segunda-feira, 14 de maio de 2012

ALGUMAS IDEIAS REVOLUCIONÁRIAS SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE

Quando ela era criança na Espanha e lhe faziam a clássica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, ela respondia: “Homem”. Hoje Beatriz Preciado tem 41 anos, é uma filósofa e ativista queer que leciona em Paris, e se declara transgênero. Eu nunca tinha ouvido falar nela antes de uma leitora me indicar sua obra (viram como aprendo com vocês?). 
O livro mais recente de Preciado é Pornotopía, que trata de como a pornografia, a partir dos anos 1950, vira uma cultura de massas (é possível lê-lo aqui). “E a masturbação, que no século 19 era vista como patologia e perda de tempo, depois da Segunda Guerra se converte numa plataforma de produção de capital”, diz ela. Logo, Hugh Hefner, fundador da Playboy, não se vê como pornógrafo, mas como arquiteto, que tenta ajudar os americanos a reconquistar o espaço doméstico. “Mais que uma revista com mulheres nuas, a Playboy tinha o projeto de abrir a casa hétero do modelo de consumo e reprodução para um de prazer e capital” (veja aqui uma palestra de Preciado em espanhol).
Mas o livro mais famoso de Preciado, um clássico do movimento transgênero ou queer, é Manifiesto Contrasexual, de 2002. Em Testo Yonqui ela fala, entre outras coisas, de como aplica testosterona nela mesma. Yonqui é junkie em inglês, viciad@. Preciado não quer fazer cirurgia pra mudança de sexo. Ao contrário do que dizia na infância, não quer virar homem. É lésbica e se reserva o direito de não querer pertencer a um só gênero (feminino ou masculino).
Dois anos atrás, ela deu esta entrevista ao El País. Achei espetacular, muito provocadora, e decidi traduzir alguns trechos.
Gostei porque sabe aquele post em que perguntei, de modo totalmente intuitivo e sem nenhum embasamento teórico, se seria possível virar lésbica? Então, Preciado fala algumas coisas bem parecidas. Fico feliz ao ver que eu não falo só besteira! Diz ela: “A sexualidade é muito comparável às línguas. Aprender outra sexualidade é como aprender outras línguas. E todo mundo pode falar as línguas que quiser. Há apenas que aprendê-las, igual à sexualidade. Qualquer um pode aprender as práticas da heterossexualidade, da homossexualidade, do masoquismo...
A jornalista pergunta se não há uma sexualidade materna, assim como há uma língua materna. Para Preciado, “Há uma sexualidade que constitui o seu selo de doutrinação. Aquela que você aprende a reconhecer como natural. Mas enquanto você aprende uma segunda língua você sabe que há mais, que inclusive você pode abandonar a primeira língua sem o menor problema. Eu estive anos sem falar espanhol e o faço bem, não?
Muito bem! Preciado é uma gracinha. Mas não sei se querer é poder. Porque, se a gente pensar que um hétero pode tornar sua sexualidade mais flexível e ser homo, ou bi, a gente também vai acreditar que um homossexual pode ser "convertido" para a heterossexualidade (que é o que os fanáticos religiosos prometem com a graça de deus). Claro que ela está falando o contrário de um religioso -- ela não quer camisas de força. Preciado diz: “Não creio na identidade sexual, me parece uma ficção. Um fantasma em que alguém se pode instalar e viver confortavelmente”.
Acho que ela está tratando ao mesmo tempo de gênero (feminino/masculino/trans) e de orientação sexual (homo/bi/hétero etc). Por exemplo, o que ela diz pode dar um nó na cabeça não só de héteros quadradinhos como eu mas também na de gays e lésbicas assumidos: “O que observo nas pessoas é uma tensão ainda que inconsciente para adequar-se ao que se supõe que é feminino, masculino, heterossexual ou homossexual. Eu também experimentei a pressão homossexual ao dizer que não sou um cara ou uma cara. Na homossexualidade há restrições, regras precisas. A tensão está ali. A revolução é outra coisa”. 
Ela vê sexo e gênero como construções biopolíticas: “o masculino é visto como técnica, construção, cultura. O feminino é visto como natureza, reprodução. O que é construído é essa distinção entre natureza e cultura que não existe, que é fictícia. [Os cromossomos XX e XY] são um modelo teórico que aparece no século 20 para tentar entender uma estrutura biológica, ponto”.
E, por incrível que pareça, ela não acha que vivemos numa cultura hedonista: “O fato de que o que movimenta a cultura seja o prazer não quer dizer que o fim seja hedonista. O objetivo é a produção, o consumo, e, na sua etapa final, a destruição. O desafio para o que deveria ser uma esquerda para o século 21 é tomar consciência desse estado de depressão coletiva. Deve ser diferente da direita, que vive na euforia do consumo, na produção de desigualdades, na destruição. A esquerda tem que dizer: m*rda, já estamos c*gando, e isso tem que levar a um despertar revolucionário. E creio que isso pode vir daqueles que estamos à margem do político: os gays, as lésbicas, os yonquis, as putas. Ali há modos de produção estratégicos para a cultura e a economia, aí sim estão produzindo-se soluções”.
E aqui algo que concordo 100% com ela, e que eu (e outras feministas) vivo dizendo: “Se há algo que está em crise, é a masculinidade. Desde o feminismo tem havido um trabalho crítico, mas, da parte dos rapazes, nada.
Radical, Preciado propõe ensinar às meninas não técnicas de defesa pessoal (porque, numa cultura bélica como a que vivemos, isso já as colocaria em desvantagem), mas técnicas de ataque pessoal: Busco alternativas radicais à cultura da guerra, e uma delas é o acesso igualitário às técnicas da violência. Toni Negri dizia: é preciso dar armas ao povo, já que o Estado anda armado. Eu diria: é preciso dar armas às mulheres, já que os homens andam armados. É uma guerra fria: você tem armas, eu também”.
Ahn, não concordo com isso. Quero paz. Quero uma população desarmada. Mas, se eu tivesse filhas, elas fariam alguma arte marcial desde pequeninas. Pra defesa, não pra ataque. Se bem que entendo que isso pode não ser eficaz.
Bom, pessoas, vocês já tem pólvora para uma bela discussão. Explodam esta caixa de comentários (mas com delicadeza, educação e, se possível, humor).

100 comentários:

Anônimo disse...

"Ahn, não concordo com isso. Quero paz. Quero uma população desarmada. Mas, se eu tivesse filhas, elas fariam alguma arte marcial desde pequeninas. Pra defesa, não pra ataque."

No meu caso seria para as duas coisas, porque atacar às vezes é necessário sim.

Anônimo disse...

Mas não sei se querer é poder. Porque, se a gente pensar que um hétero pode tornar sua sexualidade mais flexível e ser homo, ou bi, a gente também vai acreditar que um homossexual pode ser "convertido" para a heterossexualidade

Não digo convertido mas uma pessoa pode ao longo da vida gostar de outras coisas, querer experimentar e acabar ficando de um ou de outro lado.

Passei a maior parte da minha vida me relacionando sexualmente com mulheres, de repente conheci um cara foda, gamei e casei com ele. Hoje eu sou o que, total flex? hauhuahauahah... odeio rótulos.

André disse...

Creio que os religiosos desejam converter os gays para que estes deixem de sofrer o bullying imposto pelos próprios religiosos, tipo flanelinhas do sexo alheio.

Anônimo disse...

O desafio para o que deveria ser uma esquerda para o século 21 é tomar consciência desse estado de depressão coletiva.

É verdade... ainda mais vivendo em um mundo onde tudo que se vende é a tal da felicidade.

Fique mais bonita, use o creme tal, seja feliz!

Ande de carrão, vc vai ser mais feliz!

Compre o apto tal, vc vai ser muito feliz nele.

acho que eles soletraram "endividamento" de maneira errada.... e claro que depois de tanta ilusão é mto difícil não ser deprimido.

Eduardo Marques disse...

Lola, por que vc não abre logo um forum?

www.forumeiros.com/

Taí, esse site já é um começo. Acho que existe gente o suficiente aqui que apóia vc e disposta a a ajudá-la, se quiser fazer algo mais elaborado.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Esse lance da pornografia descrito no texto é meio maniqueísta; Acrdito que a pornografia, tirada a frieza das cenas, pode dar uma idéia bacana sobre variações de posições.
Claro que não é para imitar a frieza dos filmes e na vida real, tem que haver várias carícias e toques, estímulos.A verdade é que os homens devem se tornar amantes, antes de tudo, e entender a essência feminina.
Sobre a playboy: até o início dos anos 80, era uma revista para gentlemen, bons vivants, que apreciavam as mulheres em suas nuances.As fotos eram verdadeiras obras de arte, obras primas, que faziam jus a beleza das deusas fotografadas nas revistas.
Agora, tal revista perdeu sua expressão, embora não sendo vulgar como a hustler.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Outra coisa, o hedonismo é uma busca individual, nunca coletiva.
Uma pessoa dionisíaca o é, independente da cultura a qual está inserida.

Anônimo disse...


Claro que não é para imitar a frieza dos filmes e na vida real, tem que haver várias carícias e toques, estímulos.A verdade é que os homens devem se tornar amantes, antes de tudo, e entender a essência feminina.


Fica meio difícil entender a essência feminina quando 2 homens inserem membros onde deveria entrar um só, mais um terceiro na boca e ao final distribuindo suas melecas na cara de uma sorridente atriz.

Sonado Alaikor disse...

Concordo com a colocação de que a definição de sexualidades é uma acepção do absurdo, amar não deve ser restringido por este ou aquele conceito, coletivo ou individual. Pena-se muito em tentar ser feliz pela incapacidade de se compreender que a felicidade é plural. Mesmo assim devemos respeitar as decisões individuais.

Agora, sobre: “Se há algo que está em crise, é a masculinidade. Desde o feminismo tem havido um trabalho crítico, mas, da parte dos rapazes, nada.”
Aqui vejo uma dualidade. Realmente há uma crise da masculinidade, principalmente por ainda termos uma criação machista (dada tanto por pais quanto por mães em geral), alem das diversas cobranças sociais de que o homem assuma posturas que já não cabem a realidade que se esta tentando construir.
Cobra-se masculinidade sem se ensinar ao homem como o ser na nova formatação social. Isso gera muitos dos machismos comportamentais orgânicos não percebidos no dia a dia.
Estamos tentando nos adaptar, mas como sempre, esta sendo feita cobranças, alem de uma generalização que não cai bem. É uma acusação similar a de tratar todas as mulheres levando por base as que tem faláceas de submissão. Um tanto injusto para ser mais claro.

Carol M disse...

Pra entender posição é mais jogo ler o kama sutra, mais instrutivo e menos ofensivo.

O hedonismo pode ser uma postura individual, mas uma cultura hedonista estimularia a busca pelo prazer. Nossa cultura estimula o consumo, travestido de prazer e realização. O que não vende não é divulgado, por mais que seja prazeroso.

Gostei da comparação da sexualidade com línguas, pq vc pode aprender novas línguas, mas vc não tem como desaprendê-las. Quem se propõe a eliminar as tendencias homossexuais quer que a pessoa desaprenda, o que é impossível, ela pode não por em pratica, mas o instinto está lá.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Rapaz, te digo:

Se isso fosse num contexto de pleno consenso, afeto, e desejo entre as pessoas, você não estaria falando isso e o swing e o menàge a trois não existiriam.Como disse, o filme não é para ser visualizado no contexto real do sexo.
O que quis dizer é que num contexto lúdico de variação de posições é válido, mas na vida real tem que haver respeito e desejo.
Há uma grande diferença em meter, trepar e fazer amor.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Deixa esclarecer uma coisa:

"Fica meio difícil entender a essência feminina quando 2 homens inserem membros onde deveria entrar um só, mais um terceiro na boca e ao final distribuindo suas melecas na cara de uma sorridente atriz."

Se você levar isso ao pé da letra e achar que isso não pode ser levado a realidade, num contexto de tesão, carinho e desejo, não existiria o menàge a trois e nem o swing.

Anônimo disse...

Gostei desse comentário das 10:46:

"Passei a maior parte da minha vida me relacionando sexualmente com mulheres, de repente conheci um cara foda, gamei e casei com ele. Hoje eu sou o que, total flex? hauhuahauahah... odeio rótulos."


Também não gosto de rótulos.
Sou hetero e até hoje não tive vontade nem curiosidade de ficar com mulheres.
Mas pode acontecer, como aconteceu com ela, vai saber.
Muito interessante o artigo Lola.
Bom, eu vejo um pouco de preconceito por parte dos homossexuais em relação aos heteros (não estou falando sobre a discriminação que homossexuais sofrem pela sociedade ao se assumirem, em relação a empregos, e a violência inadmissível q sofrem, moral ou física)

Mas falo de um precoceito sim por parte dos proprios homessexuais de "vc é homo e se virar hetero está traindo o movimento" ou de um sentido de traição resolve ter uma experiencia hetero e às vezes fica por lá, como no comentário.

Lana

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

O kama sutra tem uma coisa chata que o sexo é vista naaquela concepção do hinduísmo e toda aquela estória dos shakras e do karma.
Pô, isso é brochante pensar em shakra e em Karma.
Fico me lembrando daquele lance das uniões kármicas do Nessaham Alita, que a Lola postou e geral morreu de tanto rir aqui no blog.

Como recordar é mais garantia de dar risadas, lá vem o replay:


P:"Em um outro tópico da comunidade, cita-se um texto que argumenta ocorrerem efeitos desastrosos quando se ejacula ao fazer sexo anal. Afirma-se que, quando os espermatozóides encontram-se com a matéria fecal, há a criação de um agente destruidor, pois houve o encontro de vida e morte. Qual a sua posição acerca desta questão?"

Nessahan: O sêmen ejaculado, em qualquer caso, se degenera e dá origem a monstros astrais e mentais (larvas).

Anônimo disse...

Adoro essa idéia do blog que quem é esquerda é do bem e quem é de direita é malvado...

Marussia de Andrade Guedes disse...

O que a autora quer dizer é que podemos aprender outras formas de ter prazer como, por exemplo, transar com pessoas do mesmo sexo. Vc pode sentir prazer transando com pessoas do mesmo sexo, isso não quer dizer que vc se tornou homo ou bi. Uma coisa é vc curtir uma transa, outra é vc se envolver emocionalmente com alguém do mesmo sexo. Para curtir uma transa basta estar aberto a novas experiências. Sexo é sexo. Vc aprende a ter prazer de diversas formas, usando objetos eróticos, por exemplo. No caso do sexo entre mulheres, o beijo na boca é igual , o sexo oral é igual, as carícias são iguais, só não há penetração. Mas o sexo não precisa de penetração para ser bom. Além do mais vc pode curtir com um homem participando. Fica mais gostoso para quem não é homo ou bissexual ter a presença do sexo oposto. Ainda hoje, existem pessoas que não curtem o prazer da masturbação. Para que isso mude é só elas se permitirem. A mesma coisa vale para o sexo com pessoas do mesmo sexo.

Anônimo disse...

Lola, acho que ela fala de armas bem mais que armas... Eu concordo com ela, eu também quero as marginais e todas aquelas que se busca assujeitar, armadas.

Feliz pelo trabalho de Preciado se tornar conhecido!

Marina disse...

Acho ótimo haver contestações de todo o tipo, mas peraê -- "Os cromossomos XX e XY são um modelo teórico que aparece no século 20 para tentar entender uma estrutura biológica, ponto"..Pááára tudooo...os cromossomos XX e XY não são somente um modelo teórico, são fatos científicos, exaustivamente comprovados, que acarretam em diferentes componentes sendo sintetizados pelas células do corpo! Não se pode confundir gênero com orientação sexual!
Gênero não se escolhe, se nasce mulher, homem ou, em alguns casos, hermafrodita..Mesmo uma pessoa que mude de gênero fenotipicamente (aparência), continuará com seu genótipo(os genes propriamente ditos) intacto! Considero que essa confusão não seja saudável, inclusive podendo dar argumentos (ridículos, eu sei) para fanáticos religiosos..Umas coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!!!!

nanachan290 disse...

Lola, assisti recentemente um vídeo de um cara no youtube que fala sobre Homossexualidade, acho que ele é biólogo. O que ele fala, basicamente, é que praticamente não existe ninguem estritamente heterossexual ou estritamente homossexual. Existe um degradê enorme entre uma ponta e outra, e por isso é natural que em algum momento na vida de alguém a pessoa possa se interessar por outra pessoa do mesmo sexo. eu achei o vídeo interessante, não concordo com algumas coisas mas acho que abre uma discussão interessante. http://www.youtube.com/watch?v=Gn0R-gb9SMc

Anônimo disse...

Lá venho eu comentar sobre isso DE NOVO. Vamos lá...

Não creio (o que não é só uma crença minha) que as pessoas escolham se tornar heterossexuais ou homossexuais, bissexuais, etc... Acredito que, na realidade, essas nomeações são consequências dessa necessidade compulsiva d@ ser human@ de nomear as coisas. Creio que, se não todas, a GRANDE MAIORIA das pessoas se encontram em um estado sexualidade aberta... Acredito que todos temos uma disposição bissexual natural...
A psicanálise expande muito os conceitos nesse sentido pois afirma que a sexualidade não está apenas relacionada ao sexo, gênero e orientação sexual, mas também com toda a nossa interação com o ambiente. Exercemos nossa sexualidade o tempo inteiro, pois ela é a energia vital de interação, é o que move o ser (libido). Pensando nessa linha, você perceberá que não é loucura dizer que todo ser humano é bissexual, pois todos nos relacionamos (não só "coitamente" falando) com ambos os sexos.
A sexualidade, em toda a sua amplitude, é uma CONDIÇÃO humana, e não uma opção... Se fosse opção seria muito fácil: sou gay e sofro preconceito? Melhor voltar a ser hetero! PRILIM-PIM-PIM, num passe de mágica!!
Acho errado dizer que é uma questão de opção, pois na realidade a sexualidade humana vai muito além disso.

Carla disse...

Lola,

seguindo essa linha de discussão da Beatriz Preciado e indo mais além - biopolítica, língua/sexualidade/gênero aprendidos culturalmente, mundo pós-gênero -,
indico um livro muito bom:
"Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano", organizado por Tomaz Tadeu.
Nesse livro tem um texto da Donna Haraway (se não conhece procure! ela é muito foda), o "Manifesto ciborgue – ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX".
Dá pra achar pela internet, principalmente a versão em inglês.

Esse texto me impressionou muito. Sem exagero, mudou minha concepção sobre várias coisas.
Ela discute o que seriam os desafios para o feminismo de esquerda nessa nova era; e a utopia de um mundo pós-gênero. É genial, além de muito bonito.

Bruno S disse...

A analogia com os idiomas me pareceu ótima. Sem falar que utilizar a palavra língua para discutir sexualidade é sempre sugestiva.

A parte da crise da masculinidade é interessante. Em vez de procurar se readequar às mudanças, vejo muitos dos homens procurando culpados.

Sejam os gays, as mulheres (especialmente feministas), os homens que tentam achar seu espaço. Mas nunca reclamam do machismo.

aiaiai disse...

Muito bom! Adorei a Preciado. Precisamos de mais pessoas assim.

Anônimo disse...

"Há uma grande diferença em meter, trepar e fazer amor."

desculpae mas não tem, nenhumazinhazinha.

Anônimo disse...

a analogia com as línguas não é boa. ninguém 'perde' ou muda sua língua materna (pesquisem as teorias linguísticas e verão). você pode aprender outras línguas, infinitamente, mas para conseguir soar como um nativo em infinitas línguas seria necessário estudá-las desde cedo. tente soar como um nativo começando a estudar aos 22 anos, p.ex. - impossível.

Quanto à sexualidade, jesus!, não sei se é tão mutável. O que sei é que sou a favor de deixar as pessoas se descobrirem e exercerem aquilo que as deixa mais feliz - à exceção da pedofilia e do estupro (das formas da sexualidade em geral que violentam o outro - não falam dos SM pois há consentimento).

Luciana disse...

Como não podia faltar os guerreiros da real já chegaram para sua trollada diária HAHAHA sério vocês são a minha dose diária de risadas aqui no blog da Lola,a despeito dos excelentes posts dela vocês são a grande piada e de péssimo gosto eu diria.
"Metam a real"
"Matrix das feminazis"
KAORKAORKAOAKAO só não são mais patéticos porque a criatividade ta em baixa.

Anônimo disse...

Não entendo toda a implicância com o Hugh Hefner. Recomendo o documentário sobre ele - http://www.imdb.com/title/tt1503776/ - pra desmistificar todas essas visões preconceituosas que se tem dele. sempre foi um ativista a favor dos negros e, pasmem, das mulheres.

Skadi disse...

Não sei por que a maioria das pessoas acha que pornô pra mulher tem que ser fófis e romântico. Eu prefiro selvagem e melequento, mesmo =P

CCX disse...

Ai, ai, ai, acho que não concordo com a autora apresentada, pois conheço várias pessoas que tentaram muito ser hetero antes se assumirem como gays, por isso sou da teoria que sexualidade é característica pessoal, não algo aprendido ou social.
De qualquer forma é sempre bom conhecer outras idéias, outras hipóteses e refletir sobre elas.
Beijos!

Sara disse...

tb não gostei da analogia com linguas, aprender uma lingua seja a materna ou outras envolve uma necessidade imperativa, ja a sexualidade envolve principalmente prazer, não me vejo com a mente tão fechada, mas nem me imagino tendo prazer que não seja da forma que me desperta o desejo, no meu caso a forma heterosexual.
Embora ja tenha feito no inicio da minha adolescencia incursões no terreno da homossexualidade, mas muito superficiais que não me causaram desejo de ir frente.

Anônimo disse...

'A esquerda tem que dizer: m*rda, já estamos c*gando, e isso tem que levar a um despertar revolucionário. '

Até que enfim alguém acertou!! A revolución da esquerda é exatamente isso daí!!

Anatomista disse...

Isso é um absurdo. Eu quero ser um pássaro, vou ver se consigo voar. Ela pode até ter uma pênis artificial, mas NUNCA será um MACHO...Para começar, o sistema reprodutor feminino é mto diferente do sistema reprodutor masculino. E JAMAIS por vontade nenhuma o cromossomo XX vai ser XY.

Sonado Alaikor disse...

"A parte da crise da masculinidade é interessante. Em vez de procurar se readequar às mudanças, vejo muitos dos homens procurando culpados.

Sejam os gays, as mulheres (especialmente feministas), os homens que tentam achar seu espaço. Mas nunca reclamam do machismo."

Realmente nós homens temos tido uma grande dificuldade em lidar com tais transformações. Mas isso é fácil de compreender (eu não digo em aceitar), não somos criados para compreender nossos erros.
Quando novos, costumeiramente ao cometer algum erro, temos nossas mães por perto, muitas vezes não tendo tato, paciência ou a preocupação de nos mostrar como corrigir o erro. Ou ela passa a mão em nossas cabeças, ou nos repreende por termos ousado tentar, ou simplesmente acaba por fazer da forma correta em nosso lugar.
Essa tendencia a não estimular a auto reflexão nos garotos cria homens arrogantes, machistas e reacionários. Infelizmente o fim do machismo passa por mudanças na estrutura educacional, tanto formal quanto domestica.

Niemi Hyyrynen disse...

Ou eu não entendi ou essa Preciado falou bobagem Lola:

Como assim "aprender" sexualidade? Sexualidade não se aprende, vc vive e vc vive pq vc tem um anceio por vivenciá-la, lógico que vc tem que "aprender" a se relacionar na nova vida que vc escolheu, pq a nossa sociedade é heteronormativa e já nascemos sob essa perspectiva muito antes de termos a chance de saber e escolher se é realmente isso que queremos.

Mas não acho que é uma questão que dê para comparar com aprendizado de uma lingua.

Quando vc aprende uma nova lingua, vc expande sua mente para muitas outras idéias, mas não quer dizer que vc não vá optar por uma ou por outra.

Anônimo disse...

LoLa, arte marcial ajuda tremendamente na rapidez de raciocínio e awareness/conscientização em geral. Também ajuda a pessoa a lidar com problemas de relacionamento de modo geral, pois aprende-se que violência é coisa séria e perigosa, e me refiro tb ao mais banal tipo de violência, se é que se pode dizer que alguma violência seja banal, como andar falando às indretas pra magoar as pessoas, coisas do gênero (a que me refiro como banal).

LoLa, o programa do Charlie Rose tem uma série de entrevistas ref. ao funcionamento do nosso cérebro e na última apresentação a abordagem foi AUTISMO... uma mesa redonda com as maiores autoridades científicas no assunto, cientistas de diferentes escolas e nacionalidades... talvez vc se interesse ao intersse a alguém que passa por aqui.

Anônimo disse...

Engraçado q estas feministas fálam tanto da pornografia masculina, q tratam as mulheres de forma mulheres submissa e mimimi, mas q na verdade só representam sexo, posições sexuais e tal.... mas ñ fálam uma só palavra sobre a "pornografia para mamães", como a Fifty Shades of Grey, aquela em q as mulheres sao tratadas como objeto mesmo, são agredidas, e é considerada pornografia feminina, q descreve a mulher como "possuídas" pelo homem. Aí ñ vejo feminista nenhuma falar nada. E pior: faz sucesso entre o público feminino.

Bruno S disse...

Niemi,

acho que a parte do aprendizado tem a ver com os papéis assumidos por diferentes campos da sexualidade.

A pessoa já pode ter a homossexualidade dentro de si, mas precisa aprender a vivê-la, assim como aprendemos a heteronormatividade todo o tempo. Na questão da língua materna, uma pessoa que primeiro tenha se identificado como homo, mesmo que tenha uma experiência hétero de muitos anos, não terá dificuldade para retomar sua identidade sexual original.

Me pareceu uma abordagem interessante.

Niemi Hyyrynen disse...

Bruno

Eu acho que foi eu quem falou bobagem então!

mas já estava suspeitando desde o princípio....rs

Skadi disse...

Anônimo das 15:50:

Não sei o que é esse shades of grey e algo que se intitula "pornô para mamães" não me desperta muito interesse. Mas ser submissa na cama não tem nada a ver com ser submissa na vida. São fantasias. Às vezes a gente usa palavras que parecem violentas e etc. mas que dão tesão para as duas partes. Enfim, cada casal tem as suas piras.

Bruno S disse...

Niemi,

como é um trecho de uma entrevista para um jornal, é possível que o jornalista tenha deixado um trecho que deixe margem a interpretações diferentes para ter espaço para polêmica.

Skadi disse...

Tipo assim: ter um cara lindo e tesudo pelo qual você tem aatração e intimidade te chamando de putinha aos sussurros no ouvido enquanto você está excitada é bem diferente de ser chamada de vadia por um desconhecido na rua.

E tem garotas que não gostam dessas palavras nem na cama, e não tem nada de errado nisso também.

Anônimo disse...

Passei a maior parte da minha vida me relacionando sexualmente com mulheres, de repente conheci um cara foda, gamei e casei com ele. Hoje eu sou o que, total flex? hauhuahauahah... odeio rótulos.


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meu caso, só que "ao contrário" ou seja, sempre gostei de caras até o dia em que conheci a mulher da minha vida.

não me considero gay, bi, homo, [definições mil], eu sou eu.... e fim de história, não tem pq ficar causando muito em cima disso

adorei o TOTAL FLEX

Giovanna disse...

Calmaê também... não acho que sexualidade seja questão de "aprender" como fazemos com as línguas.

Fisicamente não há nada que nos impeça ter prazer no sexo com qualquer indivíduo, isso a gente já sabe. Mas como fazer sexo sem antes sentir-se atraído pela pessoa?

Eu me sentiria extremamente desconfortável tendo relações com uma mulher, por mais que seja perfeitamente possível, fisicamente, obter prazer desse modo. É claro que vejo meninas que eu acho lindas, charmosas, etc. mas me imagino beijando, ficando com elas, e tipo, NÃO. Blé. Tipo ficar com a mãe.

Aind assim, vemos pessoas que descobrem ser homo/bi/etc depois de muito tempo. Creio que seja uma questão de se permitir. Assim como eu já explorei a ideia de ficar com uma menina e não curti, pode ser que essas descobertas sexuais sejam feitas quando a pessoa se rende aos seus desejos íntimos, deixando as normas sociais e as próprias noções que ela tem a respeito de si mesmo um pouco de lado durante aquele experimento mental. O ato físico de sexo é o de menos, até porque vai que a primeira experiência sexual de uma pessoa com outra do mesmo sexo seja meio ruim por questões de habilidade/prática, rs. Ela vai desistir de ser homosexual porque não foi tão prazeroso?

Acho que a orientação/condição/seilá sexual é determinada cedo, na infância, durante a formação de nossa psíque. Não sei direito como, muito menos se envolve mesmo coisas como o complexo de édipo. Mas quando percebemos que transar com a mãe é torto, repulsivo, terrível? Acho que nesse mesmo momento é determinada nossa sexualidade.

André disse...

As diferenças entre machos e fêmeas na espécie humana não são tão grandes. Creio que grande parte da aversão dos heteros pelas pessoas do mesmo sexo se dá em função da resposta social ou familiar. Na Grécia antiga o homosexualismo era praticado livremente, sem nenhum tipo de recriminação social. Será que eram todos gays ou a cultura de então não imbuía nas pessoas esse pânico gay que existe hoje?

Carol M disse...

Acho que se permitir é exatamente o ponto. Descobrir oq se curte ou não, mas sem tantas idéias pré-concebidas de certo e errado. Quando tratamos de sexualidade o foco é o prazer, ou deveria ser né.

Beatriz disse...

Eu acho q se aprende até certo ponto. Eu já fui super cabeça fechada e agora só não considero com animais ou cadáveres xD

Anônimo disse...

"Creio que os religiosos desejam converter os gays para que estes deixem de sofrer o bullying imposto pelos próprios religiosos"

André, eu sou católica, bem ativa na minha igreja e creia, esse bullying q vc fala é condenado pela igreja.
Sim, tem pesosas q usam a religiao como mascara para agressão pq não assumem seus proprios preconnceitos, mas nao sao todos.

Lana

Beatriz disse...

Sou católica tb. Tem um movimento chamado Diversidade Católica q é muit bom, luta por mudanças na igreja.

B. disse...

Passei a vida inteira (21 anos) como lésbica. Assumi para a sociedade e para a família, tive relacionamentos duradouros com outras lésbicas e tudo o mais. Ano passado vim morar no Canadá e me apaixonei por um homem. Estou há quase 1 ano com o mesmo. Ele foi o meu primeiro e único até agora. Não sei definir o que sou ou o que sinto. Sair do armário novamente foi um sufoco e se eu voltar a me relacionar com mulheres, enfrentarei as mesmas barras que aos 16 anos ao me assumir. Até porque o que mais escuto agora é: eu sabia que era só fase! Voce é muito bonita e nova para ser lésbica. RS.
Talvez eu sempre tenha sido bi e nem saiba porque no BR, só tive contato com machistas (família e conhecidos em geral), e acabei me fechando para a possibilidade de amar um ser do sexo masculino. Só tinha amigAs no BR por sequer suportar a presenca masculina (NÃO, NUNCA FUI ABUSADA SEXUALMENTE).
Cheguei aqui e me deparei com "MANGINAS" (ARGH pra esse termo) e estou loucamente apaixonada por um feminista ;) Do nível que pode derreter de calor no terrível verão daqui e não tira a blusa por crer no topfreedom equality :)
Enfim, meu relato saiu enorme mas é isso. Vamos nos abrir às possibilidades, amar independente do gEnero. Homos e heteros podem se surpreender!

Anônimo disse...

alguém citou Donna Haraway... eu já ali alguma coisa dela, mas foi en passant, confesso. de qq forma, lá vai http://en.wikipedia.org/wiki/Donna_Haraway
e lamentavelmente a Wikipédia (português) deixa muito muito a desejar na matéria, mas em inglês vale a pena ler.

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"Quando vc aprende uma nova lingua, vc expande sua mente para muitas outras idéias, mas não quer dizer que vc não vá optar por uma ou por outra. - Niemi Hyyrynen

>>>Esse parágrafo daria um post e tanto... um Guest Post pela própria Niemi, minha sugestão.

Elaine Cris disse...

Essas ideias sobre a sexualidade são mesmo muito polêmicas. Da minha parte, até acredito que um hétero ou um homossexual possam experimentar a bissexualidade, mas acredito que ainda vai haver um gênero por qual se sinta maior atração... Enfim, assunto complicado.
Amei o que ela disse sobre não acreditar que vivemos em uma sociedade hedonista.
É o que passa pela minha cabeça várias vezes, as pessoas reclamam que hoje em dia somos individualistas, que vivemos preocupados apenas com nosso próprio prazer, mas na verdade o que a gente vê bastante é infelicidade, culpa, medo do julgamento alheio e uma ou outra compulsão, um ou outro vício pra servir como válvula de escape. Isso não é hedonismo. Antes fôssemos uma sociedade hedonista, mas me parece é que a sociedade prega o contrário disso.

André disse...

Lana,
Eu tinha em mente os pastores que prometem a cura gay. Mas o próprio Papa apronta algumas também: http://jucelinosouza.wordpress.com/2012/01/10/homossexualismo-ameaca-humanidade-diz-papa-bento-xvi/

Anônimo disse...

LoLa, eu tenho revista Playboy ainda da decada de 60 e outra revista que não me lembro qual, do tempo em Ernest Hemingway era motorista de ambulância durante uma das guerras passadas e ele escrevia para a revista. Se vc quiser, eu te dou as revistas... por muito tempo colecionei revistas e algumas chegaram a ter grande valor entre colecionadores... bem, fiquei com essas duas e me prometi que passaria pra frente SOMENTE qdo encontrasse alguém especial... lendo alguns dos comentários resultantes do post, despertou-me o interesse em oferecê-las pra vc. OU pro Caracala, mas vc tem preferência... sorry, CaraCala... rs te mando uma receita bem manera pra fazer páreo pros seus drinks, tomalá
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Receita - The Casanova - Hamburgasso
Lembra que falamos para vocês do Cheese & Burger, site que reúne receitas incríveis feitas com o queijo do Wisconsin? Pois bem, o Bruno Massao, do excelente Hamburgasso testou uma das receitas. Para vocês, na íntegra, o processo de preparar o The Casanova!
http://hamburguerperfeito.blogspot.com/

Ah LoLa, se vc não quiser as revistas sinto-me rejeitada não... meu ego não é cheio de mimimi que se machuca a torto e a direito... não é pq eu gosto que tenho de ser gostada ou me sentir gostada... não é pq eu aprecio que outros têm de apreciar... feel free to say YES or NO or totally ignore.

Michelle disse...

Lola, lembrei de você e do seu blog quando eu vi isso aqui: http://detonandoamatrix.wordpress.com/


Difícil entender qualquer coisa escrita no blog, mas... vale pra fazer uma cara de "Isso realmente ecziste?" Oo

Anônimo disse...

Onde estão as ideias revolucionárias? Li os livros da Beatriz, mas não acho nada revolucionário. Em alguns momentos o discurso dela é até mesmo reacionário.

Ju disse...

Adoro a Preciado!!!
Adoro a "radicalidade" que ela e o movimento queer propõe, isso nos tira do lugar da certeza.
Ler os textos dela mudou minha forma de ver o mundo.
Não acredito que ela deseje guerra, mas os textos dela são muito irônicos e provocativos.
Um exemplo é o Manifesto contra-sexual, em que fala da transformação dos órgãos reprodutivos em órgãos sexuais e propõe que o cu seja o principal órgão sexual, pois todos tem.
Essa mulher é maravilhosa, fui hetero até hoje, mas "casava" com a Preciado heheheh.
Muito bom Lola, saber que você conhece a Preciado.

Anônimo disse...

Vou comentar só esse trechinho aqui, de dizer que as mulheres poderiam aprender artes marciais pra se defender de marmanjos, nao pra atacar,
Ok, beleza, argumento valido.
Mas se o cara estiver armado toda essa teoria e toda a defesa pessoal aprendida caem por terra, assim com a vida da mulher,
Uma vez fui assaltada por um garoto que disse que tinha um revolver.os paulistanos me disseram que qdo a pessoa esta armada, normalmente MOSTRA a arna,
Mas eu vou ser louca de duvidar e pedir pra ele mostrar?
Deixei ele puxar o conteúdo em $$ da minha carteira,( 5 paus), acelerei assim que abriu o sinal e fui embora.
Respeito a opinião de vcs, mas sei nao esse negocio de arte marcial,a gente nunca sabe com que louco esta mexendo.
Uma vez , contrariando todas as regras de segurança, fiz gesto obsceno pra um motoqueiro que me xingou num cruzamento( sim, eu dei uma freada brusca porque um ciclista passou correndo em frente o sinal verde,o motoqueiro nao viu o ciclista e me xingou)... Ate hoje lembro da cara dele, embasbacada, nao acreditando que uma mocinha delicadinha como eu faria um gesto obsceno ora ele....
Sim, isso contraria todas as regras de segurança em transito, que dizem que vc nao deve provocar, que o cara pode te seguir, estar armado, etc, mae meu sangue subiu náquele dia,....
Enfim, acho que a gente só sabe como age na hora do vamos ver,.... O resto, ate acontecer e meio teoria, entenderam?
:p
Sintam- se a vontade pra discordar de mim. Eu prefiro nao mexer com louco( exceto essa vez do motoqueiro que nao teve como, meu sangue ferveu)...:))

Amana disse...

hehehe
Muito instigante!!!
Vou focar no que mais me chamou a atenção: concordo que a sexualidade é um campo enorme de possibilidades, que a biologia já é uma narrativa sobre os corpos e que, quando trata da sexualidade, é altamente moralizante, e tudo mais.
Entretanto, entendo que o gênero é um definir-se, um separar-se de, um destacar-se na sexualidade que não é nem eletivo nem deliberado. E a sexualidade é, nesse ponto, fundamental para a constituição do sujeito. Tornar-se sujeito é posicionar-se nesse campo de diferenças, do gozo das diferenças (e não estou naturalizando as diferenças quando afirmo isso, que fique claro). Por isso, não fecho com explicações como essa... Não sei se vc me entende. Concordo plenamente que os gêneros tais como os "reconhecemos" são cambiantes, fronteiras em disputa. Mas não os vejo como alternativas à disposição da experimentação completamente "livre" dos sujeitos, pura e simplesmente. Vamos nos constituindo enquanto nos genderizamos. São processos inseparáveis... Mas tenho que ler os textos dela para ver se é por aí - vou incluir os dois livros na bibliografia do nosso projeto, pode deixar.
beijos, querida!!! adorei!

Anônimo disse...

Sou total flex desde nascença rsrsrsrsrs!

Amana disse...

Ah, e subscrevo as recomendações de leitura do Manifesto Cyborg da Haraway. É extraordinário!

Siena disse...

Vou discordar da parte que ela diz que uma pessoa pode aprender outra sexualidade. Se fosse assim, eu seria lésbica.Comentei isso com uma amiga que por ser religiosa acredita que nos tornamos homossexuais e não que nascemos.
Se fosse assim, eu seria uma daquelas lésbicas que os caras falam que são lésbicas pq não tiveram um homem decente na vida. Mas não sou lésbica, não me sinto lésbica e não me imagino com uma pessoa do mesmo sexo no sentido romântico da coisa. E também não tenho preconceito, nem nojo. Fui a uma festa homossexual, vi menina com menina, menino com menino, menino com menina com menino e etc. e nada disso me incomodou e nem me fez querer ser e/ou me tornar lésbica.
Gosto do sexo oposto, apesar da minha constante decepção com o mesmo acredito que existe alguém decente nesse mundo e se não, gosto de ficar só também. Já me considerei assexuada, mas descobri que não sou e que o que acontece nesse mundo é uma supervalorização do sexo que pra mim não faz sentido, mas essa é outra discussão.
Enfim, não acredito que dê pra aprender outra sexualidade como se aprende outra língua e vale lembrar também que tem gente com enorme dificuldade até com a língua materna, imagine outra.

Por fim, adoro seu blog!!!

manoel disse...

Oi LOla,gosto do seu blog,sempre há um assunto interessante para pensar como este.
Eu queria expressar um incomodo que sinto quando leio coisas relacionadas a opressão das mulheres.As feministas,a grande maioria,falam de uma forma que da a entender que os homens lá na idade da pedra fizeram um pacto para oprimir as mulheres e e´valido até hoje.
Acho esta idéia um absurdo.Eu acredito que nossos problemas é mais uma consequência da luta pela sobrevivência de todo ser vivo.Acho que somos o resultado desta luta milenar.Se remover todos os ornamentos,a questão básica é a comida na mesa e a proteção à prole.Lá no passado,coube ao macho esta função por ser mais forte.
Ao longo dos milênios nos desenvolvemos e chegamos ao momento atual onde a mulher não precisa da proteção de um homem,a sociedade a protege.
Uma nova configuração social,novos costumes.
A luta não é entre homens e mulheres mas entre quem tem poder e quem não tem.
A norma entre meus amigos homens é de admiração e respeito às mulheres.A maioria quer estar com uma delas e serem felizes.
Quando um homem agride uma mulher a grande maioria desaprova.
Resumindo o que eu penso:os homens não decidiram oprimir as mulheres,não está escrito no dna masculino que eles vão fazer isto.É um efeito colateral de seres mamíferos que evoluíram até terem inteligência e consciência.Eu não conheço nenhuma leôa feminista,ela sofre uma opressão do leão muito pior que as mulheres.
A luta por um mundo mais igualitário e´de todos.
O `` homens ´´ sofrem dores tanto quanto as mulheres,diferentes,mas sofrem.
Se pescar indivíduos masculinos certamente encontraras seres horríveis e outros maravilhosos.O mesmo pode ser dito sobre as mulheres.
Este e´o meu protesto:não se pode imputar aos homens o mal e ás mulheres o bem.
É isso,obrigado por ler este desabafo.

Anônimo disse...

manoel, mas ninguem aqui atribui essa opressao apenas aos homens (pq mulheres reproduzem machismo tambem) e muito menos à biologia.

primeiro pq a maior parte dos nossos comportamentos ta ligada a nossa cultura, muito mais do q a nossa biologia.

segundo pq existem varias especies em que as coisas nao funcionam assim, há especies onde o casal tem uma parceria mais igualitaria, outras onde femeas caçam, outras onde ha um unico parceiro pra vida toda, outras onde femeas podem cruzar com quantos machos quiserem, ha tribos indigenas q vivem isoladas na amazonia q tem uma organizaçao social diferente da nossa. em algumas, as mulheres gravidas transam com varios homens pra que seja impossivel saberem quem é o pai, etc

Anônimo disse...

ai, que mulher foda! engraçado que, como já disse aqui, eu nasci bissexual (pra falar uma palavra que explique isso pra grande maioria das pessoas). sou super menina, não fico pensando muito na minha sexualidade... mas, sempre que fantasio qualquer coisa comigo, na fantasia, eu sou homem. e, não, não me visto como homem e tbem não mudaria de sexo. acharia legal ter nascido homem, mas não mudaria. me sinto mulher na vida real. já me perguntei se eu seria machista, algo assim. mas tbem já me questionei se isso acontece comigo pq, na sociedade, existem mais possibilidades pra meninos/homens... e aí, minha cabeça me muda de gênero pra eu poder "viver" tudo.

eu li um livro há muitos anos em que o cara dizia que existem PELO MENOS 11 tipos de sexualidade. quer saber? eu acho que existem infinitos tipos... gradações mais pra cá ou pra lá. eu acredito nisso. cada pessoa devia ter permissão de ter sua própria sexualidade... já pensou que beleza? as pessoas se interessariam pelas outras só pelo que são, sem rótulos e preconceitos. =)

Anônimo disse...

André, o Papa é contra o casamento de homossexuais, pq é uma questão dogmática.
Mas a Igreja Católica q eu amo e frequento, nunca ensinou a destratar e discriminar quem quer seja.
Se há - e há- mtos q usam as declarações como escopo pra violência e preconceito, não é com aval do Papa.

Mtos padres e bispos já falaram mto sobre a diferença entre o casamento (entendido aqui como o casamento mesmo,sacramento da Igreja Católica) e não outras situações de fato que muitas vezes colocamos como sinônimo de casamento, como por exemplo, a união civil.

Há mtos padres que são favoráveis à decisões como essa do STF q recentemente igualou os direitos civis, pois ali não há casamento religioso, entendido dentro dos rituais católicos.
Muitos padres e esses padres e bispos tbém levam lenhada pela evolução do pensamento.

Penso q existe uma confusão bem grande com o termo casamento, entendo o que vc disse, e sim, a Igreja não apóia as uniões homossexuais,como está escrito o post que vc indicou, mas apóia o respeito e acolhimento a todos.

Eu sou católica e , como muitos católicos, a favor da camisinha, do aborto de anencefalos (entendo que não há vida a proteger nesses casos), do respeito à liberdade sexual.

Nenhuma fé é cega. O Papa é humano e erra como todo humando, mas em geral, mto do que ele fala é distorcido para ataques de várias espécies.

Mas penso que a Igreja caminha para um entendimento mais aberto, pelo que tenho vivenciado.
Mudanças lentas mas contínuas, pelas quais luto e acredito.

Lana

manoel disse...

Obrigado por seu comentário.
É este o ponto que eu quero destacar.Chegamos a este ponto por razões sócio biológicas.A biologia +ambiente moldou a cultura humana,assim como molda os comportamentos dos outros animais.Como somos inteligentes e conscientes podemos ir além do determinismo ambiental.
Por isso não concordo com esta corrente feminista que joga a culpa dos males sobre os homens.
Sei que pessoas como você não pensa assim,mas os ensaios feministas,uma grande parte assim o faz.
Isso contradiz com a minha experiência empirica que diz que a grande maioria dos homens querem bem às suas mulheres,detestando aqueles que as vitimizam.
Então,quando leio ensaios ou artigos afirmando que os ``homens`` oprimem as mulheres sinto um incomodo porque não me reconheço ali.
Me reconheço no modo como algumas feministas escrevem tratando estes problemas como sendo do conjunto dos humanos,não de um gênero apenas.

@teacher.anajessica disse...

Post brilhante como sempre. Levanta uma discução muito saudável sobre o tema.Acredito que certos paradigmas enraizados na nossa sociedade no que concerne ao preconceito e a sexualidade, estão ultapassados e merecem ser discutidos à exaustão.
A melhor parte de suas postagens Lola, além do conteúdo, obviamente, são as discuções que elas levantam.
P.S. Adorei o comentário das 10:46 do dia 14/05: " Passei a maior parte da minha vida me relacionando sexualmente com mulheres, de repente conheci um cara foda, gamei e casei com ele. Hoje eu sou o que, total flex? hauhuahauahah... odeio rótulos."

Anônimo disse...

Para Preciado, “Há uma sexualidade que constitui o seu selo de doutrinação. Aquela que você aprende a reconhecer como natural. Mas enquanto você aprende uma segunda língua você sabe que há mais, que inclusive você pode abandonar a primeira língua sem o menor problema. Eu estive anos sem falar espanhol e o faço bem, não?” --do post

>>>Nem sempre se pode abandonar a primeira língua sem o menor problema! Entre os vários fatores, há que contar a idade em que a pessoa aprendeu a segunda língua, porém há outros fatores que podem contradizer a opinião "sem o menor problema", como afirma Beatriz Preciado. E claro que há casos em que sim, que a língua materna poderia ser deixado de lado sem o menor problema... eu poderia passar o resto da vida sem ouvir e nem falar e nem ler português se o segundo idioma fosse o espanhol, mas em escrever eu deixaria a desejar.

"No es hombre, ni mujer, ni heterosexual, ni homosexual, ni transexual, dice. Brillante filósofa y ensayista, relata su viaje de niña bien de Burgos a icono del movimiento transgénero." --Luz Sánchez-Mellado

bueno... muita gente toma uma teoria como algo provado e me parece que isso está se acentuando qto à Teoria Queer... teoria é (apenas) teoria... e pra quem quiser saber sobre a companheira de Beatriz Preciao
http://fr.wikipedia.org/wiki/Virginie_Despentes

(Beatriz Preciado me parece bastante simpática tanto em vídeo dando palestra e entrevistas qto em entrevista pra revista.)

"Mi cara no es el espejo del alma, es el espejo de la medicina plástica de la España de los ochenta."
http://elpais.com/diario/2010/06/13/eps/1276410414_850215.html

LoLa, vc acompanhou ano passado o caso de um casal cujo marido havia nascido mulher e passou por todo o processo para ser homem, voz, pelos... barba, bigode, porém optou por não fazer a cirurgia pra virar homem... continuou com o órgão reprodutor feminino e já mantendo um relacionamento marido-mulher com uma mulher nascida mulher, resolveu que queria ser mãe... ou pai... bem, o fulano com cara de homem, barba e bigode engravidou e deu à luz... (me fazia lembrar um filme com Marcelo Mastroianni qdo ele faz papel de um grávido...) sei não, mas acho que o caso daqui dos EUA, o homem/mulher grávido/a até foi capa da Time ou foi da People ou das duas...

e aqui http://www.youtube.com/watch?v=9bOVZVBp5PM
Beatriz P. dando entrevita em francês, de bigodinho interessante pra botar abaixo essa ideia de que bigode é coisa masculina...

Sara disse...

Manoel e vc acha então que a luta feminista não tem nenhum sentido de ser? , se os homens fossem como vc acha que são, penso que não faria sentido mesmo.
O fato é que pelo menos boa parte dos homens estão extremamente incomodados com a luta das mulheres e não querem perder os privilégios que todo esse “efeito colateral de seres mamíferos que evoluíram até terem inteligência e consciência”, como diz vc geraram em beneficio deles.
Se os homens desejassem a igualdade como nós mulheres não precisaríamos lutar tanto quanto lutamos.
Se houvesse como vc diz admiração e respeito pelas mulheres, não haveriam tantos estupros e violência generalizada contra as mulheres, tente saber sobre as estatísticas sobre esses assuntos e leve em consideração que muito dessa violência nem chega às estatísticas.
Talvez vc seja um raro homem que realmente respeite as mulheres, embora se pode notar que não tem empatia por elas por seu comentário.
Mas acho um pouco demais falar em nome de seu gênero, pq a realidade esta ai para desmenti-lo.

darkgabi disse...

dessa vez estou sem tempo de ler os comentários com calma, mas tenho q discordar desse trecho:

"[Os cromossomos XX e XY] são um modelo teórico que aparece no século 20 para tentar entender uma estrutura biológica, ponto.”

nao sei se o termo "modelo teórico" é o melhor nesse caso. q a estrutura biológica [gene] existe, isso é fato. q ela produz diferencas físicas, embora em graus diferentes dependendo de cada organismo, isso tb é fato. XX e XY sao apenas designacoes q demos para essas estruturas bio-físico-químicas.

acho q o ponto é saber diferenciar entre estrutura e processo.. pq como cada gene constrói e modifica o indivíduo depende de mts mais coisas além de dois cromossomos, ou ms além da parte biológica. a alimentacao, o histórico de doencas [genéticas ou nao], a experiência pessoal e a cultura q nos circunda tb sao mt importantes, msm q alguns argumentem q a cultura seja um reflexo da biologia coletiva de um grupo.

eu entendo o q ela quis dizer, q a ciência é em certo ponto reflexo da sociedade q a produz e q essa sociedade tem procurado cada vez mais "desculpas científicas" para tentar nao apenas explicar modelos da nossa sociedade, mas para prender a nossa sociedade em modelos q foram idealizados antes, reforcando-os e legitimando-os.. só acho q ela se expressou mal e como bióloga eu me sinto na obrigacao de comentar e tentar fazer uma distincao entre as duas coisas.

darkgabi disse...

acho q essa área entre sexo biológico, gênero e orientacao sexual é tao complicada e nebulosa qt a parte do "eu" na psicobiologia.

o q sou eu, o q é o resto, como a mente toma consciência de si mesma ou como a mente toma consciência de q tem consciência de si mesma? o q é consciência, inteligência? pq somos especiais em relacao ao resto dos sere vivos? especiais em q sentido? como qualificar e quantificar isso? qd surgiu? e pq somos ao mesmo tempo apenas animais? o q é escolha, o q é genético? uma coisa coisa pode influenciar a outra? como? em q nível? o q é cultura? memética? como a cultura se relaciona com processos biológicos?

pff, a áre é infinita e acho q anida estamos engatinhando.

do mesmo modo: o q é o sexo biológico? como ele é determinante na construcao, manutencao e modificacao dos nossos organismos em geral e de cada organismo individualmente? e sexualidade, é opcao, é orientacao? se nasce assim? se vira? se modifica ao longo da vida? mais de uma vez? como? podemos fazer isso conscientemente? o q é biológico e o q é artificial? o q é biológico é bom ou ruim? e o q foi construído pela nossa cultura e sociedades, é bom ou ruim?

nossa, deu um caimbra no célebro agora... hehehe

Alex disse...

Achei interessantes as coisas que Preciado pensa, mas, sobre sexualidade, ela acaba caindo no erro, muito comum, de generalizar idiossincrasias. Claro que há pessoas com potencial pra viver novas experiências e se descobrir bissexuais e não "apenas" homo ou heterossexuais, mas também há pessoas com potencial "apenas" para ser isto ou aquilo. Comigo mesmo vez ou outra acontecem lampejos de atração heterossexual. Apesar de eu nunca ter feito sexo com uma mulher, um dia pode até acontecer, quem sabe? Mas, se acontecer, não vou me sentir um bissexual. Acho que a orientação sexual de alguém envolve tanto sua aptidão pra fazer sexo como também seu potencial pra se envolver afetivamente com alguém. No meu caso, pode até acontecer de um dia eu fazer sexo com uma mulher, mas não sei se eu seria capaz de me envolver afetivamente com uma. Atualmente não estou aberto a novas experiências sexuais de nenhum tipo, pois estou muito feliz e satisfeito com meu marido e tenho vocação monogâmica. Mas o futuro a Deus pertence. Os relacionamentos estão vivos e, como tudo o que está vivo, sua brevidade ou longevidade são um mistério, embora esse mistério não nos poupe do esforço de fazê-lo durar o máximo possível e também da esperança de que a eternidade nos visite. Enfim, acho que devemos fazer um esforço pra não generalizar idiossincrasias. Eu mesmo tenho vocação pra aprender inglês. Tenho uma pronúncia razoável e uma facilidade maior pra aprender inglês do que, por exemplo, francês, cuja gramática e ortografia acho infinitamente mais complexas. Mas não é porque tenho facilidade pra aprender inglês que vou poder sair por aí dizendo que qualquer um pode aprender essa língua do mesmo modo que eu. Cada pessoa é um universo em si mesma. As classificações - bi, homo, hetero, etc. etc. etc. - servem apenas pra facilitar o entendimento da realidade, já que muitas pessoas sem encaixam bem num desses tipos predefinidos. Mas sempre haverá quem não se encaixe bem ou até nem se encaixe. Devemos nos esforçar pra não fazer juízos de valor sobre as classificações, já que, agindo assim, estaremos desrespeitando diferenças que merecem tanto respeito quanto as similutudes. Devemos respeitar nossas vocações e a dos outros. Alguns têm vocação para a homossexualidade, outros não. Alguns têm vocação para a monogamia, outros não. Infelizmente somos exímios em criar rótulos e até mesmo rótulos para os rótulos. Se não podemos abandonar o hábito de classificar, devemos ao menos nos esforçar para aproveitar das classificações aquilo que elas têm de útil (facilitar o entendimento das coisas), deixando de lado aquilo que elas têm de ruim (os juízos de valor e as discriminações feitas a partir deles). Devemos respeitar todas as vocações que não constituam crimes. As vocações cuja prática seja criminosa devem sofrer as punições previstas na lei. Estou fazendo a ressalva porque nem tudo pode ser permitido.

Telma disse...

Aqui em casa, todos nadamos. Mas o inverno chegou e pensamos, meu marido e eu, em migrar para outra atividade. Liguei para um dojo de Aikidô.
Conversa vai, conversa vem, disse ao homem que atendeu:
-Tenho uma ferinha aqui em casa, qual é a idade mínima?
"Ah! um menino! Como ELE chama?"disse com ares festivos.
-Carolina, é uma menina.
O homem mudou o tom, começou falar tudo no diminutivo:
"Üma menininha, coitadinha, pode fazer dodoizinho! Quantos aninhos ela tem? Melhor esperar até os sete... Tadinha..."
-Ela é uma meninona, forte de tres anos. Se fosse menino também teria que esperar?
... Sielêncio... Temos meninos mais novos, alguns se machucam, recomendamos aos sete... Venha conhecer....
Coloco a família no balé?

Telma disse...

Aqui em casa, todos nadamos. Mas o inverno chegou e pensamos, meu marido e eu, em migrar para outra atividade. Liguei para um dojo de Aikidô.
Conversa vai, conversa vem, disse ao homem que atendeu:
-Tenho uma ferinha aqui em casa, qual é a idade mínima?
"Ah! um menino! Como ELE chama?"disse com ares festivos.
-Carolina, é uma menina.
O homem mudou o tom, começou falar tudo no diminutivo:
"Üma menininha, coitadinha, pode fazer dodoizinho! Quantos aninhos ela tem? Melhor esperar até os sete... Tadinha..."
-Ela é uma meninona, forte de tres anos. Se fosse menino também teria que esperar?
... Sielêncio... Temos meninos mais novos, alguns se machucam, recomendamos aos sete... Venha conhecer....
Coloco a família no balé?

André disse...

Lana,
Os religiosos tem todo o direito de excluir os gays de suas igrejas, e nínguém tem o direito de exigir que qualquer igreja aceite fazer casamentos gays. Se ficassem cada um no seu quadrado estaria tudo bem. Mas os religiosos (Papa incluso) insistem em negar, aos não membros de suas igrejas, direitos que não lhes dizem respeito. O fato de existirem religiosos tolerantes não serve de álibi para a instituição religiosa de que fazem parte cometer iniquidades.

aiaiai disse...

E Lana, vc demonstra não saber a diferença entre casamento civil e união civil. Esse texto é bem claro. Leia lá e se informe.

http://www.eleicoeshoje.com.br/casamento-civil/#axzz1uwdtsCTv

Guilherme, João, Kaique e Duda disse...

Vê o sexo e o genero com construções biopoliticas é de um cabimento ..
Marcos Nascimento

Anônimo disse...

Andre, eu concordo com vc que a Igreja não tem que interferir no Estado e nem o Estado na Igreja.


Aiaiai

Vc esta errado. Vc que não entendeu meu comentario.

O que eu disse foi sobre o casamento religioso, que não é a mesma coisa que o casamento civil, os quais são totalmente desvinculados.
Mas então recoloco: a Igreja não aceita e não faz o casamento religioso de homessexuais, mas alguns particpantes dela, onde me incluo ao lado de mtos padres e bispos, entendemos que o tanto a união civil e o casamento civil (sei q são instituições diferentes), que não tem NADA A VER com o casamento sacramento, são válidos.

Anônimo disse...

Andre, não excluímos gays nem ninguém da Igreja.
Como disse, a orientação que temos é de acolhimento.

Sei que tem mta gente que usa religião para jorrar preconceitos, mas creia, não é essa a orientação que temos.
Não de pessoas sensatas.

Anônimo disse...

O importante é que ficou claro que o homossexualismo pode ser substituído como um idioma. É como aprender um novo idioma.

Carol M disse...

Manoel, acho que vc está meio confuso. Os homens não são bestas opressoras, eles podem ter atitudes opressoras por causa de todo um sistema cultural machista, assim como mulheres tb podem ser opressoras.

O problema todo está no machismo, nesses conceitos culturais entranhados na gente que faz com que sejamos agentes de opressão contra homens e mulheres.

Carol M disse...

Lana, enquanto a igreja católica oficialmente se opor a direitos civis (e portanto laicos) para homossexuais ela será um entidade discriminadora, pois apoia que homossexuais tenham menos direitos que heterossexuais.

Se ela apenas não se manifestasse aí ok.

A postura dessa ou aquela paróquia pode ser de acolhimento, mas a postura da instituição oficialmente é de discriminação.

Anônimo disse...

Aiaiai:

O trecho q escrevi, está bem claro que dei um exemplo sobre uniões homossexuais, citando a união civil como EXEMPLO de união homossexual e não dizendo que é mesma coisa que casamento civil.

Entre aspas explicando que o "casamento" que falo no post é o casamento da igreja católica, o sacramento, e que há diferença entre esse csasamento ritual da igreja com outras uniões, como , POR EXEMPLO, a união civil...não disse que é a mesma coisa.
E a confusão a que me referi existe inclusive dentro da igreja mesmo.

Colei aqui de novo. Leia e entenda melhor antes de falar q alguém precisa se informar mais. (usando o mesmo tom que vc comigo)
Eu sou miltante pela abertura de novas idéias na igreja, e advogada, sei bem do que estou falando.

"Mtos padres e bispos já falaram mto sobre a diferença entre o casamento (entendido aqui como o casamento mesmo,sacramento da Igreja Católica) e não outras situações de fato que muitas vezes colocamos como sinônimo de casamento, como por exemplo, a união civil."

Anônimo disse...

Carol, concordo com vc.
E é por essa modifcação que luto.

Como disse, acredito q mudanças virão, lentas mas contínuas.

Anônimo disse...

Os 2 comentarios acima, para aiaiai e Carol são meus, esqueci de assinar

Lana

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Anônimo 14 de maio de 2012 14:17

Existe sim, diferenças de acordo com o momento.
Há momentos para fuder e há momentos para fazer amor.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

E há momentos em que o homem deve ser um gigolô, um puto e outros em que ele deve tocar e acariciar a todo instante sua mulher.

Anônimo disse...

Logo, Hugh Hefner, fundador da Playboy, não se vê como pornógrafo, mas como arquiteto, que tenta ajudar os americanos a reconquistar o espaço doméstico. “Mais que uma revista com mulheres nuas, a Playboy tinha o projeto de abrir a casa hétero do modelo de consumo e reprodução para um de prazer e capital”

Ah não? Teoria queer = a favor da exploração sexual da mulher.Os EUA stá neste surto de objetificação feminina graças á esta ideolgogia que vc aqui está achando tão engraçadinho,Lola.E depois o feminismo se diz contra a exploração sexual da mulher?? Como se qualquer sujeito que defende a Playboy leva crédito de vcs??Já não está na hpora de pararmo de cair nestas falácias machistas que tentam glamourizar a opressão paraque as internalisemos? Se esqueceram do video MISS REPRESENTATION? Como ainda somos colonizadas pela pornocultura!!!

Fico pasma como as supostas feministas aqui são incapazazes de analizar sexo politicamente e não me surpreendo que tanto homem "feminista" apareça aqui para defender pornografia e Playboy como "formas de artes" Se é,cadê a nudez masculina sendo glorificada também?

Não sei como se pode defender,nós mulheres,achando positivo estas formas de objetificação que sofremos.Não precisam ficar viajando tanto(ainda não entendo porque tanto pseudo-intelectualismo sem objetivo prático nestes comentários...),basta ter bom senso.

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Anônimo 16:52, não fode...

Enrico Montenegro Costa Rafaelli disse...

Sexo é uma das coisas mais belas da vida, e erotização parte da essência do ser humano.A playboy é uma revista erótica, classuda lá nos anos 70 início dos 80.Se informe.Não havia só fotos de lindas mulheres, mas também matérias sobre estilos de vida.
Porque criminalizar o prazer?
O que você tem contra o przaer advindo de transar com uma mulher envolvente, acariaciando-a em todas os detalhes desta? o que há de ser errado em um bon vivant
O que você tem contra os prazeres da luxúria e do vinho?
Quer criminalizar a luxúria agora?
Isso não é ser feminista, é ser chato, raso e recalcado.

Anônimo disse...

Hefner fundou a revista Playboy no começo da década de 50... qdo já era bacharel em Psicologia, tb com estudos em artes e redação criativa (creative writing) e sabe muito bem como lidar com relacionamentos de todos os tipos. Como empresário/empreendedor ele é realmente um dos maiores casos de sucesso que foi desacreditado no começo.

Yuri disse...

"Se é, cadê a nudez masculina sendo glorificada também?"

Tá aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=f98DHxOnfWI&feature=youtu.be

Esse pessoal tipo o Anônimo das 16:52 é o outro lado dos mascus. Não escutam argumentos. Não param pra pensar. Não pesquisam mais sobre o assunto. Assim como os mascus falam "ninguém me ama, ninguém me quer mimimimi alphas betas gamas ipsilones mimimimi" esse povo diz "pornografia (representações explícitas da sexualidade) = exploração feminina mimimimi falsa consciencia produzida pelo patriarcado mimimi" se fazendo de surdo para reivindicações das pessoas que estão envolvidas nessas questões, como aqui: http://freethoughtblogs.com/greta/2012/04/26/guest-post-from-sarah-van-brussel/

Sabe o que as prostitutas do Camboja disseram quando proibiram a prostituição para "salvá-las"? "Não fale comigo sobre máquinas de costura, fale comigo sobre direitos trabalhistas."
workersparty.org.nz/2012/01/19/dont-talk-to-me-about-sewing-machines-talk-to-me-about-workers-rights-a-call-to-action-for-socialists-from-a-revolutionary-hooker/

Mas não, o que interessa é que eu acredito que VOCÊ está sendo oprimido e eu vou te SALVAR, assim como todas as mulheres envolvidas, o gênero feminino como um todo, e aí nós vamos para a Terra Feliz do Algodão Doce.

Vou dizer o que mascus ouvem: Cresce.
Assume sua sexualidade, aceita aquilo com que você tem prazer sem ferir outra pessoa. E pronto. Pensa sobre papéis de genero, mas não deixa isso castrar seu desejo. Nem castre o de ninguém (se não ferir quem está diretamente envolvido nisso). E sim, slut-shaming é castração. Pergunte para qualquer mulher que tenta viver sua sexualidade de forma livre.

Mudando de assunto, Preciado é ótima. Legal que você está conhecendo mais sobre ela, Lola.

Anônimo disse...

Mais um total flex aqui! Sou bilíngue e nem sabia kkkkkkkkkkkkkkk

Jiquilin disse...

"Preciado não quer fazer cirurgia pra mudança de sexo. Ao contrário do que dizia na infância, não quer virar homem".

Nesta sentença dá a entender que para ser de um gênero ou outro é preciso ser anatomicamente de acordo com a coersão para aquele gênero.
Não é um pênis que faz um homem e nem uma vagina que faz uma mulher.
Como bem Preciado defende, o gênero também vai além do binarismo.
Esta passagem é um pouco cissexista, ou seja, é baseada num ponto de vista cis: aquele que prega, entre outras coisas, que transgêneros constroem sua sexualidade, como se a sexualidade cis já fosse dada.

Camila Fernandes disse...

Vim deixar um comentário nesse post. Em uma das disciplinas de planejamento, na faculdade, estamos aplicando um questionário. Na parte das informações sobre a pessoa tem lá idade, renda, sexo: feminino, masculino ou outro (especificar). É a gente quem aplica os questionários, e essa pergunta tem gerado a maior confusão!

Corretora Sincera disse...

Oi Lola, amo seu blog, não li os comentários dai não sei se alguem já postou a minha observação (mas é mais provável que as pessoas em geral não saibam).

Sobre "Acho que ela está tratando ao mesmo tempo de gênero (feminino/masculino/trans)" existe um equívoco aí, trans não é um gênero em si, de modo a fazer oposição com feminino e masculino. Trans faz oposição com Cis. Portanto existem pessoas trans ou cis que podem ter identidades femininas ou masculinas (simplificando bastante, já que existem pessoas fora do binário). Bjs!

Anônimo disse...

Essa Beatriz Preciado é incrível. Adorei as teorias. E o seu texto tbm muito bom.

Parabéns pelas pautas.

Abraço

Dastan disse...

Lembro de um caso sobre um frango que era galinha, ou, se preferir, uma galinha que virou frango.

Não lembro o nome que deram para o frango, mas o caso até que ficou conhecido na internet. Também não lembro se foi uma transformação espontânea ou se foi fruto de uma experiência científica.

Bom, o fato é que não foi apenas uma mudança comportamental, de orientação sexual. A galinha, literalmente, se transformou em um galo/frango.

Pra finalizar, vemos o quanto é bobagem o preconceito de gênero, tanto o machismo quanto o feminismo, e também o preconceito de orientação sexual, uma vez que uma mudança comportamental e até mesmo física (incluindo a troca de gênero) pode ser conseguida através da ministração de substâncias químicas.

Anônimo disse...

Acredito que um problema nesse caso é algo que a Teoria Queer tenta trabalhar mas mesmo dentro dela há conflito nas discussões: A identidade de gênero não se define por uma única dicotomia e nem espectro, e sim um espaço de espectros, que prevê que o queer não é necessariamente homossexual, mas muitos seriam heterossexuais:

Gênero: Seriam as características as quais a pessoa se vê ou se expressa, dentro de um espectro arbitrário de extremos masculino-feminino. Neste paradigma um homem submisso ou mais sensível(mesmo que heterossexual) seria genderqueer. Uma menina que goste de coisas do dito "universo masculino" mesmo que heterossexual seria genderqueer. Acredito que neste paradigma uma população masculina heterossexual genderqueer seria a dos nerds, pois os mesmos não se encaixam nos "estereótipos" masculinos.

Sexualidade: Seria o que a pessoa sente atração sexual, independente de seu gênero. Seus extremos seriam a ginofilia e a androfilia. É interessante que nisso um "homem tradicional de bem" que goste de homens, não seria "gay", mas Homem Androfílico. (tem um político xerife nos EUA que é extrema-direita e é um homem masculino androfílico).

Sexo: Seria a configuração biológica hormonal, física, psicológica e genética. Essa parte é bastante contraintuitiva uma vez que um prevê que um homem poderia se tornar transmulher e ainda assim por exemplo reter o gênero masculino(se tornar uma transbofinha auhwuah) e a ginofilia.


Assim como sexo, a tecnologia permite mudança entre gênero e sexualidade. Admitindo dos "queer" mais xiita a possibilidade de flexibilização da sexualidade, é totalmente plausível a "cura" da homossexualidade, porém, o que torna a imposição de tal flexibilidade indesejável, não é a ciência: É que além de inútil, é antiético; As pessoas não gostam de ficarem recebendo pitaco de suas taras e nem de serem coagidas a troca-las. Querer forçar um heterossexual a se tornar bissexual ou homossexual é tão antiético quanto querer tornar um homossexual em heterossexual.*

(É claro, que induzir mudança de sexualidade - se feito de forma respeitosa - é totalmente OK caso tu queiras amar essa pessoa. Já tirei uma lésbica do mau caminho uma vez auhwuahw =P )

Renata F. disse...

Faz pouco tempo que, justamente em uma oficina de defesa pessoal para mulheres dentro de um circulo de palestras e oficinas de conteudo feminista, ouvi um relato bem interessante. Havia uma moça que, depois do trabalho, à noite, fazia aulas de natação. Sempre era a ultima a sair da piscina, tomar banho e sair do clube. Sozinha. Até o fatídico dia em que o porteiro entrou no banheiro e em seu chuveiro com intenções óbvias. A reação da menina foi, antes de qualquer coisa, se virar e dizer com raiva e surpresa: E VOCE, O QUE DIABOS ESTA FAZENDO AQUI? O homem, pego de surpresa pela reação da mulher que seria sua suposta vitima - e que foi justamente a contraria do que conota a palavra "vitima" - se acanhou, disse que ia apenas se masturbar e ia embora. Passada a situação e ja em casa, a moça sentiu o abuso e as emoçoes que ele invoca.. enfim, achei muito interessante isso ter sido contado no contexto em que foi, porque uma das formas de defesa pessoal é bem essa, que pode ser considerada o "ataque", de alguma forma. O de tentar se auto tirar do lugar em que somos colocadas, de fragilidade e de facil abuso, de que o que para nós é um abuso é, para os abusadores, um serviço que estamos ai para prestar. Claro que é muito menos simples que um caso isolado e não é uma regra que vá livrar uma mulher de todos os males e ameaças, mas acho interessante a reflexão.