quarta-feira, 16 de maio de 2012

GUEST POST: MEU PAI, MEU MONSTRO

A M. me mandou a sua história, que é a história de muitas crianças que sofrem violência dos pais. Sou totalmente contra palmadinhas "pedagógicas" ou "educativas", chamem como quiser. 
Pessoas que estudam comportamento infantil sabem muito bem que educar com violência só gera mais violência. E que educar pela via do medo é o pior caminho. Mas, se dar palmadinhas inofensivas é uma forma tão maravilhosa de se educar uma criança, por que deixar que apenas os pais tenham esse privilégio? Vamos deixar @ professor@ na escola bater nos alunos também! Pô, vamos liberar para que estranh@s na rua deem tapinhas nas crianças! Afinal, faz bem, é assim que se ensina, né? Ah, mas não pode ser um tapa forte, só um tapinha, e dado com amor! Sei. 
Já tratei deste assunto diversas vezes no blog, e praticamente todos os pais e mães que comentaram foram unânimes em dizer que, nas vezes em que bateram nos filhos, foi por descontrole. Descontrole, pra mim, parece ser o oposto de amor e educação. A maioria das pessoas que deixaram comentários em posts passados da violência que sofreram alegam que isso prejudicou muito o relacionamento com os pais. Então, por que insistimos numa prática covarde? Bater em criança também é violência doméstica. E tod@s nós podemos denunciar.
Muita gente sabia da violência que M. e as outras mulheres da sua família sofriam. E ninguém fez nada.


Demorou muito tempo para eu ter coragem de compartilhar a minha história. Sou uma moça de classe média, sempre estudei em colégio particular, faço uma boa faculdade hoje. Sou filha de pais com ensino superior mas nem por isso escapei de um drama que atinge milhares de mulheres no mundo, não importando a condição social: a violência doméstica.
Quando eu era pequena apanhava do meu pai pelas simples travessuras de uma criança, tanto eu como a minha irmã sete anos mais velha. Minha mãe também apanhava nas discussões com meu pai, e ela culpava o temperamento explosivo dele, mas de certo modo era conivente com esse comportamento agressivo. Ela usava desta arma para exigir obediência da gente. 
Muitos assumem que é normal uma criança apanhar quando pequena para assim ser melhor educada. Dizem que eles mesmos apanharam quando pequenos e hoje são pessoas normais. Mas as pessoas deveriam tentar ver com olhos de criança. É terrível para uma criança ver o seu pai, uma figura que era pra te proteger, bater em você, na sua irmã e na sua mãe, e, em meio a sua revolta, ver que os outros acham tudo normal. 
Eu nunca consegui compreender o porquê de suportar esta situação, e desde criança tramava sair de casa e viver a minha vida longe daquela violência. Os anos se passaram, eu e minha irmã deixamos de ser crianças, mas nem por isso as agressões pararam. Certa vez eu tinha uns 13 anos e tomei uma surra homérica, daquelas que você tem que inventar desculpas na escola depois pra explicar os roxos. O motivo só fui saber depois da surra: "Você andou entrando em sala de bate papo no computador". Quando eu disse que não entrei, ele respondeu: "Ah, então desculpa, isso vale para você não entrar". No fim descobri que tinha sido um amigo dos meus pais que tinha usado o computador e entrado na página. 
Com o passar dos anos me tornei uma jovem estudiosa obcecada em tirar notas altas com o medo de uma nota baixa desencadear mais uma surra (meu pai era muito exigente na educação; lembro de ter apanhado certa vez por ter dificuldades em matemática). Mas também me isolava do convívio social desde nova, tinha problemas em interagir socialmente, e ser uma nerd não ajudou minha vida social. Eu sofria bullying e muitas vezes recorri à violência para me defender na escola. Eu era uma aluna de excelentes notas, mas sem amigos e com problemas de conduta. 
Aos 17 anos consegui a minha deixa para sair de casa: passei numa universidade em outra cidade e fui morar fora. Minha irmã, porém, continuou em casa e aos 25 anos, já formada, recebia toda a violência do meu pai. Ela apanhava por ter ido a um bar em dia de semana, ou por esquecer de trancar a porta de casa. A situação foi extrema, até que um dia ela fugiu de casa. Não levou nada além da roupa do corpo. Ela se libertou da violência e fez o que nenhuma de nós tivemos coragem de fazer: denunciou meu pai na Delegacia da Mulher. 
Minha mãe, por incrível que pareça, ficou do lado dele, pois a ação dele na mente dela estava correta. Ainda tive que ouvir que era um absurdo a denúncia porque agora todo mundo estava sabendo. O que minha mae tanto queria proteger era a imagem de família normal, mas nunca foi possível preservar esta imagem: os vizinhos ouviam os gritos enquanto apanhávamos, e as pessoas mais próximas viam os roxos e as marcas. Dessas pessoas não escondíamos a verdade; todas sabiam, só nada faziam.
Para evitar um escândalo, minha mãe obrigou minha irmã a retirar a denúncia. Não sei se foi a denúncia em si ou o fato de minha irmã sair de casa, só sei que após esta data meu pai parou de bater em mim ou na minha mãe. Diz ele que aprendeu a se controlar, mas pra mim aprendeu tarde demais. Não consigo confiar nele como pai e temo que em algum momento ele ainda vai voltar a explodir e descontar em mim novamente.
Estou contando esta história pois sei que existem muitas outras pessoas como eu e minha irmã que sofrem caladas a violência de um pai e ficam de mãos atadas, com medo de lutar contra isso. Os traumas causados pela violência são muito maiores que as marcas roxas no corpo. Eu sei pois hoje faço tratamento psiquiátrico e psicológico e ainda não consigo perdoar meu pai pelo que fez. Ainda assim, mesmo sabendo que não tenho culpa, tenho vergonha de assumir que sofri violência. Tenho medo dos olhares e das conversas, como se a sociedade me culpasse por ter apanhado. Quantas que já sofreram algum tipo de violência não sofrem o mesmo julgamento?

307 comentários:

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Bruno disse...

Carolina,
Concordo com você, o importante é o diálogo, que a criança se sinta livre para falar abertamente com os pais sobre qualquer assunto e que no momento da punição, seja ela física ou não, a criança saiba perfeitamente o motivo daquela medida.
Note que a minha argumentação é no sentido não de convercer outros pais a usar de castigos físicos, mas apontar que quando eles são acompanhados deste diálogo, são reprimendas leves e fazem parte de uma educação planejada, jamais servindo-se como pretexto para que os pais descontem nervosismos e frustrações nas crianças em momentos de descontrole, não há que se por toda esta pecha de monstruosidade sobre este método disciplinar.
Repito, o importante é que haja amor e que esta educação dos filhos seja dele um reflexo.

Denise disse...

Eu respeito sua opinião. Mas eu não dou valor a shows de televisão, nem os considero referência.
Alguém usou o show da Supernanny como exemplo de como educar crianças. Eu não acho que show de televisão seja referência disso.
Da mesma forma que você viu métodos que empregam palmadas darem errado, eu vi métodos só de papo também darem errado.
O problema disso tudo é que querem que as crianças sejam todas iguais, com reaçoes iguais. E isso não existe. Então, enquanto pais, temos que procurar o melhor. E seu melhor é nunca usar palmadas. O meu melhor é me adequar ao que a situação pede. Acho as duas posturas válidas. A sua pode dar errado, mas a minha também. A sua pode dar certo, mas a minha também. O interessante nessa discussao toda, é que eu nunca dei uma palmada na minha filha... :)

Nina Levy disse...

Denise,

Eu não acho que a discussão seja sobre se todo mundo que apanhou tenha um trauma. A discussão é se é válido ou não os pais adotarem castigos físicos para disciplinarem seus filhos. Se isso é um método razoável de educação. Se há justificativa para um pai bater no seu filho para educá-lo. E nisso eu não tenho como rever minha opinião, porque ela é fruto de estudo, tem base científica.

Deixa eu te fazer umas perguntas:

Você lembra quando foi a primeira vez que vc apanhou dos seus pais? Sabe que idade tinha, aproximadamente?
Você se lembra dos motivos pelos quais eles te batiam?
Vc alguma vez já fez análise?

E mais algumas perguntas:

Por que vc acha válido um pai bater no filho?
Em que momentos vc acredita que bater seja solução?
Você acha que tapa educa?
Você acredita que a criança aprende enquanto apanha?
Você aceitaria que um professor batesse na sua filha para educá-la?
O que vc acharia de voltar a palmatória nas escolas?
Entre deixar a sua filha sem assistir televisão por 24 horas ou dar duas chineladas nela, qual castigo vc acha melhor?

Bom, eu sei que vc não tem lá muito apreço por psicologia, mas psicologia é ciência. E vc não vai encontrar um psicólogo que esteja atualizado defendendo castigos físicos. Não porque sejamos uns chatos que não estão abertos a opinião dos outros, mas porque estudamos a fundo o assunto e sabemos o quanto o castigo físico é maléfico no desenvolvimento da criança. E não, não há exceção, é sempre ruim.

Eu te peço, e não é uma agressão minha te pedir, para que pense bastante sobre isso, converse com psicólogos que vc confie.

O mundo está em constante evolução, a ciência está todos os dias descobrindo coisas novas, desmontando modelos, estudando, investigando... Não se prenda a modelos antigos.

Denise disse...

Nina,

Eu não posso seguir sua sugestão quando você é completamente fechada a minha sugestão. Difícil, não acha?
E sim, já fiz análise, provavelmente por mais tempo que você estudou psicologia. E já encontrei psicólogos que não partilham da sua opinião tão rígida. Em nenhum momento as palmadas que eu recebi foram assunto de trauma. Eu não lembro a idade que tinha na primeira palmada, mas tenho certeza que minha mãe lembra. Foi traumático para ela, aposto. Lembro de algumas durante a infância, e as acho merecido. Lembro também dos castigos e acho que foram merecidos. Sempre foram seguidos de diálogo. Lembro de alguns papos, uns que fingi dar atenção e outros que dei atenção. Palmatória nas escolas é complicado, não tenho opinião. Mas me preocupa que os pais hoje em dia acham que não precisam educar seus filhos e que é obrigação da escola educar. Minha filha não assiste televisão por princípio. Não vejo nada na televisão que seja bom, então controlo enquanto posso. Mas eu preferia ter as duas palmadas do que perder o acesso a qualquer coisa que eu gostasse. Inclusive pedi para meu pai trocar o castigo de televisão para as palmadas. Ele não trocou e eu fiquei com raiva dele na hora e resisti ao castigo. Isso foi mais traumático para mim que as duas palmadas teriam sido.
Eu não tenho apreço por psicologia que não leva em conta as nuances e diferenças entre os indíviduos. Ou que quer culpar uma só atitude pelos problemas das pessoas, ou que quer rotular as pessoas, ou que diga que tenta achar traumas e problemas onde nãp existem.
E eu desafio a você provar que é sempre ruim. Sempre, 100% das vezes.
E como o mundo está em constante evolução e o que se pensava 30, 50, 70 anos atrás nem sempre é verdade (haja vista Freud), também o que se pensa hoje pode evoluir e não ser também verdade. Não ache que a sua posição é infalível. Vá por mim, não é. Eu te peço, tenha a mente um pouco aberta para situações fora do seu conhecimento. Não se prenda a modelos estáticos e fechados. O ser humano não é assim.

Nina Levy disse...

Denise,

Psicologia não está fora do meu conhecimento. Ao contrário. E não adianta mesmo vc tentar me convencer de que bater é bom em alguns casos, porque ciência não é achismo. Bater é SEMPRE ruim. É sempre a pior opção. Ou mehor, bater sequer é opção. Bater é sempre errado. Não existem "nuances" que englobem agressão física e verbal como disciplina.
E eu realmente sinto muito por você, porque tenho convicção que vc tem sim marcas das violências sofridas. E fico triste por você não estar se tratando para conseguir romper esse ciclo.
Você quer tanto acreditar que seus pais não erraram que se recusa a aceitar o que a ciência comprova.
Só me resta torcer para que você de verdade converse com psicólogos em que confie que estejam atualizados e algum dia desperte.
Porque se tem algo que não ocorrerá é vc convencer a alguém que estude que o mundo é quadrado só porque vc acha assim.

Denise disse...

Nina,

Eu acho que é você que acha o mundo quadrado. Eu não acho. Acho que existe n possibilidades, especialmente na mente humana.
Não precisa sentir por mim, pode ficar tranquila. No que se refere aos meus pais, eu estou muito bem. Tive ótimos pais. E já passei da idade de ser influenciada a achar problemas onde não existem. Aliás, tome muito cuidado com isso. Muita gente é influenciável, especialmente as pessoas mais novas. Não é uma coisa boa influenciar as pessoas a acharem problemas onde não existem só para confirmar sua opinião. Espero que você não faça isso. De qualquer maneira, obrigada por me alertar que podem existir psicólogos assim.
Mais uma sugestão. Cuidado com a sua atitude condescendente e com o seu tom arrogante de ter total conhecimento. Isso não existe. Mas é só uma sugestão.

Anônimo disse...

Lembrei de uma história interessante sobre castigo,
Minha mae nunca fui muito de castigar, mas de educar, ensinar,explicar por que.
Aos oito anos,fiz minha festa de aniversario e levei convite pra todos da classe.um menino da sala, que sofria bullying, mas que nunca tinha me feito nada- ate Pq nunca pratiquei bullying com ninguém- enfim, as meninas' populares' da classe vieram me falar' nao convida o fulano nao, ele e chato etc' e eu fui na onda delas.
Só que minha mae ficou sabendo que eu exclui o coleguinha da festa,ficou p. da vida, mas nao me bateu.em vez disso, ela me explicou que era errado excluir o coleguinha da minha festa,etc, que nao era certo fazer isso com o garoto,e sabe o que ela fez?? Me fez levar o convite e entregar pra ele, na frente dela e da mae dele, e pedir desculpas, dizendo que eu havia ' esquecido' de dar o convite pra ele.fiz isso morrendo de vergonha, na frente da mae dele e encarando o olhar da minha mae,
Depois dessa, NUNCA MAIS discriminei nenhum colega de escola, nem deixei de convidar pra aniversario, etc.
Acho que esse e o caminho certo, conversa, dialogo e educação. E ensinar a criança a pedir desculpas quando necessário,.
Bjs.

Nina Levy disse...

Denise,

Eu preciso dormir e acho inacreditável que alguém se recuse a aceitar que palmada é maléfico. Que nada no mundo justifica bater.

A palmada deixa cicatrizes como baixa auto-estima, agressividade, medo, insegurança e sensação de impotência. A criança experimenta, e você experimentou: dor, humilhação, tristeza, angústia, ódio, raiva e vergonha.

TODA A PALMADA (TAPA) É UM ATO VIOLENTO. ISSO É FATO.

Isso de bater de leve ou não é ilusão, o que importa é a forma como a palmada é percebida pela criança.

Eu não estou falando que seus pais eram monstros, eu acredito que quando eles te batiam eles não queriam simplesmente te humilhar.
Acho que eles davam palmadas em você com a melhor das intenções, achavam que isso te educava. Só que eles não sabiam, não tinham sido apresentados as outras formas de educar.

HÁ OUTRAS FORMAS DE EDUCAR. FORMAS MUITO MAIS EFICIENTES. EDUCAR PELA VIOLÊNCIA É SEMPRE UM ERRO.

Sabe isso que vc falou que preferia a palmada ao castigo? Isso só mostra como palmada NÃO EDUCA.

Aliás, palmada pode provocar o efeito inverso: fazer com que a criança perca o respeito pelos pais.
Principalmente essa palmadinha que não dói. Essa que vcs tanto defendem. A criança sente-se castigada mas não chega a ter medo da punição, o que equivale a um passe livre para transgredir.
A palmada pode iniciar uma espiral de violência que leva os pais às surras e aos espancamentos. Porque quando a palmadinha já não surte efeito, a dose da agressão aumenta para tentar obter o efeito desejado. A conseqüência é o medo que estimula a criança a mentir. Isso mesmo, crianças que levam palmadas sentem medo. E mentem para evitar o castigo. Mentira que por sua vez leva a novos espancamentos, e a violência só aumenta.

Isso não é educar.

Mas se vc acha que algumas crianças merecem apanhar e acredita que isso faz parte das nuances de cada indivíduo, só posso te desejar boa sorte. E um tratamento, se possível.

Denise disse...

Nina,

leia o que eu estou dizendo. Eu não experimentei o que você diz. Não experimentei! Céus! Difícil.
Não julgue pessoas que você não conhece, cara! Meus pais tinham sim outras de educar. Foi um mistura dependendo da situação.
Deixe de achar que tudo é preto no branco.
Se você tem tem essa visão limitada mas ela te faz feliz, então se joga. Mas não queira que eu me jogue junto.

Natasha Strungis disse...

Isso é uma verdadeira afronta ao respeito com o outro ser humano e ainda por cima com o genêro feminino, que nesse caso, é tido como o fraco e vitimizado. Claro que esse ponto de vista não poderia ser visto como correto, pois as mulheres devem se juntar e lutar contra a violência doméstica, mas o pior de tudo, é que talvez por medo, ou mesmo por conivência, nós acabamos deixamos isso de lado e não fazendo nada. Quando era mais nova, entrei em uma briga com a minha mãe e trocamos alguns tapas, um tio entrou na briga e me bateu tanto, enquanto minha mãe e minha outra tia apenas ficavam olhando, isso me marcou pra sempre. Acho um absurdo o jeito que temos que enfrentar violências dessa maneira, e não apenas a doméstica, que infelizmente é uma das piores, mais violentas e consequentemente, veladas. E não podendo nem contar com as nossas próprias companheiras de luta para a defesa dos direitos das mulheres. Isso necessita de uma mudança e URGENTE!

Nina Levy disse...

Denise,

Você disse que seus pais eram adeptos dos castigos físicos. E eu te garanto que se você levou palmadas dos seus pais você sentiu, sim, medo, vergonha, humilhação, raiva. No mínimo isso. Independente da quantidade de palmadas e da intensidade delas.
Você até pode, talvez, não ter sequelas, porque as sequelas são conseqüência de aspectos como o equilíbrio do ambiente familiar, a freqüência com que a criança apanha e a sua personalidade. Mas cicatrizes você tem. Talvez não sejam muito grandes, talvez não te incomodem, mas elas estão aí.

Não estou te jogando. Estou apenas te explicando como as palmadas funcionam no desenvolvimento/educação de uma criança. Isso é ciência. E, por acaso, você foi vítima desse modelo equivocado de disciplina. Mas o defende (já não por acaso).

Vinicius disse...

Eu não reclamo tanto de ter apanhado dos meus pais quando criança, embora isso tenha acontecido, não acho que me fez tão mal quanto todas repreensões e o autoritarismo que sofri durante toda a minha infância e adolescência.

Meu pai sempre foi do tipo que baixa a regra e não quer saber sobre como irá se relacionar com a regra. Simplesmente tem que seguir, caso contrário sanções inimagináveis acontecerão. Sempre foi extremamente autoritário e completamente insensível em relação à tudo que acontecia na minha vida. A resposta dele para tudo que acontecia era "Isso não é problema, vc não precisa pagar contas. Quem tem problema é quem tem que pagar contas".

Todas as discussões só serviam para ele reafirmar seu poder sobre mim. Não havia outra opção a não ser abaixar a cabeça a ele e caso eu não fizesse, ele partia pra ignorância. Usava a autoridade para "acabar com a conversa". O ponto final sempre foi dele e ele sempre teve a razão em tudo.

Eu, sinceramente, o culpo por não conseguir me relacionar com as pessoas, por naõ conseguir me fixar em um emprego e ter sérios problemas com autoridade. Hoje eu faço terapia, sou diagnosticado com síndrome persecutória, e o ponto em que cheguei com meu terapeuta é completamente relacionado ao meu relacionamento com meu pai e à minha falta de relacionamento com a minha mãe.

Nunca me relacionei com minha mãe por sempre me identificar com meu pai, querer agradá-lo, receber sua aprovação. Afinal, eu deveria ser ele no futuro e ele sempre desvalorizou o trabalho da minha mãe. Para ele, minha mãe deveria ser a rainha do lar, simplesmente por ser mulher e até hoje ele defende este ponto de vista (em relação à MINHA mãe, pra ele, ela é uma grande preguiçosa, que a culpa de tudo que acontece é dela.

Sinto dizer que tinha uma certa ponta de desprezo pelo papel da minha mãe e supervalorização pelo papel do meu pai, sempre quis me aproximar dele e ser como ele era. Digo, demorou até eu conseguir pensar pela minha cabeça e demorou pra eu ver o que estava acontecendo... Foi necessário que muitas decepções recaíssem sobre mim. Talvez, sem essas decepções, hoje eu teria me tornado um grande machista neoconservador.

Lembro de, num dado momento da minha adolescência, eu estava muito mal, muito mal mesmo, naõ conseguia sair da cama de tristeza, eu realmente não estava numa fase boa da minha vida, tudo de ruim acontecia no ambiente escolar, então, ao me ver deitado na cama, ao invés de me acolher ele me deu um sermão sobre como a minha vida era fácil e sobre como eu estava numa "zona de conforto", e que ele iria me jogar para a realidade, pra eu sair desse conforto. Parece confortável naõ conseguir sair da cama de tristeza, de falta de qualquer vontade de conviver com as outras pessoas?

Nina Levy disse...

Nossa, Vinícius, que triste. O seu pai provavelmente repetia o modelo no qual ele foi criado.
Mas olha o que você conseguiu fazer. Você conseguiu romper com isso. E romper com modelos, com ciclos, é tão difícil. Você ter despertado e lutado contra o que acontecia já te faz vitorioso.

Denise disse...

Tá bom Nina,

whatever you say.

Cansei.

Pode me rotular do jeito que você quiser.

Lina S. disse...

"Quase" a história da minha vida. Mas não cheguei a morar fora. Só agora nos meus quase 3.0 é que finalmente terminei a faculdade. Não conseguia emprego para custear. Os poucos que consegui, perdi de certa forma por causa do meu pai.

Quando estava desempregada, era "piranha, desocupada", mas quando arrumava emprego, ele fazia escândalo e não deixava ninguém dormir, escondia as chaves da casa, sumia com o dinheiro da passagem, coisas do tipo. E depois dizia "você não precisa trabalhar, papai te banca". Nunca mais deixei endereço ou telefone de trabalho com ninguém, nem deixei minhas bolsas a vista e passei a ter várias cópias das chaves.

Sempre estudei em escola pública, entrei na faculdade, também pública, e quase perdi a vaga por não ter dinheiro pra passagem. Tranquei várias vezes. Meu pai não me passava os recados sobre as entrevistas. Com minhas irmãs a coisa foi no mesmo nível. Consegui um celular e felizmente um emprego.

Minha infância também foi horrível. Eu e minhas irmãs apanhávamos por qualquer coisa. E como todos bem sabem, mesmo com os roxos "ninguém vê nada, ninguém sabe de nada". Todos viam as marcas, vizinhos, amigos, professores, mas ninguém se metia.

Minha mãe sempre foi um doce, mas tinha medo. Foi criada em família religiosa, pai alcoólatra, mãe omissa... já viram né. Acreditem ou não, éramos nós, as filhas, que desde pequenas tentávamos convencê-la que isso estava errado, que nenhuma outra criança que conhecíamos passava por isso. Demorou pra ela entender, mas isso aconteceu e finalmente deixamos de apanhar.

Lembro que foi mais ou menos assim: um dia, papai "brincando" com minha mãe ("brincadeira" de ameaçar dar tapa no rosto, e até então ele nunca tinha nem ameaçado bater nela) até que eu e minhas irmãs decidimos ajudá-la (imaginem 3 meninas entre 3 e 7 anos tentando "imobilizar" alguém). Minha mãe ficou espantada. Deve ter tido alguma epifania naquele momento, pois desde então nunca mais deixou que meu pai sequer ameaçasse bater em nós. Meu pai por outro lado, deve ter percebido que nenhuma de suas filhas aceitava o que ele fazia, e que poderíamos reagir.

Então ele não batia mais. Mas gostava de humilhar, de fazer escândalo em casa, de quebrar objetos, dos boicotes. Mas na rua... ah! todos "querem ter um pai como ele", só faz elogiar a todos nós, falar das nossas conquistas, dá dicas de "como criar seus filhos", e sempre no barzinho tomando sua cerveja...

Nós percebemos que ele gosta das atenções, de ser o "rei", essas coisas de mascus... e se por acaso ele começa a levantar a voz, nós ficamos "surdas" até que ele perceba que está sendo ignorado e volte a falar como gente. E se ele tenta se exibir na rua, cortamos as asinhas. A coisa mudou um pouco, está menos pior.

Às vezes acho que ele nem deve compreender direito o que fez e faz, na cabeça dele deve ser algo "normal". Às vezes parece que pra ele, xingamentos e humilhações sejam formas de "educar" (controlar?). Já em outras (muitas) vezes quando ele fica|va agressivo, parecia estar também reagindo por se sentir diminuído, já que a esposa e as filhas foram além dele. Só é triste que ele prefira ficar espumando do que conversar, ou procurar ajuda profissional pra se resolver.

Mas apesar disso tudo, tem o lado bom da coisa. Se quando crianças já não gostávamos de sermos maltratadas, depois de adultas não seria diferente. Minha mãe passou a viver, também entrou pra faculdade, viajou de férias, coisas antes impensáveis pra ela. Hoje ela é uma mulher decidida, firme em suas escolhas. Bem ou mal tudo isso nos deixou "casca grossa", não baixamos a cabeça pra ninguém, não admitimos nunca que queiram nos mudar e mandar em nossas vidas. E isso faz MUITA diferença, principalmente quando se é mulher.
(Infelizmente ainda moramos na mesma casa por falta de opção, mas isso já está sendo resolvido. Finalmente! :) )

Desculpe-me o tamanho do comentário, acho que me empolguei rs.

Anônimo disse...

Olha isso de bater pensado, como castigo é de um sadismo frio!!!
Pode ser o único jeito que uma pessoa conhece, um jeito afirmado culturalmente, mas continua sendo errado. E ainda por cima autoriza gente louca a espancar o filho por fica a violência fica normatizada.

André disse...

Nina Levy,

Creio que não seja muito ético um psicólogo fazer diagnóstico via comentário em um blog, ainda mais oferecendo soluções tão conclusivas. A Denise cansou de repetir que não está mal, que não concorda com seu diagnóstico, que não estava interessada no tratamento.
Eu também levei minhas chineladas, mas não foi só isso que meus pais me deram. Se fosse só desse 0,001% de minha vida que eu me lembrasse, então eu teria problemas.

Anônimo disse...

Lola e pessoas do blog (comment sem nada a ver com o post): vocês sabiam que o mister brasil do ano passado ganhou como prêmio uma bolsa de ESTUDOS no valor de R$100mil?

Anônimo disse...

Fui criada em uma boa casa. Meus pais são afetuosos e responsáveis, e me criaram com muito amor. No entanto, agora posso ver, eles não são nem foram perfeitos. E os castigos que recebia de pequena provam isso.

Eu era uma criança quietinha e obediente. Antes dos 6 anos não me lembro de nunca fazer uma travessura mais grave, nem mesmo de responder à minha mãe - mas me lembro muito bem de viver com medo. Medo de apanhar, de que me gritassem. Minha mãe era uma pessoa muito descontrolada naquela época, e teve seus motivos; não a culpo. O problema é que eu também não tinha culpa. E resulta que, 20 anos depois, eu não sou capaz de lembrar de nenhum momento afetuoso seu antes dos meus 6 anos - aliás, só lembro de um: quando, aos 4 anos, meus pais me deixaram ficar em casa em vez de ir ao jardim-de-infância, vendo Pinóquio, e tomar sorvete em vez de almoçar. E lembro claramente do momento em que perguntei: "Por que você estão sendo tão bonzinhos comigo?"

Claro, isso não significa que ela era um monstro que me espancava. Eu era pequena, não me lembro de muitas coisas. Só que as coisas que me marcaram foram essas. O mesmo vale para o meu pai: ele me gritava menos, mas eu tinha pavor de que ele me batesse. Se ele levantava um pouco a voz eu me paralisava.

E me lembro dos episódios: o mais traumático foi quando eu liguei pra minha mãe, no trabalho, pedindo pra ver um programa que eu gostava antes de fazer os deveres de casa. Ela aquiesceu, e fui toda feliz ver o programa no quarto deles. Quando meu pai chegou em casa, perguntou se eu tinha feito o dever. Eu disse que não, e ele me mandou baixar as calças antes que eu pudesse explicar, já em prantos, que mamãe tinha deixado.

Foi horrível, foi humilhante, foi devastador. Amo meu pai e ele se arrepende muitíssimo não só desse episódio, mas de todos em que me bateu. Minha mãe até hoje tem o coração partido por ter sido tão despreparada ao cuidar de mim, a ponto de todo seu amor nos meus primeiros anos ser varridos pelas lembranças ruins, de medo. Porque eu tinha medo de tudo: de pedir, de protestar, de reclamar, mesmo que tivesse razão.

É uma pena, porque até hoje sinto esse medo em mim. É uma coisa intrínseca, terrível, porque esmaga o peito. Meus pais cresceram também; mas mesmo assim vivo com medo de desapontá-los, de fazer algo errado; estou sempre olhando pra trás. Sou uma pessoa insegura e, apesar de esse não ser o único motivo para tanto (minha irmã também apanhou mas NUNCA se calou, o que tornava a palmada absolutamente nula para evitar um mau comportamento ante sua teimosia e autoconfiança, que são de seu próprio caráter), identifico como uma das coisas que mais me traumatizaram para ser como sou hoje.

Pouco a pouco vou melhorando. Amo meus pais, mas agora estou começando a ser bastante mais independente deles - algo necessario para me tornar adulta e, no meu caso, deixar o medo pra trás. Não tenho mais medo de discordar. Mas levei quase 20 anos pra de verdade tomar confiança pra discutir valores com minha mãe. Por medo de que ela fosse explodir - ou usar sua nova forma de explosão, as alfinetadas.

Não posso afirmar que nunca vá bater nos meus filhos. Entrando na idade adulta, percebo cada vez mais de que nunca deixei de ser eu mesma, apesar de ter aprendido e mudado. E não é por ter filhos que você vai de repente crescer e ter paciência, cuidado, atenção, cordura e tudo que é desejado pra criar um filho saudável e feliz. Não acho que ninguém nunca estará preparado para ter filhos, porque um ser humano independente pode ser QUALQUER COISA - você não pode, e muito menos deve, controlar. Isso deve dar uma sensação de poder e frustração impressionantes. Como se relacionar com uma pessoa para quem você é Deus?


(continua)

Anônimo disse...

(cont)

E vejo isso com meus pais. São boas pessoas, mas eram muito jovens e estavam sozinhos ,sem o apoio da família. Tinham histórias de vida realmente dolorosas, e eu era a marca da nova família que haviam formado. Tinham medo. Não eram (nem são) perfeitos, e levaram sua imperfeição à minha criação e à de minha irmã (que foi melhor, porque notaram a ratinha arisca que eu havia virado). Eles achavam realmente que faziam o melhor. Eles não sabiam que me fariam mal. E quando me lembro de uma ocasião em que meu pai me bateu e me mandou pra cama sem jantar, e depois se meteu na cama comigo pra pedir perdão e eu não olhei na sua cara - estava magoada, estava triste, chorando, foi uma injustiça - e ele simplesmente se magoou COMIGO e saiu reclamando que "ah, você não quer? Então tchau!", eu vejo que as pessoas continuam com maus hábitos infantis mesmo depois de crescer. Freud tinha razão nesse ponto. Meu pai foi infantil e me deixou mais magoada ainda. Minha mãe foi infantil também uma infinidade de vezes. Mas assim são os adultos: seres passíveis de erro.

Assim que, resumindo tudo, eu posso dizer, da minha experiência pessoal, que palmada e gritos não adiantam. Porque eu obedecia, mas me tornei um ser humano medroso e fechado. (até hoje minha mãe se queixa de que "é muito difícil saber o que se passa no seu coração." Como dizer, se tenho medo da sua reação?) Com minha irmã oi uma experiência falida: se levantavam a mão ou a voz pra ela, ela simplesmente desobedecia, porque a violência era uma afronta. Para nós duas, as vezes que entranhamos lições foi quando meus pais tiveram paciência pra sentar com a gente e dizer em que erramos. Infelizmente, nos davam castigos (não-físicos também) em momentos de fúria, e muitas vezes retrocediam por ver que eram exagerados. Grave erro: nos davam sustos de morte e depois nos malcriavam devolvendo o viedeogame. Mas é a realidade da maioria das casas, não?

Deixo aqui o desabafo porque eu sei, eu vi, o que a palmadinha pedagógica pode causar. Eu fui criança, e fui malcriada muitas vezes, e gafes foram evitadas com palmadas - mas eu não aprendi como me portar assim. Aprendi a virar uma boneca quando queriam que assim fosse. Não condeno quem dá umas palmadas nos filhos por descontrole, porque somos humanos, mas condeno quem considera isso "normal" e não tenta refletir em modos não-violentos de agir.

Até hoje minha mãe, quando se descontrola, me bate. Da última vez que fez isso, quando veio se desculpar ("Desculpa, MAS você fez isso e isso"), eu consegui juntar coragem pela primeira vez na vida e disse: "Eu agi mal e peço desculpas pelo meu comportamento, mas você perdeu toda a razão ao me bater. Você não bate nem nos nossos cachorros. E você está muito mais errada que eu. Me peça desculpas."

Não funcionou muito porque ela SEMPRE tem de ter a razão, mas senti que criei um divisor de águas ali. Me senti livre desse medo pela primeira vez. E foi agridoce, porque levei muito, mas muito tempo engolindo sapos até conseguir dizer pra pessoa que mais amo o que eu sentia de verdade.

@vbfri disse...

Podem falar o que quiser. Um ser adulto bater em uma criança, ainda que seja uma palmadinha ou um peteleco é, sim, uma violência.
E, agora, é CRIME.
E se os pais forem para a cadeia? Ué, que pensem nisso antes. Crime é crime.
Afinal, pais que abusam sexualmente dos filhos também vão para a cadeia. E daí? Nunca vi ninguém reclamar de onde a criança vai ficar enquanto os pais estão presos.
Abuso é abuso.
Seja físico, psicológico, sexual.
E todas as formas de abuso merecem sanção do Estado.
É tudo crime.
Difícil entender?

Anônimo disse...

Até hoje, a coisa que mais odeio nas pessoas é que gritem comigo. Eu sou uma pessoa pacífica, apática até, mas nessas ocasiões me sinto capaz de dar uma surra até na minha melhor amiga (quase fiz isso uma vez; ela disse que me transfigurei de fúria, e eu tremia para não saltar sobre ela e moê-la a pancadas). E sei que é por não poder reagir quando minha mãe começa a berrar. Mas não posso fazer nada contra ela, e a cólera só cresce aqui dentro, e se transforma em tristeza, em culpa, em frustração.

André disse...

@vbfri,
Inclusive o aborto. E não é porque a lei diz que é crime que não podemos ter uma posição contrária.

@vbfri disse...

E a pessoa que aborta comete um crime. Até que a lei mude, por mais que você seja a favor do aborto, vai continuar sendo crime.
Agora a palmada sé crime também.
E existem milhões de organizações pró-aborto e pró-vida no mundo discutindo isso.
Agora, não vejo NENHUMA organização sendo "pró-violência doméstica" ou "pró-palmadas" ou a favor da descriminalização das palmadas.
Por que será, né?

Lorena disse...

Denise (espero que você volte aqui!),

indico para você o mesmo texto que já indiquei aqui: http://guiadobebe.uol.com.br/quase-10-anos-a-historia-de-uma-educacao-sem-palmadas/

Não acho que tirar uma criança de 1 ano do meio das rosas é violência. É uma forma de você dialogar com sua filha de 1 ano, que não compreende o NÃO verbalizado. Uma criança de 1 ano não tem maturidade para evitar as rosas só pq você diz não. Então é óbvio que é sua obrigação, como mãe, tirá-la do meio delas. Acho perfeito seu exemplo e não acho que seja violência, de forma alguma. Violência seria você dar um tapa na sua filha de um ano se ela andasse entre as rosas... Pq, novamente, além dela não compreender o perigo, ela não compreenderá o tapa, também. Ainda que ela racionalmente compreendesse que o tapa foi uma forma de evitar com que ela andasse entre as roseiras (ela não compreenderia, mas é um exemplo, apenas), ela não conseguiria evitar voltar a passar pelas roseiras, pq ela não tem maturidade cognitiva o suficiente para reprimir o desejo dela. Então o tapa, além de violência, não resolveria.
Acho mto importante um dos aspectos que esse texto aborda (todos eles, mas esse em especial) que é que os pais precisam compreender as fases pelas quais as crianças passam, precisam conhecer o mínimo de desenvolvimento infantil, pra saber qual a melhor forma de educar em cada etapa. É bem legal o texto, dê uma lida.

E eu nunca disse aqui (nem em outro lugar) que um pai ou uma mãe que dê palmadas "educativas" nos filhos é um monstro. Não é, gente. Nós perdemos a paciência, tem dias que estamos chateados, cheios de coisa na cabeça, e uma criança bagunçando ou chorando ou fazendo algo que consideramos errado pode ser o a "gota d'água", e aí reagimos com violência. Eu só acho importante perceber que o erro é de quem bate, não de quem apanha. A criança está aprendendo, ela não nasceu pronta. Ela precisa ser educada, e a responsabilidade da educação é dos pais ou do adulto responsável por ela. Mas bater não deveria ser encarado como educação, porque não é. É subterfúgio, é descontar a raiva que o adulto sente pelo "erro" cometido pela criança, na própria criança.
--

Uma outra coisa que queria dizer: tirando essa única vez em que minha mãe me bateu, eu nunca apanhei. Meu pai nunca encostou um dedo em mim. Castigos, sim, eu sofri, porque tive minha época de travessuras, como QUALQUER CRIANÇA. Mas fui educada sempre com muito diálogo, muito respeito (o mais importante) e sem violência, física ou psicológica. Não tenho trauma algum com palmadas (nem com as chineladas que minha mãe me deu, naquele episódio isolado). Ainda assim, a única vez que perdi a paciência com uma criança a ponto de bater nela, doeu MUITO em mim. Não foi assim que fui educada e não é assim que vou educar meus filhos. Isso não quer dizer que não vou perder a paciência, provavelmente vou. Mas vou tentar me lembrar sempre do olhar do meu primo quando lhe dei um tapa (nunca vou me esquecer), contar até 100 se for necessário, pra não apelar para a violência.

@vbfri disse...

Denise, ainda estou querendo saber o que você faz, que bandeiras você levanta para um mundo melhor.

André disse...

Sei lá. De repente a gente tem mais o que fazer, tipo educar os filhos.

Anônimo disse...

"Desde quando "palmada pedagógica" deixa roxo???"


Palmada/tapa/chinelada = agressão/violência

Desde quando uma agressão é pedagógica?


Na boa, mermão, procure um bom psiquiatra. Essa inversão de valores pode ser sinal de psicopatia.



Bruna B.

letícia disse...

Já apanhei de chinelo, cinto, régua de madeira...
Minha mãe batia raramente, meu pai sempre.
Lmebro que na 3ª série eu tive um trabalho de História pra fazer. Tinha umas 15 páginas, COPIADAS do livro e eu estava cansada de escrever aquele monte de coisa que eu nem sabia do que se tratava e ai falei que não queria mais, chorei, fiz drama...e apanhei de régua de madeira.

Teve uma vez, com 12 anos, que foi minha primeira ou segunda menstruação, meu pai tava saindo e eu ia junto, mas atrasei pq tava procurando uma calça que se adaptasse a condição (larga e escura) então ele perdeu a paciência e apanhei de cinto. Foi a última vez que apanhei. Por 3 motivos: 1) ficou um roxo ENORME na minha perna. 2) eu já tinha 12 anos. 3) minha mãe exigiu que a partir daquele momento não haveria mais bater e somente castigos.

Houve vezes de ter que abaixar as calças pra poder apanhar.

Hoje eu lembro e é algo tão ridículo. Eu vivia com roxo. Teve uma vez, eu estava na 5ª série e apanhei antes de ir pra escola. Pra me defender, coloquei o braço na frente e dito e feito: a marca do cinto ficou "perfeita" no meu braço e eu inventei alguma desculpinha pra quem perguntava na escola.

Há uns 2 anos (hoje eu tenho 24) discuti com meu pai e ele veio ameçar de bater, mas ai né, a gente cresce e aprende a se defender...eu só dei risada e falei 'aham, vai achando que eu tenho 10 anos ainda...se vc me bater, eu bato de volta' ele ficou até meio surpreso e parou com isso.

Mas adivinhem, minha relação com ele é péssima. E agora relembrando, começou a ficar ruim exatamente por causa disso: com ele não havia diálogo, somente gritos, sermões, violência...

Hoje em dia minha mãe tenta fazer com que eu, minha irmã e ele tenhamos uma boa relação, mas é difícil consertar algo que foi feito por anos...educação em cima do medo e não do respeito.

Por isso que eu sempre disse que só me casaria com alguém que primeiro fosse um bom pai, pq não quero ter filhos para viver em guerra com o pai.

Educar é conversar, entender,guiar...não esse show de horrores.

Anônimo disse...

Lola,

Eu estava lendo este post (http://papodehomem.com.br/fetiches-sordidos-que-as-mulheres-nao-tem-coragem-de-pedir/) e achando muito interessante, mas o último fetiche é chamado de "estupro consentido", daí vim aqui te pedir pra ler o post e, se for o caso, dizer o que acha.

Até logo.
Marcelo

F. disse...

Como é triste e desolador ver uma mãe jovem como a Denise (bom, a filha dela é um bebê) defender uma posição tão atrasada. Aliás, defender uma posição não, se defender, porque ela não usou nenhum argumento além de "tenho a minha opinião" e "não é 100% das vezes isso ou aquilo". Pelo menos o André, que também estava divergindo da maioria, argumentou, usou exemplos, ouviu; a Denise parecia mais o meu pai, que já é idoso, quando vêm defender palmada. Só que nós, os filhos, nunca levamos palmada. Nós levamos tapas, agressões com chinelos, cintas, galhos e outras coisas. Sério mesmo que alguém já viu uma criança de 10 anos levar palmadinha na bunda? a criança iria rir da cara do adulto, ela leva é tapa mesmo, no mínimo. Não tenho certeza se todo mundo que leva tapa fica traumatizado, acho que tem gente que supera, mas quem bate nos filhos também, com certeza não superou, está reproduzindo o mesmo erro. Li toda a discussão e só consigo lamentar pq se você conversar com a criança, castigar, impuser regras, conversar de novo e não adiantar (pq pode ser que não funcione) o que te faz pensar que o tapa vai funcionar? cada criança é diferente, achar o caminho para aquela criança é a obrigação dos pais. Muitas vezes uma babá, uma cuidadora de creche ou até uma professora fica mais tempo com a criança acordada do que os pais, ela também tem que se preocupar com a segurança daquela criança, ela pode bater? não, isso é inaceitável socialmente. Às vezes, até quando uma madrasta ou padrasto bate, a gente acha inaceitável. Tente imaginar o marido da mãe do seu filho que mora com ele, que fica com ele a semana toda, que se responsabiliza por ele, batendo no seu filho. Você aceita? aposto que não. Essa aceitação dos pais baterem nos filhos não tem nada a ver com educação, tem a ver com poder, com direito. Minha sempre cuida de crianças da família e nunca levantou um dedo para nenhuma delas e diz que não pode bater em filho dos outros. Veja bem: pode. Poder.

Nina Levy disse...

André,

Diagnóstico? Que diagnóstico que eu fiz? Eu disse que ela pode até não ter sequelas.
Não sei que parte vc não entendeu. Eu disse, sim, que cicatrizes com certeza ela tem. Como vc também tem. Porque não há como uma criança levar tapas dos pais sem experimentar medo, humilhação, vergonha. É esse o efeito da palmada. E é isso que quem dá a palmada espera. Que a criança sinta isso tudo para "aprender a lição" e não repetir a conduta. Também tem a dor, mas não é a única coisa. Não adianta vc falar mil vezes que os pais batem batem de leve, porque independente da intensidade do tapa, existe a percepção da criança. Vc acha legal disciplinar seus filhos ao lhes causar medo, humilhação, vergonha, dor, raiva...? Porque uma coisa foi seus pais te educarem assim, já que eles não sabiam de outra forma, outra coisa é você saber que existe outra forma de educar, e ainda assim preferir causar esse sofrimentos nos seus filhos.

André disse...

Nina Levy,
Você afirmou que ela precisava de tratamento. Tudo bem um leigo, no calor da discussão, mandar alguém se tratar, para um profissional fica estranho.
Eu não falei que os pais batem de leve. Mas que nem toda relação que envolveu castigos físicos se resumiu apenas a isso. Mesmo quando não houver castigo físico, se os únicos momentos entre pais e filhos se resumirem a conversas sobre o mau comportamento dos filhos, suponho que o relacionamento também será problemático. Eu acho pior bater com a cabeça fria (o que, para mim, denota maldade) do que num momento de descontrole, em que a criança percebe que foi uma situação limite.

Nina Levy disse...

André,

Leia o parágrafo por inteiro. A frase que vc se refere começa com um "E".

Digo e repito: "Se vc acha que algumas crianças merecem apanhar e acredita que isso faz parte das nuances de cada indivíduo, só posso te desejar boa sorte. E um tratamento, se possível."

Isso também vale para vc.

Carol M disse...

Cara, se existem as opções de conversa, castigo, perder alguma diversão ou privilégio, realmente é necessário partir pra agressão?

Eu nunca apanhei, mas isso não quer dizer que meus pais tenham sido permissivos, muito pelo contrário. A noção de responsabilidade pelos próprios erros sempre foi uma coisa muito forte.

Nem toda criança vai ficar traumatizada? Realmente alguns não ficarão, só que vc só descobre isso depois. Que tipo de pai ou mãe quer correr esse risco?

Nina Levy disse...

André,

Em algum momento eu disse que relações entre pais e filhos devem se resumir a disciplina? Em algum momento falei que bater de cabeça fria ou de cabeça quente é "menos ou mais" pior?

O que eu falei, desde o início, é que os pais devem a todo custo evitar o descontrole. Mas se por acaso, em algum momento de descontrole, dessem umas palmadas nos seus filhos, deveriam depois se desculpar, explicar o motivo do descontrole, o porquê de passarem seus limites e conversar sobre o fato em sim, sobre o que causou o descontrole, sobre o que o filho fez. E continuar evitando que isso volte a ocorrer.

Nunca disse que castigos físicos de qualquer tipo são válidos. Disse que não estou julgando ninguém. Apenas orientando sobre como fazer, e sobre o que significa o castigo físico. E pedindo para as pessoas adeptas desse modelo de disciplina reverem sua conduta. Estudarem as consequências, o quer isso pode ocasionar a seus filhos.

Existem outras formas de educar. Por que então preferir a da violência? Não há motivo.

Anônimo disse...

Esse cara era um fdp mas tem o seguinte, vem um pessoal todo cheio de pena de si mesmo e começa a falar 'oh os homens os homens'
Os homens o caralho, eu sou homem e não fiz nada disso, nem vou mudar uma vírgula da minha vida por causa das dementes que botam a culpa desse desgraçado encima de mim

Anônimo disse...

'mas o último fetiche é chamado de "estupro consentido"'

então não é estupro ora bolas

Anônimo disse...

Não consigo admitir que pessoas aparentemente adultas e racionais defendam qualquer tipo de agressão.
Essa Denise é uma doida varrida e eu tenho muita pena d@(s) filh@(s) dela. Ponto.

Quem bate, perde qualquer razão que podia ter. Violência é crime.
E, se algum dia eu ver um pai ou uma mãe dando tapa em uma criança, faço questão de pegar a criatura pelo braço e levar até uma delegacia.
Quer descontar a raiva ou a frustração? Faça isso com alguém do teu tamanho, covarde nojent@.

Em tempo, lavem a boca antes de falar que só quem não teve filhos é contra as tais palmadas.
Sou mãe de uma garotinha linda de 7 anos. Nunca bati nela, ela é amada e respeitada... e trata a mim e a todas as pessoas que conhece com muito respeito e carinho. Quando eu chego do trabalho ela me recebe com milhares de beijos e abraços, muito diferente da forma que um filho que apanha deve receber seu progenitor.


Bruna B.

André disse...

Nina Levy,
"E eu realmente sinto muito por você, porque tenho convicção que vc tem sim marcas das violências sofridas. E fico triste por você não estar se tratando para conseguir romper esse ciclo.
Você quer tanto acreditar que seus pais não erraram que se recusa a aceitar o que a ciência comprova.
Só me resta torcer para que você de verdade converse com psicólogos em que confie que estejam atualizados e algum dia desperte."

André disse...

Nina Levy,
O restante do meu comentário foi genérico, não uma resposta ao que você tenha dito.

Anônimo disse...

André,

Eu tb sou psicólogo e te digo q a Nina pegou bem leve. Pq está pra lá de evidente em toda a "argumentação" dessa Denise q ela está sim em negação e repetindo o padrão dos pais. Se tem uma coisa q essa mulher precisa é procurar tratamento. Se vc apanhava dos seus pais tb é recomendável q procure. Tratamento psicológico ñ é vergonha nem sinal q a pessoa é doente. É mto comum q se recomende em diversas situações. O simples fato de vc ter sido educado levando palmadas já é motivo para te recomendar que converse com um profissional, pq isso pode ñ apenas ter te deixado marcas como sequelas tb. Ñ tem nada demais fazer essa recomendação. É a mesma coisa q vc falar pra um médico numa conversa informal de alguma doença na sua família e ele te recomendar então dar um pulinho num médico de sua confiança pra uma avaliação. É isso, amigo. Se vc apanhou dos seus pais ñ custa nada procurar um psicólogo. Procura alguma universidade pública na região onde mora, sempre existe atendimento gratuito. Fica a dica pra vc.

André disse...

A Nina Levy pelo menos colocou o nome.

Anônimo disse...

André,

Ah é. E o fato de ñ possuir conta google (sei lá que diabos é isso, vim parar aqui por um link no facebook) invalida o q eu disse, ñ é mesmo?

Fernando

André disse...

Fernando,
Viu como não é difícil colocar o nome?
Mas num ponto eu concordo com você, sua colega Marisa Lobo pega bem mais pesado.

Anônimo disse...

Cara, é sério q vc vai tentar desacreditar todos os psicólogos, q estão claramente apoiando o CFP pra expulsar uma fanática religiosa, por existir uma charlatã q usa indevidamente um título para fazer curas impossíveis? Então me diz uma coisa, qual a sua profissão? Pq tenho certeza q nela existem muitos maus profissionais. Lamentável q vc use esse tipo de expediente para fugir. Isso é coisa de quem sabe q não tem argumentos, mas quer insistir numa posição errada.

Fernando

André disse...

Fernando,
Eu não preciso argumentar com você. Também não estou fugindo. Já que você não entende indiretas, o que deveria ser deplorável para um psicólogo, eu vou tentar deixar mais claro: eu dispenso seus aconselhamentos profissionais, não acho que preciso, não quero gastar tempo e dinheiro com isso e não acredito nesse tipo de tratamento.

Carol Mariano disse...

Poxa, Lola, vivi com isso a minha vida toda :(. Com 27 anos na cara, um filho de 9 anos, e ainda tenho medo de decepcionar meu pai e levar uma surra. Ele nunca bateu na minha mãe, mas meus irmãos e eu sofremos muito com isso. Eu mais ainda, por ser mais velha, acabei pegando os "tempos áureos" dele. Nunca foi respeito pela figura do pai, foi "respeito" pela figura do medo. Uma vez bati no meu filho... ele me bateu, eu peguei a mão dele e dei um tapa "viu como dói?". Funcionou, nunca mais ganhei um tapa dele, mas quase morri de decepção comigo mesma. O que eu fiz, depois de tantos anos apanhando? Acho que quem apóia a "palmadinha carinhosa" nunca apanhou na vida, e jamais saberá como é, tantos anos depois, ainda sentir uma mágoa gigante dentro de si. Há quem diga que melhor apanhar em casa do que apanhar da vida. Ou então que você corre o risco de ser morto pelo seu filho anos mais tarde. Afinal... Se você mata seus pais é porque não apanhou o suficiente... Educar uma criança não é tarefa fácil, não mesmo. Mas com certeza não é na base do medo que você vai construir um cidadão melhor para o mundo. O que acontece é um adulto que se sente sozinho, que se sente desamparado, com problemas sérios de auto-estima. Uma palmadinha que deixa marcas roxas no corpo, que saem com o tempo. E aquelas que permanecem pra sempre, dentro da gente, quem vê?

Anônimo disse...

É uma pena, André. Mas tudo bem, cara. Opção sua. Só um toque: pense um pouco de onde vem essa dificuldade em aceitar um tratamento, de onde vem esse preconceito com a psicologia. Tem certeza q ñ é fuga, ñ é medo? De onde será q surgiu isso, hein? Acho q um cara q não acredita em ciência, q desacredita de tratamentos psicológicos, ficar dando conselhos de como educar filhos é bem complicado. Vc acabou de invalidar toda e qualquer argumentação q por acaso possa ter usado. Ficou mais claro do q nunca o qto faz mal educar um filho com violência. Basta ver você. O q vc pensa de psicologia.
Vc tá certo. Vai ver q o legal mesmo é bater nos filhos, o resto é balela.

Fernando

Anônimo disse...

Eu não entendi direito...
O que tem a ver este relato de crime de espancamento com palmadas educativas?

Anônimo disse...

Se eu não tivesse levado palmadas no bumbum para parar de fazer coisas perigosas, que ja tinha sido alertado para não fazer, poderia não estar vivo.
Palmada no bumbum é uma coisa, agressão é outra, não misturem as coisas

Anônimo disse...

Lola, porque você não faz um post sobre as crianças de hoje em dia que estão sendo castigadas com remédios psiquiátricos somente por fazerem bagunça ou não prestarem atenção na aula.

André disse...

Fernando,
Eu não preciso acreditar na ciência, não é uma questão de fé, basta o ramo em questão da ciência demonstrar que funciona. Eu não acredito em tratamento psicológico porque os anos de tratamento que eu paguei e pago para o meu filho me fornecem fortes indícios para isso. E agradeço seus esforços na tentativa de corroborar esses indícios. Não estou dando conselhos a ninguém, cada um que faça o que achar melhor desde que não queira me forçar a fazer o mesmo.

Anônimo disse...

alguém que chama tapa de 'palmada educativa' ou é sociopata ou é retardado.

Anônimo disse...

André,

Eu sinto muito, mas se vc bate no seu filho, talvez o problema não seja falta de resultado do tratamento psicológico. Talvez o problema esteja justamente em vc bater nele. E no siginificado disso. E nas consequências que isso traz a seu filho. E em como é a relação de vcs. Eu acabei de ler lá na frente que seu filho tem TDAH. Você tem noção do quanto ele precisa de compreensão? Sabia que ele tem uma grande dificuldade em diversas tarefas do dia a dia que para todos nós é extremamete fácil e comum? Se vc bate no seu filho, vc só agrava o problema dele. E aí, meu amigo, haja tratamento psicológico mesmo. Vc pega uma criança q tem tendência a ter uma baixa auto estima, q se sente diferente, q é cobrada e e incompreendida por professores, amigos... e ao invés de ao menos em casa ela contar com compreensão das suas dificuldades, ela conta com pancada dos seus pais. Resultado: vc pode gastar rios de dinheiro com tratamento, pq milagre ninguém faz. Para de bater no seu filho, não faça isso com ele.

Fernando

André disse...

Fernando,
Eu com certeza tenho noção das dificuldades dele, mas sei também do que ele é capaz.
Na boa, só por curiosidade mesmo, você não acha que, depois de anos de terapia, todos essa análise e conselhos que você colocou, já não foram amplamente e profundamente discutidos? Que pouca fé nos seus colegas.

Anônimo disse...

Andrè,
Não, que pouca fé em vc! E não é à toa que tenho pouca fé em vc. Afinal vc bate no seu filho TDAH. Pelo visto o problema não é falta de comepetência de colegas, mas sim recusa sua em mudar de conduta. Não é falta de orientação e conhecimento, é só uma questão de ñ querer abrir mão do poder q tem sobre seu filho. Do prazer q te dá dar uns tapas nele. E parece q vc acha q se pagar um tratamento está tudo bem, pode descer a porrada q o psicólogo resolve. Ñ resolve, não. Se vc não colabora nada resolve. Vc vai ferrar com a cabeça do seu filho. Como já está ferrando.
Fernando

André disse...

Fernando,
Isso é alguma técnica? Tipo confrontar, lançar acusações para forçar o paciente a se abrir?
Sinto muito, mas não acredito que você seja psicólogo.

Anônimo disse...

André,

O que vc queria? Que eu fosse um posso de compreensão contigo, que passasse a mão na sua cabeça e tentasse te convencer de algo? Cara, vc ñ acredita em psicologia. Vc diz q eu devo provar q funciona? E o q vc acha q significam todos os estudos, todos os resultados comprovados? Ah, deixa eu ver, vc deve achar q é tudo mentira, q a gente fica na faculdade brincando de escravos de jó e inventando técnicas pra ganhar dinheiro. Q quem sabe das coisas é vc, q faz tudo de bom qdo bate nos filhos. Então, se vc acha q sabe o q faz, ñ culpa o terapeuta do seu filho. Continua fazendo isso, bate nele, mas ñ reclama dos outros. Assume teus erros, assume as consequencias dos teus atos.

Fernando

Anônimo disse...

* poço (desculpa o corretor automático do celular)

Anônimo disse...

E tem mais uma coisa, vc foi com mil pedras na mão dizendo q a outra estava sendo antiética (e ñ estava) e tal. Disse q ela fez diagnóstico e sei lá mais o q. Aí eu chego e qual a sua vontade? Q eu venha agindo como um psicólogo, e ñ como uma pessoa q fica revoltada diante de tamanha ignorância. Diante de tamanha irresponsabilidade. Diante de um marmanjo q curte bater nos filhos. Cara, vc está agindo como um doente. Vc entende perfeitamente todo o mal q está fazendo nos teus filhos mas ñ quer parar. E se vc ñ quer se curar, ñ quer ouvir e se acha o poderoso fodão q sabe de tudo, eu só posso lamentar profundamente pelos teus filhos, te escrachar mesmo pq vc merece e torcer pra q alguém te denuncie e vc vá preso.

Fernando

Anônimo disse...

Não sei se viram, mas saiu o resultado das denúncias de abusos cometidos contra crianças e adolescentes, através do Disque Denúncia "100".
Bastante pertinente para a discussão, teve um aumento de 80% de denúncias em relação ao ano passado!

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/05/denuncias-de-abuso-e-exploracao-de-menores-quase-triplicam-em-2011.html

São Paulo lidera...
Triste e preocupante demais...

André disse...

Anônimo,
65% das denúncias foram por negligência e violência psicológica.

André disse...

Fernando,
Você estaria envergonhando a própria classe.

Anônimo disse...

André,

EU??? Mas por que diabos eu estaria? Por me indignar com um espancador de crianças? Por torcer para q um pai que tem consciência das suas ações violentas e mesmo assim insiste em bater nos filhos seja preso? Não, meu caro. Vc sim está com vergonha. Mas a vergonha q sente é insuficiente pra te fazer parar, pq o prazer de bater nos seus filhos é maior. Vc realmente sabe q não deve bater, sabe q é errado, sabe q é o pior para os seus filhos, mas bate do mesmo jeito. Pq já apanhou e agora acha q é sua vez de bater. Vc vê o espancamento dos filhos como um direito por vc adquirido. Completamente doente. E recusa a se tratar. Recusa a fazer o melhor pros seus filhos. Tomara mesmo q seja preso.

Fernando

Anônimo disse...

Renato Russo falando da violência contra a mulher e jovens de 15 anos
http://www.youtube.com/watch?v=YcwjyRdTaG0&feature=related

Denise disse...

André,

é impressionante. Eu, por que apenas falei que não fiquei com traumas por ter levado palmadas, virei um doida varrida, agressora, coitada, etc, que preciso de tratamento.
Você, que também nunca falou que bate nos seus filhos, já virou um agressor que espanca os filhos e merece ser preso.
Será que essa gente que se diz psicólogo se dá conta do que escreve? Porque, ler que é bom, isso eles não fazem.
Só muita paciência mesmo, né?

Denise disse...

F.,

Primeiramente obrigada pelo elogio.
Segundo, eu não preciso argumentar nada, por que eu disse e repito foi que, nem eu, nem meus irmãos, nem meu marido e nem uma série de pessoas que conheço, ficamos com traumas por causa das palmadas. Então, por dedução, esses traumas não se aplicam a 100% dos casos e a 100% das pessoas, como alguns comentários aqui. Partido dessa premissa de que existem pessoas que não tiveram traumas, você concorda com o que eu disse?
Terceiro, eu nunca disse que batia na minha filha. Em nenhum dos meus posts. Falei que não tinha visto a necessidade e adiciono aqui que espero que não ache. Mas não posso falar do futuro, eu não sei. Meu irmão, que tem filhos mais velhos que a minha, também apanhou, não tem traumas, e pelo que sei também não bate nos filhos. Então isso de dizer que quem apanhou, sempre bate, é balela.
Que mais? No meu caso, tanto tapa como castigo funcionaram algumas vezes e outras não. Tudo dependeu da hora e da situação.
Como eu disse antes também, ao contrário das pessoas que querem enquadrar todo mundo em um modelo só, eu acho que isso não é possível.
Está mais claro agora?

Sandra disse...

fui espancada até os 24 anos de idade pelos meus pais, tem 10 anos que não falo com eles e quando morrerem eu vou dar uma festa pra comemorar. Odeio os 2.

Sara disse...

releva Denise , tem gente q perde a noção mesmo.
A vida se encarrega de mostrar a realidade p essa gente.

André disse...

Denise,
Impressionante mesmo. Tomare que apenas estejam num dia ruim.

Nina Levy disse...

Denise e André,

Impressionante digo eu, que fiquei horas trabalhando, chego aqui vejo uma presepada sem tamanho. Se vocês discutiram ou não com alguém, problema de vocês, não me metam no meio.

Vamos por partes:

"é impressionante. Eu, por que apenas falei que não fiquei com traumas por ter levado palmadas, virei um doida varrida, agressora, coitada, etc, que preciso de tratamento.
Você, que também nunca falou que bate nos seus filhos, já virou um agressor que espanca os filhos e merece ser preso.
Será que essa gente que se diz psicólogo se dá conta do que escreve? Porque, ler que é bom, isso eles não fazem.
Só muita paciência mesmo, né?"

"Impressionante mesmo. Tomare que apenas estejam num dia ruim."

Então, Denise, me diz em que momento eu te chamei de doida varrida. Ou que te chamei de agressora. Ou que te chamei de coitada.

E você, André, em que momento te chamei de agressor que espanca seus filhos e merece ser preso?

Se vocês querem respeito, respeitem aos outros. Não vai ser me acusando de coisas que não fiz que conseguirão algo.

Em tempo, Dona Denise, eu estava trabalhando no projeto de pesquisa do pós-doutorado. Não precisa me mandar ler. Eu, com absoluta certeza, leio muito mais que a senhora.

E nada, absolutamente nada, do que vocês falarem para tentar "ganhar a discussão" vai fazer efeito. O fato é que vocês sabem que bater nos filhos não é uma forma válida de educar. Vocês sabem que existem outras formas que não envolvem castigo físico. E tentam, desesperadamente, desviar o assunto para fingirem que existem argumentos. Não existem. Vocês defendem o indefensável.

André disse...

Nina Levy,
Que tal ler também o código de ética de sua profissão? Ou comentar as atitudes de seu suposto colega de profissão? E não adianta dar carteirada porque você não é a única por aqui com pós-doc.

Não tem como ser mais claro do que a Denise já foi. Uma rara chinelada até o filhote primata aprender quem é que manda não traumatiza 100% dos filhotes. Absurdos já citados (abusos sexuais, abusos psicológicos, espancamentos, total falta de diálogo, surras até 18, 24 anos) não são "palmadas pedagógicas". E se esse nome é horrível eu não tenho culpa. E essa é estritamente a minha opinião, baseada apenas na minha experiência própria. Isso limita a extrapolação das minhas conclusões, claro, mas são contraexemplos para sua tese.

darkgabi disse...

uma pena esse relato, mas tenho q discordar do seu comentário, lola, e concorda com o comentário do andré.

"Pessoas que estudam comportamento infantil sabem muito bem que educar com violência só gera mais violência."

eu apanhei um bocado em certa fase da minha vida e eu SEI q eu era uma peste. nao tenho raiva da minha mae e me considero uma pessoa normal.

nao é palmada aki o problema: é esse pai super violento q bate em todo mundo.

concordo q a diferenca é sutil, mas ela existe.

F. disse...

Denise, não "ficou claro agora", até pq vc não comentou nenhuma das coisas que eu disse, eu não disse que todo mundo que apanhou bate nos filhos, inclusive eu mesma apanhei e sou totalmente contra a violência, não disse que quem apanhou necessariamente tem trauma, não sei, sou educadora, mas não sou psicóloga, acho que dizer que não viu necessidade de bater em um bebê de um ano e meio é um pouco redundante e acho que sim, pra entrar em uma discussão é preciso utilizar argumentos, se não pra quê entrar? vamos ficar todos aqui gritando quem está certo sem discutir nada? sei que no final o debate virou uma loucura sem sentido, mas no começo havia uma exposição de ideias e argumentos.

Priscila vaz disse...

Não é apenas a dor física que deixa marcas, as palmadas que tomei não são nada perto do ataque verbal sofrido a vida inteira, ser chamada de gorda, feia, preguiçosa, incompetente, burra, deixaram marcas muito mais profundas, problemas de auto estima, problemas de relacionamento, agressividade quando criticada. Bater não está certa mas temos que lembrar que as palavras tbm deixam marcas.

André disse...

F.
Concordo, deveríamos ter nos limitado a dialogar com você, a Lorena, e mais uns poucos. Eu tento não responder a quem não põe o nome ou já no primeiro comentário vem com acusações gratuítas. Mas veja que até comentaristas ponderados descambaram para acusações absurdas.

F. disse...

Valeu André, às vezes releio e tenho vontade de apagar e reformular o que escrevi anteriormente, mas sigo tentando manter uma efetiva troca de ideias. Gosto muito desse espaço por esse motivo.

Stefano disse...

A palmada, em qualquer circunstância é a assunção da completa e absoluta falta de argumentos. E o interlocutor é um criança! Tudo pode ser resolvido com conversa, argumentação e até sanções (castigo, privação de privilégios, etc). Violência (e um tapinha é um ato violento, em essência) nunca foi resposta para nada, em educação. Aliás, violência, provavelmente será replicada. Tenho filhos ótimos, que tratam a todos com respeito e civilidade. Eles não me temem, assim como não teme quase nada na vida. Porém, respeitam regras, não sem antes questioná-las quanto a sua origem e validade. Não é isso que é cidadania? Espero estar no caminho certo. E espero que menos crianças sejam "educadas" pela força.

Stefano disse...

A palmada, em qualquer circunstância é a assunção da completa e absoluta falta de argumentos. E o interlocutor é um criança! Tudo pode ser resolvido com conversa, argumentação e até sanções (castigo, privação de privilégios, etc). Violência (e um tapinha é um ato violento, em essência) nunca foi resposta para nada, em educação. Aliás, violência, provavelmente será replicada. Tenho filhos ótimos, que tratam a todos com respeito e civilidade. Eles não me temem, assim como não teme quase nada na vida. Porém, respeitam regras, não sem antes questioná-las quanto a sua origem e validade. Não é isso que é cidadania? Espero estar no caminho certo. E espero que menos crianças sejam "educadas" pela força.

Nina Levy disse...

André,

Eu não vi até agora você e a Denise usarem um único argumento. Sério. Você acusa, se esquiva, diz que não tem traumas (e em algum momento eu disse que tinha, por acaso?) e não diz NADA (Porque serei extremamente boazinha e não levarei em conta você chamar crianças de pequenos primatas que merecem tapas)que justifique a palmada. Me responda CLARAMENTE:

Por que você acha que bater nos filhos é melhor do que cortar benefícios e dialogar?
Se você não acha isso, por que então defende que os pais batam nos seus filhos?
Você sabe que palmadas causam: medo, humilhação, vergonha, raiva?
Você acha bom que a criança se sinta humilhada? E apesar de saber isso afirma que os pais devem bater nos filhos?

Responda AO MENOS isso. Não fuja. Porque é feio fugir. A discussão não é se você é um cara bacana ou não. Não é sobre quem VOCÊ acha ou não legal. A discussão é sobre pais disciplinarem filhos com castigos físicos. Não fuja ao tema. Não se esquive.

Não vou cair no seu blá blá blá de quem não tem argumentos. O meu código de ética sei de cor e salteado, e NUNCA o infringi. Mas me diga você, e o seu código de ética (não precisa ser profissional), permite bater em crianças? E bater em alguém no trânsito que não se comportou bem, também pode disciplinar com tapas ou é só em seres humanos de menor porte que vc aprova que batam?

Denise disse...

Nina,

Meu argumento é e sempre foi o mesmo: eu não fiquei com traumas por causa das palmadas que levei quando criança. Nem assim ficou meu marido, ou meus irmãos, ou os irmãos deles e nem outras varias pessoas que conheço.
O seu argumento foi de que sempre é traumático.
Não foi isso?
E de novo, eu não defendo as palmadas, ou os castigos ou quaisquer punições para toda e qualquer criança. Eu disse que muita gente não fica com traumas com palmadas.
Você afirmou de que eu preciso de tratamento. Uma agressão quando você não sabe se preciso ou não e especialmente depois do que eu repetidamente disse.
O meu post sobre ler foi por isso exatamente. Você não esta lendo o que eu escrevi ou esta decidindo ignorar o que eu disse. E o meu post não foi exclusivamente para você.
E para completar, em mim, palmas nunca causaram medo ou humilhação. Causaram raiva, assim como os castigos não corporais que você tanto defende. Alias, os tais castigos não corporais, de retirar algum beneficio, me causaram mais raiva que qualquer palmada que a minha mãe me deu. Humilhação nem se fala. Imagina chegar na escola falando que não vi tal programa por que estava de castigo?
Se o problema é a humilhação, então o que fazer se castigo também pode humilhar? Se é a raiva, idem. Medo, não posso falar pois não lembro de ter medo dos meus pais...

André disse...

Nina Levy,
Vamos deixar de lado as provocações e ficar no principal.
"Por que você acha que bater nos filhos é melhor do que cortar benefícios e dialogar?"
Eu não disse que é melhor. Eu disse que num momento de descontrole, dar umas chineladas pode ensinar à criança que os situações limites podem gerar consequências desagradáveis, que os adultos também erram, que os dois lados tem responsabilidades para evitar situações limites, que na relação pai e filho enquanto este não tem autonomia para arcar com as consequências de seus atos prevalece a vontade do pai.
Defendo que as pessoas se lembrem que cortar o vídeo-game vale apenas para quem tem vídeo-game. Defendo que quem não tem filhos não saia por aí dizendo que toda situação pode ser resolvida com uma conversa. Defendo que, se quiserem comparar crianças com animais, que seja com chimpanzés bonobos e comuns e não com cães e gatos.
"Se você não acha isso, por que então defende que os pais batam nos seus filhos?"
Eu não defendo que os pais batam nos filhos. Eu defendo que um pai que eventualmente bateu no filho não vá para a cadeia por isso. Defendo que uma relação de duas décadas não se resume a uns poucos momentos de descontrole.

Nina Levy disse...

Denise,

Então não entendo seu ponto. Porque se você está apenas dizendo que não ficou traumatizada, você está apenas narrando que, como todos sabem, algumas crianças não ficam com traumas por outros fatores (sua personalidade, equilíbrio do ambiente familiar, quantidade/intensidade das palmadas...).

Sua experiência pessoal, de talvez não ter traumas, não é algo novo ou desconhecido por nós. Volto a dizer, que bom que vc não tem traumas. Pena que você seja minoria.

O que eu disse, e reafirmo quantas vezes for necessário, é que você tem, sim, cicatrizes, marcas. Porque experimentou a sensação de levar palmadas. Se sentiu humilhada, angustiada, com dor, com medo, com raiva, com vergonha. E isso deixa cicatrizes.

Não existe nenhum motivo no mundo para um pai optar pelo castigo físico ao invés de tirar benefícios e dialogar.
Sabe o porquê de você quando criança preferir o castigo físico? Porque palmadas não educam.

Vou copiar o que já expliquei antes (desculpe, não é preguiça de escrever, é falta de tempo mesmo):

"A palmada pode provocar o efeito inverso: fazer com que a criança perca o respeito pelos pais.

Principalmente essa palmadinha que não dói. Essa que alguns defendem por "não machucar". A criança sente-se castigada mas não chega a ter medo da punição, o que equivale a um passe livre para transgredir.

A palmada pode iniciar uma espiral de violência que leva os pais às surras e aos espancamentos. Porque quando a palmadinha já não surte efeito, a dose da agressão aumenta para tentar obter o efeito desejado. A conseqüência é o medo que estimula a criança a mentir. Isso mesmo, crianças que levam palmadas sentem medo. E mentem para evitar o castigo. Mentira que por sua vez leva a novos espancamentos, e a violência só aumenta."

Ou seja, você preferia o castigo físico porque ele nem doía. Então é bem melhor tomar logo as palmadas e seguir com a vida como se nada tivesse acontecido.
E aí você pode perceber que a punição física não evita que a criança repita o erro por lhe ensinar os motivos pelos quais o ato é errado. Porque não há reflexão. A palmada, nos casos em que coíbe a criança de repetir o erro, o faz por a criança ter medo da dor, da humilhação, da sensação que ela experimenta quando apanha. Não porque ela esteja compreendendo os motivos. Não porque ela esteja de fato aprendendo algo. Ela só está aprendendo a ter medo. E o pior, medo dos pais.

O castigo, ao contrário do que você disse, não causa humilhação. Ele pode até causar um pouco de vergonha. A criança se envergonha de ter errado e agora estar de castigo por isso. Porque ela é levada a reflexão. Na palmada a criança além de humilhada, se sente envergonhada por ter apanhado. E isso é completamente diferente. Na palmada há uma mistura de diversos sentimentos ruins, diversas sensações dificílimas para uma criança.

Eu não vou ficar prolongando essa discussão pelo resto da vida. Acho mesmo que você já entendeu perfeitamente os malefícios do castigo físico. Ainda insiste em dizer que não ficou traumatizada. Ok. Não ficou. Mas você acha que sua experiência pessoal, comprovadamente rara, é motivo para pregar que o castigo físico é válido como método para educar?



(André, mais tarde te respondo, estou sem tempo escrevendo durante pequeno intervalo)

Nina Levy disse...

André,

Eu concordo e sou a maior defensora que de que os filhos devem ter limites e que cabe aos pais disciplinar. E nem é apenas para que seus filhos tenham bons modos, mas principalmente, porque criança que não tem limites é criança que não se sente segura. A criança sabe que precisa de orientação. Precisa de alguém que diga "faça isso, não faça aquilo, aquilo lá é perigoso...". A criança que não recebe dos pais essa orientação constante, se sente insegura.

A criança quer limites. Mas ela vai testá-los à exaustão. Faz parte. E cabe aos pais ter uma paciência de jó, muita coerência e muita persistência.

Tudo para te dizer que eu não condeno pais que uma vez na vida bateram nos filhos. Não estou condenando. Mas estou dizendo: por favor, façam de TUDO para não perder o controle. Porque descontrole também gera insegurança. "Como meus pais vão cuidar de mim se eles não conseguem se controlar? Se de repente parecem monstros me batendo?" Então se por algum motivo um dia bateu nos filhos, peça desculpas e converse. Em qualquer idade a criança entende uma conversa. Se abaixe, olhe nos olhos e converse. Diga que errou por bater, que isso aconteceu por esses e esses motivos, explique no que a criança errou. Mas de maneira alguma faça de conta que seu descontrole é algo natural. Porque não é. É assustador para uma criança ter pais que se descontrolam sem que ela entenda aquilo como descontrole. Com ela pensando que a qualquer momento os pais vão virar monstros que darão chineladas.

Nem todos têm vídeo game, mas quem não tem isso, tem outra coisa. Deixe ele sem tv, deixe sem poder sair pra brincar com os amiguinhos naquele dia ou mais. Sempre existem benefícios que podem ser tirados. Mas preste atenção: benefícios, nada de necessidades. Nada de deixar a criança sem almoço, por exemplo.

Eu te garanto que, cortando benefícios, sendo coerente e dialogando, todas as crianças podem e serão educadas. Não precisa bater. Nunca.

Tem que educar os filhos, tem que impor limites. Para isso já converse antes, explique dos possíveis castigos e aplique os castigos sempre que os limites forem extrapolados. Não vale castigar dia sim, dia não. Tem que ser sempre que a criança não cumprir o combinado, ou os limites não serão respeitados.

E, se o pai/mãe são pessoas que tem facilidade de se descontrolar, pense em técnicas para manter o controle. Dificilmente duas pessoas se descontrolam juntas, então combinem coisas que um pai pode falar ao outro para esse se controlar. O que for mais calmo assume o comando daquele momento. Respirem fundo por 5 minutos antes de fazer algo. Evitem de todas as formas o descontrole.

Sobre a lei, André, é outra história. Ela foi criada para tentar acabar com o modelo de educar batendo. Eu duvido que algum pai que deu algumas palmadas no filho num único momento de descontrole vá preso. Lógico que não. A lei servirá para prender pais que batem constantemente, que fazem disso seu modelo de disciplina. Pais que cometem abusos. E se não fizeram a lei de outra forma, foi porque não teria como aplicá-la. Como fariam: Se vc der mais de 10 chineladas vai preso? Está bom, e quem vai contar e provar quantas chineladas foram? E se o pai der 9 chineladas 5 vezes ao dia, pode? Por isso a lei é desta forma. Não é pra prender o pai que deu uma chinelada durante um único momento de descontrole.

André disse...

Nina Levy,
Agora chegamos num meio termo.

Anônimo disse...

Esse texto me deixou triste.

Apanhei muito da minha mãe. Meu pai só batia no meu irmão, em mim nunca bateu.

Não era fácil.

Hoje me sinto culpado por, às vezes, lembrar disso e ter uma raiva momentânea da minha mãe.

Não tenho (nem terei) filhos.

Anônimo disse...

Deve ser muito dificil criar um filho!
Cada vez que leio sobre educação de crianças e o quanto é dificil, fico aliviada por ter decidido não ter.
Eu seria uma péssima mãe.

Lana

I. disse...

Nossa, seu relato me emocionou... Fiquei muito orgulhosa da sua irmã, pela coragem dela.

Sofri durante anos com essa mesma situação, meu pai tentou me esganar quando eu tinha 14 anos, entre outras coisas piores. Mas claro, agora eu que sou a culpada por ter "desunido a família", por não falar com ele fazem 9 anos.
O pior é minha mãe ainda dizer que eu sou muito "sensível", "que ele estava nervoso" ou "ele se arrependeu muito por aquela vez...".
Para curar tanta "sensibilidade", tomo 3 depressivos diferentes por dia, além da terapia. Depois não sabem porque tem mais do dobro de mulheres deprimidas em relação ao número de homens.
É que somos muito sensíveis, né gente??

May Pacheco disse...

Esta foi a discussão entre mim e minha sogra que nunca bateu em seu filho neste fim de semana, dentro do carro, durante viagem. E deixa marcas sim, na memória, essas surras. Ela apanhou brutalmente de sua mãe, assim como minha avó batia na minha mãe, e não, isso não faz ter respeito, faz ter medo O QUE É O OPOSTO DE AMOR SIM. Sempre digo que violencia usa quem não tem cerebro pra defender suas causas com um bom discurso. Violencia usa quem tem preguiça de ensinar os filhos por meio de conhecimento e afeto. É SIM UMA COMODIDADE. E eu, ainda hoje não perdoo meus pais pelas poucas mas marcantes surras que levei. Não merecia, era somente uma criança.

Anônimo disse...

Lendo os diferentes post, vê-se que não é passifico a palmadinha ...que uns consideram violencia extrema, que outros consideram aceitavel. até existem especialistas que tem as duas posições. Mas vamos lá a ver ...usar as palmada em crianºas até aos 3 anos de idade é uma perca de tempo e cruel, porque as crianças ainda estão a desenvolver a sua memoria de longo prazo, nem percebem porque fazem a maioria da scoisas que achamos mau. Até sabem algumas coisas mas são muito intuitivas. So serve na altura , mas depois esqueçe. As Birras, são forma de manisfestar a falta de cpacidade de lidar com a frustração. Eu tenho dois filhos um de 3 e outro de 6, e com o de 6 aprendi que não vale palmada no rabo ate´aos 3, não resulta. Agora o de 6 anos levou palmada porque depois de muita insistencia durante semanas para se vestir de manhã, porque já é capaz, e deposi de te pedido e não mandado, o menino achou que só fazia o que queria...desculpem mas levou duas rabanadas. Fiquei triste, deprimido, mas acrecento que dou muito carinhos aos meus filhos, beijos, e amor....que as palamadas tem de ser explicadas, porque surgiram...
Violencia entre adultos não tem o mesmo enquadramento...voçe que é contra violencia entre adulto...se te quiserem roubar, ou fazer mal, voçe vai deixar porque é contra violencia ...voçe vai por de conversa para convencer o bandido a não fazer mal. Levei uma palmada da minha mãe porque parti a cabeça do meu primo com uma pedra...por causa d eum skate...no meu tempo não tinha televisão, nem PC. Brincavamso na rua. Levei a palmada e fui brincar com o rabo a doer e minha mãe era super carinhosa...

Anônimo disse...

é dificil definir o que é essa violencia.
meu pai sempre deu as tais palmadas em mim e meus irmaos. as vezes eram cintadas de deixar marca..as vezes eram palmadas de chorar, mas não de dor.
Ele fazia julgamentos em que cada um falava o que fez de errado e tinha de admitir quantas cintadas ou chineladas merecia.
Ele bateu na minha mae em algumas brigas. Mas os berros e o terror que ele causava acho que eram piores que as surras,ele sempre fez a gente se sentir um lixo.
MInha irmã tem 27 anos, mora longe há quase 10 anos e quando vem nos visitar, mesmo que ele não pague as contas dela as vezes ela toma uns tapas na cara.
Hoje mesmo, eu com 24, fui passar o final de semana em casa e levei um tapa na cara porque falei "será que ainda rola a carona?"
ele acha horrivel que usemos girias. minha mãe ainda disse que mereci, que uma mulher decente não usa girias.
para quem vou falar disso?
Ele tá errado? me pergunto todos os dias se não sou propriedade dele se ele me ajuda com 200 reais no aluguel todo mes. A verdade é que também sou conformada co ma situaçao, nao tomamos atitudes pra mudar isso.
Ele não recusa as coisas pra gente, ele as vezes trata a gente com tanto amor que é dificil falar sobre. Eu vou fazer ele parecer um monstro pros outros ou vou parecer ingrata?
Nunca me faltou nada alem de auto estima e confiança.
Eu tomo laxantes, eu arranco meu cabelo, eu passo dias inteiros sem comer eu me corto e não sei pq.
É mais complicado do que parece, eu sei que ele faz com que nos sintamos inuteis e incapazes. estorvos na vida dele mas as vezes ele fala tao bem da gente e do orgulho que tem de nos e como nos temos que nos valorizar.
Eu não sei se odeio ele, s[ó tenho essa magoa.
E depois de tanto tempo, denunciaria o que?
Que meu pai sempre cuidou bem da gente, tratou com carinho, ajudou nos estudos mas tinha e tem seus momentos de furia.
Identifiquei-me demais com muitas partes do relato. Sei que meu comentário tá muito confuso e peço desculpas por isso, mas é dificil pensar, não sei se a pessoa que fez o relato também sente isso, ao mesmo tempo que meu pai cuida da gente e defende a gente de todas as maneiras, dentro de casa as vezes ele é um monstro que bate na gente e joga a gente no chão e quebra nossos celulares porque estavam no silencioso quando ele ligou, porque chegamos depois das 21h em casa. Porque ele soube que bebi cerveja.
Pq ele acha que fumo maconha pq estudo na USP.
é complicado, eu preferia ter vivido sem isso, mas não sei o que me traumatiza mais, se minha mae conivente ou meu pai violento.. ou nenhum dos dois, minha vida não e'tao terrivel, eu tenho o direito de reclamar de tudo isso tendo a vida "boa"que levo em outros patamares enquanto tem gente tao pior?

Daniele disse...

Minha única diferença para a do guest post é que não sinto culpa nenhuma,só não quero mais olhar na cara.É difícil.mas consegui me livrar desse cimento moral chamado "famíilia",uma escravidão mental isso sim.Vejo pais tratando filhos como escravos,brinquedos,possessões,e quando tentam se rebelar,partem pro discurso de falta de respeito,batem,xingam,para não perder o poder sobre suas posses.Afinal filho foi feito para abaixar a cabeça e obedecer,e não pq os 2 seres em questão se acharam deuses para colocar alguém nesse mundo.Depois quando são largados em asilos,ou os filhos nem olham na cara por anos,veem com discurso falso-moralista que foram excelentes pais.Acho um absurdo nessa droga de país,os filhos serem orbigados a cuidar dos pais,faço questão de ir embora dessa praga ninguém me encher o saco e resolver me processar por achar que EU tenho orbigação de cuidar de seres que ousaram me colocar aqui.

Anônimo disse...

meu pai me bateu muito qualquer coisa era motivo pra ele me bater,dava tapa na cara,uma vez ele me bateu porque desconfiou que eu era gay(mais eu não sou) ele faz o tipo machista,homofobico bem intolante,mais acho que isso veio da educação do pai dele que batia nele tambem, uma vez ele me bateu tanto de cinto so de cueca que fiquei todo vermelho ainda moro com ele mais nao por muito tempo,entao nem preciso dizer que sou cotra qualquer tipo de violencia.

Anônimo disse...

Bom, a sua história é similar a minha sei entendo oque é isso sair da Escola que é Treinamento de Guerra e ir para Casa que é o Campo de Guerra, meu pai(o pai dos meus irmãos)tambem era assim um mostro, um estupido, violento,agressivo,abusivo várias vezes eu via ele bate na minha mãe,na minha irmã e eu tinha medo,até que um dia eu me tornei a vitima preferida dele, eu não tinha amigos, até pq eu sofri um acidente quando nova minha diversão era limitada, eu não tinha para quem conta por que as pessoas davam razão a ele,eu não podia contar na escola, eu era nova demais para saber ou procurar ajudar, eu lembro que eu erra uma pequena criança que queria superar a vida.Eu sonhava apenas em sair daquela Guerra e encontrar a paz , a felicidade mesmo que ela fosse pouco,mas para mim era tudo, era ruim demais era sessão porrada de dia, sessão porrada no almoço, sessão porrada na tarde,de noite, muitas das vezes eu nem contava para minha mãe,afim de evitar seção porrada na madrugada,e era de tudo fio , pau,tijolo,pedra,mas oque doia mais era as palavras que ele falava isso as vezes doi
-você nunca será nada,nem niguem, você é um verme, a culpa é sua por está apanhando,você nunca isso,nunca aquilo.É dificil esquecer certas palavras quando elas estão enraizadas.Acho que foi Deus que me deu uma super mega auto estima, e um irmão que ele me deu que já se foi e nunca deixou meus sonhos morrerem.Até que um dia eu dei um basta, eu com 11 anos fui procurar os meus direito, no inicio eu era vista como a filha negra,a degenerada,mas foi só eu ir que logo depois todo mundo se rebelou.Eu sofri muito para esquecer as coisas que ele fez,tinha dias que eu tinha medo tudo se misturava a violência, o bullying da escola, a dor do acidente que sofri, durante muitos anos eu deixei de sair,eu deixei de viver,eu deixei de comer,de sorrir de ser feliz por causa disso e quando eu cheguei no meu momento que enfim Agora eu superei eu perdi o meu irmão,mas isso não me fez mais triste,isso me fez mais forte eu superei,eu consegui me ama,eu consegui viver, hoje com 27 anos eu não sofro mais de depressão por causa disso, eu aprendi a sorrir,a viver, e não deixa mais ninguem me machucar ou pisa em cima dos meus sentimentos, claro que isso reflete um pouco nos meus relacionamentos, a vida leva tempo, mas hoje eu posso dizer - Você não me machucar mais,não importa oque você diga importa oque eu faça, o meu destino eu mesmo faço e eu nunca serei igual a você,nunca,por que eu superei.

Anônimo disse...

Eu sou uma péssima filha, todos falam isto. E que sou irritante,chata, não respeito ninguém. Desde pequena meus pais batem em mim, e dizem que é por razão, pois estou completamente errada.
Eu apanho desde pequena, mas...
Fazia um "bom tempo" que meu pai não me batia, minha mãe me bateu ano passado a ultima vez, meu pai viu e não fez nada. Mas nesta sexta-feira, meu pai me bateu, pois ele falou que me estava demorando para ir para a escola (Pois ele quer sair de casa de 7 horas, pois diz que se não chega se atrasa na escola, e eram 7 e 7. Porém a escola toca de 7 e 20 e entra realmente de 7 e 30. E demora uns 5 minutos para chegar nela, pois vamos de carro). Ele então me bateu no banheiro onde estava passando maquiagem, e iria então passar o batom, meu batom quebrou(eu gostava muito daquela cor), pois ele me bateu com o sinto e bateu na minha mãe o o batom voo e quebrou. Então ele queria que eu entrasse no carro, e eu não entrei, pois ele falou que iria me bater na frente da escola, na frente de todo mundo; Ele então me bateu mais, não na frente da escola, mas na minha rua, na frente de todos. Eu então iria descer para casa (Nesta memento minha mãe estava também ao seu lado dizendo: - Esta menina quer nos ver mortos, quer nos matar do coração.
- Pare Davi, isto só fara você infarta mais rápido, acabaras morrendo ai. E é isto mesmo que ela quer ver, eu e você mortos. (Isto na frente de todos)
Mas enquanto isto ele me batia, pegou em meu cabelos e me jogou no chão, eu machuquei minha mão esquerda. Então fui para a casa dos meu avôs, e não chorei na frente dele, mas ali comecei a chorar(E estou chorando e tremendo só de escrever isto. E já chorei muito. E eu já choro muito, mas comecei a chorar bem mais). Lá minha avó conversou comigo, então ele apareceu, e ficou falando:
-Da próxima vez vai ser na frente da escola, ela sempre diz que vai chamar a policia, né? Eu vou preso lá mesmo. Mas eu vou bater nela na frente da escola.
Ela não faz nada, a unica obrigação é estudar, eu paguei cursinho para ela passar e ela não passou (Eu não passei no IFPE, mas passei na escola, mas queria sair de lá, por vários motivos), ela não faz nada dentro de casa, ela ira aprender a seguir as regras daquela escola, eu fui buscar a irmã dela um dia deste e estava ela e outra "bonitinha" sentadas em outro lugar, enquanto todos estavam na arquibancada(Estavam tirando fotos, para postar no site do exercito e da escola, já que era palestra do exercito, então me retirei da arquibancada por isto), ai para me chamarem de novo na escola, para receber reclamação(Nunca receberam reclamação da escola, mas a psicologa chamou ele para perguntar por que estava estranha, triste..., isto ano passado, ela me perguntava se alguém estava fazendo algo comigo. Tirando onda, mas eu sempre negava. Eu pedi para não falarem com meus pais, e mesmo assim o chamaram. Ele ficou jogando na minha cara isto, e ate hoje joga. Ele disse que tinha razão, pois me visto assim, sou assim. Ai depois fico querendo que não tirem onda, então que eu faça por onde não tirarem onda. Disse que eu era "sebosa", que tinha razão de me chamarem de doida, pois faço por onde. Eu pedi para não chamarem ele's).
Uma vez eu estava arrumando a casa e chegaram e ele e minha mãe, mas principalmente ele ficaram me chamando de doida, ela depois de ver que eu estava arrumando a casa, pediu desculpa, mas ele não, apenas parau de repetir, mas ainda demorou um "tempinho".
Eu estou com as marcas roxas nas pernas de sexta-feira, e com muita dor de cabeça, e meu corpo doí, estou me sentindo mal, tonta e nauseada, e enjoada e com ânsias de vomito. Eu estou chorando muito quando estou sozinha.
Minha avó veio aqui agora, e perguntou se eu estava bem, e eu comecei a chorar. Ela disse para eu conversar mais, poderia ir na casa dela para isto, ou conversa com Rayanne. Mas eu não estou me sentindo bem, estou me sentindo mal e sufocada.

Patricia disse...

Anônima,
você teria como morar com sua avó?Ela te acolheria caso você viesse a denunciar os seus pais?
Estou te perguntando porque talvez seja esse o seu motivo para não denunciar.O medo de não saber o que vai acontecer com você,para onde você vai,e isso é compreensível.

Eu sei que o 'peso' de denunciar os seus pais também é difícil.Sempre vai existir um certo 'laço' te prendendo as pessoas que te criaram,mas se você tiver uma maneira de se desvencilhar,eu te aconselharia a fazer isso,porque você não esta recebendo um tratamento digno.Sob circunstância nenhuma seu pai tem o direito de fazer isso com você,e os traumas já são bem claros.

Se não for possível resolver a situação,procure pelo menos alguém para conversar(se isso te ajudar,claro).

Enfim,se possível,não deixe a situação se agravar.Quanto antes você sair da situação de abuso e buscar formas de superá-la,melhor.

Nem sei se o que eu estou te dizendo vai te ajudar de alguma forma,mas é muito triste ver sua impotência diante do tratamento dos seus pais e ficar calada.

Enfim,força e não se culpe,você não é culpada de ser agredida.

Abraços:)

Jamille disse...

Me identifico muito com seu relato e passo por isso até os dias de hoje, mesmo sendo casada, mas com outras formas de violência. Ele faz questão de denegrir minha imagem com todos os meus vizinhos e já fez isso com toda minha familia também, cheguei a me exilar de toda a minha familia por ser julgada injustamente. Tenho problemas com meus relacionamentos interpessoais pois não consigo confiar em ninguem, só quem passa por esta situação consegue mensurar tamanha dor que isso nos causa. E como conseguir assimilar td que aconteceu e ficar bem novamente? Eu desconheço. Pois tenho 27 anos, sou graduada, tenho um filho e um ótimo marido mas não consigo tirar este rancor de mim. Sou uma pessoa amargurada, seca e muito traumatizada. Acho que nem um tratamento de anos com um psicanalista iria abrandar toda a tragédia que foi minha vida. E como vc disse, as pessoas fecham os olhos para a violência, ninguém quer se expor e isso se torna um circulo vicioso que nunca acaba. Para vc ter uma idéia, ontem mesmo eu escutei ele conversando com os pedreiros que construiam o segundo andar do meu vizinho, dizia a eles que eu fazia do meu filho um prisioneiro ( ele diz isso por eu não deixar ter contato com ele) e disse que possui uma grande vontade de meter duas balas, uma em mim e outra no meu marido. Ele tem raiva do meu marido pq ele me defende. Na hora me exaltei e comecei a gritar pela janela, o chamei de psicopata e esquizofrênico, que ele deveria se tratar e como eu podia ter um pai que era meu inimigo, de onde veio tanto ódio de uma pessoa que me colocou no mundo. Sabe o que é pior, os outros (vizinhos) te olham com uma cara como se vc fosse a culpada por esta situação e são coniventes com tudo que vêem. Eu tenho vergonha até de colocar o lixo pra fora. Minha auto estima está dilacerada.

Anônimo disse...

Eu nunca sofri isso mas se fosse vc denunciaria desde cedo ou reagiria batendo nele de volta.

Matheus disse...

A M. por meio das palavras dela, contou minha história, ou parte dela, eu tenho 13 anos neste momento e já recorro a ler em blog's e sites a violência que meu pai faz contra mim, se eu tomo água gelada, ele me bate! Ele não é mais, pra mim, um pai! Eu odeio ele, e todo dia peço a Deus que ele morra em um acidente ou algo do tipo, sempre apanhei e fiquei de boca fechada, sempre me trancava no quarto e nunca saia até ele vim e falar: "Você se machucou?" Meu nome é Matheus Felix e tenho vergonha de ter um pai assim, e como a M. disse, todos sabem e acham isso normal. Um absurdo! Essa sua história me emocionou, e de certa forma, me fez desabafar, um dia eu ainda mato meu pai! Obrigado pelo "Post",eu sei que não sou mulher para estar aqui neste blog, mas acho muito interessante seu blog Lola, continue assim!

Anônimo disse...

Eu estou em prantos. Tenho 16 anos, e penso assim tudo que quero é morar longe daqui, passar em uma universidade a quilômetros de distancia. Não foram muitas as surras que meu pai me deu, mas me criou na base do medo. Hoje meu pai me bateu e estou procurando motivos para tal ato, para não odiá-lo. Motivos tão banais, como eles não percebem quão violentos estão sendo. Minha mãe tentou me proteger, mas como a sua, quer manter essa imagem ridicula de familia normal, boa e bem estruturada e já me disse que se um dia eu vier denunciar meu pai, ela vai me expulsar de casa. Meu pai nos criou com tanto temor e violencia que hoje sofro com a do meu irmão também, frenquentemente ele se irrita e desconta em mim e a única coisa que minha mão diz é: você não é o pai dela para bater nela. O pai da minha mãe bebia e ela não confia nele, ela não me conta nada sobre o passado dela, mas presumo que ela tenho sofrido com isso também. Apesar de tudo me tornei uma pessoa que odeia injustiça e que acredita plenamente no poder das palavras, da conversa (o que dificulta ainda mais minha convivência com minha família). Eu tenho 16 anos, eu sou uma adolescente, entendo muito pouco da vida, não sou inocente e nem desculpada. Mas se eles conversassem comigo, quem sabe eu seria uma pessoa melhor, mais controlada. Acredito que o respeito tem que ser mutuo, e me esforço para não desrespeitar quem não ele comigo. Eu to me sentindo tão suja, eu já pensei em me matar, em ir embora. Mas não importa o que eu faça, o meu passado já me pertence. Há males que vem para bem, e sei que jamais permitirei que isso aconteça diante de mim novamente. Ficar calada, é como se eu consentisse com tudo isso, e de certa forma é por isso que eu tenho vergonha de dizer que já sofri abusos. Só espero que meu passado não me torne uma pessoa ruim, é o minimo que posso fazer.

Unknown disse...

É triste, sem como é isso, vivencio essa historia todos os dias. Tenho 22 anos, moro com minha mãe e meu irmão, meu pai separou da minha a pouco tempo mas continua vindo aqui em casa com frequência. ele ainda nos sustenta, e por isso se acha no direito de bater em todos. Fui criada vendo meu pai bater em minha mãe quando chegava bêbado em casa e até mesmo por causa de outras mulheres. Meu pai sempre batia em mim e no meu irmão quando crianças.Quando crescemos, graças a Deus ele parou de bater em minha mãe, no entanto ele continua me batendo e não me respeita, acha que o fato deu ser filha dar o direito dele fazer o que qr comigo. Não me chama pelo nome, apenas por palavrões, mas sempre que precisa de algum favor, até dinheiro emprestado, eu dou e faço o que ele pede sem problemas. O meu irmão cresceu e ficou agressivo e machista( reflexo do meu pai) e todas as vezes q faço algo q ele não gosta ele me bate. Não estou mais aguentando essa vida e não sei o que fazer.

Anônimo disse...

Lola, minha situação é igualzinha a sua. Somos em quatro filhas e minha mãe, mas a minha mãe sempre sofreu mais coitada. E era sempre a favor dele. É muito triste. E sabe do pior, ela faleceu esses dias de doenças (várias) que deu nela, e o meu pai não tem remorso algum. Tenho medo de puni-lo e não ter o perdão de Deus. Mas vivo triste e sempre tive dificuldades com amizades, não consigo confiar nas pessoas. Vivo numa cidade (apartamento) e não tenho amizades, somente tenho meus filhos e meu marido. Sempre choro muito por tudo, isso faz mal a todas as filhas, cada uma com um problema psicológico diferente, mas todas com problemas e confiar nas pessoas. Te desejo muitas felicidades, que um dia superamos essa fase de nossas vidas, que é triste demais. Beijos Eloisa.

Anônimo disse...

Eu acho covardia bater numa criança com cinta sério

Anônimo disse...

Passo pela mesma situação. Meu pai é um monstro, ele me batia bastante quando eu era criança, isso além da violência psicologia q ele exercia sobre mim e minha irmã. Eu e minha irmã temos auto estima baixa por conta de TUDO oq ele fazia na nossa infância e adolescência. Outro dia msm, só por q eu não queria sair para almoçar, ele colocou a mão na minha cara e falou o seguinte: "Eu vou bater em vc q nem gente grande! Vc já é grande!" Isso com a mão fechada em punho no meu queixo, em posição de luta, enquanto ameaçava me espancar. Minha mãe sempre ficou do lado dele, não importa se ele está errado, não importa q ela saiba, ou tenha visto, as coisas q ele faz ou fez, ela sempre fica do lado dele. SEMPRE.

Anônimo disse...

Meu pai é a mesma coisa. Um covarde q não tem coragem de procurar alguém do tamanho dele

Anônimo disse...

Exatamente!

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