Nas próximas eleições presidenciais, vamos voltar no tempo. A mídia falará muito da luta armada que tentou resistir à ditadura militar (1964-1985). Então, desde já, é bom conhecer a nossa história, pra não se deixar manipular. Pedi ao Giovanni, de Recife, que escrevesse um guest post sobre o período. Por sua militância política e por sua inteligência, ele me pareceu a pessoa indicada para falar disso. Seu relato é interessante, também, por vir de fora do eixo Rio-SP, o que mostra que o regime militar realmente afetou a população em todo o país. Claro, esta não é uma narrativa neutra e imparcial - até porque isso não existe. É de alguém que, como a maior parte da população, acha que a ditadura significou um enorme retrocesso. Existe uma minoria que acredita que o exército cumpriu seu dever, que chama o golpe de “revolução”, e as pessoas que lutaram pela liberdade de “terroristas”. Essa minoria vai tentar fazer muito barulho. Pra servir de vacina, fique aqui com alguns versos da Roda Viva de Chico Buarque e com o relato do Gio.
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Primeiro de abril de 1964, dia da mentira. As auto denominadas “Forças Revolucionárias” do comando das forças armadas do Brasil depõem o presidente João Goulart, rompendo com um ciclo democrático que já durava desde o fim da 2a Guerra Mundial. Também foram destituídos de seus mandatos governadores democraticamente eleitos que se orientavam por uma visão de esquerda, voltada para a maioria da população. A alegação era de que esses setores “implantariam o comunismo no Brasil”. Alguns argumentos para justificar tal perigo eram as ligas camponesas, criadas a partir da zona da mata de Pernambuco (cujo objetivo inicial era garantir caixões para os camponeses, e que foram adquirindo novos direitos), e a agitação social crescente, por parte de operários e estudantes de todo o país, exigindo uma nova realidade econômica.
Isso aconteceu quatro anos antes de eu nascer. Minha mãe relata que nesse dia ela foi trabalhar e encontrou a Avenida Guararapes, à época a principal avenida do centro da cidade, tomada por estudantes e militares. Um desses estudantes, Jonas, um adolescente, vestido com a Bandeira Nacional (achando que fosse escudo), foi alvejado covardemente por um oficial do Exército. O oficial gritava, ante a recusa dos recrutas (um deles meu tio, que havia estudado com Jonas) de atirar: “Vou mostrar como se mata um cabra safado...”
Minha mãe, chegando no seu bairro, Casa Forte, que paradoxalmente abrigava boa parte da esquerda, mas também a nata da alta burguesia local e um quartel do exército, viu Gregório Bezerra, um sargento do Exército e liderança do Partido Comunista, sendo arrastado (sem nenhum tipo de reação) por cavalos.
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
A resistência inicial mal existiu. A esquerda, por falta de análise e planejamento, foi pega com “as calças na mão”. Achava que a ameaça de um rompimento na ordem vigente não se cumpriria, portanto era desnecessária essa preocupação, apesar das ameaças de Carlos Lacerda, dos militares, da Marcha da Família com Deus etc. Os sonhos de desenvolvimento econômico e social, gestados já há alguns anos, foram levados para longe, e milhares de pessoas foram presas e torturadas. No filme Cabra Marcado pra Morrer, um camponês narra com detalhes o desespero dos militares, que achavam que Cuba estava treinando a “guerrilha” daqui. Nenhum badoque para defesa existia da parte das esquerdas, mas todo o aparato militar nacional, com a ajuda tácita e estratégica de parte da U.S. NAVY, estava na costa brasileira. Em caso de reação, o massacre seria inevitável.
A partir daí o cerco foi se fechando ainda mais, e as parcas reações do movimento operário foram duramente reprimidas. Até a nata do pensamento nacional foi perseguida. Boa parte dos cientistas brasileiros tiveram de abandonar o país. As artes foram tolhidas de sua essência de livre criatividade, e tudo passava pelo crivo da censura federal. As escolas ficaram proibidas de ensinar Filosofia e Sociologia. Não era mais possível pensar. Livros foram queimados, tal qual no nazismo de Hitler. Jornalistas, estudantes, juízes de direito, e toda e qualquer pessoa que não estivesse de acordo com o regime, eram perseguidos. Algumas pessoas denunciavam seus desamores para que fossem presos. O Ato Institucional nº 5, o AI-5, em 1968, fechou ainda mais a política nacional, e até Lacerda, aliado do golpe, teve que deixar o país. “Brasil, ame-o ou deixe-o”, esse virou o lema dos militares. Jornais circulavam com receita de bolo no lugar onde haveria uma matéria que fora censurada pelas autoridades. A lei poderia ser editada na madrugada. Era plenamente possível ser acusado de algo que não se tinha nem ciência.
Não restou outra alternativa para alguns setores senão reagir, pegando em armas para defender os interesses da maioria e garantir o fim da repressão. Estudantes, militares deserdados, militantes de partidos políticos foram pra briga, em lutas rurais e urbanas, mas, diante do poderio das Forças Armadas, eram inócuos. Apesar da bravura, foram eliminados. Nas prisões, açougues instalados para diminuir qualquer resquício de dignidade humana, o método estabelecido era a tortura, que incluía choques elétricos, metal derretido nos pés, estupro e violências sexuais das mais diversas, quando não no “entrevistado”, em seus entes queridos para que “abrissem a boca”. Há relatos de introdução de insetos nas vaginas das mulheres e de cassetetes nos ânus, além das torturas psicológicas. Aqueles que não sucumbiram nas masmorras foram mandados ao exílio, o que era também uma violência. Muitos foram jogados nas catacumbas coletivas como indigentes, alguns desaparecidos até hoje...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
A segunda parte está aqui. Neste novo blog do Daniel há links para dois ótimos textos sobre as mulheres que combateram a ditatura, aqui e aqui (este muito chocante, uma entrevista com a pré-candidata à presidência pelo PT Dilma Roussef sobre as torturas que sofreu).
47 comentários:
Lola;
Eu fui aluna da Ana Arruda Callado, mulher do Antonio Callado. Ela sempre conta que fez uma viagem de carro até Brasília - ela, o marido e mais um escritor, de quem não me lembro agora.
Ela disse que saíram do Rio e, quando chegaram à Brasília, dias depois, o golpe já acontecera. Ela se lembra da sensação de estar completamente perdida, como se tivesse passado por um anel de tempo e tivesse saído numa dimensão paralela.
Quando ela foi presa, a imagem que ficou mais forte foi que, antes de ser encaminhada à cela, mandaram que tirasse os óculos. E estenderam a ela uma caixa cheia deles. Essa é a imagem, segundo ela, que representou aquele período negro: a caixa transbordando de óculos - cada par uma pessoa que, possivelmente, não voltou para resgatá-los.
Suzana, tiravam os óculos para "evitar que os presos cortassem os pulsos na cela", o que significaria a possibilidade de ida ao médico e a realidade das masmorras ser descoberta...
Ainda não li o post Lola, apenas o que foi comentado, assim como não li um livrão que saiu, e comprei, sobre esse período, aqui em S.C. de um jornalista, que trabalhou ou trabalha no A Notícia. Li uma vez as cartas que uma lagunense, presa política, recebeu em resposta dos EUA (da embaixada, acho), onde ela se queixava da violação de direitos humanos e eles respondiam que não estavam a par de atos assim, aqui no Brasil.
Inclusive éramos assinantes da revista Seleções do Reader's Digest
e eles publicaram um artigo muito "fofo" assim: "A Nação que salvou a si mesma". Foram uma gracinha, cês não acham? Este relato da Suzana Elvas é chocante pois se me tirasem os óculos, meu astral despencaria de imediato.Se há uma coisa odiosa ela se chama : TORTURA. Uma caixa de óculos "sequestrados" diante das gentes, naquelas circunstâncias, foi por certo, uma das cenas
representativas da imensa violência
Em 1974 (na metade do tempo que durou a ditadura) eu começava meu curso universitário e não tinha nenhuma noção do que acontecia no país.Estava saindo de um curso interiorano de normalistas, criada dentro da igreja católica, que apoiou "A marcha da Família com Deus pela liberdade". A disciplina FILOSOFIA (1 semestrezinho pra ingles ver)na facul, era ministrada por militar aposentado (sintomático, né?)e não lembro de nadica, das aulas dele, embora fosse um professor que todos nós gostassemos pois era um homem culto e decente. Em contrapartida não acho certo algumas "aposentadorias" kilométricas que certas pessoas estão recebendo por conta de humilhações da ditadura. Considero que é um período a ser melhor estudado e trabalhado com os jovens de hoje que desconhecem nossa história.Principalmente nesses cursos particulares de segundo grau que falham, e muito, em matérias das áreas de humanas.
Nossos filhos lá não passam de números. MERCADORIA.Sou pela escola pública, de qualidade!
Agora vou ler o post. Fatima.
*OFF*
Lola, dá uma olhada nesse post e nos comments: http://luanamello.blogspot.com/2008/12/e-sobre-os-joelhos.html#links
Vc verá que há muito mais fronteiras neste mundo para gente como você e eu do que imaginamos.
Beijos.
a ditadura eh um assunto que sempre me traz lagrimas aos olhos...
lembro da primeira vez em que entrei em contato com o assunto, ainda na escola. nao fazia o menor sentido tudo aquilo. era tudo muito absurdo demais pra minha cabeçinha de criança inocente que pensava que o mundo era um maravilhoso jardim da infancia.
com o passar do tempo entendi porque na epoca da ditadura meu pai teve que abandonar o curso de ciencias sociais e principalmente a posicao dele dentro do diretorio academico...
Ai, Giovanni,
este post vai mexer de novo com todas nós. Apenas li, correndo, porque tenho meu dia mais ocupado hoje. Mas fiquei comovida. Obrigada por escrever. De noite comento. Nelly
Aronovich:
Há uma coisa paradoxal quando falamos da censura as artes no tempo da ditadura.
Nossos grandes nomes da música, por exemplo, nunca foram tão excelentes, como neste período de grande censura.
Parece que com a abertura eles, Caetano, Chico, Milton, e outros de igual calibre, perderam a motivação e juntamente, a inspiração.
Você também sente isso?
Se tem uma coisa que me tira do serio e ver alguém defendendo a ditadura e achando que é solução pra tudo... gente sem coração, sem consciência e sem inteligência ALGUMA.
To morrendo de ansiedade pra ver os comentários daquele-que-nao-deve-ser nomeado.... deve vor muita &%$#&@ por ai...
Lola e Gio, eu também to sem tempo agora, depois faço um coment decente. Tenho que dizer que sempre fico horrorizada com histórias da ditadura.
Lolinha, deixei coments no seus posts "sexóloga" e "queime depois de ler".
É, Gio, eu sei. Na época da faculdade entrevistei muita gente, assim como quando gravaram "Anos rebeldes" e que tais.
Eu tive um professor de filosofia que sempre que uma porta batia ou ele ouvia algum ruído brusco ele largava o que estava fazendo e se escondia debaixo da mesa. Então as aulas dele aconteciam num silêncio de monastério. A sala dele era a mais isolada possível, e os alunos não brincavam, não bagunçavam e nem chegavam atrasados - exatamente para não surpreendê-lo abrindo a porta no meio da aula.
Uma vez, fim de semestre, antes de ele entrar no enésimo tratamento, estávamos um grupo conversando com ele - aquela conversa que o que está sendo dito não é o que está sendo falando, entende? - e ele de repente disse: "Eu fui tão torturado, tão brutalizado por duas semanas. Grande parte de mim ficou naquela cela. Depois, passei anos limpando latrinas com as mãos. Mas sabe? Teve gente que morreu, que sumiu. No fim das contas, eu atravessei aqueles anos horríveis limpando privadas. Eu tive sorte."
Serge;
Um grande escritor (que não me lembro quem foi) disse uma vez que 500 anos de batalhas fraticidas, Bórgias, Médicis, assassinatos, guerras, revoltas etc na Itália produziram Michelângelo, Da Vinci, Bocaccio, Fra Angelico, Giotto, Battista Alberti, Monteverdi, Petrarca, Dante etc.
Em 500 anos de paz, a Suiça deu ao mundo o relógio-cuco.
Fátima, os EUA também desconhecem que haja Abu Ghraib e Guantánamo, e muito menos tortura patrocinada por eles, afinal "são um país democrático, e a constituição deles proíbe a tortura..."
E voccê teve sorte de ter tido filosofia, pois a ditadura implantou, no lugar de filosofia, uma matéria chamada "Estudo de Problemas Brasileiros" (EPB), EM QUE NÃO SE ESTUDAVA NADA, MUITO MENOS OS PROBLEMAS BRASILEIROS, fazíamos "trabalhos" constituídos de (sem mentira alguma): "Uma bela capa, uma introdução, e uma cópia do livro de receitas de nossas mães", e éramos aprovados com "10 com louvor"
June, meu contato com a ditadura foi com "cabeça de criancinha", mas era in loco;
Nelly Mamacita e Lila, aguardarei ansiosamente seus comentários, apesar de saber que a ditadura na Argentina foi bem mais sangrenta que a brasileira, nenhuma das monstruosidades patrocinadas pela casa branca na américa latina devem ser esquecidas.
Serge, Eu sempre questiono isso, mas também questiono se não era o frescor da juventude que lhes dava mais inspiração para produzir.
Suzana, tive um professor de desenho que tinha sintomas parecidos, ele tinha sido cativo de guerra na Alemanha de Hitler, e também conheço algumas dezenas de seqüelados da ditadura, não há diferença...
E a suíça também nos presenteou com Appenzeller, büscium da cavra, emmental, gruyère, l’etivaz, raclette, sbrinz, tete de moine, tilsiter switzerland, tomme vaudoise, vacherin fribourgeoise, vacherin mont d’or, schabziger
Lembrei que também da Suíça nos veio Jean Jacques Rosseau
Companheiro Pernambucano duma Figa,
Belo relato, parabéns!
Em 64 eu tinha 7 anos de idade e lembro-me que papai ficou uma semana em casa. Um amigo dele era considerado comunista e ele ficou com medo de ir trabalhar e ser preso. Ele sempre foi meio cagão, mas quando bebia soltava os cachorros e aí era mamãe que ficava com medo de ficar viúva.
As lembranças ruins de minha juventude: A marchinha da seleção de 70 e esse lema "Brasil, ame-o ou deixe-o", duas coisas bonitas mas que só me lembram tristezas, aulas de "Educação Moral e Cívica" no ginásio (argh), milhões de recomendações dos pais e dos parentes para não me envolver em movimentos estudantis, não andar com determinadas pessoas (possíveis subversivas) etc. etc.
Tinha também o medo por um primo de BH que vivia metido em "atividades estudantis subversivas".
No interior a gente ficava um pouco alienado, mas sofria também...
Lola:
Fui lá ler a história da Dilma, e realmente é chocante. Partidos políticos à parte, é inconcebível que tenham feito uma pessoa (e o mais triste é que foram muitas...) sofrer tanto e passar por tanta humilhação.
É de se admirar quem sobreviveu a tudo isso e continua firme e forte até hoje.
Nasci alguns meses depois do 'golpe', e o que lembro daquela época é um bocado de verde e amarelo e as tais aulas de Educação moral e cívica, além de ter de cantar o hino na frente da escola enquanto se hasteava a bandeira.
Abraços!
Gio,
Além dos queijos você só lembra do Rosseau? :o)
Eu tinha OSPB (Organização Social e Política do Brasil) na escola. O professor fingia que ensinava, a gente fingia que aprendia.
Meu pai trabalhou na Argentina um ano. Voltou chocado de lá por conta de um caso que sacudiu o país: uma jovem num show desses de rua tinha sido baleada na nuca por um agente da repressão - o cara se esgueirou por trás dela e disparou. Ela morreu na hora. O motivo: ela era "parecida" com uma guerrilheira procurada. Tipo "Ops! Me enganei. Foi mau, aí."
Há também os chocolates, mas isso é uma invenção da américa pré-colombiana...
Giovanni!
Parabéns pelo texto.
Sou da geração cara-pintada, então na época da ditadura eu era bem criança.
Sinto-me feliz por viver numa era democrática, apesar de tudo que nossa democracia ainda precisa amadurecer, mas não viver em uma ditadura já é maravilhoso!
Lolinha, beijos.
Serge, eu gosto mais da produção do Chico pós-ditadura. Não que não tenha sido absolutamente genial antes; mas me fala mais ao coração. Enfim. E Suzana, essa frase do relógio cuco é do Orson Welles, dita por seu personagem no filme O Terceiro Homem, que por sua vez é baseado em roteiro do Graham Greene, um dos meus escritores preferidos. Mas a frase é do Welles mesmo, ele que criou o diálogo. O filme é muito bom, trata de contrabando de penicilina ao fim da segunda guerra. Opa, extrapolei. Bjs a todos.
(uma vez li um relato de tortura a mulheres cometido numa prisão na Argentina, na mesma época, e vem daí meu total pavor pelo assunto. prefiro nem comentar).
Oi, Tina;
Deve ser, mesmo. Assisti esse filmes há uns longínquos 20 anos. Eu, quando não me lembro quem disse certa frase, sempre digo que foi um escritor (99% das vezes é); porque eu leio mais do que vejo filmes.
Bjs
"Na Itália, durante 30 anos sob os Borgias, houve guerras, terror, assassinatos, sangue. Eles produziram Michelangelo, Leonardo da Vinci e a Renascença. Na Suíça, tiveram amor fraternal, 500 anos de democracia e paz. E o que produziram? O relógio cuco".
Valeu, Tina.
Su, agora fiquei exibida. E o youtube, hein, adoro: http://www.youtube.com/watch?v=mZg8a0nqjTE
Su, pois é, essa comparação com óculos escuros e dimensão paralela diz tudo. Imagina voltar de viagem e notar que haviam assaltado o seu país inteiro...
Gio, que horror. Imagina o desespero dos presos.
Fá, e o pior é que os EUA não fazem mea culpa. Não pedem desculpas por instalar ditaduras em toda a América do Sul durante os anos 60/70. O golpe na Venezuela em 2002 foi orquestrado por eles. Enquanto os americanos não ligarem, o governo americano não abre a boca, e continua fazendo a mesma coisa. Por isso eu acho um filme com Quantum of Solace (que mostra mercenários com a ajuda da CIA derrubando governos democraticamente eleitos) muito interessante. Claro que o público americano deve ver o filme e achar que é ficção.
Samara, fui lá rapidinho, e deixei um recado no seu blog. A gente não tem muita chance...
June, pra uma criança a ditadura não deve fazer o menor sentido. Como assim, governo mandando prender e matar gente? Eu lembro que demorei muitos anos pra perceber que o que meus pais falavam pra mim não era verdade. Eles diziam que viemos pro Brasil em 71 por causa da ditadura na Argentina. Muito depois fiz os cálculos e constatei que 71 foi o pior período da ditadura brasileira, tinha o Médici... Eles vieram pra cá porque meu pai tava cheio de dívidas de jogo na Argentina...Ele era viciado em jogo. Chegou aqui e nunca mais jogou, ainda bem.
Oi, mãe, acho que vc vai gostar do post.
Serge, ah, não sei se concordo tanto. Eu amo o Chico sempre. Em todas as épocas. Claro que quando eu conheci o Chico, em meados de 70, ficou sendo o período mais significativo pra mim. E tava na época de Cálice e tudo mais. Mas, sinceramente, acho que esses três gênios que vc citou nunca perderam a inspiração.
Pablito, eu tb. Uma pessoa que defende a ditadura cai muito no meu conceito. Ah, aquele que não deve ser nomeado não vai mais comentar por aqui. Quando todos nós não estivermos mais tão entediados dele eu explico, prometo (e quando eu tiver tempo!).
Lila, obrigada, vi os coments. Eu tb fico horrorizada. Eu acho que não aguentaria um minuto de tortura.
Su, puxa, coitado desse professor. Imagina o trauma que deve ser. Acho que o nosso corpo se lembra, ficam marcas internas. Deve ser impossível esquecer uma tortura. Mas essa é uma constante entre todos os sobreviventes dos anos de chumbo: a felicidade por terem sobrevivido. E quase todos dizem que fariam tudo de novo.
Ah então, como a Tina já apontou, essa fala é do grande O Terceiro Homem. Pra mim é só uma frase cínica, excelente, ainda mais dita por um Orson Welles praticamente piscando no filme. Não sei se concordo muito com ela.
Gio, americano gosta de acreditar que tortura é o que os terroristas fazem contra eles, nunca o contrário. Eles preferem ignorar que a CIA vinha aqui (e sabe-se lá o que anda fazendo na Venezuela, Equador e Colômbia, hoje) e ENSINAVA nossos militares métodos de tortura... Por isso quem conhece história só pode rir quando ouve falar dos EUA como “exportador de democracia”, como libertador de povos...
Eu sou da época de Educação Moral e Cívica, eu acho. Ou seria já EPB? Não lembro, só que eram cursos absolutamente inúteis.
Gio, pra mim a Suíça tem ótimos queijos e chocolates, e isso só já me basta na vida.Dispenso o reino de terror dos Borgia.
Mario Sergio, então, perguntei pro maridão, que é velho como vc (nascido em 57), o que ele se lembrava da ditadura, e ele não se lembra de nada. E ele vivia em Osasco - SP, que na época era bairro de SP, capital, então devia estar cheio de atividade por lá. É interessante, porque esse foi um dos erros dos revolucionários - não conseguiram despertar a população. Pra muita gente que viveu a época, havia realmente o que a mídia vendia: “milagre” econômico e tricampeonato. Bom, na Alemanha nazista também foi parecido. Boa parte da população preferia ignorar as barbaridades do seu governo.
Eu só começo a lembrar de alguma coisa a partir de 74 (tinha 7 anos), quando havia propaganda eleitoral na TV pra gente optar entre os candidatos a deputado por dois partidos, MDB e Arena. Acho que lembro também do Amaral Netto, O Repórter.
Christine, pois é, eu li que mais de 400 mulheres se envolveram na resistência à ditadura na época. Pra mim são heroínas. Eu não sei se teria coragem pra fazer isso. Mas é incrível que as que sobreviveram conseguiram dar a volta por cima e construir carreiras e famílias bem-sucedidas, porque realmente deve ser difícil superar um trauma tão grande como tortura.
Su, eu sei muito, muito pouco sobre a ditadura militar argentina. Sei infinitamente mais sobre a brasileira, e até sobre a chilena. Estranho...
Cris, eu acho que a ditadura segue sempre sendo um trauma na nossa história. Até pus isso na minha tese, porque eu menciono a situação política no Brasil em 89, na nossa primeira eleição presidencial desde 61. E durante todas as outras eleições a gente tem que ouvir ameaças do tipo “Se o Lula ganhar, o exército não vai deixar ele governar”. Acho que só não ouvi muito isso na última, em 2006. Mas em 02, todos aqueles comerciais terroristas da Regina Duarte dizendo que tinha medo, eram também pra levantar o temor pela volta da ditadura. E isso demonstra como a nossa democracia ainda é muito frágil, se vivem nos amedrontando com isso. Vamos pensar no seguinte: sabiam que não existe palavra ou expressão em inglês pra golpe de estado? Eles usam a francesa, coup d'état. Porque eles não têm golpes de estado nos países deles, só promovem nos países alheios, então não precisam de uma palavra pra identificar o que não existe. Eu queria também que não precisássemos de palavras assim.
Tina, eu amo o Chico sempre. O Terceiro Homem é um super clássico, considerado o melhor filme britânico já feito. Recomendo a todos. E sei o que vc quer dizer sobre tortura, também odeio o assunto. (aliás, o Gio deve ter reparado que dei uma amenizada numa parte do texto, pra não chocar demais a nossa sensibilidade).
Meus pais não se envolveram com a luta contra a ditadura e alguns professores foram as únicas pessoas que eu tive contato direto e que estiveram envolvidos. A mim sobrou as famigeradas aulas de EMC e OSPB no ginásio, EPB eu ainda tive na faculdade. Mas não é preciso ter vivido esses anos de chumbo para saber o quanto foram medonhos. Não consigo entender quem fica falando que nessa época é que havia ordem. Como na música do Rapa "Paz sem voz não é paz, é medo".
Ótima frase do Rapa, Débora. É verdade, não precisamos ter vivido esses anos na ditadura pra sermos radicalmente contra. Felizmente hoje é só uma minoria que sente saudades daqueles tempos. Acho que essas pessoas confundem as coisas. Confundem os anos de chumbo com tempos áureos da juventude pessoal de cada um. É meio assim: “Como eu era feliz naqueles tempos, os tempos eram melhores”. Lógico que havia bem menos problemas sociais do que hoje. Mas o Brasil era um país muito menor, menos da metade de sua população atual, e estava começando a se tornar um país urbano. A ditadura não trouxe nenhum benefício ao Brasil. Pelo contrário.
Começando pelo fim:
Lola, os problemas sociais na época da Ditadura eram iguais ou maiores do que os de hoje. A educação não era universalizada, e quando foi universalizada acabou a qualidade, na saúde e previdência unificou-se os planos das categorias profissionais (comerciários, bancários, industriários...) no famigerado INPS que redundou no INSS e depois SUS, o analfabetismo tinha índices de quarto mundo, a violência reinava, os grupos de extermínio eram oficiais/oficiosos, o esquadrão da morte reinava em algumas periferias, o êxodo rural, devido à fome no campo, constituiu São Paulo como uma das cidades mais populosas do planeta, as favelas ganharam a dimensão sócio econômica, que têm hoje, nessa época. Enquanto isso o lema da ditadura (em pleno “milagre econômico”) era: “Fazer o Bolo Crescer para depois dividir”...
Isso mesmo, Tina, algumas coisas não precisam ser vividas para serem execradas, a exemplo da ditadura militar, da inquisição, das guerras, do nazismo, da idade média, do regime dos faraós...
Lola, apesar da língua inglesa não ter o termo “Golpe de Estado”, há na história inglesa, e principalmente de suas colônias, passagens de golpes de estado, não podemos esquecer de Cromwell, muito menos dos países africanos...
A política de Joseph Goebbels funcionou muito bem na ditadura brasileira, Lola, mesmo porque não saía notícia sem que fosse aprovada pelos censores. E também me lembro muito bem da “campanha eleitoral” de 74, o candidato (vitorioso) do MDB em Pernambuco foi Marcus Freire, e lembro perfeitamente da campanha contra “o cabeleira”, como ele era chamado, eu entrei na cabine de votação com meu pai, e, praticamente, exigi (do alto da autoridade de meus 6 anos) que ele votasse no MDB. O candidato da ARENA era um político local chamado João Cleofas, que ficou conhecido como “João Três Quedas”, número de eleições que ele perdeu...
Quanto a Amaral Neto, lembro dos programas sobre o Xingu, que eu adorava ver a beleza da cultura indígena, mas era pura mise en scène daquele fascista
Minha percepção da ditadura será explicada mais adiante, mas há algo a ser considerado. Aos 10 anos fui estudar num colégio de padres, o Salesiano do Recife, e os padres denunciavam quotidianamente as barbáries da ditadura, mesmo porque a congregação tinha ligação muito forte com D. Hélder Câmara, nosso bispo à época. Houve, em 78, a prisão de um estudante, e os padres começaram a explicitar o que era tortura, ditadura, etc. Também nessa época eles nos levavam para uma colônia de padres, e, bem próximo, a gente tinha contado com crianças mais velhas que a gente, e corpo de crianças bem mais novas, além de casos de esquistossomose, e diziam, “Cadê o milagre econômico?” A direita SEMPRE fazia panfletagem à frente do colégio contra os padres: “Vocês que acham que estão educando seus filhos em um colégio católico, cuidado, há um padre, que até o nome é Russo, Ivan (o terrível) que está recrutando seus filhos para o comunismo...” Também eram freqüentes os ataques a D. Hélder, sobre quem os meios de comunicação não podiam publicar matéria alguma. Ele respondia: “Se dou esmolas para saciar a fome, dizem que sou santo, se questiono as causas da fome chamam-me comunista...”
Meu camarada mineiro da cara de padre, o sofrimento gerado pela ditadura foi generalizado, e eu também recebi essas mesmas recomendações contra o movimento estudantil...
Eu devo ter me expressado mal, Gio. Mas eu morava no Rio na década de 70, e a impressão de todo mundo que vivia lá na época é que a cidade era muito melhor. Menos favelas, menos criminalidade. Um dos motivos é que a população do país era a metade do que é hoje. Era um país menor. Outro é que boa parte da população ainda morava no campo. Não tinha vindo todo mundo pras cidades (que não souberam receber essa gente). Não há dúvida que nossos índices de analfabetismo, de mortalidade infantil, nossa expectativa de vida, tudo melhorou muito de lá pra cá. Mas a crimininalidade, não. O Rio estava melhor naquela época, anos 70. E muita gente associa algumas das coisas melhores daquela época (como um trânsito muito menos caótico - também, muito menos carros, menos poluição, um ritmo de vida menos massacrante etc) à ditadura. É a turma nostálgica do “tudo era melhor antes”.
Sobre golpe de estado, eu disse no coment. que os países de língua inglesa sabem bem o que é isso, já que patrocinavam esses golpes em suas colônias. Mas é emblemático que esses países tenham passado tão pouco por isso em sua própria carne que nem haja um termo pra isso. Imagina um país como a Bolívia, que sofreu uns cem golpes de estado durante a sua história, não ter um nome pra isso? A gente tem nome pras coisas que a gente precisa nomear.
E sobre a política do Goebbels, ela não explica tudo não, Gio. Antes do golpe havia grandes setores que favoreciam um fortalecimento da direita. Todo mundo que estava na famigerada Marcha da Família apoiou o golpe, certo? E isso foi antes de qualquer censura aos meios de comunicação (que também apoiaram o golpe). Mesmo entre pessoas como a da família do maridão e do Mario Sergio (dez anos mais velhos que a gente), que não apoiavam nem eram contra a ditadura, havia muito disso de “melhor não saber o que está acontecendo”. Alienação pura. Os revolucionários reconhecem que erraram porque não conseguiram despestar justamente essa massa.
E que legal que seus padres eram todos comunas, Gio! Há há, não resisti. Mas essa foi a parte do catolicismo, a Teologia da Libertação, que eu sempre admirei. Pena que o Papa se encarregou de acabar com ela...
Nõa, Lola, a censura começou com o DIP, na ditqadura de Vargas, mas, mesmo não atuando tão deliberadamente, a "liberdade de imprensa", no Brasil, SEMPRE, foi exercida, apenas, por quem deteve os meios de comunicação, e, durante a ditadura os veículos que se contrapuzeram ao regime foram eliminados... Não por acaso que as organizaçõe Marinho fizeram o seu império a partir de 66 (não sei se já leu, mas era leitura obrigatória para a esquerad: HERZ, Daniel "A história Screta da Rede Globo."), mas, claro, a esquerda não conseguiu se comunicar com a população, pois, meio que querendo ser Davi contra Golias, fazia panfletos, mimeografados a álcool (delito grave ter um mimeógrafo em casa, naquela época) contra as publicações diárias e semanais, e controladas por censores e donos de jornais.
Quanto à criminalidade, há duas coisas a serem observadas, primeiro que as notícias sobre a criminalidade, como de resto tudo que havia de podre, não eram assim tão divulgadas, mas mesmo distante sempre se soube, mesmo à época, que os morros do Rio e a baixada fluminense não eram áreas tão pacíficas assim...
Há duas dimensões da criminalidade, a "criminalidade real" e a "percepção da criminalidade". Os estudiosos da criminalidade apontam a zona sul do Rio, por exemplo, como "uma área pacificada", qual o problema? mais ou menos coo aquele guest post sobre as redações: mata-se 100 no morro ou na baixada pra ser notícia, basta um da classe média/alta ser assaltado para virar manchete do tipo "ninguém agüenta mais"(os números podem ser hiperbólicos, mas é mais ou menos isso).
E sim, Recife, sob a mitra (que ele quase não usava)de D. Hélder era o paraíso das Comunidades Eclesiais de Base (criação dele) e das pastorais sociais, Os colégios catolicos não fugiam à regra da Igreja de Olinda e Recife, e o Salesiano especialmente. Bastou pouco mais de dois anos no atual bispo (após a aposentadoria de D. Hélder) pra ser tudo desmontado, os padres expulsos, a pastorais esvasiadas, o seminário fechou as portas, figuras importantes, como Ivone Gebara (uma teóloga feminista) "pegaram o beco" (tradução: se mandaram).
Mas a Teologia da Libertação ainda não foi destruída de todo, apesar de Vojtilla e Ratzinger, ainda restam vários resistentes pelo mundo...
Oi,Aronovich,
Adoro este assunto... Foi o tema do meu ensaio monográfico.
Beijo,
:)
Bom, novaente avisando aqui é a Leila
Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu sinto pesar pela ditadura, foi sempre um assunto que me interessou muito, além de me chocar e me deixar uma tristeza muito grande.
Já disse q sinto uma desesperança pela humanidade, mas ditadura, guerras, tortura é sempre uma coisa que me deixa mais desesperançosa ainda, penso naquelas pessoas que morreram como irmãos que perdi, principalmente aqueles que não eram militantes, só gritavam, aclamavam, pela liberdade que perderam e qreuem sabe por aquela que nunca tiveram.
O tempo de ditadura NUNCA deve ser esquecido, ele deve ser lembrado por todos para que os mesmos erros não sejam cometidos novamente e essa democracia que hoje conquistamos com a morte e a tortura fisica de muitos, seja permanente.
Todo mundo sabia o que acontecia, mas ninguem queria ser o proximo nas masmorras, o terror, o terror é a forma mais forte de manipulação de massas.
Sobre isso assista zeitgeist.
Bjos
Gio, a gente sabe que os meios de comunicação no Brasil (e em muitos outros países) sempre estiveram nas mãos de poucos. Mas ainda assim é diferente a censura da imprensa que existe durante uma ditadura e a censura que existe normamente. (Esse livro, A História Secreta da Rede Globo, é ótimo!).
Sim, é verdade isso da criminalidade real e percebida. Mas acho um pouco difícil argumentar que a criminalidade urbana de 40 anos atrás fosse tão grande quanto a de hoje, Gio.
E a Teologia da Libertação continua em alguns lugares, mas ela foi bem destruidinha pelo último papa. Infelizmente!
Anônimo, que bom! Eu gosto desse assunto tb. Quer dizer, não gosto, porque sempre que penso em ditadura penso em tortura, mas é um tema importante, que deve sempre ser discutido.
Leila, concordo contigo: precisamos sempre nos lembrar da ditadura pra não repetir o erro nunca mais. Só não acho que todo mundo na época sabia o que acontecia. Em muitos casos, aquele ditado se aplica: “ignorance is bliss” (a ignorância é uma benção).
Soa um bocado estranho que a ditadura possa voltar a acontecer no Brasil.
Então, naquele teste politicômetro que a Lola postou uma vez, tinha uma pergunta: você prefere ditadura com estabilidade econômica ou democracia com inflação? Para mim, não tem nem o que se pensar: prefiro sempre, a democracia, sempre. Esse é só um exemplo, ressalto que não é o caso do governo Lula, a quem apóio e que acho que está lidando muito bem com a crise. Li os post que a Lola colocou e realmente fiquei chocada com os relatos da Dilma e das mulheres torturadas e pensar que os militares envolviam também as famílias dos presos políticos e que até crianças e grávidas foram molestadas. É horrível, muito chocante. Não, ditadura nunca mais.
Cavaca, espero que a ditadura não volte jamais. E, mais ainda, que esses rumores que surgem a cada eleição desapareçam de vez. Isso sim é terrorismo! Ficar dizendo “se o candidato de esquerda ganhar o exército não vai deixar que assuma” é terrorismo, pra mim. É uma ameaça. (e o pior é que quem diz isso é gente com saudade da ditadura).
Lila, imagina, eu também prefiro democracia, SEMPRE. Até parece que havia estabilidade econômica na época do “milagre”!... Mas tá vendo? Essa é uma pergunta que só se faz a um país que passou por uma ditadura. Em países ricos que nunca tiveram disso, essa não é uma opção. Não sei por que tem que ficar ameaçando a democracia a toda hora.
nuss gente amei esses comentários eles serviram pra meu trabalho sobre a ditadura. bjus
nizia to na 8º série sou de sp.
Vale lembrar que nunca numa guerra de invasão militar norte-americana destruiu-se um regime democrático para se trocar por outro ditatorial. Na pior das hipóteses, guerreava-se e invadia-se uma ditadura para deixar uma outra, mais pró-americana, no lugar.
Os EUA já invadiram e ocuparam com seus exércitos a Alemanha (e estão lá até hoje, com suas bases militares), a Áustria, o Japão (e estão lá até hoje, com suas bases militares), a Itália (e estão lá até hoje, com suas bases militares), o Panamá… e não consta que hoje em dia esses países sejam ditaduras.
“sabiam que não existe palavra ou expressão em inglês pra golpe de estado? Eles usam a francesa, coup d'état. Porque eles não têm golpes de estado nos países deles”
— Não é bem assim: no período em que a Inglaterra foi mais ou menos uma república, no século 17, foi através da destituição da monarquia por Oliver Cromwell, que depois comandou o país até sua morte. Pouco tempo depois disso, houve um segundo golpe/revolução, a Revolução Gloriosa do fim do mesmo século 17, que mais uma vez destituiu uma monarquia para reinstalar outra, de casa real protestante e que aceita as decisões do parlamento — basicamente o modelo que segue até hoje.
“Lila, imagina, eu também prefiro democracia, SEMPRE”
— Viver na democracia dos EUA da era Reagan x viver na ditadura de Cuba na era Castro.
Qual você escolheria? Viveria em qual (bom, vi aqui que você passou uma temporada em Detroit)? Conseguiria ver seus filmes favoritos em qual?
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