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terça-feira, 3 de junho de 2008

CLÁSSICOS: CAÇADORES DA ARCA PERDIDA / O que gosto e não gosto de Caçadores

Revi os três primeiros Indys e vou agora escrever umas linhas absolutamente pessoais e irrelevantes sobre eles. Tem muito spoiler. Portanto, se você não viu mas pretende ver os filmes de 1981, 84 e 89, não leia o texto (se bem que a pergunta é: se não viu, tá esperando o quê?). Vou começando com Caçadores da Arca Perdida. Os outros post virão depois, ainda esta semana.

O que mais gosto de Caçadores: toda a abertura, a demora em mostrar o Indy, o Alfred Molina (!) jovem, maravilhoso. Tudo aquilo, dos créditos até o Indy entrar no avião e encontrar lá a cobra de estimação do amigo, é perfeito, e segura o tom pros diálogos meio bobos, meio religiosos, que virão a seguir - “Talvez não devemos mexer com a arca, se está escondida há tanto tempo” etc.Melhora quando o filme chega ao Nepal, e vemos a competição de bebida com a Marion (Karen Allen), tudo muito bem feito e divertido. O reencontro do casal também tá bom, fora uma ou outra linha que a Karen fala de um modo estranho (note o “I was a child!”, totalmente melodramático). A sequência de ação no albergue, com o Indy sendo estrangulado no balcão e pedindo whisky pra Marion, e o nazista se queimando com o medalhão – não dá pra reclamar.No Egito tudo corre bem. Em nenhum dos outros filmes há alguma ocasião em que o Harrison Ford tá tão bonitão como naquela varanda no Cairo, conversando com seu amigo. O macaquinho, apesar de ser um traidor nazista (muito fofo ele levantando a patinha pra fazer “Heil Hitler”), é um charme. E, querendo ou não, ele salva a vida do Indy, como se se sacrificasse por ele. A cena das cestas é a que Spielberg diz, nos extras, ser o ápice da aventura. É difícil não rir no clássico momento em que um Indy cansado atira no espadachim.

No campo de escavação nazista também há excelentes momentos, como toda a sequência das cobras (“Snakes! Why did it have to be snakes?!”), Marion tentando fugir do rival francês do Indy, e a reação dela e de Belloq quando o nazista entra na tenda com o que não parece ser um cabide à primeira vista.

Aí vem a cena que eu menos gosto em todo o filme, disparado: a luta entre Indy e um grandalhão careca, enquanto Marion está trancada dentro do avião. Tudo aquilo dura demais e tira um pouco o ritmo (e a previsível explosão soa muito falsa).

Daí temos provavelmente a melhor sequência de ação, aquela que George Lucas admite que gerou a história, e todo o resto foi bolado em torno dela: Indy num cavalo, indo atrás do caminhão que leva a arca, Indy entrando no caminhão, sendo jogado pra fora, indo por baixo do carro, sendo arrastado, e tudo com a trilha incrível do John Williams (isso que mais falta em Indy 4 – um momento assim onde a trilha pode ser tocada completa, em toda a sua glória).A sequência do barco, como um todo, é bastante falha. Tirando a parte romântica, claro, que pras espectadoras é um instante dos mais aguardados. É tão sexy o Indy apontando pras partes de sua anatomia que não doem! E não tão sexy ver o Indy dormir durante um beijo... Mas deve ser por isso que dizem que ele é um herói de carne e osso. Ok, o restante da sequência do barco não é legal. Dá toda a impressão que o papel do capitão, por exemplo, foi cortado. Cortado não, tricotado. Como que alguém apresentado com toda aquela pompa aparece apenas mais uma vez no filme? E o personagem fica tão esquisito que todas as vezes que eu vejo Caçadores, eu penso se ele não é um criminoso querendo realmente vender a Marion pra ganhar uns trocados. É de doer a cena em que o Indy surge no mar, nadando pro outro navio, e os marujos/piratas vibram. Se eu fosse fazer filme de aventura, evitaria ao máximo aplausos e elogios ao protagonista. Ele já é herói, pô. Não precisamos que a história nos diga que ele é bom, ou que devemos torcer por ele. Aí tem a cena em que Indy rende um nazista, e o uniforme é pequeno demais pra ele, então ele rende outro. Ótimo.Mas na cena seguinte, em que ele segura uma bazuca e ameaça destruir a arca se os malvadões não soltarem Marion, ahn... Digamos que deve ser o instante menos inteligente do Indy em toda a série. Tanto que o Belloq saca de cara que não, o conceituado arqueólogo jamais vai destruir uma relíquia. E temos então Marion e Indy amarrados a um poste, juntinhos, enquanto os nazistas abrem a arca, e a ira de Deus vem à tona, e Indy, no melhor estilo Ló, pede a Marion pra que ela não abra os olhos de jeito maneira (é o Ló, né? Aquele um que pede pra mulher não olhar pra trás enquanto fogem de Sodoma, e ela olha e se transforma numa estátua de sal?). Dois rostos se derretem, num efeito que até hoje é respeitável, um explode, todos os malvadões são eliminados.

E, de volta aos EUA, Indy fica revoltado porque a arca não será analisada. Mas Marion o consola: ele tem a ela. A cena final é um primor: a caixa com a arca sendo posta num depósito cheio de outras caixas (uma cena que Indy 4 homenageia no início). Ou seja, tudo aquilo foi em vão. Essa cena brilhante remete ao Rosebud do Cidadão Kane e eleva Caçadores. Imagina terminar o filme só com Indy e Marion na escadaria. Não teria o mesmo efeito, teria?