quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

GUEST POST: "UMA PESSOA PODE SER FELIZ TENDO ALGUMA LIMITAÇÃO FÍSICA"

Hoje é Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, e pedi para Andressa escrever um texto. 

Começo falando da minha independência pessoal e profissional, na luta que foi para eu poder andar sozinha mesmo tendo visão reduzida, ou seja, não tenho perda total da visão. 
Recordo como se fosse hoje das primeiras vezes que discuti com familiares para andar dentro da cidade. Isso porque na mente de muitos a pessoa com deficiência é um bibelô que deve ficar cercado de superproteção e cuidados, estando ali para ser bajulado e assumir o papel de coitadinho, o que prefiro chamar de bobo da corte. 
Minha mãe dizia que tinha formigamentos nas mãos quando alguma pessoa vinha lhe contar que no instante em que saí sozinha, por ainda estar aprendendo o caminho, me perdia entrando por ruas diferentes da pretendida. Chantagem emocional é um dos joguetes das famílias. Tive algumas conversas e enfrentamentos com minha mãe e outras pessoas da família, que diziam que minha mãe era doida. Tem quem diga até hoje que ela é doida por me deixar viajar e ter minha vida própria, como se eu não trabalhasse e pagasse minhas contas ou não tivesse um cérebro perfeito e pensasse só com os olhos que veem pouco. 
As opiniões são das mais engraçadas às mais absurdas, além das perguntas descabidas: você pode escolher suas roupas? Como cego faz sexo? Tem aqueles que ficam apavorados ao pensar que deficientes podem viajar, trabalhar, transar e ter filhos, ou então até errar, usar drogas e ser um malandro. Porque na maioria das vezes a sociedade vê o deficiente como um ser enviado de Deus ou alguma coisa do além para ser uma pessoa perfeita e exemplo de superação em tudo que faz. Lavar uma louça, fazer um bolo ou tocar um instrumento musical é motivo de admiração exagerada, como se fizéssemos água se transformar em vinho. 
Ou: a pessoa com deficiência é uma coitada, que tem de receber tudo na mão, como se fosse um peso morto. Na visão religiosa de muitos, nós precisamos receber um milagre sobrenatural para termos felicidade plena, como se viver com algumas adaptações e até tendo lutas diárias não fosse algo digno de um ser humano, como se todos os deficientes quisessem receber a cura. Eles ficam pasmos e até revoltados quando digo que estou feliz assim. Não entendem que uma pessoa pode ser feliz não enxergando ou tendo alguma limitação física.
Sabe Lola, é muito gratificante ver e saber que há pessoas que nos admiram por carinho e respeito, sem aquela pontinha de pena da gente.
No trabalho eu não tenho muito do que reclamar, apesar de ver muitos companheiros de luta sofrendo preconceitos nas empresas que recusam contratar pessoas portadoras de necessidades especiais (termo politicamente correto usado hoje, embora eu não ligue de ser chamada de pessoa com deficiência). 
Como as empresas são obrigadas a pagar altas multas diárias quando o Ministério Público constata que 5% das vagas destinadas a nós não estão preenchidas, elas contratam aquela pessoa que tem uma deficiência simplificada, em que não é necessário fazer quase nada de adaptação no ambiente de trabalho. 
As que possuem deficiências mais atenuadas, como um cadeirante ou um cego, vão ficando em segundo plano. Isso porque, para os cegos e pessoas com visão reduzida ao extremo, é preciso a instalação de softwares específicos de acordo com o grau da deficiência, como leitores de síntese de voz, que transformam os componentes da tela em texto falado, ou softwares para ampliação de texto e complementos de programas para tornar a tecnologia mais acessível. 
No caso dos cadeirantes, rampas, adaptações em banheiros e afins são empecilhos usados contra nós para nosso progresso profissional em empresa privada. A saída é fazermos concurso público. Foi onde eu me encaixei, e muitos têm grande sucesso profissional na área pública, apesar de brigas na justiça por melhores condições de trabalho e acessibilidade.
É ruim ver que há pessoas com deficiência que se acomodam com a superproteção familiar e têm medo de lutar pelo direito de ir e vir, de viver a vida de acordo com suas próprias vontades. Em nosso meio ocorrem opressões e ameaças da família por conta do benefício de prestação continuada, o BPC, oferecido pelo governo com muita humilhação na previdência social. 
Há famílias que manipulam o deficiente e escondem documentos e cartões bancários. Já aconteceu de muitos fugirem escondido com ajuda de amigos, parentes e vizinhos, como se fôssemos selvagens, escapando do cativeiro para poder respirar um ar florestal. Recentemente aconteceu de um casal de deficientes visuais ser proibido de levar o bebê recém nascido para casa. Uma assistente social não muito esperta da maternidade onde a moça ganhou o neném alegou que só os dois seriam incapazes de criar o filho, e a maluca colocou o bebê para adoção. O movimento VCB (Visibilidade Cegos Brasil) entrou em ação e mudou esse quadro. Felizmente a moça pode levar sua filha e ser feliz como qualquer outra mamãe.
Mas a luta é constante: para acessibilidade em transporte coletivo, empresas, ruas, shoppings... Se eu for falar de tanta coisa que já aconteceu comigo e vi acontecer com outros colegas, não termino o texto. 
É pela luta constante para melhores direitos para nós que foi instituído o dia internacional da pessoa com deficiência. Hoje, 3 de dezembro, é uma data comemorativa internacional promovida pelas Nações Unidas desde 1998, com o objetivo de promover uma maior compreensão dos assuntos concernentes à deficiência. Procura também aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com deficiência em cada aspecto da vida política, social, econômica e cultural. A cada ano o tema é baseado no objetivo do exercício pleno dos direitos humanos e da participação na sociedade, estabelecido pelo Programa Mundial de Ação a respeito das pessoas com deficiência, adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1982.
O acesso às tecnologias de informação e de comunicação cria oportunidades a todos na sociedade, mas principalmente às pessoas com deficiência, pois nesse meio desaparecem as barreiras sociais geradas pelo preconceito, pela infraestrutura, e pelos formatos inacessíveis que impedem a participação. 
Quando disponíveis a todos, tecnologias da informação permitem que as pessoas alcancem seu potencial pleno, e permitem que pessoas com deficiência contribuam para o desenvolvimento da sociedade. 
No primeiro encontro mundial sobre a sociedade da informação, em 2003, os governos expressaram seu compromisso de construir uma sociedade da informação inclusiva, centrada na pessoa e voltada para o desenvolvimento, onde todos pudessem criar, acessar, utilizar e compartilhar informação e conhecimento. Apesar disso, muitas pessoas com deficiência permanecem impossibilitadas de utilizar os recursos da internet plenamente, já que a grande maioria dos websites continuam inacessíveis a quem tenha impedimentos visuais, cuja navegação é altamente dependente do uso do mouse, e os cursos para iniciar pessoas ao uso da Internet nem sempre são acessíveis a todos. 
Muitas pessoas com deficiência não têm acesso às tecnologias de informação. Mesmo aquelas com acesso não podem utilizá-las de forma eficaz, porque o equipamento adaptável disponível não acompanha o ritmo das inovações. 
Fazer tecnologias de informação acessíveis a todos não é somente uma matéria de direitos humanos, como também uma oportunidade de bons negócios. Os estudos sugerem que os websites acessíveis aparecem melhor cotados nos rankings dos sites de busca e podem reduzir custos de manutenção. Permitem também a companhias o acesso a um maior banco de dados de clientes. 
Muitos websites, entretanto, permanecem inacessíveis para pessoas com deficiência visual. Um estudo recente realizado no Reino Unido mostrou que cerca de três quartos dos sites comerciais não conseguiram níveis básicos de acessibilidade. O tema de 2006 para o dia internacional das pessoas com deficiência é acessibilidade às tecnologias de informação, e o dia será chamado de dia da E-Acessibilidade. 
As Nações Unidas têm como objetivo enfatizar os benefícios significativos que a acessibilidade pode trazer tanto para pessoas com deficiência quanto para a sociedade e divulgar isso entre os governos, as empresas e o público em geral.

58 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que texto legal! Trabalhei muitos anos em Bibliotecas escolares e muitas vezes recebíamos os alunos portadores de necessidades especiais ali, para passarem o recreio ou durante as aulas de educação física (sim, as escolas muitas vezes falham nessa integração). A minha ideia inicial, de pena (como a grande maioria das pessoas), passou a ser de admiração pelas grandes conquistas que eles têm a cada dia e também de revolta, por ver de perto o descaso do poder público. ALém disso, pude perceber também o quanto a convivência com o diferente era salutar para as turmas de alunos, em geral. TODOS ganhavam... era incrível o ganho "humano" ao final de um ano de convivência. Enfim, adorei o texto! Um abração!

Odara disse...

Adorei o post!
Acho que a educação com inclusão real e com profissionais de ensino capacitados é essencial para a sociedade.
Eu cresci em uma época (40 anos atrás) e em ambientes totalmente excludentes para portadores de necessidades especiais, qualquer tipo de deficiência era um tabu para mim....
Há 8 anos, meu filho do meio foi para uma escola que é realmente inclusiva. Minha primeira reação (não me orgulho de admitir) foi de medo! E se o colega com síndrome de down bater no meu filhinho normal? E outras questões preconceituosas do tipo :(
Um excelente professor e a vivência da inclusão me abriram os olhos e me deram ferramentas para mudar minha postura. E meus filhos certamente serão adultos muito mais legais que eu.
A inclusão trabalha a tolerância de modo abrangente, vai além das deficiências, desenvolve a aceitação e o respeito as diferenças em geral!

Carolina disse...

Eu estudei em escolas públicas inclusivas no DF desde a 3ª série. No geral, estudei com deficientes auditivos, não lembro de outras deficiências na minha sala. Na sala da minha irmã, tinha uma menina com paralisia cerebral. Na escola, tinha várias crianças com Síndrome de Down. E convivíamos normalmente nos recreios. Tinha problema, tinha preconceito, mas tinha espaço pra aprendizagem. E nós crianças aprendíamos. Realmente considero que a experiência foi válida para todos os envolvidos. Tenho certeza que cresci com um olhar diferente sobre limitações.
E também é importante lembrar que qualquer um de nós, a qualquer tempo, pode ter uma necessidade especial (acidente de carro, queda na piscina, alguma doença que limite algum sentido e etc). A luta pela acessibilidade é uma luta para todos.

Anônimo disse...

Vocês já viram uma modelo chamada Paola antonni, ela perdeu a perna e consegue se superar. Recebeu e-mails de várias meninas dizendo que se achavam feias, mas que dps começaram a dar valor mais a si mesmas.

Anônimo disse...

Tive algum tipo de deficiencia auditiva nos meus primeiros anos de vida.
Nao me perguntem porque curou, que deficiencia era... eu tampouco sei, quase nada me foi falado a respeito. Só sei que eu tinha algo em torno de 10% de audição no geral, pelo que eu soube, anos mais tarde ler relatorios medicos.

Entrei na pré-escola de uma escola inclusiva, entrei por acaso, meus pais nao sabiam da minha deficiencia até o momento (eu falava normalmente e acho que eles se adaptaram a falar pausadamente e alto).
A escola apenas tinha o lema de inclusao e aceitar alunos, mas na pratica nada foi adaptado para mim.
Professoras me deixavam de escanteio... enquanto a sala fazia alguma atividade, eu fazia qualquer coisa, porque nao iria entender, segundo eles.
Apesar da deficiencia auditiva, eu tinha muita sensibilidade com gritos... todo dia tinha uma cantiga boba que ao fim, todo mundo tinha que dar um grito muito alto, um berro, e todo dia, enquanto acontecia isso, eu me escondia embaixo de uma mesa escolar, e assim passou o ano sem nada ser feito. A professora nunca teve a sensibilidade de mudar a cantiga ou de perguntar pra mim o que ocorria (eu falava normalmente, mas nao ouvia bem, tinha que ser falado muito pausadamente e alto, mas sem gritos, e mesmo assim a pessoa precisava repetir algumas vezes). Se eu perguntava alguma coisa pra funcionario da escola, e nao entendia, riam de mim, perguntavam se eu era surda em tom de risos. Ou faziam comentarios que eu nao compreendia, mas nao me esqueço dos risos.
Amigos ? Nao tive nenhum nessa epoca. Se rolou bullying, eu nao percebi, ou nao lembro... mas ninguem conversava comigo nao. Nessa epoca, por mais de 1 ano, nunca recebi um coleguinha em casa, e sempre passava os recreios sozinha. Todo recreio, estava eu sozinha em um cantinho. Ninguem queria brincar comigo. Uma vez estava no balanço da escola, e uma criança mais velha (que achou que eu nao falasse tambem), me empurrou com força com a intençao de machucar (essas crianças boazinhas que muitos conhecem e diz que "sao coisas de criança"), contei para algum funcionário que tentou chamar a direçao mais ficou por isso mesmo.

Um ano mais ou menos depois, eu recuperei a audição, ou me adaptei, nao sei. Sinto que nao tenho audiçao 100%, sempre estou pedindo para as pessoas repetirem o que falam, tenho dificuldade de entender musica, e sempre que converso com alguem de outra regiao, demoro a entender o que a pessoa fala, pela diferença de sotaque, nao sei. Mas nunca fui ao medico novamente, meus pais desconversam sobre o assunto, entao acabei me adaptando mesmo.

Nao fiquei na mesma turma pois nao queria ir mais na escola, foi traumatico. Entao, mudei. E passei a estudar em um ambiente melhor. Ou talvez seria igual, se eu continuasse com dificuldade auditiva.

Eu acho que é muito possivel ter deficiencia e ser feliz.
Mas o mundo precisa crescer muito no sentido inclusao.

Eu tenho um trauma grande dessa epoca da minha vida, nao porque nao ouvia bem, mas pela exclusao que me foi imposta.

fabi disse...

Andressa, adorei o teu texto. Realmente faltam políticas de inclusão e empresas dispostas em investir em produtos para pessoas com necessidades especiais. Acessibilidade é um termo e conceito recentes e só existe porque muitas pessoas portadora de necessidades não desistiram de lutar.

Unknown disse...

Adorei o texto, acho que é importante humanizar quem tem deficiência. Essa exigência de que a superação precisa te fazer santo, deve ser algo medonho de vivenciar...

Anônimo disse...

Gostei muito do texto.
E de um comentário:

"E também é importante lembrar que qualquer um de nós, a qualquer tempo, pode ter uma necessidade especial"

Passei 51 anos da minha existência sendo uma pessoa saudável. A gente nunca pensa que pode acontecer com a gente... Mas acontece. Aconteceu comigo, e ainda não consegui me adaptar à situação. Não é moleza. E as pessoas, com honrosas e raríssimas exceções, não ajudam em nada.

Anônimo disse...

Tenho deficiência psico-mental (não sei o nome disso), não olho as pessoas nos olhos e não sei puxar conversa com elas. Tenho duas amigas, não sei como consegui. Meu namorado conheci na internet e ele tbm tem os problemas dele. Some-se a isso o fato de eu ser praticamente cega sem óculos, e não gosto de usar óculos mesmo, uso só durante a aula. É ruim porque quando vc não dá bom dia pras pessoas ou não para pra cumprimentar elas, seja porque vc não acha isso necessário ou seja porque vc é cega e não enxergou ninguém no caminho, metade da turma já te atribui fama de "arrogante", "metida", etc. Isso em uma faculdade, onde teoricamente vc estaria convivendo com pessoas mais adultas. Já recebi indiretas a minha vida inteira de que não dar bom dia é falta de educação, de que preciso sorrir mais, dar oi na rua e a merda toda. As pessoas não entendem que eu simplesmente não consigo fazer isso, essas convencões sociais de frescura. Daí eu que sou a mal educada, a arrogante, que não cumprimenta ninguém.

Kittsu disse...

Eu faço isso tudo aí que você falou (tirando a baixa visão) e estou na dúvida se isso realmente é uma deficiência. A "tabela dos transtornos mentais" tem listado nele como patologia literalmente todos os comportamentos possíveis para um ser humano. De não sorrir nunca a sorrir demais.
Não dar bom dia pra quem não se dignou a te olhar quando você chega e não ter ânimo pra papo furado, ISSO, uma deficiência? Sei lá. Eu mandaria quem me diagnosticasse dessa forma à casa do caralho. Você buscou uma segunda opinião?

Kittsu disse...

Eu faço isso tudo aí que você falou (tirando a baixa visão) e estou na dúvida se isso realmente é uma deficiência. A "tabela dos transtornos mentais" tem listado nele como patologia literalmente todos os comportamentos possíveis para um ser humano. De não sorrir nunca a sorrir demais.
Não dar bom dia pra quem não se dignou a te olhar quando você chega e não ter ânimo pra papo furado, ISSO, uma deficiência? Sei lá. Eu mandaria quem me diagnosticasse dessa forma à casa do caralho. Você buscou uma segunda opinião?

Ezco Musaos disse...

Anon 20:17 e Kittsu, é nós. Também faço a maior parte dessas coisas que vocês mencionaram. Sempre tive essa dúvida se são ou não sintoma de alguma deficiência neuropsicológica...

Ezco Musaos, antigo J.M.

Anônimo disse...

Vc precisa fazer uso de remédios, seu problema tem tratamento

Anônimo disse...

E quando tem deficiente contra deficiente? Aí que fica legal! Vide a Cultura Surda vs. Surdos Oralizados. É tiro, porrada e bomba!

Anônimo disse...

seria legal um post também sobre as pessoas com doenças mentais. todos os tipos, de síndrome de down, Asperger a depressão. eu sofro com anorexia, depressão, ansiedade generalizada e transtorno bipolar há muitos anos e as pessoas tem sim muito preconceito com isso, até prefiro nunca mencionar nada sobre isso e tentar "agir normal", até eu fazer algo completamente inesperado (ou sofrer um acidente, como me aconteceu esse ano) e ter que tentar explicar pras pessoas o que é o que e elas dizerem que é frescura. fora a parte da frescura, desde muito tempo minha mãe é criticada por me dar autonomia. ao mesmo tempo em que as pessoas chamam de frescura, chamam ela de doida por me deixar sozinha. claro que de tempos em tempos rola uma intervenção forçada quando a coisa aperta (como aconteceu esse ano), mas em geral eu sou bem livre pra fazer o que eu bem entendo (23 anos, um currículo de dar inveja num burro de carga e faculdades não terminadas), e de repente todo mundo acha que ela é maluca por querer que eu tenha minha própria vida. moro sozinha, por ex., e ninguém entende como ela deixa uma " louca suicida em potencial" sozinha em casa. eu não sou suicida em potencial, mas parece que mencionar depressão e sofrer um acidente alheio a minha vontade contribuiu mais pra essa impressão das pessoas. bom, bottom line, é que pessoas com problemas mentais são extremamente discriminadas. ano passado uma amiga passou por uma situação horrorosa (ela tem os transtornos psiquiátricos dela) e meio mundo dos amigos se afastou, com medo dela. não é a mesma discriminação aparente de quem tem uma deficiência perceptível ao olhar ou em pouco tempo de convivência, claro, isso é incomparável, mas ler algo que falasse sobre os estigmas das pessoas com doenças mentais seria ótimo tb. desviei legal aqui, mas ultimamente tenho estado emputecida com as pessoas em geral por não se darem o trabalho de querer entender algo em vez de só julgar e apontar dedos.

b

Anônimo disse...

"E quando tem deficiente contra deficiente? Aí que fica legal! Vide a Cultura Surda vs. Surdos Oralizados."

Como é essa treta?

Anônimo disse...

"Como é essa treta?"

Existe a Cultura Surda, no mundo e no Brasil também. Vou falar só de Brasil. São pessoas que abraçaram a surdez como uma ideologia, acham maravilhoso, super especiais, casam entre si e comemoram filhos igualmente surdos. Querem que o Brasil todo fale LIBRAS e acham que os surdos oralizados são o demônio. Se forem surdos oralizados implantados então, aí é O PRÓPRIO Satan. A comunicação é feita por LIBRAS, quando sabedores da linguagem (nem todos são), que é a língua primária de "alfabetização" e expressão. Nem todos sabem falar e se expressar corretamente em Português, a menos que sejam bilíngues. Se você comunicar para uma pessoa que apenas compreende LIBRAS, sem tradução, que está sentindo "um frio no estômago", ela vai achar que você engoliu uma pedra de gelo. Não porque é burra, mas por limitação do idioma. Quem só se comunica em LIBRAS basicamente precisa de intérprete da Língua Portuguesa pra tudo, o que em certos casos é garantido por lei (fazer provas de vestibular, por exemplo) até porque pelo menos em tese é também uma linguagem oficial brasileira, como o português. A questão não é inteligência e sim comunicabilidade dos sinalizados.

Existe também os surdos oralizados, que aprenderam o Português como todo mundo, fazem leitura labial, aprenderam a vocalizar as palavras mesmo sem ouvir e podem ou não serem implantados (Implante Coclear) ou usarem algum outro tipo de aporte auditivo. A maior parte não é bilíngue em Libras, a menos claro que queiram aprender. Não precisam de intérprete de Português para nada e fazem bom uso de legendas. São mais independentes, de modo geral.

Lembrando que LIBRAS é linguagem brasileira de sinais. Tem a linguagem americana, a isso e aquilo, que não são a mesma coisa. E nada impede que todo mundo, surdo ou não, oralizado ou não, aprenda.

A treta é que um lado acha o outro absurdo. Do lado da cultura surda, defende-se uma "normalização para o ouvinte" ou seja, que saber apenas LIBRAS seria uma forma de resistência a essa normalização cultural. São veementes contra o implante coclear e costumam divulgar "informações" não muito corretas a respeito. E o lado dos oralizados acha absurda essa limitação que eles mesmos estão se impondo. Um emprego convencional e uma simples redação de email pode ser bastante problemáticos para quem não domina o português escrito, figuras de linguagem, tempos verbais etc. E afinal, vivemos no Brasil, temos que interagir com pessoas, ler termos, assinar contratos, comunicar com outros seres viventes, é esquisito viver como um estrangeiro na sua própria terra e isso certamente tira oportunidades da pessoa. No Código Civil antigo, a "surdo-mudez" (termos errado, não existe surdo-mudo, só surdo não oralizado) estava elencada como um dos motivos para não ter capacidade civil plena se incapazes de expressarem a vontade - na verdade, de serem COMPREENDIDOS nessa expressão. Quem já viajou pra fora do país sem dominar bem um idioma e tentou passar algo para um estrangeiro que não consegue te entender sabe que te olham como um verdadeiro idiota, imagina viver a vida inteira assim na sua terra natal.

A Cultura Surda tem uma identidade de grupo e enxerga a deficiência como diferença meramente (o que é legal e procede). Os surdos oralizados estão mais afinizados com a cultura ouvinte, mas sem essa identidade de clã. É mais uma ideologia, a Cultura Surda, que uma condição física.

As consequências dessa "briga" é que tá cheio de criança por aí que poderia ser implantada cedo (o SUS cobre) e ser estimulada cedo mas não é, por preconceito dos pais ideológicos. A pessoa nunca terá uma audição natural mas com estimulação pode e geralmente tem avanços. Pra variar, demoniza-se médicos em detrimentos de fatos e ciência.

Continua.

Anônimo disse...

Continuação e conclusão.

Falei provocativamente sobre a Cultura Surda de propósito, porque o debate é mesmo inflamado. Eu dou razão e tiro a razão dos dois lados, na verdade. Acho ok você não se ver como um "deficiente" e que o mundo deveria estar mais aberto às diferenças, até porque a natureza não repete e nós menos ainda. E eu também concordo que, já que LIBRAS é linguagem oficial do Brasil, que isso poderia fazer parte da grade escolar como é o inglês e o francês. Do lado dos oralizados, rola bastante uma incompreensão da vivência do sinalizado exclusivo e até um certo desdém, gerando essa animosidade acalorada. Nem todo mundo nasce numa família preparada pra receber um surdo, tem dinheiro pra fono, pode correr atrás de aparelhos, implantes quando o caso, enfim tudo o que possibilita esse surdo estar oralizado e ter mobilidade social e independência. Tem um cheirinho bem forte de elitismo na coisa e, bem lá no fundo, os dois lados se acham muito especiais e um não entende bem o outro. Agora, que um surdo oralizado ou um não-oral mas 100% versado no idioma pátrio tem mais oportunidades que alguém que só se comunica exclusivamente pela sinalização, isso também me parece muito óbvio. Essa, no fim, é minha maior crítica à cultura surda, a resistência sistemática à integração ao sistema social que é feita pelo idioma corrente no território. Querer que o mundo se adapte totalmente a você sem você ceder em nada me parece um tanto fantasioso e incoerente para pessoas que querem - e mais que isso, precisam - de acolhimento dessa mesma sociedade.

Anônimo disse...

Desculpa o textão.

Anônimo disse...

Tá cheio de criança por ai que poderia ser implantada mas não é por motivo ideológico


Não podemos discriminar as pessoas com deficiência, agora ser deliberadamente deficiente por motivo ideológico é ridículo, imagine se vc sofre um acidente de trânsito e fica com limitação física, daqui a pouco o médico não poderá tentar fazer vc voltar a ter sua mobilidade pois será uma atitude preconceituosa dele, mais uma vez à esquerda empurrando goela abaixo suas ideologias

Unknown disse...

Lola, você viu que o ensaio da Jylie Jenner "usando" uma cadeira de rodas para a Interview? Esse texto foi uma das excelentes respostas que eles receberam. Acho que vale a pena fazer o link com o post de hoje!

http://www.salon.com/2015/12/03/dear_kylie_jenner_my_wheelchair_isnt_a_prop_stop_playing_dress_up_games_with_my_reality/

Anônimo disse...

Anon das 2:26, o problema dos transtornos mentais sofrerem tanto preconceito é da falta de previsibilidade deles. Eles podem se comportar normalmente e depois matam alguém. Ninguém quer ter que viver com esse tipo de surpresa.
Tenho um irmão com esquizofrenia e ele fez da vida da família inteira um inferno. Tentou me estuprar, tentou assinar umas pessoas, perseguiu gente por achar que na mente doente dele eles tinham alguma relacão, tudo isso acontecendo com frequencia durante muitos anos. Vai para tratamento, volta e continua a ser assim. E mesmo assim meus pais dão liberdade para ele: tem uma moto, e várias vezes entrou na faculdade. Claro que ele não precisa trabalhar, essa é uma responsabilidade muito grande que pode machucar o menino. Mas passear o dia inteiro, fazendo comprar e descansando está tudo bem.#irony
Há inúmeros casos de assassinatos na mídia cometidos por doentes mentais. No Brasil, as leis permitem que eles não sejam tratados (não pode internar mais e eles não aceitam tratamento (está a cargo deles escolher) ou fingem que aceitam). Fica à cargo da família aturar loucura, violência. E sempre culmina com dois idosos que têm que suportar o doente que o estado quer se livrar tendo uma vida infernal e terminando mortos assassinados pelo doente.

Kittsu disse...

Ideologia não é sinônimo de esquerda, sua anta.

Kittsu disse...

Muito bom o que você trouxe! Eu já havia ouvido falar sobre isso com relação a anões . O grupo que abraça o nanismo comi estilo de vida e grupo identitário e o grupo que aceita tratamentos para mudar a altura e proporções dos membros. E a rixa entes esses dois grupos é real. Vi isso em um documentário que retratava a realidade dos EUA, não sei como é aqui.

Anônimo disse...

OOIIII meus amores! Agradecendo aqui a amiga LOLA por ter me dado essa oportunidade, e automaticamente abrindo espaço pra outros falarem dos preconceitos sofridos. Acreditem, eu sofri sete anos de depressão, não por ter deficiência visual, mas por motivos familiares. Tive que levar carga dupla de preconceito, por ser deficiente visual e por tratar da depressão indo a psiquiatra que segundo o conceito de muitos ignorantes psiquiatra é médico de maluco. Fui excluída de ir a um show em companhia de outros amigos por estar com depressão, alegaram que era perigoso eu passar mal no evento e que era ruim andar pega na minha mão em um lugar muito movimentado, com pessoas que iriam passar pelo meio e fazer eu me perder... Em fim o preconceituoso sempre acha uma desculpa para fazer valer sua atitude discriminatória e ter razão de alguma forma.

Lola Aronovich disse...

Obrigada vc, sua linda! Adorei o post. E foi graças a vc, porque eu teria deixado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em branco. Só posso te agradecer!
Sei que o post não teve muitos comentários, mas os poucos comentários foram muito bons. Estamos na luta contra todos os preconceitos, juntas e juntos! Podem contar comigo.

B. disse...

"Pra variar, demoniza-se médicos em detrimentos de fatos e ciência."

Thanks for that! Como eu tenho visto isso...

Anônimo disse...

Só lembrando que existem softwares que leem o conteúdo da pagina para cegos, mas nenhum entende substituições de, exemplo, meninas/meninos por meninxs.
Sei que a intenção do uso do "x" é de inclusão, mas acaba fazendo justamente o contrário.

Anônimo disse...

Kittsu responda esses questionamentos:
Se vc sofresse um acidente ou tivesse uma doença e o médico falasse para vc: olha vc ficará surda surda, porém com o implante vc poderá ouvir normalmente, vc faria o implante ou preferiria nunca mais ouvir na vida.
outro questionamento, se um filho seu recém nascido fosse diagnosticado com surdez, porém com a possibilidade de ser ouvinte com o implante, vc optaria por ele ser surdo ou autorizaria a operação, levando em conta que dará tudo certo ( antes que vc venha com a desculpa que não faria pelo risco, para fugir do debate).e aí responda

Mila disse...

Muito bom o post. Adoraria ter mais contato com feministas que possuem deficiência e feministas idosas. De vez em quando, preciso de uma interseccionalidade.
Não comentaram muito aqui sobre aquela polêmica campanha no Paraná. A maioria das pessoas que criticaram o fizeram pela hipocrisia dos bons mocinhos na Internet. Eu vi que foi assustadora a quantidade de pessoas que consideram as pessoas com deficiência privilegiadas.

Anônimo disse...

10:35, você está criando um espantalho. Kittsu criticou o comentário de outro lá em cima (que dizia que essa da Cultura Surda era coisa de esquerda, sendo que esquerda não tem nada a ver com isso), em momento nenhum ela elogiou a Cultura Surda. Interpretação de texto virou uma habilidade tão rara assim?

Anônimo disse...

Andressa, que texto bom!

Lendo o post consegui trazer tudo para o meu cotidiano, e perceber o quanto eu ajo errado.

Minha irmã tem esquizofrenia, sempre la em casa a gente fica em cima dela, querendo protegê-la demais, como se ela não soubesse fazer nada.

Outro dia lembro dela me falando, que eu atrapalho ela a arrumar as coisas, pois eu "tomo o serviço dela" . Mesmo com uma certa dificuldade que ela possui ela é capaz, e assim como todos nos que temos dificuldades e problemas no dia a dia, ela também tem.

Compreendo mais do que nunca que acreditar na capacidade das pessoas, é uma forma de demonstrar amor.

Kittsu disse...

Heim? O que isso tem a ver? É porque eu afirmei que a palavra "ideologia" não significa "direcionamento político de esquerda"?

Anônimo disse...

Acabou não respondendo

Anônimo disse...

Sugiro a leitura do excelente livro "Longe da árvore" (Andrew Solomom). Ele explora vários grupos marcados pela diferença e mostra que muitas das "deficiencias" são na verdade identidades (anões, surdos, autistas, filhos de mães estupradas etc). Esse livro mudou minha forma de encarar o diferente. CN

Kittsu disse...

Não vou responder só de pirraça. Vou esperar você me explicar qual a relação entre a definição de "ideologia" e a situação que você levantou. Vai ser divertido o malabarismo (i)lógico.

Anônimo disse...

A relação é simples, na minha opinião devemos todo respeito e apoio aos deficientes, entretanto isso não significa que diante da possibilidade de se superar uma deficiência, principalmente no caso bebês, devemos abrir mão dela.
Uma pessoa adulta pode escolher se quer ou não o implante, agora fazer uma criança recém nascida deliberadamente surda é seguir uma agenda imposta por profissionais esquerdistas que querem enfiar goela abaixo que o implante é tentativa de exclusão dos surdos e não um avanço da Medicina.
Agora não se acovarde e responda aos questionamentos

Kittsu disse...

"agora fazer uma criança recém nascida deliberadamente surda é seguir uma agenda imposta por profissionais esquerdistas que querem enfiar goela abaixo que o implante é tentativa de exclusão dos surdos e não um avanço da Medicina."

Ok. Bem aí. Me explique de onde você tirou a associação de "cultura surda" com "esquerda". Isso realmente está me intrigando.

Kittsu disse...

"agora fazer uma criança recém nascida deliberadamente surda é seguir uma agenda imposta por profissionais esquerdistas que querem enfiar goela abaixo que o implante é tentativa de exclusão dos surdos e não um avanço da Medicina."

Ok. Bem aí. Me explique de onde você tirou a associação de "cultura surda" com "esquerda". Isso realmente está me intrigando.

Anônimo disse...

Não exatamente Cultura surda, mas recusa de tratamento. Já vi profissionais esquerdistas fizerem que fazer o implante em bebês é querer fazer uma normatização das pessoas e absurdos do tipo, o bom é que eles possuem a capacidade de ouvir e querem que OS surdos façam seus filhos não terem a capacidade de apreciar sons.
Responda a primeira pergunta, não fujo aos seus questionamentos, pare de fugir dos meus, ou você não quer admitir que aceitaria fazer o implante em vc ou em um filho seu?

Anônimo disse...

3 linha disserem* (correção )

Anônimo disse...

Ou melhor "dizerem"

Kittsu disse...

Sua pergunta é irrelevante porque já parte das premissas erradas. Sobre os "profissionais esquerdistas" ao qual você se referiu, também vou ignorar em nome da honestidade intelectual - visto que suponho que você esteja deliberadamente mentindo para sustentar esta alegação de fundo meramente anedótico (que por si só ainda que verdadeiro não significa muita coisa, lamento muito).
Suponho também que você seja novo, foi pêgo na onda do anti feminismo/ anti esquerda mas no fim das contas não faz a mínima idéia do que está falando e por isso, além dessa necessidade de estar certo para não ferir o orgulho, esteja insistindo nessa conjectura completamente sem sentido.
Vamos lá então. Sobre o que significa esquerda, direita, e ideologia.
Esquerda e direita poderiam ser ditos como opostos no aspecto político da extensão do estado sobre seus cidadãos. A esquerda no Brasil é mais ligada a um estado mais forte, controle do mercado e proteção dos indivíduos, partindo do pressuposto que o bem estar social deve ser a finalidade e que certas diferença dentre os indivíduos podem precisar ser minimizadas por uma influência deliberada e intencional (como fomentos às minorias).
A direita no Brasil busca um estado menor pois entende que o mercado age como a força motriz da redução destas desigualdades por seus mecanismos naturais de funcionamento, normalmente descarta a existência de diferenças dentre os indivíduos/populações que sejam ocasionados por fatores socioeconômicos e que o interesse do indivíduo é que determina seu sucesso na sociedade. Fora isso outra coisa que diferencia os dois ideais políticos é o apego às instituições tradicionais (como de uma religião majoritária e da família monoparental) como normas sociais -direita- ou a rejeição desses dogmas em nome da liberdade do indivíduo -esquerda.
Bom. Agora "ideologia". Ideologia pode ser tida como um conjunto de idéias que são a causa ou o produto da identidade de um grupo, e decorre de uma racionalização harmoniosa dentre os componentes deste grupo acerca de certo(s) tema(s) de forma que as opiniões tornam-se pacíficas ao grupo. O cristianismo tem sua ideologia. A supremacia branca. A cultura surda. Esquerda. Direita. Movimento negro. Feminismo. Masculinismo. A palavra "ideologia" por si só não carrega um peso pejorativo e nem positivo, apenas descreve que existe acerca de tal tema algum tipo de racionalização já consolidada por alguém. E acaba que existem ideologias sobre os assuntos mais diversos, e elas não teriam como se dividir meramente em esquerda e direita (haja simplismo).

Explicado isso, talvez você consiga perceber que sua pergunta faz tanto sentido quanto perguntar se eu sou de direita simplesmente porque eu gosto de azul e não de vermelho.
Só me prove que eu não joguei pérolas aos porcos se fazendo de burro, faz favor.

Anônimo disse...

Venho acompanhando essa treta só no f5, você deu uma bela aula kittsu? Mas agora vc deveria se posicionar sobre essa questão do implante em surdos e sobre a negativa de tratamento de pais surdos ou de quem quer que seja em crianças que nascem surdas. Você poderia também responder a questão do anônimo sobre se você tivesse um filho surdo e fosse possível fazer o mesmo ser ouvinte, se você aceitaria o tratamento? Só no aguardo

Kittsu disse...

Se fosse filho meu eu sacrificaria em um ritual e ofereceria seu sangue a Odin para que da próxima vez eu parisse uma criança saudável.

Anônimo disse...

Sou o primeiro Anon
Sua resposta sarcástica para o outro Anon mostra sua esquiva e fuga do tema.
Se vc aceitaria custa admitir, isso não fará de vc uma pessoa preconceituosa e nem anti-surda

Kittsu disse...

Ok

Anônimo disse...

Cara Lola, como disse anteriormente, não posso revelar meu nome por temor. Mas esse logo deve aparecer, por mentiras, montagens e ou recortes fora do contexto. Peço que tome providências imediatas nesse caso, por favor. Aos meus onze anos, passei a me interessar por páginas monarquistas, chegando a me declarar uma logo depois. Assim permaneci até os meus quartoze anos, quando amiga minha de mesmos ideais declarou-se comunista. Brigamos feio. Foi totalmente imbecíl e inútil. Logo comecei a questionar dentro dos grupos nos quais me via no momento. Começou O erro meu, sendo chamada de cadeia, horrorosa, narigudo, vagabunda, desempregada, petista, usuária de Bolsa Família e o que mais um bando de macacos pudesse inventar. Um ADM do grupo Humornarcando a Monarquia organizou tópico para decidir a minha permanência no grupo. Foi um verdadeiro clubinho contra minha pessoa, com xingamentos e acusações para todo lado, eu nem imaginando. Avisada por um amigo, entrei me defendendo imediatamente. O jogo virou e a votação ao meu favor venceu. O ADM ignorou o resultado e me baniu. Como se fosse pouco, espalhou meu nome como de uma "pessoa retardada" para inúmeros grupos, pessoas e páginas, comentou muito de mim pelas costas e fez várias acusações constrangedoras posteriores. Em grupos mistos de debates políticos, comecei a ser silenciada. Diziam que os ataques vinham de minha parte, mas mesmo quando questionava se os EUA era um lugar seguro para estudos ou qual "monstro lovecratiano" era o preferido do pessoal (o grupo não era inteiramente sobre política), me atacavam de graça. Colocaram o meu nome com foto no Avaaz, site de petições internacional, para me retirarem de grupos do tipo. A descrição era "metralhadora de bosta". Lola, se acharem esse vestígio de brincadeira babaca em uma futura entrevista de... emprego? O que faço? Eu tinha formado meu próprio grupo misto. Cuidava dele, junto com os meus amigos que selecionei para me auxiliarem na manutenção e administração. Cinco monarquistas começaram uma irritadiça fala de que me portava feito uma ditadora. Eu, que só levou socos verbais dos mesmos e que até então só tinha banido um irmão de minha nova ideologia. Desafiando um dos acusadores a me aceitar em um de seus grupos com a mesma liberdade que o mesmo tinha no meu, logo este, da Biblioteca Monarquista me pediu fotos "quentes". Eu tenho 16, ele tem 25 (corrigindo a idade). Cortei o contato com o mesmo, avisando ter um namorado e permaneci no grupo, onde fui ameaçada de um estupro, por um homem que tinha como capa sua família. Esposa e filhas compartilhando a existência com esse ser. Coletei alguns relatos de reais estupros e violências por conta de monarquistas, porém abafados pela falta de credibilidade na permanência dessa ideia que deveria ter ficado para trás em 1889. Estou fora do Facebook hoje. Lutei quase sozinha contra eles e sinto que perdi. Vi que ganharam audiência na Veja, Época, Folha de São Paulo, The Huffpost e sinto dores mentais. Conheci um grupo de cavaleiros respeitáveis de jovens e idosos e conheci os cães raivosos por trás, sem argumentos, com inúmeras imagens e sites monarquistas ausentes de confiança, capazes de silenciar qualquer um que se diga feminista, esquerda ou simplesmente questionadora. Fizeram um ato em sete de setembro no Twitter. Peço que suba uma hashtag #FodaSeMonarquia. Só gostaria de ver que não foi tudo em vão, esse sacrifício de minha vida social na rede. Tenho a esperança que a máscara desse movimento caia, que as mulheres vejam o perigo que tal ideal representa e que as coisas melhorem, de forma que ao menos algo tenha valido a pena. Espero que me ajude. Obrigada pelo espaço no blog. :)

Marcia disse...

Kitsu, também faria o mesmo que você. Por que né? Pergunta com uma única resposta válida, não é pergunta.

Anônimo disse...

É por existirem seres feito você, Kittsu, medíocres e ignorantes que a luta é diária para quebrar o tabu do preconceito e da covardia, você só diz que sacrificaria um filho deficiente por que é um covarde pau no cú, diversidade é só para pessoas que tem um cérebro pensante, não uma massa cinzenta feito a sua, seu infeliz! Tenha certeza que o mesmo desejo que você tem de abominar o diferente de sua ideia fútil, eu e milhares de outras pessoas sentimos pena de existirem um peso morto na terra feito você, sem evolução espiritual e científica.

Anônimo disse...

Para quem desejar ter contato comigo escreva para
fofuchadejesus@gmail.com

Anônimo disse...

Ele ia preferir ser sacrificado como ele diz que faria com um filho, por que no mínimo quem faz algo para os outros tem de receber o dobro para si, é a lei do retorno.

Kittsu disse...

Xiu que senão eu sacrifico você para Loki pra ver se da próxima vez tu nasce entendendo sarcasmo.

Anônimo disse...

Anon de 4 de dezembro de 2015 07:21, fui eu quem perguntou sobre a "tetra". Obrigada por explicar. Eu, como não-surda, não fazia ideia de que isso existia. É um mundo completamente novo, não fazia a mínima ideia nem da existência de uma cultura surda.
Ignorância é uma merda. Mas na universidade pública em que estudei, Libra se tornou matéria obrigatória no curso de Letras há uns 3 anos. Eu já havia me formado, por isso não peguei. Acho que isso já é um avanço, não? Em relação a essa treta, que realmente não pra compreender totalmente, eu gostaria de dizer que acho o máximo quem consegue fazer leitura labial. É tipo um truque secreto. Juntar Libras a essa carta na manga seria o ideal. Mas quem sou eu pra dar opinião.

Anônimo disse...

Só pra complementar, assisti "O Milagre de Anne Sullivan" pela primeira vez há algumas semanas e fiquei impressionada como alguém cega e surda conseguiu aprender linguagem de sinais e, além disso, a falar também. Impossível não é.

Anônimo disse...

Vou entrar na treta da Kittsu com o anon aí.

Se ambos os pais são surdos e tem um filho surdo, e eles escolhem não implantar no seu o que no ouvido da criança, eles estão no direito deles. Não é como se a criança fosse morrer sem aquilo, comparando com pais Testemunhas de Jeová que não aceitam fazer transfusão de sangue no filho. Isso deveria ser crime porque a criança vai morrer sem aquela transfusão.

Mas se os pais surdos preferem que o filho seja como eles e não veem nada de errado no fato de ele não puder ouvir, ok. Se o filho vai odiá-los ou agradecê-los por isso, não cabe a mim nem a médicos interferir. Agora, se um filho meu, eu como ouvinte, nascesse surdo, eu colocaria o tal implante sem pensar duas vezes e não considero isso como preconceito contra surdos.

Vicky_ disse...

Sei que soará um comentário problemático para algumas, pois bem, tenho miopia em ambos olhos, é genético, e não tenho grana para óculos adequados, as lentes da armação não são baratas, e já não tenho parte da audição em um dos ouvidos (talvez ambos), se [ou quando] eu tiver dinheiro, compraria óculos adequados e aparelho auditivo sem repensar.

AMO complemente todos os cinco sentidos, inclusive o auditivo, amo ouvir música, mas hoje nem o volume máximo está okay para compreensão, sinto falta. Pode soar muito ruim, mas não consigo me imaginar sem visão, acho tanta coisa linda através dela.

Isso é um desabafo, sei muito bem que várias pessoas conseguem viver plenamente sem um dos sentidos. Após o feminismo radical, a causa das pessoas com deficiência é a que mais acompanho, porém consideraria absurdo um casal não oferecer um aparelho auditivo para a prole, caso tenha condição econômica. Independente de serem ouvintes ou um casal surdo.

Quero um dia aprender LIBRAS, pois vejo de maneira bela como as mãos se movem, e para a acessibilidade crescer em nosso país.

No entanto, é necessário compreender a diferença entre preconceito e a possibilidade de oferecer uma vida menos dificultosa sem a limitação que foi imposta a pessoa.

cris K disse...

Texto muito bacana. Mas a terminologia correr é Pessoa com Deficiência. Quem porta algo pode deixar de porta-lo em algum momento o que não acontece com a deficiência.