quarta-feira, 21 de maio de 2014

SELFIES E AUTO-OBJETIFICAÇÃO: A IMAGEM NÃO É TÃO BONITA ASSIM

Alguém, não me lembro quem, me enviou este artigo muito interessante da Beauty Redefined (Beleza Redefinida). Pedi pra Elis traduzi-lo, e aqui está (super obrigada, Elis!), mais atual do que nunca. 

Selfies não são algo inerentemente ruim. E tirar 55 fotos do próprio rosto de ângulos ligeiramente diferentes, com variações de expressões, não é fundamentalmente errado MAS (você sabia que haveria um “mas”)… quando colocamos esse fenômeno impulsionado por mulheres no contexto da cultura na qual vivemos, as selfies não são apenas uma tendência trivial ou uma forma de expressão.
Na verdade, elas são um reflexo claro exatamente daquilo que meninas e mulheres foram ensinadas a ser a vida toda: imagens a serem admiradas. Imagens de seres humanos que são dinâmicos, mas com pose, produção e edição cuidadosas, para serem observadas e comentadas. Selfies não são somente imagens que você faz de si mesma para si mesma, elas são imagens que você tira de si mesma para que os outros vejam. Selfies não eram uma tendência até as mídias sociais possibilitarem obter validação maneira fácil e pública, online. 
E o que meninas e mulheres aprendem, desde o começo, que lhes confere mais valor? Ser bonita. Não é ser inteligente, engraçada, generosa ou talentosa -– basicamente basta ser bonita. Sendo assim, a validação que as mulheres foram ensinadas a buscar é a aprovação das pessoas com relação à sua aparência. 
Hoje, vamos cunhar um termo novo:
Selfie-objetificação (nota: trocadilho com o termo em inglês self-objetification, auto-objetificação). Substantivo: apresentar a si mesma como um objeto, especialmente para a visão ou outro sentido físico, por meio de uma fotografia que a pessoa tira de si mesma, para publicação online, e cujo processo se manifesta em três etapas (veja abaixo).
Tirar fotos de nós mesmas para documentar como ficamos em determinados momentos, roupas ou ângulos é uma nova forma de auto-objetificação que chamamos de “selfie-objetificação”. Há três etapas da selfie-objetificação: 1) Tirar fotos de si mesma para admirar e examinar minuciosamente, 2) Classificar e editar as fotos para gerar uma imagem final aceitável e 3) Compartilhar essas fotos online para que as pessoas as validem. 
Em nossos estudos de doutorado (Kite, 2013 e Kite, 2013), quase 3/4 das mulheres se descreveram com termos nos quais objetificavam a si mesmas, o que significa que viam a si mesmas a partir de uma perspectiva externa. A auto-objetificação reduz nossas capacidades, nossa felicidade e nossa autoestima, porque precisamos viver, realizar e existir e também monitorar e imaginar constantemente qual é a nossa aparência enquanto vivemos, realizamos e existimos. Se você costuma tirar selfies avidamente, pedimos que considere os efeitos dessas três etapas da selfie-objetificação na sua vida.  
Primeira Etapa: Capturando e Examinando. As selfies são um fenômeno único porque funcionam como um tipo de espelho mais permanente. As imagens capturadas não desaparecem depois de um olhar rápido -– elas ocupam memórias de telefones, álbuns de computadores e feeds de mídias sociais. Elas não são capturadas e esquecidas; são capturadas e analisadas repetidas vezes pela própria fotógrafa, que analisa seu rosto e seu corpo e imagina como as outras pessoas a enxergam. 
Com as selfies proporcionando uma nova maneira das pessoas examinarem e avaliarem os próprios rostos a qualquer momento, bem como mais oportunidades de comparar sua aparência com todas as outras formas femininas que enchem nossos feeds nas mídias sociais, não é surpresa que uma nova pesquisa aponte que: “A tendência das selfies aumenta a demanda por cirurgias plásticas faciais.” 
A pesquisa anual com membros da AAFPRS (American Academy of Facial Plastic and Reconstructive Surgery, Academia Americana de Cirurgia Reconstrutiva e Plástica Facial) revelou que 1/3 dos cirurgiões entrevistados notaram um aumento na solicitação de procedimentos pelo fato de as pacientes estarem mais atentas à própria aparência nas mídias sociais. O relatório atribui um aumento de 10% nas rinoplastias (cirurgias no nariz) de 2012 a 2013, bem como um aumento de 7% nos transplantes capilares e de 6% nas cirurgias nas pálpebras, à influência das mídias sociais.
“As plataformas sociais… que são baseadas unicamente na imagem, forçam as pacientes a analisarem com microscópio a própria imagem e, frequentemente, a olharem a si mesmas de forma mais crítica do que antes”, diz o doutor Edward Farrior, presidente da AAFPRS. “Essas imagens são, frequentemente, as primeiras impressões que as jovens disponibilizam para possíveis amigos, interesses românticos e empregadores, e nossas pacientes querem exibir sua melhor imagem ao mundo.”
O que mais nos assusta é a ideia de “exibir sua melhor imagem ao mundo”, o que realmente significa “mudar seus rostos para se encaixar em ideais que elas foram treinados a perceber como ‘o melhor’”. Faz lembrar de Lucy Danziger, editora da revista Self, que afirmou que a revista usou Photoshop absurdamente no corpo inteiro de Kelly Clarkson “para que ela pudesse estar em sua melhor versão possível”. 
Não se trata do “melhor” de um indivíduo — trata-se dos ideais mais vendidos da indústria da beleza. Quando têm vergonha do próprio corpo, as pessoas frequentemente apelam para extremos para lidar com o sentimento de inadequação, escondendo ou alterando partes de si mesmas das quais têm vergonha (que geralmente deriva de comparações com ideais transmitidos pela mídia, incluindo as mídias sociais). 
Uma das maneiras como muitas mulheres lidam com essa vergonha é “consertar” seus rostos e corpos com cirurgias cosméticas -– e 81% das pessoas que passaram por procedimentos cosméticos em 2013 eram mulheres. Trata-se de uma maneira perigosa, cara, dolorosa e ineficaz de reduzir a vergonha do corpo e melhorar a imagem que a pessoa tem do próprio corpo.
Segunda Etapa: Ranqueando, Editando e Selecionando uma Vencedora. Após nossa fotógrafa ter analisado e avaliado suas fotos, ela seleciona o clique perfeito para exibição para o público. 
E se for como pelo menos 50% dos usuários de mídias sociais, ela usará o Photoshop ou editará a imagem antes de postar. Cerca de metade das pessoas que editam as próprias fotos o fazem com o objetivo de “melhorar a aparência" removendo manchas na pele, mudando o tom ou a cor da pele, ou tornando-se mais magras (ou, em recentes incidentes à la Kardashian, com mais curvas). 
Nós NUNCA conseguimos ver a realidade feminina na grande mídia, e esses ideais nada realistas resultam na pressão que sentimos para alterar nossas imagens de modo a nos parecermos mais com a "perfeição” com traços de desenho animado que vemos por toda parte, e cria todo um novo mundo de irrealidade nas mídias sociais. 
CASO seja necessário dizer com todas as palavras: Não se compare com as fotos de ninguém. Você não sabe quais esforços foram empreendidos na foto em questão, nos bastidores ou na pós-produção. Comparações nas mídias sociais levam à depressão e ansiedade entre meninas e mulheres, e quando estamos cientes de que estamos comparando nossas vidas sem filtros com imagens de glamour das vidas de outras pessoas, podemos acalmar  esses sentimentos. E por favor, acalme-os. Pelo bem da sua saúde. 
Terceira etapa: Compartilhando e Monitorando. Após postar a imagem vencedora, ela provavelmente vai monitorar cuidadosamente as “curtidas” e os comentários recebidos por cada foto, e vai comparar esses minúsculos símbolos de validação com os das fotos de outras pessoas. Quanto mais curtidas e quanto mais gentis os comentários, melhor ela se sentirá consigo mesma, ou melhor, com a parte de si mesma que foi treinada a priorizar: sua aparência. 
Mas o que acontece se o número de curtidas não agradar? Ou se os comentários forem críticos, ou se não houver comentários? O que acontece com a autoestima neste caso? Quando essa autoestima se baseia amplamente nas percepções que outras pessoas têm de sua aparência, e as pessoas parecem não apreciar sua aparência, a autoestima é afetada completamente. 
Isso nos traz ao maior problema que temos com as pessoas que defendem o uso das selfies como ferramentas de empoderamento. Elas não são. Vocês estão confundindo “empoderamento” com “se sentir bonita” ou “sentir que as pessoas acham que eu sou bonita”. O empoderamento tem que ser muito mais dinâmico e abranger muito mais coisas que isso. “Poder” não pode ser reduzido a algo que é obtido por meio da aparência e da beleza. O “poder” da beleza tem pouco valor. Ele é fugaz e pode ser consumido e descartado a qualquer momento. Seu poder não está apenas em sua beleza; está em quem você é e no que você faz.
O último vídeo de marketing da Dove, apropriadamente intitulado “Selfie”, pede que meninas e mulheres “redefinam a beleza” tirando selfies e percebendo o quanto são bonitas. Uma das mensagens no final do vídeo é uma menina dizendo, “Eu estava olhando minhas selfies ontem à noite e percebi que sou linda. Eu sou bem bonita.” Olhar suas selfies para lembrar a si mesma do seu valor é a ilustração perfeita que usaríamos para descrever o que é selfie-objetificação. 
É claro que queremos que as pessoas se sintam bem consigo mesmas, e mesmo que se sintam bonitas, mas o que queremos mesmo que as pessoas saibam é que: independentemente da sua aparência, ou do que você acredita que seja sua aparência, você pode se sentir bem consigo mesma porque você não é a sua aparência. Uma imagem corporal positiva é a pedra angular do nosso trabalho, e ela é fundada na compreensão -– que pode mudar a vida -- de que o corpo é um instrumento a ser usado e não apenas um objeto a ser adornado e admirado. 
Em um mundo que nos ensina que nós somos nossos corpos, e que imagens cuidadosamente selecionadas de nós mesmas são uma ótima ferramenta para validação e empoderamento, queremos GRITAR que ISSO NÃO É VERDADE! Tirar a selfie perfeita, amar suas selfies, admirar suas selfies NÃO são estratégias de empoderamento, são simplesmente estratégias para obter a aprovação efêmera e superficial de outras pessoas, na qual fomos treinadas a basear nossa autoestima. 
A auto-objetificação é uma ameaça séria a nossa capacidade de conquistarmos tudo o que podemos conquistar. E as selfies, como um produto de nossa cultura obcecada pela aparência, podem ser vistas como mais uma ferramenta que usamos para objetificar a nós mesmas, sem perceber –- de tão normal e predominante que o fenômeno se tornou. 
Se estamos falando sério com relação ao empoderamento e a uma imagem corporal positiva, temos que pensar criticamente nas maneiras como vemos e representamos a nós mesmas e nas maneiras como buscamos validação e empoderamento. 
Se você estiver usando selfies como uma forma de olhar para si mesma a partir de uma perspectiva externa, analisando e avaliando sua aparência, e buscando aprovação de outras pessoas para aumentar sua autoestima, recomendamos que você reconsidere o papel das selfies na sua vida. Uma das melhores formas de descobrir o quanto você depende das mídias sociais para obter validação é fazer um jejum. Escolha alguns dias e fique longe de todas as mídias. Seu mundo vai mudar -– de um jeito bom.
Mas, por favor, entenda: Para muitas pessoas, a selfie ocasional não é um pedido desesperado de aprovação ou um jeito equivocado de tentar conseguir empoderamento. Definitivamente, mostre aos seus amigos nas redes sociais seu novo corte de cabelo ou aquele batom fúcsia maravilhoso. 
Tudo bem querer validação para a maneira como você se apresenta para o mundo. Não vamos fingir que nossos corpos são invisíveis e que tudo que é relacionado à beleza deveria ser ignorado. De jeito nenhum. 
No entanto, vivemos em um mundo que valoriza a beleza para as mulheres acima de tudo, e todas as escolhas relacionadas à beleza precisam ser vistas por esse ponto de vista. Se você reconhecer que está baseando grande parte de sua autoestima ou seus sentimentos pessoais de empoderamento no que os outros pensam da sua aparência, ou mesmo gastando muito de seu precioso tempo, dinheiro ou energia em assuntos relacionados à beleza (incluindo selfies), então você tem uma ótima oportunidade de fazer mudanças que tragam empoderamento real. 
Esperamos que você se junte a nós na luta contra a auto-objetificação, analisando de maneira crítica o papel das selfies na sua vida. Mulheres são mais que corpos. Veja mais. Seja mais. ISSO é beleza redefinida.

39 comentários:

Anônimo disse...

Lola, o movimento body-positive incentiva muito as meninas a compartilharem seus selfies, e tirarem dias para se vestirem de maneiras que elas sempre quiseram e se sentirem bonitas tirando fotos.

Para as meninas do movimento body-positive - que inclui aceitação da gordura, de variedades de corpos com mais diversas habilidades e debilidades, aceitação de pelos, e empoderamento com relação à cor, o selfie é uma maneira boa de se reconhecer e se declarar como bonita. É uma parte da liberdade de expressão e uma forma de transformar corpos em arte - como no caso das fotos nuas artísticas ou na arte da maquiagem. E as meninas dessa rede se apoiam mutuamente reblogando e dando likes umas as outras.

Isso se dá também pelo fato de que meninas que postam selfies são frequentemente vítimas de haters, sobretudo homens, que minam a auto estima dessas garotas e fazem com que elas tenham vergonha de aparecer - mostrar a cara e o corpo como são, nesse caso, é um ato político, e é obviamente muito diferente do que acontece com meninas muito jovens, que postam suas fotos nas redes sociais perguntando se são bonitas.

Inclusive tinha uma época na qual meninas em idade escolar pediam pra ser avaliadas numa escala de 1 a 10 por garotos. Isso também era comum no 4chan, com meninas nerds enviando fotos do corpo procurando validação num meio completamente hostil - pelo menos na minha época.

Tem uma artista (que eu não curto muito o trabalho, mas reconheço o talento dela) que postava selfies online e recebia muito hate mail, muitas ameaças... Aí ela resolveu transformar esses selfies em arte e se postar sem maquiagem com os textos colados em cima. Continuar aparecendo foi uma forma de resistência. Veja aqui: http://www.buzzfeed.com/alisonvingiano/this-tumblr-user-shows-her-horrific-anonymous-messages-in-a

Visibilidade é importante, Lola. A diferença está em quais são os motivos pra isso.

PERSEU THE ZETA MALE disse...

a mulher bonita e magra se faz de objeto com objetivo de conseguir poder. entao ela quer o homem mais rico e poderoso, ela usa o corpo dela, se faz de objeto, com objtivo de subir de vida.

Anônimo disse...

A era das redes sociais, fizeram explodir o ego de toda uma geração, e o da mulher então.
O que mais se vê são meninas tirando fotos apelativas, e postando em redes sociais,em seguida uma legião de idiotas, "curtindo e pagando pau"
O ego delas e alimentado então como se fosse um leão solto em uma jaula de cervos.

Anônimo disse...

Ótimo post, muito pertinente,

Eu de vez em quando tiro " selfies " e posto.uma vez por mês, ou a cada dois meses, ou mais que isso,alias nao gosto do termo " selfie" , prefiro chamar de autorretrato,

Tem vários aspectos do seu post com os quais me identifico.

Tem determinadas posições ou ângulos que nao gosto de tirar foto ( seja seflie ou foto com amigos ) porque meu rosto nao fica legal. Ja aprendi em que posição bater,

As vezes estou com uma roupa bonita, uma maquiagem bonita, quero bater a foto, mas moro sozinha - entao so me resta eu bater de mim mesma,!!!

Você me autoriza a postar esse texto no meu blog , dando os créditos a você ?? Acho ele muito importante e gostaria de divulga- lo, se você deixar,
Beijos

Lola Aronovich disse...

Notyourmari, vc entendeu que não fui eu que escrevi o post, certo? É uma tradução. Ainda não tenho opinião formada sobre o assunto, ainda é algo muito novo pra mim (até o fim do ano que vem eu nem sabia o que era um selfie). Concordo com vários pontos da autora, mas entendo que visibilidade seja importante. Mesmo assim, tirar foto pra ser avaliada parece algo bem autodestrutivo. Vi faz algum tempo vídeos de meninas adolescentes perguntando "Am I pretty?" Isso corta o coração, porque é se jogar aos leões, se deixar muito vulnerável.


Maria Valéria querida, pode colocar no seu blog, mas peço que vc só coloque os 4 ou 5 primeiros parágrafos e um aviso do tipo "continue lendo aqui", com link pro post. Pode ser?

Lola Aronovich disse...

Ai ai, mascus. Sim, claro, homens não tiram selfies. E sim, óbvio que as mulheres que tiram selfie estão querendo "subir na vida". Afinal, todas as mulheres são prostitutas por natureza, certo? Mascus sanctos também acreditam nisso...

Anônimo disse...

Entendi sim, Lola :3

Eu só quis falar que tem outro lado... Eu sei que é perigoso sim, eu lembro da onda do "Am I pretty?" e concordo que é bem danoso, nossa, muito danoso.

Eu morro de medo de tirar selfies, e até saí das redes sociais porque não queria ser vinculada a fotos com a galera. Eu não acho que seja um ato político pro qual eu esteja pronta.

Anônimo disse...

O que me assusta é ver tantas adolescentes que claramente se encaixam em tudo que o texto descreve.
12, 13 anos, postando fotos produzidas, decotadas, provocativas. Ou os selfies que elas fazem nuas e compartilham por whatsapp com os colegas da escola.
Necessidade de aceitação e auto-afirmação? Sexualidade exacerbada e banalizada antes da hora?
Minha cabeça se confunde muito com tudo isso.

Anônimo disse...

Pode , querida !!! Beijao !!!

Anônimo disse...

Eu concordo com o texto da Lola e discordo um pouco do ponto de vista da notyourmari, pois acho mais importante que dizer que todas são bonitas, dizer que ser bonita não te define.
Não vejo o ato de mandar fotos pra ser avaliada positivamente por um grupo, que já tem esse objetivo, produtivo justamente porque mantém o padrão da necessidade de avaliação externa...

Sara disse...

Não concordo nem um pouco com esse post.
Desde q o mundo é mundo q os artistas já faziam "selfies" de suas figuras.
Crianças adoram se retratar em desenhos, bem como seus pais e irmãos.
Eu creio q grande parte de nós, gostamos de nos ver em imagens, eu não tenho nenhuma vergonha de confessar q adoro, tiro vários das mais variadas maneiras, alguns poucos eu mostro, outros guardo só pra mim e nunca mostrei a ninguem.
Achei q essa necessidade não tem absolutamente nada a ver com o q propõe esse post.

Vitória disse...

Lolinha! N a d a a v e r com o assunto do post, mas queria saber se você, como professora universitária, saberia me dizer se há cursos de pós graduação em gênero, no Brasil ou no exterior. Lembro de uma blogueira feminista que estava fazendo, na Europa, uma graduação inteira em gênero... Infelizmente não me recordo seu nome. Também outra blogueira fez uma pós em gênero em Cuba... Achei tão interessante, e gostaria tanto de voltar a Cuba, se for pra estudar, melhor ainda. Mas tudo isso pra perguntar se você conhece alguma pós na área, ou por acaso se lembra de quem são essas blogueiras.... Hehehe Beijos!

Anônimo disse...

Claro,isso é machismo e elas foram ensinadas a fazer isso...
É exibicionismo puro,gente que quer aparecer,nem toda mulher faz isso e está inserida na mesma cultura,queria entender essa desculpa esfarrapada,se todas são ensinadas iguais,porque é que nem todas agem iguais?
Deve ser porque tem personalidades diferentes,pensam diferente,mas isso n tem nada a ver,no fim é tudo machismo e foram manipuladas...

Homens também ficam se exibindo,posando de playboy pela net,mostrando o quanto são musculosos.

Anônimo disse...

Fui vítima dessa necessidade de auto-exibição nos idos tempos do orkut. Paguei lá meu preço e saí das mídias sociais. Coisa que achei, depois de absorver o trauma, muito saudável!!! Por que?

1) não é só uma questão de objetificação da mulher via curadoria da imagem perfeita. As redes sociais estimulam uma curadoria compulsiva de todos os aspectos da própria existência: os status mais engraçados/inteligentes/interessantes, as fotos artísticas, a impressão de uma vida profundamente estética e intelectual por intermédio dos tweets e retweets e likes exibidos em páginas pessoais.

2) redes sociais são excelentes para a divulgação do meu trabalho!!!! Sim!!! Mas agora todo mundo tem trabalho pra divulgar? E é bom divulgar indiscriminadamente? Marketing pessoal tomou uma dimensão nova com as redes sociais.

3) redes sociais mantêm as pessoas mais próximas -- não. Isso simplesmente não é verdade. Redes sociais apenas mantêm as pessoas atualizadas sobre a vida de outras pessoas que, caso fosse necessário um pingo de trabalho para acompanhar suas vidas, seriam basicamente ignoradas. Ou então, servem como ferramenta de espionagem e xeretagem da vida dos outros, em geral com grande grau de frustração (afinal, todos sabem fazer um perfil vencedor no face). O que deixa pessoas mais próximas ainda é: mensagem de texto, email, skype. É o que se usa com quem se gosta de verdade, com aqueles cujo aniversário você sabe de cabeça.

Eu não uso mais, não quero voltar a usar. Meu negócio é blog, não sou produto nem celebridade para ter minha vida acessível e pública. Se precisar por razões profissionais, aí volto. E não estou desinformada, nem mesmo das modas do face e do Twitter, porque sempre são comentadas em blogs ou por alguém no whatsapp...

Anônimo disse...

Concordo que a pessoa se sentir bem pode tirar foto , mas existe um tipo de gente os chamados attwhores aquelas pessoas que fazem de tudo pra chamar atenção nas redes sociais
a exemplo bianca anchieta e cia.
eu já vi gente tirando foto pelada(o),e olha isso influência muita gente eu tbm já tirei uma de lingerie e até hoje me arrependo eu tinha 15 anos e via as garotas fazendo e achava o máximo fazer também não pensava no que poderiam ter feito com minha foto, isso influencia a cabeça dos jovens mesmo. É importante o jovem pensar bem antes de tirar fotos comprometedoras, depois pode ser tarde demais.

Anônimo disse...

Existe homem attwhore tbm seu bobão
e gigolos não é só mulher que é interesseira aliás muitas nem querem casar pra não ser dependente ou escrava de marido.

André disse...

O objetivo das redes sociais é justamente a auto-exposição. Assim como as pessoas se sentem orgulhosas de postarem um texto bem escrito, que tenha sido bem avaliado, elas também sentem orgulho de estarem bonitas. Claro que a aparência é fonte para muitas injustiças sociais, então existe uma assimetria entre os problemas enfrentados por pessoas feias e pessoas burras. Mas se estamos falando de pessoas adultas, capazes de lidar com um possível bullying virtual então não vejo problemas com o selfie. Culpar quem faz selfie pela discriminação que as pessoas fora do padrão sofrem na sociedade que cultua a aparência me parece uma forma de culpar a pessoa errada.

Professora Zulmira disse...

Tenho um caso para relatar. Aconteceu há cerca de 5 anos, quando eu lecionava em uma escola estadual de ensino médio aqui na cidade de São Paulo. Uma menina dos seus quatorze anos, da turma dos totalmente indiferentes ao que se passava nas aulas, certo dia faltou à escola mas foi motivo de comentários entre colegas e professores. Ela havia se deixado fotografar totalmente nua por uma amiga da mesma idade, em posições que podem ser eufemisticamente chamadas de ginecológicas e proctológicas, sempre com expressão sorridente de quem estava achando tudo aquilo muito divertido. Não havia ainda as redes sociais, mas as fotos foram se propagando de celular para celular, e num instante quem quisesse ver, veria. Detalhe: ela própria providenciou a disseminação das imagens. A partir daí outros fatos foram se somando para me deixar crescentemente perplexa. Primeiro: após o primeiro momento, o assunto perdeu totalmente o interesse entre os alunos. Ela voltou no dia seguinte para a escola e parecia que tudo havia sido esquecido. Segundo: sua mãe foi chamada para conversar, porém mostrou-se completamente desinteressada pelo assunto. Terceiro: a atitude da menina, presente durante toda a conversa, foi de um desinteresse ainda maior do que o da progenitora. Em resumo, os únicos preocupados com a atitude da garota foram os professores. Ainda não consegui entender o que aconteceu. Da parte dela, o exibicionismo elevado ao extremo e a falta total de pudor. Da parte dos outros jovens, a naturalidade (ou desinteresse) com que encararam o episódio. Da parte da mãe, a incapacidade de atribuir qualquer importância ao comportamento da filha, e menos ainda da necessidade de fazer algo a respeito. O que significa tudo isso? É sintoma de quê? É consequência de quê? Alguém me explica?

Anônimo disse...

Professora Zulmira, fora a questão da imagem de uma garota de 15 anos nua estar circulando na internet, me parece que a reação das pessoas próximas foram muito boas. Ninguém achou escandaloso ou humilhou a menina depois de fazer isso, tampouco fez grandes alvoroços por conta da imagem de uma menina nua. Ela se exibiu, fez como quis e saiu satisfeita aparentemente sem maiores danos morais.
Que bom se todos reagissem assim, não teríamos tanto slut shame e revenge porn.

Julia disse...

Prof. Zulmira, penso que se as fotos tivessem sido divulgadas por uma 3ª pessoa por vingança ou exibicionismo as coisas teriam tomado outra proporção. Como tinha sido ela própria quem providenciou a divulgação não teria graça fazer bullying pois aquilo não era humilhante pra ela.

Clarissa Ganzer disse...

Oi! Gostei muito do post. Curto muito os temas que envolvem a maneira como o ser humano se apropria das mídias e o que isso representa. Parabéns pelo blog, Lola. Acrescento aqui um texto que escrevi ano passado sobre o facebook.

http://www.pagina3.com.br/blog/2013/nov/14/1/opiniao-no-que-voce-esta-pensando-facebook-carta

Obrigada. Abraço.

Nyu disse...

Nunca tinha pensado por esse angulo. Na verdade, não tenho nenhuma opinião formada sobre as selfies, apesar de que nunca achei graça nesse tipo de foto,onde se tira uma foto da propria cara ou do corpo em frente ao espelho para ganhar likes, compartilhamentos, etc etc etc já elencado no texto.
Enfim, são só achismos iniciais, como disse, sem opinião para tal assunto.
Acho que é uma das primeiras matérias que li sobre o assunto,e é bem pertinente, diga-se de passagem.
Imagino que a critica aqui seja tirar fotos para se sentir melhor com a aprovação alheia do que querer por em seu perfil só para saberem como você é.



- Nyu
http://jigokku.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Ah Lola, é quem não tem tem uma pontinha de ego dentro de si mesmo, né?

Eu não tiro foto nunca, nem quando viajo.. mas quando, por ventura alguém tira uma de mim, e fica boa - coisa rara- coloca sim no FB, e gosto que tenha uns poucos likes... quem não gosta de elogio, né?

Agora claro, se o único objetivo da vida é tirar foto, retocar e por no FB querendo aprovação, ai já é doença, mas homens também sofrem com isso.

E professora zulmira: qual o problema com a sua aluna? O certo seraia que ela tivesse se descabelado, chorado, mudado de escola? Se todo mundo tivesse essa atitude, revanche porn não existiria

Anônimo disse...

Quanto à prof. Zulmira

Eu ia dizer "bom, *talvez* fosse legal a menina ouvir alguém dizer 'nossa, que bom que não aconteceu nada, mas é perigoso, podia ter dado tudo errado, toma cuidado'"

Mas aí eu percebi que era a mesma coisa que dizer "ok, a gente te respeita como pessoa e acha que você é livre mas, por favor, cuidado com o comprimento dessa saia"

Sei lá, eu peço pra minha irmã tomar cuidado com os namorados dela, pra ela não sair sem uma amiga, não tirar fotos nua, não se botar em risco. Mas até onde eu não estou ensinando ela a viver com medo ao invés de lutar pra fazer o que quiser? E agora? É justo pedir pra uma menina tomar cuidado ou isso é perpetuar a cultura de medo do patriarcado?

jacmila disse...

Professora Zulmira:

Talvez vc encontre as respostas no filme "Idiocracy"

Mariane disse...

Vejo no meu facebook mulheres de variadas cores, idades e biótipos postando selfies. E acho o máximo quando gordas e idosas postam e não estão nem aí. Penso que querem compartilhar um momento. Mas claro que há as que,infelizmente, estão somente desejando exibição e aprovação de sua beleza.

Professora Zulmira disse...

Obrigada, Anonimo de 18:17, Julia, lia38, notyourmari e jacmila. Dentro da minha cabeça o assunto ainda não se resolveu plenamente, mas alguns pontos de vista manifestados foram enriquecedores.

Anônimo disse...

Olá, Lola,

O selfie pode ser uma ferramenta importante de empoderamento. Se reconhecer como "inteligente, engraçada ou generosa" também demanda investimento. A leitura e escrita, por exemplo, não são recebidas e executadas com a mesma validade por todos, por isso, se tem uma ideia de "bons e maus" leitores/escritores.

Um bom texto, acadêmico ou não, também passa por muitos "retoques" e é trabalho de "lapidação", revisão, etc, não consigo, de verdade, encontrar demérito em uma mulher se sentir empoderada pela própria beleza. Criticar a beleza padrão, okey, aliás, a beleza como um todo, porque a beleza em uma faculdade de humanas pode não ser padrão, mas é o padrão dentro daquele recorte, ou ainda a beleza de mulheres modificadas, pautada em padrões de branquitude, juventude...O que é importante questionar é o engessamento, a obrigatoriedade em ser isso ou aquilo.

Dão nome para selfie agora, mas o autoretrato ou auto apreciação acontece na arte faz tempo. Isso sem contar que essa lógica opera na separação entre mente e corpo... Por que uma mulher acadêmica que lê livrões e produz teses não está auto-objetificando o conhecimento? A própria imagem? Na academia não se pode dizer algo porque simplesmente "se quer" temos de ser tributários de outros autores/pensadores, temos que ter "contatos", seguir certos meandros para aceitação, é subjugo em alguma medida. É tudo corpo e ao fim, continuam nos nivelando pelo que somos: Mulheres. Bumbum sentado ou no agachamento.

Unknown disse...

Tô amando vc demais neste momento <3

Raven Deschain disse...

Ah sei lá. Eu vejo muito o Buzzfeed então vejo selfie de cachorro, esquilo, cobra... Pra mim é motivo de riso. E o único jeito que eu tenho de ver minha cara é por foto ou espelho. Ah não sei. Vou ter q ler mais...

Unknown disse...

Discordo parcialmente.
Tirar foto de si mesmo sempre foi um fenômeno comum na internet, entretanto, o nome selfie e sua suposta elegância foram adotados recentemente.
Algumas considerações para fazer sobre o texto, do meu ponto de vista:

"E o que meninas e mulheres aprendem, desde o começo, que lhes confere mais valor? Ser bonita. Não é ser inteligente, engraçada, generosa ou talentosa -– basicamente basta ser bonita. Sendo assim, a validação que as mulheres foram ensinadas a buscar é a aprovação das pessoas com relação à sua aparência."

- Concordo, mas ser "bonita" não impede que a pessoa tenha outras qualidades reconhecíveis e admiráveis, como inteligência, talento ou caráter.

"Há três etapas da selfie-objetificação: 1) Tirar fotos de si mesma para admirar e examinar minuciosamente, 2) Classificar e editar as fotos para gerar uma imagem final aceitável e 3) Compartilhar essas fotos online para que as pessoas as validem."

- Qual é o problema da pessoa tirar foto de suas particularidades físicas e edita-las, seja para o objetivo que for? Se ela quiser receber elogios, que assim seja.
Concordo que a pessoa não deve estar sempre buscando aprovação alheia sobre o seu corpo, mas tirar algumas fotos para que outras pessoas que a achem bonita exaltem sua beleza não é problema algum.

O problema maior, como se foi dito no texto, é querer modificar seus atributos físicos para adaptar-se a um padrão industrial de beleza uniforme e impositivo, o qual deveria ser mais diverso e aberto. Aí sim, eu concordo.

Reconvexo Blog disse...

Olá Lola, sou estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba e minha turma fez uma série de vídeos sobre feminismo, resultado de um Colóquio com a pesquisadora em Gênero e Raça, Glória Rabay. Os vídeos estão disponíveis no nosso blog, que é esta conta que posto este comentário. Um beijo grande.

Se puder, divulga no seu blog, o debate foi proveitoso e acho que pode ajudar muitas pessoas que tem dúvidas sobre essas questões de Gênero.

Eles também podem ser encontrados diretamente no youtube: https://www.youtube.com/channel/UCQe9zaXjOw0E3j2zrVSuSgA

Tsu disse...

Achei que a autora original do post desenvolveu o artigo mais como uma insatisfação consigo mesma e inveja alheiado que em tentar colocar em foco o assunto em questão.
Parece que a a autora original do post só queria denegrir e criticar quem tem o hábito de tirar muitas fotos de si mesmo, seja por qual motivo for.
Eu ADORO tirar foto de mim mesma. Sou cosplayer e esse hobby automaticamente te faz querer divulgar o seu trabalho, que é justamente fotografar a si mesmo, ser fotografado, se esforçar para que o personagem que escolheu fazer fique o mais parecido possível.
Quando aprendi a gostar de tirar fotos, aprendi a gostar de mim mesma e valorizar minha imagem. Qual mal há em queremos valorizar nossa aparência?
Será que só porque gosto de postar fotos de meus cosplays, porque gosto de postar as fotos dos eventos em que vou com meus amigos, de postar fotos dos rolês com a galera e tudo o mais, me torna uma pessoa fútil, de ser tachada pelas pseudo-nerds-com baixa auto-estima de ser inferior á elas?
Não sei, pode até ser..entretanto, eu consigo rebater á tudo isso porque não sou uma selfie apenas aparência. Tenho inteligência, tenho conteúdo, tenho vida social, tenho amizades, tenho conhecimento em diversos assuntos. E tenho muitos amigos e amigas que ADORAM postar fotos de si mesmo (a maioria também é cosplayer)e todos são inteligentes.
Essa autora original do post me pareceu mais revoltada consigo mesma e com sua própria aparência, que resolveu criticar aqueles que ela julgou serem, em aparência, melhores do que ela. É mais fácil para ela criticar o jeito de ser de outrem e mascarar a inveja que sente alegando que tal exposição de hobby da pessoa é errada.
Se a pessoa quer tirar foto de si mesma, o problema é dela. Que importa a quantidade de likes, comentários e etc sejam levianos e passageiros? Talvez não sejam, talvez sejam. Mas..e daí?
Se a pessoa gosta de postar fotos de si mesma, isso é algo dela. Se a outra pessoa sente-se incomodada, simplesmente deleta do facebook.

Patty Kirsche disse...

Eu acho que depende muito da relação de cada garota com as selfies. Eu comecei a tirar selfies quando comecei a fotografar artisticamente, pois eu mesma era um objeto de fácil acesso. O que percebi na época é que as selfies ajudam a gente a se acostumar com a própria imagem. Quando a única possibilidade era fotografar com filme, fotografia era algo caro. Não dava pra queimar um filme inteiro tirando selfies. Com o advento da fotografia digital, o custo caiu muito. Eu posso dizer que aprendi a fotografar e ser fotografada fazendo selfies. Entendo que talvez eu não seja a regra, e que as selfies estão sujeitas à influência nefasta do patriarcado. Mas simplesmente colocar as selfies numa categoria de opressão é, ao meu ver, uma simplificação grosseira.

Leila disse...

Achei engraçado como muitas pessoas levaram o texto como crítica pessoal, e ficam falando "eu", "eu".
Gente, tentem compreender que a autora fala dos selfies como fenômeno social. Ela não está falando de vocês. E também não está falando do auto-retrato tal como o conhecíamos antes do advento dos aparelhos digitais.
Acho que uma releitura menos defensiva vale à pena.

Sara disse...

Leila eu li o post com toda atenção, não o encarei como critica a quem faz selfies, mas de forma alguma achei q o q foi exposto tenha conexão com a realidade, pelo menos pra mim, trata-se apenas de uma interpretação da autora, diga-se de passagem muito equivocada.
Tenho uma visão muito diferente desse costume não tão moderno, pois considero q os "selfies" não são nada mais do q a versão moderna dos antigos auto retratos, que eram disponíveis apenas a pintores com algum talento, mas que hje com a tecnologia esta disponível em qse todos celulares, para muitas pessoas, talvez por isso seja tão difundido.
Não vejo toda a problemática percebida pela autora desse post.

Anônimo disse...

Perdeu
de 21/5, 12h08
No caso hipotético, ele se faz de objeto, no mínimo, tanto quanto: deseja poder e reconhecimento social de sua suposta superioridade.
Elementar.

Anônimo disse...

Então tirar fotos bonita, maquiada, editada, esperando avaliação, não é reprodução do machismo?
Tudo bem, entendo que não querem culpar as mulheres, mas que é, é! E fazem sem nem se tocar que é!

G disse...

Lola, raramente comento (apesar de ser leitora assídua), mas dessa vez decidi dar um pitaquinho aqui. Faz um tempo já que venho me descobrindo feminista, lidando com esse lado, tentando me desvencilhar do senso comum, das piadas machistas que passam despercebidas. Resumindo, estou aprendendo. Posso não estar falando com toda propriedade, mas penso que selfies têm seu lado bom e seu lado ruim. Se por um lado existe todo esse lance de objetificação da mulher, explosões de ego, exibicionismo exagerado, penso que a selfie é uma baita evolução na forma como as mulheres se enxergam e percebem esses padrões de beleza. Em tempos de photoshop extremo, cabelos maravilhosos, corpo escultural, plásticas, enfim, um mundo fake, ter a oportunidade de se auto-fotografar e meio que mostrar "ei, eu também sou bonita". Me corrija se eu estiver errada, mas penso que a grande maioria das mulheres, aqui no Brasil, é bem vaidosa. Só a oportunidade de mostrar outras belezas, de mostrar mulheres que são como nós, não aquelas das capas de revista, é importante. Acho que indiretamente, a selfie ajuda a desconstruir alguns padrões a longo prazo. Acho que faz bem para a auto-estima. Sem exageros de tirar 200 selfies e postar 150 nas redes. Nesse caso, entramos no que foi dito no texto, que concordo. Mas procuro ver o lado "bom" digamos assim.