terça-feira, 26 de outubro de 2010

DESCENDENTES DE DONOS DE ESCRAVOS

Quando cheguei em Fortaleza, em fevereiro, um casal de conhecidos do maridão, muito gentil, nos levou a um breve tour pela cidade e à famosa Praia do Futuro, onde almoçamos num restaurante. O barulho da música ao vivo era insuportável, mal dava pra conversar direito, e seguiu-se aquela divisão “natural” que eu tanto detesto: mulheres falando de um lado, homens do outro. E a senhora bem de vida pôs-se a dizer coisas inacreditáveis (porém não inéditas) pra mim: “Esse Bolsa-Família é uma vergonha, devia ser proibido. Como que pode? Ficam dando dinheiro pra pobre, e aí o pobre não quer mais trabalhar. Hoje em dia está muito difícil arranjar empregada! Ninguém quer, e olha que eu pago bem, salário mínimo!”.
Esse tipo de lamento da classe média (já que ninguém no Brasil se considera rico) é comum e não está restrito a uma só região. É geral. A classe média de qualquer lugar do mundo, e a nossa em particular, adora reclamar de barriga cheia, e nisso é idêntica à classe média de outros países pobres ou em desenvolvimento, como a da Argentina, da Venezuela, Guatemala, Honduras... Igualzinha, só muda a língua. Eu poderia argumentar que é um bom sinal que menos gente queira fazer trabalho escravo de empregada doméstica (salário mínimo, se tanto, pra dormir no emprego e servir a sinhazinha a qualquer hora do dia e da noite?!). Poderia argumentar que gente que lava cueca de marmanjo que não é seu fiho ou marido teria muito mais motivo pra se revoltar que a pessoa que diz que empregadas não são de confiança. Poderia argumentar que o Bolsa-Família é um dos programas de distribuição de renda mais bem-sucedidos do mundo, hoje copiado em várias cidades, como Nova York, por exemplo. E acho que falei, ou melhor, gritei, porque a música era ensurdecedora, tudo isso pra minha nunca-seremos-amigas-dona-preconceituosa. Mas não adiantava, a cabeça dela já estava feita: pobre não presta, e o governo ainda fica dando meu dinheirinho suado pra esses vagabundos! O bom das eleições é que hoje todo mundo é, ou diz ser, totalmente a favor do Bolsa-Família. O pessoal que passou os últimos anos criticando (“o maior esquema de compra de votos do planeta”, disse um adversário) e exigindo o fim do programa agora até luta por sua paternidade, e jura que vai duplicá-lo. Hoje o Bolsa-Família é uma unanimidade no país, pelo menos por algumas semanas. Graças às eleições! Viva a democracia!
Mas nem era sobre isso que eu queria falar. Era sobre as empregadas mesmo. 17% das mulheres que trabalham no Brasil são domésticas. É um batalhão, muita gente, 7,2 milhões, pra ser mais exata, e só perde em tamanho pra uma outra categoria, a dos trabalhadores rurais (16 milhões). Por lei, toda empregada doméstica deve ter carteira assinada, férias, 13o, e recolhimento de INSS para que possam se aposentar no futuro. Isso é por lei, certo? E a classe média brasileira, que é quem tem condições financeiras de ter empregada, cobra sempre o cumprimento da lei. Pois bem, sabe quantos patrões cumprem essa lei? 26%. Ou seja, três quartos dos empregadores não dão o mínimo que a lei obriga pra sua empregada, e ainda dizem, suponho, que pobre é desonesto.
Outra coisinha que eu sei é que nos países ricos é raríssimo ter empregada. A classe média limpa sua própria casa. Isso porque é caro ter uma empregada, já que a diferença entre o salário de um engenheiro ou de um médico, nesses países, não é abismal em comparação ao da empregada. E é por isso, inclusive, que esses países são desenvolvidos ― porque a distribuição de renda é justa. O quê, tem gente que pensa que é por eles serem loiros de olhos azuis?! Tolinhos!
Eu já tive empregada. Bom, não eu, mas meus pais. E tenho a impressão que uma das causas do meu esquerdismo desde criancinha é que eu odiava o jeito que minha mãe tratava as empregadas. Falo delas no plural porque foram muitas; afinal, elas raramente ficavam muito tempo em casa, pois minha mãe vivia brigando com elas, dirigindo-se a elas com sarcasmo. Lembro que era uma cena comum meu pai chegar do trabalho e ouvir da empregada que ela estava se demitindo, já que não suportava minha mãe. E meu pai tinha que insistir, pedir desculpas em nome da minha mãe, jurar que aquilo não se repetiria. E lógico que, na semana seguinte, era a mesma coisa. Eu me sentia muito mal com aquilo.
Uns cinco anos atrás li Eu, Rigoberta Menchú, testemunho da ativista indígena da Guatemala e Prêmio Nobel da Paz em 1992. A parte do livro que mais me chocou ― mais do que ela narrando como membros da sua família foram torturados e mortos por uma elite que se recusava a cumprir os direitos dos índigenas (mais da metade da população), e mais do que ela contando algumas tradições não muito lisonjeiras da sua comunidade ― foi aquela em que ela, depois de ter sua lavoura destruída, precisa ir pra cidade grande ganhar dinheiro para sustentar sua família. E qual a única ocupação para uma mulher de outra cor que não branca e sem educação formal? Empregada doméstica, por supuesto. A vida de Rigoberta no curto espaço de tempo em que ela é servente de uma família de classe média é um pesadelo. A patroa é uma megera que faz questão de lembrá-la diariamente como ela, Rigoberta, é imprestável. E eu lia e pensava na minha mãe.
Nunca entendi o prazer que mulheres da elite têm em humilhar as subalternas. Será que elas se sentem ameaçadas, por terem outra mulher em casa? Ou, humilhando as inferiores, elas sentem-se superiores, e apagam memórias de um passado nem tão diferente ou distante? Confrontei minha mãe depois de ler Rigoberta. Perguntei por que ela tinha sido cruel com as empregadas, na época em que podia se dar ao luxo de tê-las. Ela melhorou muito. Em outros tempos, teria simplesmente negado sua crueldade, ou culpado as empregadas de merecer aquilo. Desta vez ela admitiu que as maltratava, mas não pôde explicar os motivos. Continuo sem entendê-los.
Já que abri o texto com uma anedota sobre preconceito, fecharei com outra. Em Joinville, eu dava aula de inglês pra uma turma de adolescentes ricos, opa, classe média, esqueci que no Brasil não existem ricos. Numa das aulas passei algumas estatísticas pra eles. Uma era que o salário de uma mulher negra é um quarto o de um homem branco. É essa a estatística: um homem branco ganha quatro vezes mais que uma mulher negra no nosso país. Meus adolescentes acharam essa informação a coisa mais natural do mundo, e me responderam, na lata: “Mas é claro, né, teacher? Negras são todas empregadas!”. Eles não paravam pra pensar por que tantas mulheres negras são domésticas, ou por que o salário de uma doméstica tenha de ser tão mais baixo que o de outras profissões. Pra eles, era assim que as coisas eram, e por eles tava bom. Isso foi dez anos atrás, e ninguém falava em Bolsa-Família, se é que isso existia. Mas posso apostar que agora eles são contra e reclamam da dificuldade que é encontrar uma empregada. Quer dizer, agora não, que agora é período eleitoral. E durante o período eleitoral a classe média gosta de pobre. Ou pelo menos dos seus votos.

67 comentários:

Shiryu de Dragão disse...

Lolinha, a última moda agora é ter diarista. A classe méia so paga 80 ou 100 reais pra mulherzinha limpar a casa da gente em apenas 2 dias da semana. Assim não tem que pagar INSS e décimo terceiro!!
E tb a diarista trabalha em varias casa ao mesmo sem ter vinculo empregaticio.
Ja se foi o tempo em que a molecada filhos dos patroes davam tapa da bunda das empregadas e depois tinham a sua primeira relação!
kkkkkkkkkkkkkk

bete disse...

e nos preparando pta votar no feriadão o fantastiéokoo deste finde mandou na matéria da concialiação sabe o quê? um casal pobre brigando par saber quem ficava com a miséria que é o bolsa sei lá o que que recebiam... par dizer que pobre é encostado e não quer trabalhar e só receber um dinheirão do governo, reforçando o estereótipo da coisa. como se as bolsas fossem uma fortuna e desse par alguém viver só disso e o sonho da vida de alguém fossee ser doméstica trabalhando dai e noite como nas novelas do Maneco. me revoltei. abs.

Anônimo disse...

O que me dá engulhos é ver minha mãe, minha irmã, minhas tias falando coisas como "eu te empresto a minha empregada amanhã". Sério. Não se dão conta do que estão dizendo.

Marcos

Tanize disse...

Essa anedota final me lembrou o guest post da Maiacat em que ela diz como tais diferenças sociais são consideradas naturais.
E para quem nasce na classe média creio ser ainda pior, porque ouve-se isso em muitos meios de comunicação, ouve-se dos pais, de alguns professores, etc.

Somente informação de qualidade e formação de pensamento crítico poderão melhorar a humanidade, porque mudarão a forma da humanidade ver sua própria história.

Continuo sendo professora de ensino médio por crer na importância de uma formação capaz de fazer pensar, principalmente antes de entrar na faculdade (onde a classe média estudará engenharia, medicina e administração). Lá história, filosofia e sociologia serão memória...

aiaiai disse...

Eu confesso que fiquei "de cara" quando fui à noruega e suécia e percebi que nem os mais ricos tem empregada...nem diarista, nada...Simplesmente porque ninguém nesses países se submete a ser escravo de outro...há distribuição de renda.

Em compensação, fiquei também muito surpresa em ver muitas pessoas de classe média que trabalham como caixa de supermercado, no correio...mas ai pensei...claro, não tem pobre aqui. E não tem mesmo. Existem sim pessoas em situação precária, mas porque tiveram algum desastre na vida ou decidiram viver assim. Não existem pobres por falta de opção.

E quem está desempregado ou passando por dificuldades tem, garantido pelo Estado: saúde (eles nem sabem o que é Plano de Saúde), educação de boa qualidade (não existe escola paga, e a escola pública é maravilhosa), seguro social (é, tipo bolsa família da país rico...).

Agora, eles pagam muito imposto. Na noruega é tipo 50% do salário. Os ricos pagam mais, heranças são rigidamente taxadas. E o petroleo banca o presente e garante o futuro.

Desde que fui lá (visitei três vezes cada vez passei um mês), a Noruega passou a ser minha meta de brasil em termos socio economicos. Se a gente mantiver nossas caracteristicas culturais alcançando a justiça social da noruega vamos ser um país inigualável!!!!!

estamos no caminho...mas ainda temos muito a fazer.

Michelle disse...

É, concordo em mta coisa com seu texto, só completaria q em países desenvolvidos, as mulheres recebem mais p/ serem domésticas pq sabem dar o devido valor aos seus serviços. E acho ótimo as empregadas daqui tb passarem a valorizarem mais sua mão-de-obra, pq considero q um dos grandes problemas do nosso país é q, por exemplo, uma empregada tem intenção salarial de R$ 1.000, mas outra faz o mesmo serviço por 1 salário mínimo. Ou seja, deprecia sua categoria, pq tá precisando de qualquer ajuda pra sobreviver... Nisso acho q entra a importância do Bolsa Família, pq a pessoa não precisa mais se humilhar e aceitar qualquer miséria por sua força de trabalho.

Bruno S disse...

No Rio presenciei alguns casos de pessoas oriundas de outros estados mais pobres, que buscam suas empregadas em suas cidades de origem, de forma que cobrem menos e fiquem mais dependentes de seus patrões(senhores?).

E ainda há caso de quem fique indignado quando resolvem fazer curso supletivo, arrumar lugar para morar ou trocar a relação de semi escravidão por trabalho autônomo como diarista( que paesar de menos seguro é mais rentável e proporciona maior poder em sua relação de trabalho).

E admito que me incomoda muito aquelas famílias que, nos fins de semana, vai passear com os filhos, mas os deixma sob responsabilidade e babás(uniformizadas para evitar qualquer possível confusão de terceiros).

Fabiana disse...

Minha mãe começou a trabalhar como empregada doméstica aos 8 anos de idade, sem direito a salário, só comida e moradia, porque na casa dela a situação seria pior, nem comida havia. E, hoje, nenhuma criança que mora no vilarejo em que ela nasceu, no interior do Ceará, deixa de ir para escola, todo mundo tem o que comer e o que vestir. Pra nós que crescemos em lugares modestos, mas que nunca passamos por nenhuma privação dessa ordem, essas coisas parecem esmola, mas esse é o mínimo de que uma pessoa precisa pra poder ser cidadão de fato. Isso me conveceu de que o programa do PT é o melhor para o país, mesmo com todos os problemas, acredito que possamos melhorar a partir do ponto em que estamos.

Ouço muitas pessoas com o mesmo discurso da sua amiga, mas desconverso. Quando me perguntam o porquê de eu confiar na Dilma eu faço o relato da história do vilarejo em que minha mãe nasceu, não sei se eu consigo convencer alguém, mas eu acredito que esse é o melhor exemplo de como esse país mudou e poderá aproveitar o potencial que tem.

Vanessa Peres disse...

Até a França tem sua 'bolsa-familia' e ninguém critica eles. A ajuda se chama CAF e ajuda financeiramente a galera no aluguel de casa (os estrangeiros tb tem acesso a essa ajuda, eu já peguei). Assim, o dinheiro que economizava no aluguel eu gastava pra comer e olha, 40€ a mais por mês era quase um milagre pra mim...

Flavia disse...

Lola, eu demorei tanto pra entender o bolsa família...eu realmente não parava pra refletir sobre ele, só ouvia meus pais e irmã falando o de sempre, "esmola, eles não kerem trabalhar, isso sai do meu bolso, sabia?? blablabla" e falava "aham", mas eu não concordava realmente...lendo seu blog e o da Denise é q fui percebendo o quanto esse programa é maravilhoso, eu entendi q o governo tem a OBRIGAÇÃO de ajudar quem não tem nada, quem está na miséria, e que não é um "oba-oba", que isso gera movimentação na economia, pq quem recebe esse $ vai comprar do mercadinho local, que vai crescer, que vai gerar empregos na área, q isso é uma onda q vai crescendo e ajudando mtas pessoas!! Votarei novamente na Dilma, entre outros motivos, pra ver esse programa lindo continuar e crescer cada vez mais!!!

aiaiai disse...

para ajudar no entendimento sobre o bolsa família, segue um texto muito bom, técnico e bem abrangente (e nem é muito longo)

Espalhem

http://www.caetano.eng.br/pecado/showpost.php?post=984

Sara disse...

Ótimo post, Lola! Beijos!

Nathália. disse...

Aqui em casa todo mundo sempre defendeu o bolsa família, o bolsa alimentação, o bolsa seja lá o que fosse.
E as empregadas que trabalharam aqui sempre tiveram tudo regulamentadinho, ganham mais do que o salário mínimo, bem mais, trabalham menos do que a lei exige, enfim, têm os direitos assegurados.

Mas teve um episódio que nunca vou esquecer... de uma mulher que trabalhou aqui, como empregada doméstica, por anos, acho que uns 8 anos, e minha mãe sempre quis assinar a carteira dela. Ela não queria, dizia que tinha perdido, depois que tinha sido roubada, enfim... daí, quando essa mulher pediu demissão, colocou minha mãe na justiça, acusando-a de não ter assinado sua carteira de trabalho. Putz, minha mãe ficou revoltada.
O juiz, por ser um processo trabalhista, beneficiou a parte "mais fraca da relação", como é usual mesmo. Minha mãe teve que pagar dinheiro pra caramba pra mulher lá.

Desde então eu passo a ter receio das empregadas domésticas. Dei-me conta que a lógica do "passar por cima do outro" já chegou até as classes menos favorecidas da sociedade capitalista.

Enfim, não tem uma lição de moral no meu post, só senti vontade de exprimir isso.

Masegui disse...

Clap, clap, clap, clap!

Pentacúspide disse...

Aiaiai, desculpa, mas não consigo acreditar nem um bocado na tua afirmação. Dizer que numa determinada parte do mundo não se tem empregado é forçar a barra, não achas?
Tu vais falar-me de um país rico e de ricos, que tem pessoa com mansões, palácios, etc, e queres que eu acredite que não se tem empregados ali? Além de mais, isso era o mesmo que dizer que aquelas pessoas não são humanas, pois os humanos gostam de mordomia.


Eu fui de uma família de classe média (média mais para pobre do que para o rico), a minha mãe sempre teve empregadas, mas eu tinha quatro irmãs, e vivia com duas primas, sem contar que eu e meus irmãos meus tínhamos a nossa cota do trabalho diário, ou seja, a empregada era para determinar um certo status social, porque ao fim e ao cabo não fazia praticamente nada, e vivemos com uma delas mais de seis anos, a minha mãe tornou-se a sua madrinha de baptismo, e nós a chamávamos de prima e não de empregada, e a minha mãe arranjou outra empregada, porque essa era já da família (embora ainda recebesse salário). Eu nunca compreendi a relação de servilismo que vejo nos filmes ou que acabei de ler aqui, pois felizmente tive uma educação onde isso não fez parte.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Eu também achava o serviço de empregada doméstica meio humilhante e pouco estimulante. Eu tenho empregada, registrada e que ganha mais que o salário mínimo e com todos os direitos trabalhistas, condução, etc.

Por causa do seu post eu me lembrei de uma conversa que eu tive com a minha empregada na sexta-feira última. Foi assim:

"Puxa Célia, você ter que sair da sua casa para vir até aqui, que é longe, para fazer o mesmo serviço que você já tem que fazer na sua casa deve ser bem chato, não é?"

No que ele, surpreendentemente, me respondeu.


"Seu Serge, vir trabalhar aqui é a parte boa da minha vida, pois aqui eu recebo dinheiro para fazer o que na minha casa eu tenho que fazer de graça e, em casa, ninguém respeita, ou dá valor".


Eu fiquei impressionado de notar como eu não consigo ver ( e pelo tom do seu post, você também não) as pessoas conforme seus anseios, prioridades e necessidade de satisfação.

Guilherme Rambo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Rambo disse...

Se todos deixassem de trabalhar só porque seu trabalho não é "estimulante" o Brasil pararia bem rapidinho. Não basta reclamar que tem um emprego ruim, é preciso não se contentar com apenas a ajuda do governo (que é válida e importante) e tentar melhorar para não precisar mais dessa ajuda, infelizmente não é o que muitos fazem.

Lord Anderson disse...

Otimo post Lola.

Tanto minha mãe, quanto minhas irmãs, num momento ou outro ja trabalharam como empregadas domesticas e ja passaram por situações de humilhação por pessoas que acham que estão fazendo um favor ao emprega-las.

Hoje em dia, eu trabalho lidando com direitos de algumas categorias, e vejo diariamente o como alguns empregadores ficam irritados por muitas mulheres não se submeterem mais a condições inaceitaves.

Ainda acontece muito desrespeito a direitos, mas pelo menos, muitas domesticas estão melhor informadas e mais dispostas a lutar por eles, isso ja é um avanço.

Lord Anderson disse...

Guilherme.

A uma grande diferença entre um trabalho sisplemente desistimulante e um onde os direitos são ignorados em sua maior parte, e ainda ocorrem ações de preconeito e humilhação.

Paulecca disse...

Ninguém adora fazer serviço doméstico, ninguém. Se gostasse, nem existiria a profissão. As pessoas deveriam sentir vergonha máxima de dar suas roupas íntimas para outra pessoa lavar. Acho isso o fim e a maior prova dessa relação de querer colocar o outro em situacão de inferioridade.
Eu sempre achei isso. Não tenho empregada, tive qdo morava com meus pais, que sempre pagaram bem, trataram bem e seguiram a lei. E ela NUNCA lavou roupas íntimas. Resultado é que ela está com eles há 37 anos e é tratada como da nossa família. Ainda assim opto por não ter, porque eu só teria se pudesse pagar o que acho o mínimo decente. Meus pais podem pagar, eu não.
Quando comento com amigas que não aceito escravidão, ficam todas me olhando torto. Mas é isso mesmo. Nada contra ter alguém trabalhando em sua casa, contanto que se saiba dar valor ao trabalho, além de respeitar horas trabalhadas, relação patrão/empregado e tudo mais. Difícil é achar esse padrão.

Arashi disse...

Excelente post. Minha madrinha trabalha em casa de família e não é mole essa vida, viu.

Aliás, sobre o negócio do Bolsa-Família, você leu o texto da Maria Rita Kehl no Estadão, não leu? Aquele que causou a demissão dela? Eu achei que o texto foi na mosca. Pra alguém preferir Bolsa-Família à salário, caramba, que salário é esse que estão oferendo, não?

Rachel L. Lambrecht disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rachel L. Lambrecht disse...

Recentemente andei acompanhando o processo de contratação de uma empregada doméstica por parte da minha sogra, e olha, vou te contar... ela é uma boa pessoa sabe, até meio ingenua, mas tem alguns conceitos imbuidos em sua mente que nem se dá conta (espero eu).

Só sei que ela estava fazendo experiencia com várias empregadas, e segundo ela estava difícil achar uma que "não fosse porca". Até que um dia veio uma que limpou tudo e deixou um brinco. Mas aí ela era muito lerda. Eu tenho por mim até hj que ela não contratou essa mulher por ser obesa, pelos comentários que ela fazia.
Foi um dos dias mais desconfortáveis da minha vida, já que eu estava lá nesse dia da experiencia...

Outra perspectiva, não muito diferente: aqui na Argentina, veio uma diarista pra limpar meu apartamento temporário, e gente, eu me senti muito mal quando ela disse que cobra $15 pesos/hora. Isso são 7 reais! Só sei que ela limpou meu apartamento por 14 reais! Fiquei me sentindo muito, muito mal mesmo, e no final até dei um pouco mais de dinheiro, que não vai fazer diferença nenhuma na situação geral, mas pra ela pelo jeito fazia, como se percebeu na sua reação. Nem sei como agir com essas coisas. Quando era pequena a gente tinha empregada lá na minha casa, mas depois nunca mais tivemos. E me deixou muito triste ver a atual situação em que se encontram...

Maria Caú disse...

Ontem eu estava em Copacabana,num lugar supercaro tomando um café e ouvi uma mulher reclamar incessantemente de sua empregada que ligava o aquecedor de água para lavar a louça do almoço, como se a tal empregada fosse a mais folgada do mundo. E eu pensei em tudo isso que vc colocou...
Leio sempre o blog, gostei muito desse texto... :D

Dai disse...

Lá em casa de meus pais a gente tb sempre trabalhava junto com as moças que vinham arrumar e dividiamos o trabalho doméstico como um todo. Os homens da casa não, é verdade. Aliás, se os homens da casa ajudassem não haveria sequer necessidade de contratarmos terceiras/os. Depois que fui morar só, nunca tive empregada ou faxineira. Não que eu tivesse dinheiro para pagar, mas é que eu me sinto mal mesmo. Eu acho folga duas pessoas pagarem para limpar uma casa pequena. Agora estou reformando a casa em que vou morar e preciso ficar um tempo na casa de meus pais, me sinto péssima quando vejo a faxineira em ação, fico mal, com consciência pesada mesmo. Não deixo ela chegar perto do meu quarto, claro, mas só isso não adianta muito...
Eu acho que em sociedade justa trabalho doméstico pago não deveria existir.
Quanto ao bolsa família, acho que deu mais poder às mulheres, inclusive para que pudessem estudar e ter mais voz ativa nas famílias, não há dúvida disso, penso que é uma política que poderia ser aprimorada, mas certamente minha crítica passa bem longe da do eleitor do Serra.

Cláudia Machado disse...

Faz um tempinho que acompanho o seu blog, e estou adorando! Mas esse é o primeiro comentário que faço.
Minha mãe era uma empregada doméstica, até pouco antes de eu nascer (não faz tanto tempo assim, tenho 15 anos) e ela me conta hoje o que ela passou nas mãos das patroas ''classe média''. Uma controlava a comida de mão fechada, o que fez com que ela perdesse vários quilos (o sistema era uma batata para três pessoas, mais ou menos). Outra só tinha estudado até a oitava série, e quando minha mãe disse que queria fazer supletivo, a mulher começou a atrapalhar os estudos da minha mãe, com medo de ter uma empregada que soubesse mais do que ela. E olha que minha mãe arrumava a casa toda e ainda cuidava das duas filhas da mulher, por uma mixaria! As filhas dessa mulher eram consideradas por todos umas pestes, mas com minha mãe elas se deram tão bem que ajudavam até ela a arrumar a casa para poder estudar!
Esses foram apenas os casos de duas das muitas 'patroas' que minha mãe teve, e por ter chegado aonde ela chegou agora a considero um dos maiores exemplos na minha vida. Já até quis ter 'empregada' quando era pequenininha, mas agora, nem quero mais.
E quando se fala em serviços domésticos, só existem 'empregadAs' né? E os 'empregadOs'?

Marina disse...

Lola,

Sequer existe o termo "empregadO doméstico". É sempre uma mulher.

Você disse que não tem empregada nem faxineira, mas seu marido divide as tarefas domésticas?
Porque a maioria dos homens acha que é sempre a obrigação da mulher

QUIPROCÓ DO ONÇA disse...

Lola, adoro o jeito seu de comunicar. Mas muito triste é a cidade onde eu moro onde os "pseudosclassemédia" chegam a pagar menos da metade de um salário mínimo pra suas empregadas, na maioria negras, só para encherem a boca e dizer: Minha empregada isso, minha empregada aquilo. Aqui no sul da Bahia (Eunápolis) o sistema é mais que bruto...

Anônimo disse...

Na casa dos meus pais (onde ainda moro), tivemos empregadas domésticas por vários períodos, e passamos períodos sem contratar ninguém.

Minha mãe sempre contratou por um salário mínimo e, mesmo não assinando a carteira, pagava todos os direitos como férias, décimo terceiro, etc. Também nunca abusamos de ninguém: a empregada só trabalhava 4 dias por semana. Folgava nos domingos, no sábado, e nas quartas feiras. Minha mãe sempre oferecia isso, pensando que elas também tinham uma casa para cuidar, etc. Elas comiam o mesmo que nós, junto com a gente, também. E não tinha essa de jornada abusiva: elas chegavam às 8h e saiam as 14h. Nas quintas saíam mais tarde, às 16h, porque passavam a roupa e guardavam. Não lavavam as roupas, temos máquina de lavar. As roupas de lavar na mão, ficavam por nossa conta, a não ser panos de prato, etc. Mas roupa íntima não. Embora eu não ache isso humilhante: se pagar melhor pelo serviço e deixar as tarefas claras previamente...

Várias e várias vezes meus pais também deixavam as empregadas trazer os filhos (faltou água na escola). Eles brincavam com a gente, com os nossos brinquedos. Não tratavamos ninguém de forma humilhante e tínhamos nossas obrigações: minha mãe sempre dizia que a empregada tinha que arrumar uma vez por dia, não duas. E que arrumar não incluia catar roupas do chão do banheiro.

Também nunca 'obrigamos' ninguém a chegar em casa as sete da matina, pra servir o café, sendo que tinham duas horas de onibus pra enfrentar.

Uma vez uma empregada também processou meus pais e eles foram condenados. Foi uma ingrata. Compramos materias escolares pros seus filhos, eu dava aula particular para um deles, sem cobrar. Ela teve férias, décimo, presente de natal. Era respeitada. Um filha da mãe, mas enfim

Lord Anderson disse...

Marina

O termo empregadO domesticO, existe sim, mas ele se refere a quem presta algumas categorias de serviços particulares.

Tipo, jardineiros, motoristas particulares,homens que sejam cozinheiros em casa de familia, etc.

Enfim, o termo até existe, mas o conceito é outro.

Montricot disse...

@Pentacuspide:
A aiaiai não disse que não existe empregada doméstica para cá dessas bandas do trópico de cancer. Ela quis dizer SIM que nessas partes do mundo é caro, muito caro ter uma empregada doméstica.

Isso não significa que não exista empregada doméstica & cia. Ocorre que quem quiser desfrutar desse tipo de serviço - e não é só esse não, praticamente TODOS os serviços que no Brasil-Varonil seriam considerados "subserviço", tipo jardinagem, faxina, pequenos consertos, montagem de móveis etc - tem botar a mão bem bonito no bolso pra ter essas mordomias.

Caso contrário, é a classe-média que corta a própria grama e limpa a própria privada.

Montricot disse...

Ah! outro detalhe, Pentacuspide: desses lados do globo, a galera chega a pagar, em média, 50% de imposto de renda. Entonces, o camarada tem que ter muitaaaaaa grana sobrando, after all the taxes, para poder pagar serviçais que limparão a privada do dia a dia.

Montricot disse...

Vou divagar um pouco antes de falar/escrever bobagem, mas, com todo respeito, senti em alguns comentários um viés severamente preconceituoso em relação às empregadas domésticas.
enfim, divago...

Anônimo disse...

Isso me lembra um anúncio de vaga em apto de república que tá afixado na minha faculdade. Ele descreve as facilidades, diz que tem geladeira, televisão etc e completa a lista com diarista! Só fiquei pensando: quer dizer que ela só mais um "item" que vem junto com o apto?
Coisa pequena, mas ilustra bem essa nossa mentalidade. Eu acho que o principal problema é a desvalorização da empregada e a sensação de posse/superioridade sobre ela. E não necessariamente que exista a profissão. Se ela fosse bem paga e respeitada como é o certo, eu não teria problemas com ela.

Pentacúspide disse...

Montricot, como diria Umberto Eco, tem uma diferença entre o que se diz e o que se quer dizer, e a responsabilidade de quem o profere (ou algo como isso).

O que eu sei dos outros países é o que leio nos livros, vejo nos filmes e na tv, é certo que todos estes meios podem ser desinformativos. Mas acho que nem na República de Platão há a abolição de "servilismo", por ser impraticável para o género humano. Castas e classes sempre teremos.

Estamos num sistema cada vez mais neo-liberal, senão totalmente liberal, e sabemos que não há carreira "empregado doméstico - ED", ninguém sobe de letra, ou é promovido nesse trabalho, de maneira que os patrões têm toda a liberdade de se impor, dispor e não-sei-mais-o-quê. Há muitos sem trabalho que precisam desse salário de ED, portanto os patrões sabem que se não aceitarem outros vai aceitar... e o estado legisla? Minimamente... aqui o estado só quer saber dos impostos... tenho uma irmã a viver em Londres e outra em Milão, e "pelo que dizem" lá não é diferente de Portugal nesse sentido.

O facto é, como referiu a Lola em algumas interrogações, a maioria só se sente superior quando tem alguém para inferiorizar, e é essa a razão de os empregados domésticos serem muitas vezes desconsiderados pelos patrões.

Da minha parte não tenho nada contra empregadas domésticas, nem preconceito algum. A minha mãe teve monte deles (sim, deles, homens a mulheres, desde que eu ganhei consciência sempre teve um empregado na minha casa, pelo menos até os meus vinte anos) e a minha mãe, quando migrou para Portugal trabalhou como empregada doméstica, a minha irmã trabalha como empregada doméstica cá em Portugal. Alguns talvez digam: ironia do destino, mas antes devo alertar que seria ironia se a minha família desconsiderasse os empregados domésticos.

aiaiai disse...

obrigada montricot por responder ao penta...a questão é que na noruega mesmo os muito ricos não tem empregada...só os milionários devem ter...esses eu não conheci. Mas um dos casais que conheci vinha ao brasil e ficava hospedado 15 dias no Copacabana Palace, no verão...ou seja, não eram classe média. Eram bem ricos.

Moravam em um belo apartamento na área nobre de oslo, tinham casa linda na região sul da noruega (para passear) e não tinham empregada. Eles dois faziam tudo.

Detalhe: ele fazia também. Aqui no brasil homem não faz serviço doméstico na própria casa...no máximo "ajuda" tirando o fofo do maridão da lola e o meu ex-maridão que também é um cara superbacana.

e Montricot, eu também achei os comentários bem preconceituosos...o pessoal ainda vai levar um tempo para entender direitinho mesmo essa questão.

aiaiai disse...

Vale ler o belo texto de Rodrigo Nunes http://bit.ly/dyxIeI no Biscoito Fino

Elaine Cris disse...

Eu tenho uma amiga que já trabalhou de babá ou de empregada doméstica e que hoje é diarista (porque sofre menos abuso, ganha mais e é um pouquinho mais valorizada) que já passou cada aperto. Pra começar, em quase todas as casas em que trabalhou foi assediada sexualmente de alguma forma. É sempre um filhinho do patrão querendo um "beijinho" e insistindo demais, um avô viúvo que aproveitava que ela estava sozinha pra tentar passar a mão nela "sem querer", esse tipo de coisa. Até uma calcinha de um patrão ela já ganhou e isso porque ela falou que ele mal a via ou falava com ela... As mulheres não eram melhores, muitas falavam com ela como se ela fosse inferior e ainda achavam que era muito o que pagavam... Ela fala que em uma das casas ela tomava um lanche à tarde, normal, já que ficava lá a tarde inteira e no começo da noite e um dia a "sinhá" virou pra ela e falou rindo, se congratulando por sua bondade: eu sou tão boazinha pra você, não é Valéria?... Minha amiga diz que olhou pra aquele pedaço de pão com manteiga e meia xícara de café e pensou: essa mulher tá se achando grande coisa porque está fazendo uma coisa que ficou combinada no dia que eu comecei a trabalhar aqui... Pouco depois ela saiu da casa. Ganhava uma miséria pra olhar três crianças mimadas e mal educadas com ela, muito por seguir o exemplo da mãe, e ainda era tratada como se estivessem fazendo um favor de deixar ela trabalhar lá... Sem falar o assédio mal disfarçado do pai dessa mulher.
Lembrei dessas histórias que ela sempre me contava e que já tem alguns anos lendo o post.
A gente que é da classe média e geralmente está no lugar do contratante, muitas vezes não imagina esse tipo de coisa, melhor chorar de barriga cheia.

Abçs Lola.

aiaiai disse...

ai caramba, eu preciso trabalhar e não consigo. agora to chorando por causa disso aqui:

http://www.dilma13.com.br/noticias/entry/wagner-tiso-recria-para-dilma-o-famoso-jingle-de-lula/

Loli disse...

Eu moro em Madrid e aqui na Espanha (que não é precisamente um dos melhores países em distribuição de renda da Europa) a hora do serviço doméstico custa entre 8 e 12 euros. Esse valor não é muito diferente do que uma pessoa pode ganhar com trabalhos administrativos, em lojas, bares etc. O mais importante é que é um trabalho valorizado e permite que as pessoas tenham boa qualidade de vida. Ah e é fato.. a classe média não tem empregada ou tem, tipo 3, 4 horas por semana ou cada 15 dias... é algo considerado um luxo. Não deixa de ser triste ver como a classe média quer manter o status quo e acha que pobre é pobre porque escolhe ser pobre, ou pobre não tem direito à ajuda social ou a ter serviços públicos bons - lembro do povo em SP dizendo que os CEUS da Marta eram "bonitos demais".

O sonho de uma sombra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O sonho de uma sombra disse...

Tanize Monnerat disse:
"Continuo sendo professora de ensino médio por crer na importância de uma formação capaz de fazer pensar, principalmente antes de entrar na faculdade (onde a classe média estudará engenharia, medicina e administração). Lá história, filosofia e sociologia serão memória..."

Ou seja, desses argumentos pode-se concluir que:

1) a classe média só estuda engenharia, medicina e administração;
2) portanto, só milionários ou miseráveis estudam outras coisas, como filosofia e sociologia;
3) não desprende-se o seguinte fato diretamente do texto, mas alude-se a ele: engenheiros, médicos e administradores não são capazes de pensar, porque não tiveram uma formação capaz disso.

Professora, eu sei que você não quis dizer nada disso, mas é exatamente o que o seu texto diz.

Vê-se que o preconceito, longe de estar restrito às empregadas domésticas, é a única coisa distribuida igualitariamente entre a população.

eva mooer disse...

A valorização do trabalho braçal é um grande progresso. Chega de escravizar os que têm menos conhecimento dos seus direitos. Temos muito chão,mas já é um começo.Gostei muito do seu post.abraços

Mya disse...

Acho que todo mundo tem essa impressão sobre a sua própria casa, que empregadas são super bem tratadas.
Já tivemos empregadas na minha casa, atualmente temos uma diarista quem vem 2 vezes por mês. Essa moça, mãe solteira de uma criança de dois anos, comprou há pouco tempo uma casa com ajuda do programa minha casa minha vida. Com esses exemplos vemos que o governo do PT está sim mudando o Brasil para a melhor.

Victor disse...

Minha casa só teve empregada uma ou duas vezes nos meus 17 anos e acho que foi bem antes da lei que regulamentou a profissão. Antigamente, antes mesmo das empregadas, minha avó, ou tia, ou mãe limpavam a casa, mas quando minha avó (a principal dona-de-casa) teve uma lesão na perna, resolveram pagar alguém.

Hoje em dia, pagamos uma diarista que vem de quinze em quinze dias. E eu acho que não é nem 100 reais não - deve ser uns 50. Só não sei se é porque uma empregada formal seria mais caro... Acho que é pela praticidade mesmo, não ter que vir uma pessoa todo dia na sua casa. E é só faxina, não tem esse negócio de cozinhar ou lavar roupa ou louça - aqui a gente mesmo que faz isso.

Lola, alguns amigos demo-tucanos meus que tem parentes e casas no interiorzão do Ceará dizem que lá os pobres não trabalham mais por causa do Bolsa-Família, mesmo que ganhassem mais trabalhando. Eu não sei o que dizer quanto a isso... Quando eles falam essas coisas, dá a impressão de que as pessoas no interior não tem "ambição",... Fico de mãos atadas e sem argumentos.

Iseedeadpeople disse...

Sabe uma coisa que me irrita? O casalzinho vai sair com o bebê e leva a babá toda paramentada. Os pais ficam ali bebendo, comendo e namorando, enqto o bebê fica largado a tarde inteira com aquela pobre coitada vestida de branco. Que porra de passeio familiar é esse? Será que se ficar umas 3 horas a sós com o filho pequeno vai doer????

Pentacúspide disse...

Deus do céu, pessoal! Afinal o que é que se discute cá. A existência de empregados domésticos ou eles merecerem mais?

A pessoa que vai cuidar do bebé é paga para isso. A pessoa que vai lavar cuecas alheias é paga para isso. Eu penso que o o que está em questão aqui era a dignidade dos empregados domésticos quando posta em causa pelos patrões déspotas e não o emprego.

Quantos desempregados imaginam que haveria se cada um limpasse a própria casa? E acham que seria melhor esse formato? Aliás, lavar cuecas é menos dignificante do que limpar o cu aos idosos num lar (eu sou voluntário num lar de idosos do meu bairro)? Ou é menos dignificante do que lamber o cu aos patrões em grandes empresas?
Não é o trabalho que faz a dignidade.


http://montedepalavras.blogspot.com/2008/12/o-trabalho-dignifica.html


Eu acho que o governo devia era legislar melhor e garantir mais direitos ao trabalhador doméstico. Porém falar mal de qualquer um que tem empregadas domésticas é estupidez pura. Tenho uma colega que ganha como empregada doméstica o dobro do que eu ganho como empregado de supermercado, fazendo as mesmas horas que eu. A questão é que os meus impostos garantem-me reforma, mas os dela não. E a questão maior aqui é um empregado doméstico encontrar um patrão disposto fazer-lhe um contrato e a descontar para o IRS.

Pentacúspide disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Montricot disse...

@Pentacuspide

Bem interessante esse discurso ae. Em resumão grotesco: as empregadas domésticas tem que ser muito gratas à generosidade e benevolência dos patrões ao permitirem que ELAS, AS EMPREGADAS LIMPEM AS CASAS DELES.

Realmente a emoção transborda em meu peito ao constatar que, puxa vida, os patrões são tão bacanas e o serviço das empregadas realmente as dignifica, como dizes,certo?

Não, não dignifica cousa alguma. A sociedade atual não conjuga esse provérbio "o trabalho dignifica o homem". Prefiro a verdade nua e crua que vi estampada um caminhã caçamba, por ocasião da visita acadêmica a uma colônia penal agrícola. O provérbio fora adaptado para a realidade dos encarcerados, mas cabe para nosso mundo de mortais e para o que se discute aqui:

O trabalho IDENTIFICA o homem.

De vossa fala, mais um destaque merece atenção:
Suas palavras literalmente
"Quantos desempregados imaginam que haveria se cada um limpasse a própria casa?

Esse tipo de "raciocínio" é o mesmo que justifica o tal discurso "ah, vou jogar o lixo na rua, afinal é assim que o varredor de rua tem garantido o trabalho dele".

Detalhe antes de dizer que quem falou isso só poderia ser um ignorante das letras: quem falou isso foi um advogado.

PHODA.

Koppe disse...

Minha mãe trabalhou alguns anos como empregada doméstica, e ganhou mais dinheiro do que nos anos anteriores trabalhando como auxiliar de cozinha em empresa de higienização de alimentos, onde ela era inclusive encarregada de turno. Foi inclusive com esse dinheiro que ela financiou a construção da nossa casa. Mas acho que ela foi exceção, por ser confiável e por ter já uma certa idade, acho que as patroas pensavam duas vezes antes de xingar ela por algum motivo.

Pentacúspide disse...

Montricot, primeiro, escusavas de escrever ADVOGADO, que pelo menos a mim isso não impressiona coisa alguma. Eu não valorizo as pessoas pelo que diz ser e nem mesmo pelo que trabalho que faz.

Segundo, tens a certeza de que leste o que escrevi? Onde foi que eu disse ou sugeri: "as empregadas domésticas tem que ser muito gratas à generosidade e benevolência dos patrões ao permitirem que ELAS, AS EMPREGADAS LIMPEM AS CASAS DELES."?

A minha irmã, eu disse, é empregada doméstica, mas isso não a torna menos digna, e nem a identifica. Ser identificado pelo trabalho é simplesmente ser estereotipado. E ela terminou o liceu com 18 valores numa escala de 20, e 17 valores o seu bacharelato em economia. Seria ela mais digna se trabalhasse como economista (a sociedade ainda nos convence da dignidade do trabalho, aliás a tua afirmação deixa ver isso)? Ou achas que ser empregada doméstica significa escolaridade mais baixa, menos inteligência e etc.?

Quer dizer que tu percebeste da minha frase que eu disse que as pessoas devem sujar as próprias casas só porque têm empregados?
Não brinque; se eu dissesse que deve haver mais médicos, dirias que eu gosto de doenças?

O que eu disse e volto a repetir: É ESTUPIDEZ ACHAR QUE TODOS OS PATRÕES TRATAM MAL AS SUAS EMPREGADAS DOMÉSTICAS.

Lê o que escrevi de novo, e se puderes lê o que escrevi antes. E deixa-me dizer-te: por isto, não confiaria em ter-te como advogado.


PHODA (Provavelmente Hoje a Obtemperança Doido Anda).

Koppe disse...

Outra coisa, a aiaiai citou Noruega e Suécia, lembrei de um texto interessante que li anos atrás numa revista "Seleções Reader's Digest", na época edição já velha, em que algum especialista em economia fazia uma análise desses países, identificando problemas graves que estavam sendo ignorados e prevendo um terrível colapso sócio-econômico para dali a poucos anos. Ele só esqueceu de avisar os povos daqueles países, porque até agora muitos anos se passaram e as previsões catastróficas não se confirmaram.

Montricot disse...

só te recordando Pentacuspide:

"tem uma diferença entre o que se diz e o que se quer dizer, e a responsabilidade de quem o profere (ou algo como isso)"

quem mesmo disse isso exatamente para justificar a interpretação que fez da fala da aiaiai?

Decerto que não fui eu.

Eulália Vasconcelos disse...

Lola, gostei muito do seu texto, me identifiquei pra caramba com seu ponto de vista. Estou morando aqui no Japao ha 1 ano e meio e, mesmo as familias riquissimas (aqui no Japao tem rico e riquissimo hehehehehe) nao tem empregada domestica. A mulher e, em alguns casos, o casal, cuida da casa. E os filhos tambem. Na verdade, as criancas aprendem na escola a cuidar da casa, costurar a propria roupa, cozinhar, enfim... Eles nao tem por ser caro e por nao ter essa cultura por aqui. Mas, aliado a isso, existem creches e jardins de infancia gratuitos, publicos, para criancas a partir de zero ano. Assim, a mae que precisa trabalha, ou por necessidade ou por prazer, deixa os filhos, com seguranca. Detalhe: as creches funcionam em sistema integral das 8 da manha as 6 da tarde, com a alimentacao incluida. E mais: para os pais que trabalham no sabado, elas tem servico especial neste dia. Lembro que tive que voltar a trabalhar antes do fim da licenca-maternidade de 4 meses, tive que por uma baba. O que mais me indignava era que minha baba tinha uma filha quase da idade da minha, mas a creche so funcionava ate as 11 e meia da manha. Sabe o que ela fazia? Tirava 50 reais do salario que eu pagava a ela para uma mocinha de 14 anos cuidar da filha dela. Aquilo me deixava arrasada! A pessoa deixava a propria filha Deus sabe com quem para cuidar da minha. Isso e um pais justo? A meu ver, nao! Ah! Nas creches e escolas publicas daqui os filhos de professores da universidade que estudo, filhos de medicos, estudam na mesma escola dos meus filhos. Ninguem sabe dizer quem e pobre ou rico. E disso que precisamos no nosso pais.

Montricot disse...

@Pentacuspide:
vossa fala foi essa:
"Quer dizer que tu percebeste da minha frase que eu disse que as pessoas devem sujar as próprias casas só porque têm empregados?"

Não, você não disse isso "as pessoas devem sujar as próprias casas só porque têm empregados".

Sua fala foi - aliás, vou fazer o recorte no todo:
"Quantos desempregados imaginam que haveria se cada um limpasse a própria casa? E acham que seria melhor esse formato?

Pelo vosso tom, colocar isso em afirmação seria equivalente dizer:
Haveriam muitos desempregados no mndo se cada um limpasse a própria casa. Esse não seria o melhor formato"

Ah, quanto a vossa irmã, que bom que vc não acha que ela é mais ou menos digna por ser empregada doméstica, e melhor ainda que acreditas que ela não é identificada pelo trabalho que exerce.

Mas lamento dizer que sim, nos moldeas da sociedade atual, o trabalho identifica o homem e ouso pegar emprestado o termo que usas: estereotipa sim.

Basta ver o que os aluninhos da Fofaronovich disseram das empregadas serem negras. Lógica formal: Negra = Empregada Doméstica. Tipo, senso comum, label, rótulo, estereotipo, o que quiser.

Digo isso porque sou mulher, negra, advogada e até hoje os porteiros ainda indicam o elevador que devo pegar num prédio residencial.

Se isso não for a supracitada "identificação com o trabalho", desconheço o sentido disso então.

E quanto a ter a minha pessoa na função de vosso advogada, esqueça. Asseguro que eu mesma o recusaria como cliente.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Lola,

até que enfim cheguei em casa para comentar.

Só uma coisinha - quando me mudei para os EUA, conheci umas brasileiras-saltitantes-deslumbradas que me aconselharam o seguinte - "Traz uma Isaura do Brasil para ajudar vc porquê aqui ninguém pode pagar o preço delas e elas cobram por hora. Não deixe a Isaura ir lá fora e descobrir a felicidade (falar ingles e começar a se perguntar porque não tá ganhando por hora e no mesmo valor na casa da patroa brasileira) porque se ela descobrir, ela te larga e vai trabalhar em outras coisas ou para outros."

Sabe o que faz sentido na sentença desse ser humano ordinario? Ela é super sincera ao se referir a empregada doméstica como Isaura. Pelo menos nisso ela é coerente.

Para quem ainda não caiu a ficha de que num país rico não existe empregada doméstica somente para os MUITO ricos, é só se perguntar porque gente classe média brasileira atravessa a fronteira e vem para cá ralar ilegal mesmo em serviço desqualificantes como limpar casas.

Tem gente que já me perguntou 'e quem faz as coisas para vcs'? Cara, nós catamos nossos maridos e fazemos um mutirãozinho de limpeza. Uma aspirada aqui e uma louça na máquina ali e pronto. Nenhuma das minhas amigas daqui ficam naquele papo chato do cacete de reclamar do serviço porco da empregada. E já saiu pesquisa dizendo que casal que limpa junto tem vida sexual mais entrosada. Se a pesquisa tem embasamento cientifico ou não não quero nem saber. Só sei que umas das poucas coisas que gosto nos EUA é essa - a inexistencia de empregadas domésticas.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Agora vou contar do sertão. No sertão de onde eu vim, até uns anos atrás, o normal era as familias da cidade (2 ou tres que vivem na mamata da prefeitura se revezando) pegavam meninas para trabalhar na 'casa da familia'. Colocavam elas para estudar a noite e o pagamento eram as roupas dos patrões. Roupa usada. Elas se sujeitavam porque mal tinha o que comer em casa (tinha crueira, rapadura, um milhozinho peco no quintal) e a familia vivia de agricultura de subsistencia num lugar que plantando nada dá. (Se não fosse a EMBRAPA para consertar o solo acido da região..). Eu tenho historias dessas pessoas que infelizmente não posso dividir mas não poderia deixar de falar de uma pratica comum da minha região.

O trabalho doméstico é desqualificante e 'feminino'. É uma coisa ligada a outra porque se trata de discriminação de genero.

Marissa Rangel-Biddle disse...

Termozinho muito usado aqui e que dá uma clareada - Do It Yourself (DIY) - Faça você mesmo - Corte sua grama, pinta sua cerca, limpe sua casa.

Marussia de Andrade Guedes disse...

Lola
Eu também estava na carreata.
Hoje fui ver a Dilma. Você foi? Eu até procurei você por lá. Foi emocionante. Achei ela muito simpática, carismática. Pena que ela demorou tão pouco!
Por coincidência, hoje, tive uma discussão com uma fisioterapeuta. Ela disse que o bolsa família é uma fábrica de vagabundos. Usei todos os argumentos aos quais você se referiu. Mas estas pessoas não mudam.
Uma vez, um amigo meu estava defendendo o bolsa família. este amigo meu é rico e mora num apartamento na praia. A pessoa que estava discutindo com ele disse que era ridículo ele defender o bolsa família já que ele é rico. O mesmo argumento ouvi daquele reaça que escreve na Época. Ele criticou o fato dos intelectuais e artístas terem se reunido para apoiar a Dilma. Ele disse que eles fazem isso para se sentirem menos culpados. Ou seja, rico não pode defender pobre. Rico tem que votar no Serra e foder com o pobre! E estas pessoas ainda falam em moralidade!

Pentacúspide disse...

tenho que dissecar o próprio texto? boa.

"Quantos desempregados imaginam que haveria se cada um limpasse a própria casa?"

Boa parte das pessoas precisam de empregados porque não têm tempo ou pachorra para limpar a própria casa. Outras porque o status só é afirmado se tiver empregado (a minha família, por exemplo, antes, é claro). É por isso que as pessoas empregam outras.
As pessoas aceitam empregos destes porque estão desempregados... lógico.

"E acham que seria melhor esse formato?"

Achas, Montricot, que é melhor as pessoas continuarem desempregadas só porque vão ter que limpar a casa alheia? Esta não é uma pergunta de retórica.


Não só eu considero a minha irmã digna, todas as pessoas com quem lida a considera. Embora aos meus olhos, que a conheço bem, será sempre digna, mesmo que um dia opte por trabalhos moralmente recrimináveis pela sociedade.

E quando me dizes que o porteiro te indica o elevador de serviço, eu te digo que no mesmo supermercado onde trabalho apanho muitas vezes o segurança a seguir-me quando vou lá fazer compras, porque sou preto, e porque aquela merda é grande e alguns empregados não se conhecem. Mas o que tem isso a ver com emprego doméstico?

Eu não nego que existam esteréotipos ou que não se esteriotipa, mas diz-me (terreno movediço): segues pelo elevador do serviço quando o porteiro to indica? Se não, achas-te melhor que os empregados que por ele seguem? Se sim, por que razão te deixas humilhar?

Eu tenho uma vasta e diversificada experiência profissional que não irias acreditas se eu listasse, desde que migrei para Portugal só tenho exercido naqueles que considero abaixo das minhas capacidades intelectuais, o que me mortifica, mas apesar disso sinto-me digno e nunca sinto vergonha de dizer onde trabalho, a não ser quando ando no engate (pois já torrei chances ao dizer que era ajudante de calceteiro, quando trabalhava nisso). Agora estou a desconversar.

Victor disse...

Agora que vi o comentário da aiaiai sobre a Noruega e Suécia, deu vontade de fazer um novo comentário:

Tenho alguns vários (uns 4) parentes na Suécia e, pelo que eu escuto de lá (e até pelo que a própria Lola já postou aqui), é um país maravilhoso em vários pontos. Como a aiaiai colocou e segundo meus primos e tios, não há pobres na Suécia - o que há são pessoas que acabaram situação porque são alcoólatras, por exemplo, e não tiveram apoio da família ou vontade de se "reerguer", ou imigrantes que não falam o sueco e não conseguem emprego.

Alguns dos meus tios e primos trabalharam algum tempo em asilos (acho que alguns trabalham até hoje, mas na parte administrativa) fazendo de tudo mesmo, acompanhando os velhinhos e etc. - sim, até no banheiro. Isso é algo bem comum lá, porque a população nesses países (nórdicos, principalmente) já está bem envelhecida. E o lance dos impostos é MUITO SÉRIO. São ALTÍSSIMOS!

Sem dúvida, a social-democracia DA SUÉCIA (e não a do Brasil - lê-se: PSDB) ou Estado de bem-estar social é um sistema muito interessante, mas dizem que está um pouco decadente na Europa. Não tenho gabarito para falar disso, mas acho que por enquanto funciona muito bem. Em breve, visitarei a Suécia e viverei essa "experiência" pelos meus três meses de turismo, se tudo der certo.

Unknown disse...

Uma coisa que me assusta bastante, é que em 90% dos casos, as responsáveis por contratar e supervisionar o trabalho das empregadas são mulheres. Ou seja, a maioria dos abusos em relação aos direitos das empregadas domésticas é feito por outras mulheres. Fico pensando, por exemplo, como uma mulher acha que pode mandar a outra embora pq está grávida. Ausência completa de alteridade, não consegue enxergar a outra como mulher.

Quanto ao bolsa-família, não foi uma nem duas vezes que ouvi a baboseira de que quanto mais gente ganhar bolsa família, menos domésticas vão existir. *pausa para vomitadinha*

É incrível como a classe média se sente ameaçada por qualquer coisa que deixe de alimentar o sistema de exclusão.

Já ouvi muita gente dizendo: Eu trouxe essa menina do interior para dar uma oportunidade pra ela. Oportunidade de quê?

Acho que o bolsa-família é uma maneira de acreditar no futuro das pessoas. Acho que se o cara acha que dá pra viver só com a bolsa e resolve não trabalhar, paciência. Pra mim, o mais importante é que mantenha os filhos na escola.


Indico um texto do Contardo Calligaris, chamado A vergonha de ser pobre: http://tiny.cc/mahsu

morgueta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
morgueta disse...

Esses tempos recebi um e-mail desses em power point falando das "maravilhas de São Paulo". O e-mail queria exaltar os destaques de São Paulo com relação ao mundo.

Orgulhavam-se de ter várias sedes de lojas de marcas caras e famosas em que a pessoa que me enviou nunca sequer pensou em pisar. Orgulhavam-se de termos a maior frota de helicópteros do mundo (??? isso é bom em que sentido?) e, entre outras coisas, estava o orgulho da quantidade de empregados "apertadores de botão" que temos.

O engraçado é que essa pessoa veio de Curitiba na mesma época que eu e já nos pegamos várias vezes comentando sobre como São Paulo é mais agradável pra se viver. Como as pessoas, em geral, são menos preconceituosas e mais acessíveis do que os curitibanos. Essa mesma pessoa também reclamava da "síndrome de europeu" dos sulistas, que se acham superiores ao resto do país pelos motivos errados. A mesma pessoa que foi à Europa e ficou pasmo. A mesma que fala mal do Lula que fala errado e do bolsa-família. A mesma que acha que pobre é folgado e que sustenta vagabundo.

Anunciação disse...

Não tenho empregada não porque ache errado ser empregada doméstica,mas porque não tenho condições de pagar decentemente uma profissional com todos os seus direitos;até que preciso pois pra mim já é bastante cansativo trabalhar fora e dentro de casa.E convivo no dia a dia com minhas pacientes empregadas domésticas ganhando merreca ou nada e mortas de medo,coitadas,de romper essa coisa nojenta;nem posso denunciar não pelos facínoras empregadores mas tem uma que nem posso falar no assunto que ela fica aflita e é hipertensa e diabética e qualquer coisa descompensa.Esse Brasil ainda precisa evoluir muito.

Phoenix disse...

Caralho, sem sacanagem, essa do Shiryu foi trash, mas eu tava pensando nisso hj... as diaristas são mesmo mto exploradas, coitadas.Trabalham pra cacete, muitas vezes maltratadas e não tem os direitos, ainda muito aquém do ideal, das empregadas domésticas. Eu fico puta com exploradores. Quem bate cartão não vota em patrão. Não deveria votar, né. E quem não tem nem cartão para bater então, deveria votar 16. E para mim o povo unido governa sem partido.
Olha esse Serge, por exemplo! Conversinha imaginária de patrão ou a empregada é Pollyanna demais da conta?
Parei!