quinta-feira, 1 de abril de 2010

A VITÓRIA DO MESSIAS DA INTOLERÂNCIA

Pra quem raramente assiste TV (meu caso), acompanhei bastante o BBB 10. E, claro, me arrependo. É sim uma total perda de tempo. Não é divertido, não entretém, seguramente não é sinônimo de inteligência, e está repleto de gente que não me interessa nem um pouco. Então, por que vi esse troço? Porque comecei a seguir, mais pela curiosidade em ver a Twitess (eu, que nem tenho Twitter, sabia que ela era conhecida no meio), uma doutora, a Elenita, e uma drag queen, o Dicesar. E meio que viciei, apesar de não torcer por ninguém.
Mas o assunto é, de novo, o Dourado. Desde o comecinho do programa, ele me pareceu o suprassumo da estupidez. Tudo que eu detesto numa pessoa reunido num só pacote: antipatia, pouco senso de humor, falta de modos (cuspir e arrotar o tempo todo é bem nojento), e, acima de tudo, preconceito. Muito preconceito contra gays e mulheres. Pouco depois descobri que ele tinha uma suástica no corpo. Foi a cereja no milkshake. Se ele tivesse sido indicado nos dois primeiros paredões, provavelmente teria saído. Não pelo seu preconceito explítico, mas pelo público não ter aprovado a inclusão de dois antigos participantes. Porém, ele foi ficando, cativando uma torcida fanática, e, lá pelo meio da edição, já era favoritíssimo ao prêmio de 1,5 milhão. Foi previsível.
Mas como um cara desses agrupa uma torcida tão grande? Considero que ele virou porta-voz de gente que sempre foi preconceituosa, mas ultimamente não se sentia tão livre para expor seu preconceito. Daí veio essa história de “Orgulho Hétero”, de que, no fundo, homens héteros são mais discriminados do que gays.
Esta semana tive uma discussão com alguns alunos de uma turma pra que dou aula. Eles acreditam piamente que o padrão desejável, o homem branco hétero, é vítima de preconceito. Os exemplos que dão? Ah, se um hétero for a um bar gay, ele será maltratado. Primeiro que essa afirmação é altamente discutível, eu respondi (tá cheio de héteros que adoram frequentar bar gays, e duvido que se fossem torturados lá dentro, continuariam indo). Depois que seria preciso um deslocamento do homem hétero para um lugar específico para que talvez houvesse discriminação. Mas, para uma minoria, não é preciso deslocamento algum. O preconceito acontece no seu dia a dia, no seu habitat.
Outra coisa que alguns dos meus alunos acreditam é que o ser humano é
naturalmente preconceituoso. Se os gays dominassem o planeta, afirmam eles, os homossexuais discriminariam os héteros. Eu adoro esses exercícios de futurologia! Mas, antes de partir pra ficção científica, que tal se focar na realidade? Bom, a realidade, pra eles, é que é perfeitamente possível uma minoria dominar uma maioria. Pra exemplificar, eles não citam qualquer elite, mas a Alemanha de Hitler (?) e a minoria branca na África do Sul. Eu nem entendo as comparações: eles estão insinuando que os gays representam uma minoria que já domina o mundo de maioria hétero? Sim, segundo uma aluna: hoje em dia nem dá pra saber quem é gay e quem não é, e todo mundo é bissexual.
A vitória dourada no BBB é uma coroação desse tipo de pensamento.
O discurso é um tanto contraditório. Para muitos, simplesmente não existe mais preconceito contra gays, mulheres, negros e outras minorias, então parem de reclamar, pô (minha aluna viu Milk, gostou, e acha que, naquela época, a luta contra a homofobia tinha razão de ser, mas hoje?! Eu esqueci de lembrar que, só no Brasil de hoje, um gay é assassinado a cada dois dias). Para estes, se existe preconceito, ele é contra o homem branco hétero (de um comentarista do Terra: “Existe muito preconceito neste país, mas prefiro o lutador a coisa que Deus não criou”). E eles sentem-se profundamente ofendidos ao serem acusados de homofobia. Retirei este comentário do portal Terra sobre o BBB: “Tão pior que ser homofóbico, é acusar alguém de homofobia, usando sua opção sexual para prejudicar uma pessoa”. O lado bom é que homofobia virou um insulto. O lado ruim é que ninguém é visto como homofóbico mesmo. Homofobia é ficção de gente com complexo de perseguição, sabe?
Dourado representa essa total inversão de valores. O homofóbico é o perseguido. Pra ajudar, alguém de sua família espalhou que Dourado tem trauma de gays e travestis porque ele e alguns amigos foram espancados por um grupo de travestis. Pois é, não são os pitboys que espancam travestis, é o contrário! Um comentarista deu sua opinião: “Se ele apanha de gay, então ele é gay ao quadrado”. Outro decretou: “É gente do tipo do Dicesar que faz aumentar a homofobia no Brasil”. Entende? Não é gente do tipo do Dourado e seus seguidores (que escrevem coisas como “Odeio gay sim, e daí? Não pode?!”) que fazem aumentar a homofobia, mas os próprios gays. Afinal, se a homossexualidade não existisse, não haveria motivo para homofobia! Por esta ótica, Dicesar é culpado pelas 11 mil ameaças que recebeu na internet. Eu não li essas ameaças, mas colhi alguns comentários da Máfia Dourada:
- “Começou tropa. O mestre atirou a boneca rodou”.
- “Hei hei hei. Dourado vai ser rei. Dicesar é um baita gay”.
- “Valeu tropa! Nossa honra esta salva, porque macho é macho, e gay é resto. To rindo a toa destas frangas, kkk”.
Quem acha que Dourado não é homofóbico pode responder: se ele não é, por que atrai gente tão preconceituosa? Dourado tornou-se um líder, digamos, espiritual, para esse pessoal que se julga perseguido. Mensagens como esta são clichê: “Dourado é nosso mestre e a ele obedecemos, Dourado força e honra ... estamos contigo...”. Estão com ele pra quê? Contra quem? Alguns apelam pra religião, inventando um messias: “Quem trouxe o Dourado de volta e fez toda essa ordenança foi Deus. Ele zela por cada filho, mesmo os ditos 'Sem Fé' e faz sua graça na hora certa. [...] Um novo Dourado nasceu de vocês, por vocês! O Brasil unido pode, nós estamos provando que podemos não só para o BBB, mas para tudo que queremos na vida”. Tenho até medo: o Brasil unido por um sujeito com tatuagem de suástica pode o quê, exatamente?
Mas sinto que este comentário diz tudo: “Quem nunca cuspiu? Quem nunca arrotou? Quem nunca falou um palavrão? O Dourado apenas fez na TV o que as pessoas fazem de maneira privada porque elas têm medo dos que os outros vão pensar”. Pois é, não precisa mais ter medo do que as pessoas vão pensar dos seus preconceitos. Pode arrotá-los à vontade na TV, em horário nobre, e ainda receber uma bolada de dinheiro por eles. Os bons tempos voltaram, vamos gozar outra vez.

66 comentários:

Omar Talih disse...

Há muito tempo que sinto isto na pele. Sou "moreno" mais marrom que negro ou branco. Já participei de diversos debates sobre esta discriminação: Negros não gostam de mestiços, brancos também não. Então sofro duplamente. Mas como dizia um politico daqui; "Eu não sou racista, tenho até um amigo negro que trato como se fosse branco." Isto não é racismo? É claro que dividir o poder com outros grupos, não faz parte do desejo de nenhum grupo que domine. Os nazista se diziam superiores, os homofóbicos se dizem melhores. Em que? Somos todos finitos e morremos iguais, não importa se hetero ou homo, emo ou sertanejo.
Na verdade somos uma espécie tão mediocre, tão pouco evoluída e com certeza acabaremos por nos auto extinguir dentro de alguns séculos.
Já imaginou um mundo só de Homens brancos, heteros e preconceituosos?
Mas as mulheres tem muito poder, os homosexuais também, os negros podem e devem lutar pelos direitos que tem direito. Enfim, sempre haverá alguem descontente e se achando injustiçado. Pergunte a qualquer presidiário e logo ele dirá que a sociedade é quem é culpada pelas suas mazelas. E o show deve continuar.

Thiago Medeiros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
adélia disse...

Muito bom, Lola!

Carol Morais disse...

Lola,
Foi como discutimos na aula. Eu acho uma hipocrisia tão grande desse povo que "torceu" para o Dourado. O melhor é dizer que ele não tem instrução, por isso não teve a educação para saber como se transmite o vírus HIV.

Sinceramente, não é a primeira vez que ele está em um BBB. Talvez ele não tenha ficado muito tempo no BBB que ele já tinha participado por que não tinha nenhuma drag queen ou doutora em Linguística para criticá-lo e acontecer essa série de "barracos" que ele provocou. Eu acho que esse BBB degrada toda a imagem que formamos sobre o Ser Humano. Agora é normal ser homofóbico? Se ele mesmo se defendeu dizendo que não tinha instrução sobre aquilo, por que ele batia no peito para dizer que era homofóbico? Acho um programa degradante. E, quando a gente acha que pode ter um fundo moralizante...não tem!Assisti alguns dias, e é por isso que critico. É muito triste!

Adriana Riess Karnal disse...

Lola,
Acabei assistindo o BBB pelos mesmos motivos que tu...mas o programa não serve pra nada,rsrsr
Só não acho que o Dourado seja homofóbico, preconceituoso talvez...ele pediu desculpas a DiCésar,elogiou o Serginho e tals.Agora, defender ele com unhas e dentes é ridículo.

Tiago disse...

É uma inversão de valores. Realmente tudo o que aconteceu foi para 'despertar' quem já era preconceituoso, homofóbico e outras pessoas de valores doentes que por muito tempo infectaram a sociedade. Felizmente acredito que tudo isso é 'passageiro' e que a luta dessas minorias que são tratadas com preconceito é mais forte e mais constante do que uma simples 'vitória do messias da intolerância'. sou um otimista incorrigível! ;)

Vitor disse...

Muito bom, Lola. Nem tenho muito o que comentar, só que nessas horas a gente percebe que a sociedade não deu grandes passos em direção à tão propagada "igualdade entre todos". Ou dá passos pra trás vez por outra.

Vitor disse...

Adriana, o Dourado vir pedir desculpas a Sérgio (que é um alienado, desserviço à comunidade. o que vai ter de pastor o usando como exemplo que gays podem se curar não vai estar no gibi!) e Dicesar é pura dissimulação. Duvido que ele faria o mesmo se não estivesse num programa de tv.

Anônimo disse...

Achei interessante o que você falou sobre homofobia ter virado um xingamento. E isso me lembra uma discussão que eu tive ontem com meu primo e que me deixou tão consciente com algumas coisas. Eu tentei de todos os jeitos provar que quando o Dourado fala que tem nojo de beijo gay é homofobia. E ele tentava me provar que era um questão de gosto (wtf?). E ele depois afirmava que ele mesmo que não é homofobico e era a favor dos direitos gays, tem nojo de beijo gay(e fez algumas comparações idiotas de que ter nojo de uma cirurgia não é preconceito contra médico, sendo que claramente a gente não tá falando de uma classe de profissionais e sim de um outro tipo de caracteristica que une as pessoas). E além disso usava argumentos de que discriminação seria nao encostar num gay, não abraçar não falar; e que eu era quem estava ressignificando o conceito de discriminação.
Ao final da conversa eu percebi uma postura muito comum com pessoas que eu tenho tido essa conversa. O fato de homofobia ter virado xingamento fez com que elas tenham ficado incapazes de reconhecer a homofobia nelas mesmas. E que pra isso fazem uso de argumentos risiveis.
Ai eu já não sei o que esperar do mundo. Pessoas que se dizem contra o preconceito mas não conseguem ter a humildade de reconhecer o preconceito nelas mesmas. Ai vem o Bial e pra ferrar tudo fala que o Dourado não foi homofóbico. Que raiva.

Thiago Medeiros disse...

O Brasil às vezes tem umas crises de retrocesso que eu não entendo. Pode ser uma empolgação, calor do momento (isso sendo bem tolerante) de uma massa vendo um debate sobre um programa popular de horário nobre que pega o telefone e vota. Mas por outro lado, esse brinde à falta de educação e bom senso é preocupante porque parece ser um apoio a práticas que a galera (própria população, mídia, etc) vem lutando para acabar.

Robissaum disse...

Dourado é um ogro, mas realmente muita gente se sente representado por ele.

Qto a 'discriminação reversa' ela existe sim. Discriminação é um defeito inerente do ser humano, e ser gay não faz ninguém melhor nem pior.

Vou contar uma história da época em que eu morava na moradia da unicamp.

Todo começo de ano há vagas nas casas. Veteranos trocam de casas e os bixos se ajeitam. Um jogo social.

Estávamos e um outro morador da casa e surge um sujeito procurando vaga. Não era bixo, estava querendo trocar de casa. Ao saber que tínhamos vaga, tentou impor que deveríamos aceitá-lo.

Naturalmente não é assim que funciona. Ninguém fica sem casa na moradia da Unicamp, mas rola um processo de interação, conversa, etc e tal. Se alguém realmente quiser impor que vai morar em dada casa, a revelia dos moradores, a lei permite, mas o bom senso pede que seja diferente.

Qdo recusei - meu papel como mais velho da casa era tomar a frente dessas decisões - aceitá-lo assim prontamente, ele.. saiu me acusando de HOMOFÓBICO e que ia me denuciar pra Unicamp e talz.

Ficamos eu e outro morador - gay e meu amigo - dando risada da estupidez do sujeito. Com esse charme todo, aliás, deve estar procurando casa até hoje

Robissaum disse...

para o anonimo..

Beijo gay tb não me agrada, mas não sou homofóbico.

O que os homossexuais tem que buscar é que sejam respeitados. Apenas isso. Taxar todos que não são simpatizantes de homofóbicos é bobeira.

Se eu assisto um filme porno homo, vou ser obrigado a ficar excitado pra não ser taxado de homofóbico?

luci disse...

ligeirinho

voce nao precisa ficar de pau duro toda vez que ve um gay (correndo assim o hipotetico risco de ser chamado de homofobico).

o pior eh que as pessoas geralmente pensam assim. e ficam alteradas como se a gente nao-homofobica quisesse que elas se comportassem assim (ficando de pau duro. ô exemplo esdruxulo!).

nao queremos que todos os paus se levantem diante de um beijo gay, mas que as pessoas respeitem um beijo gay da mesma forma que respeitam um beijo hetero. nao eh pedir demais.

canis sine dentibus disse...

Não acho que seja crise de retrocesso, o que acho é que o tal dourado simplesmente foi a válvula de escape para a forma como realmente pensamos. O discurso antipreconceito havia colocado todo discurso preconceituoso na berlinda, não era legal (em todos os sentidos da palavra. qualquer um que destilasse seus preconceitos recebia reprovação, o que causava a sensação de ser reprimido no seu direito legítimo de falar o que quiser. O tal dourado foi o aval dado pela globo, pelo bial em seus discursos ridículos e destituídos de talento, pela mídia em geral que, ao invés de reprová-lo também, o mostrou como uma pessoa que tem coragem de dizer o que pensa.Se realmente tivéssemos avançado minimamente rumo à tolerância, o pitboy não teria lugar na mídia e teria sido eliminado do programinha, que só reafirma preconceitos, quando disse a barbaridade sobre a AIDS e gays. Ele não foi e não vai ter que responder pelo que disse. O dourado só conseguiu a popularidade que conseguiu porque ele reflete o pensamento geral do país (salvo alguns) que não é moderno, nem tolerante, nem liberal.

L. Archilla disse...

Ligeirinho, sabe oq me ocorreu? é claro que há chances desse cara q te acusou ser um babaca na definição mais clássica da palavra; mas já parou pra pensar, também, em quantas vezes ele já foi discriminado por ser gay? É difícil a gente se colocar no lugar dos outros... se ele for uma pessoa muito sociável, pode nem ter passado pela cabeça dele q vc e o seu amigo simplesmente não queriam um estranho morando na casa - por ser um estranho. A única hipótese q ele conseguiu formular foi a de homofobia.

O q quero dizer é q claro q existem pessoas q se fazem de coitadas o tempo todo e podem aproveitar do fato de fazer parte de uma minoria para isso, mas não dá pra generalizar e falar em "preconceito reverso", como se fosse um problema social no mesmo nível da discriminação das minorias.

Elaine Cris disse...

A impressão que tenho é que a caixa de pandora do discurso hipócrita e do preconceito foi aberta... Tomara que não tenhamos retrocedido do pouco que havíamos avançado... "Brincadeirinhas" contra gays, preconceito mal disfarçado, nunca parou, mas parece que as pessoas estavam mais conscientes ou mínimo mais comedidas. Ser preconceituoso era feio, a pessoa só se sentia mais livre pra ser assim num grupo muito íntimo ou usando anonimato, como na internet (tanto que esse papo de maiorias sendo discriminadas já tinha ganhado coro). Mas agora se já não é mais "feio" ser preconceituoso, se vão substituir de novo palavras como preconceito, ofensa, por "liberdade de expressão", "dizer a verdade", não sei onde vamos parar...
Até pouco tempo acho que a maioria das pessoas se envergonharia de dizer em público que maiorias é que são discriminadas, fazer o chorôrô dos privilegiados que nunca sofreram preconceito de verdade na vida e só porque não podem ofender os outros se sentem constrangidos...

Enfim, tem tanta coisa, melhor parar de escrever senão não paro mais...

Abração Lola

Alexandre Rolim disse...

O que a canis sine dentibus falou tem um lado positivo. Agora, os preconceituosos vão se sentir mais livres pra expor seus preconceitos, ai a gente vai ver melhor quem é quem e como eles pensam.

Thiago Medeiros disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago Medeiros disse...

É verdade, Canis, faz sentido... depois pensei nisso também: "péra lá, na verdade, a gente sequer chegou a evoluir nesse aspecto, só vestia uma capa e fingia ou guardava o que realmente era e pensava para passar batido e evitar críticas". O que o rapaz no programa não fez e recebeu apoio. E isso coloca a discussão numa linha bem delicada: apoar a liberdade de expressão e exposição de pensamento é extremamente louvável. Só complica quando o apoio se refere a expressões claramente retrógradas e preconceituosas para fazer valer a idéia da liberdade de expressão e blá blá blá

Pablito disse...

Lola. Te amo. Vc é incrivel mesmo. Disse TUDO. O que me dava mais raiva nem era o infeliz desse ser que venceu o programa e sim o povo que o "seguia" e ficava falando besteira usando ele como desculpa. Muito feio isso tudo. Lembra que tempos atras falei com vc que tinah vontade de escrever sobre um "fantasma" meu? Pois bem... esse "fantasama" fez campanha acirrada aqui no meu trabalho para que o Dourado vencesse. Eles se merecem. Bem, o programa acabou e no dia seguinte ja nao se falava mais nada. A vida é assim, agora o ano so começa depois que o BBB acaba!

Andrea disse...

Lola, valeu aguardar seu post sobre o BBB. Paramos para assistir a final, por curiosidade, sem nem mesmo ter assistido aos programas. Mas quem vai aqui e ali de vez em quando escuta sobre o programa e se revolta com as coisas. Parei pra checar e claro, torcer contra o Dourado.

O que é que estão fazendo com a mentalidade dos brasileiros? Colocam aquele video tosqueira mostrando o bonequinho do BBB colorido dizendo que se respeita a diversidade. Daí o Dourado ganha? Como assim?

Poxa, um big brother que tinha tudo para apresentar uma politica de aceitação da diversidade virou uma palhaçada de preconceitos? Dá até vergonha viu!

Pior que assistir a palhaçada foi ficar escutando a vizinha gritar por uns 10 minutos depois do resultado: "Douradooo!" Aff! Vai dormir!!!

Abraço, Andrea
http://segredosdaborboletadomar.blogspot.com/

Unknown disse...

A Adriana Karnal é ótima... ahahhah

"Só não acho que o Dourado seja homofóbico, preconceituoso talvez"

Pq, vc sabe, né, Adriana, homofobia não é um tipo de preconceito específico. Imagina. É só um questão de gosto.

Ao contrário da Lola, parei de ver BBB justamente por conta do Dourado. No final das contas, o Dourado nem me preocupava. O que me preocupou mesmo foi a onda de intolerância que se formou. O povo só precisava se um escape. Se vc olhar pra Máfia Dourada, é uma gurizada adolescente. Transgressor agora é ser preconceituoso.

O que eu acho problemático mesmo é que a gente não perceba os preconceitos. Qualquer um deles. Preconceito é só bater, agredir. Fazer piadinha não é preconceito. Ter nojo não é preconceito. Não querer proximidade não é preconceito. Achar um absurdo gays se beijando em praça pública também não é preconceito. As pessoas simplesmente não têm noção de que o preconceito tem varias nuances, tem vários níveis - acho até que há uma escala deles, vi em algum canto perdido da net.

Unknown disse...

Ao contrário dos que falaram aqui veendo o lado positivo do preconceito exacerbado, eu não acho qu seja positivo.

Tem essa entrevista aqui com a Simone de Beuavoir pra gente pensar um pouco mais a respeito: http://www.simonebeauvoir.kit.net/artigos_p02.htm


O trecho mais legal pra mim é esse:

"Gerassi — Mas isso é real? Quer dizer, eu aprendi, por exemplo, a nunca usar a palavra “gostosa”, a prestar atenção nas mulheres em qualquer discussão de grupo, a lavar a louça, arrumar a casa, fazer as compras. Mas será que eu sou menos sexista em meus pensamentos? Será que eu rejeitei os valores masculinos?

Beauvoir — Você quer dizer, no seu íntimo? Para ser sincera, quem se importa? Pense um pouco. Você conhece um sulista racista. Você sabe que ele é racista porque o conhece desde que nasceu. Mas ele nunca diz “crioulo”. Ele escuta a todas as reclamações dos homens negros e dá o melhor de si para lidar com elas. Ele combate outros racistas. Ele insiste em dar uma educação acima da média para crianças negras, para compensar os anos em que faltou escola para essas crianças. Ele dá recomendações para que homens negros consigam empréstimos bancários. Ele dá apoio a candidatos negros em seu distrito através de ajuda financeira e com seu voto. Você acha que os negros se importam que ele seja tão racista quanto antes em seu íntimo? Essencialmente, exploração é hábito. Se você consegue controlar seus hábitos, fazer com que seja “natural” ter hábitos contrários, já é um grande passo. Se você lava a louça, arruma a casa, e toma a atitude de que não se sente menos “homem” por fazê-lo, você estará ajudando a estabelecer novos hábitos. Duas gerações sentindo que têm que parecer não-racistas o tempo inteiro e a terceira geração não será racista de fato. Então finja ser não-sexista, e continue fingindo. Pense nisso como um jogo. Em seus pensamentos íntimos, pode continuar pensando que você é superior às mulheres. Enquanto você representar de forma convincente – lavando a louça, fazendo as compras, arrumando a casa, cuidando das crianças – você estará abrindo precedentes, especialmente para homens como você, que tem certa pose de “machão”. A questão é: eu não acredito nisso. Eu não acredito que você realmente faça o que diz. Uma coisa é lavar a louça, trocar fraldas dia e noite é outra."

Vivien Morgato : disse...

Eu fiquei bastante assustada em perceber a fama do fulano entre meus alunos.
E ao mesmo tempo, perceber que o conceito "homofobia" também não estava claro, mais ou menos como vc já disse aqui, "se não espancou, não é homofóbico", alguma distorção assim.
Como um outro comentarista apontou aqui, ninguém é melhor ou pior por ser gay e isso não deveria nem ser motivo de discussão...mas é.

Doido é ver o que vc apontou: algumas pessoas crendo que o preconceito já foi vencido.
Minimizado talvez, dado que gays assumidos nem apareciam na tv quando eu era criança, mas não vencido, ainda há muito pra caminhar.

beijocas, texto gostoso, como sempre.

Rê_Ayla disse...

falaram de beijo gay... isso me lembra algo q ocorreu por aqui há pouco tempo. Um casal gay foi "convidado a se retirar" de um bar pq estavam se beijando. Houve beijaço em manifestação depois, mas... qual o problema de um casal se beijar, andar de mãos dadas?... Heteros fazem isso diariamente, meus amigos gays não podem fazer. E tem gente diz q não há preconceito? Q existe heterofobia? Pelo amor dos deuses, em q mundo essas pessoas vivem? Certamente não vivem no mesmo mundo q eu, pois no mundo real onde eu vivo existe machismo, racismo e homofobia em todas as esquinas.

Em 2000, gente legal e q sofre preconceito, esses pitbulls estilo Dourado de ser, espancaram um amigo meu na saída de uma boate até a morte (esse meu amigo era, digamos, um pouco afeminado). E eles é que sofrem heterofobia? Socorrooooooo!!!!

Desde sempre eu prefiro a companhia de gays (lésbicas inclusas) e de gente "alternativa". Sabe pq? Eu sou mulher, bonita, e é só ir em qq bar, boate ou festa q sejam frequentados por este estilo de homem pitbull q eles agem como se tivessem o direito de me encher o saco, me puxar pelo braço (ou cintura), pegar no meu cabelo... são o tipinho de homens q tenho nojo, q se acham no direito de tratar mulheres como objetos e posse.

Não assisti BBB, não tenho saco pra isso. Mas acompanhei pela internet. E a vitória de um tipinho como o Dourado só mostra q continuamos no caminho certo pra q ocorram novos episódios como aquele da Geisy (a garota da Uniban), novos espancamentos de gays, novos estupros e, quem sabe, o surgimento de novos hitlers mundo afora, já q a sociedade compactua com estas coisas.

Jullie disse...

O mais triste de tudo isso é que Dourado nada mais é do que um grande representante de uma massa imensa de homofóbicos.

O Brasil É um país homofóbico, e ao expor um exemplo à mídia (Dourado) e idolatrá-lo, ascendê-lo, a grande massa encontra a validação dos seus atos na chamada "autenticidade", onde sob o argumento de ser autêntico é mais do que justificativa para ofender, humilhar e diminuir; você está sendo "sincero", não gosta e pronto. Mas é claro que o gosto pessoal é mais do que suficiente para se achar no direito de ofender as pessoas, não é... Infelizmente muita gente pensa assim.

Mudar a mentalidade das pessoas é uma tarefa difícil, quase impossível; e enquanto houver "grandes exemplos" como o "mestre" Dourado, que a mídia expõe como um herói, essa tarefa será mais difícil ainda. Eis um retrato do nosso país.

Robissaum disse...

p/ Luci:
ainda bem que nunca fiquei. Aliás, esse é um ponto bem interessante: tenho certeza que alguns homofóbicos ficariam..

p/ Archilla
Conversamos durante horas sobre o ocorrido qdo aconteceu. O sujeito era apenas um babaca. E estava trocando de casa por ser intratável, conforme descobrimos depois.

O conceito de homofobia para mim é meio estranho. Etmologicamente homofobia não pode ser 'preconceito'. É discriminação.

E homofobia é crime? Se for, não posso falar que nãoa gosto de gays que serei preso? Qual é o limite entre o respeito e a liberdade de expressão nesse caso?

Rê_Ayla disse...

Ligeirinho:

respeito é não gostar de gays, mas se houver um casal gay no bar se beijando, aceitar isso ao invés de ir reclamar com garçom, gerente e seja lá quem mais para q o casal seja "convidado a se retirar" do local pq está incomodando a clientela.

Eu não suporto pitboys, por exemplo, mas não saio xingando-os, agredindo-os ou pedindo pra se retirarem pq estão incomodando. Estas coisas acontecem com os gays diariamente, e como convivo demais no meio GLBT já presenciei estas e outras coisas várias vezes.

Apesar de ser hetero, ando com a bandeira do arco-íris em punho mesmo, pois acho absurdo alguém ser discriminado pq tem a opção sexual diferente da minha.

Unknown disse...

Ligeirinho,

se vc faz uma interpretação restritiva da Constituição, homofobia não é crime. Mas, se vc a faz extensivamente, é sim. Inclusive, o STF vem decidindo nesse sentido (não na questão dos gays, mas acompanhei um julgado em relação aos judeus).

A primeira consideração é que não seria crime ser homofóbico, como também não é crime ser racista. Veja que o crime é o racismo, ou seja, a prática do preconceito contra determinada raça. Não é crime se vc pensa que negro são inferiores, mas se vc chama um negro de macaco e o manda voltar pra senzala, junto com os outros negros, aí vc se torna um criminoso.

A segunda consideração é que nenhum direito constitucional, inclusive o da liberdade, é absoluto. Veja que nem mesmo o da vida é, pois há previsão de pena de morte em caso de guerra declarada.

Vez por outra, um direito/um princípio vai entrar em choque com o outro - como vc bem apontou no caso do racismo e o da liberdade de expressão. Entao, no caso concreto, o jurista vai observar qual deles deve prevalecer. O limite genérico que o judiciário vem utilizando é o da dignidade da pessoa humana, mas isso ainda é controverso. Repito que cada caso é um caso.

Vou colar um julgado abaixo, onde o princípio da liberdade de expressão foi mitigado, pra vc ver na prática:

Liberdade de expressão. Garantia constitucional que não se tem como absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. As liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observadas os limites definidos na própria Constituição Federal (CF), artigo 5°, §2°, primeira parte. O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o “direito à incitação ao racismo”, dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica. HC 82424. Relator (a): min. Moreira Alves, Relator (a) p/ Acórdão: min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, julgado em 17/9/2003, DJ 19/3/2004 PP-00017

Thiago Medeiros disse...

E a idéia não é tolir a liberdade de expressão, saca? Esse é um bem que a gente conseguiu e que deve ser mantido e fortificado. O que acho que a galera tá debatendo é o apoio que o povo todo que votou nesse cara deu às idéias bitoladas dele. Ele tem direito a falar o que quiser, quando quiser (liberdade de expressão e coisas), o problema é aplaudir as bobagens em nome dessa liberdade, entende?

Unknown disse...

Thiago,

dá uma lida no meu comentário acima que vc vai ver que ngm tem o direito de falar o que quiser. Pra todo direito, tem um limite nessa vida, viu? Nenhum deles é irrestrito.

................

Lola,
sorry por quase monopolizar o debate, mas é que eu adoro seu blog (além do motivo óbvio) por conta também dos comentaristas e do nível do debate aqui.
;*

Thiago Medeiros disse...

Laura, eu concordo com vc e com o texto constitucional em gênero, número e grau, mas eu, vc ou a constituição não podemos, infelizmente, colocar a mão na boca do cara pra evitar que ele fale asneira.

No fim das contas, a gente tá defendendo a mesma idéia, ele vai falar (um monte de gente vai falar o que der na telha), mas sair dessa impune e louvado como o carinha lá saiu é que é o grande problema.

E vamos monopolizar a caixa de comentários da Lola! hehehe Aposto que ela tá adorando esse debate saudável do povo aqui.

lola aronovich disse...

Claro que estou adorando o debate! Leio todos os comentários e sempre aprendo um monte com vcs. Obrigada mesmo, gente! É muito bom ter comentaristas desse nível.

Robissaum disse...

Gente.

O Dourado ganhou por que representa a maioria dos brasileiros.

Nós aqui, discutindo e racionalizando, somos minoria.

A maioria não tem intenção de desrespeitar os gays. Mas eu creio que a maioria seja homofóbica, numa acepção leve do termo: a maioria não gosta de gays.

Sou totalmente a favor de combater a homofobia (agora usando o sentido mais 'pesado' e agressivo do termo) mas temos que deixar as pessoas livres para pensarem por si.

Luna disse...

Ah, sim, e você se esqueceu de mencionar que essa Máfia hackeou o site de uma ONG LGBT, o Arco-Íris. Pra entender até onde chega o ódio dessa máfia.


E, claro, se Dourado não bate, ele não é homofóbico. Bela distorção de valores! E a família dele é tão terrível quanto ele: o pai diz que ele sofre heterofobia, a tia fala de travestis que bateram (quem realmente caiu nisso?) e a mãe diz que não se mistura com povão, que ele não tem preconceito, foi criado por bibas, MAS de fino trato e que a cabeça do filho é tal a cabeça do Brasil: fechada.

Heterofobia é mito. Há gays que se aproveitam, sim, mas também há negros, judeus, mulheres que são aproveitados e sem escrúpulos. Caráter é coisa de pessoa, não de classe. E são a minoria das minoriais. Assim como mulheres que ficam no papo de que se são mulheres, podem explorar os maridos (existem!) representam muito pouco da fatia das mulheres, os gays que acham qualquer coisa homofobia representa muito pouco dos homossexuais. Não dá, cara.

Ele é terrível. E o triste é ver que algumas amigas que são super inteligentes, não tem preconceito nem nada, são realmente cabeça boa e apóiam esse cara porque simpatizam com sua 'sinceridade' e 'história de vida'. Como se sinceridade conseguisse cobrir todo o seu preconceito. As pessoas estão com muita mania de 'se souber jogar, eu voto', sem analisarem as opiniões carregadas.

aiaiai disse...

Lolinha,

ninguem é homofobico assim como ninguem é de direita kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

passei aqui só para dar essa dica:
leiam trechos de editoriais dos jornalões brasileiros após o golpe militar de 64:

http://migre.me/t3eS

uma vez PIG, sempre PIG!

Isabela disse...

Estou triste e desiludida com o resultado. Näo estou no Brasil, mas quando estive aí fui praticamentente obrigada pela família e me postar diante da TV pra esse programa. Vejo a TV no Brasil, e a Globo principalmente, como uma ideologia, que domina e completa. Triste povo. Vivo ao largo, meu mundo é outro, mas é täo difícil ignorar, ficar sem criticar a mass media, né?

Isabela disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ághata disse...

"Qto a 'discriminação reversa' ela existe sim. Discriminação é um defeito inerente do ser humano, e ser gay não faz ninguém melhor nem pior."


...Ligeirinho, Onde na história que você contou o cara foi preconceituoso contigo? Pode ter sido infantil - o que é consequência do preconceito que ele sofre - mas de forma alguma foi preconceituosos e discriminador contra você.

Ághata disse...

"A maioria não tem intenção de desrespeitar os gays. Mas eu creio que a maioria seja homofóbica, numa acepção leve do termo: a maioria não gosta de gays."


...é claro que tem intenção de desrespeitar.
Não é só isso: eles tem a intenção clara dentro deles da eliminação da homoafetividade.
E esta eliminação pode-se dar das formas mais brutais, com o assassinato, tortura e estupro corretivo de homoafetivos, ou de forma mais psicológica ou física, proibindo a expressão da homoafetividade - seja por meio da humilhação ou do espancamento ou excluindo as pessoas de frequentarem determinados lugares - ou ainda através da 'cura' da homoafetividade - como se tal coisa fosse doença ou coisa do capeta - ou através da 'negação', transformando a homossexualidade numa 'fase', numa 'tara' (mero fetiche), destituindo-a do que ela é: expressão de amor, afetividade, sexualidade da humanidade. O que a coloca como algo inferior à 'sexualidade' heternormativa ou como uma sexualidade desvirtuada.

O problema é que a homofobia não se sustenta sem o que as pessoas equivocadamente chamam de preconceito light ou 'gosto'. Enquanto houverem pessoas bradando que não gostam de gays, que isto é nojento, que não é de deus´e por aí vai, as pessoas que gostam de bater, violentar, torturar e matar terão vão continuar fazendo exatamente isto. Porque elas realmente acreditam que gays são tarados, desvirtuados, doentes, demoníacos e nojentos. Eles só violentam por causa da homofobia, do ódio que eles tem contra esta minoria!
E, como esta ideologia trata de ódio, é claro que eles sempre acham que estão certos porque se eles odeiam os gays é culpa dos gays. Ora, como eles odeiam tudo que caracteriza um gay, a culpa é do gay por ser daquele jeito!! Então, é claro que ele não tem preconceito, ele só não gosta, só tem aversão, só tem o ódio! Como ele é incapaz de enxergar o gay como ser humano com direitos, ele é incapaz de achar que eles devem ser bem tratados, logo, não conseguem nem articular o que diabos significa homofobia. Porque os gays Não são como Heteronormativos, não podem ter os mesmos direitos, não podem ter dignidade e muito menos respeito. O único respeito que eles merecem é o mínimo que os homofobicos 'concedem'. Se eles acham ruins que deixem de ser gays ou sejam gays bem longe dos olhos deles.

Eduardo Braga disse...

Vocês só estão esquecendo uma coisinha! A postura do Dicésar não ajudou... O cara teve um comportamento maledicente e fofoqueiro durante todo o programa. Falava mal de todo mundo e na presença era só elogio! O povo não aprovou as atitudes dele e ele não foi páreo para o Dourado! A maioria não reprovou Dicésar por ser gay, mas sim por sua postura. Se o embate do Dourado fosse com um tipo Jean Wyllys (elogiado pelo Dourado) a situação seria bem diferente!
O povo elegeu Dourado porque foi perseguido no inicio pelos outros “brothers” do programa e quando chorou mostrando sua fragilidade humana dentro daquela “casca grossa” se tornou o preferido da maior torcida! O tema da homofobia surgiu bem depois quando ele já estava com a simpatia popular consolidada. Falou besteiras, mas os outros também pisaram na bola e ficou difícil retirar a sua preferência!
Um grupo homofóbico começou a apoiá-lo aqui fora, mas a maioria não estava ligada nesta questão! A maior parte da torcida que o acolheu era porque ele foi perseguido como ex-bbb no inicio do programa e nenhum outro conseguiu se destacar mais que ele!
Acho uma forçada de barra atribuir ao Dourado toda culpa da postura fanática e homofóbica de parte de sua torcida! Vi no Dourado boa vontade com os três homossexuais na casa apesar da briga que deve com Morango e Dicesar. Lembrando que foram estes dois que iniciaram a desavença.

Eduardo Braga disse...

Se o Dourado ficasse mais um mês na casa com os gays, Serginho iria "catequisar" ele! rs

Eduardo Braga disse...

Mais um detalhe Dona Lola! Dourado não tem suástica tatuado no braço! Ele tem um samurai onde na saia há vários "mandjis" que são milenares da cultura oriental. Símbolo ainda usado pelo hinduísmo e budistas! O Nazismo inverteu o símbolo e deu outro significado!

Ana Lu disse...

Oi Lola!
Texto irretocável,como sempre!!
Posso,como o outro leitor disse,ser uma otimista incorrigível,mas vejo a vitória desse Dourado,bem como seu fanático séquito,como uma coisa não tão ruim.Vejo isso como uma tentativa desesperada dos preconceituosos de se afirmar,de "tomar as rédeas".O discurso que se vê muitas vezes é que "todo mundo é gay,é bi",como disse sua aluna.Vejo muita gente lamentar por aí que os "machos verdadeiros" estão em extinção.Já li não sei aonde se referirem ao Dourado como "o último machão" ou coisa o gênero.Acho que esse povo todo está é morrendo de medo,e vendo que esse modelo não se sustenta mais.
Bjos!!

ateísta capixaba netto disse...

"Dourado" é o Filho do Brasil, sem exceções e tornou evidente a Mediocridade, a Ignorância, Homofobia, Sexismo e o Apartheid Tipicamente Brasileiro, onde Todos os Mestiços se Lambuzaram no "orgulho branco nazista".
Até que enfim este País assumiu sua Intolerância, agora só falta ser Humilhado Mundialmente por ela.

Phibos disse...

Adoooooooooooorei o Post!!
Alias, sou suspeito para falar, adoruuuu seus comentários e análises!!

bjaummmmmmmm

Simoneagua disse...

Lola, tenho falado incansavelmente que este Dourado é homofóbico e tive que aguentar meu marido falando em orgulho hetero, quase deu separação... Principalmente porque educo um menino, ele tem 10 anos e tento evitar que ele se contamine com essa idéia fixa de classificar as pessoas por sua orientação sexual, isso nem deveria ser discutido, deveria ser aceito e pronto. Mas aproveito para falar sobre o Nazismo, ouvi uma pessoa falando que os judeus não foram tão bonzinhos assim e que os vencedores contaram a história(não vejo vencedores, mas sobreviventes), e que havia um lado positivo no holocausto e bla bla bla. Poderias comentar sobre isso algum dia?
Obrigada

bjo bjo

Alberto - Porto Xavier - RS disse...

Complementando o que o Eduardo Braga falou...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Su%C3%A1stica

A Cruz Gamada que o Dourado possui tatuado, junto com o Samurai, nada ter a ver com a Suástica "adotada" pelo Nazismo.

A Igreja Católica e sua Inquisição matou milhares. Torturou, estripou, queimou. Vamos ficar horrorizados com a Cruz também?

Geovana Gambalonga disse...

Olá Lola, realmente o que alguns colegas apontaram tem muita lógica, o fato do Dourado ter ganhando a 10² do BBB não se deve exclusivamente ao apoio a sua intolerância. Ele acabou se destacando na casa inicialmente por ser um repetente no programa, depois por demonstrar fragilidade e somente depois a questão da homofobia surgiu. Eu não o vejo como modelo de atitudes, pois demonstra uma série de intolerâncias e preconceitos, falta-lhe tato e bons modos, mas as atitudes dos demais participantes o alavancaram na conquista do prêmio. Então não acredito que possamos intitular a sua vitória como um amplo reconhecimento da intolerância e homofobia, seria amplificar um fenomeno pequeno. Estou querendo dizer que um parte de seus seguidores realmente é homofobico, mas que sua conquista não se deu exclusivamente por isto. E também não estou negando o fato do Brasil ser um pais altamente preconceituoso e homofóbico.

Oliveira disse...

Até o povo idiota que assiste Big Brother já está de saco cheio desta bobagem de tolerância com homens afrescalhados. Chega! Votaram no politicamente incorreto. Parabéns; tomara que seja o começo do fim desta palhaçada do politicamente correto.

Viva a coragem!

Olga Elis disse...

Ai, essas coisas são uma facada no meu peito. Essa semana, conversando com um primo machão-pró-dourado levei EU a leva de preconceituosa em relação a quem não gostava de gays [repare, não são preconceituosos, APENAS não gostam de gays]. Aliás, ele até tinha amigos gays, "ms tu acha que eu vou sair sozinho com um pra todo mundo me chamar de gay também? Vou estar assumindo minha homossexualidade diante das pessoas, vou perder minha moral." Ele se sentiu magoado com minha constatação de sua homofobia porque, como você disse, Lola, isso agora virou insulto. Afinal ninguém tem preconceito, a única coisa que ninguém quer é ter gay por perto. Ver beijo gay na rua? Jamais! Eles que escondam-se, criminosos que são.

Fico triste com os absurdos que leio e ouço por aí. E o pior é que um preconceito sempre vem agarrado noutro. Esses dias ouvi um despautério gigantesco: "não sou machista, mas mulher que usa shortinho com salto alto é tudo puta, a única coisa que quer fazer da vida é dar. A não ser que seja gorda, porque aí quer aparecer".

Esse BBB foi a pior praga que poderia acontecer à luta das minorias contra o preconceito. Na medida em que as pessoas deixam de ter pudores em relação a esses sentimentos, é porque a coisa não andam bem das pernas. O tal orgulho hétero legitima o direito de ser preconceituoso. Aliás, preconceituoso nào, opalááá, o que se faz é externar opiniões. Se antes as pessoas tinham vergonha desse preconceito declarado, hoje não têm mais porque passou a ser um dever a militância contra gays porque são uma praga à sociedade.

Tudo isso só demonstra o quanto o ser humano está deficiente de uma qualidade que lhe devia ser inerente: humanidade.

Fabio Salvador - o dezoito dos pampas disse...

Te confesso que torci pelo Dourado, a partir do momento em que li sua história de vida.

O perfil comum dos BBBs é que sejam adultos que moram com os pais, ou vivem sustentados por eles, enquanto exercem profissões malucas, que na verdade não são nem profissões. Ou que não trabalhem mesmo.

O Dourado é um sujeito que queria ser lutador. Mas o histórico dele é de derrotas, e ele é meio que incapaz de capitalizar em cima dos conhecimentos que tem. Ele não sabe vender o peixe dele, então,teve uma vida bem difícil.

Depois do BBB4, ele não foi mais levado a sério pelas academias, e amargou muitas dificuldades. Viajou à Nova Zelândia, onde trabalhou naqueles empreguinhos típicos de imigrante da América Latina. Voltou sem um tostão, e foi tentar a vida nas academias, na esperança de que já o tivessem esquecido desde o BBB4.

O cara estavanuma merda desgraçada, trabalhando de dia para comer à noite.

Por isso torci para que ele, pelo menos, saísse dali com a imagem dele reabilitada.

Tem muito mais do que preconceito e agressividade no Dourado. Tem a questão de ele dizer o que pensa, que eu considero central.

Os conflitos dele com o Dicésar, para mim, são menos o conflito do macho contra o gay, do que o conflito de um cara sofredor e sincero contra um manipulador, que na verdade tentou capitalizar em cima do fato de ser gay. Sim, capitalizar, porque o Dicésar tentou atirar a inimizade dele com o Dourado para dentro do campo do "Brasil, vamos decidir: tolerância ou homofobia?" - claro que esperando que o povo votasse pela eliminação de Dourado, em nome do combate ao preconceito.

O fato é que, se os gays queriam um representante, ele não era necessariamente Dicésar, que na verdade é um personagem asqueroso, um sujeito "vaselina" que poderia muito bem viver em Brasília sem encontrar dificuldades.

Não sei. Eu comemorei no meu blog a vitória do Dourado. Não por aquela palhaçada do tal Orgulho Hétero (que é uma grande asneira, concordo), mas porque ele precisava mesmo, muito, e o BBB4 tinha avacalhado com a vida dele.

SOBRE A SUÁSTICA: Eu não vou explicar muito a fundo (qualquer dia desses, falo sobre isso no meu blog), mas eu sou contra a proibição de que a pessoa expresse suas idéias caso elas sejam preconceituosas ou até nazistas. Todos devem ter direito à expressão do que pensam, não importa o que seja. Só assim as idéias caem no debate do dia a dia, e podem ser desmontadas. Um nazista enrustido nunca terá suas idéias postas à prova num debate público, e nunca ouvirá os contra-argumentos que poderiam mudar sua cabeça.

Mas isso é, como eu disse, assunto para texto mais longo. E eu não quero entupir este espaço.

Unknown disse...

Muito bem escrito como sempre. Eu não assisti essa edição do BBB. Mas vi alguns comentário no twiter, blogs e no site plim plim. Pouco sabia sobre as pessoas, mas percebi que havia uma campanha dourada para essa pessoa ganhar. Globais também estavam defendendo ele. Deve vir alguma coisa por trás disso, até porque é segunda participação do rapaz no BBB.

Anônimo disse...

Nossa, quantos comments, quantas opiniões! Fico orgulhoso pelo blog da Lola atrair tantas pessoas de opinião; povo inteligente, esse.

Minha vez, então.

Vi apenas as duas primeiras noites do BBB10. Nunca fui de acompanhar. Primeiro que é um programa idiota, sem nenhuma possibilidade de enriquecimento cultural e intelectual pra quem o vê -- talvez a única coisa interessante seja os questionamentos que o programa levanta...

Segundo, o BBB acaba com minha fé nas pessoas; me faz sentir como se todo mundo fosse extremamente bitolado e estivesse a favor dos conceitos errados.

Não conseguiram ver, como eu consegui desde sua primeira aparição, tempos atrás, que o cara, o Dourado, é um daqueles fulanos estúpidos, sem cérebro, que se guiam pelo ódio e pelo preconceito?

E o tipo de gente que gosta dele é o espelho perfeito. Um colega (que, por sinal, detesto!), um garoto branco, de olhos azuis, fútil e "bombado" defende Dourado com unhas e dentes, como se ele fosse um tipo de deus. O discurso do garoto é o mesmo.

Concordo: Dourado deu voz àqueles que se sentiam reprimidos; a todos os neonazistas isolados Brasil afora. E o sujeito ter vencido o tal reality show é um sinal perigoso de que a maior parte dos brasileiros está sim retrocedendo.

Dona Hipocrisia mora aqui. E isso é triste demais.

Unknown disse...

Concordo com Giovana, Liana e outros, e acrescento :
Quem acha que a frase "Apesar de ser viado, seja homem" não indica homofobia deve achar tb que "Apesar de ser preto, comporte-se como gente" não é preconceito racial. E olha que ele disse isso sabendo que estava na TV, imagina o que diz em pvt. O site da Globo reproduziu a fala dele da seguinte maneira: 'Dourado sobre Dicesar:independente da opção sexual dele, tem que ser homem'. Segui o BBB de perto desta vez e de fato não me senti representado por nenhum gay da casa, com exceção de Angélica, talvez.

Para Flávio Salvado/Albertor : O Dourado foi tão manipulador quanto o Dicésar durante todo o programa, até porque ele já havia ali estado e soube fazer isso com maestria. Ele sabia desconstruir as pessoas na frente das câmeras, etc. Sobre ter um história sofrida, o Dicésar também teve, mas não soube explorar isso na TV. O Dourado já entrou para o BBB com uma torcida grande aqui fora. Teve também tempo de estudar os futuros adversários antes de entrar lá. Sobre a suástica, concordo que falaram tanto sobre a tal, mas pouca gente foi ver o que era realmente. Ele, de fato, não tem UMA suástica no braço e sim um samurai e na saia deste há várias suásticas, assim como vc explicou. Sobre a suástica : ela tem sim um outro sentido para nós. E que eu saiba os samurais nunca tiveram um significado forte para nós ocidentais. Há quem afirme que « essa história de samurai/mandji sempre foi desculpa para os neonazistas no caso de dar algum problema com a justiça ». Nem todo samurai tem na saia cruzes gamadas. Por que será que ele escolhe um que tivesse ?

Alberto : « A Igreja Católica e sua Inquisição matou milhares. Torturou, estripou, queimou. Vamos ficar horrorizados com a Cruz também? »
Há quem diga que sim, Alberto. Eu, apesar de ser contra religiões, não concordo, pois o bem que a filosofia cristã fez ao mundo foi muito maior do que o mal que a Igreja católica causou. Acho que nesse caso o bem superou o mal, mas não dá para dizer a mesma coisa dos samurai x nazistas. Sem falar que samurais são belicistas. Eram soldados da aristocracia japonesa, embora não necessariamente tivessem começado assim. Se souber o que é bushi, shogunato, ronin, kobudo vai saber do que eu estou falando. Acho difícil alguém que se identifique com a história dos samurais a ponto de fazer uma tatuagem no corpo vá se identificar com qualquer discurso de diversidade, apesar das relações homoafetivas terem sido comuns entre os samurais. Os machos atuais que se identificam com eles, identificam-se muito mais com a questão da honra suprema. Preferem cometer o seppuku a divulgar isso.

Unknown disse...

Explicando melhor: Segui o BBB de perto desta vez e de fato não me senti representado por nenhum gay da casa, com exceção de Angélica, talvez. Nenhum deles soube desmascarar a homofobia do Dourado e de outros lá dentro sem parecer estar tolhendo o direito das pessoas não gostarem de um gay sem ser tachadas de homofóbicas. Eu sou gay e não gosto de muitos gays, mas não gostaria deles se fossem heterossexuais, bissexuais ou assexuados. Isso não me torna automaticamente homofóbico. Sou gay e me excito vendo uma cena de sexo bem feita entre um homem e uma mulher, isso não me torna automaticamente heterossexual. O mesmo ocorre quando vejo duas mulheres transando na tela, isso também não me torna uma lésbica, né?? Isso simplesmente mostra que a sexualidade é algo muito mais complexo do que sonham os estudiosos do assunto e os leigos. Ligeirinho, isso responde a sua pergunta?

Oliveira disse...

Nakareba:

É isso aí!

Anônimo disse...

Lola,
Já postei aqui uma vez que não vejo BBB por achar perda de tempo. Quem garante que o Dourado é daquele jeito mesmo ou que só está interpretando um personagem pra atrair polemica? Quem garante que os votos computados para ele, pelos ligações foram realmente p/ ele? é q questão do voto via ligações ou eletronico, não acredito mesmo que esse resultado não possa ser manipulado, exatamente com o objetivo de fazer ganhar o participante mais asqueroso e gerar polemica.
Mas fora isso... perfeito suas colocações sobre homofobia, discriminação.se BBB é perda de tempo, pelo menos foi oportuno p/ falarmos desse assunto. beijão.

Anônimo disse...

ps: Morei 4 anos em sp, nos jardins, o melhor bairro em termos de segurança.Morei mais precisamente na rua da consolação entre alamedas itu e jaú, aquela região é cheia de bar e boate gay, tem ate shopping perto ( frei caneca) bem mais frequentado por gays que por hetero.A segurança é impecavel. Embora ja me disseram que tenha, nunca vi assalto, assassinato naquelas bandas, e olha que andei muito a pé sozinha por lá de noite.
No entanto, houve 2 casos de assassinato nos jardins no mesmo ano, um delas na rua da minha casa. Não foi assalto, foi vingança pessoal: entraram e mataram um garçom de um bar da rua de casa sem levar nada. No outro caso, foi no restaurante Ritz, 6 quarteiroes de casa, onde entraram e mataram um turista frances justo no dia da parada gay, tambem sem levar nada! o grupo que entrou e matou o frances era tipo skinhead, sei lá se é o termo correto, e pelas investigações, o frances era homossexual.E vão dizer que não existe homofobia? Nos 4 anos que morei lá, o bairro mais seguro de sp, as unicas mortes que vi, que fiquei sabendo, uma com certeza foi por homofobia.
Quanto a gays se beijando em publico, penso da mesma maneira como penso com heteros: não gosto de ver ninguem " se engolindo" na mesa de bar do lado da minha. Me incomoda, seja casal gay ou hetero. P/ amassos mais quentes, pô, existe a casa de um dos 2, motel e por aí vai. Carinhos discretos, beijos discretos, andar de mãos dadas, ok, não me incomoda. Eu penso o mesmo com relação a casal gay e hetero.
beijão!

Flávia disse...

Lola,

Ontem discuti com meus alunos o caso do Dourado... Estávamos em plena aula sobre Franz Boas quando o assunto surgiu motivado pelo termo diversidade.
É curioso como os adolescentes que dou aula acentuam as opiniões a favor e contra. Um aluno repetiu a frase: o Dourado ñ é homofóbico... Tentei argumentar, explicando o que era homofobia, mas em vão...
Para o bem ou para o mal eu e os meus alunos chegamos a uma conclusão: a vitória do Dourado é o retrato do Brasil... para mim, infelizmente.

Para o sr. Ligeirinho, ter nojo de um bjo ou qq demonstração de afetos entre homosseuais é sim sinal de homofobia...

Vitor disse...

Fabio Salvador: Eu acredito que geralmente a gente colhe o que planta. O BBB4 não acabou com a vida do Dourado. Ele fez isso sozinho. Porque é limitado, em diversos aspectos. E mesmo depois de "apanhar" tanto, nunca procurou refletir ou rever seus conceitos. Continua o mesmo. E só mostrou isso no programa, que só o ajudou.

A Globo (ou qualquer outra emissora brasileira) jamais foi alguma bastiã da igualdade ou tolerância. Já mostrou isso diversas vezes com seus noticiários, novelas, entre diversos outros programas. Colocar 3 gays (sendo dois bem estereotipados na visão popular) num BBB, foi pra tacar pedra mesmo. Marcelo Dourado foi o alvo de identificação fácil da sociedade. Em vez de educar a população, o efeito foi o reverso. Nenhum dos 3 era politizado o suficiente pra defender a comunidade (como Jean foi, mas o contexto que ele viveu foi diferente).

E concordo que qualquer pessoa pode e deve expressar qualquer opinião que passe na sua cabeça. Mas tem que arcar com as conseqüências dela também. E considerar o contexto em que vivemos. A gente não mora no oriente. Aquilo na nossa visão (ocidental) é uma suástica, símbolo do nazismo e perseguição a judeus. É a mesma coisa que querer tatuar um dedo do meio (_|_) no corpo porque, hipoteticamente, na Mongólia ele significa paz e amor.

Por todos os motivos que citei acima, Dourado não tem o meu respeito. Mas devido a toda a realidade que se vive no Brasil, o programa foi propício pra essa "revolução de 64" dos valores morais brasileiros. O troglodita é rei, o que relincha é lei. E a gente sabe que a Globo pode fazer o que quiser no programa dela. Não há nenhuma garantia nos resultados das votações. Mas acredito também que o povo brasileiro tem uma mentalidade bem fechada, e que a Globo, como importante meio de comunicação que é, só ajudou a fechar mais ainda.

Barbara O. disse...

Lola, querida.

Sabe o que este seu post me lembrou? Do livro ' The established and the outsiders' do (fantástico) Norbert Elias. Quando os established perdem um pouquinho de suas regalias, isto já é o fim dos tempos... é preciso caluniar para repor a ordem das coisas...

Nós sabemos que os brancos héteros são os established. E sabemos quem são os outsiders.

Anônimo disse...

Sou Doutora em Linguística Aplicada e professora de universidade federal. Achei o título do seu texto muito preconceituoso, tão preconceituoso ou mais do que qualquer coisa que o Dourado tenha dito dentro do BBB. É por existirem pseudo-intelectuais que se dizem abertos à diversidade (desde que essa diversidade seja aquela enquadrada nos seus parâmetros pós-modernos) que as universidades estão cada vez mais desacreditadas, pois não lidam/não aceitam/ignoram e desprezam o senso comum. Nossos alunos, para bem jogar o jogo da academia, fazem de conta que o que a universidade lhes passa (sobre tolerância, respeito à diversidade, etc., etc., etc.,) é maravilhoso, mas no fundo, as pessoas não abandonam o que o senso comum lhes fez aderir (e bem fazem elas, para não enlouquecerem e simplesmente viverem numa redoma de vidro como muitos que estão na universidade vivem). Enfim... é a era da academia cada vez mais hipócrita...e falida moralmente perante a sociedade...

Anônimo disse...

Falou e disse a anônima!

Tem mais discussão sobre esse post aqui:

http://mallmal.blogspot.com/2010/04/mestra-lola.html

lola aronovich disse...

Doutora anônima em Linguística Aplicada, que bom que vc leciona numa universidade com o único propósito de defender o status quo e promover o “senso comum”. Pelo que eu entendi do seu comentário, as universidades estão desacreditadas por lutarem contra a homofobia, e os alunos, que na realidade são homofóbicos, apenas fingem concordar com aqueles que lutam por um mundo menos desigual, mas continuam homofóbicos. É isso? E é a universidade que está falida perante a sociedade? Não seria o contrário, não, pelos seus argumentos?


Outro(a) Anônimo, anônimos são tão corajosos, né? O blog que vc indicou parece ser o suprassumo da inteligência! Textos minúsculos, sem análise alguma, e quando há análise é algo do tipo: “claro que não existe homofobia no Brasil; afinal, se APENAS um gay é morto a cada dois dias, enquanto 16 pessoas morrem todo dia só no Rio de Janeiro, ninguém está perseguindo os gays”. Ou algo do gênero. Incrível essa argumentação! Ahn, as 16 pessoas mortas diariamente no Rio não são mortas por pertencerem a um determinado grupo (embora essas estatísticas apontem pro racismo - aquele que vcs provavelmente negam - já que boa parte dos mortos são homens negros ou mulatos, e jovens). Já os 198 gays mortos por ano (dado em que o tal blogueiro não acredita, porque são do Arco Íris) no Brasil são mortos por serem gays. Tipo, carinha andando de mãos dadas com outro carinha, carinha saindo de um bar gay etc. Impressionante a “dedução lógica” do blogueiro. E EU que sou burra!(aliás, ser chamada de burra por gente machista e homofóbica é elogio pra mim).

Doce Bárbara disse...

Meu Deus!
Eu já achava assustador um pensamento que eu tinha cá comigo de que a juventude está cada vez mais conservadora. Se isso já não fosse ruim o suficiente, acrescento que eu me refiro ao tipo mais radical de conservador: preconceituoso, cego e violento.
Não assisti ao Big Brother ( desta vez) mas lendo o seu texto e mais os comentários faço uma associação: Dourado é o rei dos anônimos de blog, com certeza. São estes os conservadores de butique que me dão M-E-D-O, se proliferam a luz do dia com suas suásticas ( e isso é crime sim) e que estão só esperando uma pequena brecha pra "sair do armário".
Adorei te ler,
Abraço,
Maura