quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A FORÇA DA FILHA ESQUECIDA

Lindo este relato que a M. me enviou.

Tenho 16 anos e estou no último ano do ensino médio. E sou uma baita fã do seu blog. 
Sou de uma cidade pequena e tradicional do interior. Por aqui, aparência é uma coisa importantíssima, e os problemas são resolvidos dentro de casa. Ainda temos a tradição de gigantescos bailes de 15 anos e filhas de fazendeiros em capas de revistas. Todo mundo conhece todo mundo, e ninguém perdoa ninguém. Família por aqui é pai, mãe, filhos e cachorro. E se você tiver sorte, muitas cabeças de gado. 
Eu nunca tive muita sorte. Minha mãe, classe média-baixa, bonita e sonhando com uma vida de princesa, se apaixonou pelo meu pai aos 20 e poucos anos. Eles namoraram por um tempo, até que ela descobriu que estava grávida de mim. Quando ela contou pra ele, ele disse que me reconheceria, e me assumiria como sua filha biológica, mas que estava de casamento marcado com outra mulher, uma das joias da high-society da cidade. Minha mãe aceitou tudo que ele disse, pensando no meu futuro.
Eu fui criada em um vai-e-vem entre dois mundos completamente diferentes: por um lado, a intimidade confortável e o ambiente amoroso da família classe média-baixa da minha mãe, uma família 100% sem preconceitos, onde fui criada pra ser uma mulher forte e independente, que deveria sempre pensar por si mesma e tentar ser uma pessoa boa. Por outro lado, a frieza distante da família rica do meu pai. 
Se você pegar o mascu padrão que trolla o seu blog, Lolinha, adicionar filhas mulheres, um temperamento explosivo, um toque de alcoolismo e vício em jogo, e muita, mais muita arrogância, você tem meu pai. E não esqueça de incluir nessa receita uma esposa submissa, completamente cega a qualquer defeito dele e que odiava uma garota de 6 anos de idade pelo simples fato d'ela representar uma rachadura na fachada perfeita que ela mostrava para o mundo e chamava de família, enquanto seu marido ficava dias sem voltar pra casa e que, quando voltava, o fazia como se estivesse fazendo um grande favor.
Na minha cabecinha de 11 anos, ele estava. 
Por alguns motivos facilmente explicados por Freud, meu pai sempre foi meu ídolo. Advogado, rico, educado e charmoso, ele era meu mundo quando eu era criança. Até eu completar 6 anos, ele me visitava de 15 em 15 dias, trazendo minha irmã mais nova consigo. Meu mundo girava em torno dessas visitas. A partir dos 7 anos, com a permissão da mulher dele, as visitas se transformaram em fins de semana passados na casa deles.
A partir daí, minha infância mudou bastante. Três coisas ficaram claras pra mim. A primeira era que a minha madrasta não gostava de mim. Eu descobri isso quando ela xingou a minha mãe na minha frente, a chamando de vadia interesseira. Eu tinha 8 anos. A segunda, era que meu pai iria sempre escolher a mulher dele acima de mim. Descobri isso quando ele me deu uma surra por espirrar nela, sem querer, e ficar com vergonha demais pra pedir desculpas. Fiquei com tanto medo que fiz xixi na calça enquanto apanhava. Eu tinha 9 anos. A terceira era que minha mãe não seria de muita ajuda. Por mais que ela me amasse, e ela me ama, eu tenho 150% de certeza disso, ela nunca se impôs pra me defender. É algo inerente dela, esse medo de se impor. Não que eu contasse pra ela o que acontecia. "O que acontece aqui fica aqui." Esse era o lema do meu pai.
Outro grande problema da minha infância foi o dinheiro. Enquanto meu pai tinha muito, e gastava sem pensar duas vezes, minha mãe ralava trabalhando de vendedora pra poder se sustentar, usando a pensão do meu pai pra me dar o maior conforto possível. Mas de vez em quando, meu pai passava meses sem mandar ajuda. Naquela época não se mandava ninguém pra cadeia por dever pensão. Na maior parte das vezes era eu quem pedia dinheiro pra ele. 
Lembro vividamente de um episódio que aconteceu quando eu tinha uns 10 anos. Eu liguei pro meu pai, falei com ele por alguns minutos e depois disse que minha mãe havia pedido pra perguntar se ele ia mandar o cheque. Foi a primeira vez que ele explodiu comigo de verdade. Ele começou a gritar, me chamar de todos os nomes possíveis, "pirralha interesseira", "vadia sangue-suga" e por aí ladeira abaixo. Aí ele pediu pra falar com a minha mãe, e disse coisas que eu tenho certeza que foram muito piores. Esse foi apenas um dos inúmeros episódios da minha infância.
Quando fiz 12 anos, tive a brilhante ideia de ir morar com o meu pai. Na minha cabeça, se eu fizesse isso, ele iria finalmente me amar como amava sua outra filha, em quem ele nunca encostou a mão. Eu finalmente ouviria um "eu te amo", um "parabéns". Não foi o que aconteceu. Foram os dois piores anos da minha vida. A tortura psicológica que eu sofria dentro de casa, tanto do meu pai quanto da minha madrasta, me quebrou por dentro. 
De repente, eu não tinha mais amigos na escola, eu não conversava com ninguém da minha idade, eu era arisca e chorava o tempo todo. Minhas notas sempre foram perfeitas e os livros eram o maior prazer da minha infância. Mas a partir de um certo ponto, minha média começou a despencar. Eu não estudava, eu me recusava a prestar atenção nas aulas e era desrespeitosa com professores. Hoje eu vejo que não era nada mais do que um grito de socorro, uma tentativa de fazer com que alguém, qualquer um, prestasse atenção em mim. 
Eu não conseguia mais viver daquele jeito, Lola. Eu tinha ataques de ansiedade, chorava durante noites inteiras e levava broncas em uma base diária. E não tinha ninguém pra me ajudar. Até que, aos meus 14 anos e meio, eu decidi que ia me ajudar. 
Aconteceu quando a gente tava indo pra escola: meu pai dirigindo, eu no banco da frente e minha irmã um ano mais nova no banco de trás. Meu pai tinha acabado de voltar de um velório, e era visível que ele estava estressado. Então, como sempre, eu calei a boca e olhei pro chão durante a viagem inteira. Até que ele me perguntou alguma coisa sobre a escola, e ficou bravo com a minha resposta. Eu ainda não lembro de tudo que aconteceu, Lola. Só lembro de chorar muito e implorar muito enquanto ele me esmurrava. 
Ele me dava socos e empurrava minha cabeça contra o vidro do carro enquanto falava barbaridades. Que ele iria me matar, que eu não era nada sem ele, que minha mãe era lixo e eu era da mesma laia, e coisas muito piores. Minha irmã assistiu tudo no banco de trás, sem fazer um pio. Quando chegamos na escola, eu, apavorada, abri a porta do carro. Ele me puxou pelos cabelos e perguntou quem tinha dado autorização pra eu descer. Ele disse "Recomponha-se", e me mandou pra aula como se nada tivesse acontecido. Resolvida, eu fui pra diretoria na hora. A diretora ligou pra minha mãe, que imediatamente foi me buscar. 
Quando eu cheguei no hospital, eu tinha um lábio cortado, vários galos na cabeça, hematomas gigantescos no lado esquerdo do meu torso e duas costelas lesionadas. O médico perguntou se eu queria prestar queixa, e eu disse que não. Mesmo depois de aquilo tudo, ele ainda era meu pai, e eu não queria que ele fosse para a cadeia. No mesmo dia, eu liguei pra ele dizendo que estava voltando pra casa da minha mãe. Ele disse que eu não tinha mais pai, e que eu podia riscá-lo da minha vida.
E foi o que eu fiz, Lolinha. Eu superei a depressão, os ataques de pânico e a raiva irracional de tudo e de todos, tudo sem medicamento nenhum. Eu me reconectei com os meus amigos, com a minha família. Voltei a ir bem na escola. E graças ao seu bloguinho, conheci o feminismo. Você salvou a minha vida, Lola. Porque eu passei a entender que não era eu que estava errada. Eu não devia ao meu pai a obediência cega e a resignação que ele exigia. Eu posso ter minha própria opinião. Eu DEVO ter minha própria opinião. Você me deu a confiança pra ser quem eu sou quando ninguém mais fez isso, Lolinha. Então eu te devo um imenso obrigada.
Minha vida está nos trilhos. Mas ainda não consegui superar tudo o que aconteceu. Eu ainda tenho um problema gigantesco de confiança, principalmente com figuras masculinas de autoridade. Outro dia, ao ver meu pai na rua, eu me escondi atrás de um carro e tive um ataque de pânico. Vomitei ali, na hora, e tive que me esforçar muito pra não desmaiar. Quando meus amigos levantam a mão perto de mim, ou levantam o tom de voz durante uma brincadeira, eu ainda me encolho. 
Recentemente, ao me reaproximar da minha irmã mais nova, descobri que ela está enfrentando vários transtornos psicológicos, o maior deles a depressão, desencadeada por tudo o que aconteceu comigo. E eu não sei o que fazer. Quero viver a minha vida, quero seguir em frente, mas é como se eu não conseguisse. Eu devo ajudá-la? Minha cabeça diz sim, mil vezes sim, mas como? 
Ela não tem saída, a mãe dela ainda ama o meu pai. Eu devo confrontá-lo? Eu quero, mas não sei se consigo. Meu coração está acelerado ao escrever este e-mail, Lola. Eu ainda tremo de pensar no que aconteceu, então como vou conseguir conversar com ele? Eu quero tanto ajudá-la, mas eu não quero ser arrastada pro buraco de onde eu mal consegui escapar. Então eu estou aqui pedindo sua ajuda. O que eu faço, Lola?

Minha resposta: Muito obrigada pelo seu email. Como vc escreve bem! E vc é tão madura pra sua idade! Parabéns mesmo, linda M.
O que posso te dizer é que tá cheio de filhos e filhas sem registro do pai. É nada menos que 30% das crianças brasileiras, acredita? Outro dia fiquei sabendo que uma das maiores especialistas nessa área é leitora do meu blog, então claro que vou querer entrevistá-la! (30% das crianças no Brasil não tem reconhecimento do pai, diz a socióloga Ana Liése Thurler: “a ideologia da mentira presumida da palavra das mulheres brasileiras quanto à paternidade de nossas crianças [é] uma das mais fortes expressões de sexismo”).
Além desse dado representar sexismo, como diz a socióloga, ele também é um indicador de pobreza. Porque pai que não reconhece paternidade também não paga pensão, e aí tudo fica nas costas da mãe, que deve sustentar a criança sozinha. Sem falar que mulher já ganha 30% menos que homem... Então temos esse quadro que vc vivenciou e continua vivenciando: mulher pobre tendo que sustentar filho sozinha. Isso é uma desgraça pras mães e pras crianças (felizmente, mudanças estão sendo propostas).
Outra coisa muito comum é o marido se separar, começar uma nova família, e deixar a antiga totalmente desprovida. Não só desprovida de dinheiro, mas também de afeto. Tem muito pai que "esquece" dos filhos. E claro que os sentimentos de rejeição dessas crianças podem traumatizá-las.
Meu pai na década de 80
Deixa eu te contar uma história. Meu pai amado, morto há 20 anos, teve uma filha fora do casamento. Eu só fui saber disso depois que ele morreu. A história é um pouco diferente da sua, porque a mulher (que eu conheci quando era criança, gostava muito dela) que teve uma filha com ele quis fazer uma produção independente (aliás, uma só, não: ela teve 3 filhos, com 3 homens diferentes, sempre no mesmo esquema). Ela não pediu nada pro meu pai, só comunicou que estava grávida. 
Eu bebê e meu pai
Quando essa menina, a filha, tinha 14 anos, tentou se aproximar da gente. Chegou pro meu irmão e disse: "Sou sua irmã!". Ela não queria dinheiro, só queria conhecer meu pai. E parece que ele se recusou. Como eu disse, só fui saber disso depois da morte dele, e essa novidade fez com que ele caísse um pouco no meu conceito. Eu vi que o pai maravilhoso, impecável, perfeito que eu e meus dois irmãos "oficiais" tivemos não quis conhecer a filha adolescente! (apesar de tudo, essa minha meia irmã, dez anos mais nova que eu, está bem, é professora universitária, tem uma filha). 
Sinto muito por tudo que vc passou, e orgulhosa por vc estar bem. Fico comovida quando vc diz que meu bloguinho foi importante nisso. 
Claro que a gente não deixa todos os problemas pra trás automaticamente, por mais forte que seja. Um dia, quando vc puder, seria bom fazer terapia (o SUS tem, talvez a universidade pública tenha atendimento gratuito -- é claro que vc vai passar!). 
Não sei se vale a pena confrontar seu pai. Entendo perfeitamente (e isso mostra o quão altruísta vc é) que vc queira ajudar sua irmã. Mas vc precisa pensar em vc primeiro. Bem ou mal, sua irmã está numa posição de privilégio. Ela é filha oficial. Ela é que tem que confrontá-lo, pedir ajuda psicológica, porque está com depressão, e, se puder (e imagino o quanto deve ser difícil a situação dela também), falar pra ele que o que desencadeou essa depressão foi ver como ele te tratou. Talvez ela possa falar com a mãe dela. Por mais que ela tenha sido uma péssima madrasta pra vc, pode ser que ela seja uma boa mãe e dê o apoio necessário à filha. 
É normal que vc se encolha diante de gestos bruscos ou voz alta. A maioria das vítimas de violência doméstica (vc foi uma) age assim. Leva anos pra perder esse medo. E tem quem nunca perde.
Talvez um dia seu pai se arrependa do que fez, e te peça desculpas. Talvez um dia vc possa confrontá-lo. Mas creio que este não é o momento. Por enquanto, cuide de vc. Aproveite o relacionamento afetivo que vc tem com sua mãe, e seja uma ótima filha pra ela. Aproveite a sua força -- alguma dúvida do quanto vc é forte? -- e seja um exemplo pra quem convive contigo. Vc já é um exemplo PRA MIM, M.

Resposta da M.: O motivo de eu tentar proteger minha irmã, Lola, é que mesmo sendo a "filha esquecida", sempre fui eu quem bateu de frente com o meu pai. Porque por mais que eu queira (e eu quero mesmo) dizer que a gente é completamente diferente, eu tenho bastante da personalidade dele em mim. Eu sou forte, realmente, porque eu preciso ser. 
Eu nunca tive tempo pra ser criança de verdade, e de qualquer forma esse sempre foi meu jeito (minha avó fala que eu sou uma alma velha). Mas a minha irmã não é. Ela sempre foi a filha criada no algodão doce, e quando a realidade bateu na porta, ela meio que desmoronou. Ela morre de medo dele. Eu sei o que é isso, porque eu não troquei uma palavra com ele em dois anos e ainda tremo só de pensar.
Mas a situação dela me preocupa tanto, mas tanto, você não tem noção. Porque minha natureza não é de guardar rancor. Eu senti raiva, por muito tempo, do meu pai, da minha madrasta, da minha irmã e até da minha mãe. Mas hoje, principalmente falando da minha madrasta e da minha irmã, eu sinto muita pena. Eu choro, de vez em quando, porque eu queria tanto fazer com que elas enxergassem, com que elas se libertassem também, mas esse não é meu direito nem minha posição. Então eu fico às margens, sem saber o que fazer ou a quem recorrer. Um amigo meu se suicidou ano passado, e o número de pesadelos que eu já tive colocando a minha irmã numa situação dessas é incontável.
Mas eu sou uma pessoa bastante feliz, Lola. Eu tenho meus amigos que eu amo, minha mãe que está lutando cada vez mais pela sua independência emocional, uma avó esotérica e um namorado carinhoso. Eu rio por mais ou menos quinze minutos de cada piada que eu conto, mesmo elas sendo horríveis (elas sempre são), e mais ou menos meia hora de cada crônica sua com o maridão. E escrever é uma das maiores paixões da minha vida. É algo que sempre me libertou, e que eu quero carregar comigo durante o resto da minha vida. 
E você não tem noção do tanto que você me ajudou, Lola. Eu não teria me colado de volta, eu realmente não seria quem eu sou hoje se eu não tivesse encontrado seu blog. Eu provavelmente não teria escolhido o Direito como carreira se não fosse o seu blog ter feito que eu adquirisse uma vontade imensa de mudar o pensamento ainda patriarcal do nosso sistema judiciário, que eu conheço por dentro, já que vivo numa cidade onde caso se resolve no restaurante ao lado do fórum, na conversa, que eu presenciei mais vezes do que eu consigo contar nos dedos. De qualquer forma, quero que vc saiba que vc é a maior inspiração que eu tenho.

47 comentários:

Anônimo disse...

ela teria poupado sofrimento se n fosse mais essa lavagem cerebral que diz que pais são sagrados n importa o que eles façam com os filhos,que a gente tem que aturar tudo pq são nossos pais,que supostamente sempre querem nosso bem e a realidade n é essa.

que bom que ja esta melhor,espero que sua irmã tb fique.

Sara Marinho disse...

M., no caso da sua irmã ela tem a especifidade de não ter outra casa aonde ir, então, no contato que você consegue ter com ela, sugiro que a estimule-a a fazer faculdade fora. Deve ser até natural, se a sua cidade for muito pequena. Ela provavelmente nunca vai fugir totalmente dessa realidade se sua madrasta e seu pai continuarem casados, mas se afastar dela no cotidiano pode ajudar muito, tenta plantar essa esperança para ela, morar em outro lugar, daqui uns 3 ou 4 anos, parece muito tempo, mas até que passa rápido.
E seu pai não paga pensão? Olha, se sua família vive em dificuldades financeiras, acho que vocês deviam processá-lo para pagar tudo que não pagou de pensão. Ele é seu pai, te fez muito mal e te deve muito, mas independentemente disso, tem obrigação de contribuir para o seu sustento enquanto você for menor de idade. Imagino que a ideia deva ser um tanto quanto assustadora, se só vê-lo a faz passar mal, confrontá-lo judicialmente não deve soar bem, mas não é justo que sua família viva em dificuldade enquanto seu pai torra dinheiro a toa.
Tomara que você continue e bem, cada vez melhor, e que sua irmã saia dessa M!

Thalita disse...

Mostra o blog pra sua irmã. Ela pode ler aos poucos e começar a mudar de pensamento, arranjar força para sair dessa. Meio Poliana, eu sei, mas gente, quem vai falar de feminismo pra essas meninas ao vivo???

Ligia Moreiras Sena disse...

Que menina forte.
Quantas sofrendo como ela...
Quero só deixar um abraço bem forte e me disponibilizar para acolhê-la da maneira como ela julgar possível.
Estou na luta pelo fim da violência contra a criança também por isso.
Um abraço solidário à M.

Anônimo disse...

Que força incrível tem essa menina! Quem me dera ter tido essa maturidade aos 16 anos. No final das contas acho que quem tem razão é a sua avó esotérica.

Apenas tome cuidado com o desejo de ajudar sua irmã e a mãe dela. Às vezes vamos no impulso de ajudar os outros para superar um problema que tivemos no passado. Para isso, sacrificamos um monte de coisas importantes e os outros sequer compreendem o esforço e algumas vezes até se voltam contra a gente. O melhor exemplo que você dá para as duas é sendo feliz do jeito que você é, longe do seu pai.

Anônimo disse...

É realmente impressionante os 30% de criança sem pai registrado.
Mas, Lola, uma questão pra reflexão (sem trollagem): Vocês (com boa dose de razão) vivem dizendo que os pais não querem saber dos filhos, que deixam a carga educacional e financeira pra mãe, etc. Juntando com os 30% sem pai quer dizer o seguinte, quem educa as crianças no Brasil são as mães, certo?
Então o foco do combate ao machismo tem que ser as mulheres e não aos homens, pois são elas que perpetuam o machismo nos filhos, não é lógico?

André disse...

Se a autora tiver contato com a irmã, e escrevendo bem como escreve, talvez pudesse mandar um e-mail ou até uma carta para ela. Eu sugeriria que ela não acusasse diretamente o pai delas, mas procurasse falar de forma genérica sobre a violência doméstica, os males causados por ela, os sintomas de quem sofre e as formas de buscar ajuda. Talvez ela se identificasse e buscasse ajuda.

Lanna disse...

Li esse depoimento e me vi ali, igualzinha. Mesmos acontecimentos, nas mesmas fases da vida.

Acho que, com 30 anos e experiências como as suas, posso te dar uns conselhos. =)

M, deixe que sua irmã aprenda a se defender. Ela tem que achar o caminho dela, e construir a relação (ou não relação) dela com ele. Se você tentar interferir só vai se machucar, garanto.

No mais, fique o mais longe possível dessa relação abusiva. Com o tempo a gente aprende a se defender emocionalmente, e a distância física já não é mais tão importante. Mas enquanto a presença dele for tão forte pra você, o melhor mesmo é ficar longe.

E por fim, procure um psicólogo. A influência dos pais na nossa formação é enorme, e em muitas fases da vida me vi reproduzindo padrões deles. Com terapia a gente supera o trauma e afasta o perigo. ;)

Força menina,

<3

Unknown disse...

Que pessoa linda você é, M.
Compreendo sua preocupação com sua irmã, mas você precisa cuidar de si mesma, curar suas feridas. Não descarte a possibilidade de procurar ajuda psicológica, embora você esteja bem agora, há feridas que são profundas e podem voltar a sangrar.

Um abraço bem carinhoso, querida, você tem um futuro brilhante pela frente.

Sara disse...

Lava a alma escutar sua história M.,pra mim vc é uma sobrevivente da tirania violenta desse seu pai.
Só posso torcer pra que vc continue vitoriosa e tenha muitas realizações em sua vida.
Mas sua história só reforça a minha indignação e revolta contra esse modelo de homem que só leva destruição por onde passa.
Cada vez mais sinto asco por homens assim.

Maria Fernanda Lamim disse...

nossa...eu chorei lendo essa historia.
parabens, M., vc e uma sobrevivente! e uma pessoa extremamente generosa por se preocupar com a sua irma. te desejo muito sucesso na sua vida e na sua carreira de escritora! <3
sobre a sua irma, endosso a sugestao de uma comentarista anterior: mostre o blog pra ela. Os textos da Lola ja ajudaram muita gente, ajudaram vc, pidem inspirar sua irma tambem - e ajuda-la a achar seu proprio caminho!
muito amor e Luz pra vc! vc merece, flor! :)

Anônimo disse...

Não é somente os pais que traumatizam,mas as mães também!

A minha foi do mesmo jeito comigo!

Lola,conheço muitos pais que lutam na justiça pelo direito de estarem com os filhos,ao menos nos fins de semana ou pela guarda dos mesmos e até aqueles que lutam para registrarem seus filhos! Mas suas ex-companheiras os "barram" nesses direitos!

Anônimo disse...

Anônimo das 12:48

Acho que está distorcendo um pouco as coisas. E os outros 70% que tem pai não contam? Só porque 30% das crianças não tem registro do pai isso não significa que "quem educa as crianças no brasil são as maes", veja bem, você não pode tirar essa conclusão usando a lógica pois 30% é menor que 70%.

Quanto ao foco do feminismo (que combate o machismo) ser as mulheres, isso é óbvio, ou você vê mais homens que mulheres em eventos feministas? Mas o foco ser as mulheres não significa que elas São as unicas culpadas pelo machismo, significa que para o machismo acabar primeiramente as vítimas tem que estar conscientes de que ele existe e como ele age, só então poderão convencer os homens/mulheres machistas a mudar suas atitudes e pensamentos, do contrário, se ninguém cobrar deles nada vai mudar. Em última análise, pode-se dizer então que o foco do feminismo é a sociedade, e pretende atingi-la através das mulheres (e homens) feministas. Fazendo uma analogia, o foco do movimento GLBTT são os GLBTT, e isso não significa que eles são os culpados pela homofobia, certo? E nem os negros devem ser culpados pelo racismo, e nem os deficientes físicos devem ser culpados pelo preconceito que sofrem.

E a culpa do machismo nem dos homens é, a culpa é da sociedade patriarcal cujas estruturas são machistas. Os homens machistas dificilmente são machistas porque escolheram ser, eles foram criados assim e acham que é o normal, só vão mudar quando alguém feminista alerta-los sobre isso (e o mesmo vale para as mulheres machistas).
Portanto insinuar que as mulheres são as unicas culpados pelo machismo é como dizer que o UNICO culpado pelo assalto foi o assaltante, tirando a culpa da falta de segurança pública, da violência urbana, da desigualdade social e falta de uma boa educação formal que motivaram o crime. Ai você prende o assaltante e o que acontece? Nada, assaltos vão continuar ocorrendo o tempo todo. Do mesmo modo, dizer que as mulheres (ou os homens) são os únicos culpados pelo machismo é tirar a culpa da mídia, da interpretação machista de algumas religiões, da falta de leis que promovam a igualdade entre géneros onde ocorre uma desigualdade, entre outros motivos.

Então também discordo da sua afirmação de que "são as mulheres que perpetuam o machismo nos filhos", como se o pai, a rua, a mídia, etc não tivessem influência nenhuma nisso, como se a culpa pelo machismo ainda existir fosse só das mães.

@dddrocha disse...

Parabéns, M. Mas não se iluda muito com o Direito (palavras do meu marido que é professor da área).
Você pode sim e deve tentar mudar o mundo e certamente tem mil outros meios para fazer isso.
Fiquei muito feliz com o final do seu relato.
Também acho que esse tipo de presente ninguém pode tirar da Lola... que intencionalmente ou não, mudou sim a vida de muita gente aqui!

Unknown disse...

sua irma nao vai sair dessa, tem que ser voce mesmo. Sinto te dizer, mesmo vc intervindo, pode ser que ela n saia dessa e que so na vida adulta (ou n) caia em si que foi vítima de um relacionamento familiar abusivo. Assim como pode ser que ela nunca reconheça isso, a questão parece ser: vc intervem, faz o que pode pra ajudar UMA GAROTA QUE N TEM CULPA E N SABE COMO SE DEFENDER ou não faz nada. Se pesa muito pra vc, se te traz um sofrimento que vc não pode suportar,não faça. Mas, se isso te traz alguma paz, por n ver reproduzido em outra mulher como vc, como eu, como nós, a mesma violência que castrou nossas vidas... por quê não?

Anônimo disse...

Faço parte desse grupo que não teve o nome do pai registrado e isto é ruim demais, angustiante porque é como se algo tivesse me faltando, como se eu me conhecesse pela metade. Porque além de não saber seu nome, sua origem, se está vivo, se tenho irmãos, tios e primos e quem são meus avós paternos. Imagina só passar a vida toda com esse buraco? Sem saber quem foi o seu genitor? Sem saber de sua origem, de onde veio? E sem saber como ele é...coisa que imagino mais ou menos como seja pegando as características físicas que tenho, mas que não existe na minha mãe.
Eis então lá pelos meus 4 até uns 7 anos de idade perguntava pra minha mãe quem é ele e o que havia acontecido.
Minha mãe dizia que ele havia morrido atropelado, que tinham se conhecido num dia que do nada ele bateu a porta da nossa casa(?)e que é viúva, se casou no civil(procurei por esse documento e nunca achei).
Apesar da pouca idade não acreditei em nada e sempre achei tudo muito estranho.
Só que ela me respondia de uma maneira tão seca e desagradável que desde então nunca mais tive coragem de perguntar.
Só que já estou com 25 anos e sinto cada vez mais necessidade de encostá-la na parede pra saber o que há. Espero que ela diga a verdade até porque não sou mais uma criança.

Anônimo disse...

Crescer sem saber quem é o pai deve ser horrível. A questão é que se alguém chega a vida adulta sem conhece-lo, provavelmente não vale a pena faze-lo. Apesar dos 30% sem o nome paterno no registro, é raríssimo que isso tenha sido planejado pela mulher. Geralmente tem a ver com rejeição por parte do homem e até coisa pior. Nossa cultura machista nos impede até de reconhecer a força de uma mãe solteira. A mulher parece ser sempre culpada por essa situação. Como se ela tivesse feito algo grave para não ter o filho reconhecido.

Paula disse...

Anonima das 16:49

nao gaste tempo bom com gente ruim. se seu pai tivesse sido uma pessoa maravilhosa que faleceu, vc teria ja foto, nome e saberia de varias historias dele...

seu progenitor (pq pai eh quem cria) simplesmente tirou o corpo fora...

de valor a familia que vc tem, sua mae (que deve ser uma guerreira), seus avos, amigos, tios etc.

desculpa falar seca assim, mas foi o que eu percebi pelo seu post... e vc merece mais que isso!!

Lara disse...

Esse relato é devastador, garota vc é uma guerreira se nosso país fosse outro no hospital teriam chamado a polícia e seu pai vc querendo ou não responderia criminalmente pq o que ele fez com vc foi um crime e dos piores na minha opinião já que era alguém deveria protege-la. Fale com sua irmã para que ela tente procurar ajuda de um psicólogo em postos de saúde ela consegue marcar uma consulta e normalmente faculdades de psicologia também fazem isso gratuitamente.


Ao contrário de várias pessoas que conheço sou favorável a mudança na lei permitindo a mulher registrar o filho no nome do pai, sem a necessidade de registro de casamento e procuração do genitor acredito que com isso vai acabar com a humilhação de milhares de mulheres que têm que implorar muitas vezes pro cara registrar a criança e claro que os que são contra sempre usam como argumento casos isolados de mães que agirão com má-fé imputando pais que não são verdadeiros só que caso isso ocorra elas responderão criminalmente e com certeza essa triste realidade de 30% das crianças não terem o pai no registro vai acabar.

Anônimo disse...

M., o seu pai está pagando pensão? Não deixe de cobrar. Por mais doloroso que seja ter de enfrentá-lo, se ele tem dinheiro, cobrar a pensão pode te ajudar a construir o teu futuro. E, inteligente do jeito que tu é, teu futuro vai ser brilhante. Procure uma Defensoria Pública para para se informar sobre os teus direitos.

Anônimo disse...

ridiculo isso de estar pela metade só pq n sabe quem é o pai.
cada um é cada um,mesmo q conheça o pai,a pessoa vai continuar sendo ela mesma.

e pq geral dão tanta importância para papel?do q adianta ter o pai no documento se o cara sumir?
o mesmo para pessoas q ja moram juntos a anos mas insistem em casar só para ter a porcaria documento para provar q tão casados.

e n mintam feministas,n são casos isolados,mulheres enganando os homens,fazendo eles de trouxas para q assumam seus filhos,no meu bairro mesmo teve uma.
enganou meu vizinho corno,ele assumiu 2 filhas q n eram dele e ele pensava q era,deu apartamento e tudo mais,até descobrir a verdade.
com essa lei só vai aumentar .

Anônimo disse...

meu Deus....!

Anônimo disse...

1 - Seu pai é um agressor e um descontrolado. Ele precisa de tratamento psicologico urgente. Drogas e alcoolismo podem ser a causas ou agravantes desse problema. Se ninguém fizer nada obre isso, uma hora ele vai matar alguém.

2 - Como você é menor, os crimes praticados não prescrevem (a prescrição de crime contra menor só começa a contar a partir da maioridade). O direito de cobrar pensões também. Procure seus direitos.

3 - Masculinismo e os problemas psicológicos ou com drogas/alcool o seu pai nada tem a ver.

Sinceramente tome cuidado e procure um advogado para te aconselhar. Um cara descontrolado desse, com problemas psicologicos e com alcool ou drogas é uma bomba relógio. Se ficar nessa de "deixa disso" da proxima vez ele pode bater sua cabeça até voce morrer, ele pode enforcar e matar sua irma, enfim, quer esse peso de não ter feito nada na sua consciencia? (nao acho que a culpa será sua, mas com certeza você vai sentir culpa)

Anônimo disse...

Lanna disse...
Li esse depoimento e me vi ali, igualzinha. Mesmos acontecimentos, nas mesmas fases da vida.

Acho que, com 30 anos e experiências como as suas, posso te dar uns conselhos. =)

M, deixe que sua irmã aprenda a se defender. Ela tem que achar o caminho dela, e construir a relação (ou não relação) dela com ele. Se você tentar interferir só vai se machucar, garanto.

No mais, fique o mais longe possível dessa relação abusiva. Com o tempo a gente aprende a se defender emocionalmente, e a distância física já não é mais tão importante. Mas enquanto a presença dele for tão forte pra você, o melhor mesmo é ficar longe.

E por fim, procure um psicólogo. A influência dos pais na nossa formação é enorme, e em muitas fases da vida me vi reproduzindo padrões deles. Com terapia a gente supera o trauma e afasta o perigo. ;)

Força menina,

<3

___________

Essa relação já passou há muito do ponto de deixar alguém se virar por si...

O cara tem problemas sérios, deve ser alcoolatra e usuario de drogas (é o perfil cuspido de um ao menos) e é uma bomba relógio. A irmazinha aprender a se defender nao vai adiantar de nada o dia que ele surtar e matar ela.

SDL disse...

Anonimo das 21:35

Com essa lei não vai aumentar nada disso, se o cara sabe que o filho não é dele é só contestar na justiça e fazer exame de dna. Se depois descobrirem que a mulher mentiu ela ainda vai presa, então não procede seu argumento baseado em senso-comum.

Bruno disse...

É realmente impressionante a coragem, a maturidade e a fibra desta menina.
Não tenho muito a acrescentar ao que já foi dito pela Lola e pelos outros comentários aqui.
Realmente, é natural o impulso de ajudar sua irmã que passa pela mesma situação. O sentimento de impotência é terrível. Mas veja, você acabou de sair desta situação de abuso, você não precisa enfrentar seu pai para resolver tudo, você não tem este dever.
Ás vezes uma pequena coisa que você possa de fato fazer pode ajudar muito a sua irmã. Algo como por exemplo, conseguir que ela lesse o seu relato, soubesse pelo que você passou. É como uma confidência. Ás vezes vendo como você conseguiu superar tudo isso ela tenha força para seguir em frente.
Por fim, faço minhas as palavras do anônimo de 20:55. A pensão é um direito seu e um dever do seu pai. Sei que é difícil, principalmente porque isto é uma espécie de enfrentamento, mas fale com sua mãe e procurem uma Defensoria Pública, ou mesmo um Núcleo de Prática Jurídica ou Assistência Judiciária de alguma Universidade. Estes locais podem te ajudar com a questão jurídica e muitos também tem psicólogos e assistentes sociais que podem ajudar também.

Dandara Lequi disse...

Esse relato deixou meu coração em pedacinhos! É inegável a força que a M. teve/tem para enfrentar toda essa dor.
Eu espero que ela consiga um dia superar todas essas marcas sombrias que o pai (pai?) deixou e então poder ajudar a irmã também, porque é fácil notar que ter passado por todos esses sofrimentos, a tornou muito sensível ao sofrimento de outras pessoas com problemas parecidos.
Mesmo não tendo passado por situações como estas, toda vez que leio um relato como esse me sinto tão próxima da pessoa que escreveu...

M. também acho que o blog ajudaria muito a sua irmã (não conheço nenhuma pessoa que não tenha sido, mesmo que minimamente, acolhida pelo blog da Lola)
Um abraço com carinho!

Denise disse...

Triste o relato… Tem pais que realmente não mereciam ser pais… Parabéns a M. pela superação! Ótimo que vc tenha encontrado forcas para isso sozinha, mas acho que buscar ajuda profissional de um psicólogo não é demonstração de fraqueza e poderia muito te ajudar.

Uma coisa me chamou atenção: M. relata que quando foi pro hospital após ser espancada por seu pai o médico lhe perguntou se ela queria prestar queixa e ela disse que não. Não me parece que o médico deveria perguntar a uma adolescente, menor de idade, se ela gostaria de prestar queixa, isso devia ser notificado automaticamente. Entendo os motivos da M. para não ter prestado queixa, mas agressão contra menores de idade não deveriam depender do consentimento dos próprios (ou de um de seus pais) para ser notificada, me parece um absurdo. Fora que até onde me lembro das aulas de direito penal, o crime de lesão corporal independe de representação da vítima...

Anônimo disse...

Chorei com seu relato. Que bom que vc está melhor. A Lolinha também mudou minha vida, e fiquei super feliz de ver aqui a Lígia Moreiras Sena, cujo belíssimo trabalho eu acompanho. Só fera!

interrupçao voluntaria da gravidez disse...

Parabéns para superar tudo isso sem a ajuda de medicamentos. O principal apoio sempre ajudar a família e amigos.

Anônimo disse...

Gente, o art. 13, do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) prevê a notificação obrigatória ao Conselho Tutelar em caso de maus tratos a criança ou adolescente. Sistematicamente, está numa parte do ECA que fala sobre direito à vida e à saúde, então se aplica exatamente ao caso da M., mesmo que o hospital e/ou o atendimento tenham sido particulares.
O que o médico fez foi errado.
O problema é que essa obrigação não é divulgada, nem cobrada, pois o ECA jamais foi aplicado seriamente no Brasil, de forma geral.

Anônimo disse...

Denise e 08:40, na verdade existe notificação compulsória/obrigatória em caso de suspeita de violência (não precisa nem ser confirmada, a vítima pode inclusive negar)e isso é de conhecimento dos médicos (ou deveria ser, é ensinado na faculdade, cobrado em provas de residência e revalidação). O médico em questão errou ao não notificar. No entanto, o que às vezes acontece é que o médico fica com medo de notificar e sofrer retaliação por parte do agressor, não sei se foi o caso (por ser uma cidade pequena e tal...). Uma amiga minha, por exemplo, foi ameaçada por notificar uma suspeita de abuso sexual. É uma situação bem complicada, pq ao mesmo tempo em que você corre risco de violência ao notificar, você deixa de parar uma violência concreta ao não notificar.

Anônimo disse...

O hospital - e os profissionais que a atenderam - erraram absurdamente ao não notificarem ao Conselho Tutelar. Como o anônimo das 08:40 disse a notificação é compulsória e independe de autorização ou querer da vítima (quando menor de idade) ou de seu responsável (neste caso sua mãe que a acompanhou ao hospital). ATENÇÃO profissionais da área da saúde!!A notificação é obrigatória!!!Qualquer profissional que atenda uma criança/adolescente vítima de violência física e/ou sexual é obrigado a notificar o Conselho Tutelar!!

Annah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Beatriz disse...

Me emocionei tanto lendo. Eu nunca sofri esse tipo de violência, mas entendo bem o que é ter um pai ausente que finge que é presente.
Realmente a maturidade da M. é impressionante, acho que ela tem grandes chances de dar a volta por cima. Mas não é fácil, demora, e tem feridas que nunca cicatrizam mesmo.
A terapia é super importante, espero que ela tenha oportunidade e coragem pra procurar essa ajuda.
Normalmente não comento aqui porque acho que não tenho muito o que acrescentar, mas hoje me deu vontade. Vontade de falar pra M. que ela não está sozinha, que o que aconteceu com ela é triste, mas é parte da vida.
E Lola, o melhor conselho que pode ser dado à M. você deu. Cuide de você. Ouvi isso a vida inteira da minha mãe, mas só recentemente que eu entendi de verdade o que isso significa. Espero que a M. demore menos tempo que eu pra entender e sentir o que é cuidar de si.
Beijos para as duas.

Beatriz disse...

Me emocionei tanto lendo. Eu nunca sofri esse tipo de violência, mas entendo bem o que é ter um pai ausente que finge que é presente.
Realmente a maturidade da M. é impressionante, acho que ela tem grandes chances de dar a volta por cima. Mas não é fácil, demora, e tem feridas que nunca cicatrizam mesmo.
A terapia é super importante, espero que ela tenha oportunidade e coragem pra procurar essa ajuda.
Normalmente não comento aqui porque acho que não tenho muito o que acrescentar, mas hoje me deu vontade. Vontade de falar pra M. que ela não está sozinha, que o que aconteceu com ela é triste, mas é parte da vida.
E Lola, o melhor conselho que pode ser dado à M. você deu. Cuide de você. Ouvi isso a vida inteira da minha mãe, mas só recentemente que eu entendi de verdade o que isso significa. Espero que a M. demore menos tempo que eu pra entender e sentir o que é cuidar de si.
Beijos para as duas.

Annah disse...

Sério, você e sua irmã deveriam se juntar e dar uma surra com barra de ferro no seu pai até ele aprender a respeitar as mulheres. Até aprender que é ele que tem que ter medo. Nada de ser boazinha, ficar na terapia ouvindo que o problema é com a gente e não com a sociedade patriarcal.

A gente precisa de guerra e revolução contra os homens.

Joana disse...

Tô impressionada como essa moça escreve bem! Parabéns!

Como disseram no início, esse negócio de ter pai/mãe/irmãos como entes sagrados é coisa dessa nossa cultura judaico-cristã atrasada. Seu pai te tratou como lixo, ainda te espancou! Não tem que ter respeito não!

Exclua-o da sua vida, sem medo!

Força!

Anônimo disse...

Esse papo de que o pai se afasta é apenas meia verdade.
Falam como se não existisse alienação parental.
Como se fosse uma exclusividade masculina.
Mas isto é uma via de mão dupla.
A mãe também tenta, na maioria das vezes afastar os filhos do pai quando ocorre separação e ela fica com a guarda.
Vai desde atitudes sutis, como sugerir que o filho chame o novo companheiro de pai, até atitudes bem descaradas como fazer a caveira do pai para os filhos.
Ser tendencioso e maniqueísta não resolve o problema e não ajuda as principais vítimas, que são as crianças que ficam no meio desse fogo cruzado.

Feminista capitalista disse...

Que força incrível tem essa menina!
[+1]
´
Poxa esse guest post me arrasou, acho que é um dos mais tristes que já li,muito triste mesmo.

Francamente acho que ela estaria melhor se nunca tivesse conhecido esse pai, mas por outro lado fico feliz dela ter despertado sua consciência feminista tão cedo.

É dificil pra mim compreender as razões humanas, não sei como pode haver gente capaz de tratar dessa maneira a sua própria filha adolescente,que acabou de sair da infância e ainda por cima ter gritado e chamado ela de pirralha interesseira na infância, quando ela estava apenas cobrando os direitos dela.


Acho que fazer esse mons... digo, esse pai desaparecer da vida dela foi o melhor que ela já fez por si mesma e a maior atitude de amor-próprio que ela poderia ter.

Muita sorte,garra e acima de tudo muitas felicidades pra ela.

Feminista capitalista disse...

''Mas isto é uma via de mão dupla.
A mãe também tenta, na maioria das vezes afastar os filhos do pai quando ocorre separação e ela fica com a guarda.''


Aparentemente esse capeta não leu o texto né?

Ou a mãe e a garota são culpadas por ela ter apanhado,ter sido espancada a ponto de ter tido lesões nas costelas e ainda por cima,anos antes, ter sido chamada de ''Vadia sangue-suga'' em plena infância?
E ainda por cima ter ouvido enquanto apanhava que a mãe é um lixo?

LIXO É ELE, fica claro pra mim que esse pai não vale nada, e todo e qualquer espirito de mascu que vier aqui tentar aliviar pro lado dele e dar um jeito de culpar a mãe e as mulheres (clássico) pra mim vale menos ainda, menos que um nada,menos que uma ameba!!

SACO!

QUEM JUSTIFICA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER SÓ PODE CONCORDAR E COLABORAR COM A MESMA.

aquarela surrealista disse...

entendo o que é ter pai ausente;
entendo o que é ser filha preterida;
entendo o que é sofrer violência psicológica,e até física,neste sentido do texto...
menina do texto,segue os conselhos da Lola,não se envolva com gente violenta,se puder ajudar sua irmã,ajude de forma a que não se envolvam e não precisem bater de frente com ele...e ,na medida do que for possível,desencane,pense no teu fígado,você precisa muito dele pra continuar na luta,me emocionei muito com teu texto,parabéns pela força,mas não perca a direção jamais,força!

Anônimo disse...

Eu tambem nao tinha o nome do meu pai na minha certidão de nascimento. Tambem nao sabia quem ele era, e assim como vc, ficava imaginando como ele poderia ser. Conheci meu pai aos 17 anos. Hoje convivo con ele e com mInha familia paterna. Mas esse buraco, de nao se saber de onde veio, esse sentimento de que faltaalgyma coisa., tenho ate hj. Converse com sua mãe . Acho q todos nos temos o direito de saber de onde viemos . Um
Abraco

Anônimo disse...

Tô impressionada como essa moça escreve bem! Parabéns!

Como disseram no início, esse negócio de ter pai/mãe/irmãos como entes sagrados é coisa dessa nossa cultura judaico-cristã atrasada. Seu pai te tratou como lixo, ainda te espancou! Não tem que ter respeito não!

Exclua-o da sua vida, sem medo!

Força!


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Viva! Vamos mostrar que somos superiores e abandonar nossos pais em um asilo bem fedorento.

Erres Errantes disse...

Meu pai sempre foi mulherengo, mas ironicamente ele só teve filhos dentro do casamento, que no caso foi com a minha mãe. Não sei o que é ser uma filha "bastarda" (argh, essa expressão é um horror), mas já escutei relatos de amigas que foram geradas em relacionamentos que não deram em matrimônios, e elas contam que geralmente há mesmo um preconceito dos meio-irmãos e das madrastas em relação a elas por conta disso.
Eu acho que a autora do post deve ajudar a irmã, porque nem ela nenhuma das duas tem culpa pelas atrocidades cometidas pelo pai.
Me parece que a irmã está ainda mais encrencada, pois a autora do post pelo menos tem a família materna, a quem pôde recorrer.
A irmã nem isso tem, pois a mãe ainda está totalmente ligada ao pai.

Julia disse...

Que asilo, tá maluco?
Covarde e espancadores tem que ficar na sarjeta mesmo.
EMBAIXO DE UMA PONTE!

Anônimo disse...

Lola, me permita uma observação, sobre sua resposta à M.
Quando você fala da sua irmã e seu amado pai, me chama atenção seus comentários. Primeiro, de que ela não queria dinheiro. Ué. Mesmo que quisesse seria bastante legítimo. Mas o estranho não é isso. E sim que essa seja a primeira coisa que você, sendo feminista, tem a dizer sobre ela. Resvala no senso comum - e machista - de que as mulheres sempre procuram seus pais biológicos porque querem dinheiro.
Depois, você se refere a você e seus irmãos como filhos oficiais. Ora. Há mesmo essa categorização? Mesmo entre aspas, usar esse tipo de nomenclatura é perpetuar essas estruturas opressivas que insistem em hierarquizar as pessoas. Acho que vale a reflexão. O quanto perpetuamos aquilo que imaginamos combater.

Até logo,
Kellen.