sábado, 9 de julho de 2016

SÓ FALTA PUNIÇÃO PARA VÍTIMA DE ESTUPRO

Um comentário muito inteligente de uma leitora anônima: 

No Brasil o povo odeia estuprador. Imagina só se gostasse... 
Se dependesse de uma galerinha, haveria punição para a vítima de estupro também. Afinal, onde já se viu denunciar "sexo grátis" e acabar com a vida do pobre ômi. Os agravantes seriam se a vítima:
a) Não comprovar virgindade
b) For mãe solteira
c) Gostar de funk
d) Ter determinada faixa de renda per capita e morar em zonas periféricas
e) Estiver usando roupa curta ou provocante
f) Não tiver carteira assinada
g) Ser usuária -- eventual ou frequente -- de drogas, inclusive bebida alcoólica
h) Participar ou ser simpatizante de qualquer movimento social
i) Não comprovar religião ou ser adepta de alguma religião de matriz africana
j) Estiver fora de casa depois do por do sol, especialmente em zonas perigosas
k) Não estiver acompanhada de macho responsável
l) Viajar e/ou residir sozinha (o que inclui outra mulher)
Caso a vítima seja estuprada, haverá o agravante de:
a) Não comprovar luta ou resistência
b) Permitir-se estar dopada ou entorpecida
C) Não denunciar o crime de imediato mesmo sob ameaça de morte, tortura ou quaisquer pressões psicológicas.

50 comentários:

Anônimo disse...

Pff, você passou tanto tempo vivendo nessa sua bolha que já não sabe nem o que a população pensa.

Anônimo disse...

Lola, a Luiza Brunet falou hoje que o namorado bilionário dela lhe desceu o cacete e até quebrou-lhe quatro costelas. Eles estavam em Nova York. A coisa tá feia e não é só na favela.

Rafael disse...

Aqui na minha cidade teve outro caso de estupro coletivo, mais uma vez com traficantes e menores envolvidos,os comentários locais são os mesmos de sempre, mostra que a cultura do estupro é uma realidade dificil de mudar nesse país, pergunto, diante disso, diante da REALIDADE, as mulheres não precisariam de formas mais eficazes de defesa? É difícil tocar nesse aspecto sem parecer machista mas o comportamento da mulher não deve entrar na equação?

Por fim, não tá na hora da esquerda e do feminismo deixar de passar a mão na cabeça de menor estuprador?

Anônimo disse...

QUÊE ?

Anon das 12:36 : Então o que a população pensa ? Você sabe o pensamento de todos ? Nossa que legal, mais um mascu dono de todas as verdades do mundo !

E Rafael, desde quando, se uma mulher usar uma peça curta, ela está pedindo para ser abusada? Vivemos em um país onde a ignorância alheia não tem limite, país machista e preconceituoso. Estudos apontam que a cada 12 segundos uma mulher é estuprada.

A culpa é da mulher por estar usando roupas sensuais, provocantes? Ou é dos psicopatas, ninfomaníacos, pedófilos ou tarados que acham corretos fazerem sexo à força com as vítimas? Boa parte dos homens está vendo as mulheres como apenas um pedaço de carne ou um simples objeto de prazer. Esquecem que também é gente, tem sentimentos e tem o direito de usarem roupas curtas para se sentirem bem e elevar a sua autoestima e não para serem atacadas.

Algumas vítimas, depois de serem abusadas, ficam depressivas e com medo de saírem de suas casas. Boa parte adquire o vírus do HIV, pois o sexo é forçado e o agressor não usa preservativo.

Então ninguém está passando a mão na cabeça dos estupradores, sendo eles menores de idade ou não. E aliás, o feminismo luta contra o estupro, e não a favor dele.

Leia este post da Lola e veja, se pergunte se a mulher mereceu ser estuprada. Tire suas próprias conclusões : http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2016/06/a-incrivel-carta-de-uma-sobrevivente.html


~A.A.

titia disse...

Rafael Cherem como o comportamento da mulher entraria na equação? Elas devem parar de se vestir como quiserem, deixar de ir a festas, de beber ou levar a própria garrafinha de bebida quando saírem (porque mesmo que elas não bebam muito sempre tem alguém achando ok botar droga na bebida delas pra estuprar)? Elas devem deixar de sair à noite, de andar de ônibus? Deixar de sair com homens, de namorar, casar com eles? Porque olha, as mulheres já andam atentas, usam roupas que não são curtas, maneiram na bebida ou prestam atenção nos seus copos e mesmo assim elas são estupradas. Eu realmente gostaria de saber como você acha que o comportamento da mulher deve, como você mesmo mencionou, entrar na equação do estupro.

Anônimo disse...

Não existe homem ninfomaníaco, para homem usa-se o termo tiranomaníaco. Mesmo assim isso nunca deve ser usado para justificar estupro.

Anônimo disse...

Nada jamais deve justificar um crime hediondo como esse. Assim como a igreja católica também não deve ser a culpada por conta dos crimes cometidos por católicos, o ''funk'' carioca não deve ser culpado pelos crimes cometidos por fanqueiros. Tanto o ''funk'' carioca quanto a igreja católica fazem parte da cultura do estupro, mas só os estupradores que devem ser punidos, não a religião ou estilo musical.

Anônimo disse...

Anon das 18:24 : Ugh, desculpe-me, realmente não sabia que para homens se utilizava um outro termo. E a propósito, eu NUNCA falei, em momento algum, que ser tiranomaníaco ou outra coisa qualquer justificasse o estupro. Pelo contrário, se você analisar o meu comentário, perceberá que eu joguei a culpa para cima dos ditos cujos. Ninguém merece ser atacado. Isto vale para todos os seres humanos !

Espero ter esclarescido,

~A.A.

1k2 disse...

O delegado queria indiciar a vítima por tráfico de drogas já que ela "confessou" que participava da "endolação" em troca de alguns papelotes.
Não é porque a vítima cometeu um crime que ela deixa de ser vítima de outro crime, ainda mais grave como esse.

Anônimo disse...

Rafael, eu entendo o que você disse. As mulheres devem se defenderam e não se prevenir como os machistas desumanos falam,lembro de uma notícia que vi no exame em que falava que estupros diminuíram quando as mulheres passaram a se prevenir? Deu até nojo. As feministas devem entender que além de serem mais fracas, as mulheres em uma situação de risco demoram mais que os homens pra ter una reação. Com tantos casos de estupro, com tanta gente defendendo estupradores é impossível ficar esperando que as coisas melhorem.

Anônimo disse...

E se o estuprador for menor de idade?Não é uma provocação,é um questionamento sincero.

Quando eu era adolescente,tinha um amigo meu de 15 anos que,por mais que talvez ele não fosse estuprador(apesar de que,pela lei atual,o que ele fazia seria considerado estupro hoje),ele era algo bem próximo disso.

Quando a gente pegava ônibus,ele aproveitava a lotação pra apertar a bunda das garotas quando elas passavam por ele.Sim,o cara era tão abusado que realmente apertava e não apenas "deixava" a bunda passar pela mão como eu já vi outros fazerem.

E ele era tão malicioso que na maioria das vezes ele abusava de meninas que tinham a idade dele ou até menos, pois sabia que nessa idade era mais fácil as garotas ficarem envergonhadas e não falarem nada ou até mesmo não entenderem a malícia do toque.

Duas meninas que ele abusou tinham mais ou menos uns 12 anos,o que eu acho que faria dele um pedófilo.Uma ele ficou roçando o cotovelo no seio.Lembro que na época eu tinha dito a ele depois que saímos do ônibus: "Pô,cara,quê isso?A menina devia ter uns 12 anos",e ele respondeu: "Ah,mas já tem peitinho".A outra ele apertou a bunda quando ela passava por ele.

Na adolescência eu era imaturo e influenciável como quase todo adolescente.Hoje eu teria feito bem mais do que dizer "porra,cara,para com isso".

Se ele não estuprou ninguém naquela época,com certeza ele estuprou depois.Ainda mais que, pela nova lei,o que ele fazia seria considerado estupro hoje.O que fazer?Se hoje o pessoal dos direitos humanos faz barulho contra a diminuição da maioridade penal para 16 anos até mesmo para crimes hediondos como estupro,homicídio e tortura,que dirá para 15.Alguns falam até que querem criminalizar a juventude.

Provavelmente alguém aqui vai dizer: "Não,nada de punição.Se o Estado investir em educação,tudo será resolvido".Poxa,mas mesmo que o problema fosse a falta de educação,quer dizer que enquanto não houver educação pública de qualidade para todos,quem tem menos de 18 anos pode continuar estuprando,matando,torturando e cometendo todo tipo de crime?

titia disse...

20:57 a maioria dos estupros acontece em casa e é cometida pelo companheiro, pai, avô, tio, irmão ou amigo da vítima. Como devemos 'nos prevenir' desses estupros, então? Como as mulheres vão impedir que o pai, avô ou irmão as estuprem? Não nascendo? E pra evitar estupros conjugais? Devemos parar completamente de nos relacionar com vocês?

Ezco Musaos disse...

Anon 01:20, simplesmente não consigo enxergar a menor lógica nessa significativa parcela do feminismo que é contra o aumento da punição para estupradores menores de idade. Esse tipo de situação me impede de dizer que sou uma pessoa totalmente de esquerda, apesar de concordar com quase todos os seus ideais.

Anônimo disse...

Anon das 20:57 do dia 09/07: Você entendeu o que ele disse ? Que bom ! Agora vê se entende o que eu vou te falar !

Sabe, meu caro, a cada uma hora e meia, uma mulher morre no Brasil por causas relacionadas à violência, em sua maioria, cometidas por homens, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Pesquisa pra ver se tô mentindo. Eu bem que queria, mas não. Não estou. Isso é no mínimo, chocante né ? Mas você certamente não sabe do pior ! A maioria dos casos são cometidos pelos pais, avós, tios, primos, irmãos, maridos/namorados, e até pelos próprios filhos. Wow ! Isso foi um choque de realidade para você, né ?

Mas porque isso ocorre ? Bem, eu só tenho uma explicação... Pois nós vivemos em um país onde a ignorância alheia não tem limite, país machista e preconceituoso. Se você negar essa premissa, vai estar mentindo. Ora essa, então porque raios quando um estupro acontece, a primeira coisa que se passa pela cabeça das pessoas é se questionar se a vítima está falando mesmo a verdade? Certamente não é o que ocorre com outros crimes, a não ser que você duvide toda vez que alguém afirma ter sido vítima de um assalto ou roubo. A resposta é simples: por conta da cultura do estupro, que é muito enraizada na nossa sociedade.

Ao disseminar termos que denigrem as mulheres, permitir a objetificação do corpos delas e glamurizar a violência sexual, a cultura do estupro passa adiante a mensagem de que a mulher não é um ser humano, e sim uma coisa. Um objeto. Apenas um pedaço de carne para satisfazer os prazeres animalescos dos homens.

Não importa se ela estava de roupa curta, não importa se ela estava bêbada... Não importam as circunstâncias da vítima no momento. A partir do momento que ela não quis o ato sexual, ela deve ser respeitada. Porém, muitas vezes as mulheres são atacadas quando não têm condições de negar algo, quando estão frágeis e indefesas. Entendeu o problema agora ?

Não adiantaria ela saber lutar kung fu ou outra arte marcial, se ela não teria condições físicas de reagir no momento.

Então, como o senhor sugeriria que elas se defendesse ? Evitando usar a roupas provocativas ? Mas meu caro, as roupas não são um convite. E elas deveriam parar de vestir como quiserem ? Porque o crime deixaria de ser crime por causa da roupa dela ? Os homens não são capazes de controlar seus impulsos ? Então eles que devem ir para a ala psiquiátrica, pelo bem da sociedade.

Aproveite e leia novamente o post e alguns outros comentários por aqui mesmo. Grato,

~A.A.

donadio disse...

"Rafael Cherem como o comportamento da mulher entraria na equação?"

Pelo que tenho visto dos posts do Rafael Cherem, suponho que ele esteja querendo dizer que as mulheres deveriam aprender a atirar ou praticar artes marciais. De uma forma mais genérica, que deveriam repelir os estereótipos do gênero feminino e passar a se comportar mais "como homens".

Não é algo que eu apoie, mas algumas coisas desconfortáveis precisam ser discutidas. Uma delas é essa: tanto os estereótipos masculinos quanto os femininos são danosos, e, sobretudo, danosos às mulheres. Mas tanto mulheres como homens vivem e encarnam esses estereótipos, os tem como normas sagradas e imutáveis, e os reproduzem todo dia, ridicularizando os desvios, pontificando sobre o que é e não é certo, e reprimindo quando podem. E sem mudar isso, a tendência é que esses estereótipos continuem a regular nossas vidas - e, o que pior, nossas mortes.

donadio disse...

"E se o estuprador for menor de idade?"

Se o estuprador for menor de idade ele será punido de acordo com o ECA, em vez do Código Penal. Por que isso é tão difícil de entender?

Quanto ao caso do seu amigo de adolescência, vale lembrar o que diz o Código Penal:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso

Não é o que o seu coleguinha fazia.

Se não envolve violência nem grave ameaça, não é o que o Código Penal chama de "estupro".

donadio disse...

Mas meu caro, as roupas não são um convite.

Se a moda é uma linguagem, como muita gente parece pensar (http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/11/guest-post-moda-corpo-e-controle.html), então talvez a roupa possa ser um convite. Por isso me parece importante desconstruir essa ideia de que moda é linguagem.

Anônimo disse...

Pq alguns comentários estão na dará de 1 de Julho se o post é do dia 9?

Anônimo disse...

Eu não disse se "defender" em questão de roupa, nunca diria isso. Isso é defender um estuprador totalmente, dando motivo pra ele atacar. Eu disse se defender em questão de luta, acho que toda mulher aprender algum tipo de luta deveria ser obrigação em todo mundo.

Anônimo disse...

Lola:

Quando os movimentos feministas vão se atentar que a alteração do artigo 213 do Código Penal, promovida pela Lei 12.015/2009, no Governo Dilma, deu um imenso "tiro no pé" ao "unificar" os crimes de estupro e atentado violento ao pudor (avp)?

Antes: penetração anal (ou oral) forçada + penetração vaginal forçada = UM avp + 1 estupro. Penas 6 + 6 anos = 12 anos.

Agora: penetração anal (ou oral) forçada + penetração vaginal forçada = UM estupro. Pena: 6 anos.

********Já passou a hora de se mobilizar e alterar a legislação.*****
Marco



Anônimo disse...

Donadio: o adolescente que comete ato infracional análogo ao crime de estupro, conforme o ECA, poderá ficar internado ("preso") por no máximo três anos, sejam quantos forem os números de estupro cometidos e suas gravidades. "Meio pouco", não?

Se a vítima for menor de 14 anos, como no exemplo do Anon da 01:20, trata-se de estupro em razão da idade da vítima (<14 anos), independentemente de violência, ameaça ou mesmo consentimento.

Anônimo disse...

Mas, donadio, muitas vezes as mulheres são atacadas quando não têm condições de negar algo, quando estão indefesas. Normalmente o estuprador as ataca quando elas estão bêbadas. Entendeu o problema agora ?

Não adiantaria ela saber lutar kung fu ou outra arte marcial, se ela não teria condições físicas de reagir no momento...

E aliás, as mulheres não deveriam ter que fazer aulas marciais se não quisessem (Eu fiz por obrigação - e você nem imagina o quão ruim é). E se elas quisessem fazer por contra própria, não deveriam ser criticadas pelos outros, "por ser coisa de homem".

Não deveria ser normal viver com medo. Não deveria ser normal as mulheres terem que se defender de caras que as atacam por não conseguirem controlar seus instintos. Não deveria ser normal. Isso nunca deveria sequer existir, pra começo de conversa.

Entendo o ponto de se defender do estupro - mas o estupro deveria não acontecer. As mulheres não deveriam ser educadas para não ser estupradas - os homens que teriam que ser ensinados a não estuprar, a se controlar. Que mulheres são humanos. Não um mero pedaço de carne. Isso é doentio. E esse processo deve ocorrer desde criancinhas.

Se defender é um bom ponto, mas elas não deveriam ter que se defender. O respeito é dela por direito !

~A.A.

Anônimo disse...

E, Donadio... De acordo com o Código Penal Brasileiro em seu artigo 213 da Lei nº 12.015, de 2009, estupro é constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou outro ato libidinoso. Atos libidinosos, por sua vez, podem não ter caráter sexual, mas podem configurar o crime por conta das circunstâncias em que são praticados. A pena é de 6 a 10 anos de prisão.

Então o coleguinha da anon, tecnicamente falando, abusou sim daquelas garotas. Já que não houve consentimento...

E concordo com o que disseram ali em cima. Precisamos de mais políticas de segurança pública pensadas sob a perspectiva de gênero, com normas combativas através da discussão absoluta sobre o direito da mulher.

Porém, infelizmente, leis penais não são capazes de moldar comportamento. Elas podem, quando muito, coibir e punir comportamentos desviantes, mas elas não mudam nossas crenças. Se quisermos resolver a violência contra a mulher, precisamos moldar nossa relação com o corpo feminino e com nosso próprio desejo.

~A.A.

Anônimo disse...

"Normalmente o estuprador as ataca quando elas estão bêbadas."

Não necessariamente.

Anônimo disse...

"Se a moda é uma linguagem, como muita gente parece pensar, então talvez a roupa possa ser um convite."

Então você quer dizer que as mulheres não podem se vestir da maneira que quiserem, já que isso pode ser mal interpretado ? Esquece que mulher também é gente, tem sentimentos e tem o direito de usarem roupas curtas para se sentirem bem e elevar a sua autoestima e não para serem atacadas.

Gostaria apenas entender o que se passa pela cabeça de julgar alguém pelo comprimento de sua roupa. É claro que há exceções, mas o tamanho da roupa não é proporcional ao desejo sexual, se é que me entendem. Cara, é só uma saia, uma regata e um par de chinelos.

Sem ser hipócrita, seja você homem ou mulher tenho certeza de que já julgou alguém pela roupa que ela estava usando, principalmente aquela menina de shorts curto e decote aparecendo, a tal da piriguete. Mas vem cá, quem disse que ela é piriguete? Ok, eu também já pensei mal de algumas garotas por conta do comprimento de suas roupas (e me envergonho disso), até conhecê-las bem e notar o quanto o pensamento machista dominante na sociedade já infectou milhares de pessoas. Até o meu, e espero ter me libertado disso.

Como podemos rotular alguém como se fosse um produto a mostra no supermercado ? Como pode uma pessoa tão moderna, julgar alguém por conta de seus trajes ?

Quem foi que disse que se uma mulher usar uma roupa “insinuativa” é porque está disposta a receber assédios ? Onde foi que tá escrito que quando a mulher está de vestidinho ela pode ser abusada sexualmente ?
"Também, você viu que tipo de roupa ela usa ?"
Então se você estiver com uma blusa com o decote um pouco maior que o normal um cara qualquer terá o direito de te pegar a força e fazer sexo com você contra a sua vontade simplesmente porque naquele dia tu acordou afim de usar uma blusa com o decote em V ? Sim, pois o estupro também acontece com homens, mas as maiores afetadas são mesmo as mulheres e crianças. Homens só tem medo de serem estuprados se forem pra cadeia, mas as mulheres convivem com isso (este medo) todo santo dia. Mas imagine, aplique esse conceito em você. Você mereceria ser estuprado por usar bermuda ? Ora bolas, porque com mulher é diferente ?
Em que século parou a cabeça desse tipo de gente ? Roupa não define caráter. Ou você é gótico porque usa preto ? Ou um nerd total porque usa óculos ? Sério, me poupem.

~A.A.

Anônimo disse...

Para mim, estuprador merece ser esfolado, independentemente de ser adulto ou menor de idade. Segundo: sou totalmente a favor do uso de armas apenas para mulheres. Eu tenho spray de pimenta na bolsa mas adoraria ter uma arma para a minha proteção. Estou ate mesmo pensando em carregar acido para dissolver o rosto de qualquer homem que tente me ameaçar. De qualquer forma, devemos nos proteger.

donadio disse...

"o adolescente que comete ato infracional análogo ao crime de estupro, conforme o ECA, poderá ficar internado ("preso") por no máximo três anos, sejam quantos forem os números de estupro cometidos e suas gravidades. "Meio pouco", não?"

Ou pode ficar internado para o resto da vida, como no caso do Champinha. Mas a questão é a seguinte: três anos ou trinta anos não desfazem o crime. E penas pesadas não desetimulam nem nunca desestimularão a criminalidade. O que desestimula é a certeza da punição. E esta no sistema brasileiro não existe nem pode existir enquanto houver uma camada social que considera que crime é o que é praticado por "criminosos", mas que o mesmo ato, exatamente igual, quando praticado por um "cidadão de bem" deveria passar impune.

E no caso do estupro, então... nem falar. A moça é estuprada, os criminosos vazam o crime na rede, em vídeo em que mostram a cara, mostram a infeliz pedindo para não fazer, se gabam de ter praticado o crime... e o comentariato se divide entre os que acham que ela mereceu por que era vadia e os que dizem que "nada foi provado" e que é "a versão dela contra a versão deles". De que jeito vai haver certeza de punição, se o estupro é o único crime em que a sociedade leva a sério a presunção de inocência?

Vou repetir: o estupro é o único crime em que a sociedade leva a sério a presunção de inocência. Minto: o estupro, e, conforme o caso, o estupro de incapaz.

"Se a vítima for menor de 14 anos, como no exemplo do Anon da 01:20, trata-se de estupro em razão da idade da vítima (<14 anos), independentemente de violência, ameaça ou mesmo consentimento."

"Mas, donadio, muitas vezes as mulheres são atacadas quando não têm condições de negar algo, quando estão indefesas. Normalmente o estuprador as ataca quando elas estão bêbadas. Entendeu o problema agora ?"

É por isso que o Código Penal tipifica, além do crime de estupro, o crime de "estupro de vulnerável". Se a vítima é menor de 14 anos, é como se houvesse violência, ou grave ameaça, mesmo sem haver. Mas é o problema da legislação draconiana: ela convida à impunidade. O cidadão convence uma criança de sete anos de idade a chupar o pau dele em troca de uma boneca ou um sorvete: é crime de estupro de vulnerável. O outro desliza a mão "sem querer querendo" pelas coxas de uma menina de treze anos numa festa: é crime de estupro de vulnerável. No dia em que a vítima do segundo caso levar o caso aos tribunais, adivinha se vai haver juiz com coragem para condenar? A oito anos de cadeia? Numa sociedade em que a juiza chora quando não tem jeito senão condenar meia dúzia de assassinos de classe média, que cometeram o crime com inusitada crueldade, e que se evadiram para tentar evitar a punição? Ora.

donadio disse...

""Se a moda é uma linguagem, como muita gente parece pensar, então talvez a roupa possa ser um convite."

Então você quer dizer que as mulheres não podem se vestir da maneira que quiserem, já que isso pode ser mal interpretado ?
"

Não. Eu quero dizer o que eu disse: que a moda não é uma linguagem.

donadio disse...

"sou totalmente a favor do uso de armas apenas para mulheres."

Sei, e o Estado patriarcal vai garantir plenamente isso.

Anônimo disse...

"Quanto ao caso do seu amigo de adolescência, vale lembrar o que diz o Código Penal:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso

Não é o que o seu coleguinha fazia.

Se não envolve violência nem grave ameaça, não é o que o Código Penal chama de "estupro"."

Mas Donadio,"constranger mediante violência" não é o mesmo que fazer algo com outra pessoa sem o consentimento dela?

Anônimo disse...

Não o estado, mas o dinheiro. As mulheres que possuem grana podem muito bem comprarem armas em outro país ou arrumar um jeito de comprarem pela internet. E de pagar um bom advogado se algo der errado.

Anônimo disse...

Ué, donadio... Sua frase das 12:08 ficou confusa, pois eu não a entendi, então... Obrigado por esclarescer.

Achei que você tinha dito que a roupa era uma linguagem. Pois, realmente, ela não é.

Mas, bem, vai que o meu comentário sirva para quem entendeu aquele comentário da mesma forma que eu...

Grato pela correção, procurarei analisar com mais atenção seus comentários (pois gostei do que você comentou em posts anteriores).

~A.A.

Anônimo disse...

Sim! Mas pra direita isso não é abuso, esquerdistas só usam essas desculpa por causa da maioridade penal.

donadio disse...

"Não o estado, mas o dinheiro. As mulheres que possuem grana podem muito bem comprarem armas em outro país ou arrumar um jeito de comprarem pela internet. E de pagar um bom advogado se algo der errado."

E isso vai proteger quem? As mulheres que possuem grana?

E enquanto isso, dura lex sed lex, no do povo só fumex"?

Anônimo disse...

Donadio:

"Ou pode ficar internado para o resto da vida, como no caso do Champinha": falso. Champinha não está internado em razão do ato infracional, estupro, mas em razão de sua enfermidade mental. E mesmo assim, isso é raríssimo. Duvido que na história do Brasil, após o ECA, existam uma dúzia de casos semelhantes, até pq de legalidade muito duvidosa.

"Mas a questão é a seguinte: três anos ou trinta anos não desfazem o crime. E penas pesadas não desetimulam nem nunca desestimularão a criminalidade. O que desestimula é a certeza da punição". Falácia detectada.
A primeira afirmação é correta, mas a seguir esse raciocínio, não haveria necessidade de se prever crimes, afinal seja a pena de um dia ou um século, o tempo não volta. Ocorre que a punição nunca teve como função "desfazer" o crime. logo, a afirmativa é non-sense.

Penas pesadas não desestimulam o crime, mas a certeza da punição: em termos. Desde que a punição não seja tão fraca que compense o crime. É o que ocorre hoje, por exemplo, com o estelionato. A punição é tão fraca que mesmo a quase-certeza de punição compensa o risco de ser punido. Detalhe: evitemos outra falácia ao falar que, se com certeza o agente fosse punido, ele não lucraria nada com o estelionato. Pois, no mundo real, não existe 100% de certeza de punição em nenhum país do mundo, nem por crimes extremamente graves.

"E esta no sistema brasileiro não existe nem pode existir enquanto houver uma camada social que considera que crime é o que é praticado por "criminosos", mas que o mesmo ato, exatamente igual, quando praticado por um "cidadão de bem" deveria passar impune." falácia. Essa frase não é causa da falta de certeza de punição, mas sua consequência. Uma das causas é a deficiência do aparato investigativo policial. Outra, aliás, é a fraqueza da punição daqueles que são descobertos, que atemoriza eventuais testemunhas a deporem.

Anônimo disse...

Loucura isso. Ácido? Você é louca total.

Anônimo disse...

Não falta punição para a vítima de estupro. Ela é plena e vem de todos os lugares, desde o tratamento "vip" recebido na delegacia, depois no IML para exames, até na hora de apresentar o caso à justiça.

Anônimo disse...

Anon das 04:35: mas não entendo os esquerdistas, como a Lola, reclamarem disto.
Isso, ao final das contas, é o raciocínio da esquerda: o autor do crime é quem é a verdadeira vítima, vítima da sociedade, da desigualdade, blá, blá, blá, e por isso não pode ser punido com rigor, já o(a) ofendido(a) faz parte da sociedade opressora...

Anônimo disse...

Infelizmente, é um comentário real. A depender das circunstâncias, a vítima pode ser responsabilizada ou o estuprador relativizado de alguma forma. É nisso que o comportamento da vítima é um ponto nebuloso.
Por um lado, parece óbvio que devemos evitar situações que nos coloque no 30% dos casos de estupro ocorridos fora de casa. Evitar beber, andar por lugares ermos. Embora seja um direito nosso de vestir o que quiser, beber o quanto quiser etc, nem sempre sabemos que o outro vai respeitar esse direito.
Por outro lado, me parece cínico e hipócrita cobrar da mulher que ela não se exponha a situações de risco full time. Convenhamos! Todo mundo teve aquele dia que bebeu além da conta ou que passou por um local ermo para chegar mais cedo em casa. Não dá pra se manter 100% livre de riscos o tempo inteiro. Nem dentro de casa estamos seguras.
Exigir que a mulher seja preparada para lidar com situações como essas (lutar arte marcial, por exemplo) é dar a responsabilidade da segurança unicamente à vítima e deixar de discutir, como sociedade, o porquê de crimes abomináveis ainda ocorrerem, consequentemente, limpar a consciência de que não existe cultura de estupro e tudo ocorreu porque a vítima não se defendeu direito. De qualquer forma, sempre vai ter alguém pra julgar a atitude da vítima e isso é muito triste.

Titia, tem certas coisas que eu não entendo nos homens. Quando uma mulher relata que já teve medo daquele fiu fiu se tornar algo pior ou de pegar carona com um conhecido homem, ela é paranóica pq "not all men". Basta que uma única vez ela confie no "not all men", ela vacila e é estuprada. Aí vira a vadia ingênua que não sabia que fulano era estuprador e que não pode pegar carona com conhecido.

Anônimo disse...

A direita apesar de querer punir, ela não considera crime um cara passar a mão em uma mulher desconhecida. O autor do crime é vítima da sociedade sim, mas dizer isso não significa "ele não deve ser preso" como o cérebro de vocês entende. Sempre ouvi dos porcos da direita que certas pessoas da esquerda defendiam estupradores, mas a direita é quem faz piada de estupro, que endeusa um estuprador ou seja a esquerda não chega nem perto da direita.

Anônimo disse...

"Não o estado, mas o dinheiro. As mulheres que possuem grana podem muito bem comprarem armas em outro país ou arrumar um jeito de comprarem pela internet. E de pagar um bom advogado se algo der errado."

Bem lembrado. Vou dar um exemplo. Vamos supor que liberem o porte de arma.
A empregada doméstica é mulher, pobre, negra, periférica. Sofre uma tentativa de estupro. Atira no patrão para se defender e mata o sujeito.
Ela vai responder por homicídio e vai tentar provar sua inocência e a legítima defesa.
De um lado, uma pobre negra e periférica. Mãe solteira, engravidou aos 14 anos. Vadia. Curte um funk. Promíscua. Certeza que dava em cima do patrão. O que fazia armada?
Do outro, o branco, hetero, casado, pai de família, "doutor". Era um cidadão de bem, ajudava na Igreja. Jamais faria mal a uma mosca.
Não houve conjunção para supor que houve um estupro. É a palavra da periférica contra a reputação do cidadão de bem. Cadeia nela.


Agora outra situação.
Tá lá o jovem branco universitário saindo de balada sertaneja. Arma na cintura. Se aproxima um flanelinha negro pedindo umas moedas de gorjeta. O universitário atira no flanelinha. Não precisa de motivos, afinal, quem se importa com vida de pobre?
É claro que o flanelinha era ladrão. Se aproximou para roubar o carro e foi morto pelo corajoso e bravo filho da classe média. Aparece no jornal como justiceiro. Pq bandido bom é bandido morto.

Anônimo disse...

EXATAMENTE, 11:22! Por isso que rio tanto da ala da direita antifeminista defendendo porte de arma como "direito da mulher": se com ato praticado já duvidam da denúncia, imagina então quando for só a vítima defendendo que atirou pq o cara teve "intenção de estuprar". Vai tudo presa por homicídio/agressão violenta. E ainda vão dar um jeito de piorar a historinha "muitas mulheres fingindo estupro pra vitimizar os pobres ômis" pra uma histeria coletiva de "mulheres misândricas usando pretexto de crime de estupro pra exterminar homens".

Anônimo disse...

"Anon das 04:35: mas não entendo os esquerdistas, como a Lola, reclamarem disto.
Isso, ao final das contas, é o raciocínio da esquerda: o autor do crime é quem é a verdadeira vítima, vítima da sociedade, da desigualdade, blá, blá, blá, e por isso não pode ser punido com rigor, já o(a) ofendido(a) faz parte da sociedade opressora..."

Pois é.

Eu fico FULA da vida quando aparecem aqueles textões tipo "fui roubado, meteram uma arma na minha cabeça, quebraram a vitrine da minha loja, perdi documentos MAS TÁ TUDO BEM PORQUE FUDIDO É O OUTRO", ah tenha dó. Discurso dos mais perigosos esses.

Dentro desta raciocínio, "a punição para a vítima de estupro" faz, de fato, todo sentido do mundo.

Vi gente de esquerda COMEMORANDO arrastões, dizendo que isso era justiça social, que "riquinho" tem mais que se foder... oi?

E gente assim sai candidato por um PSOL da vida e se elege.

Anônimo disse...

"Exigir que a mulher seja preparada para lidar com situações como essas (lutar arte marcial, por exemplo) é dar a responsabilidade da segurança unicamente à vítima e deixar de discutir, como sociedade, o porquê de crimes abomináveis ainda ocorrerem, consequentemente, limpar a consciência de que não existe cultura de estupro e tudo ocorreu porque a vítima não se defendeu direito."

Acredito que uma coisa não seja excludente da outra.

Beber não é crime, estuprar é.
Mas se você sabe, por certo, que álcool é a droga facilitadora de estupro mais usada no mundo já que não exige nenhuma outra ação do agressor a não ser simplesmente esperar a vítima intoxicar a si própria, daí é possível tomar decisões mais conscientes.

E qualquer um que já tenha frequentado alguma festa universitária sabe: a pessoa pode estar desacordada ali que ninguém faz nada. Ninguém chega com cartilha para cada um dos convidados dizendo olha, não estupra não tá, é crime. Fora que, convenhamos, criança é só até os 12 anos de idade. Quer ser adulto, aja como tal pelo menos, sociedade não é obrigada a ser babá de marmanjo.

EU VI uma garota passando por isso, fui lá me intrometer e quase apanhei dos organizadores de uma determinada festa. Chamar polícia também não adiantou nada.

Simplesmente deixei de frequentar esses lugares e olha, não morri não.

Anônimo disse...

(Viviane)
Donadio, esse caso do choro da juíza é o do índio Galdino?
Bem, vou discordar de você: não é a legislação draconiana a causa da impunidade, mas a classe social do réu: na hora de condenar morador de rua por furto de um frasco de detergente, o juiz não pensa duas vezes...

Anônimo disse...

(Viviane)
Anon de 11h22, nem precisamos ir longe. Isso que você falou já é o que acontece direto nos EUA...

Anônimo disse...

Criança é só até os 12 anos? Você deu mais desculpa para estupradores, parabéns! Eu com 13 anos era uma pessoa uma pessoa super infantil, agora sabendo que sempre fui maior de idade fico feliz...

Anônimo disse...

Você é burra(o) pessoas que comemoram arrastões não são de esquerda e muito menos de direita, essas pessoas são a parte burra da sociedade.

Anônimo disse...

13:19, o uso da palavra exigência no caso se refere aos mecanismos que as pessoas recomendam para prevenir o estupro, como saber artes marciais e usar armas. Vamos supor que a vítima saiba artes marciais e por algum motivo não tenha condições de reagir (entorpecida, pé quebrado, ou simplesmente "trava na situação" etc). A partir do momento em que sabe-se que ela tem alguma condição de reagir, teoricamente, credita-se a responsabilidade de defender-se à vítima. Se como tá hoje, as pessoas já culpam a vítima, imagine se a mulher for uma lutadora de artes marciais, o quanto de "a mulher luta/estava armada e mesmo assim foi estuprada? História mal contada". Ou seja, quando responsabilizamos totalmente a vítima pelo acontecido, estamos dizendo que a culpa é dela e somente dela por ter tido, na teoria, condições de reagir e não ter reagido.

donadio disse...

"(Viviane)
Donadio, esse caso do choro da juíza é o do índio Galdino?
Bem, vou discordar de você: não é a legislação draconiana a causa da impunidade, mas a classe social do réu: na hora de condenar morador de rua por furto de um frasco de detergente, o juiz não pensa duas vezes...
"

Esse caso do choro da juíza é o do índio Galdino.

A impunidade tem muitas causas, e evidentemente a desigualdade social é a principal.

A legislação brasileira não é draconiana, na minha opinião. O que há é uma grita por leis mais duras; ela ainda não foi capaz de modificar a legislação a fundo, embora algumas modificações muito ruins tenha sido feitas, numa mistura de imitação da legislação americana e emocionalismo. Um exemplo é o tal do "crime hediondo"; os tipos penais foram sendo "hediondizados" sem o menor critério, ao sabor do último crime do momento, sem uma preocupação séria com a hierarquia dos tipos penais. Houve um momento, por exemplo, em que os contrabandistas de couro de jacaré podiam dizer, "matar jacaré é crime inafiançável, matar fiscal do IBAMA não é".

Mas mesmo não sendo draconiana, ela cumpre um papel na manutenção da desigualdade social: trombadinha que mata, estupra - ou mesmo furta ou fuma maconha - é criminoso de altíssima periculosidade, tem que ser preso pelo maior prazo possível ("como assim só dezenove anos de cadeia? É um escândalo! É a impunidade"); rapaz de classe média que faz exatamente a mesma coisa "cometeu um erro e vai pagar por ele pela vida toda" (mesmo que a punição em questão se resuma a algumas cestas básicas ou trabalho comunitário).

E aí é que a legislação punitiva favorece a impunidade: nós não queremos que alguém que "cometeu um erro" passe dezenove anos na cadeia, pelo menos não quando esse alguém é da nossa classe social, então ficamos dando tratos à bola para arranjar uma maneira de não punir. Leis mais duras reforçarão esse efeito - "como assim pena de morte? só porque ele embebedou a moça pra transar com ela e a infeliz morreu de coma alcoólica? Foi um acidente, poderia acontecer com qualquer um!"

E é claro que a punição que é "insuficiente" para o trombadinha é "pesada demais" para o coxinha assassino, estuprador, etc.