terça-feira, 13 de janeiro de 2015

GUEST POST: QUANDO EU NÃO CONHECI BELO MONTE

Antes do Natal recebi um email muito carinhoso de Eduardo Kenji. Quando ele me disse que tinha estado em Belo Monte, pedi que ele escrevesse um relato.
Eduardo é formado em Psicologia, trabalhou um bom tempo na área da saúde e na assistência social. No início do ano passado ele pediu demissão, entregou o apê onde morava em SP, e foi mochilar pela América do Sul. Conheceu Belo Monte, mas teve que voltar porque pegou dengue no Pará. Agora está sem casa nem profissão, mas muito animado com 2015.

Eu já estava há quase seis meses na estrada, viajando de carona e só com a mochila nas costas, sem itinerário, pulando de cidade em cidade, seguindo a indicação das pessoas que conhecia pelo caminho. Passei por Bolívia, Chile, Peru. Atravessei o Amazonas até chegar em Altamira, no Pará, lá conheci um pouco a história de Belo Monte. 
Meu relato não é o de um especialista nem o de um pesquisador da área. Sou um paulistano bem acostumado com todos os confortos e benefícios de se morar em um grande centro urbano e que, quase por acaso, foi parar no meio de um conflito enorme. 
As ruas estão repletas de gente. Vendedores ambulantes expõem suas mercadorias, carros se encavalam e buzinam em ruas estreitas. Músicas estridentes estouram em caixas de som instaladas nas lojas, nos porta-malas, montadas em bicicletas. Esgoto e água parada nas sarjetas. Há muitos homens. Homens com o rosto moreno do sol, troncos fortes e mãos grossas acostumadas a trabalho pesado. 
Sentados nas calçadas, apoiados nas muradas, esperando os ônibus que virão lhes buscar para a faina na obra. As mulheres são em menor número e evitam caminhar sozinhas pelas ruas, principalmente à noite. O comércio é efervescente, mas dois tipos de lojas se destacam pela quantidade: farmácias e as que vendem aparelhos de celular.
Altamira é uma das cidades mais diretamente atingidas pelas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte. Visitar a cidade é ver, em fast forward, como se forma um grande centro urbano. Ali tudo está acontecendo muito rápido. Em quatro anos, a população na cidade pulou de 100 mil para pelo menos 140 mil habitantes. A violência e o trânsito escalaram vertiginosamente. A estrutura de saneamento, saúde e educação da cidade é insuficiente para atender à brusca demanda. 
Algumas pessoas estão satisfeitas com as obras e a instalação da hidrelétrica (vende-se como nunca, os salários aumentaram), outras estão conformadas (é o preço do desenvolvimento, seria inevitável que isso acontecesse, o mundo precisa de energia), outras ainda são completamente contra a usina de Belo Monte e tudo o que ela representa.
No começo do mês as ruas ficam impossíveis. Depois do dia do pagamento as lojas enchem de gente. O centro da cidade explode com os gritos dos ambulantes, o trânsito fica ainda mais intenso. Ônibus carregam e descarregam os trabalhadores. O fluxo não para. Com o salário do mês na mão, os trabalhadores saem para beber. Garrafas de whisky paraguaio e latas de cerveja se amontoam nas sarjetas. 
No mercado, um início de discussão porque um rapaz mexeu com a namorada de outro. O namorado manda a moça passar de novo perto do rapaz e grita: “Mexe com ela agora! Você não gostou? Não é macho? Mexe com ela!” A turma do deixa-disso afasta os dois enquanto o namorado sai de peito estufado, gritando “É isso aí! Comigo é assim!” 
Em quatro anos, a taxa de homicídios aumentou 61%, a de estupros, 66%. 
Passa um carro de som anunciando a “Noite do Barrageiro”. A casa de shows que anuncia a festa é simplesmente um galpão de madeira enorme, sem janelas ou saídas de emergência.
Por indicação de um agricultor que me deu carona na Transamazônica, fui visitar a sede do Movimento Xingu Vivo para Sempre, um grupo de pessoas, organizações e entidades que se opõe à construção da usina na região. Lá, fui acolhido e informado sobre outras situações, menos visíveis e tão ou mais violentas quanto as que vi na cidade. Contam-me sobre um bordel encontrado em um dos canteiros de obra onde moças, entre elas uma menor de idade, eram mantidas como escravas; me falam das ameaças de morte que sofrem seus militantes. 
Entra na sala uma mulher de meia idade. Foi procurar o Xingu Vivo para pedir ajuda, pois a Norte Energia, empresa responsável pela construção do complexo Belo Monte, estava desalojando os moradores e deu-lhe duas opções: pagar 20 mil reais de indenização pela sua casa, ou então reassentá-la em uma das casas oferecidas pela empresa. Ela não achava justa nenhuma das duas ofertas. “Me dão vinte mil e depois eu vou morar onde com meus filhos? Esse dinheiro não compra casa nenhuma aqui!”. 
Alojamento sendo construído em 2012
Por que não morar nos assentamentos? Alguém me mostra as fotos das casas, tiradas na última visita realizada às obras. As construções são como uma linha de produção. Não há espaço entre as casas. Nenhuma árvore. As paredes de concreto estão rachadas e há infiltrações. A entrega das casas está atrasada. A ONG garante à mulher que lhe providenciará o apoio jurídico necessário. 
Em outro momento, entra na sala um grupo de mulheres indígenas. Conversam em voz baixa com Antonia Melo, coordenadora do Xingu Vivo, e logo saem. O movimento é intenso. Ao longo da semana, conversamos com pescadores, índios, ribeirinhos, militantes e voluntários, jornalistas. Alguém me diz que, ainda assim, o movimento perdeu muita força, comparado ao que era antes das obras da usina estarem tão avançadas. 
Para muitos, Belo Monte já é um fato consumado (mesmo que as obras estejam atrasadas, que o custo já tenha ultrapassado R$ 30 bilhões, e que corra sério risco de se tornar economicamente inviável). Antonia Melo, uma das mulheres mais fortes que já conheci, não acha isso e afirma até o fim que "Belo Monstro" não pode continuar.
A cidade gira em torno da e para a usina. Os hotéis têm diárias caríssimas, os aluguéis foram às alturas. As viaturas policiais trazem na carroceria o logo da Norte Energia, “doadora” dos carros (assim como de motos, barcos e helicópteros), o que praticamente significa ter a força policial à disposição e em favor da empresa. A implantação e entrega de serviços básicos de saúde e saneamento fazem parte das condicionantes estabelecidas para a implementação de Belo Monte, mas, como a usina, estão atrasadas.
No final de novembro de 2014, acompanhei uma caravana que foi realizada à comunidade de São Luiz do Tapajós. Índios, ribeirinhos, pescadores, movimentos sociais e pastorais se ergueram contra o projeto de construção de uma nova usina, agora no rio Tapajós. A experiência com Belo Monte foi emblemática, na fala de todos os participantes, de como empreendimentos desse tipo destroem a vida da população, desrespeitam os direitos dos povos originários e descaradamente passam por cima da Constituição. 
O então ministro do desenvolvimento, Gilberto Carvalho, já adiantou que o governo não abrirá mão de construir Tapajós. O governo não vai abrir mão do Tapajós como não abriu mão de Belo Monte. Não há espaço para diálogo, nunca houve. Somente mentiras, descaso, violência. A estratégia é obstruir toda forma de resistência até que os protestos enfraqueçam ou que as obras estejam tão avançadas que não possam mais parar. 
As histórias se acumulam. Algumas mais dolorosas, outras menos. Talvez por ter me esforçado pra conhecer o que corria por trás da construção da hidrelétrica, caminhar pelas ruas de Altamira muitas vezes era tenso e angustiante. Outras vezes, foi triste. O desenvolvimento chegando ao norte do país não é bonito como querem nos fazer crer as propagandas políticas. 
Existem projetos de Brasil que estão em curso e que muitas vezes se confrontam (e isso é bom e necessário para o pleno exercício da democracia), mas ver que a questão ambiental não foi um tema relevante para nenhum dos lados no debate político do ano passado, muito me preocupa. 
A verdade é que por mais que se debata, que se promovam encontros, que se apresentem dados, a questão ambiental, para a maioria da população, ainda não é uma questão. Continuamos jogando pro futuro a responsabilidade pelas nossas decisões, mas, ambientalmente, o ponto em que estamos não permite tocar mais pra frente essa bola. É necessário uma guinada drástica na forma como consumimos, como descartamos e como vivemos, sob risco de tornarmos o mundo um lugar extremamente hostil pra se viver.
Nosso atual ministro da ciência e tecnologia discorda, e infelizmente seu discurso encontra respaldo em boa parte da opinião pública. As decisões do governo só se efetivam porque são legítimas, porque, em alguma medida, a sociedade apoia e entende que é necessário mais energia, mais desenvolvimento, mais dinheiro, sob risco de ficarmos pra trás no sagrado jogo econômico do mercado.  
Enfim, acompanhar todo o imbróglio que cerca Belo Monte e os projetos de barragens na Amazônia é super complexo. Há muito por ser dito, outro tanto por ser compreendido. Altamira acabou se tornando uma torre de observação para todos os movimentos que dizem respeito à usina, e só por ela acaba sendo referida. Jornalistas do mundo inteiro, pesquisadores e curiosos de todo tipo aportam na cidade e apontam: “Olha, que desgraça!” “Meu Deus, que feio! Que horrível! Que triste!” e o principal acaba sendo soterrado junto com o entulho da barragem. 
E o que é o principal? O principal é que Altamira ainda é linda. É o pôr do sol atrás do sinuoso rio Xingu, o barco do pescador cruzando as águas, a enorme floresta que (ainda) oferece suas matas a perder de vista, o olhar do mestiço que investiga, entre tímido e curioso, o movimento na rua, a revoada de pássaros alcançando o horizonte, o tempo correndo em outro compasso, o saber correr devagar. 
Por trás do desvario, Altamira proporciona milhares de encantamentos, e eram eles, esses minúsculos encantamentos, que se viam refletidos nos olhares dos pescadores, dos agricultores, dos índios, dos moradores mais antigos da cidade.
Por fim, antes de conseguir de fato visitar as obras da usina, eu peguei dengue. Esse é outro problema em Altamira, muitos dos com quem conversei já tinham sido picados pelo mosquito (a maioria mais de uma vez). Fiquei muito mal, febre de quarenta graus, tive que ser internado. Se não fosse pela ajuda do pessoal do Xingu Vivo, o perrengue teria sido bem pior. 
Saindo do hospital, ainda estava bem fraco, então passava os dias deitado em uma sala da ONG enquanto no escritório ao lado continuavam a luta. Eu não conheci Belo Monte. Comprei uma passagem e vim embora pra São Paulo sem ver a barragem, mas sentindo que, afinal, eu também fui um dos afetados pela obra. Rápido me curei da dengue, mas o estrago que a usina me causou ainda permanece. Vai ficar por bastante tempo. 

45 comentários:

Claudio disse...

Lola que tal ir morar la e apoiar igualdade entre os sexos?

Mesmo que fosse uma obra ecologicamente correta, tu não ia!

Só querem igualdade em cargos de chefia, nos cargos de 'soldado' nenhuma mulher quer!

Luciana disse...

Duas Coisas não relacionadas com o tema central do post.

1 - Caramba... ir tão longe pra pegar dengue. Aqui no litoral de São Paulo tem epidemia todo ano... quanto azar.

2 - Gostaria TANTO de fazer uma viagem mochilão sem destino pelo país, indo de cidade em cidade, mas nunca fui exatamente pela violência contra mulher...

Anônimo disse...

Isso tudo acontece não porque há necessidade de modernizar o norte ou de produzir mais energia, e sim negócios obscuros visando apenas o lucro.
O governo fez muitos acordos e alianças com as empreiteiras(essas mesmas do escândalo da Petrobrás) que diz o seguinte:
Eu dou grana e suporte ao governo e a campanha política e você dá grana de volta(nossos impostos)deixando a gente fazer várias obras inúteis, erradas, perigosas pelo país a fora pra gente enriquecer com a desculpa que é pro o desenvolvimento do Brasil.
Pois não só o Xingu sofre com isso, mas outras regiões também. Um exemplo tenso são o que as empreiteiras tão fazendo no estado do Rio, sobretudo na capital. O Porto Maravilha e a COMPERJ, por exemplo, são no estilo de Belo Monte.
E quanto a Belo Monte, é uma obra inútil porque pra começo de conversa, o governo não investe em produção de energia mais limpa e mais barata pro povo. Tá pouco se fudendo pra todos. E se quer mesmo produzir energia com hidroelétricas, o ideal é que se construa pequenas usinas porque além de ser mais barato e eficiente, impacto é menor. Mas não, o negócio é lucrar de qualquer jeito até porque tem muita gente que realmente acredita que essas obras são benéficas.
Belo Monte é uma obra faraônica que não produzirá a capacidade máxima, que só vai destruir mais ainda o meio ambiente(fauna e flora) e as vidas humanas que já tão sofrendo com mais esse crime.
Mas o negócio é lucrar, né? E viva o capitalismo.

Marco Antonio disse...

É por isso que sou a favor da energia nuclear.

Marco Antonio disse...

Mas seguindo a lógica do pensamento do Papai Stalin: 140 mil moradores de Altamira prejudicados. 200 milhões brasileiros beneficiados. É, constrói a usina e passa fogo na cambada.

Anônimo disse...

O claudio volta a atacar! Que argumento...

Anônimo disse...

bate, coração valente

Renata disse...

Pequena questão de precisão: Gilberto Carvalho nunca foi ministro do desenvolvimento e esse ministério nem existe....

Gilberto Carvalho foi duas vezes chefe de Gabinete de Lula e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

Anônimo disse...

E pior que ainda tem gente que defende esse governo do PT, que jura que eles são de esquerda e pró-povo. Acorda gente, o PT desde 2003 é tão coxinha como o PSDB ou o PMDB.

Patrick disse...

Lola me pediu pra fazer um comentário sobre esse assunto, que normalmente resulta em debates bem acalorados.

Pra começar, eu queria registrar que há pouco mais de dois anos fiz um post no meu blog sob o título Se eu moro num apartamento de 62m2, por que um índio deve ter direito a 87 ha?, tentando desconstruir um pouco desse ódio anti-índigena, latente nas redes sociais, por causa das demarcações de terras para os povos originais. O meu ponto era chamar a atenção para o fato que nosso estilo de vida urbano resulta num impacto e demanda por terras e recursos naturais superior àquelas "imensas áreas" destinadas aos primeiros brasileiros.

Isso posto, não é da cidadã e do cidadão comum das cidades a quem eu atribuo a "culpa" por Belo Monte. Como engenheiro eletricista, embora não exercendo a profissão, tenho contato com colegas de faculdade que atuam na área. Há poucos momentos mais estressantes para quem trabalha na operação de geradoras e distribuidoras do que a entrada e saída de funcionamento dos grandes consumidores e, dentre estes, os mais relevantes, as indústrias de alumínio.

O consumo da indústria de alumínio é de cerca de 6 a 8% do total da matriz elétrica brasileira (mais ou menos equivalente à cidade de São Paulo com seus 11 milhões de habitantes).

Tudo isso para fazer o processamento da bauxita - o Brasil é um dos maiores produtores do mundo - em alumínio. É uma indústria que - vis a vis o impacto ambiental que gera - dá um retorno muito pequeno ao país.

Entretanto, é uma indústria muito eficiente em se esconder do problema. Só para exemplificar, podemos constatar que no presente post, no qual o autor investiu uma imensa quantidade de esforço pessoal para nos trazer uma visão abrangente do problema, ela não é citada.

A crítica ao governo federal faz parte do jogo, mas o PT fez o que se espera de um partido socialdemocrata: tentou equilibrar todas as pulgas nas pontas dos dedos na busca da solução menos nociva. O lago previsto atualmente tem extensão inferior à metade do projeto original e pouco mais do que duplica o próprio leito do rio. Embora reduza o impacto da obra, afeta consideravelmente a sua rentabilidade. Não me parece correto criticar o projeto por sua pouca rentabilidade se essa caiu justamente para reduzir o impacto ambiental. Esse tipo de crítica pode gerar um efeito colateral perverso em próximas obras.

Se Belo Monte não fosse construída, não seria a indústria de alumínio que iria sofrer com cortes de energia no futuro. Para protegê-la há lobistas, advogados, parlamentares e grupos de mídia, que agem com bastante eficiente, como já falei.

Um eventual racionamento cairia, portanto, nas costas da população em geral. Possivelmente haveria uma mudança de governo e, como consequência, a adoção de uma matriz energética ainda pior, porque haveria "pressa" para gerar mais energia "de qualquer jeito".

Os fatos aqui narrados não são uma exclusividade desse país "atrasado" chamado Brasil. A mesmíssima combinação (construção de uma hidroelétrica, indústria de alumínio poderosa & indígenas expulsos de suas terras) aconteceu na Noruega nos anos 1970. Fiz um guest post para a Fragata Surprise sobre esse assunto no ano passado (inserido num relato de viagem, pois é um blog de turismo).

André disse...

O Brasil é um país muito pobre, nosso consumo de energia é baixo. À medida que as pessoas forem melhorando de vida o consumo vai aumentar e apenas o potencial das PCH's restantes não vai ser o suficiente para atender a demanda. Vamos precisar das PCH's, das eólicas, das grandes hidrelétricas e talvez de mais alguma térmicas. E Belo Monte ainda está longe de se tornar inviável financeiramente, mesmo com a redução do lago ainda vai faturar pelo menos R$350mi por mês, obras desse porte não são financiadas no cheque especial.

Unknown disse...

Cresci a sombra de Itaipu, e tenho memórias tristes de tudo o que se passou por lá.

Foz do iguaçu também se transformou numa outra cidade na década de 1980. Ficou agitada, com milhares de trabalhadores, cheia de promessas para o futuro, mas repleta de injustiças.

Meus familiares eram pequenos e médios produtores rurais que foram desapropriados, receberam indenização e não conseguiram comprar sequer 50% da extensão de terras que possuiam antes da usina. E, diga-se de passagem, terras com menos valor produtivo, já que o lago artificial cobriu as terras mais férteis de todo o oeste paranaense.

Para os pequenos e médios produtores rurais, que viviam da lavoura, isso significou não ser mais competitivo no mercado agrícola. A imensa inflação da década de 1980 fez o resto: a maior parte dos desapropriados perdeu as terras que comprou com a indenização, migrou para as cidades ou passou a viver como boia-fria. A concentração de terras aumentou imensamente, e a qualidade de vida de muitos diminuiu drásticamente.

Mas o que mais me lembro, era das notícias de morte: na obra, nos bares, na rua. A construção acelerou um ciclo de violência imenso, que nunca foi freado, é verdade.

Os escandâlos de corrupção que assolaram a construção nunca foram revelados para além da esfera local, mas pergunte a qualquer morador antigo de foz do iguaçu: todo mundo sabia ou conheceu alguém, que era pago para levar malas inteiras de dinheiro para fora do país, após a redemocratização, a maioria dessas pessoas saiu de foz, ou, quem diria, teve uma morte matada. Outra história suja de como não usar o dinheiro público acobertada, e ainda tem gente com saudades da ditadura...

E a Itaipu, apesar de ser esse monstro de moer carne humana, continua sendo vista como uma 'grande obra de engenharia', cujos 'custos humanos', estão mais do que justificados.

Belo monte me parece ser a visão contemporanea dessa incapacidade do Brasil questionar o que se espera mesmo do tal desenvolvimento econômico e porquê somos tão incompententes em aliá-lo ao desenvolvimento humano.

Mally Pepper disse...

As pessoas sempre acham ruim quando eu falo isso, mas a verdade tá aí pra todo mundo ver: excesso de gente só dá problema. Quando a população cresce, os problemas crescem juntos. Simples assim.

Mas não, ninguém pode falar nada disso que povo já sai gritando nazismo e eugenia.

@dddrocha disse...

Gente, que tristeza.

Anônimo disse...

Mallagueta Pepper,
Por isso se faz necessário políticas de controle de natalidade e de legalização do aborto.
Pois todos os anos milhares de abortos ocorrem no mundo e inteiro e mesmo assim somos mais de 7 bilhões!
Imagina se não existisse o aborto, políticas de controle de natalidade, camisinha e etc?

Roxy Carmichael disse...

Muito bom de ler esse relato! Muito bem escrito, me fez pensar na atualidade de Iracema: uma transamazônica.

Anônimo disse...

Tenho vontade de fazer mochilão mas sou mulher e tenho medo de ser estuprada.

Anônimo disse...

E essa é a obra "carro chefe" da "Mãe do PAC". E para não ter problemas com ela, defenestraram a Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, porque ela exigia projetos adequados de manejo ambiental.
PT é hoje um partido igual ou pior que os outros, sem defesa possível.

Anônimo disse...

"Há muitos homens. Homens com o rosto moreno do sol, troncos fortes e mãos grossas acostumadas a trabalho pesado"
-
E mesmo? poxa, esta ai um canto do mundo onde o feminismo se faz mais que necessário,na luta pela igualdade. lugarzinho machista credo.

Anônimo disse...

"O então ministro do desenvolvimento, Gilberto Carvalho"
_
Sabe quem lembra dele? Os familiares do ex prefeito (assassinado) de Santo Andre, Celso Daniel, e familiares dos suspeitos(todos mortos em circunstâncias estranhas) O legista e perito,( todos mortos)
Que coisa não?!

Anônimo disse...

Gilberto Carvalho e Marco Aurelio Garcia e José Dirceu, são os três maiores mafiosos vivos no Brasil, envolvidos com tudo o que não presta neste pais(facções criminosas, carteis de empreiteiras, Foro de SP, Farcs, trafico de influência partidaria, ate lavagem de dinheiro na tripice fornteira)

Anônimo disse...

"Mallagueta Pepper,
Por isso se faz necessário políticas de controle de natalidade e de legalização do aborto.
Pois todos os anos milhares de abortos ocorrem no mundo e inteiro e mesmo assim somos mais de 7 bilhões!
Imagina se não existisse o aborto, políticas de controle de natalidade, camisinha e etc?"
-
Controle de natalidade, e aborto não são sinonimos.Quem defende isto e EUGENISTA sim, pois filho de rico ninguém quer abortar, somente filho de pobre.
Nos EUA, desde que foi permitido a pratica de aborto, nos anos 70, caucula-se que cerca de 30 milhões de mulheres negras já recorreram ao método, quanse 1/3 da população negra atual, nem o lixo racista da Klu Klux Klan seria tão eficiente.

Verô! disse...

Muito bom ler esse relato, aprendemos que o Brasil é muito mais do que nos faz crer a bolha das capitais do Sul/Sudeste. Um dia eu quero fazer uma viagem assim, mochila nas costas para conhecer os Brasis que nunca vi, só ouvi falar, normalmente por meio de propagandas enganosas.

Na minha opinião, o investimentos mais importante que um país pode fazer é no seu recurso mais precioso: os humanos. Saúde, educação, saneamento básico, segurança alimentar. Investindo nas pessoas construímos um futuro e superamos nosso passado de miséria, desigualdades e opressões. Eu acredito nas brasileiras e nos brasileiros. Acredito que temos o potencial de encabeçar a ascensão da América Latina e estancar definitivamente o sangramento de nossas veias abertas!

Anônimo disse...

Quem tem mais a sofrer caso venha ao mundo, filho de rico ou filho de pobre? Não é questão de eugenia, é disputa de classe!

Em um mundo neoliberal, onde as greves não funcionam mais, tudo o que resta aos trabalhadores é poupar seus filhos deste mundo machista e capitalista.

Campanha sobre o câncer de mama, todo mundo apóia. Quero ver apoiar uma campanha pela desburocratização da laqueadura e da vasectomia para o proletariado. Este procedimentos são de fácil acesso aos ricos, por que nós não podemos também?

Patrick disse...

Uma informação relevante que acabei esquecendo de fornecer: em função de contratos e modalidades de leilão de energia, grandes consumidores como a indústria de alumínio pagam tarifas muito baixas (um décimo do que nós é cobrado em tarifas residenciais), o que adiciona um componente de injustiça econômica e ambiental ao modelo energético.

nadiaschenker disse...

Muito legais as informações que você passou!

nadiaschenker disse...

Olha, desculpa, é tudo muito triste mesmo. Mas eu pergunto, precisa ir tão longe pra ver a "desgraça do desenvolvimento"? Morei no Sul de Minas, em uma cidade que recebeu uma multinacional chinesa. Em 4 anos a população que nasceu lá foi, em grande maioria, expulsa pros recantos fora da cidade, sem $$ pra se manter no "centro". Outros tantos lucraram. Os bates, lojinhas, quitandas que eram mantidos pelos locais foram aniquilados e hoje os negócios são mantidos por forasteiros. Os comerciantes viraram empregados. Enfim, eu não gosto desse tipo de desenvolvimento e essas consequências que ele gera. Mas daí falar que a usina não deve ser construída? Eu leio a revista da CUT e numa entrevista, uma mulher camponesa dizia que uma das piores situações que eles enfrentavam na luta de vida ou morte contra os latifundiários (no Pará) era exatamente decorrente da ausência do Estado por lá, simbolicamente manifestada na inexistência de de distribuição de energia elétrica, o que lhes retirava autonomia para produzir e ainda aumentava a insegurança. E aí?? Digo uma coisa: no serviço público ninguém quer ir para o Norte. O Brasil pode continuar assim? Eu acho que não, mesmo com tudo o que foi narrado pelo autor. Não acho que os moradores devem ficar reféns das empreiteiras (e isso acontece), mas a Usina será construída, para o bem de nossa população como um todo.

nadiaschenker disse...

Tem mais: pra onde o Eduardo Kenji voltou pra se recuperar da dengue????? Ficou lá não né???? E quem mora lá??? Faz o quê??? A gente sabe o que sobra pro pessoal do Norte. Eles são obrigados a virem pro Sul para trabalhar, procurar atendimento médico e aí são tratados com o maior preconceito, ficando com os empregos que menos pagam. Isso vai acabar.

Anônimo disse...

"... filho de rico ninguém quer abortar, somente filho de pobre."

Agora pergunta pra moça pobre se ela quer mesmo ter 3 ou 4 filhos, sem nem poder se sustentar.

Eu costumava imaginar que "pobre gosta de ter um monte de filho", até perceber que dificilmente gosta, já que nenhuma mãe gosta de ver filho passando dificuldade. O que há é falta de informação sobre como prevenir e mulheres "colocadas no seu lugar" de progenitoras, ideia perpetuada pelo casamento. Ou seja, atraso e ignorância.

A legalização do aborto é muito necessária.

Raven Deschain disse...

Olha menino. Admiro sua coragem. Como uma pessoa que cresceu vendo filmes de terror ruins de Hollywood, devo dizer que morro de medo de mochilar. É, sou muito influenciável. Haha e tb já tove dengue:o doença da moléstia. Plmdds.

Eu concordo com a Mallagueta. Gente demais: mais problemas. O mundo tá ambientalmente indo pro buraco... E a culpa é nossa.

Anônimo disse...

com exceção de casos extremos como a China ou a India, governo nenhum quer ver sua população diminuir por causa de previdência. estado é uma merda.

Anônimo disse...

Anon das 02:59 e o mesmo número de mulheres brancas ou muito próximo também já recorreu ao aborto. E aí? Comparar governo que respeita os direitos da mulher com a KKK só mostra que alguém andou fazendo sua cabeça de aterro... eu sei como é, já passei por isso... seguinte: a Ku Klux Kan queria eliminar os negros da face da Terra; o governo que legaliza o aborto quer que as mulheres tenham quantos filhos quiserem e puderem cuidar, dando a esses filhos boa educação, saúde e condições de crescer na vida e ter seus próprios filhos-ou seja, colocando nesses termos bobos que você quis usar, esse governo quer que os negros se perpetuem sobre a face da Terra, algo que a KKK simplesmente abominaria. Então que tal parar com essa neurose de controle da sexualidade feminina disfarçado de preocupação com as "futuras gerações de minorias"? Quem você achou que enganaria?

Anônimo disse...

Aborto não e método contraceptivo, educação sexual não pode ser pautada nisto.
E filho de pobre também tem o direito de nascer, o estado tem que erradicar a miséria através de educação, desenvolvimento e oportunidades, não com eugenia.

Anônimo disse...

"Anon das 02:59 e o mesmo número de mulheres brancas ou muito próximo também já recorreu ao aborto. E aí?"

Segundo o D.E.A não chamado ga nem perto, a propaganda pro aborto, se utilizando de terror psicológico, entre as mulheres s negras estadunidenses, nos anos 80 , e 90, foi muito forte, porque acha que lá os negros são minoria, enquanto aqui somos meio a meio?

Anônimo disse...

Off topic:
enquanto isso, validadoras sendo validadoras:

http://www.naointendo.com.br/fotos/sobre-os-feminismo-e-machismo

Anônimo disse...

Galera está precisando estudar melhor o que é eugenia

Anônimo disse...

Anon das 10:18 terrorismo, cara? Sério? Você é daqueles que acha que legalizar o aborto é fazer limpeza étnica? Certo, vamos lá. Pra todo mundo além do anon da teoria da conspiração. Eugenia: termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de "pureza racial", a qual culminou no Holocausto. Desde seu surgimento até os dias atuais, diversos filósofos e sociólogos declaram que existem diversos problemas éticos sérios na eugenia, como a discriminação de pessoas por categorias, pois ela acaba por rotular as pessoas como aptas ou não aptas para a reprodução". Ok, agora vamos lá: em que a legalização do aborto impede as mulheres negras de terem filhos? Em que as impede de criar os filhos que elas quiseram ter? Em que isso "torna" as mulheres negras inaptas pra reprodução, ou prejudica as crianças nascidas? Em que isso "varrerá" os negros da face da Terra, como você insinua que o governo americano quer fazer? Correto, em nada. Você nem sabe o que é eugenia nem está preocupado com a etnia negra. Você não quer é perder a desculpa perfeita nessa sociedade machista e hipócrita em que vivemos pra fiscalizar e controlar a vagina alheia. O que acontece é que, com a legalização do aborto, as mulheres só tem os filhos que querem; os homens ficam sem pdoer mandar no útero alheio e se ressentem disso. Nos anos 70 e 80 teve terrorismo psicológico (vamos fazer de conta que eu acredito), e daí? As mulheres negras de hoje devem perder direitos pq no passado gente mal intencionada usou o aborto (vamos continuar fingindo q acredito) pra tentar uma "limpeza racial"-q o Brasil também tentou, diga-se de passagem? Ah, e aqui temos muito mais negros que brancos porque o Brasil traficou escravos por muito mais tempo que os EUA e a miscigenação aqui foi maior. Aqui nós também não temos aborto legalizado; as mulheres pobres-negras e brancas, embora por causa do racismo que nega oportunidades a maioria sejam negras-não podem abortar devido ao machismo e ao obscurantismo religioso. Elas são OBRIGADAS a ter mais filhos do que podem criar, filhos que vão passar fome, não terão educação, e você acha isso bom? Você acha certo que crianças sofram com falta de condições e mães sofram ao ver seus filhos com fome pra não legalizar o aborto e vocês não perderem a desculpa pra palpitar na vagina alheia? Sem contar as que nascem indesejadas em lares onde sofrerão abusos e maus-tratos desde que ainda possam pitacar no utero alheio e punir 'vadias' com a maternidade? É, como eu já disse, pró-vidas são uns psicopatas mesmo. A cabeça deles é de dar medo.

Unknown disse...

Apesar de os comentários estarem se desviando do assunto do post, quero voltar ao assunto principal. Na minha ignorância, sempre achei que Belo Monte fosse um mal necessário, comprando a necessidade de produção de mais energia. Mas não é possível manter esta opinião depois de ler esta entrevista: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/01/opinion/1417437633_930086.html

Ana Paula

Anônimo disse...

Anon das 11:31 , obrigada por jogar um pouco de luz.

Sônia disse...

repitam comigo: "marina silva candidata dos banqueiros, dilma candidata do povo. marina silva candidata dos banqueiros, dilma candidata do povo.marina silva candidata dos banqueiros, dilma candidata do povo.marina silva candidata dos banqueiros, dilma candidata do povo."
ad infinitum

Mally Pepper disse...

"marina silva candidata dos banqueiros, dilma candidata do povo."

Vc está falando da mesma Dilma que quer reduzir pra 50% a pensão dos(as) viúvos(as)?

Anônimo disse...

a própria, Mallagueta!

Marcelo Santos disse...

Show
belo post

Anônimo disse...

Ninguém quer Belo Monte mas todos estão escrevendo em computadores cheios de energia elétrica. .. Ê povo pra gostar de apagão. ..

Anônimo disse...

E por isso que vamos pagar cada vez mais caro pela energia elétrica. Quiseram fazer uma media com os ecologistas e fizeram um reservatório pequeno em Belo Monte.
Só nos resta energia nuclear.
Pq será que ninguém olha para nossas favelas e periferia das cidades, eles precisam de energia barata.
Não entendo.