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terça-feira, 29 de novembro de 2005

CRÍTICA: WALLACE E GROMIT / Estados vegetativos

Nessas horas que a gente nota como a redução de salas de cinema em Joinville afeta nossa saúde mental. Criciúma tá com uma programação melhor que a nossa. Nada contra Criciúma, mas não dá pra comparar uma cidade média com a maior do Estado. Agora temos cinco salas pra meio milhão de habitantes. O que isso quer dizer? Que “O Jardineiro Fiel” não vai chegar aqui. Que eu tenho que ver “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, se quiser manter a média de cinema uma vez por semana. Ou seja, estou convencida: é pessoal.

Um monte de gente se deslumbra com “Wallace & Gromit”. Geralmente é o mesmo pessoal que babou com “Fuga das Galinhas”. Eu não sou uma dessas. Minha mãe também não; até hoje ela faz o sinal da cruz ao ouvir falar de “Fuga”. Mas sejamos francos: mais inútil que um filme como “W & G”, doravante chamado de “Vegetais”, só mesmo uma crítica a um filme desses. Xingar animação pra criança é uma coisa perigosa, porque tem indivíduos que crêem não só na pureza infantil como na pureza da arte. Não sei qual crença é mais ingênua, mas vamos nos ater à segunda. Animação, como todo cinema comercial, é feita pra ganhar dinheiro. Não importa se usam computador ou a mão. No caso de “Vegetais”, a técnica é do stop-motion, que dá um trabalhão, porque os criadores fazem as massinhas de modelar, fotografam, alteram a massinha, fotografam de novo, daí colocam tudo a 24 quadros por segundo, e dá a impressão que o personagem piscou. Reconheço que é difícil, mas só por ser trabalhoso e levar um tempão não quer dizer que seja bom. É como o meu rocambole de carne, por exemplo. Eu me entediei com a traminha do inventor e seu fiel cão que salvam uma vila dos coelhos. Não achei a menor graça e, por isso, fiquei me concentrando nas impressões digitais que aparecem nas massinhas. Tem quem diga que isso é de propósito, pra dar um toque mais artesanal. O troço da pureza de novo.


Há coisas bonitinhas, como os coelhinhos e o próprio espírito pró-vegetariano. O único vilão é um aristocrata caçador, cuja voz, na versão não-dublada, é do Ralph Fiennes, aquele que eu queria ver em “O Jardineiro Fiel”. Antes passou um curta com os pingüins de Madagascar, e eu ri com os dentes de um poodle. Talvez o que aconteça é que esses desenhos todos são fofos pra curtas de dez minutos, mas mais do que isso cansa. 85 minutos de ode às cenouras acaba comigo. Mas, como diz o crítico da “New Yorker”, se a Jessica Alba pode ter uma carreira cinematográfica, por que a argila não poderia?