A disputa pelo pior filme do ano continua acirradíssima: A Praia (é deste ano? Parece velharia), 60 Segundos, Mar em Fúria, Revelação, e agora esta bomba. Desculpe se esqueci alguma produção. Numa lista dessas, sempre corremos o risco de cometer injustiças, deixando candidatos potenciais de lado.
Devo confessar que assisti à nova comédia com o Jim Carrey por causa dele, dele mesmo, e dane-se a Irene. Sou fã no. 1 do JC. Veja bem (argh!), eu não vou ver coisas do Mike Meyers, Adam Sandler (O Paizão), Chris Tucker (nem sei o que ele fez), ou de qualquer um desses astros essenciais... da televisão. Ora, me recuso até a locar O Professor Aloprado, e olha que o Eddie Murphy teve algo parecido com uma carreira na década de 80.
Eu, que me orgulho de nunca ter visto algo com o Van Damme ou Macaulay Culkin (esqueceram dele?), resisti bastante até me render aos charmes do JC. Aos poucos, fui reparando que ele era a única razão para se aturar o terceiro Batman e O Pentelho, e me tornei tiete incondicional após Truman Show. JC é fabuloso, herdeiro direto de Jerry Lewis, mas nem ele salva Eu, Eu mesmo e Irene.
Irene é dos irmãos Farrelly. Muita gente considera Quem Vai Ficar com Mary? uma obra-prima indiscutível, a quintessência do humor. Esclareço desde já que não estou entre esses críticos. Mary é melhor que Irene, o que não quer dizer nada. Perto desses dois desastres, Débi&Lóide é bárbaro, apesar de ser fraquinho, fraquinho.
Os próprios irmãos não escondem que sua inspiração para Irene vem da expressão "me, myself and I", que se refere a pessoas egoístas ou megalomaníacas. Assim, criaram um patrulheiro com dupla personalidade. Tudo super original. O primeiro Médico e o Monstro é do cinema mudo, mas quem liga pros clássicos?
Estes dois personagens apaixonam-se pela mesma mulher. Renee Zellweger (de Jerry Maguire), que interpreta o objeto romântico, mantém sua expressão de quem chupou limão azedo (a definição é do filme, não minha) durante todas as cenas. É o mesmo rosto: os olhinhos fechados, a testa confusa, a boca fazendo bico. Não esperem uma indicação ao Oscar. Ela está sendo perseguida por alguém que quer matá-la. Nunca entendemos o motivo. E importa? Deve ser por sua cara de sonsa.
JC passa metade do filme com um esparadrapo no queixo. Como ele aparece lá e pra quê é 100% supérfluo. Só pra se ter noção da total falta de nexo, há uma cena em que a moça visita o patrulheiro em seu quarto de hotel. Chegando lá, encontra sua foto na cama, uma loção para as mãos e uma melancia com um buraco estratégico. Típico humor farrelliano (há quem goste, acredite). Pois bem, decidiram cortar a referência à melancia, mas ela ainda pode ser vista no chão do quarto.
Irene tem, no mínimo, três defeitos fatais. Um é o roteiro grotesco, malfeito, longo demais, pessimamente amarrado, que vai do nada ao lugar nenhum. Mas digamos que alguma piada tenha conseguido sair ilesa do script. Não tem erro: a direção se encarrega de liquidá-la. Imaginemos que, sem querer, algo engraçado tenha fugido das garras implacáveis do roteiro e da direção dos irmãos. Entra então a edição, seu ritmo esquisito, seus cortes neuróticos. A montagem capa de vez qualquer tentativa de humor. Não sobra nada. Há umas caretas do JC que fazem os cantos de nossos lábios se mexerem, ainda que isto não constitua um sorriso. Tem aquelas piadas pra adolescentes que nem piadas são – são citações. Basta falar de masturbação pro adolescente rir. Falar de vibrador faz o adolescente rolar no chão. Falar de sexo anal causa espasmos de riso nessas mentes juvenis. Curioso é que Irene seja R-rated, proibido para menores de 17 anos nos EUA. Irene, no fundo, pode ser definido como um filme escabrosamente ruim com um ator magnífico perdido no meio. Juro que até na escatologia Irene é manso; Scary Movie é mais politicamente incorreto. Aí vem associações de albinos, deficientes mentais e anões protestarem contra os fraternais Farrelly. Não dá pra compreender a propaganda gratuita. Há tempos que David Lynch faz dessas minorias suas taras sem atrair uma única mosca ao cinema. Por que é diferente com os irmãos cara-de-pau?
Eu, que me orgulho de nunca ter visto algo com o Van Damme ou Macaulay Culkin (esqueceram dele?), resisti bastante até me render aos charmes do JC. Aos poucos, fui reparando que ele era a única razão para se aturar o terceiro Batman e O Pentelho, e me tornei tiete incondicional após Truman Show. JC é fabuloso, herdeiro direto de Jerry Lewis, mas nem ele salva Eu, Eu mesmo e Irene.
Irene é dos irmãos Farrelly. Muita gente considera Quem Vai Ficar com Mary? uma obra-prima indiscutível, a quintessência do humor. Esclareço desde já que não estou entre esses críticos. Mary é melhor que Irene, o que não quer dizer nada. Perto desses dois desastres, Débi&Lóide é bárbaro, apesar de ser fraquinho, fraquinho.
Os próprios irmãos não escondem que sua inspiração para Irene vem da expressão "me, myself and I", que se refere a pessoas egoístas ou megalomaníacas. Assim, criaram um patrulheiro com dupla personalidade. Tudo super original. O primeiro Médico e o Monstro é do cinema mudo, mas quem liga pros clássicos?
Estes dois personagens apaixonam-se pela mesma mulher. Renee Zellweger (de Jerry Maguire), que interpreta o objeto romântico, mantém sua expressão de quem chupou limão azedo (a definição é do filme, não minha) durante todas as cenas. É o mesmo rosto: os olhinhos fechados, a testa confusa, a boca fazendo bico. Não esperem uma indicação ao Oscar. Ela está sendo perseguida por alguém que quer matá-la. Nunca entendemos o motivo. E importa? Deve ser por sua cara de sonsa.
JC passa metade do filme com um esparadrapo no queixo. Como ele aparece lá e pra quê é 100% supérfluo. Só pra se ter noção da total falta de nexo, há uma cena em que a moça visita o patrulheiro em seu quarto de hotel. Chegando lá, encontra sua foto na cama, uma loção para as mãos e uma melancia com um buraco estratégico. Típico humor farrelliano (há quem goste, acredite). Pois bem, decidiram cortar a referência à melancia, mas ela ainda pode ser vista no chão do quarto.
Irene tem, no mínimo, três defeitos fatais. Um é o roteiro grotesco, malfeito, longo demais, pessimamente amarrado, que vai do nada ao lugar nenhum. Mas digamos que alguma piada tenha conseguido sair ilesa do script. Não tem erro: a direção se encarrega de liquidá-la. Imaginemos que, sem querer, algo engraçado tenha fugido das garras implacáveis do roteiro e da direção dos irmãos. Entra então a edição, seu ritmo esquisito, seus cortes neuróticos. A montagem capa de vez qualquer tentativa de humor. Não sobra nada. Há umas caretas do JC que fazem os cantos de nossos lábios se mexerem, ainda que isto não constitua um sorriso. Tem aquelas piadas pra adolescentes que nem piadas são – são citações. Basta falar de masturbação pro adolescente rir. Falar de vibrador faz o adolescente rolar no chão. Falar de sexo anal causa espasmos de riso nessas mentes juvenis. Curioso é que Irene seja R-rated, proibido para menores de 17 anos nos EUA. Irene, no fundo, pode ser definido como um filme escabrosamente ruim com um ator magnífico perdido no meio. Juro que até na escatologia Irene é manso; Scary Movie é mais politicamente incorreto. Aí vem associações de albinos, deficientes mentais e anões protestarem contra os fraternais Farrelly. Não dá pra compreender a propaganda gratuita. Há tempos que David Lynch faz dessas minorias suas taras sem atrair uma única mosca ao cinema. Por que é diferente com os irmãos cara-de-pau?
2 comentários:
ah cala essa boca!
Eu não escreveria melhor!
Dormi profundamente ao chegar nos 30 minutos do filme.
Acordei a tempo de desligar a tv e mudar para o jornal.
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