sexta-feira, 12 de março de 2010

UPDATE SOBRE DIFERENÇAS SALARIAIS

Algumas leitoras disseram sobre o post em que reclamo das disparidades salariais entre homens e mulheres (na realidade, eu reclamo é da divisão de trabalho, com profissões que são ocupadas majoritariamente por homens — as que pagam melhor —, e por mulheres — as que pagam pior) que a comparação deve ser sempre entre salários em profissões iguais. Bom, acho isso desnecessário. Qualquer estatística comprova que mulheres ganham menos que homens, inclusive na mesma área de serviço. Pra exemplificar, vejam a coluna que saiu na segunda na Notícia, jornal em que sou colaboradora. Em SC, mulheres professoras começam a profissão ganhando R$ 636 por mês. Homens professores saem ganhando R$ 739. Na indústria, homens tinham um salário médio de 2 mil reais em 2008. Mulheres, quase a metade: R$ 1,1.
Como já disse, isso qualquer pessoa que não cai na ladainha que “o feminismo não tem mais razão de ser, pois hoje as mulheres vivem em condições de igualdade” já sabe. O que é mais difícil de entender, e o que pouca gente sabe (eu mesma só tinha uma leve intuição sobre o assunto até ler o fabuloso Backlash, de Susan Faludi), é que a divisão do trabalho é uma das molas propulsoras dessa disparidade. Por exemplo: por que, tanto no Brasil quanto em países ricos, como os EUA, as mulheres que trabalham no comércio ganham menos que os homens? É porque o comércio paga por comissão. E não é que mulheres sejam vendedoras menos eficazes que os homens. É o tipo de produto que cada sexo vende. Quem vende os produtos maiores, como carros e equipamentos esportivos, que rendem comissões maiores? Homens. Quem vende roupas e maquiagem, ou seja, produtos de valor mais baixo, que geram comissões baixas? Mulheres. Agora, quem disse que mulheres não podem vender carros, ou que homens não podem vender roupas? Alguém deve ter dito, já que, se você é mulher e quiser ser vendedora de carros, enfrentará resistências pra ser contratada (assim como se você for homem e quiser vender maquiagem).
Se a disparidade salarial estivesse apenas na prática ilegal de empresas pagarem menores salários a mulheres que ocupam os mesmos cargos dos homens, a situação não seria tão dura de combater. Bastaria uma fiscalização rigorosa, com multas e punições. Mas um problema talvez maior é que tantas profissões que pagam melhor estejam “fora de limites” para as mulheres. E que a gente nem note isso. A gente simplesmente encara como natural que mulheres sejam a maioria absoluta quando se fala de babás, faxineiras, professoras primárias, e enfermeiras. E a gente ainda justifica: ah, mulheres são boas nisso de cuidar de bebês, de limpar, de ensinar crianças, de auxiliar os doentes. Nasceram pra isso! Ué, quem disse que não nascemos pra sermos engenheiras e donas de empresas? Por que quem veio ao mundo com uma vagina deve se contentar a trabalhar em profissões mal-remuneradas e ganhar menos?

34 comentários:

karina disse...

E aì eu vou repetir um comentàrio que fiz no outro post, conversando com o Gabriel.

Concordo que não se trata de uma determinação. Trata-se, sim, de um certo estado de coisas mais geral, mais estrutural, de uma certa organização da vida e do mundo que se manifesta de forma mais ou menos forte conforme o grupo, ou seja, nem todos estão sujeitos a um estado de coisas coletivo do mesmo modo ou na mesma intensidade. Minha situação é diferente da situação da menina que trabalha desde sempre como empregada doméstica. Este estado de coisas geral que chamamos de organização patriarcalista da sociedade me afeta, mas não da mesma forma em que afeta esta menina.

Ninguém obriga uma mulher a ser professora primària (ou esta situação é rara). Mas as escolhas colocadas diante dela podem não ser muito variadas. Uma das formas de limitação destas escolhas é a restrição dos papéis que desempenhamos na sociedade em geral e em nossos grupos. Algumas profissões são femininas por remeter ao restrito papel feminino de cuidadora de crianças , por exemplo. Por isto, nos comentàrios do outro post, dei o exemplo (tosco, eu sei, mas é so um exemplo) da revolta gerada pela idéia de o meu filho brincar com bonecas, ele quebra esta expectativa de papéis. Trata-se também da forma como somos socializadas, do que se espera de nos, e, principalmente, das opções que são colocadas diante de nos. Soma-se a iste problema que podemos chamar de cultural, um problema de natureza mais politica, o fato de que no Brasil esta questão é quase um problema individual, pessoas lutam. Não hà claramente uma identidade feminina ou feminista como na França, por exemplo, que é onde vivo atualmente. Com isto o que temos é a ausência de movimentos sociais feministas ou a existência de movimentos muito enfraquecidos. Os temas que a Lola discute aqui não têm força em uma arena social e politica mais ampla, apesar de serem das coisas mais pertinentes e urgentes a serem discutidas. A coisa é individual e focalizada e mulheres são pouco organizadas como grupo no Brasil. Pelo menos esta é a impressão que tenho no que se refere a movimentos sociais feministas. Provavelmente a Lola tem mais informações sobre isto do que eu.

Ana disse...

Eu concordo que hoje a disparidade salarial e/ou categoria de profissões ainda seja uma realidade, mas que com o tempo isso deixará de acontecer. Acho que essa diferença teve início pelo fato de os homens, historicamente, estudarem mais do que as mulheres e isso vem mudando.
O que vejo hoje é que as mulheres estão cada vez mais se profissionalizando e cursando os mesmos cursos que os homens.
Mas acho que o maior problema está no fato de que os cargos de liderança ainda são predominantemente masculinos.
Exemplo: as mulheres já são advogadas/médicas/engenheiras, mas os advogados/médicos/engenheiros são promovidos, se tornam chefes e são melhor remunerados. Minha teoria é de que a mulher ainda sofre preconceito por engravidar e se afastar do trabalho.
Já fiz entrevistas onde perguntam se eu tenho filho e quais as idades deles. Por que isso é irrelevante para um homem?
Acho que nossa batalha está em provarmos que apesar de mulheres e mães somos tão competentes quanto os homens. Temos também que aprender a dividir a tarefa de cuidar dos filhos com os pais. Por que é sempre a mãe que deve levar o filho ao médico, à escolinha e ir na reunião de pais e mestres? Se esse trabalho fosse dividido a mulher perderia o estigma por ser mãe.
Espero ter contribuído para a discussão.
Ana

Haline disse...

Lola, essa coisa do gênero e a definição do que é mulher ou homem, influencia em tudo né? Temos mais homens engenheiros e mais mulheres pediatras. E dermatologia? Só mulheres e gays praticamente. Pq estética é assunto de quem? de quem? Infelizmente é assim. Pra reestruturar isso dai e considerar o ser humano acima do gênero, nossa, tinha q ser reforma geral mesmo. E a gente tem visto é muito retrocesso, isso sim. Enfim. Só pra finalizar, eu tenho o Backlash em pdf. Se algum dos seus leitores se interessar. bjobjo

Anônimo disse...

Oi Lola:
Vc escreveu sobre enfermagem e no outro post sobre medicinaX enfermagem.
Fiz faculdade pública de medicina e na minha sala havia 60% mulheres p/ 40% homens, o que eu observava em quase todas as outras salas do curso.O que sempre vejo acontecer é a proporção de mulheres inscritas no vestibular de medicina ser maior que a de homens, pelo menos no est. de s paulo.
Só que quando os alunos se formam, a tendência é os homens se especializarem em cirurgia ou áreas afins, enquanto mulheres quase sempre escolhem área clínica.
E cirurgia sempre deu mais dinheiro que clínica, vamos combinar.
Não sei dizer pq, mas a procura por clínica ou cirurgia sempre obedeceu esse padrão.Mulher faz clínica e homem faz cirurgia, quando ocorre o inverso a tendência é duvidar da capacidade( será que aquela menina consegue fazer cirurgia?) ou ridicularizar( esse cara não foi macho pra fazer gastrocirurgia e ficou na gastroclinica).
Uma área que é procurada- e consequentemente mais ocupada- por mulheres é dermatologia, principalmente se a colega enfocar a parte da estética. Aí é uam area onde dá pra ganhar muito dinheiro, e se vc for mulher, e muito bonita, e se arrumar que nem numa princesa, vc já ganha pontos: vc quer melhorar sua aparencia, tirar manchas da pele, e não vai ao consultório de uma dermatologista mal arrumada, com pele e cabelos mal cuidados- seu primeiro reflexo é pensar" se esse médica não cuida direito nem da pele dela, imagina a minha"...
É uma área onde ocorre o inverso, e homem que faz dermatologia muitas vezes escuta frses preconceituosas(" se ele fez dermato é pq deve ser gay")...
Na área cirúrgica ainda existe preconceito contra mulher. Onde me formei, nenhuma mulher conseguia entrar em cirurgia plástica, mesmo que tivesse tido a melhor nota da prova e o melhor currículo- o que acontecia? na hora da entrevista davam " um", " dois" p/ a moça e " dez" p/ um homem da preferência deles, e adivinhe quem entrava?... a resposta do depto foi clara p/ uma colega minha" vc tirou a nota mais alta, mas não queremos mulher". Ora, pq uma mulher não pode ser cirurgiã plástica?
hj sei que a faculdade mudou o sistema de peso das notas na entrevista uns anos atrás, exatamente p/ evitar essas barbaridades.
Quanto à enfermagem, Lola, uma coisa é fato: a enfermagem sempre foi mais procurada por mulheres, coisa de 80- 90%. É uma área onde tradicionalmente as mulheres preferem do que homens, ninguem obriga ninguem a prestar enfermagem. Agora, o pq dessa procura ser maior, não sei.Pode ter a ver com valores cuturais, preconceitos, etc.
Homem que faz enfermagem é mal visto, no geral. A tendencia é pensar que é um cara que naõ teve capcidade pr prestar medicina e acabou fazendo uma area mais " fraquinha", ou então dizem na caradura que o cara é gay.Por que o cara não pode ser enfermeiro, o que tem de mais? Conheci poucos enfermeiros homens, nesse meio havia gays e havia hetero, sinceramente não vi diferença( e se o cara for gay,qual o problema?), e vou falar o que observei: homem, quando resolve ser enfermeiro, normalmente é melhor profissional do que mulher( pelo menos os enfermeiros que conheci eram assim)- eles fizeram a faculdade que realmente gostam.. estão na profissão que amam, mesmo enfrentando todos os preconceitos e ganhando menos do que médicos.
Alias, a desvantagem da enfermagem em relação a medicina é que o mercado de trabalho está bem mais saturado e é bem mis facil um enfermeiro ficar desempregado do que médico.
Aqui em Campinas teve concurso pra enfermagem e médico: relação candidato vaga p/ enfermagem: 95, p/ médico: 1,5.
Como aqui é concurso, não tem disparidade salarial. todos ganham o salario base igual independente do sexo.
beijão

Anônimo disse...

Foi aqui que eu li alguém contando a história do menino que, perguntado pela mãe se ele queria seguir a profissão dela - engenheira -, respondeu que 'não, porque isso era profissão de mulher'?

Todo mundo sabe que, na nossa cultura machista, engenharia é profissão pra homem.

E a gente é condicionado a achar tudo isso normal.

Aí, quando um molequinho responde uma coisa dessas, a gente abre o olho e vê o tamanho da mentira que nós estavamos acreditando.

Uma mentira que é construída todos os dias, por cada pai, por cada mãe, pela vida escolar, pelos exemplos da televisão.

L. M. de Souza disse...

acho q tem o lado da pressao social também em cima do homem. a sociedade espera que ele seja bem sucedido financeiramente, seja capaz de sustentar uma família, compre carro, casa, viaje pra praia nas férias. logo os homens são educados para serem os provedores (e para bancar os gastos com a fêmea, eg, jantares, balada, cinema, presentes, etc), por isso precisam buscar melhores empregos e melhores salarios. Um homem de 30 anos que ainda mora com a mãe é um fracassado, um perdedor. Não que eu ache isso, mas sinto q é nisso que a sociedade acredita. Pelo menos no setor público não há diferença salarial entre homens e mulheres, o q já é alguma coisa. Acho que na medida em que compreendermos que, como vc disse, o fato de termos um pinto ou um xoxota não deve ser fator na escolha de uma profissão ou de contratação. Mas também é preciso uma mudança de educação: a mulher tem q perceber q seu papel na sociedade não é decorativo ou reprodutivo apenas.

Ághata disse...

"Acho que essa diferença teve início pelo fato de os homens, historicamente, estudarem mais do que as mulheres e isso vem mudando."

...Hum, não.
É porque os homens proibiam que a mulher entrasse em universidades e exercesse determinadas profissões.
E, desculpa, mas os homens Não estudam mais que as mulheres. Nós estudamos mais horas, somos mais qualificadas e temos até mais cursos especializantes que homens e mesmo assim recebemos menos.

Unknown disse...

Não consegui voltar e mesmo agora vou ter que comentar rapidamente. QUanto eu mencionei de comparar na mesma profissão não foi pq acho que ganhemos igual (na média), eu tb concordo que mulheres ganham menos. Mas eu acho que isso gera menos argumentos contra, já que em profissoes diferentes sempre pode rolar que a demanda é diferente, que a preparação foi diferente etc...

Anônimo disse...

Ágatha, acho que foi isso mesmo que a Ana tentou dizer.
Há muito pouco tempo atrás, mulheres não eram incentivadas a estudar. Minha madrinha, que hoje tem uns cinquenta anos, aprendeu a bordar e a caminhar com boa postura na escola só para meninas que ela frequentou. Nenhum dos meus outros tios homens aprendeu nada parecido.

Mulher só precisa ser um pouco inteligente para não fazer o marido passar vergonha.

Mulher precisava de autorizaçao pra trabalhar fora.

E a consequência disso é que mulheres, até pouco tempo atrás, estudavam menos.


Em pouco tempo conseguimos alcançar o mercado de trabalho e nos qualificar tanto ou mais do que os homens e mesmo assim ganhamos menos.
Ou, o que é mais difícil de combater, como a lola disse: nos aventuramos apenas em profissões reservadas a mulheres. Ou alguém já viu um secretário homem?

Isso vem mudando: faço Direito em uma universidade pública e a grande maioria da sala é formada por mulheres. São passos de formiga, mas as coisas estão melhorando.

Patrick disse...

Lola, eu trabalho no serviço público. Estimulado pelos debates que você gera aqui no blogue, estou fazendo um levantamento dos salários na nossa unidade. Embora o serviço público seja, do ponto de vista legal, igualitário, o resultado vai ser terrivelmente desigual. Os cargos de melhor remuneração são ocupados por homens. Entram aí diversos fatores. Meu objetivo é criar, internamente, debate e reflexão sobre o tema.

Ana Flavia disse...

E mesmo uma fiscalizaçao da remuneraçao igual seria sem total resultado, pq uma das estratégias das empresas de pagar mais aos homens é dar-lhes muito mais chances de promoçao e cargos de chefia. Trabalhei numa mega empresa que tem um presidente e 5 diretores: jamais uma mulher ocupou qualquer desses cargos maiores. O terceiro cargo nessa hierarquia é o de assessores desses diretores, e minha gerente ocupava uma dessas posiçoes., fazendo história na companhia da empresa por ter uma mulher no alto escalao.

aiaiai disse...

Do jeito que a coisa vai, daqui a pouco nem estaremos mais falando sobre isso.

Vamos todas nos contentar em fazer risoto e cuidar dos filhos, tendo muito orgulho disso.

O homem, chefe da família por determinação divina, retomará o comando completo do leme e nós, mulheres, seremos gratas por ele sempre cuidar da gente. Esqueceremos de vez aquele período conturbado (ali pelo final do século XX) no qual tivemos que nos esforçar, estudar e trabalhar...

Afinal, tivemos a chance de escolher e achamos que é mais legal ser dona de casa. E antes que venham protestar, digo logo:
E daí? Qual é o problema? Cada mulher deve ser livre para escolher o que achar melhor.

Deixa eu ir logo, que acho que o meu risoto está passando do ponto! Ui!

Masegui disse...

Concordo plenamente com o L. M. de Souza. Também, o Patrick tá certo quando diz "Os cargos de melhor remuneração são ocupados por homens".

Fui bancário por 30 anos. No início a proporção era de (chutando) 80 a 20 a favor dos homens, nos melhores cargos. Hoje acredito que seja bem menor. No entanto, homens e mulheres, no mesmo cargo, ganham igual.

Resumindo: o problema, no todo, é mais cultural que qualquer outra coisa. Vamos precisar de séculos para consertar o estrago que foi feito.

Masegui disse...

Complementando e ilustrando: quando me aposentei (2007) o chefe do meu chefe era uma mulher... muito competente, aliás.

Vivien Morgato : disse...

Me parece - li isso há algum tempo, não sei se a estatística ainda é essa - que somos maioria nas universidades. Entretanto, a maior parte dos cargos de comando e melhor remunerados ainda está nas mãos dos homens.

Há algum tempo, uma prima contava, rindo, o que o filho havia dito: ao saber que uma amiga trabalhava com o marido, disse..."entendi, ela vai lá fazer café para ele, né?".

O chocante da História é que ela fez o mesmo curso que o marido ( Estatística na Unicamp) e, ainda assim, achou engraçadinho.

aiaiai, eu sou do tempo que se dizia..."vira o disco!".
Seu autoritarismo já está monotemático.
Eu nem sei quem escreveu sobre o risoto, mas te mando uma receita qualquer hora dessas...rs


beijos sem stress a tod@s,

Ana disse...

Esqueci de dizer: fui num congresso de direito voltado para gerentes e diretores. Eu conseguia contar nos dedos o número de mulheres que estavam participando do evento. Consegui ser gerente apesar de ser nova pq meu trabalho foi reconhecido, mas aposto que o fato de ser solteira e sem filhos contribuiu muito para isso.
A realidade na minha profissão é que os homens ganham mais porque tem cargos de liderança. Acho que o desafio de agora em diante não será por vaga de emprego e sim por cargos de chefia.
Já faz uns anos que as mulheres dominaram os cursos de direito e as advogadas em escritórios de advocacia e empresas já estão fifty-fifty com os homens. Mas os sócios e gerentes ainda são homens. Pq? Pq acho que os homens ainda não acreditam que a mulher consegue "segurar a onda" em cargos estratégicos, ou algo do tipo.
É machista, mas ainda uma realidade.
Beijos à todas.
Ana
Agatha, o que eu quis dizer com historicamente o homem estudou mais é exatamente pelo fato de que a mulher era proibida de estudar.

Marjorie disse...

Só para contribuir:

uma colega entrou no site "salariômetro", do governo do Estado de SP (salariometro.sp.gov.br). E descobriu o seguinte:

"Perfil:

Repórter
25 a 29 anos
Branco
Superior completo
Trabalhando na capital

Quando eu coloquei "sexo feminino" o resultado foi

Nos últimos seis meses, o salário médio de admissão desta ocupação para o perfil informado foi R$ 2.198. Neste período, houve 7 contratações com o mesmo perfil, na localidade informada.

Quando eu coloquei "sexo masculino":

Nos últimos seis meses, o salário médio de admissão desta ocupação para o perfil informado foi R$ 3.734. Neste período, houve 3 contratações com o mesmo perfil, na localidade informada.

Ela devia ter feito a comparação com a categoria "negro" tb, mas enfim. Depois confiro eu mesma e posto aqui.

beijo!

Marjorie disse...

Então, muita gente comemora o fato das redações de jornal terem ficado mais "femininas", às vezes somos mesmo a maioria. Mas isso se deu graças à nossa exploração, porque ganhamos quase 2 vezes menos.

E são os homens os donos dos cargos de chefia nos jornais, como a Maíra mostrou aqui:

http://viva.mulher.blog.uol.com.br/arch2009-08-01_2009-08-15.html

Ana disse...

Lola,

Para quem pensa que as questões estão resolvidas vai aí um exemplo: minha filha é a única mulher no curso de Automação Industrial do Cefet da Paraíba. Ela tem um tipo físico miúdo, magrinha, pálida etc. e o curso exige trabalhar com máquinas enormes, como o torno, por exemplo. Ela foi sempre bem tratada pelos colegas, mas soube depois que todos os alunos fizeram uma aposta para calcular quanto tempo levaria para ela desistir do curso. Resultado: ela é uma das melhores alunas e continua firme e forte até agora!

Beijos

Francine Barbosa disse...

A fiscalização seria útil não apenas se avaliasse os cargos e salários, mas também as FUNÇÕES das funcionárias. Porque às vezes, por exemplo, uma funcionária X (mulher) ganha menos que um funcionário Y (homem).
Conferindo apenas o cargo, Y tem cargo superior a X, então teoricamente é "ok" Y ganhar mais. Mas pode ser que X esteja desempenhando as mesmas funções que Y e ganhando menos! Já vi muito isso nas empresas que trabalhei, funcionárias que desempenhavam funções que não eram de seu cargo, porque eram pró-ativas, e tinham a esperança de uma promoção que de repente (tcharã...) ia para um homem.

bjos

CherryBlossomGirl disse...

uma coisa que sempre me espantou eh o fato de mulheres nao gostarem de matematica. (na verdade, do jeito que a matematica eh ensinada nas nossas escolas, me espanto de ALGUEM gostar hehe) mas voltando, em todo o meu tempo de escola, e quando eu fui dar aula, era raro achar alguma menina que gostasse das exatas. e com certeza isso tem muito a ver com termos poucas mulheres nas engenharias. acho que mais meninas nao fazem engenharia por nao gostarem de matematica do que por serem desencorajadas / proibidas por nao ser 'coisa de mulher'. ja ouvi tudo quanto eh explicacao bizarra pra essa aversao feminina, e fico aqui pensando o que tem de social nisso. nunca me senti excluida por gostar de matematica (bom, eu era excluida porque era uma nerd, mas eu gostava de todas as materias quase sem distincao hehe). sera que as meninas sao desestimuladas a estudar exatas e eu nunca percebi?

Carla Mazaro disse...

Bela, você nunca percebeu o desestimulo porque você era nerd... Poruqe quando eu dizia que adorava matemática - hj faço engenharia - as pessoas riam de mim... Quando resolvi entrar prum curso do senai - eletricista de manutenção - nem meus professores acreditaram que eu era capaz de passar na prova - tinha muita matematica... era de menino ... blablabla... e isso aconteceu em 2000! é... já faz um tempinho... hehe
Enfim... acho q há um desestimulo sim... do mesmo modo que os meninos são incentivados a não cozinhar ou coisas do generos...
A maior parte dessas coisas - acredito eu - são construções sociais tão arraigadas que as vezes nem percebemos

CherryBlossomGirl disse...

carla, mas nao seria a mesma coisa se voce dissesse 'adoro geografia'? na minha escola o problema era o 'adoro [insira aqui o nome de qualquer materia]'. acho que a unica coisa que a gente podia gostar era das aulas de ingles, porque era chique (viu lola =).

Júlia disse...

E quem disse que as professoras primárias, enfermeiras, assistentes sociais, etc não merecem ganhar tanto quanto uma engenheira ou médica?

aiaiai disse...

lolinha,

off topic, mas muito apropriado para as conversas que vc provoca sobre consumismo e "produtos femininos".
veja o quadrinho de hoje dos malvados
http://www.malvados.com.br/

Cantinhos da Surpresa disse...

Lola fique atenta ao meu blog
pois postarei uma super novidade para vc ;)

André disse...

Por que toda feminista é baranga, Srta. Aronovich?

Roberta disse...

André,pq todo machista é tapado?

L. Archilla disse...

deixa, gente, o André tá querendo chamar a atenção. mas é compreensível... se desde julho de 2007 meu perfil não tivesse recebido nem 90 visitas a essa altura talvez eu tb estivesse com uma melancia virtual no pescoço...

Masegui disse...

Deixa o menino, gente, ele tá querendo entender a mãe dele...

Anônimo disse...

É muito cultural, assim como é cultural reclamar e cruzar os bra´cos.
Ouví uma vez que no Brasil as mulheres ganham 70% do salário dos homens ocupando a mesma posic´ão.
Não duvido, já que a situa´cão aqui na Suécia é muito diferente e ainda estimasse que elas ganhem 93% do salário deles. Mas esse avan´co aqui não caiu do céu, os homens não perguntam 'o que é que vocês querem mais?' e nem as mulheres se dão por satisfeitas por saberem que a grande maioria dos países está a um passo atrás.

Kai disse...

Profissões da Noite, na buate ...

As mulheres são hostess : belas que ficam recepcionando os convidados.
Homens são DJS.

Precisa falar quem ganha mais prestígio e dinheiro ?

Karina disse...

Fiquei pensando nesse seu post esse fim de semana, quando estava zapeando pelos canais da tv e parei naquele de compras, o shoptime. Os homens, alguns jovens outros nem tanto, vendem televisores, computadores, celulares, máquinas fotográficas. As mulheres, todas jovens e bonitas, vendem panelas e roupa de cama. Nunca tinha entendido bem como funcionam as diferenças salariais. Obrigada!

m_ra disse...

Ótimo post, Lola.
Uma observação: "babás, faxineiras, professoras primárias, e enfermeiras" - repare que todas essas profissões são compatíveis de que a função mais natural da mulher é "cuidar" dos outros. Antes de servir, cuidar. Porque já que é papel "natural" da mulher cuidar dos filhos e do marido, é claro que a vida profissional dela também vai girar em torno do cuidar - continua sendo dona de casa, só que pros outros, remunerada.

Acho que a pior parte é o louvor a isso - idéia dessa sociedade que gosta de elogiar mulheres exacerbadamente, como se jogasse um osso. Essa coisa de que o autosacrifício feminino é lindo, que mulheres são mais generosas que homens, que adoram fazer os outros felizes, e que homens é que são uns coitados, não sabem cuidar de si mesmo propriamente e por isso precisam de uma mulher.