segunda-feira, 20 de setembro de 2010

DEVOLVAM MINHAS REFERÊNCIAS CULTURAIS

Semana passada saiu uma pesquisa realizada em Wisconsin, EUA. Alguns veículos mais sensacionalistas decidiram noticiá-la com títulos como este: “Maioria dos estudantes nos EUA acha que Beethoven é um cachorro”. Quando vi isso, minha primeira reação foi: mas Beethoven é um cachorro, ué. Mais especificamente, um São Bernardo, protagonista de vários filmes-família. Certo, Beethoven é também aquele brilhante compositor surdo. E se minha primeira associação com Beethoven não for nem com o cão, nem com o compositor, e sim com a trilha sonora favorita do Alex em Laranja Mecânica? Posso?
A pesquisa não testa pessoas velhinhas como eu, mas jovens de 18 anos ingressando numa universidade, nascidos por volta de 1992. E o que o levantamento revela é o óbvio: que nossas referências culturais mudam de acordo com a época, e mudam rapidamente. Melhor nem discutir por que tantas das nossas referências culturais venham dos EUA, né? Tudo bem que americanos saibam que houve um São Bernardo chamado Beethoven, mas por que nós, brasileiros, agimos como se o cão fosse nosso? Até parece que eles sabem quem matou Odete Roitman. Opa, taí: a minha referência de fato famoso numa novela é pré-histórica. Um jovem brasileiro provavelmente desconhece que existiu um personagem chamado Odete Roitman. E quem matou Salomão Ayala? Piorou. Se eu quiser me comunicar com os jovens, preciso atualizar minhas referências. O problema é: tem alguma novela hoje que gere a repercussão desses folhetins antigos? Não, não tem. E o motivo é simples. Na época de Odete, a Globo conseguia 70% de Ibope. Hoje, tem 30%. A emissora ainda fornece referências culturais importantes, mas não tem mais o poder de parar o país pra que acompanhe o final de Roque Santeiro, ou, mais sério, de eleger seu candidato à presidência.
Ou talvez eu me lembre tão bem do cursinho pré-vestibular (outra referência que se perderá, espero) ter cancelado a aula no último capítulo de Roque Santeiro porque eu era adolescente na época. E dizem que o que a gente vive na adolescência ganha sentido especial pra gente, por esse período ser o mais querido da vida de uma pessoa (hã?). Deve haver algum sentido nisso, já que me lembro como se fosse ontem das músicas que tocavam no rádio quando eu tinha 15 anos, mas não aos 25. Ou pode ser porque, com 25, eu já não escutava mais rádio. Mas sei que a gente valoriza, sim, referências da nossa adolescência. Uma vez conheci um austríaco, jogador de xadrez nascido exatamente no mesmo dia, mês e ano que eu (a única pessoa que já conheci pra compartilhar aniversário), e ele fingiu nunca ter ouvido falar de ET, o Extraterrestre. É, fingiu, porque até hoje não acredito que alguém que foi adolescente em 1982 possa não conhecer o phone home. Não era só um filme, era um evento. Tinha bonequinhos, posters em todo o lugar, só se falava nisso. A gente sabia até da vida da atriz anã por baixo do personagem. É como Crepúsculo hoje ― existe adolescente de classe média que não saiba quem é Edward Cullen?
A diferença é que eu, que não sou adolescente faz tempo, e põe tempo nisso, conheço as referências culturais dos jovens (pelo menos essa do Crepúsculo, e o nome Lady Gaga não me é estranho), e eles não conhecem as minhas. Pra mim, Fergie sempre será antes de tudo uma princesa! Isso não faz de mim mais inteligente, e muito menos mais “culta” (sempre associado a uma cultura de elite), mas faz de mim mais rancorosa. Parece que os jovens não se esforçam. Como eles podem crer que o mundo só começou depois deles? E eu? E eu? Bom, eu, apesar de ter nascido em 1967, já vi e revi E o Vento Levou (de 1939), e li e reli Admirável Mundo Novo (1932). É chocante pra mim ver gente que nunca ouviu falar de Frank Sinatra. É triste jogar um joguinho de mímica de filmes com amigos quinze ou vinte anos mais jovens que eu e ver que, pra passar O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, eles precisam fazer a mímica de cada palavrinha, enquanto com pessoas da minha geração, passando “dragão”, alguém vai identificar o filme do Glauber Rocha. Mas é mesmo importante saber quem é Glauber, um cineasta cujos filmes envelheceram mal? Essas expressões que usamos, “envelhecer mal”, “tá datado”, servem pra dizer a mesma coisa: perderam suas referências culturais.
Talvez não seja fundamental conhecer Glauber hoje, mas é pedir demais pra que pelo menos saibam, de leve, como era o cinema brasileiro nos anos 60? Não acho nada bom que os jovens não saibam que existiu ditadura militar. Se alguém não sabe história, fica mais fácil mentir pra ele. Inventar, por exemplo (como vivo ouvindo de gente de direita), que Hitler era comunista, ou que socialismo e fascismo são idênticos. Ahn, quer dizer, daqui a pouco os jovens nem saberão mais o que é comunismo.
Acho que é preciso ter percepção das coisas. Tipo, nenhum jovem cairia no meu conceito por nunca ter chegado perto de um vídeo cassete (talvez até suba no meu conceito: vídeo não foi nenhum suprassumo. Pelo menos sei o que é rebobinar). Mas não dá nem pra ter noção de que “cinema em casa” é algo recente? Outro dia li uma entrevista do cineasta Walter Lima Jr. Nascido em 1938, ele falava de quando começou a ver filmes, com dez ou doze anos. E o jornalista perguntou pra ele: onde você via filmes: no shopping, em casa? Ahn, o jornalista deve achar que shopping center é contemporâneo dos dinossauros, e que, desde que o mundo é mundo, todas as salas de cinema ficam em shoppings (pros mais jovens: o primeiro shopping no Brasil é de 1963, e, até o início dos anos 90, ainda havia mais salas de cinema na rua. Só depois as igrejas evangélicas compraram todas, e os cinemas foram se refugiar nos templos de consumo). A TV brasileira começou em 1950, e duvido que ela passava filmes. O vídeo só se popularizou a partir de 1980. A internet, não preciso nem falar. Portanto, pro Walter, só havia uma forma de ver filmes: indo ao cinema, pô!
E é melancólico também não apenas que os jovens desconheçam as minhas referências culturais, como o fato de que logo logo elas estarão extintas. Eu não tinha ideia de tudo que o telefone celular está matando. Ao marcar com um amigo pra gente se encontrar num shopping, eu quis saber onde no shopping ― em que piso, na frente de qual café? E o salafrário de 30 anos de idade riu, porque, pra ele, era só chegar no shopping, e lá um ligaria pro outro. Eu não tinha essa referência (ok, tampouco tenho celular). Eu tive celular durante um ano, enquanto vivia nos EUA, e foi muito estranho, não me adaptava de jeito nenhum. Uma única vez atendi um telefonema fora de casa, e quase saiu fumacinha da minha cabeça por eu ter que andar e falar ao telefone ao mesmo tempo. Imagino que um bebê faça isso engatinhando, certo? É, eu sei. Mas daqui a pouco o despertador deixará de existir, porque o celular terá tomado seu lugar, e vou ter que depender do meu gato pra acordar às 5 da manhã. Relógio de pulso também tá que nem o DEM ― em vias de extinção. Olha só que trágico: se eu encarar alguém e apontar pro meu pulso, pedindo as horas, aquela pessoa me olhará torto!
Ou seja, já já vou me sentir como o Crocodilo Dundee. O quê, vocês nunca ouviram falar?!

65 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHA, adorei o 'olhar torto'quando apontar o pulso pedindo horas... hahah tão real..

Lord Anderson disse...

Ei, eu ja troquei o despertador pelo celular faz uns dois anos., ehhehe

Mas mantenho meu relogio de pulso firme e forte (é o mesmo a uma decada).

Muito bom esse post.

Por cauda das crianças eu percebo bem essas mudanças de referencias culturais e entendo.

Afinal as dos meus pais ja não eram as minhas.

Mas as referencias historicas são vitais.

Não só a ditadura, vejo que tem jovem que nem lembra da epoca do Collor.

Isso é pessimo, pq sem saber o nosso passado recente, não tem como entender o presente e muito menos pensar o futuro.

Esse é um aspecto que não pode ser davalorizado.

Tina Lopes disse...

Na única aula de uma pós picareta que comecei 2 anos atrás, o professor SUBIU NA MESA para falar sobre atrair atenção ou sei lá o quê. Eu imediatamente pensei em gritar OH CAPTAIN MY CAPTAIN mas calei. A turma era jovem demais (só recém-formados) e o professor, velho demais. Bjk!

Lord Anderson disse...

Tina, vc deveria ter dito.

Mesmo com a diferença de idade, as vezes a gente se surpreende com oq alguns jovens sabem.

Wonderwoman disse...

Nossa, adorei a reflexão que o post provoca. Acho mesmo que as referências culturais estão se perdendo... Eu queria muito acreditar com seus alunos, como você disse no twitter que todo mundo conhecerá Beatles pra sempre. Tenho sérias dúvidas. ahaha. Há um tempo ouvi alguém falando que a música da Banda fulano de tal - alguma banda mais recente - era linda. Fui ouvir e a música era uma regravação do The Who! E não foi só uma vez que coisas assim aconteceram, já se repetiu com filmes, músicas e outras coisas do gênero.
Acho triste não só se levarmos em conta o valor cultural dessas referências mas o fato de que muitas delas representam - ou representaram momentos e fatos históricos. A cultura pop hoje tem bem pouco disso, creio eu.
De tudo uma coisa parece boa, ainda que longe do desejável: a perda de espaço e hegemonia da Globo...
beijos
Camilla

Anônimo disse...

As referências às vezes são temporais, às vezes geográficas, às vezes sociais... E perguntar quem é Beethoven é uma coisa, né, Ludwig von Beethoven é outra! :)
Mas, do mesmo modo que a garotada passa batido em muitas referências arqueológicas (como as minhas, década de 70 pra frente), o contrário também acontece - conheço muita gente da minha geração que não sabe o que rola com a meninada, não quer saber, ou só quer criticar (como se todas as referências da época deles tivessem sido verdadeiros clássicos).
Mas os 'cruzamentos' são divertidos. Outro dia uma sobrinha se espantou por eu saber a letra de Além do Horizonte, que ela julgava ser do Jota Quest. Quando contei pra ela que era Roberto Carlos, ela quase caiu dura...
abraço,
Mônica
@madamemon

Alex disse...

Mas, mas, mas... Beethoven tá morto a muito, muito tempo. Porque que ele seria referência cultural para pessoas mais velhas e não para jovens agora entrando na faculdade?

Sei não, tem coisas nessa lista que são claramente sinais dos tempos e tem outras que parecem mais sintomas de morar em um contâiner ou caverna. Pô, saber que a alemanha foi dividida é referência cultural que se perde caso vc tenha nascido 3 anos depois da reunificação? Não se fazem mais filmes em que o assunto é mencionado? Não teve notícia em jornal ou revista sobre isso? Foi algo que uma semana depois todo mundo tinha esquecido?

Masegui disse...

Lolinha,

OFF TOPIC: Não deixem de assistir esse vídeo do Luis Nassif:

http://twitcam.livestream.com/235sg

Ps.: Ainda não li o post de hoje. Vou sair e volto já, pra ler e dar meus pitacos, se for o caso...

Luciana Nepomuceno disse...

Obrigada pelo post. Sério. Sempre que tento escrever sobre isso me acho amarga e um tantinho ranzinza. Chateio-me não com o desconhecimento mas com a arrogância, sabe? Tipo: "detesto ler", como se fosse mérito..ou, ah, mas é P&B. Outra coisa que me adoece é a simplificação como, sei lá, versão do livro Três Mosqueteiros pra adolescentes ou regravação de bossa nova com arranjos simplificados. Como se a complexidade fosse algo do que devêssemos fugir. Às vezes me sinto cansada, mas ler textos como esse seu me fazem bem ao perceber que é possível falar disso com humor e profundidade.

Lord Anderson disse...

Eu concordo com a Monica.

Não podemos cair no extremismo de que "só no meu tempo era bom", da mesma forma que devemos evitar a ideia de que o "novo, novissimo" é sempre melhor.

Cada epoca tem suas obras memoraveis e descartaveis, e muitas vão perdendo sua força com o passar do tempo.

Wonderwoman disse...

Vixi, o comentário da Borboleta disse tudo que eu queria! Concordo totalmente com você!

lola aronovich disse...

Gente, como a Wonderwoman disse, lá no twitter (@lolaescreva) tá rolando uma discussão sobre se os Beatles "existirão" daqui a algumas décadas. O @marcosfarias70 recomendou um vídeo excelente, em inglês, sobre como os historiadores e arqueólogos falarão dos Beatles daqui a mil anos. É hilário! Percebam o nível da desinformação... E QUANTAS coisas que a gente acha que sabe, a gente não sabe mais ou menos desse jeito, cheio de erros? Atentem para a foto que aparecem John, Paul, e "um desconhecido". E é o George Harrison, tadinho!

Dáfni disse...

É, Lola, estamos ficando velhas... (rs)

Mas eu lembro dos papos dos meus pais e seus amigos, e as referências deles, que não faziam nenhum sentido pra mim. Acho que é isso que está acontecendo com a gente, e depois vai acontecer com esta geração dos anos 90, e assim sucessivamente...

Beijos

Kaká disse...

Muito bom esse post! Eu já troquei o despertador pelo celular faz tempo, e relógio de puso só para marcar o tempo da corrida (quando não uso o iPod que serve de cronômetro, podômetro e mp3).

Como já disseram acho importante também saber o que é referência cultural para os jovens de hoje. Muitas das minhas aprendi com meus pais, com filmes, séries, e até com as novelas. Toda vez que eu não entendia uma referência, eu ia pesquisar. Ainda faço isso com os filmes/séries teens e os TTs do twitter. (como diz um amigo, não posso ficar por fora).

A globo fez um remake da TiTiTi que tenho certeza que só quem tem mais de 30 ri do Mario Fofoca.

Os Beatles vão sempre ser uma referência (para quem gosta ou não), eles ficam ressurgindo para as gerações mas novas. Alguém está sempre "descobrindo" os Beatles.

Tina Lopes disse...

Outro dia tava comentando no twitter o quanto evito a nostalgia. Deus me livre de festas anos 80. Eu sou um poço de contradições: ao mesmo tempo que não acredito na humanidade (acho que, como o agente Smith diz, somos o vírus do planeta - o q? vc não sabe quem é o agente Smith?) ao mesmo tempo vejo alguma melhora em relação ao que passou. Quem deplora Justin Bieber esquece do Menudo ou do Ursinho Blau Blau e por aí em diante, em diversas áreas - a gente tem tendência a memória seletiva. Mas lembremos que o racismo e o estupro já foram crimes menores, ou pior, até outro dia nem eram crimes! Por isso adoro a internet: por aqui passo a conhecer coisas boas e para as quais não teria qualquer referência ou indicação no mundo "real".

(Mas Lord Anderson, eu comentei sobre Oh Captain My Captain com as colegas, no intervalo, e elas realmente não reconheceram a referência, como eu tinha previsto... )

Bruno S disse...

Eu imagino que em qualquer época se consumiu muita porcaria e algumas coisas boas em termos culturais.
As porcarias se perdem no tempo.

As coisas boas continuam sendo referências, ou farão parte das novas referências(um cara que vai escrever um roteiro de filme para jovens/adolescentes hoje tem referências mais antigas e acabrá fazendo alguma citação delas).

Fazer juízo de valor sobre as referências alheias acaba beirando o preconceito.

Giovanni Gouveia disse...

O primeiro "shoping center" do Brasil foi construído em 1899, pelo xará de minha avó, Delmiro Gouveia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Delmiro_Augusto_da_Cruz_Gouveia

Meu celular é meu despertador, e não tenho relógio de pulso desde um assalto, há mais de 23 anos.

Fico irritado quando ouço alguém daqui mudando o sotaque pra entrar no padrão global.

"Pelo telefone" tava na minha cabeça semana pas... putz, voltou... http://letras.terra.com.br/donga/1120957/

Gosto de Beethoven, Mozart, Vivaldi, Offe, Bach..., apesar de gostar de rock 'n roll

Meu filho, de 4 anos, basta olhar prum aparelho eletrônico que já vai fazendo as coisas funcionarem, coisa que minha mãe não consegue fazer após uma "aula" sobre o troço

Lola, não faz tanto tempo assim que a gente foi teenager, foi ontem... ;)

DH disse...

A mudança das referências é algo até esperado. Mas quando você passa a ser "ridicularizado" por suas maiores referências não serem atuais?

Saber quem foi Beethoven, além de um cão São Bernardo, o que isso vai importar pra muitos jovens de hoje? Citando o exemplo da Lola, já fui tachado de "estranho" e de "metido" por escutar o já citado compositor, ou o próprio Sinatra, por exemplo. Isso pelos meus colegas de faculdade.

Ah, e não vou negar que prefiro acordar com a minha música preferida, tocada no celular, do que por aquele som irritante do despertador, hehehe.

Lord Anderson disse...

Tina]

Que pena.

A ultima vez que falei do My Captain p/ alguem foi um primo adolescente que a tinha visto num gibi...

A internet realmente nos permite ter acesso a uma quantia absurda de referencias mas devido a quantia absurda de informação não da p/ acompanhar tudo.

Conhecer coisas novas e antigas vai depender apenas da vontade do navegador digital.

Masegui disse...

Vortei...

Belo post, Lolinha, mas um velhinho como eu fica deprimido...

Alguém aí se lembra de um personagem do Jô Soares, um professor, cujo bordão era + ou - "a ignorância dessa juventude é um espanto!"? Pois é, eu sou um caipira sem cultura, mas perto da juventude atual (generalizando) eu sou uma sumidade!

Meus filhos, por exemplo, por mais que eu tenha lutado para que eles gostassem de ler, perdi a guerra contra os vídeo-games... e depois os computadores foram a pá de cal.

Como consolo, às vezes, eu os ouço cantarolando alguma coisa dos Beatles...

Niemi Hyyrynen disse...

pegando gancho na fala do Lord Anderson:

tem gente jovem que não lembra do Collor e deveria, para aprender a desconfiar de quem anda com ELE Hoje.


;D

Niemi.

Shiryu de Dragão disse...

Niemi
kkkkkkkkkkkkkk
Adorei usa ironia!


A diabetica da Lola está ficando velhinha (a Lola sofre de excesso de açucar no sangue nao tem coragem de contar pra gente que ela está sofrendo de diabete). E tb tem um gosto muito peculiar. A próprria Lolinha não aceitaria outra pessoa que soubesse mais sobre literatura inglesa e norte-americana e sobre filmes maisntream pq ela ficaria como sendo a perdedora. Ela nao admite que livros e mídias cults sejam conhecidas pelo apelo popular. Ela gosta de ser a maioral de tudo!!

Giovanni Gouveia disse...

Pois é, niemi, qual o Partido de Collor? PTB, onde está o PTB? no colo de serra...

Anônimo disse...

Beethoven pra mim era meu colega de escola. Beethoven da Silva, ou de outro sobrenome qualquer.
E tive de pesquisar o 'Captain, my captain', tô ficando atrasado. :/

Lord Anderson disse...

Masegui.

Eu não diria que o pc é inimigo da leitura.

Meu sobrinho mais velho tem pouca paciencia o/ livros, mas le blogs, sites alem de hqs e fanfics.

Tudo no computador. E em alguns paises ja há quem leia no celular.

Não é a morte da leitura, só o surgimento de uma outra forma de se ler.

Pentacúspide disse...

Eu não vejo problema nenhum em as pessoas não saberem sobre personalidades anteriores à sua "idade de informação" (considerando, essa idade aquela que as crianças começam a descobrir que o mundo não acaba no fundo da rua); não se vai perguntar a uma criança quem é L. Beethoven, duvido mesmo que os putos de hoje sabem onde fica a Rua Sésamo, tal como a maioria dos adultos não sabem de Pocoyo, de Lunar Jim, ou de Rucas (vejo os desenhos animados com o meu sobrinho).

Acho que era mais desastrosa se a maioria dos jovens americanos não soubessem dar uma resposta a "quem é Beethoven". Eu passei muito tempo nas bibliotecas por isso as minhas referências culturais tanto são clássicas como recentes (considerando o outro tanto que passo na Internet), mas eu sou meio NERD.

Há um jogo de perguntas e respostas chamado BUZZ que me tira do sério quando começa com as perguntas do género: "quem casou com quem". E e exactamente essa parte que eu odeio na "cultura" actual, o conhecimento enciclopédico actual, encontra-se agora encerrado nas páginas de revistas de fofocas ou no que é fornecido pela televisão, senão vejamos os jogos de cultura geral que passam na TV.

http://montedepalavras.blogspot.com/2010/06/futebolite-sera-doenca.html

Irrita-me muitas vezes que os jovens os jovens não queiram saber do que aconteceu antes da Web.2 e da CGI, da mesma forma que me irrita que eu não queira saber dos modismos efémeros actuais.

ana isabel disse...

Outro dia, eu precisava gravar um arquivo e não tinha CD. Pedi para o estagiario pegar um disquete e ele me olhou com cara- "O que é isso?"
Eu respirei fundo e respondi:
-Vai dizer que você não sabe o que é um disquete de 5 e 1/4?"
Me senti uma dinossaura...

Lord Anderson disse...

Penta eu sou nerd total e isso me ajuda a estar proximo dos meus sobrinhos em alguns campos, como filmes, desenhos e games.

Mas não consigo acompanha-los no quisito musica e celebridades atuais.

Mas tudo bem.É a vez da minha geração ser chamada de brega e antiquada.

hehehe

Lord Anderson disse...

E Shiryu.

Era p/ ser engraçado?

Letícia Simoni Junqueira disse...

Eu me pergunto o que eu sabia quando eu tinha 18 anos.

Quando você tem 18 anos, todos os seus amigos têm 18 anos. Você liga pra amiga pra saber como ela vai sair à noite pra não destoar. Você escuta o que seus amigos escutam. Diversidade e pluralidade não parecem fazer muito sentido nessa faixa etária.

Na faculdade (especialmente se você muda de cidade), é que começam a aparecer pessoas diferentes de você. E é depois, no trabalho, que você convive com pessoas ainda mais diferentes. E são elas que apresentam coisas bacanas que todo mundo devia ver.

Acho que você começa a formar sua personalidade (e isso inclui conhecer as coisas pra decidir do que gosta) lá depois dos 20 anos. Eu tenho 29 e espero assistir a alguns clássicos do cinema antes dos 30. Mas não sei se eu teria paciência pra ver "E o vento levou" aos 17.

Post genial, Lola.

PS: esses dias eu vi "Quero ser grande", com o Tom Hanks, no Telecine Cult.

Victor disse...

Lola, não conheço a maioria dos filmes que você citou e só vi "ET" quando era muito pequeno, mas sempre me perguntam as horas quando eu ando de relógio de pulso - aliás, acho muito difícil o relógio de pulso ser extinto já que se transformou um acessório tão importante quanto brincos e óculos.

aiaiai disse...

Uma coisa é ter referência pessoal diferente...cada geração tem as suas. Outra, completamente diferente, é não saber história e não ter interesse em nada que ocorreu no mundo antes da minha adolescência. Porra, eu sou velha, mas não tive o privilégio de conhecer Ludwig van Beethoven pessoalmente! No entanto, ele é uma referência cultura sim.

Mas a coisa pode ser ainda mais grave.

Outro dia o papa disse, na inglaterra, que o nazismo existiu por causa dos ateus...É, isso mesmo que vc leu: o chefe da igreja que apoiou o nazismo disse isso na maior cara dura. Se a pessoa não se interessa em saber o que é nazismo e como ele estava intimamente ligado à igreja católica e ao cristianismo em geral, fica difícil entender a revolta de cidadãos de todo o mundo com a declaração do maluco, né?


E os ingleses então, coitados, que tiveram que receber em seu território o atual chefe da UCAR que foi banida das vidas dos britanicos há quase 500 anos? Eu fiquei com dó!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Flávia Simas disse...

Acho que alguém já até deve ter comentado a respeito disso, mas eu acho engraçada essa onda de saudosismo exagerado do pessoal da minha faixa etária. Vejo comus e mais comus no orkut do tipo 'eu sou de um tempo em que...' e putz, eu faço tanto esforço para ser de agora que fico até magoadinha com esse tipo de comunidade. =D

Por exemplo, eu adoro ler na tela do computador. Não sei se um dia eu vou dar uma de nostálgica e dizer que sou do tempo em que livros existiam.

Também não achei a década de 90 lá essas maravilhas culturalmente falando, a ponto de ficar parada nela. Acho ótimo ter despertador, relógio e celular tudo num treco só, embora meu gosto por relógio de pulso não tenha ido embora mesmo.

Aliás, vejo que essa coisa do relógio tá mais ligada à moda mesmo. Ano passado quando estive no Brasil as pessoas olhavam torto para o meu relógio de pulso minúsculo. Tiraram até onda com a minha cara. Fui perceber que o relógio da moda, um ano atrás, era daqueles redondos, grandões, todo dourado ou todo prateado. Daí que o meu, pequenininho, parecia chinfrin =D

Ah, parece que dos fatos que você mencionou, há uma mistura entre clássicos, história e memória pop coletiva. Eu creio que não há desculpa para não conhecer os clássicos e nem a história (embora eu esteja vivendo em um país em que as pessoas NÃO sabem história... nada, nada, ao ponto de achar que Hitler foi um grande líder que escreveu um livro sobre motivação e liderança... e ainda duvidam quando eu conto do holocausto).

Enfim, ao passo que é sim um atestado de ignorância não conhecer grandes clássicos e fatos históricos, eu acho compreensível que as pessoas mais jovens do que eu ignorem completamente quem foram os ícones pops da 'minha' década. E também não fico pagando de 'ahhh, essa geração tá perdida, culturalmente falando' porque bem, eu ouvia Dominó =/

Lord Anderson disse...

Tiplo Ai.

Vc lembra quando um dos principes herdeiros se fantasiou de nazismo p/ uma festa?

Tai uma otima demonstração de falta de conhecimento historico que afetou sua propria nação duramente.

Márcia Barreto disse...

Oi Lola!
Fiquei chocada com esta história desta pesquisa sobre os jovens que parecem desconhecer Beethoven o que foi esplêndido músico.
Engraçado lembrei de um período em que estava num curso de arte e o professor pediu que descrevêssemos a música que estávamos dançando, era um tipo de música tribal, parecia uma coisa do tempo dos dinossauros, mas era uma música bem pertinho daqui da gente, de uma tribo indígena que ainda existe no ceará e mantém esta dança em suas tradições e com esta brincadeira o professor conseguiu nos mostrar a importância daquela dança e daquele povo, foi mais fácil escutar a historia deles. Ninguém da turma acertou mas quando se trata de Beethoven o músico, fico triste pelo valor que a música clássica tem para todos.
Pois é falar em conhecimento da até pra criar uma tese de tanta coisa que podemos falar a respeito, mas eu penso que precisamos valorizar muito o conhecimento para poder realizar alguma coisa, a ponto de permitir que o outro não só aprenda o conhecimento mas acrescente algo de seu após ter assimilado do novo aprendizado. Uma estudiosa sobre cultura a qual acho muito importante, chamada Ana Mae Barbosa, abordando situações semelhantes certa vez comentou:
“Uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento pelo público Desenvolvimento cultural, que é a alta aspiração de uma sociedade, só existe com desenvolvimento artístico neste duplo sentido”

Niemi Hyyrynen disse...

provocações à parte:

agora sobre o post:

e a juventude tem culpa? com tanta desinformação que entope os "portais de notícias" por ai, como que o jovem de hoje vai se nortear?

Bem, em partes nós temos a liberdade de procurarmos outras referências, mas...como procurar por algo que não se sabe que existe?

A cultura está digitalizada e hoje em dia é até mais fácil fazer uma pesquisa sobre o passado, o problema pra mim é a ligação física, como querer que jovens tenham contato e relação com aquilo que eles muitas vezes não viram, não ouviram? Ruim para eles.

Mas pensando por outro lado, será até bom essas futuras gerações serem desprovidas de memórias... seus filhos e/ou netos não vão saber o que é Restart.. é o than...thackabun...cine por exemplo...rs


:D

Niemi.

Masegui disse...

Lord,

De acordo, mas quem cresceu "lendo livros" está mais propenso a ler qualquer coisa em qualquer lugar, né mesmo?

Koppe disse...

Sendo meio nerd, acho que faço parte de um grupo que não tem muito desse problema. Apesar de ter conhecido a frase "vem vamos embora, que esperar não é saber / quem sabe faz a hora, não espera acontecer" através de um grupo de rap, depois pesquisei e descobri de onde vinha. Entre leitores de HQs também se valoriza muito o conhecimento de coisas antigas (qual colecionador não quer ter HQs da EBAL na coleção? Quem não gosta das histórias da Era de Prata?).

Também gosto de música gaúcha, e toda a tradição gaúcha valoriza muito o passado, a ponto de muitos jovens hoje saberem quem foi Pedro Raimundo (uma referência que já era velha nos anos 60).

O que me surpreende de vez em quando é descobrir que meu sobrinho de 4 anos já assiste e conhece Chaves, e gosta dos desenhos do Pica-Pau (que ainda são os mesmos que eu assistia na infância). Mas Chaves ainda vai durar muitas gerações mesmo.

Enquanto isso, meu irmão mais velho não entende de maneira nenhuma que eu absolutamente não lembre o que foi "Balão Mágico"...

Quanto ao relógio de pulso, nunca consegui gostar nem usar isso. Prefiro o celular, que também serve pra tirar fotos, e como calculadora e pen drive. Também serve pra fazer e receber ligações, mas é muito raro eu usar o celular pra isso.

Vitor Ferreira disse...

Lola, eu compartilho sua dor. Eu me sinto um ancião dentro da minha própria geração, porque eu vejo e gosto de Um Bonde Chamado Desejo, Quem Tem Medo de Virginia Woolf e sei quem foi Stanley Donnen ou Katharine Hepburn, por exemplo. Até que às vezes me sinto uma pessoa mais interessante e com bagagem, por saber que civilização e cultura existiram antes de eu nascer, e achar importante conhecê-la. Acho que por isso a maioria dos meus amigos são mais velhos. É aquela coisa, explicar piada não tem graça. Tipo ter um amigo que namora uma mulher mais velha, e apelidá-la de Mrs. Robinson e depois ter que explicar o por quê do apelido. É brochante.

Acho que faz parte da criação da gente também. Um exemplo, meu pai escutava a trilha sonora de Hair no carro na minha infância, e quando eu tinha uns 10 anos, passou na TV e eu tive curiosidade de ver, e assisti com meu irmão e minha mãe. Não gostei (mas hoje amo), porque não tinha como entender, já que eu não sabia nem o que era masturbação, mas depois fiquei sabendo até o que era LSD. E os hippies. E eu não podia conversar a respeito com meus "coleguinhas", que só queriam saber de Cavaleiros do Zodíaco.

Eu tenho um amigo de 18 anos e me sinto mais velho ainda, porque ele venera Avril Lavigne (eca) e desconhece uma música sequer dos Beatles. Ou qualquer ícone cultural pré-2000. E nem faz muita questão de saber.

Quanto ao relógio de pulso, eu sempre odiei (ou qualquer outro acessório, como pulseiras, óculos, voltas, etc.), e até a sociedade me forçar a ter celular, eu dependia da caridade alheia pra saber as horas.

Pentacúspide disse...

Acho que estão a puxar pelos extremos. Que mal tem preferir Avril, ou Justin Imberbe a Beatles e outros tantos?

E de filmes antigos, bem, eu não gostei de "Casablanca", achei-o sobrevalorizado, não tenho paciência para "E tudo o vento levou", o filme mais antigo que vi foi "Mulherzinhas", não gostei. Os dois primeiros pelo menos são clásssicos respeitadíssimos, mas acontece que vi muitos filmes posteriores a eles que se basearam neles e foram bem trabalhados, de maneira que quando os vi não houve elemento surpresa. Aliás, não gostei de Ben Hur com todos os seis 13 óscares. Gosto mais do último "O Dia que a Terra Parou", gostei mais do primeiro "Willy Wonka"... enfim, ninguém é mais culto só porque vê filmes antigos, ou ouve música clássica.

Eu leio muito os Marvel, a maioria vai torcer o nariz, mas tem muita cultura ali. Aliás, eu lutei muitos anos contra a minha vontade de ler BD porque remetia essa leitura para adolescentes, até ter lido "Apocalípticos e Integrados de Umberto Eco".

Não gosto de Dan Brown, porque sinto que grandes escritores são injustiçados pela projecção dele, mas gosto de Dan Brown pela maneira como ensina a história (se fores inteligente o suficiente para confirmar os factos através de outra fonte que não a wikipédia).

Este é um assunto escorregadio para mim, porque embora critique a ausência a cultura "clássica" ou "cultura da elite" na juventude mais jovem ou mesmo nos meus colegas mais próximos (em termos de cultura geral sou um deus no meu círculo de amigos, um peixe fora de água), culpo a televisão, ou melhor, os entretenidores sociais que só atiram lixo "intelectual" para a massa.

Mas enfim, sempre foi pão e circo, e meus queridos os supostamente cultos como nós pensamos que somos, constituem desde sempre em qualquer geração um pequeno número.

Não é que a jumentude actual (como disse não sei quem) seja preguiçosa, mas é como diz I. Kant: "a maioria só reage, não age". Mas começou assim a cultura pop que agora estudamos, daqui a algum tempo se calhar vão chamar à nossa de cultura hip-hop, ou simplesmente de "geração hi-tech", como alguns sociólogos já fazem.

E largando a juventude, peguemos nos académicos. Antes para fazer uma tese lia-se livros e livros, hoje 90% faz um trabalho COCÓ (COpiar e COlar), resultando em mestres e doutores incultos, que sabem pouco do próprio tema que trataram nas teses. Eu desprezo cada vez mais o meio académico.

Vitor Ferreira disse...

Pentacúspide, eu não disse que há mal em preferir (isso é questão de gosto e é improdutivo discutir), mas sim em cultuar apenas o agora, e se esquecer que há um passado. E deliberadamente desconhecê-lo. Até porque o hoje existe devido ao passado. Eu gosto da Lady Gaga, mas temos que saber que sem Madonna, Michael Jackson, Cyndi Lauper, Grace Jones, David Bowie, Elton John e tantos outros, Lady Gaga não existiria. E antes deles Beatles, Led Zeppelin, Elvis, Hendrix, Janis, e assim por diante. Isso exemplificando só com nomes internacionais.

Quanto a Casablanca, ele foi pioneiro do gênero. A fórmula é desgastadíssima, então pra quem vê hoje, como você, pode não ser nada demais, mas tem que se respeitar o contexto da época em que o filme foi feito. Outro exemplo disso é Bonequinha de Luxo. Pra quem viu antes Uma Linda Mulher ou qualquer outra comédia romântica posterior, Bonequinha não será nada demais. Ou Quanto Mais Quente Melhor pode ser sem graça pra quem cresceu vendo As Branquelas.

Quanto a TV, e cresci vendo muita TV, até a internet surgir. Hoje qualquer coisa que passe na TV estará no youtube, então nem vejo. Nem tenho uma. Acho que depende muito do que se vê na TV também. Tem muito lixo, mas também tem coisa boa. E muitas coisas tanto na TV quanto no cinema, incluem diversas citações culturais que as pessoas não entendem, porque não têm bagagem cultural.

B. @bruneuc disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
B. @bruneuc disse...

Engraçado que eu fui fazer o teste pra minha enteada de 10 anos, e perguntei pra ela quem era bethoven... ela respondeu que era um pianista com deficiência de audição, e eu fiquei toda orgulhosa... aí depois eu expliquei que queria saber se ela lembraria dele ou do cachorro primeiro... e ela disse: que cachorro?! Ela não sabia de nenhuma existência de cachorro chamado Bethoven. Ou seja, acho que essa referência já era pra ela. As coisas mudam mais rápido que a gente imagina...

Pentacúspide disse...

Não vou nisso, Vítor. É bom conhecer a música, mas o que dizes parece igual a afirmar que para gostar do cinema tem que se saber que sem os irmãos Lumiere Vicenzo Natalli não existia, ou, extrapolando, sem Zeuxis Hayao Miyazaki não existia. Não tenho de conhecer Picasso para só depois dizer que aprecio Iman Maleki.

E aí é que está, podemos apreciar os clássicos para descobrir a forma como interferiram na "arte" actual, mas acho snobismo afirmar que somos melhores apreciadores porque os outros não apreciam os clássicos.

Sou ecléctico para a música, ouço tudo, tudo mesmo, desde a clássica ao metal rock, o meu género preferido varia constantemente.
Eu conheço o nome de muitos músicos clássicos mas não conheço a música deles, tal como conheço muitos músicos actuais cujas músicas não conheço, porque parto do princípio que são comerciais, com um som "radio friendly", repetido n vezes, com variações mínimas, da mesma maneira que os meus colegas não conseguem apreciar as variações da música clássica, porque lhes soa tudo a mesma coisa: barulho descontrolado com piano e violino.


Aliás como arquitecto eu sempre digo que conhecer a história de arquitectura não faz um bom arquitecto, ninguém na minha turma, durante cinco anos, conhece a história de arquitectura melhor do que eu, as teorias, os elementos e tal, mas sou medíocre a projectar.

Mas como exemplifiquei antes sobre a cultura geral, no jogo de BUZZ, cultura geral, (googla o termo) sou um ás na questão cinema, ciências, literatura (até os noventa, pelo menos), mas quase um zero nas questões actuais como moda, música, coscuvilhice e tal. De maneira que saio empatado com pessoas de quem supostamente sou mais cultura.

Aliás, só agora chegou-me à cabeça, provavelmente antes de começarmos a discutir devíamos primeiro ter definido o que é "cultura" e o que é "culto".

B. @bruneuc disse...

O que me deixa um pouco irritada sobre essa questão também é que todos esses clássicos são sempre super eurocêntricos. Ou seja, é super "cult" gostar de música clássica e filme europeu, mas desconhecer a cultura indígena, africana e dos imigrantes que formaram o nosso País, tudo bem; ninguém se importa. Eu prefiro conhecer música brasileira, africana, indígena a música clássica, apesar de reconhecer a importância (pelo menos é o que o pessoal da música diz) que ela tem. Acho realmente bonito e tudo mais, porém pra poucos momentos (minha opinião). Tudo tem seu valor e ficar idolatrando algumas coisas me parece meio acrítico. No fim, é uma questão de gosto, de contexto e ninguém é melhor por isso. Radicalizando um pouco, eu costumo dizer que muito da música é como a moda. Não dá pra supervalorizar uma, nem subestimar a outra.

Pentacúspide disse...

Concordo contigo, B, em gémeo, úmero e degrau. Agora que falaste nisso, estou a ver com maior clareza. O ser "culto" nasceu de preconceito, pode-se traduzir por saber mais do que os outros sobre coisas que já passaram nos países com "história" (considerando que até Engels considerava África um continente a-histórico), ou que estão a passar nos países "importantes".

Vitor Ferreira disse...

Eu também não disse isso. Digo, sim, que há um desinteresse (por parte dos jovens) com o passado e uma valorização do presente, mas esquecendo-se que o passado fez o presente. E, pra mim, ignorar isso é alienante. E a partir do momento que você passa a se abrir mais pra cultura, Beethoven passa a ser mais que um cachorro. Há um preconceito por parte dos jovens com o que eles acham "velho", que normalmente é qualquer coisa que aconteceu há mais de 5 anos atrás.

E concordo com a B. que a "cultura geral" é bem eurocêntrica, mas essa já é outra longa discussão também, inteligada a essa iniciada pela Lola, mas nesse momento foge um pouco do tópico.

Vivien Morgato : disse...

Eu sou noveleira,por isso,essa parte dá beleza...rs
Apesar de trabalhar com adolescentes, não acompanho a produção musical atual.
Acompanhava os desenhos quando Daniel era criança, agora, não sei nada. Só sei que existem alguns com heroinas que vivem praticamente dentro de shoppingos...então...prefiro continuar desconhecendo.

Mas eu acho que fiquei na década de 80 pra maioria das coisas que gosto.

Menos cuiura digital.;0)

Pentacúspide disse...

Agora estou a parecer advogado do diabo. Como disse antes, este é um assunto escorregadio para mim, porque tanto me irrita ser isolado quando me irrita o meu próprio snobismo por ser "único" no meu grupo.

Depois de ter visto com os meus irmãos mais novos que cresceram na Europa o filme "O Choque dos Titãs" e de ter criticado tanto o filme a nível do argumento e da precisão mitológica, fui sacar o primeiro para vermos juntos. Deus do céu, enquanto eu rejubilava com as técnicas do stop motion do filme, era vaiado por só admirar lixo, imagina comparar aqueles bonecos de plasticina com CGI quase real. Desisti de lhes pôr o King Kong de 33.

A geração actual é "fast food", não admira que cinco anos determine a velhice. Eu tenho um computador de 2002 que nem a internet consegue aguentar bem, porque muitas páginas são pesadas demais para ele. Office 2007, nem pensar. Passou o seu tempo. É assim agora, a velocidade da tecnologia define o novo e o velho, tanto em literatura como no cinema.

Elaine Cris disse...

rsrsrs... Adorei o post. No meu caso acho que fui colecionando referências, mas talvez por gostar de alguns filmes mais antigos, músicas mais antigas, que talvez a maioria da minha idade não conheça.
Mas Crocodilo Dundee, vamos ver, acho que ainda passa na televisão... Eu acho que lembro de uma cena do filme até hoje "Diga pra ela que eu a amo" e um vai gritando pro outro até que a mulher escute...
Ou será que me confundi?? rsrs

Bjus Lola

2edoissao5 disse...

essa historia de ser jovem demais para saber não é deculpa para nada, principalmente hoje com internet.
é que as pessoas não valorizam o conhecimento e ficam só no superficie.
beijo!

Índigo disse...

aii, apesar de ter trocado o despertador pelo celular (depois de ter quebrado uma dessas maquininhas irritantes de fazer tic-tac) acho estranho nao marcar lugar pra encontrar. até porque chamada de celular é CARO (ou eu sou pobre, também pode ser)

relogio de pulso eu nuuuunca usei, acho incomodo demais... qdo era criança meus parentes sempre me davam uns cor-de-rosa da minnie, mas nao... eu prefiro olhar pro sol e chutar que horas sao (raramente erro)

ai, eu adoraria ler todos os comentários e ajudar na discussao, mas tenho que parar de procrastinar a faculdade, antes que seja jubilada na reta final.

pra lolinha, um tutorial de como eu transformei meus gatos em despertadores na época que tive insônia e nao conseguia mais acordar cedo: http://www.fotolog.com.br/sinnestesia/76560285

Jéssica disse...

Lola, adorei seu post. Como eu disse no twitter, ele me fez sentir velha, apesar dos meus 17 anos.

Concordo que é desculpa esfarrapada dizer que não conhece um filme ou um músico antigo só por não ter pertencido a geração dele. Mas acho que esse é um tema muito mais complexo do que isso.

Os jovens de hoje em dia estão acostumados com um mundo que gira rápido e está em costante mudanças. Por isso é normal que música classica e filmes antigos sejam vistos com um certo desdém, uma vez que eles foram feitos numa época que todo mundo tinha paciência para esperar a ação começar nos 30 minutos finais do filme.

Sem contar que a mídia tem sua fatia no bolo. É só ligar a televisão e ver que jovens são incitados a acharem que a geração passada é não presta, é velha.

Outra coisa que percebo é que muitos jovens não entendem, ou entendem pouco de arte. Daí um solinho de guitarra michuruca do NX0 parece a coisa mais fodona do mundo, sendo que artistas faziam coisas muito melhores há quase 60 anos atrás. Ou então assistem um filme qualquer e acham que ele é fodão, sendo que o roteiro dele é fraquíssimo, mas os efeitos especiais te prendem a atenção.

Enfim, sei lá o que pensar. Só sei que eu conheço e adoro Beethoven, assim como eu amo assistir ópera, mas não conheço muita coisa sobre música medieval. Talvez se alguém que fosse um excelente músico na Idade Média aparecesse aqui, agora, olharia para nós e nos acharia loucos, assimo como por vezes fazemos ao olhar os jovens de hoje.

DH disse...

"é que as pessoas não valorizam o conhecimento e ficam só no superficie."

Ficam na superfície por não valorizarem o conhecimento ou por não serem estimuladas a tal?

Se bem que, pensando aqui comigo, ninguém me obrigou/estimulou a ver 'o poderoso chefão' nos meus idos 13-14 anos. Nem me incentivaram a ver as sequencias deste filme, nem outros filmes 'clássicos'. Ou a ouvir Beatles. Acho que no fim das contas depende mais do interesse particular de cada um, somado aos estímulos vindos dos pais, irmãos e amigos, claro.

Rita disse...

Ai, que papo boooommmmmmmm!
Diferente da Tina, adoooro uma balada revival anos 80 e danço menudo e ursinho blau-blau na maior. Mas sabendo que estamos num clima de gozação, ora. Meio que rindo de nós mesmos, falando "olha a coisa que a gente ouvia!" Mas também morro de amores messssmo por muita coisa daquela época, sim. Anos 80 vão ser para mim eternamente o tempo do Cure, Smiths e cia. Sempre vou sentir falta de ouvir no rádio, sempre vou desenterrar os CDs de vez em quando. Morro de amores. Até hoje, sempre. Mas acho importante entender que cada época tem suas referências e o fato de que eu tinha poster do menudo no quarto não fez de mim uma pessoa de péssimo gosto (acredito). Eu vivi minha adolescência com os símbolos que ela me deu. A Luz fez um ótimo post sobre isso ontem, vale a pena dar uma olhada: http://sete-faces.blogspot.com/2010/09/o-caso-das-bandas-coloridas.html

Eu acredito que existe um desprendimento maior na adolescência de hoje porque eles nasceram em país livre, mais fácil em vários aspectos. Claro, mais violento e tal, mas politicamente falando, por exemplo, eles não se depararam com uma questão gigante como era a libertação da ditadura. Então fico sempre com a impressão de que éramos mais engajados, mas posso estar equivocada. Seja como for, gostei das discussões que tenho visto nos últimos dias em defesa dos adolescentes atuais: que eles curtam sem vergonha suas bandas coloridas, ora, são as referências atuais deles que não significam que eles tâm mau gosto e não conhecem "o que é bom". Eu ouvia Menudo e Beethoven. Não o cachorro; o outro, o surdo.

Ah, o comentário da aiaiai é bem relevante: referência cultural é uma coisa, conhecer a história para não repetir o que houve de pior nela é outra beeem diferente.


Bj!
Rita

Nefelibata disse...

É Lola... o tempo passa e mata. Melancólico, sim, mas por outro lado, é bom que tudo tenha um fim. Não?

Só sei que o importante é não confundir essa constatação melancólica da passagem no tempo (lembra de Rip Van Winkle? Essa história me assusta demais...) com a dicotomia entre alta e baixa cultura. Isso é coisa de elite, cheia de preconceitos. E a geração mais velha às vezes cai nessa armadilha, associando o novo com o pior... não foi o Frank Sinatra que chamou o rock do Elvis de "barulheira"?

Mas de qualquer forma, localizo no texto, como outros aqui, uma diferença importante entre as mudanças culturais e o esquecimento da história. São coisas bem diferentes, e tanto para um quanto para outro, é imprescindível adotar postura crítica, que, ao contrário do que possa parecer, duvido que seja mal exclusivo desta época.

Abraços!

Koppe disse...

Na época que eu estudava, eu achava mesmo absurdo que meus colegas consideravam "antiga" uma música que já tivesse 5 anos. Mas por outro lado, eu era o único da turma que tinha internet em casa (discada, que meu irmão precisava ter pro trabalho), então eu era o único que tinha acesso fácil a músicas dos anos 60 e 70. Hoje sei que isso não é novidade: na época de Woodstock, os jovens americanos já consideravam Elvis careta e ultrapassado.

Não acho que exista alguma superioridade ou inferioridade em ter ou não referências mais "clássicas", mas com certeza ajuda muito a entender e apreciar filmes, livros e histórias em quadrinhos que tenham referências assim. A série Y - The Last Man (que já foi mencionada num post aqui nesse blog) é um exemplo de obra que, se a gente não conhecer algumas referências mais antigas, até entende a história, mas no fim da leitura fica com a impressão de que faltou algo.

Pentacúspide disse...

Koppe, se leres a série de Deadpool, encontras várias referências,desde a clássica ao mais actual, eu preciso sempre de notas de rodapé na maior parte das vezes para as actuais.

Eu li O Elogio da Loucura de Erasmus, quando tinha 15 anos, sem nota de rodapé, e poucas foram as referências que me escaparam, porque conhecia a mitologia e greco-romana, a egípcia, a nórdica e maia-inca-asteca que até hoje misturo. Mas a primeira vez que Scary Movie não consegui identificar a maior parte das referências.

Os meus colegas que tinham antena parabólica falavam de séries de dragon ball, Mcgyver, Kitt (o carro) e eu ficava fora do assunto. Eu sabia mais sobre pessoas mortas que ninguém mais quer saber, mas eles sabia mais de coisas actuais (naquela época) do que eu. Quem tinha um conhecimento mais profundo e quem tinha um mais superficial? Eu sabia profundamente da mitologia grega, mas superficialmente das séries, entre outras coisas, eles sabiam profundamente das séries e nada da mitologia grega.

SO SAD, o que é conhecimento profundo e o que é conhecimento superficial?
Se perguntares o que é gravidade e alguém responder é o que faz tudo o que subir cair, eu diria este tem um conhecimento superficial sobre a gravidade, mas se ele disser que é o resultado da atracção dos corpos, tendo em conta a massa deles, blá blá bla, 9,8 m/s2, eu diria este tem um conhecimento profundo da gravidade.
Mas a cultura geral é geral, não é específica a uma determinada época ou a um determinado assunto, portanto, como é que vamos determinar quem tem conhecimentos culturais profundos e quem tem superficiais?

Eu sei alguma coisa sobre a cultura brasileira, por ter lido e convivido com brasileiros, mas serei mais culto que vocês só porque sei da vossa cultura e vocês não sabem da cultura guineense?

Não digo que não acho que os jovens devessem diversificar mais os seus conhecimentos, mas acho que estamos a ser prepotentes quando lhes chamamos de acéfalos por não conhecerem Beethoven, alias, CRONICS URBANAS disse e bem: uma coisa é Beethoven outra é L. Beethoven.

Pergunta aos jovens quem matou Menelau ou Agamemnon, vão dizer que Heitor, porque é o que aparece no filme Tróia, mas muitos sabem que não, porém desses quantos leram Íliada?

aiaiai disse...

não acessem o tuiter...ta rolando um vírus, ainda não entendi, só que não é pra acessar!

Lord Anderson disse...

Eutb não to consiguindo acessar.

aiaiai disse...

recomendação dada pelo Idelber que repasso a vocês:

Baixe o TweetDeck:

http://www.tweetdeck.com/

Apague os tweets contaminados, sem encostar em nenhum link. Aí de dentro do TweetDeck você pilota sua conta sem problemas. Se você foi afetada, troque a senha.

léia freitas disse...
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léia freitas disse...

hahaha, amei!!!
eu também tentei ter celular mas não deu certo. e despertador eu fiz questão de comprar um movido a corda, daqueles modelos antigos igual aos das nossas avós.
mas eu não sou referência prá ninguém.

Ananda disse...

Concordo com você que alguns jovens não fazem questão de conhecer nada fora de seu próprio tempo, e que isso é importante. Mas com tanta informação que tem hoje em dia, fica difícil conhecer tudo, né?
Ok, que todos leiam Admirável Mundo Novo peloamordedeus, ainda mais nesses tempos de hoje hehe... mas, sinceramente, o que eu ganho sabendo quem foi Odete Roitman? Ainda bem que as coisas mudaram, e hoje em dia eu posso "filtrar" essas referências, em vez de ter que assistir novela rs... Da mesma forma que eu não faço questão de conhecer certas coisas do passado, não vou me importar quando meu filho disser que não conhece Harry Potter ou Lady Gaga :P
Ah, adoro seu blog hehe! Beijo

Rafaela Lopes disse...

Ah, mas eu tenho 17 anos e gosto de pouquíssimas coisas da minha geração, desde criança meus livros favoritos foram os mais antigos, os clássicos (tanto é que eu me recusava a ler Harry Potter, embora tenha começado a ler sobre a saga do bruxinho quando entrei na pré-adolescência, e hoje posso me considerar uma fã). Nunca fui grande fã de televisão, exceto pelos desenhos animados e telejornais. Meus filmes favoritos sempre foram os mais antigos, quando eu era guria o filme mais "recente" que eu assistia era O jardim secreto (de meados de 94/95 época que eu nasci). Hoje em dia minha autora favorita é Jane Austen e suas obras tem mais de 200 anos. E minhas bandas favoritas são Pink Floyd e The Beatles, não consigo gostar e nem me interessar pela maioria das coisas da minha época, não suporto ouvir One Direction, ou seja lá o que estiver fazendo sucesso hoje em dia. o fato é que eu sempre fui tão "presa" a cultura do passado que eu simplesmente ignorava tudo da minha época exceto pelas notícias importantes, pelas notícias históricas. Hoje em dia ainda tento acompanhar uma ou outra coisa que faz sucesso, outro dia conheci uma banda super legal, através de uma amiga, que só ouvi após muita insistência da parte dela. O fato é que eu fazia tanta questão de ignorar as coisas da minha geração que estava perdendo não só as coisas ruins, mas as boas também.