H., de 28 anos, me enviou seu texto instigante sobre o caso Verônica.
Caso Verônica já ganhou manchetes internacionais |
Eu sei, eu sei, opinião perigosa, mas tenho um motivo muito pessoal para pensar assim: sou homem trans [uma pessoa que foi designada mulher ao nascer e depois fez a transição para homem], e jamais, em nenhum momento, gostaria de ser colocado numa prisão masculina.
Complicado, né? Vi algumas pessoas levantando a questão em seus comentários, inclusive indagando se algum homem trans poderia opinar a respeito, e, pois bem, aqui estou. Me colocando em uma situação hipotética onde eu, se cometesse um crime passível de cadeia, jamais me daria ao luxo de escolher um presídio que combine com minha identidade de gênero. E isso por um medo bem simples (que acredito que aterroriza qualquer pessoa que nasceu com uma vagina), e esse motivo é estupro.
A moral é que não tem hormônio e cirurgia que mude minha condição. As cirurgias de transição de mulher --> homem estão anos luz atrás das de homem --> mulher, e mesmo que eu mutilasse a carne do meu braço para criar um pênis não-funcional (ou aumentasse o clitóris para um tamanho pífio), eu jamais teria como esconder por muito tempo de companheiros de cela que eu nasci mulher. E não apenas por questão de corpo (a cirurgia de genital é algo que nunca passou pela minha cabeça, pois o resultado me assusta muito mais do que me tenta), mas por criação mesmo.
Nada que eu fizer na minha vida adulta vai mudar o fato de que eu nasci e fui criado como mulher até o inicio da vida adulta, pelo simples motivo de que não tinha como ninguém saber a respeito da minha identidade de gênero antes de mim. Não me perguntaram se eu me identificava com o gênero feminino quando nasci, não me perguntaram se eu me identificava com o gênero feminino quando fui para a pré-escola ou para o ensino médio. Eu fui criado como menina, e como ninguém ao meu redor era telepata, as marcas da socialização feminina estão nas minhas costas até hoje.
Nada que eu fizer na minha vida adulta vai mudar o fato de que eu nasci e fui criado como mulher até o inicio da vida adulta, pelo simples motivo de que não tinha como ninguém saber a respeito da minha identidade de gênero antes de mim. Não me perguntaram se eu me identificava com o gênero feminino quando nasci, não me perguntaram se eu me identificava com o gênero feminino quando fui para a pré-escola ou para o ensino médio. Eu fui criado como menina, e como ninguém ao meu redor era telepata, as marcas da socialização feminina estão nas minhas costas até hoje.
No geral, falar a respeito de socialização feminina/ socialização masculina é um tabu muito grande dentro do transfeminismo, e nunca me senti à vontade de falar alguma coisa a respeito disso em público por medo de perseguição. Homens trans são muito silenciados e invisíveis em qualquer vertente do feminismo e da comunidade LGBT, especialmente porque nos é negado nosso sofrimento em relação à misoginia. Falam que admitir que homens trans já passaram/ainda passam por misoginia é diminuir nossa condição masculina, mas admitir que eu sofri e ainda sofro misoginia é algo que nunca me ofendeu, ao contrário.
Minha história de vida não contém a narrativa clássica da transexualidade, e pela maior parte da minha vida, tive uma apresentação extremamente feminina. Minha família, no geral, é bem aberta, mas são todos humildes, e com uma visão bem clássica do que é ser homem e do que é ser mulher, e foi num ambiente muito tradicional que fui criado. Nasci com uma vagina, e isso me fez ter uma infância e adolescência similar à de muitas mulheres cisgêneras brasileiras.
Desde que comecei a falar, fui mandado a abaixar o tom, me abaixar, me encolher, diminuir meu tamanho e prezar a delicadeza. Noiei com peso pois me diziam que só poderia ser bonit"a" se fosse magr"a", e me foi privado o acesso a muitas coisas que eu tive interesse mas não eram tipicamente femininas. Meu raciocínio lógico é mais fraco pois meu interesse pela matemática foi tolhido quando ainda estava no ensino fundamental (pois "meninas são naturalmente mais fracas em exatas", dizem por aí), meu tom de voz carrega a pressão de abaixar e afinar a voz, minha linguagem corporal ainda tem resquícios dos comandos de delicadeza.
Cada fibra do meu ser carrega minha história de criação feminina, e não tem corte de cabelo, hormônio ou cirurgia que mude isso. Isso não me machuca nem me magoa: eu abraço meu passado como abraço meu presente, e justamente por isso a ideia de ser a única pessoa com uma vagina em um ambiente lotado me assusta tanto quanto qualquer mulher. Eu seguro as chaves de casa entre os dedos quando passo num beco escuro, eu corro do ponto de ônibus até a entrada do meu apartamento quando volto do trabalho à noite. Esse medo sempre existiu e esse medo persiste pois eu não sou inocente. Sei que não vivo em uma utopia, e sei a condição em que estaria numa prisão masculina.
Minha história de vida não contém a narrativa clássica da transexualidade, e pela maior parte da minha vida, tive uma apresentação extremamente feminina. Minha família, no geral, é bem aberta, mas são todos humildes, e com uma visão bem clássica do que é ser homem e do que é ser mulher, e foi num ambiente muito tradicional que fui criado. Nasci com uma vagina, e isso me fez ter uma infância e adolescência similar à de muitas mulheres cisgêneras brasileiras.
Desde que comecei a falar, fui mandado a abaixar o tom, me abaixar, me encolher, diminuir meu tamanho e prezar a delicadeza. Noiei com peso pois me diziam que só poderia ser bonit"a" se fosse magr"a", e me foi privado o acesso a muitas coisas que eu tive interesse mas não eram tipicamente femininas. Meu raciocínio lógico é mais fraco pois meu interesse pela matemática foi tolhido quando ainda estava no ensino fundamental (pois "meninas são naturalmente mais fracas em exatas", dizem por aí), meu tom de voz carrega a pressão de abaixar e afinar a voz, minha linguagem corporal ainda tem resquícios dos comandos de delicadeza.
Cada fibra do meu ser carrega minha história de criação feminina, e não tem corte de cabelo, hormônio ou cirurgia que mude isso. Isso não me machuca nem me magoa: eu abraço meu passado como abraço meu presente, e justamente por isso a ideia de ser a única pessoa com uma vagina em um ambiente lotado me assusta tanto quanto qualquer mulher. Eu seguro as chaves de casa entre os dedos quando passo num beco escuro, eu corro do ponto de ônibus até a entrada do meu apartamento quando volto do trabalho à noite. Esse medo sempre existiu e esse medo persiste pois eu não sou inocente. Sei que não vivo em uma utopia, e sei a condição em que estaria numa prisão masculina.
Nessa situação hipotética onde eu cometesse um crime e fosse para uma cadeia masculina, não demoraria muito para descobrirem meus genitais. Banheiros coletivos, celas coletivas, chuveiros coletivos... e não é só o corpo. Como falei, minha voz e minha linguagem corporal ainda carregam o peso da socialização feminina, e não é algo que eu ache que jamais vai passar, por mais visivelmente masculino que eu seja.
Muita coisa a respeito da minha vida e da minha história delata minha condição de homem transexual, e em um mundo onde mulheres masculinas (lésbicas ou não) sofrem estupro corretivo todos os dias, é ingenuidade pensar que os homens do presídio me veriam como qualquer coisa além de uma mulher, portadora de uma vagina. Minha identidade de gênero já seria tolhida logo de cara, sequer seria minha escolha. Nessa circunstância, preferiria largar minha identidade de gênero e ser visto como lésbica masculina em uma distopia da minha própria vida em uma cadeia feminina do que ser saco de pancada e vítima de estupro coletivo numa cadeia masculina.
Alguém poderia argumentar que uma travesti sofreria o mesmo numa prisão masculina, mas não tenho como saber pois não sou travesti. Talvez isso abra uma discussão para onde todos nós, transexuais, deveríamos ser mandados em caso de crime, não sei.
[Perguntei ao H. o que ele, como homem trans, teria a propor, pois me parece errado e segregacionista ter celas apenas para pessoas trans. Seria esta a única saída para pessoas trans não serem violentadas, espancadas e mortas numa cadeia? Ele respondeu:]
Muita coisa a respeito da minha vida e da minha história delata minha condição de homem transexual, e em um mundo onde mulheres masculinas (lésbicas ou não) sofrem estupro corretivo todos os dias, é ingenuidade pensar que os homens do presídio me veriam como qualquer coisa além de uma mulher, portadora de uma vagina. Minha identidade de gênero já seria tolhida logo de cara, sequer seria minha escolha. Nessa circunstância, preferiria largar minha identidade de gênero e ser visto como lésbica masculina em uma distopia da minha própria vida em uma cadeia feminina do que ser saco de pancada e vítima de estupro coletivo numa cadeia masculina.
Alguém poderia argumentar que uma travesti sofreria o mesmo numa prisão masculina, mas não tenho como saber pois não sou travesti. Talvez isso abra uma discussão para onde todos nós, transexuais, deveríamos ser mandados em caso de crime, não sei.
[Perguntei ao H. o que ele, como homem trans, teria a propor, pois me parece errado e segregacionista ter celas apenas para pessoas trans. Seria esta a única saída para pessoas trans não serem violentadas, espancadas e mortas numa cadeia? Ele respondeu:]
Honestamente, eu não sei. Não acho que nenhum homem trans, transicionado ou não, estaria a salvo numa prisão masculina, da mesma forma que uma mulher trans completamente transicionada não estaria. Posso te dizer pessoalmente que, por toda minha história de vida, mesmo transicionado, eu jamais perderia o sentimento de horror à ideia de ser colocado numa prisão masculina, mas a questão como um todo é algo muito complicado pra mim, então acho que isso é algo que deveria ser discutido com um pouco mais de delicadeza.
Não sei encontrar um meio termo: não é justo botar mulheres trans com homens cis, mas também não é justo botar algumas mulheres trans criminosas que já tenham agredido e estuprado mulheres, e possam botar em risco outras presas. Como qualquer preso/a, pessoas trans deveriam ter segurança, tanto de não sofrerem abusos, quanto de não serem humilhadas/os por sua condição, mas o resto também deve ser considerado.
Enfim, eu realmente não tenho uma opinião definitiva a respeito disso e estou disposto a ver outras propostas, mas pra minha própria vida, pra minha própria experiência, como falei acima, escolho a dignidade do meu corpo a pronomes.
Meus comentários: Entendo perfeitamente a sua preocupação, H. Se a vida numa prisão já não é fácil para ninguém, ela certamente é mais perigosa não só para pessoas trans, como também para pessoas cis que não sejam heterossexuais. Assim, muitos presos gays e lésbicas que podem esconder sua orientação sexual preferem fazê-lo, já que os riscos de, por exemplo, um homem gay ser estuprado e contrair Aids numa prisão não são nada desprezíveis.
Pesquisei um pouquinho e vi que, de modo geral, as pessoas são designadas às prisões de acordo com seu sexo biológico. Assim, um homem trans como você iria mesmo para uma prisão feminina (onde sem dúvida estaria mais seguro; porém, homens trans também podem ser abusados nessas prisões, geralmente por guardas), e uma mulher trans iria para uma prisão masculina. Em algumas prisões, travestis e mulheres trans são colocadas em celas junto a homossexuais afeminados. Há vários casos no mundo em que mulheres trans ganham na justiça o direito de serem transferidas para a prisão feminina.
Outro problema para pessoas trans na cadeia é que muitas vezes há interrupção nos remédios. Mesmo as que recebiam tratamento hormonal antes da prisão, com prescrição médica, têm esses seus direitos desrespeitados.
De maneira geral, a comunidade LGBT parece preferir prisões próprias para pessoas trans. Pelo menos quando uma das primeiras prisões desse tipo foi aberta, na Itália, em 2010, houve comemoração. A Itália tem cerca de 60 prisioneiros trans.
Ano passado houve um avanço, que ainda carece de implementação: o Estado de SP elaborou uma resolução que estabelece normas de tratamento pra travestis e transexuais no âmbito carcerário. Essa resolução permite que a pessoa trans tenha a autonomia para decidir o gênero que quer manter enquanto estiver na cadeia.
Eu mantenho que a travesti Verônica, depois de julgada e condenada, tenha de cumprir sua pena numa prisão feminina. Ela não pode correr risco nem por em risco a segurança de outros presxs, pois todos estão sob tutela do Estado e devem ser protegidxs.
Porém, enquanto o risco que travestis e mulheres trans sofrem na prisão está bem documentado, há pouquíssimos indícios de que elas seriam uma ameaça à segurança das prisioneiras cis.
Não é uma questão simples, e não há unanimidade nem entre ativistas LGBT. Só sei que o feminismo que eu defendo não exclui pessoas trans.
Meus comentários: Entendo perfeitamente a sua preocupação, H. Se a vida numa prisão já não é fácil para ninguém, ela certamente é mais perigosa não só para pessoas trans, como também para pessoas cis que não sejam heterossexuais. Assim, muitos presos gays e lésbicas que podem esconder sua orientação sexual preferem fazê-lo, já que os riscos de, por exemplo, um homem gay ser estuprado e contrair Aids numa prisão não são nada desprezíveis.
Outro problema para pessoas trans na cadeia é que muitas vezes há interrupção nos remédios. Mesmo as que recebiam tratamento hormonal antes da prisão, com prescrição médica, têm esses seus direitos desrespeitados.
De maneira geral, a comunidade LGBT parece preferir prisões próprias para pessoas trans. Pelo menos quando uma das primeiras prisões desse tipo foi aberta, na Itália, em 2010, houve comemoração. A Itália tem cerca de 60 prisioneiros trans.
Ano passado houve um avanço, que ainda carece de implementação: o Estado de SP elaborou uma resolução que estabelece normas de tratamento pra travestis e transexuais no âmbito carcerário. Essa resolução permite que a pessoa trans tenha a autonomia para decidir o gênero que quer manter enquanto estiver na cadeia.
Eu mantenho que a travesti Verônica, depois de julgada e condenada, tenha de cumprir sua pena numa prisão feminina. Ela não pode correr risco nem por em risco a segurança de outros presxs, pois todos estão sob tutela do Estado e devem ser protegidxs.
Porém, enquanto o risco que travestis e mulheres trans sofrem na prisão está bem documentado, há pouquíssimos indícios de que elas seriam uma ameaça à segurança das prisioneiras cis.
Não é uma questão simples, e não há unanimidade nem entre ativistas LGBT. Só sei que o feminismo que eu defendo não exclui pessoas trans.
226 comentários:
«Mais antigas ‹Antigas 201 – 226 de 226Anônima do 16:10 é exatamente isso.
O que está se falando não é que pessoas trans devam ser queimadas em fogueiras, elas devem e podem lutar por seus direitos, mas acolher essa pauta no movimento feminista é ratificar os papeis de gênero, é ratificar que pessoas que se identificam com o “universo” masculino devem ser “tornar” homens e pessoas que se identificam com o “universo” feminino devem se tornar mulheres, tudo isso claro, respeitando perfeitamente o que é estabelecido, corpo violão, gostar de rosa, falar de forma delicada...
Não é justamente isso que se pretende descontruir? ENTÃO COMO É POSSÍVEL ABRAÇAR ESSA PAUTA?
Gostaria apenas de receber uma resposta clara sobre esta evidente incompatibilidade.
A Lola uma vez disse que para ela era incompatível ser deísta e feminista, e ok eu entendo.
Mas então como pode ser compatível aceitar que pessoas mulheres são (se encaixam) de uma certa forma física e comportamental, e ainda ser feminista?
O que deveria se questionar é, olha vc está desconfortável com o papel que naturalmente se espera de vc devido ao corpo com o qual vc nasceu, o que faremos agora?
Efetuar uma mudança, ou questionar porque vc não pode agir como tem vontade mesmo estando no corpo que vc está (nasceu)
Exato anônima 16:44
Essas coisas são excludentes.
Apoiar a transgeneridade é aceitar os papeis de gênero.
Se a intensão do feminismo de algumas pessoas é conquistar direitos civis e ético morais então tudo bem, mas se a ideia é questionar os papeis de gênero ai não dá mesmo.
Se alguém puder simplesmente responder a isso seria muito bom.
LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014.
Art. 2o Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos NEGROS aqueles que se autodeclararem PRETOS ou PARDOS no ato da inscrição no concurso público.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12990.htm
'O que está se falando não é que pessoas trans devam ser queimadas em fogueiras'
Até porque quem está com as tochas nas mãos pra queimar as mulheres rebeldes, são trans ativistas e aliados né? Se as palavras "die in a fire" e "cis scum" ou outras expressões semelhantes apareceram na sua mente, não é uma mera coincidência....
"O professor Ronaldo Vainfas, da Universidade Federal Fluminense, concorda: o Ronaldo é até brancarrão, mas o cabelo o denuncia. Por isso, ele raspava a cabeça. Não tem jeito, no fim, fica o bordão "O teu cabelo não nega, mulata'".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2311200827.htm
Entrevista com a ministra Luiza Helena Bairros da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
http://www.dzai.com.br/papodeconcurseiro/blog/papodeconcurseiro?tv_pos_id=154613
"Negro é a soma de pretos e pardos."
"A raça no Brasil é baseada em critérios culturais raciais que foram formando na sociedade brasileira, formando a maneira como se distingue uma pessoa negra de uma branca. As negras são mais abordadas pela polícia e sofrem discriminação em ter acesso a determinados lugares, por exemplo. Não é verdade que as pessoas não sabem identificar o pertencimento racial. "
"A questão não é genética, o racismo impera na cor da pele e nos traços físicos."
"Para compreender o processo de construção da identidade negra no Brasil,é importante considerar não apenas sua dimensão subjetiva, mas, sobretudo o seu
sentido político. Contudo, vale destacar que apesar da significativa presença demográfica dos afro-descendentes no Brasil, é um grande desafio construir uma identidade negra
positiva em uma sociedade que vive no mito da democracia racial, negando a desigualdade entre brancos e negros como fruto do racismo, e que em contra partida,desde cedo ensina aos indivíduos que, para serem aceitos é preciso afastarem-se das
suas raízes, incorporando os valores eurocêntricos. Diante disso, não é de se admirar
que muitas pessoas que trazem os “traços negros” neguem tais características."
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=8&ved=0CFsQFjAH&url=http%3A%2F%2Fperiodicos.ufpb.br%2Fojs%2Findex.php%2Fci%2Farticle%2Fdownload%2F14150%2F8769&ei=Fo9CVafDJfDbsASgpIDAAg&usg=AFQjCNFW-GTou7Sk-JyHf8unHqNUHIsRFA
Pra começo de conversa:
Feministas não acreditam que delicadeza, superficialidade, vaidade, embelezamento, cabelos longos, gostar de rosa, bonecas, maquiagem, bolsas, usar batom, vestidos, roupas apertadas que moldam o corpo, sapatos de salto alto, etc. sejam femininas ou "coisas de mulher", nem que assertividade, profundidade, objetividade, praticidade, ter cabelos curtos, usar roupas práticas, sapatos confortáveis, gostar de azul, carros, tecnologia, ciências, esportes, artes marciais, etc. sejam masculinas ou "coisas de homem".
Acreditar que sim é profundamente conservador, é machista, é patriarquista, não é nem nunca será feminista. Em hipótese nenhuma.
Feminismo é a ideia radical que a segurança das mulheres é mais importante que os sentimentos dos homens.
Ai meu Deus, é sério isso? Só fez repetir o que eu estava rebatendo e acrescentou outras coisas nada a ver como negros se declararem pardos por causa de preconceito. Não estou falando de preconceito, estou falando de classificação, como da scielo, IBGE E SUA, que é eurocentrica por considerar mulato/pardo negro.Coloque um mulato em um país majoritariamente negro pra ver se vão considerá-lo negro. Estou seguindo é a lógica e como eu disse, voce só fez repetir o que eu estava rebatendo então não vou falar mais. E tenho uma leve impressão de que voce tentou me convencer com apelos a autoridade (coisa feia!).
Senão oq, "parça"?
Vai falar gíria de funk carioca pra mim?
A opinião de intelectuais negros não vale nada, a classificação do IBGE não serve, as amostras de pesquisa relatadas em artigos científicos n e publicados no scielo.não tem nada a ver. O que os comentaristas disseram aqui no blog tbm não tem lógica. Então, ok, só a sua opinião é correta pq... pq, é, ah é pq tem "lógica". Não entendi qual é, mas deixa pra lá, pq vai que eu uso um argumento de autoridade também.
Ah, pais maioritariamente negro? Olha nós aí:http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL467552-5598,00-BRASIL+PASSA+A+TER+MAIORIA+NEGRA+EM+DIZ+IPEA.html.
Não, não, não. Argumento de autoridade, não tem lógica. O que será que nós negros achamos? Não importa não tem logica. Ah, q se f...
Olha, um recado pras milícias do Trigger Warning: esse conceito foi originalmente usado (e é até hoje) por grupos e espaços de saúde mental. São espaços com pessoas vulneráveis, espaços cujo o propósito é lidar com o subjetivo, com a cura. É um lugar em que existem pessoas que precisam falar e ouvir, ou seja, o uso do TW se dá num lugar que presa a individualidade. Não é esse o objetivo de um movimento social como o feminismo. Não dá pra pautar discussões SOCIAIS com base em particularidades individuais. Não dá pra chegar em grupo feminista e ver TW: vagina, tem que se discutir discutir tudo o que envolve a materialidade das mulheres. Ponto. Essa coisa, o egocentrismo de "me machuca, o mundo tem que se dobrar em torno disso" tem que ser revista. Não dá pra se curvar a tudo. Digo isso como alguém com muitos triggers, mas o mundo não tem obrigação de me proteger deles.
Gente, não pode ser tão difícil.
Feministas estão há décadas tentando dizer, dizendo, gritando, berrando, que ser mulher NÃO é = reproduzir o papel de gênero do patriarcado. Que ser mulher é = a sofrer historicamente violências impostas pelo patriarcado através dos processos de submissão dos rituais feminilizadores pra que os homens possam dominar, controlar e explorar seus corpos, seu sexo, sua sexualidade e sua capacidade reprodutiva.
Transgeneristas estão afirmando que ser mulher NÃO é = a sofrer historicamente violências impostas pelo patriarcado através dos processos de submissão dos rituais feminilizadores pra que os homens possam dominar, controlar e explorar seus corpos, seu sexo, sua sexualidade e sua capacidade reprodutiva. Que ser mulher é = a reproduzir o papel de gênero do patriarcado.
Assim: transgeneristas ≠ feministas -> transgeneristas reafirmam o patriarcado; feministas combatem o patriarcado. Logo, transgeneristas NÃO podem ser feministas, percebem?
Cara, não pode ser tão difícil de entender, pode? Não é possível.
Anon, decidir quem é ou não feminista aí já acho autoritarismo. Eu sou feminista radical, mas é esse o lado do RadFem que eu não gosto: o autoritarismo e arrogância de algumas seguidoras. O feminismo é uma enorme escola com várias vertentes e ideais. Há pessoas da extrema-direita que pensam que podem se declarar feministas. Eu não acho que são, mas há pessoas que acreditam piamente que podem ser. O feminismo liberal aceita trans, então quando dizemos que trans não podem ser feministas, estamos deslegitimando todas as mulheres que são feministas liberais como se elas não fossem e isso pra mim está longe de ser sororidade. Uma vez vi radfem falando que mulher que gosta de filme pornô não devia nem se declarar feminista. Peraí, eu sou contra a pornografia, não gosto, não assisto e acho que seja obrigação de toda feminista problematizar a pornografia, mas a partir do momento que uma mulher gosta, você virar pra ela e falar que ela não é feminista por causa disso é colocá-la sob outra forma de opressão, saca? Quantas feministas radicais ainda usam soutiens, pintam as unhas, usam salto? São invenções idiotas, mas se você faz disso uma regra, algo que supostamente seria pra te libertar (no caso o Feminismo) acaba te oprimindo de uma outra forma. Minha opinião é que trans não protagonizam o movimento feminista, não tem espaço de fala no feminismo e feminista não tem obrigação de falar dos problemas das transsexuais, especialmente as radicais. E quando digo que não tem obrigação, não estou dizendo que queremos que elas morram como a Lola pensa que queremos, mas apenas queremos a segurança das mulheres nos banheiros, nas prisões, em grupos de conscientização feminista fechados. Há os grupos que já são abertos. Eu aposto que muitas das transsexuais apoiam vários ideias feministas como por ex o aborto, como a Lola disse, só que é uma pena que elas não queiram aprender, não queiram ler, não queiram desconstruir o machismo ao invés de reivindicar espaço e protagonismo no feminismo. E esse é um problema da maioria dos homens também. Sobre quem se declara feminista ou não já não é problema meu. Elas que façam jus ao título. Um branco que se declara negro não passa a ser negro por causa disso. Se declarar é uma coisa, ser é outra. Tem muita mulher que se declara feminista e passa longe do feminismo, como a Cynara por ex. Por outro lado, enquanto escrevi isso fiquei pensando como é engraçada a vida. Brancos que se declararem negros ou índios não serão considerados índios ou negros em respeito a eles, mas homens que se declararem mulheres são mulheres e nós não podemos nem reclamar, né.
"Por que espaços só para mulheres devem ser abertos a homens que dizem que são mulheres? Só porque eles dizem que são mulheres temos que acreditar que eles são de fato mulheres? Que feminismo é esse que aceita a premissa patriarcal que os homens devem nomear a realidade, logo a realidade é o que os homens dizem que ela é, mesmo que isso não tenha lógica nenhuma ou que não faça o menor sentido para as mulheres, que não contemple a realidade das mulheres, que vá contra as mulheres?"
É o feminismo que defende a anulação de espaços femininos em prol de homens que não dão a mínima pra gente.
"Cara, não pode ser tão difícil de entender, pode? Não é possível."
Acho que nem desenhando pra essa gente entender, sinceramente.
"Feminismo é a ideia radical que a segurança das mulheres é mais importante que os sentimentos dos homens."
Não, isso aí é transfobia, é misandria, é [qualquer merda que homem defende e um monte de mulher reprodutora do machismo e socializada pra falar amém pra tudo e ser linda e boazinha e mãe do mundo defende].
Feminismo da subserviência NÃO ME REPRESENTA.
AH! Com certeza não leu Florestan Fernandes e ainda me manda pesquisá-lo. Se uma pessoa descende de negros mas descende também de brancos então como ela é negra? Querem tirar a identidade dos mulatos e ainda te acho sem noção e pedante. Quem trabalha no IPEA, IBGE, scielo não são deuses da verdade e por isso enquanto eles não derem uma resposta bem convincente pra classificar mulato/pardo como negro eu ainda vou considerar isso eurocentrismo porque só brancos chamam mulato de negro.
Com certeza. Estão todos errados, sobretudo nós negros que nos achamos no direito de afirmar nossa identidade ao responder as pesquisas dessas instituições de araque. Movimento negro brasileiro? Eurocentrismo puro. E ninguém aqui leu nada também, só vc. Podemos perceber isso pq vc se preocupou em explicar bem o pq pensa assim. Ou seja, a única verdade está com um anonimo da internet que se nega a dar qualquer argumento ou referencia pq é o resto do mundo que tem que convencer vc.
A sua pretensão e autoritarismo em tentar a dizer até como devemos nos identificar me mostra que o movimento negro tem muito ainda pq brigar, mas como muitas comentaristas sempre dizem aqui (e eu me surpreendo) somos unidos, vamos continuar.
Acabo de perceber que cai na armadilha de um troll. Não sei como não vi antes: ausência total de argumentos e repetição infinita da mesma baboseira... E ainda acabei desviando do tema do post
A libertação das mulheres heterossexuais começou o mito de que a sororidade é excitante. A Sororidade é tão Excitante que, se colocada em prática por mulheres héteros, racistas, classistas ela pode tornar mais fácil e melhor para elas manterem suas relações de lacaias com os homens que oprimem a nós todas.
O Movimento de Libertação das Mulheres tem evitado completamente fazer qualquer tipo de ideologia sobre a nossa opressão [lésbica], porque isso iria expor a contradição em que elas vivem. Então elas deixaram a política para os homens grandes e fortes e desenvolveram uma filosofia de ser "sensível". Elas expressaram seus sentimentos sororários, tornando-nos escravas para a sua libertação pessoal. Elas dizem que todas as mulheres são irmãs apesar da sexualidade, raça ou classe. Em seguida, elas nos organizam e colocam a nossa sororidade para trabalhar por reformas que apenas beneficiam as mulheres heterossexuais, brancas, de classe média.
O movimento do aborto é um bom exemplo do que acontece quando as pessoas privilegiadas organizam. Aborto é uma medida de reforma. Sua análise é boa quando diz que as mulheres devem tomar o controle de seus próprios corpos, mas ela evidentemente ignora a contradição que as mulheres não terão o controle de seus próprios corpos se elas continuam voluntariamente dando-lhes aos homens. Aborto, então, não ameaça a supremacia masculina. Ele presume que as mulheres vão continuar a serem fodidas e reproduzirem e torna isso mais fácil para algumas mulheres se submeterem aos homens.
— Barbara Solomon, Taking the Bullshit by the Horns
Tomara que o comentário das 17:28 não seja sua porque seria muita cara de pau sua de novo porque foi voce que falou de novo, só que nas palavras de outros, de assuntos que eu já havia rebatido e eu só fiz lembrar
que era justamente dessas coisas que eu estava reclamando, não queira me embromar!E ainda mandou links de assuntos nada a ver. Dá raiva quando eu procuro fazer as coisas certas e depois chega alguém me acusando de fazer coisas que na verdade quem me acusa é que faz! Se não tem nada de interessante a dizer, fique calado no mínimo, sem essas ironias de orgulho ferido ou então seja homem pra admitir que está errado! PS:RACISMO DE NEGRO CONTRA MESTIÇOS EXISTE.
E se o racismo de negros contra mulatos e vice-versa existe, negros e mulatos não devem fazer parte do mesmo movimento.
acesse:
www.youtube.com/watch?v=5lpzS1rK4mk
Ela fala justamente do que acho e não me venha com explicações sem lógica achando que vou aceitar só porque é do IPEA, IBGE etc.
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