Bruna é uma leitora fiel deste blog, mas raramente comenta. Ela, que também tem um blog, me mandou um email contando como se emocionou com o depoimento de uma leitora. Refletiu sobre qual seria a sua história de horror, e não conseguiu encontrá-la, até se lembrar que sim, ela existe. Seu caso mostra como o abuso infantil também ocorre entre famílias mais abastadas e de alta formação cultural. Eu fiquei chocada ao ler seu relato, porque me lembrou de como crianças estão desprotegidas na nossa sociedade. Adultos podem tudo, crianças podem nada. Às vezes parece que não saímos dos orfanatos do século 19 descritos por Charles Dickens. Fiquei pensando no que aconteceu outro dia na Paraíba, quando uma menina foi abusada pelo padrasto. Foi pedir ajuda aos dois irmãos mais velhos, que abusaram dela também. Recorreu a um vizinho de 65 anos, e foi estuprada de novo. Esses abusos duraram três anos, dos 10 aos 13. Hoje esses monstros estão foragidos. Porque são monstros, né? Como alguém pode fazer isso com uma criança, ainda mais uma criança desesperada, pedindo ajuda?
A história da prima de Bruna não é tão cheia de monstros. Mas o silêncio é o monstro maior em alguns casos. Portanto, vamos tentar fazer a nossa parte. Se você desconfiar de algum abuso em alguma família, denuncie. A denúncia é anônima, e algum órgão tutelar vai investigar. E outra: é raríssimo crianças (ou mulheres, ou vítimas homens) mentirem numa situação dessas. Quando alguém denuncia um abuso sexual ou estupro, quase sempre é verdade. Até porque são pouquíssimas as vítimas que têm coragem de falar. A maior parte se cala, com medo. Chega de medo. Chega de abuso.
Por circunstâncias da vida, o meu avô paterno e sua esposa tiveram de criar os meus dois primos paternos. Todos os anos, nas férias de verão, eles vinham passar um tempo na casa que o meu avô tem na cidade onde a minha família mora, na serra fluminense. Certa vez, quando a minha prima tinha uns 10 anos, e eu 11, vi uma mancha roxa no seu braço, e perguntei a ela o que havia acontecido. Ela me disse que me contaria um segredo: o meu avô e a minha tia (esposa do avô) parecem bonzinhos, mas eles me batem muito, você nem imagina; essa marca roxa foi a tia que me bateu com uma escova de cabelo; doeu muito. Eu fiquei chocada com a situação, porque realmente "eles pareciam bonzinhos" e eu nem imaginava que poderiam bater nos meus primos. Naquele dia não fui capaz de sorrir e nem podia olhar para a cara "daqueles monstros". E eu ainda não sabia, da missa, nem um terço.
Nesse mesmo dia, a minha prima implorou aos meus pais para que eu dormisse na casa do meu avô. Quando estávamos no quarto dela, à noite, ela disse que queria me contar outro segredo, só que esse segredo estava escrito no diário dela, trancado com cadeado. Foi quando descobri que o meu avô obrigada a minha prima a assistir a filmes pornográficos e abusava sexualmente dela, com o consentimento da esposa dele. Soube que ela apanhava do meu avô quando eventualmente se rebelava, e da esposa dele ao mencionar o assunto. Apanhava como um animal para ficar calada. Até que aquelas recorrentes marcas roxas haviam chamado atenção da sua professora, mas o assunto foi rapidamente abafado pela diretoria da escola. Tudo isso estava escrito no diário. Os meus conhecimentos sobre sexo naquele momento eram limitados, mas eu sabia perfeitamente o que era abuso sexual. Senti uma imensa vontade de salvar a minha prima.
No dia seguinte, sem pensar, peguei o diário dela, sem que ela visse, e levei para a minha casa. Chamei os meus pais para conversar e contei a eles tudo que a minha prima me havia dito. Mostrei-lhes o diário. Pedi que a minha prima viesse morar na nossa casa, e disse que poderia dividir o meu quarto com ela. Me lembro da cara de choque do meu pai e do olhar perdido da minha mãe. Eles me disseram que confiasse neles e que não voltasse a tocar no assunto, afinal, eu era uma criança e não deveria me envolver nesse tipo de problemas. Eles me prometeram que ajudariam a minha prima. Aquela criança que clamava por socorro.
A primeira coisa que o meu pai fez foi marcar uma consulta com um conhecido seu que era psiquiatra. Levou o diário da minha prima, e lhe pediu conselhos. O psiquiatra pediu para ver a minha prima nesse mesmo dia. O meu pai a pegou na casa do meu avô e a levou a uma consulta que durou mais de duas horas. O psiquiatra disse que notou que era uma criança muito carente, que dava mostras de que tinha alguns desvios de conduta e que era mentirosa compulsiva. Todas essas coisas poderiam ser sintomas de abusos sexuais, mas, para saber se realmente ela havia sofrido abusos, ele teria que trabalhar um pouco mais com ela, e que ela deveria ir também a um ginecologista.
Os meus pais, impacientes, foram nesse mesmo dia conversar com o meu avô e a sua esposa. Parece que eles já estavam preparados para isso, pois fizeram um grande teatro. Bancaram as vítimas, disseram que a minha prima era altamente mentirosa e que estavam tendo sérios problemas com ela. Que ela era chantagista, e que, sempre que queria algo, os ameaçava de inventar histórias. Que havia, inclusive, inventado "histórias como essa" no colégio, quando queria um video game novo. A mulher do meu avô chorou, questionou como os meus pais podiam pensar essas coisas, disse que ela nunca permitiria que algo assim acontecesse, que a minha prima era como uma filha para ela. Disse que ela dava muitos problemas porque havia sido abandonada pelos próprios pais, que eles davam todo o amor e carinho que podiam a essas crianças e blábláblá...
Na versão oficial, os meus pais ficaram "perdidos" e, como o psiquiatra havia falado algo sobre mentiras compulsivas, eles não sabiam o que pensar. Na minha própria versão, eles foram acomodados e preferiram se enganar. Me chamaram para conversar. Me disseram que a minha prima havia inventado essas histórias, mas que ela não fazia por mal. Falaram que as marcas roxas que tinha no braço foram o castigo que deram para ela por ter inventado coisas graves como essas no colégio, mas que eles estavam arrependidos de terem sido tão duros com ela. Eu não pude acreditar nos meus pais. Eu vi, nos olhos da minha mãe, que ela tampouco acreditava. Me senti traída pelos meus pais, decepcionada. Não voltei a tocar no tema com a minha prima durante muito tempo. Adotamos um silêncio que era apenas uma consequência dos segredos escandalosos que haviam sido abafados no seio de uma família hipócrita.
Alguns anos depois, fui passar um final de semana com os meus primos, na casa do meu avô. Voltamos a falar do assunto. A minha prima disse que não havia só um dia da sua vida na que ela não desejasse a morte do nosso avô. Disse que não choraria no seu enterro. Me olhou nos olhos e me perguntou: Você sabe por que eu digo isso, né? Você sabe o que ele fazia comigo, eu te contei aquela vez, né? Eu apenas confirmei com a cabeça e a abracei. Num gesto impulsivo, comecei a tentar justificar a atitude dos meus pais, mesmo sabendo que tudo aquilo era injustificável... ela me disse: não precisa me dizer nada; eu entendo o que aconteceu. Você foi a única até hoje que fez um gesto para me ajudar. Todos se calaram.
Me disse que, depois do que ocorreu naquele verão, o nosso avô a deixou em paz por um bom tempo. Até que a mulher dele foi operada, e ele disse que "precisava de uma substituta para ela". Estuprou a minha prima e tirou a sua virgindade. Outros estupros se seguiram. Como sempre, a mulher do meu avô consentia e era a promotora dos encontros, pois sempre obrigava o meu primo a acompanhá-la quando saía de casa, para deixar o terreno livre para os crimes cometidos pelo monstro do seu marido. Um dia a minha prima se revoltou. Quando a mulher do meu avô e o meu primo saíram de casa, e ela sentiu o que podia acontecer, reagiu. Pegou uma faca na cozinha, gritou por socorro, fez um escândalo, alguns vizinhos escutaram e tocaram a campainha do apartamento. O meu avô ficou nervoso e começou a passar mal; sua pressão baixou e ele ficou semidesmaiado. Teve de ir ao hospital. Essa foi a última vez na que ele tentou tocar na minha prima.
A história de horror da minha prima virou a minha história de horror também, pois eu me sinto cúmplice do que aconteceu com ela, independentemente do que ela diga. Tenho uma profunda vergonha da atitude passiva e submissa adotada pelos meus pais. Eles podiam ― e deviam ― ter ajudado aquela criança. Se eu, que ainda era uma criança, intuía que aquilo era verdade, como eles podiam acreditar na versão do criminoso? Hoje sei que a minha mãe tem um arrependimento horrível do que fez e não se perdoa por isso. A minha prima sofre com as consequências dessas barbaridades vividas na infância e adolescência até hoje, pois padece de depressões recorrentes, além de uma série de outros problemas, e também por isso a minha mãe carrega esse peso nas costas. Já o meu pai... dele só sinto nojo.
Recentemente, tive umas discussões com o meu pai, por assuntos que não vêm ao caso. Ao criticar a minha decisão de seguir morando fora do Brasil, ele citou a minha prima, que hoje mora nos Estados Unidos e trabalha como faxineira, ainda que tenha uma formação bem alta. Aí não aguentei e disse: você preferia que ela vivesse na casa do seu pai, correndo o risco de a filha dela (a minha prima tem uma filhinha de dois anos) ser abusada por um pedófilo? A reação do meu pai foi brutal e violenta. Me escreveu diversas barbaridades, mas, de tudo que ele falou, o que mais me doeu foram os seguintes comentários: aquela garota só era molestada porque queria, porque sempre foi uma prostituta desde criança; ela bem que gostava do que o seu avô fazia, porque assim podia sugar todo o dinheiro dele; ela é que é uma vadia. Eu apenas respondi que sentia nojo, muito nojo, do que ele me havia escrito, e cortei definitivamente a minha relação com ele. O meu pai hoje está morto e enterrado para mim. Por uma questão de ética, de valores e de princípios. E a história de terror da minha prima ainda tira a minha paz, pois nem chorar pela morte (não física) do meu pai eu consigo.
Por circunstâncias da vida, o meu avô paterno e sua esposa tiveram de criar os meus dois primos paternos. Todos os anos, nas férias de verão, eles vinham passar um tempo na casa que o meu avô tem na cidade onde a minha família mora, na serra fluminense. Certa vez, quando a minha prima tinha uns 10 anos, e eu 11, vi uma mancha roxa no seu braço, e perguntei a ela o que havia acontecido. Ela me disse que me contaria um segredo: o meu avô e a minha tia (esposa do avô) parecem bonzinhos, mas eles me batem muito, você nem imagina; essa marca roxa foi a tia que me bateu com uma escova de cabelo; doeu muito. Eu fiquei chocada com a situação, porque realmente "eles pareciam bonzinhos" e eu nem imaginava que poderiam bater nos meus primos. Naquele dia não fui capaz de sorrir e nem podia olhar para a cara "daqueles monstros". E eu ainda não sabia, da missa, nem um terço.
Nesse mesmo dia, a minha prima implorou aos meus pais para que eu dormisse na casa do meu avô. Quando estávamos no quarto dela, à noite, ela disse que queria me contar outro segredo, só que esse segredo estava escrito no diário dela, trancado com cadeado. Foi quando descobri que o meu avô obrigada a minha prima a assistir a filmes pornográficos e abusava sexualmente dela, com o consentimento da esposa dele. Soube que ela apanhava do meu avô quando eventualmente se rebelava, e da esposa dele ao mencionar o assunto. Apanhava como um animal para ficar calada. Até que aquelas recorrentes marcas roxas haviam chamado atenção da sua professora, mas o assunto foi rapidamente abafado pela diretoria da escola. Tudo isso estava escrito no diário. Os meus conhecimentos sobre sexo naquele momento eram limitados, mas eu sabia perfeitamente o que era abuso sexual. Senti uma imensa vontade de salvar a minha prima.
No dia seguinte, sem pensar, peguei o diário dela, sem que ela visse, e levei para a minha casa. Chamei os meus pais para conversar e contei a eles tudo que a minha prima me havia dito. Mostrei-lhes o diário. Pedi que a minha prima viesse morar na nossa casa, e disse que poderia dividir o meu quarto com ela. Me lembro da cara de choque do meu pai e do olhar perdido da minha mãe. Eles me disseram que confiasse neles e que não voltasse a tocar no assunto, afinal, eu era uma criança e não deveria me envolver nesse tipo de problemas. Eles me prometeram que ajudariam a minha prima. Aquela criança que clamava por socorro.
A primeira coisa que o meu pai fez foi marcar uma consulta com um conhecido seu que era psiquiatra. Levou o diário da minha prima, e lhe pediu conselhos. O psiquiatra pediu para ver a minha prima nesse mesmo dia. O meu pai a pegou na casa do meu avô e a levou a uma consulta que durou mais de duas horas. O psiquiatra disse que notou que era uma criança muito carente, que dava mostras de que tinha alguns desvios de conduta e que era mentirosa compulsiva. Todas essas coisas poderiam ser sintomas de abusos sexuais, mas, para saber se realmente ela havia sofrido abusos, ele teria que trabalhar um pouco mais com ela, e que ela deveria ir também a um ginecologista.
Os meus pais, impacientes, foram nesse mesmo dia conversar com o meu avô e a sua esposa. Parece que eles já estavam preparados para isso, pois fizeram um grande teatro. Bancaram as vítimas, disseram que a minha prima era altamente mentirosa e que estavam tendo sérios problemas com ela. Que ela era chantagista, e que, sempre que queria algo, os ameaçava de inventar histórias. Que havia, inclusive, inventado "histórias como essa" no colégio, quando queria um video game novo. A mulher do meu avô chorou, questionou como os meus pais podiam pensar essas coisas, disse que ela nunca permitiria que algo assim acontecesse, que a minha prima era como uma filha para ela. Disse que ela dava muitos problemas porque havia sido abandonada pelos próprios pais, que eles davam todo o amor e carinho que podiam a essas crianças e blábláblá...
Na versão oficial, os meus pais ficaram "perdidos" e, como o psiquiatra havia falado algo sobre mentiras compulsivas, eles não sabiam o que pensar. Na minha própria versão, eles foram acomodados e preferiram se enganar. Me chamaram para conversar. Me disseram que a minha prima havia inventado essas histórias, mas que ela não fazia por mal. Falaram que as marcas roxas que tinha no braço foram o castigo que deram para ela por ter inventado coisas graves como essas no colégio, mas que eles estavam arrependidos de terem sido tão duros com ela. Eu não pude acreditar nos meus pais. Eu vi, nos olhos da minha mãe, que ela tampouco acreditava. Me senti traída pelos meus pais, decepcionada. Não voltei a tocar no tema com a minha prima durante muito tempo. Adotamos um silêncio que era apenas uma consequência dos segredos escandalosos que haviam sido abafados no seio de uma família hipócrita.
Alguns anos depois, fui passar um final de semana com os meus primos, na casa do meu avô. Voltamos a falar do assunto. A minha prima disse que não havia só um dia da sua vida na que ela não desejasse a morte do nosso avô. Disse que não choraria no seu enterro. Me olhou nos olhos e me perguntou: Você sabe por que eu digo isso, né? Você sabe o que ele fazia comigo, eu te contei aquela vez, né? Eu apenas confirmei com a cabeça e a abracei. Num gesto impulsivo, comecei a tentar justificar a atitude dos meus pais, mesmo sabendo que tudo aquilo era injustificável... ela me disse: não precisa me dizer nada; eu entendo o que aconteceu. Você foi a única até hoje que fez um gesto para me ajudar. Todos se calaram.
Me disse que, depois do que ocorreu naquele verão, o nosso avô a deixou em paz por um bom tempo. Até que a mulher dele foi operada, e ele disse que "precisava de uma substituta para ela". Estuprou a minha prima e tirou a sua virgindade. Outros estupros se seguiram. Como sempre, a mulher do meu avô consentia e era a promotora dos encontros, pois sempre obrigava o meu primo a acompanhá-la quando saía de casa, para deixar o terreno livre para os crimes cometidos pelo monstro do seu marido. Um dia a minha prima se revoltou. Quando a mulher do meu avô e o meu primo saíram de casa, e ela sentiu o que podia acontecer, reagiu. Pegou uma faca na cozinha, gritou por socorro, fez um escândalo, alguns vizinhos escutaram e tocaram a campainha do apartamento. O meu avô ficou nervoso e começou a passar mal; sua pressão baixou e ele ficou semidesmaiado. Teve de ir ao hospital. Essa foi a última vez na que ele tentou tocar na minha prima.
A história de horror da minha prima virou a minha história de horror também, pois eu me sinto cúmplice do que aconteceu com ela, independentemente do que ela diga. Tenho uma profunda vergonha da atitude passiva e submissa adotada pelos meus pais. Eles podiam ― e deviam ― ter ajudado aquela criança. Se eu, que ainda era uma criança, intuía que aquilo era verdade, como eles podiam acreditar na versão do criminoso? Hoje sei que a minha mãe tem um arrependimento horrível do que fez e não se perdoa por isso. A minha prima sofre com as consequências dessas barbaridades vividas na infância e adolescência até hoje, pois padece de depressões recorrentes, além de uma série de outros problemas, e também por isso a minha mãe carrega esse peso nas costas. Já o meu pai... dele só sinto nojo.
Recentemente, tive umas discussões com o meu pai, por assuntos que não vêm ao caso. Ao criticar a minha decisão de seguir morando fora do Brasil, ele citou a minha prima, que hoje mora nos Estados Unidos e trabalha como faxineira, ainda que tenha uma formação bem alta. Aí não aguentei e disse: você preferia que ela vivesse na casa do seu pai, correndo o risco de a filha dela (a minha prima tem uma filhinha de dois anos) ser abusada por um pedófilo? A reação do meu pai foi brutal e violenta. Me escreveu diversas barbaridades, mas, de tudo que ele falou, o que mais me doeu foram os seguintes comentários: aquela garota só era molestada porque queria, porque sempre foi uma prostituta desde criança; ela bem que gostava do que o seu avô fazia, porque assim podia sugar todo o dinheiro dele; ela é que é uma vadia. Eu apenas respondi que sentia nojo, muito nojo, do que ele me havia escrito, e cortei definitivamente a minha relação com ele. O meu pai hoje está morto e enterrado para mim. Por uma questão de ética, de valores e de princípios. E a história de terror da minha prima ainda tira a minha paz, pois nem chorar pela morte (não física) do meu pai eu consigo.
45 comentários:
É... o efeito desses crimes vão longe.
Que pena que todos fecham os olhos. Tá cheio disso por aí.
Querida Lola,
E aí, deu tudo certo? A transportadora entregou tudo direitinho? E sua mãe e o Sílvio, chegaram bem? E os gatinhos?
Mudei de casa ontem. Está tudo de pernas pro ar na casa nova. Meus gatos ficaram muito agitados durante a noite mas estão se adaptando. Essa fase da reorganização é difícil, mas vai passar. No seu caso e no meu.
Aguardo notícias suas.
Abraços,
Iolanda.
Engraçado... mulher é sempre vagabunda, mesmo sendo a vítima.
Hoje aconteceu uma coisa tão chata comigo... de manhã fui tomar um café na rua do meu trabalho. Ao sar do café, vi um taxista jogando um maço de cigarros no chão... gente, eu moro em São Paulo, a cidade está impratocável devido ás enchentes e, embora saibamos que a cidade não alaga APENAS por conta do lixo, este é um dos principais motivos de tal alagamento. Pois então, ao ver o maldito jogando o papel no chão, eu peguei o papel do chão e joguei na lixeira (que estava do lado do taxista!!!!!!!). Sabem o que ele fez? Me chamou de vagabunda (??????) em alto e bom som, e perguntou porque eu não iria trabalhar na Prefeitura... enfim, eu fiquei tão passada, que respondi apenas que preferia ser uma vagabunda a ser porca como ele...
É claro que o que eu estou contando aqui é infinitamente menor do que o caso contado aqui,e tbm não tem muito a ver com o post, eu apenas queria compartilhar esse incômodo com vocês, pois eu me senti extremamente ofendida por conta do xingamento.
Parabéns pelo blog. Acompanho há muito tempo, mas sempre fico meio tímida em comentar.
Bjs,
Jéssica
Estou mais do que absolutamente comovida. Principalmente ao ler a opinião do pai da autora do texto... Que monstro. Pessoas que demonstram este tipo de atitude deviam ir direto pra cadeia. Categoricamente falando.
É histórico. A culpa é sempre, sempre sempre da mulher, como coloquei em vários textos do www.politicasubstantivofeminino.blogspot.com
A única coisa boa no meio desses relatos é saber que eles darão força para que outras meninas e mulheres compartilhem, denunciem e não admitam mais a postura de culpadas, de vergonha e de medo.
A Bruna é muito especial, muito inteligente e se tornou minha amiga através do meu blog.
Vamos estimular mais mulheres a abrirem suas histórias de horror, soltarem o verbo e os fantasmas internos. Dividir é apenas o primeiro passo para se superar, mas é o passo mais importante!
Deus te abençoe e te ajude em cada segundo, Bruna, minha linda. Estou aqui sempre que você precisar de qualquer mesmo, mesmo que seja apenas dar umas risadinhas via e-mail.
Lolinha, parabéns DEMAIS pelo teu blog maravilhoso! Sou sua fã de carteirinha, blusa e faixa na testa. Hahahaha! =D
Lendo esse relato fica até a dúvida do que choca mais.
Se é o ato do abuso em si ou se é a atitude de negação dos que poderiam ajudar, que é dívida por muitos(parentes, escola, médico). E ainda acabam por ver a vítima como culpada.
eu fico pasma com historia dessas, mas me choco ainda mais como as pessoas podem culpar as vitimas pelos estupros que sofrem! meu deus! sabe o caso da menina da paraiba? pois bem, eu sou paraibana e conheco a cidade de rio tinto. eh uma vila muito pobre e ate fiquei impressionada dessa menina ter conseguido ajuda. quando cliquei no link sobre a materia, havia tres comentarios. um deles, era justamente de um sujeito dizendo que a menina passou tres anos sendo estuprada porque gostava. o infeliz realmente nao tem nocao do que se passa pela cabeca de uma crianca numa hora dessas. eh triste saber pensar como pais, professores, psicologos e os proprios avos, ou seja, pessoas que deveriam proteger uma/a crianca, sao justamente aquelas que mais as fazem sofrer. triste, muuuuito triste ;(
Chocada e muito triste.
Eu me sinto perdida numa hora dessa...eu tento entender o que faz um adulto praticar tanta violência contra uma criança, mas confesso que ainda não consegui achar uma resposta para tudo isso. Acho que deveríamos ter leis severas contra esse crime, como tirar um indivíduo desse para sempre de nossa sociedade.
Estou triste e chocada. É um horror que uma criança passe por isto!
Anália
O que dizer diante de um fato tão horripilante e mais corriqueiro do que podemos imaginar? Como dizia Einstein: " Só a mediocridade humana é infinita." Na minha opinião, é tão criminoso quem cala e defende quanto quem pratica o ato. Creio que o dia em que as vítimas começarem a matar seus agressores, como em "Sin city", quem sabe as leis mudem e deem ouvidos as agredidas.
horrendo só isso.
To passada!
Quem mais me chocou na história foi o pai. Pois ele quis acreditar na menina, tentou ajudá-la e depois mudou de idéia! Como pode?
Nunca pensei que apoiaria o ato de uma filha desprezar um pai. E hoje estou aqui, apoiando TOTALMENTE a atitude da Bruna de se afastar do pai.
Bruna, vc foi forte, acredite. Nem consigo me imaginar lidando com uma situação dessas aos 11 anos! Vc fez o que devia. Os adultos é que deixaram a desejar.
Quando digo que sou a favor da pena de morte acabo sendo execrado, mas um sujeito desse tipo merece mesmo é uma peixeira enfiada no bucho.
Lola:
Finalmente estou de acordo com vocë e,também, com o Masegui; faca no bucho destes monstros covardes!
O quê? não acredito!! Concordamos em alguma coisa? Sabe, Oliveira, que assim você faz com que eu volte a ter esperanças na humanidade...
Que horrivel essa história! eu fico chocada e angustiada por não ter como ajudar.
E só mesmo um post desse pra fazer Oliveira e Massegui concordar...
E lendo essas histórias que eu perco totalmente as esperanças na humanidade
Olá Lola
Adoro seu blog e sempre fico com vergonha de perguntar, saiba q estou torcendo para q tudo de certo em Fortaleza =D.
Na verdade, alem de lhe elogiar, vim aqui demonstrar o quando os seus post sobre as histórias de horror q nos atormentam me tocam, pois passei por isso quando era criança e n consigo lidar com isso até hj.Saber que tem pessoas que ainda passam por isso me doe muito pq é a pior experiência q uma criança pode passar...Nunca tive coragem de contar pra minha família e evito qualquer contato com o monstro q fazia isso cmg...ele parou quando eu cresci e foi o dia + feliz quando percebi q ele n faria + , porem, fiquei triste pq ele passou a fazer com outra prima minha(ele era meu primo). Não tem um dia que eu n lembre e sinta nojo dele...
Continue escrevendo sobre o assunto para q essa praga seja controlada
Abraços
Bia
Olá, Lolíssima.
Tão chocada, quanto todos...
Isso me faz lembrar, quando comecei a trabalhar, o que ouvi de uma mãe de uma garota de 4 anos, “.... ele toma conta dela, portanto, tem direitos”. (a criança de 4 anos morava com a mãe e um irmão de 13 anos, a mãe trabalhava levava os dois pra escola e quando eles largavam, o garoto ia pra casa e ficava até o retorno da mãe as 21 horas.) Pra ela isso dava o direito dele abusar. Sem falar que essa senhora era vice diretora de uma escola.
Lolinha, não tenho comentado muito, mas estou aqui todo dia. Fiel!!
É isso...
Beijos
Ola, Lolíssima
continuando...
Esqueci de colocar meu nome.
Beijos
Concordo com Omar Talih e com o Oliveira. Do Masegui eu só discordo da idéia de "pena de morte", porque não acho que o estado deva ter esse poder, mas sim as vítimas, mas concordo com a idéia da faca.
Bruna, não te preocupa por não chorar pela morte do teu pai. Ele não merece nenhuma lágrima, deixa pra derramar elas por quem merece. Ele é um covarde, e a raiva que ele mostrou nessa última conversa é porque tu jogou isso na cara dele - verdade que ele não admite nem pra si mesmo, por isso se justifica inventando essas desculpas de que a guria "gostava".
(Desculpa pela psicologia de boteco, mas foi o que pensei quando li.)
Ainda bem que as falhas dos pais não refletem nos filhos e filhas, e tu não é covarde igual a ele. Não se sinta cúmplice, omissa, culpada, porque tu tentou até onde foi possível.
Isso me lembra uma frase que li uma vez numa graphic novel:
"Não nos é permitido saber se lograremos êxito ou não. Não há desonra em falhar. Só há uma vergonha definitiva: a covardia de não ter tentado."
Nossa Lola,senti tanta raiva quan li essa historia.Isso não me deixa parar de perguntar,pq as pessoas são tão más e covardes?
Quanto a pena de morte,eu não apoio,pessoas assim tem que sofrer o resto da vida numa cela escura e coletiva,cheia de outras pessoas iguais a elas.
Nossa, tô chorando muito com essa história! Que horror, que horror...
Que horror...
É uma das coisas mais tristes que já li.
Por mais que eu ouça relatos assim, aqui, ou no meu trabalho (eventualmente chegam processos de abuso sexual, e os contra crianças são os que mais me chocam), mas eu não consigo (e não quero) me acostumar, achar normal.
Imagine o que é, pra uma criança (pra qualquer um), ver a pessoa que mais deveria protegê-la lhe fazer tanto mal.
Aí imagine ela pedir ajuda, e não receber nenhuma em troca. Isso é muito comum: vi vários casos, por exemplo, de mães que tiveram as filhas pequenas abusadas pelo padrasto e que, depois de um tempo, voltaram a viver com ele. E quando as filhas eram moçinhas já, ainda diziam que elas é quem eram as culpadas. É algo muito triste de se ver. As pessoas tem preconceitos demais!
E essa visão de que a vítima tem culpa não é só de quem tá envolvido não! Gente de fora, esclarecida, também pensa assim. É nojento: eu espero que o pai da garota tenha aprendido a lição, porque o que ele disse foi muito errado.
Só pra citar um exemplo recente, que não repercutiu não sei porque, fico com o BBB. Ainda tá acompanhando Lola? Claro que é bem menos grave, mas mostra bem como as pessoas pensam.
Pois então. Esses dias teve uma festa lá no programa do Big Brother, e foi um cantor famoso americano que eu não conheço. Alguém sabe quem é? Daí tem uma dançarina entre as participantes e, enquanto ele cantava, ela rebolava ao lado dele, numa boa. Aí, claro, ele deve ter pensando: brasileira, bonita, fácil.. vou encoxar. E encoxou mesmo! Ela já deu um chega pra lá nele, fez cara de quem não gostou e se afastou.
Aí, no ar, o Pedro Bial, machista mor, foi comentar o ocorrido. Olha só o que ele disse (e disse sério hein? em tom de quem vai 'dar opinião'): mas Lia, olha a situação do cara: "Pode me chamar de machista, mas acho que você provocou". E deu um sorrisinho. E ainda chamou a falta de respeito de 'choque cultural'.
AH! O nome do cantor é Akon, e ele encoxou a claudia leite também. É um abusado.
E Lola, meus parabéns, de verdade, por abrir esse espaço no seu blog.
É uma iniciativa e tanto!
"Nunca pensei que apoiaria o ato de uma filha desprezar um pai."
...já eu sempre fui do lado oposto, não entendo o que leva as pessoas a acharem que "os filhos devem respeitar os pais" pura e simplesmente!
São muitos casos de negligência, abandono, violência psicológica, física ou sexual!
Sinceramente, crianças e adolescentes são hipossuficientes em relação aos pais. E a forma de se educar crianças e adolescentes ainda passa por palmatória, gritos e humilhações - inclusive públicas!
...cara, nunca achei que o Akon fosse prestar, mas ser boçal desta forma escancarada? Porra...
...cara, eu sei que ninguém falou mas este psiquiatra me deu uma raiva...
Numa situação em que há suspeita de abuso sexual contra criança vir com essa de Mentirosa compulsiva??? Caralho!!!
Qualquer pessoa por mais abestalhada que seja quando começa a estudar estes casos sabe que uma das recomendações é Não Insinuar que a criança mente!!!
Que ódio!!
Eu acho que também cortaria relações com o meu pai depois de escutar uma coisa dessas. Uma coisa é você não ajudar a vítima se omitindo, o que já é horrível em si, mas ainda por cima botar a culpa em uma pessoa que começou a ser molestada desde a infância? Não consigo processar mentalmente como tem tanta gente no mundo que pensa desse jeito.
Obrigada por dividir a sua história, acho muito importante mostrar pro mundo que essas coisas acontecem em todos os níveis e, principalmente, mostrar pra quem passou/passa por esse tipo de abuso que elas não estão sozinhas e que a culpa não é delas.
Isso me lembra quando fui fazer terapia por dois anos, e quando finalmente me abri para a psicóloga para contar que tinha sofrido abuso sexual dos meus primos (de 15 anos e eu tinha 5) e até da minha prima (que era irmã deles), sabe o que ela disse? Que brincadeiras sexuais eram comuns na infância! Para mim aquilo não foi uma brincadeira, eu me senti capturada e perseguida como um animal para o abate. E isso aconteceu por bastante tempo, até o dia que peguei hepatite e eles me deixaram em paz, até finalmente deixarem de frequentar minha casa por problemas de convivência com meus pais. Hoje não os vejo, nem quero saber, mas ainda assim sinto que isso me magoa bastante.
Olha, gente, eu fico lendo os relatos aqui e cada vez penso que nós não podemos confiar em ninguém, ninguém!
Só de pensar que primos, tios, pais, parentes próximos de verdade, podem fazer isso com uma criança, eu sinto uma impotência tão grande!
E fico pensando que, se um dia eu tiver um filho, ou uma filha, eu não quero nem imaginar que alguém que eu amo, que eu recebo na minha casa, possa fazer isso.
E fico agradecida pela sorte que tive, por ter parentes verdadeiramente bons por perto, que nunca me fizeram mal algum. Cresci com primos mais velhos (dez anos mais velhos) morando em minha casa e só tenho boas lembranças. São tipo, ídolos. Queria que tivesse sido assim com todas vocês...
Não há uma só história dessa que não me faça chorar.
Hoje assiti um filme que trata sobre esse assunto, "Precious"...é forte, é chocante e surreal. E ela sobre todo tipo de abuso fisico e psicologico...um soco no estomago!!!
A autora do texto, fica aqui minha solidariedade a você e a sua prima!! Um abraço!
Fica a dica!!!!
:/
ops!!!
....sofre...
Acho muito corajoso o ato de expor essas histórias. Acho que seria ainda melhor se esses homens fossem oficialmente e publicamente denunciados. Tenho uma filha e sofro só de pensar que algum criminoso desses pudesse tentar algo contra ela. O pai da Bruna, por exemplo, me faz questionar se homens com esse tipo de mentalidade não são capazes de, além de defender essas barbaridades, também cometerem o mesmo crime em algum momento da vida. Por isso, acho que seria melhor ainda se fossem dados "nomes aos bois". Eu tenho uma história de horror, mas só vou contá-la publicamente quando me sentir segura para nomear o abusador. Por enquanto tenho tentado denunciá-lo, mas é difícil porque o Disque 100 só aceita denúncias de pedofilia com casos recentes. De qualquer forma, o Conselho Tutelar já está ciente, e espero que isso o impeça de abusar de mais alguma criança.
as palavras do seu pai são palvras machistas, a sociedade patriarcal sempre culpa a mulher que é tratada como um ser inferior.
As pessoas têm que denunciar esse tipo de abuso, quemcometeesse crime não pode ficar solto.
bjos
olá,
posso comentar? (acho que só vi posts femininos)
o pior disso tudo é a reação de quem vê.
já aconteceu de eu saber de abusos e querer interferir (dentro da lei, ou seja: denunciando) e todos me criticaram. fui chamado de intrometido, de arranjador de confusão entre outros.
alem disso, não posso deixar de admirar sua coragem. essa historia é tão grave que não tenho coragem de mostrar para minha mulher pois sendo ela muito sensivel, ficaria extremamente abalada embora fosse bom para lhe dar um "amostra" dos danos que o "não se meta na vida alheia" pode causar.
Tereo, infelizmente é assim mesmo, no Brasil não é considerado normal alguém fazer alguma coisa. Existem muitas pressões pra que não se exija seus próprios direitos, quem faz isso muitas vezes acaba sendo chamado de encrenqueiro, imagina então reclamar os direitos de outras pessoas...
O mais inacredítavel é a reação do pai dela botando a culpa na menina. QUE NOJO! Dois mostros, o pedófilo estuprador E quem coloca a culpa na vítima.
Felizmente eu não tenho nenhuma história de terror como essa, nenhuma lembrança pavorosa vindo de parentes ou colegas mais velhos.
Mas é triste e desanimador ler essas histórias, ver que isso continua acontecendo todos os dias e que ainda tem gente que culpa as crianças e diz que de uma forma ou outra elas "gostam" do que acontece.
Pior que eu conheço histórias assim, não com conhecidos meus mas com gente "de perto" (conhecidos de conhecidos). E infelizmente não posso fazer nada. Sei de uma em que um menino é abusado, mas o único parente que poderia recebê-lo se recusa, sabe-se lá porque...
Lola, esse comentário é pra informar que escrevi um post com um link para cá, sobre a questão de se falar e denunciar abusos sexuais intra-familiares. Espero que não se importe! Este é o link do post:
http://enquanto-esperamos.blogspot.com/2010/05/sobre-o-tabu-de-se-falar-do-maior-dos.html
Se preferir que seu post não seja citado, por favor, me avise, tá?
Obrigada!
Beijos
I just want to say Hi to Everyone!
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