixa porque cálculo é difícil".

Solução: Estudar mais.

Para as mulheres: "tirou nota baixa porque o cérebro das mulheres não são bons para áreas exatas"

Solução: Morrer e nascer homem? Abandonar o curso?

Essa é a culpa do machismo. Te fazer achar que sua dificuldade é intransponível.

Anônimo disse...

Sou estudante de engenharia numa universidade pública e vou fazer um intercâmbio de duplo diploma na França, muito concorrido, só 10 pessoas por ano vão.
Meu CRA é 9,0 e já tive que ouvir de professor que "só boiola erra regra da mão direita", "pra vc entender a Lei de Ampère tem que deixar de pensar que nem mulher e pensar como homem", "laboratorio é lugar de homem", "industria é lugar de homem", que mulher é insegura, indecisa, que mulher fazer faculdade pública é um desperdicio de dinheiro publico, pq vamos todas engravidar e ficar em casa, e outros tipos de ofensas...
Sempre tive o perfil de tomar iniciativa pelas coisas então acabo ficando como a líder dos projetos (e com a maior parte da responsabilidade e do trabalho também) e a fama é sempre de mandona, barraqueira, machona e qualquer coisa pra tentar me constranger e fazer eu não me impor. E se eu começo a me destacar falando em apresentações, tirando dúvidas, é chacota pela voz fina, pela roupa larga demais, curta demais, apertada demais, masculina demais, maquiagem demais ou de menos....
Aí vem mais uma vez o machismo: eu sou uma boa aluna, não vou negar (eu não trabalho, posso me dedicar integralmente aos estudos, ainda não comecei a estagiar, enfim, tenho uma condição boa pra isso), então se eu sou boa aluna, tiro notas boas, é porque a minha engenharia nao é engenharia de verdade, engenharia de produção é administração, é economia, é curso de excel.... por isso que tem mais mulher....
Por incrivel que pareça, o professor de quem fui monitora em 2 materias, que usa o meu trabalho como exemplo até hoje, com quem participei de 2 projetos, e ele me deu nota maxima nos dois, Simplesmente não quis me escrever uma carta de recomendação para o intercambio porque era muito tempo, eu ia acabar tendo um namoradinho frances, ter um filhinho frances e nao querer voltar ao Brasil... "a faculdade ia perder uma aluna brilhante", ele disse, engraçado que homens não correm o risco de se interessar por um estrangeiro, por um pais, ter filhos e querer emigrar ne? sempre fico indignada quando penso nisso...

Desculpe o desabafo....

Infelizmente as coisas não mudaram não.

London a Lenda disse...

Engenharia é difícil mesmo

Julia disse...

Mas tornam mais difícil pra mulheres...

Anon 22:19, díficil aturar uma coisa dessas, viu? Mas ainda bem que você não precisou da ajuda desse TRASTE MACHISTA desse professor e vai fazer seu intercâmbio.

Eu não sei se eu teria estômago pra aturar uma coisa dessas se eu fizesse um curso com maioria de homens. Ainda bem que sempre tive vocação pra idiomas, pra área de humanas, que é maioria de mulheres.
Bem menos desagradável.

Nelia disse...

Meninas não desanimem, ergam a cabeça e tenha autoconfiança. Se esperarem feedback de homens estarão pedidas. Sou Eng. Civil, formada há 27 anos, trabalho com cálculo estrutural e nunca me vi desempregada. Nunca me senti diminuída por ser mulher, ou por qualquer outra característica. Como disse em um comentário de outro post, sou autossuficiente desde criança. Não procuro aprovação dos outros, então a opinião que tenham não me atinge. Na minha casa fomos criados para sermos o que queríamos ser, batalhar para sermos independentes, só não existia a opção de não estudar. Então, o machismo nunca me afetou. Existe machismo? Sim, mas nunca me impediu ou oprimiu. Não me casei e não tenho filhos pela opção da liberdade. E, antes que os fracassados venham dizer que sou mal amada, tenho um namorido a quem amo muito mas de quem sou totalmente independente econômica e emocionalmente.

Julia disse...

Uma feminista é tema do doodle do google hoje.

"Maria Gaetana Agnesi foi uma linguista, filósofa e matemática italiana. Agnesi é reconhecida como tendo escrito o primeiro livro que tratou, simultaneamente, do cálculo diferencial e integral."

"Quando tinha nove anos de idade compôs um discurso em latim para um encontro acadêmico. O tema era o direito das mulheres de receber educação."

Muito amor.

Achei que tinha a ver com o post.

Nelia disse...

O curso de Engenharia é difícil para todos. Uma moça aí afirmar que é mais difícil para mulheres é um absurdo desses, é estar de acordo com os machistas.
Meninas e homenzinhos: hoje se comemora o nascimento de Maria Gaetana Agnesi (16/05/1718) Sabem que é? Era , entre outras atribuições, uma matemática que ficou conhecida como tendo escrito o primeiro livro ainda existente que tratou, simultaneamente, do cálculo diferencial e integral, e por ter sido a primeira mulher nomeada como professora de matemática em uma universidade.
Vejam em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Gaetana_Agnesi

Unknown disse...

Eu sou Técnica e Tecnóloga em Mecânica Industrial. Concordo plenamente com a autora do post, é bem difícil manter a auto confiança quando você escuta todo dia este tipo de barbaridade. Quando me formei no técnico quase mudei de área porque todo mundo me dizia que eu não ia conseguir emprego, se conseguisse que ganharia pouco, estas coisas. Acontece q sou apaixonada pelo meu trabalho e sou muito boa nisso! Não acho que teria sucesso em uma área "mais feminina" com a qual não me identifico!
Na faculdade me lembro de uma situação específica, era prova final de uma matéria com índice de reprovação bem alto. O professor se orgulhava em dizer que ninguém nunca tinha tirado mais do que 8,0. Ele era super machista, vivia fazendo piadinhas idiotas na sala. Eu estudei muito e tirei 9,5, daí ele falou pros meninos que com certeza eu tinha conseguido a prova, que não tinha como eu ter tirado aquela nota só estudando. FDP!
Enfim, estou muito bem, muito obrigada! Adorei este post! Com certeza você será inspiração para meninas!

Izabela F. disse...

Hahahahaha... Incrível como uma mulher bonita e INTELIGENTE irrita alguns homens! Se fosse "feia" e inteligente até podia passar, mas ser bonita e se recusar a desempenhar um papel meramente decorativo ao lado de um homem é um ultraje!

Ana Carolina disse...

Nunca vou me esquecer da minha cunhada, formada em engenharia civil em universidade federal, dizendo uma coisa comum que acontecia com ela, o seguinte diálogo:
- Ah, você está formando, no quê?
- Em engenharia, na federal.
- Ah, em arquitetura na PUC?
- ...
Porque para a visão de mundo de algumas pessoas, é impossível uma mulher se interessar por engenharia.

Aliás, sempre fui uma ótima aluna em matemática, cogitava fazer engenharia mecânica, mas aí descobri que gostava mais das humanas, fazer o quê (e falo isso também pelo terrível "tá nas humanas pq não curte matemática". Adoro, amo, tanto que isso me favorece horrores profissionalmente, e fiz humanas não por incapacidade matemática, mas porque EU ESCOLHI. Poderia ser uma excelente engenheira, física, etc, se quisesse, mas preferi minha área).

E sobre o impostor, não sabia que esse comportamento tinha nome, já fui assim, ainda tenho de lutar muito comigo mesma para não cair na tentação de ser, sei bem o que é.

Talita disse...

Vi o doodle de hj: http://migre.me/jd17i e lembrei desse post na hora!

E parando agora pra pensar... sempre que leio sobre esse assunto vejo que colocam as exatas como o grande exemplo de preconceito de gênero, como se nas humanas fosse diferente, mas apesar de termos (estudei Letras) as salas cheias de meninas só lemos o que os teóricOs escreveram... se fizesse uma lista das leituras que fiz acho que nem 40% dos textos foram escritos por mulheres... A lista de livros pro mestrado agora (6 livros numa prova pra Comunicação Social) é dominada pelos escritorEs.

Anônimo disse...

Sou engenheira civil há 18 anos. Não fui a única mulher da turma tanto ao nível da graduação quanto na evolução da minha cadeira acadêmica e dos meus afazeres profissionais (tenho muitas colegas engenheiras) e muito embora não tenha escapado ilesa a um comentário aqui e ali, se eu disser que fui "vítima de preconceito" estaria mentindo. Ser mulher nunca afetou a minha carreira. Mesmo no tempo em que ainda era uma "peoa" bem qualificada não me recordo de alguma situação em que fui obrigada a me fazer respeitada; o respeito sempre veio naturalmente. Curiosamente, minha sobrinha está nos primeiros anos de graduação de engenharia também e dela ouço uma série de coisas bárbaras reportando discriminação por ser mulher. Será que a juventude está retrocedendo nesses assuntos?

Anônimo disse...

Quero deixar um pouco de otimismo aqui.
Sou estudante de engenharia de controle e automação numa universidade pública e nunca me senti tratada diferente por ser mulher, nem mesmo ouvi piadinhas ou sofri trotes machistas (talvez porque o campus é pequeno, tem professores mais jovens, não sei). Enfim, tenho poucas professoras, mas todas são reconhecidamente competentes em suas áreas (física, computação, microeletrônica, inteligência artificial). É uma pena que a média de mulheres por turma aqui ainda esteja em torno de 5%, mas realmente sinto que temos dificuldades parecidas e há cooperação mútua, sem subestimar ninguém.

Anônimo disse...

hum.. então vamos lá.. faço curso de psicologia e na minha turma tem quase 50 alunos, 3 deles são homens (inclusive eu), o resto são todas mulheres (obvio). Preconceito e esteriótipo é o que não falta, principalmente por parte das mulheres contra a gente. Inclusive com afirmações que "homens não tem sensibilidade para esse tipo de profissão"...

Cursos, como pedagogia e serviço social não tem nenhum homem na turma, mas não existe nenhuma turma formada somente por homens.

Mais de 70% das vagas da universidade são ocupadas por mulheres, inclusive de coordenações e cargos importantes.Cursos como medicina e direito, as mulheres já são a maioria, e engenharia estão quase na metade,fora que no setor de informatica também tem bastante atualmente.Os homens estão ficando em menor em praticamente todos os cursos, evidentemente.

O ensino superior é praticamente tomado por mulheres, atualmente, não só em números como em assuntos discutidos ( violência contra a mulher, saúde da mulher) fora milhões de projetos que saem diariamente como "terapias para mães"... e centenas de politicas publicas direcionadas para o publico feminino (98%) eu diria.

Não quero ser chato, e reconheço a importância disso, mas quando leio discursos da mulher negligenciada no ensino superior e vejo essa realidade diariamente, fica nítido que existe uma certa exarberação de ideologia feminista oculta nos discursos, e muitas mulheres acabam usando essa ideologia para esconder problemas pessoais e singulares da sua vida pessoal.

Valeu